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A JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA Devido ao insucesso do Estado na solução dos problemas enfrentados pela sociedade, os integrantes desta não viram outra forma que não fosse buscar através do Judiciário um meio de solucionar esses problemas, o que, por conseguinte sobrecarrega o Poder Judiciário dado que este em razão das circunstâncias presentes acaba tendo como tarefa aplicar o direito em mais âmbitos que anteriormente não eram de sua competência. Destarte, os aplicadores do direito são constantemente chamados a concretizar o que assegura a Constituição Federal, o que de fato se apresenta como uma contradição visto que os princípios fundamentais têm aplicação imediata, ou seja, não são necessários meios que regulamentem os mesmos. Sabe-se que em decorrência da evolução social a sociedade atualmente tornou-se complexa e perdeu desse modo, as suas formas de produzir identidade e de se mostrar ativa diante dos problemas, o Judiciário passou então a ser a referencia de sua identidade e solucionador de todos os problemas que surgirem, porém é do conhecimento de todos ou quase todos que não é possível deixar sob a responsabilidade total do Poder Judiciário todos os problemas da humanidade visto que o autoritarismo e o arbítrio do Judiciário podem ser tão prejudiciais quanto os problemas ora enfrentados.

A judicialização da política (resenha)

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Page 1: A judicialização da política (resenha)

A JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA

Devido ao insucesso do Estado na solução dos problemas enfrentados pela

sociedade, os integrantes desta não viram outra forma que não fosse buscar através do

Judiciário um meio de solucionar esses problemas, o que, por conseguinte sobrecarrega

o Poder Judiciário dado que este em razão das circunstâncias presentes acaba tendo

como tarefa aplicar o direito em mais âmbitos que anteriormente não eram de sua

competência.

Destarte, os aplicadores do direito são constantemente chamados a

concretizar o que assegura a Constituição Federal, o que de fato se apresenta como uma

contradição visto que os princípios fundamentais têm aplicação imediata, ou seja, não

são necessários meios que regulamentem os mesmos.

Sabe-se que em decorrência da evolução social a sociedade atualmente

tornou-se complexa e perdeu desse modo, as suas formas de produzir identidade e de se

mostrar ativa diante dos problemas, o Judiciário passou então a ser a referencia de sua

identidade e solucionador de todos os problemas que surgirem, porém é do

conhecimento de todos ou quase todos que não é possível deixar sob a responsabilidade

total do Poder Judiciário todos os problemas da humanidade visto que o autoritarismo e

o arbítrio do Judiciário podem ser tão prejudiciais quanto os problemas ora enfrentados.

Não se deve entender com isso que o Poder Judiciário queira se eximir do

seu dever de atuar no controle de constitucionalidade brasileiro, pelo contrário, deve-se

entender que o poder acima supracitado não pode ser sobrecarregado dado que o mesmo

possui outros deveres a cumprir em nome da sociedade.

O que é possível notar é que o Judiciário e o Supremo Tribunal Federal

vêm cumprindo, de forma expressa, o dever do Legislativo de ditar as bases

principiológicas das leis constitucionais brasileiras e de editar as súmulas vinculantes.

Desse modo temos que a incapacidade do Estado em regular as relações e

problemas sociais, pela via da lei constitucional, acaba colocando nas mãos do

Judiciário, mais especificamente na responsabilidade do juiz, o dever de fazer a

adaptação da ordem jurídica à realidade brasileira.

Um exemplo disso é o uso desmedido das medidas provisórias, que pouco a

pouco vêm desgastando as formas de controle cabíveis ao Executivo, o que por

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conseqüência, cabe ao Poder Judiciário regular sozinho esse problema fazendo com que

o trabalho do mesmo seja árduo e complexo.

Assim, como uma forma de compensar esse desgaste, o judiciário acaba por

judicializar a política migrando de sua posição que anteriormente era passiva diante

desses problemas a uma posição ativa de guardião da Constituição Federal e de seus

princípios fundamentais.

Mas porque judicializar? O Estado tem por intento normatizar, regrar tudo o

que estiver ao seu alcance, um exemplo disso é notado quando o mesmo permite ou não

a concretização e reconhecimento da união estável entre parceiros do mesmo sexo ou

não; o real interesse do Estado está em induzir os indivíduos à sociabilidade para que

desse modo, esses indivíduos possam ser regrados e titulares de direitos. Nota-se ainda a

normatização do Estado na religião, nas garantias de direitos, na família, segurança e

vários outros.Nesse diapasão, o Judiciário intervém com as devidas medidas para que o

Estado não abuse do seu poder de punir e regrar, procurando distribuir justiça a todos.

Vale lembrar que não devemos deixar o futuro dos nossos direitos, da

solução dos problemas em voga na sociedade, a segurança coletiva e do direito de

liberdade de expressar livremente nossas vontades e opiniões, exclusivamente nas mãos

do Judiciário visto que deve-se atentar para as conseqüências do aumento constante do

ativismo judicial na sociedade contemporânea e do fato da existência ou não da

verdadeira necessidade de tornar o Poder Judiciário como tutor da sociedade.

Tornar efetivos os direitos e garantias fundamentais previstos na

Constituição Federal é ato de extrema importância, dado que sem os mesmos não

teríamos o mínimo de justiça e igualdade, porém deixar exclusivamente essa tarefa a

cargo do Judiciário não é a forma correta de por em pratica os nossos direitos, é

inclusive uma forma de colocar-se propositalmente na omissão do que de todos por

direito.

Dito isto, temos que o Poder Judiciário deve sim intervir pela sociedade,

mas de forma comedida para que assim a sociedade não se torne um mero objeto a ser

regrado.

Por: Laisy Quesado