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Prof. Maria Carolina C. Cunha Carneiro - EJA 1 EJA- PANORAMA BRASIL E OS DESAFIOS FUNDAMENTAIS EJA- PANORAMA BRASIL E OS DESAFIOS FUNDAMENTAIS Queremos saber mais sobre o que leva um ser humano, na idade adulta, a buscar continuadamente a educação e o conhecimento, para melhorar suas ações. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. ESTABELECE Seção V Seção V Da Educação de Jovens e Adultos Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;

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EJA- PANORAMA BRASIL E OS DESAFIOS FUNDAMENTAISEJA- PANORAMA BRASIL E OS DESAFIOS FUNDAMENTAIS

Queremos saber mais sobre o que leva um ser humano, na idade adulta, a buscar continuadamente a educação e o conhecimento, para melhorar suas ações.LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. ESTABELECE

Seção VSeção V

Da Educação de Jovens e Adultos

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou

continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.

§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam

efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as

características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e

exames.

§ 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola,

mediante ações integradas e complementares entre si.

Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base

nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.

§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:

        I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;

        II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.

        § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão

aferidos e reconhecidos mediante exames.

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São mais de 65 milhões os jovens e adultos que não concluíram o ensino básico. Desses, 30 milhões não freqüentaram nem os quatro primeiros anos escolares — são os chamados analfabetos funcionais. Cerca de 16 milhões não sabem ler nem escrever um bilhete simples. O país tem apenas 19 municípios — dos mais de 5,5 mil — com média de escolarização acima de oito anos. Ao analisar esses dados, fica claro que acabar com o analfabetismo e melhorar a taxa de escolaridade dos brasileiros é uma das prioridades no cenário da educação nacional.

A situação vem melhorando. O Censo Escolar 2003 aponta o crescimento de 12,2% nas matrículas de jovens e adultos na rede oficial.São mais de 4,2 milhões de pessoas que voltaram a estudar, sem contar outras 730 mil atendidas por movimentos populares, empresas, sindicatos ou organizações não governamentais. "Se a educação é um direito de todos, independentemente da idade, como diz a nossa Constituição, temos de dar à EJA a mesma atenção oferecida a todos os segmentos do ensino básico", afirma Cláudia Veloso, coordenadora-geral de EJA do Ministério da Educação.

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EJ A no Brasil número de matrículas

FONTE: inep

1999 3071906

2000 3410830 2001 3777989

2002 3779593

2003 4240703

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Dos 8.000 jovens entre 15 e 24 anos, ouvidos pela pesquisa Juventude

Brasileira e Democracia (2005) – participação, esferas e políticas públicas,

em sete regiões metropolitanas (Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife,

Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) e no Distrito Federal, 52,9% não

estavam estudando, 24,3% não possuíam o ensino fundamental completo, e

27% declararam que não estavam estudando e não estavam trabalhando

(ANDRADE, 2006).

Os dados apresentados pela pesquisa Juventude Brasileira sinalizam a

importância da formulação de políticas educacionais para esse expressivo

contingente da população brasileira, formado por cerca de 34 milhões de

jovens entre 15 e 24 anos, mulheres e homens, em partes iguais, cerca de

81% vivendo em áreas urbanas (27,8 milhões), e 19% na zona rural (IBGE,

Censo, 2000).

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Dos 8 mil entrevistados, 86,2% declaram estudar ou terem estudado em

escolas públicas na maior parte de sua trajetória escolar,enquanto apenas

13,7% eram provenientes de escolas privadas (Andrade, 2006).

No que diz respeito ao grau de instrução, a pesquisa mostrou que a maior parte dos jovens entrevistados possui o ensino médio incompleto (42,5%), seguido dos que possuem o ensino médio completo ou mais escolaridade (33,2%) e ainda um percentual elevado de jovens que nem ao menos concluíram o ensino fundamental (24,3%).

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A falta de docentes nas escolas é percebida como causadora

de profundos danos na vida dos estudantes, principalmente

aqueles relacionados à sua vida futura e à inserção no mercado

de trabalho: “tem muita gente que fica às vezes meses sem

professores em matérias importantes e acaba terminando o

segundo grau, assim, com uma grave deficiência de matérias, e

aí fica mais difícil querer almejar vôos maiores, pra depois

conseguir um emprego melhor”

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Afirmam que “as aulas são tradicionais e os professores não

usam meios interessantes; faltam recursos, livros e aulas

mais dinâmicas; faltam incentivos culturais.”

A inacessibilidade ao curso superior parece se constituir um grande entrave

ao sonho da profissionalização ou do crescimento profissional e a todas as

garantias que a ele estão associadas, ainda que imaginariamente.

Percebe-se, ainda, nos depoimentos dos jovens, que a vaga no ensino

superior a que os jovens se referem não é qualquer uma, mas sim a da

universidade pública.

E como fica a política de cotas para afro-E como fica a política de cotas para afro-

descendentes e alunos egressos das escolas descendentes e alunos egressos das escolas

públicas?públicas?

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O abismo que separa jovens de diferentes classes no que diz respeito à

denominada inclusão digital evidencia as desigualdades quando há

necessidade de uma base material para que o hábito de utilização de

computadores se torne realidade.

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A prática da leitura entre a juventude permanece como um desafio:

40,1% dos jovens entrevistados não haviam lido nenhum livro inteiro no

ano da entrevista; 16,4% haviam lido 2 livros; 16%, de 3 a 5 livros; 14,7%,

apenas 1; e 11,2%, 6 ou mais.

A precariedade nas condições educacionais expostas na pesquisa

apresentada nos remete diretamente à educação de jovens e adultos, isso

porque, revela uma condição marcada por profundas desigualdades revela uma condição marcada por profundas desigualdades

sociais.sociais.

Nas classes de EJA estão os jovens reais, os jovens para os quais o

sistema educacional deu as costas.

Percebê-los significa a possibilidade de dar visibilidade a esse expressivo

grupo que tem direito à educação, contribuindo para a busca de respostas

a uma realidade cada vez mais aguda e representativa de problemas que

perpassam o sistema educacional brasileiro.

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Dentre as principais características de adultos como alunos que devem

ser levadas em conta, quando se planeja educação escolar de qualidade,

podem ser destacadas:

• São motivados por material que é prático, aplicável ao seu trabalho São motivados por material que é prático, aplicável ao seu trabalho

ou situação de vida e centrado em problema; trazem consigo o ou situação de vida e centrado em problema; trazem consigo o

desejo de crescer e aprenderdesejo de crescer e aprender

Programas de Educação Escolar de Jovens e Adultos Qual é o seu perfil? O que devemos conhecer sobre eles que possa fundamentar o

planejamento de um trabalho com ensino-aprendizagem que considere

sua andragogia?

O diálogo e a negociação são condições O diálogo e a negociação são condições “sine qua non”“sine qua non”

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Os "adultos podem ser ajudados a descobrir suas próprias necessidades",

cabendo aos professores a habilidade em criar situações não

constrangedoras, ou seja, experiências, casos e episódios para discussão e

análise que propiciem ao aluno adulto a autodescoberta dos conteúdos que

precisam aprender.

O principal desafio é saber oferecer O principal desafio é saber oferecer

possibilidades de re-construção dos conhecimentos.possibilidades de re-construção dos conhecimentos.

Muitos dos jovens e adultos são alfabetizados, mas não lhes foi possibilitado tornarem-se letrados. Vivem condições sociais em que a leitura e a escrita não têm uma função para elas.

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Paulo Freire (1967,1970a, 1970b, 1976) foi um dos primeiros educadores a

destacar a importância do letramento, ao afirmar que ser alfabetizado é

ser capaz de usar a leitura e a escrita como um meio de tomar consciência

da realidade e de transformá-la.

Dessa forma, professores precisam refletir sobre elas, pois tal desafio supõe

que a aprendizagem dos adultos passa por referenciais de:

• Significação – O adulto busca sempre uma resposta para a questão: o quê

isso significa para mim?

• Compreensão inicial – Tem que ficar compreendida, desde o início a

atividade de ensino aprendizagem, a determinante inicial, o caminho a ser

percorrido e o objetivo

• Ritmo – O respeito ao ritmo individual é um fator de fundamental

importância. Os adultos gostam de atuar e sua produção se amplia mais

quando essa característica individual é respeitada

• Expectativas – A definição das expectativas precisa ser considerada no

diagnóstico inicial e claramente delimitada.

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• Participação – As atividades de ensino – aprendizagem com adultos, podem

e devem proporcionar momentos de participação ativa. A referência deve ser

de onde se parte (conhecimentos anteriores dos alunos) para onde se quer

chegar (níveis diferentes de práticas, informações e conhecimentos).

• Adequação – Todos os componentes do planejamento e da ação devem ser

avaliados e ajustados conforme as necessidades diagnosticadas durante as

atividades da sala de aula

• Interdisciplinaridade – Como as atividades se inter-relacionam com as

demais, trabalhada por outros, em diferentes situações, e por diferentes

outras informações.

No processo de aprendizagem só aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido, construindo e re-construindo seus significados, podendo por isso mesmo reinventá-lo.

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Segundo Paulo Freire as pessoas aprendem em comunhão, compartilhando suas vivências, respeitando-se mutuamente.Na elaboração de alguns princípios psicopedagógicos de uma didática para adultos deve-se partir do pressuposto de que o adulto - como aluno - é alguém que traz consigo uma gama de conhecimentos e de experiências anteriores que devem servir de ponto de partida e enriquecimento para a elaboração de situações de aprendizagem tanto no que se refere ao conteúdo quanto às técnicas.

motivação

É pouco eficaz usar certos materiais didáticos lúdicos para crianças em fase É pouco eficaz usar certos materiais didáticos lúdicos para crianças em fase inicial de aprendizagem da matemática,por exemplo, pretendendo-se o inicial de aprendizagem da matemática,por exemplo, pretendendo-se o mesmo objetivo com alunos adultos em processo de alfabetização.mesmo objetivo com alunos adultos em processo de alfabetização.A finalidade da ação do professor consiste, então, não somente no fornecimento de informação preestabelecida, mas criar condições indispensáveis para que ele possa tornar-se um agente de seu próprio desenvolvimento. Uma situação didática assim planejada é extremamente incentivadora, reforçadora.

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Ganha relevo o diagnósticoo diagnóstico, realizado em esforço conjunto com os alunos, precisando necessidades e meios de satisfazê-las, escolhendo e selecionando temas significativos e estratégiastemas significativos e estratégias que favoreçam a aprendizagem.

Metodologia: reuniões participativas, casos e problemas, simulações, dramatizações, práticas supervisionadas no trabalho, entrevistas, situações laboratoriais, delegações de autoridade, como práticas eficazes.

A auto-avaliação da aprendizagem é outra condição importante que deve ser estimulada pelo seu potencial motivador.Os adultos só aprendem se quiserem;Os adultos aprendem pela prática;Os adultos aprendem resolvendo problemas ligados à realidade;A experiência afeta a maneira de aprender dos adultos;Os adultos aprendem melhor num ambiente descontraído;Os adultos apreciam métodos complementares;Os adultos querem ser orientados e não avaliados.