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Volume 1, Número 3 ISSN 2527-0532 João Pessoa, 2017 Artigo EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEORIA E LEIS QUE FACILITAM O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NAS ESCOLAS Páginas 111 a 122 111 EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEORIA E LEIS QUE FACILITAM O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NAS ESCOLAS INCLUSIVE EDUCATION: THEORY AND LAWS THAT FACILITATE THE IMPLEMENTATION PROCESS IN THE SCHOOLS Ana Lúcia de Albuquerque Nunes 1 Catherine Marques de Almirante 2 RESUMO: O presente artigo traz uma reflexão sobre Educação Inclusiva, sobre a lei (LDB) que assegura esta educação aos educando com deficiência, bem como o PNE (2014/2024) que abrange a educação inclusiva. Educação Inclusiva é o ato de incluir de preferência no sistema regular de ensino, pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Vimos na teoria de Vygotsky que a relação entre as pessoas é extremamente importante para o desenvolvimento das mesmas. Vygotsky traz em sua teoria sociointeracionista a relação entre os sujeitos como um meio de aprender, onde a experiência de um torna-se aprendizado para o outro. Daí a importância de incluir verdadeiramente os alunos com deficiência no meio escolar. A Lei de Diretrizes e Base (LDB) é a lei que rege a educação brasileira e assegura que é direito de todos e dever do Estado assegurar educação para os portadores de necessidades especiais (termo usado pela LDB para referir-se às pessoas com deficiência). Buscaremos ao longo deste artigo, refletir sobre o conceito de educação inclusiva, sabendo que existem teorias onde a educação pode basear-se para que a mesma venha a acontecer, sobre a lei que assegura a inclusão e se de fato, ela acontece. Palavras chave: Educação Inclusiva, Teoria Sociointeracionista, LDB, Pessoas com Deficiência 1 Graduada no curso de pedagogia com habilitação em supervisão escolar -UNIPÊ; Especialista em Gestão Escolar - UFPB; Aluna de Mestrado em Educação pela Unigrendal Premium Corporate. Email: [email protected] 2 Graduada em Licenciatura em Educação Física - UFPB; Especialista em Fisiologia do Exercício - Universidade Veiga de Almeida - UVA; Aluna de Mestrado em Educação pela Unigrendal Premium Corporate. Email: [email protected]

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEORIA E LEIS QUE FACILITAM O …revistatcbrasil.com.br/wp-content/uploads/2018/01/1309.pdf · em Gestão Escolar - UFPB; Aluna de Mestrado em Educação pela

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ESCOLAS Páginas 111 a 122

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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: TEORIA E LEIS QUE FACILITAM O

PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO NAS ESCOLAS

INCLUSIVE EDUCATION: THEORY AND LAWS THAT FACILITATE

THE IMPLEMENTATION PROCESS IN THE SCHOOLS

Ana Lúcia de Albuquerque Nunes1

Catherine Marques de Almirante2

RESUMO: O presente artigo traz uma reflexão sobre Educação Inclusiva, sobre a lei

(LDB) que assegura esta educação aos educando com deficiência, bem como o PNE

(2014/2024) que abrange a educação inclusiva. Educação Inclusiva é o ato de incluir de

preferência no sistema regular de ensino, pessoas com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Vimos na teoria de Vygotsky que

a relação entre as pessoas é extremamente importante para o desenvolvimento das

mesmas. Vygotsky traz em sua teoria sociointeracionista a relação entre os sujeitos como

um meio de aprender, onde a experiência de um torna-se aprendizado para o outro. Daí a

importância de incluir verdadeiramente os alunos com deficiência no meio escolar. A Lei

de Diretrizes e Base (LDB) é a lei que rege a educação brasileira e assegura que é direito

de todos e dever do Estado assegurar educação para os portadores de necessidades

especiais (termo usado pela LDB para referir-se às pessoas com deficiência). Buscaremos

ao longo deste artigo, refletir sobre o conceito de educação inclusiva, sabendo que existem

teorias onde a educação pode basear-se para que a mesma venha a acontecer, sobre a lei

que assegura a inclusão e se de fato, ela acontece.

Palavras chave: Educação Inclusiva, Teoria Sociointeracionista, LDB, Pessoas com

Deficiência

1 Graduada no curso de pedagogia com habilitação em supervisão escolar -UNIPÊ; Especialista

em Gestão Escolar - UFPB; Aluna de Mestrado em Educação pela Unigrendal Premium

Corporate. Email: [email protected] 2 Graduada em Licenciatura em Educação Física - UFPB; Especialista em Fisiologia do Exercício

- Universidade Veiga de Almeida - UVA; Aluna de Mestrado em Educação pela Unigrendal

Premium Corporate. Email: [email protected]

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ABSTRACT: This article presents a reflection on Inclusive Education, on the (LDB) law

which ensures this education to learners with disabilities, as well as the PNE (2014/2024)

which also covers inclusive education. Inclusive Education is the act of preferably

including in the regular system of education, people with disabilities, global

developmental delay and high intellectual capacities or intellectual giftedness. We can

notice in Vygotsky’s theory that the relationship between people is extremely important

for their development. Vygotsky brings on his social interactionist theory the relationship

between the subjects as a way of learning, where one’s experience becomes other’s

learning. Hence the importance of truly including people with disabilities in the school

environment. The Law of Directives and Bases (LDB) is the law that rules the Brazilian

education and assures that it is everyone’s right and the State’s duty to ensure education

to people with special needs (term used by the LDB to refer to people with disabilities).

We will try to reflect throughout this article on the concept of inclusive education,

knowing that there are theories where education can be based on to make it happen, about

the law that ensures inclusion, and if, in fact, it happens.

Keywords: Inclusive Education, Social Interactionist Theory, LDB, People with

Disabilities.

INTRODUÇÃO

Traremos nesse artigo uma reflexão sobre a educação inclusiva, a lei que garante

essa inclusão, a LDB (Lei de Diretrizes e Base) que traz em seu capítulo V, artigos 58,

59 e 60 todos voltados para a Educação Especial. Abordaremos também o PNE (Plano

Nacional de Educação) 2014/2024 que também aborda a educação inclusiva em suas

metas.

A educação inclusiva busca inserir de forma correta os educandos com

deficiência, mas inserir com o sentido mais amplo da palavra que vai além de só estar no

mesmo espaço, mas de fato fazer parte do convívio escolar. Busca uma educação onde

haja aprendizagem, troca de experiência e desenvolvimento, busca um ambiente onde o

aluno com deficiência seja parte integrante do ambiente escolar. O aluno deve estar na

escola como qualquer outro aluno com o desenvolvimento típico, a escola deve adaptar-

se aos alunos e não os alunos adaptar-se a escola.

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Mesmo estando amparados por lei, as pessoas com deficiência enfrentam grandes

problemas em busca da inclusão. Dentre os principais problemas estão as escolas mal

preparadas e estruturadas; os professores não capacitados e, os profissionais da área

escolar sem a mínima preparação para lidar com a inclusão.

Temos a teoria Sociointeracionista de Vygotsky como um meio de se chegar à

inclusão e a educação inclusiva de fato, pois para esse teórico, a aprendizagem se dá

através da troca de experiência: o que é experiência para um, serve de aprendizado para

o outro. A educação inclusiva está preocupada com o desenvolvimento das pessoas com

deficiência, assim como com o desenvolvimento de pessoas sem deficiência. Mesmo sem

tratar diretamente da educação inclusiva em suas teorias, Vygotsky (1991) contribuiu

bastantes para a discussão desse tema.

O termo tido como o mais correto, em se tratando de pessoas com o

desenvolvimento atípico, é pessoa com deficiência. Mas em alguns momentos falaremos

em portadores de necessidades especiais ou portadores de deficiência, visto que, a LDB

e alguns artigos mais antigos que serão citados, assim os tratam.

O presente artigo tem como objetivo através de estudo de caráter bibliográfico,

entender como deve ser a educação inclusiva, o que rege a LDB e analisar se de fato esta

inclusão se dá, como manda as Leis de Diretrizes e Bases.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Educação inclusiva é a educação oferecida aos educandos com deficiência,

preferencialmente no sistema regular de ensino. É um método em que se expande à

participação de todos os estudantes nas escolas de ensino regular. É uma reestruturação

da cultura, do exercício e das políticas vividas no âmbito escolar de modo que estas

venham a atender as diversidades dos educandos. É uma abordagem onde há democracia

e que percebe o educando e suas particularidades, e tem como objetivo o

desenvolvimento, o crescimento, a satisfação pessoal e a introdução igualitária de todos.

Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar a

proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento às necessidades

educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos globais de

desenvolvimento e altas habilidades/superdotação (MEC, 2007, p.09). Esta educação é

garantida por lei, como veremos ao longo deste artigo.

Com um olhar amplo, Stubbs (2008, p. 50) define a educação inclusiva:

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A educação inclusiva refere-se a uma vasta gama de estratégias,

atividades e processos que visam tornar uma realidade os direitos

universais para a qualidade, e uma educação relevante e adequada.

Reconhece que a aprendizagem começa no nascimento e continua ao

longo da vida, e inclui a aprendizagem em casa, a comunidade, em

situações formais, informais e não formais. Procura permitir que as

comunidades, sistemas e estruturas em todas as culturas e contextos

combatam a discriminação, celebrem a diversidade, promovam a

participação e superem as barreiras da aprendizagem e participação para

todas as pessoas. Faz parte de uma estratégia mais vasta para a

promoção do desenvolvimento inclusivo, com o objetivo de criar um

mundo onde exista paz, tolerância, uso sustentável de recursos, justiça

social, e onde as necessidades básicas e direitos para todos se

encontram.

Concordando com o pensamento de Stubbs, Moreno (2017, p.2) diz: A proposta

da educação inclusiva é amparar e dar condições para a pessoa com deficiência possa

exercer seus direitos no que diz respeito ao cumprimento da inclusão escolar, isso se

refere também a todos os indivíduos, sem distinção de cor, raça, etnia ou religião

Não podemos deixar de falar sobre o papel fundamental que tem a escola e toda a

equipe pedagógica diante do processo de educação inclusiva. O Ministério da Educação

(2004) diz que a escola deve favorecer o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento de

competências, fazendo com que o aluno preocupe-se com o conhecimento produzido pela

humanidade como também a utilização deste em favor do exercício da cidadania.

A escola precisa estar de fato preparada para a inclusão. Sua pedagogia tem que

estar voltada e adaptada para os educandos com necessidades específicas, e não o

contrário. Concordamos com o pensamento de Pacheco (2007, p. 15) quando ele diz “as

práticas pedagógicas em uma escola inclusiva precisam refletir uma abordagem mais

diversificada, flexível e colaborativa do que em uma escola tradicional. A inclusão

pressupõe que a escola se ajuste a todas as crianças que desejam matricular-se em sua

localidade, em vez de esperar que uma determinada criança com necessidades especiais

se ajuste à escola”.

Ao falarmos em Educação Inclusiva, discutimos uma prática que vise o

desenvolvimento não só da criança com deficiência, mas que transforme a realidade da

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educação como um todo. Sobre essa perspectiva de educação inclusiva não podemos

deixar de citar Vygotsky e sua teoria sociointeracionista.

A criança cujo desenvolvimento se há complicado por um defeito, não é

simplesmente menos desenvolvido que seus coetâneos normais, é uma criança

desenvolvida de uma outra forma (VYGOTSKY, 1989, p. 3).

Para Vygotsky a criança aprende com o meio, há uma troca de conhecimentos. A

experiência de uma serve como aprendizado para a outra, havendo no mínimo duas

pessoas envolvidas. Vygotsky (1998) acredita que as características e atitudes individuais

estão carregadas de trocas com o coletivo, ou seja, mesmo o que temos como mais

individual de um ser humano foi construído a partir de sua relação com o indivíduo. A

experiência se dá através do que Vygotsky chama de signos, sendo estes, algo que

significa alguma coisa, como a ação e a fala por exemplo. A criança quando quer algo

aponta e pede, e alguém pega, assim, ela passa a entender que através do ato de apontar e

falar pode conseguir o que quer.

Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio

de contato social com outras pessoas (VYGOTSKY, 1991, p. 23).

Na teoria Vygotskyana a aprendizagem se dá sempre através da troca de

experiência. Assim uma criança como deficiência está aprendendo e se desenvolvendo a

partir do momento em que convive de forma prática com crianças sem deficiência, da

mesma forma que as crianças sem deficiência estarão aprendendo com as consideradas

especiais, mas levando em consideração a inclusão propriamente dita, não apenas o fato

de estar inseridos no mesmo meio. Vygotsky vê o ser humano como um ser ativo,

construtor do seu conhecimento através da interação com outros seres humanos. Essa

interação é fundamental para o desenvolvimento de crianças com deficiências. A

aprendizagem se dará, mesmo que por um caminho diferente. Dessa forma, podemos ver

como é fundamental o convívio de crianças com deficiência, com crianças sem

deficiência.

Vygotsky vê o mediador exercendo um papel fundamental diante da educação. E

se falando de educação inclusiva, a excelência da educação dependerá deste mediador,

pois a falta de preparo trará impedimento para o crescimento dos educandos. Para ele,

não é a deficiência que impedirá e sim uma mediação mal sucedida.

O efeito do déficit/defeito na personalidade e na constituição

psicológica da criança é secundário porque as crianças não sentem

diretamente seu estado de handicap. As causas primárias, a sua dita

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forma especial de desenvolvimento são as limitadas restrições

colocadas na criança pela sociedade. É a realização sociopsicológica

das possibilidades da criança que decide o destino da personalidade,

não o déficit em si (VYGOTSKY, 1989).

A educação inclusiva busca uma educação onde a sociedade se torne mais justa e

igualitária exigindo da sociedade, junto com o poder público, mais ações voltadas para

tal. O conceito já foi plantado e semeado em nosso país, porém precisamos de muito mais

ações, mudanças, conscientização, precisamos muito mais que rampas de acesso e leis.

Precisamos de escolas mais preparadas, profissionais mais capacitados e melhores

condições de trabalho para os professores, e que esses sejam capazes de criar práticas

pedagógicas alternativas e assim promover uma educação igualitária, onde haja respeito

à diversidade.

LEI DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB), PLANO

NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE) 2014/2024 E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Muitas leis, decretos, diretrizes, programas, entre outros, asseguram a educação para

todos, mas nesse artigo nos prenderemos à LDB. Nesse momento falaremos de pessoas

com deficiência como pessoas com necessidades especiais, visto que é dessa forma que a

LDB à eles se referem.

A LDB é a mais importante lei que rege a educação brasileira. Esta lei foi aprovada

no ano de 1996 com o número 9394/96. Ela é composta por 92 artigos e engloba os mais

diversos temas referentes à educação e vai do ensino infantil ao ensino superior. Neste

artigo nos ateremos no Capitulo V, artigos 58, 59 e 60 que tratam especificamente da

Educação Especial.

Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de

educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos

com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação. (LDB, 1996, p. 39)

Nos incisos deste Artigo 58, a LDB assegura serviço especializado, quando

necessário, para os educandos que englobam a educação especial como também, espaço

adequado em função das necessidades especificas de cada aluno. Na letra da lei temos:

§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular,

para atender às peculiaridades da clientela de educação especial;

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§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for

possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular;

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa

etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

O Art. 59 diz que os sistemas de ensino assegurarão currículos, métodos, técnicas,

recursos educativos e organização específicos, para atender às necessidades dos

educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades

ou superdotação, como também professores como especialização para atender as mais

diversas necessidades dos alunos. Na letra da lei temos:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica, para

atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido

para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração

para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para

atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a

integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em

sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de

inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem

como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual

ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis

para o respectivo nível do ensino regular.

Ainda no Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional de alunos

com altas habilidades ou superdotação matriculados na educação básica e na educação

superior, a fim de fomentar a execução de políticas públicas destinadas ao

desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado.

Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com altas habilidades ou

superdotação, os critérios e procedimentos para inclusão no cadastro referido no caput

deste artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os mecanismos de acesso aos

dados do cadastro e as políticas de Lei n 41 o 9.394/1996 desenvolvimento das

potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos em regulamento.

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Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de

caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação

exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder

Público.

Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação

do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento

e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino,

independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.

De acordo com a lei que rege a educação brasileira, é direito dos educandos portadores

de necessidades especiais, terem acesso a educação, estarem incluídos nas escolas, como

também o espaço deve ser apropriado, os profissionais capacitados. A escola deve estar

pronta para recebê-los, tanto em relação ao espaço físico como em relação à capacitação

de toda a equipe pedagógica que faz parte do meio escolar. O sistema de ensino deve

garantir currículo, materiais, recursos, de forma que atenda às necessidades dos

educandos.

Caminhando junto à LDB temos o PNE (Plano Nacional de Educação). O Plano

Nacional de Educação (PNE), Lei nº 13.005/2014, é um instrumento de planejamento do

nosso Estado democrático de direito que orienta a execução e o aprimoramento de

políticas públicas do setor (BRASIL, 2014, p. 07).

O PNE é vigente por 10 anos, o último é 2014/2024. Ele determina metas,

diretrizes, estratégias que assegurem uma educação básica de qualidade, que reduzam as

desigualdades, valorização da diversidade, como também valorização dos profissionais

da educação. Nesse estudo nos prenderemos a Meta 1, estratégia 1.11 e a Meta 4 e suas

estratégias.

A Meta 1 traz o seguinte: Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-

escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação

infantil em creches de forma a atender, no mínimo, cinquenta por cento das crianças de

até três anos até o final da vigência deste PNE.

Estratégia 1.11. Priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a oferta do a

atendimento educacional especializado complementar e suplementar aos(às) alunos(as)

com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação, assegurando a educação bilíngue para crianças surdas e a transversalidade

da educação especial nessa etapa da educação básica.

Vemos na Meta 1 e estratégia 1.11 que até dois anos após a lei entrar em vigência,

a educação infantil teve que incluir as crianças de 4 e 5 anos na pré-escola, como também

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o número de vagas nas creches teve que ser ampliada. As crianças portadoras(com) de

deficiência estão incluídas na pré-escola como também nas creches, não só as crianças

sem deficiência.

A Meta 4 diz o seguinte: universalizar, para a população de quatro a dezessete

anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou

superdotação, o acesso à educação básica e educacional especializado ao atendimento,

preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional

inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços

especializados, públicos ou conveniados.

Essa meta casa perfeitamente com os artigos da LDB já citados que tratam da

educação especial. Ela também traz 19 estratégias, onde destacaremos algumas para quais

olhamos com mais zelo.

4.2. Promover, no prazo de vigência deste PNE, a universalização do atendimento

escolar à demanda manifesta pelas famílias de crianças de zero a três anos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,

observado o que dispõe a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional;

4.3. Implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos multifuncionais e fomentar

a formação continuada de professores e professoras para o atendimento educacional

especializado nas escolas urbanas, do campo, indígenas e de comunidades quilombolas;

4.4. Garantir atendimento educacional especializado em salas de recursos

multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados, nas

formas complementar e suplementar, a todos(as) alunos(as) com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na rede

pública de educação básica, conforme necessidade identificada por meio de avaliação,

ouvindo a família e o aluno;

4.8. Garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a exclusão do ensino regular

sob alegação de deficiência e promovida a articulação pedagógica entre o ensino regular

e o atendimento educacional especializado;

4.13. Apoiar a ampliação das equipes de profissionais da educação para atender à

demanda do processo de escolarização dos(das) estudantes com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, garantindo a oferta de

professores(as) do atendimento educacional especializado, profissionais de apoio ou

auxiliares, tradutores(as) e intérpretes de libras, guias-intérpretes para surdos-cegos,

professores de libras, prioritariamente surdos, e professores bilíngues;

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Podemos ver que a todo tempo LDB E PNE andam de mãos dadas em relação à

educação especial na perspectiva da educação inclusiva. As Leis de Diretrizes e Bases

garantem, e dão direito, ao passo que o Plano Nacional de Educação traz estratégias para

que o processo aconteça de forma concreta. Nas entrelinhas vemos que educação

inclusiva vai além de educação integrada, vai além de pessoas com e sem deficiências

conviverem em um mesmo ambiente.

A escola e todo o processo de ensino se adequa à Pessoa com Deficiência e não o

contrário. Educação inclusiva acontece de fato, a partir do momento em que a Pessoa com

Deficiência, não é visto por suas limitações, mas como mais um educando capaz de

aprender e ensinar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desta pesquisa nos deparamos com um assunto/situação bastante debatido

nos dias de hoje, entretanto pouco visto em prática. Inclusão escolar é sim algo muito

significante para nós educadores e temos que procurar por em prática em nossas escolas.

Conseguimos entender o que é educação inclusiva, constatamos que podemos

seguir e tomar por base a teoria de Vygotsky. Há leis que garantem e dão direito aos

portadores de deficiência ter acesso desde a educação infantil ao ensino superior.

O ensino inclusivo toma por alicerce a visão sociológica de deficiência e

diferença, reconhece assim, que todas as crianças são diferentes e que as escolas e

sistemas de educação precisam ser transformados para atender as necessidades de todos

os educandos, evidenciando-se a importância de ambientes heterogêneos que atendam às

necessidades educacionais e de aprendizagem dos alunos, sendo estes com alguma

deficiência ou não.

A teoria sócio-interacionista serve de base e é de grande valia para o processo de

aprendizagem dos educandos com alguma deficiência. Para Vygotsky, o indivíduo

aprende com o meio, ou seja, a troca de experiência entre alunos com e sem deficiência

serve de aprendizado para ambos, tendo o mediador facilitador papel extremamente

importante nesse processo.

Seguindo o art. 58 da LDB, a escola se ver diante de um grande desafio, que é

preparar a escola para receber os educando portadores de deficiência. Partindo do

pressuposto de que incluir vai além de integrar, o desafio da escola é também está

preparada em todos os sentidos para receber os alunos chamados de especiais pela LDB.

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Equipe pedagógica, equipe técnica, demais profissionais da educação devem ser capazes

de receber esses alunos de forma digna. Os alunos com deficiência devem juntar-se ao

demais de maneira que sua limitação não o impossibilite de estar dentro do processo de

aprendizagem. Fazendo correlação temos O PNE vigente no período de 2014/2024, que

estabelece metas e estratégias a serem cumpridas englobando também o processo de

inclusão.

Concluímos este artigo com a visão de quê a inclusão muitas vezes é utópica,

ainda existe muito a ser feito, muito a ser planejado. Programas, projetos devem ser

criados para que a inclusão ocorra com o verdadeiro sentido. Não só uma lei e um plano

com período de tempo. A busca pela inclusão deve ser constante em todos os sentidos,

visando proporcionar a todos os educandos com e sem deficiência um equilíbrio em

igualdade de oportunidades educacionais, em que as diferenças existentes entre eles sejam

valorizados pela convivência em um ambiente cooperativo com a intencionalidade de

ampliar as possibilidades da escola ser um espaço de aprendizagem para todos. Incluir

vai além de estar no me espaço, incluir é estar no ambiente e não se vê e nem se sentir

fora dele.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL, Plano Nacional de Educação 2014-2024 [recurso eletrônico]: Lei nº 13.005,

de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras

providências. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. Acessado em: 10

de novembro de 2017. Disponível em:

http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/reference/file/439/documento-

referencia.pdf

____________ Ministério da Educação: Secretaria de Educação Especial. Educação

Inclusiva: A Escola. Brasília, 2004.

MORENO, S. C. S.: A Inclusão do aluno com deficiência da escola regular. Junho,

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