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Economia politica 3

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FACULDADE DE CASTANHAL - FCAT CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: ECONOMIA POLÍTICA PROFESSOR: NAIRO RILDO DOS SANTOS

APOSTILA III

MÓDULO 5: SISTEMA ECONÔMICO

5.1 SISTEMA ECONÔMICO

5.1.1 O que vem a ser um sistema econômico?

Sabe-se que a economia de cada país funciona de maneira distinta, no entanto

podemos dizer que, em linhas gerais, a maior parte dos países no mundo possuem o

mesmo sistema econômico. Mas afinal o que viria a ser um sistema econômico? Ora, se

as questões fundamentais da economia giram em torno da decisão de o que, quanto,

como e para quem produzir de forma eficiente, num contexto de necessidades

ilimitadas, mas com recursos produtivos e tecnologia limitada, é necessário que uma

sociedade se organize para tal. As atividades comuns a qualquer sistema econômico são

a produção, o consumo e as trocas. E a forma de adoção das trocas é diferente em cada

sistema econômico.

O sistema econômico seria a forma como a sociedade organiza a sua produção,

distribuição e consumo de bens e serviços, para que seja alcançado nesta sociedade o

maior nível de bem-estar possível. Essa organização envolve a dimensão econômica,

mas também a dimensão social e política de uma sociedade. No entanto, é preciso ter

em mente que as comunidades não simplesmente “escolhem” um sistema econômico,

mas ele é fruto de um processo histórico de lutas, guerras, disputas de interesses que

acabam definindo a forma da sociedade se organizar política, social e economicamente.

Um sistema econômico seria então o conjunto de relações técnicas, básicas e

institucionais que caracterizam a organização econômica, social e política da sociedade.

Essas relações condicionam as decisões fundamentais da sociedade e quais as atividades

que serão as mais importantes dentro daquela comunidade.

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Tradicionalmente, classificam-se os sistemas econômicos em:

a) Sistema capitalista ou economia de mercado: a base deste sistema

econômico é a propriedade privada dos bens de produção e do capital, onde predomina

a livre iniciativa. Numa economia de mercado, as decisões de o quê, como e para quem

produzir seriam definido a partir da concorrência e do sistema de preços regulado pelo

mecanismo de oferta e demanda, com pouca interferência do Estado. O que produzir

seria definido pela demanda dos consumidores no mercado; quanto produzir seria

determinado pela interação entre consumidores e produtores no mercado, com o devido

ajustamento dos preços; como produzir seria determinado pela concorrência entre os

produtores; e o para quem produzir seria determinado pela oferta e demanda no

mercado de fatores de produção. A produção se destina a quem tem renda para pagar.

b) Economias mistas: surgem a partir da década de 30 do século XX, quando

ainda prevalece a livre iniciativa, a propriedade privada e as forças de mercado, mas há

grande participação do Estado, não apenas na produção de bens e serviços, mas também

na alocação e na distribuição de recursos. O Estado também atua nas áreas de infra-

estrutura, energia, saneamento e telecomunicações.

c) Economias socialistas ou economia planificada: nestas economias, as

decisões sobre o que, quanto, como e para quem produzir são determinadas por órgãos

de planejamento do governo, e não pelo sistema de preços e pela concorrência inter-

capitalista. Os meios de produção – máquinas, equipamentos, matérias-primas,

instrumentos, terras, minas, bancos, etc. – são considerados propriedade de todo o povo

(propriedade coletiva ou social). Os meios de sobrevivência como roupas, automóveis,

eletrodomésticos, móveis, etc. pertencem aos indivíduos. As residências pertencem ao

Estado.

O que seria então o “mercado”? Numa economia de mercado os preços dos

produtos a serem vendidos são em geral estabelecidos pela livre concorrência entre os

produtores e os consumidores, e pelo mecanismo de preços, onde há a compra e venda

de bens e serviços, mas também de fatores de produção. O mercado seria toda

instituição social nas quais bens, serviços e fatores de produção são trocados livremente,

troca esta mediada pela moeda. Na economia de mercado os consumidores tentarão

maximizar o seu bem-estar e os produtores tentarão maximizar o seu lucro.

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E como funcionaria então o mecanismo de preços? Quando os consumidores vão

ao mercado em busca por maiores quantidades de certa mercadoria, o preço desta

mercadoria sobe, indicando ao produtor que há falta deste produto no mercado. O

produtor por sua vez eleva a produção desta mercadoria, com o objetivo de obter

maiores lucros ao vendê-la a um preço mais alto. Com o aumento contínuo dos preços,

os consumidores passam então a demandar uma quantidade menor desta mercadoria, e

ao reduzir o consumo, elevam-se os estoques dos produtores, que são obrigados a

reduzir o preço daquela mercadoria. A queda na demanda e nos preços sinaliza ao

produtor a necessidade de reduzir a produção daquela mercadoria.

5.1.2 Os Fluxos Reais e Monetários da Economia

O funcionamento de uma economia de mercado depende do entendimento de

quem são os principais agentes econômicos que interferem no sistema econômico e que

papel cada um deles exerce dentro da organização do sistema econômico.

Os principais agentes econômicos são as famílias, as empresas e o governo. São

estes agentes os responsáveis por toda a atividade econômica de uma determinada

sociedade.

As famílias são proprietárias dos fatores de produção e os fornecem para as

empresas, ao mesmo tempo em que consomem os bens e serviços produzidos por estas

mesmas empresas. As empresas utilizam os fatores de produção fornecidos pelas

famílias e através de sua combinação, produzem bens e serviços que são fornecidos para

o consumo das famílias. O governo cuida da segurança, educação, saúde, da defesa dos

cidadãos e de seus direitos. Além disso, o governo assegura o pleno funcionamento da

economia, através da coordenação e regulação dos mercados (bens e serviços e mercado

de fatores de produção). Ao longo do século XX, o governo assumiu outras funções,

atuando como empresário fornecendo bens públicos.

Numa economia de mercado, estes diferentes agentes econômicos podem ser

agrupados em três grandes setores: o setor primário, que engloba a agricultura, a pesca,

a pecuária e a mineração; o setor secundário, onde há combinação de fatores de

produção para a transformação de bens, e inclui as atividades industriais; e o setor

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terciário, ou setor de serviços, que inclui serviços, comércio, transporte, bancos,

educação, entre outros.

Para entender melhor o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma

economia de mercado que não tenha interferência do governo, não tenha transações

comerciais nem financeiras com o exterior e não possua um setor financeiro

desenvolvido. As atividades econômicas estarão centradas nas ações de dois grandes

agentes: as empresas, que reúnem os fatores produtivos para a produção de bens e

serviços, e as famílias, constituídas pelos indivíduos que são proprietárias dos recursos

de produção (terra, trabalho, capital e capacidade empresarial).

Como vimos, as unidades familiares fornecem recursos produtivos para as

empresas e as empresas fornecem bens e serviços finais para as unidades familiares. A

interação entre as famílias e as empresas é feita através do mercado de bens e serviços e

do mercado de fatores de produção. Desta interação, resultam dois fluxos:

a) Fluxo real da economia ou circulação real: quando houver deslocamento

físico do bem; pode ser definido a partir do fornecimento de recursos de produção, do

uso destes recursos e de sua combinação na produção de bens e serviços intermediários

e finais. Há emprego efetivo de fatores produtivos e dos produtos gerados. Há troca

material de recursos produtivos e de bens e serviços. Engloba o mercado de recursos de

produção e o mercado de bens e serviços. O fluxo real da economia, no entanto,

só torna-se possível com a presença da moeda, que é utilizada para pagar os bens e

serviços e os fatores de produção. Paralelamente ao fluxo real temos o fluxo monetário

da economia.

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b) Fluxo monetário da economia: quando há apenas transferência de

propriedade, representada pelos pagamentos monetários efetuados pelos produtos (bens

e serviços) e pelos fatores de produção. Também vai englobar o mercado de recursos ou

fatores de produção e o mercado de bens e serviços.

Tanto o fluxo real quanto o fluxo monetário vão envolver as famílias e as

empresas, bem como os mercados de recursos e de bens e serviços.

No mercado dos recursos de produção serão transacionados recursos necessários

às atividades de produção, tais como mão-de-obra, matérias-primas, tecnologia,

formação de capital, capacidade administrativa, entre outros. Neste mercado quem

oferta recursos são as famílias e a demanda é representada pelas empresas. Neste

mercado, as unidades produtoras, ou seja, as empresas pagam às famílias uma

remuneração pelos fatores de produção de sua propriedade, na forma de salários,

aluguéis, juros e lucros.

As famílias (ou os indivíduos que as compõem) vão até o mercado de fatores de

produção e oferecem seus “produtos” ou “serviços”, em busca de uma renda (oferta de

fatores). As empresas, por sua vez, precisam destes fatores produtivos a fim de

combiná-los na produção de seus produtos e vão ao mercado de fatores com o objetivo

de comprá-los (demanda de fatores). Os preços dos fatores (salários – trabalho, aluguéis

– terra, juros – capital, lucros – capacidade empresarial) serão determinados pela

interação entre a oferta e a demanda. A soma dos salários, aluguéis, juros e lucros

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formam a renda da economia. Ao receberem essa renda, as famílias têm condições de

comprar produtos ofertados pelas empresas no mercado de bens e serviços.

Assim, as empresas combinam os fatores de produção adquiridos no mercado de

fatores e produzem bens e serviços e vão ao mercado de bens e serviços oferecê-los para

as famílias, que estão de posse de suas respectivas rendas. Os preços de cada bem ou

serviço vai ser determinado a partir da interação entre a oferta e a demanda de cada um

deles. A nossa hipótese inicial foi a de que não haveria um setor financeiro, portanto os

consumidores gastam toda a sua renda neste mercado. As empresas acabam absorvendo

essa renda. Ao se dirigirem ao mercado de fatores, as empresas acabam distribuindo

esta renda na forma de salários, aluguéis, juros e lucros.

No mercado de bens e serviços são transacionados bens e serviços necessários à

satisfação humana, tais como alimentação, saúde, vestuário, habitação, calçados,

transportes. Quem representa a oferta neste mercado são as empresas, na condição de

produtores, e quem representa a demanda são as famílias, na condição de consumidores.

Aqui, as famílias ou os consumidores acabam transferindo os pagamentos recebidos das

empresas pelo uso dos fatores de produção, para essas mesmas empresas, como forma

de pagamento monetário dos bens e serviços adquiridos.

Como podemos observar, famílias e empresas exercem um duplo papel. No

mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços enquanto as

empresas ofertam estes mesmos bens e serviços; no mercado de fatores de produção, as

famílias é que oferecem os serviços dos fatores de produção, de sua propriedade, e as

empresas vão demandar estes mesmos fatores.

No equilíbrio, então, teremos o seguinte esquema:

FLUXO REAL = FLUXO MONETÁRIO

FLUXO REAL DE FATORES = RENDA

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FLUXO REAL DE BENS E SERVIÇOS = FLUXO MONETÁRIO DO

MERCADO DO PRODUTO

É necessário fazer uma observação importante. Para a teoria econômica, tanto os

consumidores, na figura das famílias, como os produtores, representados acima pelas

empresas, são racionais nas suas decisões. O que isto significa? Significa que os

indivíduos, enquanto consumidores buscam obter o máximo de produtos gastando o

mínimo possível. Já as empresas, ou os produtores, buscam obter o maior lucro

possível, e para isto quer diminuir custos e vender os seus produtos o mais caro

possível. Cada um dos agentes que interferem no processo econômico agem buscando o

seu próprio interesse, a partir de uma racionalidade meramente econômica.

É importante ressaltar que estes fluxos sofrem algumas alterações com a

introdução do setor público (governo) e das transações com o setor externo.

Com a incorporação do setor público ao fluxo anterior, teremos o impacto dos

impostos e dos gastos públicos no fluxo da renda. Ao se incluir o governo, este impõe

sobre empresas e famílias impostos, que diminuem tanto o poder de compra das

unidades familiares, como o lucro das empresas. Por outro lado, ao conceder subsídios1,

que nada mais é do que uma ajuda do governo a determinados setores produtivos ou

parcelas da sociedade, aumentam as possibilidades de investimentos das empresas.

Por outro lado, se eu introduzo no esquema acima o comércio internacional, há

um aumento da demanda por produtos no mercado de bens e serviços, na medida em

que parte dos bens e serviços disponibilizados pelas empresas irão ser exportados. Há

também um aumento na oferta neste mesmo mercado, através das importações, o que

acaba por elevar a concorrência, podendo ocasionar uma queda nos preços destes

produtos e uma melhoria na qualidade.

1 Auxílio concedido pelo governo de um país a determinados setores ou empresas (públicas ou

privadas), tecnicamente definido por: benefícios pagos, sem contrapartida em produtos ou serviços;

transferência de recursos de uma esfera do governo em favor de outra; despesas governamentais para

cobrir prejuízos de empresas; benefícios a consumidores, sob a forma de preços inferiores aos níveis

normais do mercado; benefícios a produtores e vendedores mediante preços mais elevados.

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MÓDULO 6: ESTRUTURAS DE MERCADO

As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos de como os

mercados estão organizados, destacando alguns aspectos essenciais da interação entre

oferta e demanda. No entanto, estes mercados estariam organizados seguindo o

princípio da racionalidade, e da busca de otimização de resultados por parte dos

produtores.

O critério geralmente utilizado para classificar os diferentes tipos de mercados é

aquele que se refere ao número de agentes econômicos que dele participam. A

concorrência, que nada mais é que a forma de organizar os mercados que permite

determinar os preços e quantidades de equilíbrio, estaria pautada primordialmente por

este critério. A concorrência que se estabelece entre um grande número de produtores

(concorrência perfeita) será diferente daquela em um mercado com um número limitado

de vendedores (oligopólio). Se a concorrência inexiste, o mercado seria controlado por

um só produtor (monopólio).

Assim, as principais estruturas de mercado são concorrência perfeita,

monopólio, concorrência monopolística (ou imperfeita) e oligopólio. Esses quatro

modelos de mercado diferem quanto ao número de firmas na indústria, quanto à

produção de um produto padronizado ou à tentativa de diferenciar seus produtos das

demais firmas, e quanto à facilidade ou dificuldade que outras firmas enfrentam para

entrar na indústria.

Na microeconomia tradicional, para todas estas estruturas de mercado, parte-se

do pressuposto de que o objetivo principal das firmas é a maximização dos lucros, no

curto ou no longo prazo. O lucro total seria dado pela diferença entre as receitas de

vendas da empresa e seus custos totais de produção. Para maximizar o lucro, a firma

deverá escolher o volume de produto no qual a diferença entre a receita total de venda e

o custo total de produção seja a maior possível.

LT = RT – CT,

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onde:

LT: lucro total;

RT: recita total de vendas;

CT: custo total de produção.

A empresa maximizará seu lucro com um nível de produção onde receita

marginal seja igual a custo marginal. Isto significa, em outras palavras, que a receita

adicional para se produzir uma unidade do produto é igual ao custo adicional para se

elevar esta produção em uma unidade. Temos, então:

RMg = CMg ou

onde:

∆RT: variação da receita total;

∆CT: Variação do custo total;

∆q: variação na quantidade produzida.

Se uma empresa aumenta a produção, e a receita adicional (RMg) for maior que

o custo adicional (CMg), o lucro estará aumentando, e a firma ainda não atingiu o

equilíbrio. Neste caso, o produtor desejará elevar a produção, porque cada unidade

adicional fabricada aumenta os seus lucros, já que sua receita marginal é maior que seu

custo marginal. Se, por outro lado, temos um nível de produção onde a receita marginal

for menor que o custo marginal, a cada unidade adicional que o produtor deixa de

produzir seus lucros aumenta, e o empresário terá interesse em reduzir a produção.

Também neste caso a firma não terá alcançado o equilíbrio. O equilíbrio se dará apenas

no nível de produção onde receita marginal iguala custo marginal, pois neste caso o

lucro será máximo.

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6.1 A Concorrência Perfeita

A concorrência perfeita ou pura caracteriza-se pela existência de um grande

número de produtores (firmas), de tal maneira que uma empresa isoladamente não

consegue interferir nos níveis de oferta do mercado, e não tem, portanto, poder para

determinar os preços de equilíbrio. Neste mercado, é a interação entre oferta e demanda

que determina preço. Então, as principais hipóteses do modelo de concorrência perfeita

são as que seguem:

a) Mercado atomizado: existe um número elevado de ofertantes e demandantes,

como “átomos”. Isto significa que cada agente isolado exercerá pouca influência sobre o

mercado como um todo, não tendo condições de afetar a determinação de preços. Desta

forma, se um produtor individual elevar ou diminuir a quantidade produzida, isto não

influirá sobre o preço de mercado do bem que produz.

b) Produto homogêneo (ou padronizado): supõe-se que todas as firmas

oferecem um produto semelhante; não existem diferenças de embalagem, nem de

qualidade entre os produtos neste tipo de mercado. Assim, se o preço cobrado for o

mesmo para todas as firmas, os consumidores serão indiferentes em relação a qual

produtor irão comprar o produto desejado. Nesta estrutura de mercado, os produtores

não fazem nenhum tipo de diferenciação de produto, e não tentam adotar outras formas

de concorrência extra-preço.

c) Tomadores de preço ou price-takers: como as firmas não exercem controle

significativo sobre o preço do produto, o produtor individual em concorrência pura é um

tomador de preço, já que a firma não pode influenciar o preço de mercado, apenas

ajustar-se a ele. Isto ocorre porque em concorrência perfeita, cada firma produz uma

fração tão pequena da produção total, que aumentar ou diminuir sua produção não

acarretará um impacto significativo sobre a oferta total nem sobre o preço de equilíbrio.

d) Transparência do Mercado: isto significa que todos os que participam do

mercado, tanto consumidores quanto produtores, têm amplo acesso às informações

relevantes e amplo conhecimento das condições gerais em eu opera o mercado, sem

incorrer em custos. Isto significa que todos os agentes econômicos conhecem preços,

qualidade, custos, receitas, lucros, etc.

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e) Livre entrada e saída: isto significa que novas firmas podem entrar e sair das

indústrias em concorrência perfeita. Não existem obstáculos significativos (legais,

financeiros, tecnológicos, etc) que proíbam novas firmas de produzirem e venderem sua

produção em qualquer mercado competitivo. O mercado é sem barreiras à entrada e à

saída, tanto de vendedores como de compradores.

f) Mobilidade de bens: existe uma completa mobilidade de produtos entre

regiões, o que implica a inexistência de custos de transporte. Não se considera a

localização espacial de produtores e consumidores. Um consumidor de Fortaleza paga o

mesmo que um consumidor de Sobral pelo mesmo produto.

g) Não existem externalidades: não existem influências de fatores externos nos

custos das firmas e na satisfação dos consumidores, ou seja, nenhuma firma influi no

custo das outras, e nenhum consumidor influi no consumo dos outros.

h) Concorrência perfeita no mercado de insumos: isto significa que todas as

firmas apresentam a mesma estrutura de custos, e os preços dos insumos são dados.

Como podemos observar, o mercado em concorrência perfeita representa uma

estrutura ideal de mercado, sem barreiras e sem interferências, o que não corresponde à

realidade cotidiana da economia. No entanto, esta estrutura ideal serve como referência

para a construção de modelos que estejam mais próximos da realidade. Apenas o

mercado de produtos agropecuários poderia ser um exemplo que se aproxima do modelo

de concorrência perfeita.

Neste mercado, como vimos, o preço de equilíbrio é determinado pela interação

entre a oferta e a demanda do produto no mercado. A um dado preço, as firmas decidem

qual a quantidade que irão ofertar. Assim, cada firma aceitará o preço como um dado

fixo, sobre o qual não pode influir.

A partir do preço de equilíbrio, cada empresa individual produzirá a quantidade

que indica sua curva de oferta pra dado preço, a qual será condicionada por seus custos

de produção.

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Figura 1: Equilíbrio em Concorrência Perfeita

A curva de demanda de uma firma em concorrência perfeita será uma reta. Isto

porque como a firma é tomadora de preços, não tendo condições de alterar isoladamente

o preço ou praticar um preço superior ao estabelecido no mercado, ao preço

estabelecido pelo mercado ela poderá vender o quanto puder, estando limitada apenas

por seu tamanho e por sua estrutura de custos.

Se a empresa quiser vender a um preço mais alto, não conseguirá pois os

produtos são homogêneos e os consumidores irão demandar das outras firmas que

vendem o mesmo produto mais barato (preço de mercado). Por outro lado, a firma não

irá praticar preços abaixo do preço de mercado, porque a este preço ela vende o quanto

quer, não fazendo sentido vender mais barato.

Em concorrência perfeita não existem lucros extraordinários (receitas são

maiores que os custos) a longo prazo, mas apenas os lucros normais, onde a receita total

se iguala ao custo total.

Ora, se neste mercado existe ampla transparência de informações e inexistem

barreiras à entrada, no momento em que se estabelecerem lucros extraordinários, novas

firmas serão atraídas para o mercado. Com o aumento no número de firmas, haverá uma

elevação na oferta, o que fará com que os preços se reduzam, reduzindo-se, assim, os

lucros extras até que se alcance novamente uma situação de lucro normal. Novas

empresas deixam de ser atraídas para este mercado que alcança novamente o equilíbrio

com lucros normais.

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6.2 Monopólio

O monopólio se caracteriza pela existência de uma única firma dominando

inteiramente a oferta do produto daquele mercado, para o qual não existem substitutos

próximos. Assim, no monopólio existe apenas um ofertante, que ao contrário do que

ocorre na concorrência perfeita, tem plena capacidade de determinar o preço. Não há

concorrência, e os consumidores são obrigados a aceitar as condições impostas pelo

produtor sob pena de não poder mais consumir o produto. Assim, podemos elencar as

principais características do monopólio:

a) Um único vendedor: apenas uma firma realiza toda a produção ou é ofertante

de um serviço;

b) Ausência de substitutos próximos: não existem bens ou substitutos

próximos; do ponto de vista do comprador, não existem alternativas possíveis;

c) Formador de preço: a firma exerce um controle significativo sobre o preço,

porque controla toda a quantidade ofertada;

d) Existência de barreiras à entrada: um monopolista puro não tem

concorrentes, pois existem barreiras (econômicas, tecnológicas, legais, etc) que

impedem que outras firmas potencialmente competidoras ingressem naquele mercado;

e) Concorrência extra-preço: o monopolista não precisa se distinguir nem fazer

propaganda, já que não existem substitutos próximos para o seu produto;

f) Concorrência entre consumidores: existe um número grande de

consumidores que concorrem no mercado para consumir a quantidade que é ofertada

pelo produtor.

Neste mercado, como só existe uma única firma, a demanda do mercado é igual

à demanda da firma, portanto as curvas de demanda do mercado e da firma também

coincidem. A curva de demanda do mercado expressa os anseios de compra dos

consumidores e os níveis de preços. Esta curva de demanda é negativamente inclinada,

já que a quantidade demandada neste mercado se reduz com o aumento de preços.

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A determinação de preços e quantidades de equilíbrio não são definidas pela

interação entre oferta e demanda. Na verdade, o empresário monopolista desempenha

um papel determinante no processo de fixação de preço de mercado, pois tem a

capacidade de decidir seu valor. O monopolista só oferta uma determinada quantidade

de produtos se puder estabelecer um determinado preço. Embora a firma não esteja

sujeita aos preços de mercado, não poderá aumentar indefinidamente os preços, pois isto

implicará uma redução na demanda dos consumidores.

Figura 2: O Equilíbrio no Monopólio

O monopolista é um agente econômico racional, e como tal deseja otimizar seus

resultados. Ele busca, então, maximizar seus lucros, e irá ajustar seu nível de produção

até o ponto em que a receita marginal é igual ao custo marginal. Isto significa que

enquanto o aumento da receita total for maior que o aumento no custo total, o

monopolista deverá aumentar a sua produção, pois seu lucro estará aumentando. O

ponto de lucro máximo é exatamente onde RMg=CMg. O volume de produto que a

firma levará ao mercado será definido neste ponto. Esta quantidade deverá ser

substituída na curva de demanda para que se estabeleça o preço de mercado, tal qual o

gráfico acima. Pm é o preço de monopólio e Qm é a quantidade ofertada num mercado

monopolista. O ponto em que o custo marginal é igual à receita marginal corresponde

àquele de equilíbrio da firma monopolista.

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Existem vários fatores que influenciam no surgimento de um monopólio, como:

a existência de controle das fontes de suprimento de matérias-primas para a produção do

produto; a existência de patentes, que conferem ao seu detentor a exclusividade na

produção de certos produtos até que a patente caia em domínio público; o controle

estatal da oferta de determinados serviços que são concedidos a determinadas empresas

concessionárias privadas ou mistas, estabelecendo o monopólio; exigência de elevado

volume de capital e alta capacitação tecnológica para produzir certos produtos;

existência de um monopólio natural.

O monopólio natural ocorre quando as características do mercado exigem a

instalação de grandes plantas industriais, com economias de escala e custos unitários

reduzidos, tornando difícil uma empresa conseguir oferecer o produto a um preço

equivalente à firma monopolista já instalada. No monopólio natural, os custos médios

diminuem à medida em que aumenta a quantidade produzida do bem.

Como a estrutura de mercado monopolista pressupõe uma única firma

responsável pela oferta do produto, o monopólio só se mantém se esta firma conseguir

impedir a entrada de outras firmas no mercado.

O preço de equilíbrio do monopólio será maior que o preço do mercado em

concorrência perfeita, e o nível de produção inferior. Sendo assim, a firma monopolista

auferirá lucros mais elevados que em concorrência perfeita, e os consumidores irão

pagar um preço superior, e a oferta será menor.

No monopólio existem lucros extraordinários tanto no curto prazo quanto no

longo prazo, pois existem barreiras à entrada de novas firmas, conservando a posição

privilegiada da firma monopolista.

6.3 Oligopólio

Em um mercado oligopolista, existe um número pequeno de firmas, diante de

uma grande quantidade de consumidores, de tal sorte que os produtores podem exercer

um certo tipo de controle sobre o preço. O oligopólio se caracteriza, portanto, pela

existência de um número reduzido de produtores e vendedores produzindo bens que são

substitutos próximos entre si, e pelo poder das firmas de fixar os preços de venda nos

seus termos.

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Num mercado oligopolizado, assim como no monopólio, existem barreiras à

entrada de novas firmas no setor, e estas barreiras podem ser causadas pela existência de

proteção a patentes, controle de matérias-primas chaves, tradição, oligopólio puro ou

natural. Alguns produtos, por razões tecnológicas, só podem ser produzidos por grandes

plantas industriais, e nestes mercados normalmente se instalam um pequeno número de

firmas (automóveis, extração de petróleo).

Esta estrutura de mercado pode ser de duas formas: um mercado com um

pequeno número de empresas no setor, como a indústria automobilística; ou um

mercado onde um pequeno número de firmas domina um setor onde existem muitas

empresas, como a indústria de bebidas, por exemplo.

Há neste mercado uma interdependência mútua entre as empresas, porque as

ações de um produtor afetam sobremaneira os demais. Se uma firma reduz seu preço,

pode ocasionar a redução das vendas das outras firmas. Neste sentido, as empresas

passam a definir suas decisões de produção levando em conta tanto as estimativas de

demanda quanto as ações das firmas rivais dentro deste oligopólio. As decisões de

preço, de produção, de propaganda são tomadas levando-se em conta as reações de seus

rivais.

Sendo assim, as empresas oligopolistas tanto podem concorrer entre si, através

de uma guerra de preços ou de promoções, quanto podem formar cartéis, onde os

produtores de um setor irão determinar a política para todas as firmas do cartel. Uma

vez estabelecido um cartel, os preços e repartição do mercado entre as firmas passam a

ser fixados entre empresas que dele fazem parte. Mas é preciso ter em mente que em

geral as firmas oligopolistas discutem suas estruturas de custos.

Quando todas as empresas de um oligopólio possuem a mesma participação no

mercado, elas podem agir como um bloco monopolista, fiando um preço comum e

mantendo a divisão equivalente do mercado. Isto ocorre quando se tem um

funcionamento perfeito do cartel.

Em geral, o oligopólio possui uma firma que domina o mercado, e inúmeras

pequenas firmas concorrem pela fatia restante. A firma dominante tanto pode ter os

custos mais baixos, quanto ser a maior firma do mercado. A entrada é limitada, e a

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firma dominante não se preocupa se as firmas menores vão assumir uma parte

significativa do mercado. A firma dominante determina o preço de modo a maximizar o

lucro, respeitando a estrutura de custos das outras firmas, e levando em conta o efeito de

seu preço sobre a oferta de inúmeras firmas menores, diferente do monopólio, porque

controla apenas uma fatia do mercado. As empresas satélites seguem as regras

estabelecidas pelas empresas líderes. Este é o chamado modelo de liderança de preços.

O oligopólio pode oferecer produtos substitutos perfeitos entre si, tem-se o

oligopólio com produtos homogêneos ou oligopólio puro (indústria de cimento). O

oligopólio diferenciado constitui-se de um grupo de empresas produzindo, ou vendendo

produtos ligeiramente diferentes em sua composição de apresentação ao público

consumidor (indústria automobilística).

Existem dois modelos principais de oligopólio, que se diferenciam quanto aos

objetivos da empresa oligopolista: o modelo clássico de oligopólio e o modelo de mark-

up.

O modelo clássico de oligopólio é aquele preconizado pela teoria marginalista, onde o

objetivo da empresa é a maximização dos lucros através da igualdade entre receita

marginal e custo marginal (RMg = CMg). As empresas neste tipo de oligopólio são

interdependentes, isto significa que a decisão de uma firma influi no comportamento

econômico das demais.

Nos modelos de mark-up, o objetivo da firma é a maximização do mark-up –

diferença entre a receita de vendas e os custos diretos de produção. Se o preço é

determinado pela firma, sem levar em conta a demanda, a política de preços desta

empresa se fundamenta nos seus custos. Então, o preço cobrado pela empresa neste

modelo é calculado da seguinte forma:

p = (1 + m).C

onde:

p: preço do produto;

C: custo unitário ou custo variável médio;

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m: taxa de mark-up (porcentagem sobre os custos diretos) – deve cobrir os custos fixos,

os custos diretos e a margem de rentabilidade desejada pela empresa.

A definição do mark-up depende do grau de monopólio do setor, isto é, da

capacidade das firmas de impedir a entrada de concorrência neste mercado. Além disso,

é preciso ter em mente que as empresas definem seus preços baseados em seus custos, e

portanto não são interdependentes, não sofrendo influência do comportamento das

concorrentes.

6.4 Concorrência Monopolista ou Imperfeita

Tal como a concorrência perfeita, a concorrência monopolista é uma estrutura de

mercado que se caracteriza pela existência de um grande número de empresas. A

principal diferença entre um mercado em concorrência monopolista e concorrência

perfeita é que o primeiro se refere a produtos diferenciados, enquanto o segundo diz

respeito a produtos homogêneos.

Cada firma possui uma pequena porcentagem do mercado total, de tal sorte que

cada firma tem um controle apenas limitado sobre o preço de mercado. O fato de existir

um número relativamente grande de empresas impede a ação de uma firma ou de um

grupo de firmas para restringir a produção e fixar preços. Como existem muitas firmas

neste mercado, não existe interdependência perceptível entre elas. Cada firma estabelece

sua própria política de preços sem levar em conta as possíveis reações das empresas

rivais.

Outra característica fundamental da concorrência monopolista é que as empresas

possuem segmentos de mercado e produtos diferenciados, seja pelos atributos do

produto, serviço ao cliente, localização e facilidade de acesso, serviços pós-venda, etc.

Como existe a diferenciação dos produtos, cada firma tem certo poder sobre os preços,

mas este poder é limitado, já que existem produtos substitutos próximos no mercado. O

mercado é competitivo, porém cada produtor possui certo poder monopolista sobre o

preço de seu produto. A demanda é, portanto, negativamente inclinada.

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6.5 O grau de concentração econômica

Para avaliar o grau de concentração econômica no mercado utiliza-se

normalmente a proporção do valor do faturamento das quatro maiores empresas de cada

setor de atividade sobre o total faturado no setor em questão. Quanto mais próximo de

100%, maior o grau de concentração do ramo de atividade analisado. Significa que as

quatro maiores firmas do setor abarcam quase a totalidade do faturamento. Por outro

lado, quanto mais próximo de 0%, maior o grau de concorrência e menor o grau de

concentração do setor.