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Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

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ATENÇÃO: O LIVRO NÃO APRESENTA INDICE, PORTANTO, TODO O MATERIAL AQUI

ENCONTRADO BASEIA-SE NA GRADE CURRICULAR DE SOCIOLOGIA DO ENSINO MÉDIO.

1.1. A PALAVRA SOCIOLOGIA

A palavra sociologia foi criada pelo pensador francês Augusto Comte em 1839 em seu curso de

filosofia positiva. A palavra sociologia é híbrida, isto é, ela é formada por duas línguas

diferentes: Sócio do latim significa social ou sociedade, logia do grego significa estudo,

formando assim, o “estudo do social” ou “estudo da sociedade”.

1.2. CONCEITOS DE SOCIOLOGIA

A sociologia possui uma infinidade de conceitos para identificá-la e explicá-la, diferenciando-a

de outras ciências ou tipos de conhecimentos. Vejamos alguns conceitos segundo alguns

sociólogos: para Durkheim “a sociologia é a ciência das instituições”; para L. Ward e W. G.

Summer “a sociologia é a ciência da sociedade”; para F. H. Gilddings “a sociologia é a ciência

dos fenômenos sociais”. Ela também já foi definida por Robert Park como “ciência do

comportamento coletivo”, por Small de “ciência das relações humanas”. Para Weber a

“sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da ação social para a

partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos”.

Para alguns sociólogos brasileiros como Carlos Benedito Martins a “sociologia é o resultado de

uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas criada pela então

sociedade capitalista”; para Costa Pinto a “sociologia é o estudo científico da formação,

organização e transformação da sociedade humana”.

1.3. OBJETIVO, OBJETO, CAMPO DE ESTUDO E IMPORTÂNCIA.

O objetivo da sociologia é aumentar ao máximo o conhecimento do homem e da sociedade

através da investigação científica.

O objeto de estudo da sociologia é os fenômenos sociais, isto é, tudo aquilo que se refere às

relações entre as pessoas, suas questões nos seus grupos sociais ou entre os grupos

dinamizando a sociedade como um todo.

O campo de estudo da sociologia é a sociedade como um todo, envolvendo todas as suas

particularidades, sejam em características políticas, econômicas, sociais, culturais, históricas,

etc.

A sociologia é importante porque nos permite compreender melhor a sociedade em que

vivemos e conseqüentemente, explicar e buscar soluções para a complexidade das questões

sociais. Assim a sociologia vem se tornando uma ciência imprescindível para o conhecimento

do mundo atual.

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1ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Explique o significado da palavra sociologia.

b) – O que é social?

c) – O que é sociedade?

d) – Formule um conceito de sociologia.

e) – Qual o objetivo, objeto, campo de estudo e importância da sociologia?

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1.4. A SOCIOLOGIA E AS DEMAIS CIÊNCIAS SOCIAIS

Com a complexidade do mundo social e o avanço do conhecimento, tornou-se necessária uma

divisão das ciências sociais em diversas disciplinas, com a finalidade de produzir um

conhecimento mais rigoroso e criterioso, facilitando a sistematização do estudo e das

pesquisas. Assim podemos destacar algumas ciências sociais que contribuem para os estudos

sociológicos e o entendimento do mundo social:

Economia – estuda as atividades ligadas à produção, distribuição, circulação de bens e

serviços;

Ciência política – estuda a distribuição de poder nas sociedades, bem como a formação e o

desenvolvimento das diversas formas de governos;

Antropologia – estuda e pesquisa as semelhanças e diferenças culturais entre os vários

agrupamentos humanos, assim como a origem e a evolução das culturas.

1.5. O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO

A sociologia se baseia no conhecimento científico, por isso, utiliza-se das regras metodológicas

da ciência social como a pesquisa, a objetividade, a observação, as entrevistas e questionários.

1.6. O SER SOCIOLÓGICO E O SER BIOLÓGICO

Observando a sociedade, percebemos que as pessoas caminham, correm, dormem, respiram –

isso é biológico (orgânico). Mas as pessoas também cooperam umas com as outras no

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trabalho, recebem salários, descontam cheques, entram em greve, estudam, namoram, casam

e etc – isso é sociológico (superorgânico); são essas atividades que fazem do homem um ser

sociológico e, que merecem toda a atenção da sociologia enquanto ciência que busca a

compreensão e explicação dos diversos tipos de relações sociais.

1.7. PRINCIPAIS TEMAS SOCIOLÓGICOS

Como a sociedade é formada pelos diversos tipos de relações sociais, a sociologia se interessa

por essas relações que dinamizam a sociedade, por isso, seus principais temas se envolvem e

se confundem dentro da complexidade das relações sociais - dentro dos grupos sociais: da

família, de amigos, do trabalho, da cultura, da ideologia, da cidadania, da política, da

economia, isto é, em todos os níveis de relações sociais.

1.8. A SOCIOLOGIA EM NOSSO COTIDIANO

A sociologia convive constantemente em nosso dia-a-dia. Vivemos em sociedade, estamos

sempre nos relacionando com outras pessoas através dos grupos sociais, quando não estamos

em casa com o nosso grupo familiar, estamos na rua com o grupo de amigos ou na escola nos

relacionando com os colegas, enfim estamos sempre nos relacionando socialmente. Fazemos

parte de um sistema estrutural e conjuntural no qual precisamos compreender e descobrir que

muitos fatos (“problemas”) que ocorrem em nossa vida diária esta ligada às condições sociais.

É neste conjunto de ralações sociais que a sociologia busca compreender e explicar a

sociedade, nossa complexidade, antagonismo, harmonia, crises, etc.

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2ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Cite e explique as principais ciências sociais.

b) – Em que se baseia o conhecimento sociológico?

c) – Diferencie o ser sociológico do ser biológico.

d) – Cite alguns temas de interesse da sociologia.

e) – Explique como o conhecimento sociológico pode ser importante em nosso cotidiano?

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2.1. HISTÓRIA DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO

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A busca de compreensão e explicação da sociedade já existia desde a Antiguidade, passando

pelo Período Medieval e Idade Moderna, mas este pensamento não tinha uma base

sociológica, pois os filósofos dessa época acreditavam que Deus e a natureza controlavam a

sociedade, teorizavam modelos de sociedades ideais requisitando às pessoas que seguissem

esses modelos, por isso, durante todos esses períodos o pensamento sobre o social estava

influenciado por um caráter normativo(estabelecer regras para vida social) e finalista (objetivo

de uma organização social ideal), impedindo um entendimento científico da realidade social.

Outro fator que contribuiu para a inexistência da sociologia foi o fato de que as sociedades

pré-capitalistas eram relativamente estáveis, o ritmo e o nível das mudanças eram

razoavelmente lentos, não se percebendo a sociedade enquanto um “problema” merecedor

de análises e investigação minuciosa (científica).

2.2. TEORIAS QUE INFLUENCIARAM NA FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA

Para a sociologia se consolidar como ciência ela teve que abandonar seu caráter normativo e

finalista. Por isso, ela sofreu a influência de teorias e métodos das ciências biológicas e

naturais: a teoria evolucionista de Charles Darwin (1809-1882), onde diz que ao longo de

milhões de anos todas as espécies de seres vivos evoluíram; A biologia foi outra ciência que

influenciou na cientificidade sociológica, através de Herbert Spencer (1820-1903), que criou

uma sociologia organicista onde se fazia uma analogia do organismo vivo com a sociedade.

Neste contexto foi fundamental aceitar a idéia de que os fenômenos sociais obedecem a leis

naturais, embora produzidas pelos homens, esta foi a importância do positivismo que deu os

primeiros passos para a cientificidade da sociologia. Foi, por isso, também, que logo no seu

início, a sociologia recebeu outros nomes como fisiologia social (por Saint-Simon), ou física

social (por Augusto Comte).

Outros teóricos fizeram suas interpretações sociais buscando dar à sociologia um caráter de

ciência, buscando a consolidação definitiva sobre um conhecimento verdadeiro e importante

para a sociedade; estes desenvolveram um conhecimento científico-social onde abrange todos

os aspectos da sociedade, utilizando-se de outras ciências sociais como a economia (produção

material), política (relações de poder), antropologia (aspectos culturais) e outras. Neste

processo foram importantes as contribuições de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber.

2.3. FATORES HISTÓRICOS

Os fatores ou transformações históricas que contribuíram para a consolidação do capitalismo e

o surgimento da sociologia estão relacionados ao contexto geral da transição

do feudalismo para o capitalismo, onde podemos destacar:

Os fatores históricos que vinham ocorrendo desde o século XVI como:

Reforma Protestante (mudança religiosa), Formação dos Estados Nacionais e o Absolutismo

(mudança política e territorial), Grandes navegações (mudança geográfica),

Humanismo/Renascimento (mudança cultural), Revolução científica (mudança na ciência),

Iluminismo (mudança ideológica).

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As transformações socioeconômicas do século XVIII provocadas pela dupla revolução:

Revolução Francesa representou a mudança política-jurídica na história das sociedades

ocidental, baseado nos ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, a burguesia

que já dominava o poder econômico reivindicava agora o poder político, o que aconteceu

durante a revolução francesa. Assim adotaram novo regime político de representatividade

política e sistemas econômicos favoráveis aos seus interesses.

Revolução Industrial representou as transformações de mudança socioeconômicas, com o

surgimento das máquinas, com maior divisão técnica do trabalho, com o aumento da

produção, da urbanização, do êxodo rural; a sociedade torna-se mais complexa e dinâmica,

agravando-se também as questões sociais como:crescimento acelerado do desemprego,

miséria, alcoolismo, prostituição e etc.

2.4. A RELAÇÃO DO CAPITALISMO COM A SOCIOLOGIA

O surgimento, a formação e o desenvolvimento da sociologia está relacionados diretamente

com a consolidação do capitalismo a partir da Revolução industrial e daRevolução francesa do

século XVIII, que criaram novas condições sócio-econômicas e político-ideológico, que

caracterizam a sociedade capitalista, como o surgimento da indústria, da relação entre

burguesia e operário, de regimes políticos e leis burguesas.

O sistema capitalista possui uma estrutura social inédita na história da humanidade, que nos

instiga a uma reflexão sobre este sistema, suas transformações, suas crises, seus

antagonismos.

É dentro desse contexto que surge a necessidade de se compreender e explicar essa nova

realidade. Por isso, precisou-se de uma ciência que estivesse voltada para essas

transformações. A sociologia constitui em certa medida uma resposta intelectual às novas

situações geradas pela nascente sociedade capitalista industrial.

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3ª– ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Por que a sociologia não existia antes? O que é um pensamento sociológico?

b) – Como era o pensamento social na antiguidade, idade média e moderna?

c) – Que teorias influenciaram na formação da sociologia?

d) – Cite os fatores históricos que contribuíram para o surgimento da sociologia.

e) – Que revoluções do século XVIII criaram as condições para o surgimento da sociologia?

f) – Explique a relação da consolidação do capitalismo com o surgimento da sociologia.

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2.5. AS CORRENTES SOCIOLÓGICAS

A existência de interesses opostos na sociedade capitalista penetrou e invadiu a formação da

sociologia, impedindo um entendimento comum por parte dos pensadores, por isso, a

sociologia se dividiu ideologicamente entre a conservação e a transformação do status quo,

dando margem ao nascimento de diferentes tradições sociológicas (correntes sociológicas) que

representam as diferentes tendências ideológicas de compreensão e explicação da sociedade

capitalista. Assim, temos as primeiras teorias sobre as transformações provocadas pelo

capitalismo:

Profetas do passado – representados pelos pensadores Edmund Burk (1729-1797), Joseph de

Maistre (1753-1821) e Louis de Bonald (1754-1840). Estes eram conservadores e

tradicionalistas, tinham um pensamento reacionário: condenavam o iluminismo e a revolução

francesa, culpavam pelo caos social, desorganização da família, da religião, das corporações.

Estes ideólogos eram apaixonados pelo equilíbrio das instituições religiosas, monárquicas e

aristocráticas da época feudal. Por isso, defendiam a ordem e o equilíbrio da sociedade,

preocuparam-se com o controle, integração, posição, hierarquias sociais e também com os

rituais da sociedade.

Socialismo utópico (ou romântico) – representados por Saint-Simon (1760-1825), Charles

Fourier (1772-1837), Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), Louis Blanc (1811-1882) e Robert

Owen (1771-1858). Estes eram transformadores, mas românticos, pois acreditavam que os

ricos capitalistas voluntariamente abririam mão de suas riquezas partilhando com os pobres;

apelavam para a natureza boa do ser humano que foi pervertida pelo sistema capitalista. Eram

utópicos porque criticavam o capitalismo e anunciavam os princípios de uma sociedade futura

ideal, mas sem indicar os meios para torná-la real.

Positivismo – O positivismo é uma matriz teórico-filosófica que deu origem a uma sociologia

conservadora e afirmadora da sociedade capitalista. Representado por Augusto Comte (1798-

1857) e Emile Durkheim (1858-1917). Estes se dedicaram em buscar a estabilidade social,

preocuparam-se com os problemas da manutenção da ordem capitalista, queriam estabelecer

o bom funcionamento desta sociedade, pretendiam solucionar os problemas sociais através da

coerção física e da educação moral, esta seria a função da sociologia enquanto ciência positiva.

Socialismo científico – representado por Karl Marx (1818-1883) e Frederic Engels (1820-1895).

As idéias marxianas eram de base estritamente econômica, assim, todas as questões sociais

tinham origem na desigualdade econômica entre as classes proprietárias e as não proprietárias

dos meios de produção. Por isso, pretendiam realizar mudanças radicais nesta sociedade

através de uma revolução socialista do proletariado, introduzindo a sociedade comunista

como uma sociedade justa e igualitária. Essa perspectiva despertou um pensamento

sociológico crítico e negador da sociedade capitalista.

Funcionalismo – representa uma teoria reprodutora e conservadora da sociedade capitalista.

O principal representante do funcionalismo é Emile Durkheim (1858-1917), este pensador

estabelece uma analogia entre a sociedade e o organismo biológico humano. Assim a

sociedade funciona graças a seu sistema orgânico, onde cada instituição ou pessoa faz parte de

relações funcionais, fazendo uma organização social de dependência e complementaridade

das atividades sociais, assim a sociedade é um todo organizado e harmônico.

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Marxismo – corresponde às várias interpretações e continuação complementares das teorias

de Karl Marx e Engels. Entre seus principais representantes podemos destacar: Lênin (1870-

1924), Rosa Luxemburgo (1871-1919), Gramsci (1891-1937) e outros. Baseado no socialismo

científico e nas novas conjunturas e contexto em que viviam, estes pensadores desenvolveram

novas perspectivas teóricas e práticas, implementando assim o socialismo real, diferente do

socialismo ideal (proposto por Marx).

Escola de Chicago – fundada em 1892, seus principais representantes são George Homans

Cooley (1846-1929), Talcott Parsons (1902), Robert K. Merton (1910). Estes foram

influenciados pelo positivismo e o funcionalismo do francês Durkheim, do polonês Malinowski

(1884-1942), e do italiano Vilfredo Pareto (1848-1923). Assim a sociologia chegou aos E.U.A,

através da escola de Chicago que desenvolveu a investigação de campo, de dados empíricos

neutros e objetivos, com procedimentos quantitativos e estatísticos, foram pioneiros nos

métodos ecológicos e etnográficos; desvinculando-se da realidade concreta de sua época,

construíram vários conceitos arbitrários e artificiais, dedicando-se a casos isolados e

irrelevantes como as relações sociais em outras sociedades e outros momentos. A sociologia

norte-americana pretendia neutralizar os ideais e teorias do socialismo marxista, entretanto,

também romperam com o estilo dos clássicos que se dedicaram a uma significação histórica

como a formação do capitalismo e a totalidade da vida social.

Escola de Frankfurt – fundada em 1923, sob o nome de Instituto de Pesquisa Social, seus

principais representantes são: Max Horkheimer (1895-1973), Walter Benjamin (1892-1940),

Theodor W. Adorno (1906-1969), Herbert Marcuse (1898-1979) e Jurgem Habermas (1929).

Sua filosofia também é conhecida como Teoria crítica. Os frankfurtianos criticam a dominação

da natureza para fins lucrativos colocando a ciência e a técnica a serviço do capital. Os

frankfurtianos querem recuperar a razão não repressora, capaz de autocrítica e a serviço da

emancipação humana. Esses pensadores reutilizam o conceito de iluminismo em sentido mais

amplo – um pensador iluminista sempre combate as supertições, o arbítrio do poder e

defende o pluralismo e a tolerância.

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4ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – O que são correntes sociológicas?

b) – Por que existem diferentes correntes sociológicas?

c) – Diferencie as idéias dos Profetas do Passado do Positivismo?

d) – Diferencie o Socialismo Utópico do Socialismo Científico.

e) – Diferencie o Marxismo de Funcionalismo.

f) – Diferencie as idéias propostas na Escola de Chicago da Escola de Frankfurt

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2.6. OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA

Os primeiros pensadores que testemunharam as transformações sociais que ocorriam desde o

século XVIII e que se preocuparam em compreender e explicá-las, não eram homens de ciência

ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram antes de tudo homens voltados para a ação,

que desejavam introduzir determinadas modificações na sociedade. Participavam ativamente

dos debates ideológicos em que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas.

Eles não desejaram introduzir um mero conhecimento sobre as novas condições de vida

geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair dele orientações para a ação, tanto

para manter, como para reformar ou modificar radicalmente a sociedade de seu tempo. Entre

esses pensadores podemos destacar: Comte, Marx, Durkheim e Weber. Estes são considerados

clássicos da sociologia, pois seus pensamentos ainda têm poder explicativo, sua vitalidade

teórica e explicativa ainda alcança a era contemporânea, embora apresente limitações.

COMTE MARX DURKHEIM WEBER

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5ª – ATIVIDADE – Responda em seu caderno:

a) – Cite os principais pensadores sociais do século XVIII considerados clássicos da sociologia.

b) – Por que os primeiros os pensadores do século XVIII não eram homens de ciência ou

sociólogos que viviam dessa profissão?

c) – Por que os pensadores sociais do século XVIII não desejavam apenas introduzir um mero

conhecimento sobre as novas condições de vida geradas pela revolução industrial?

d) – Por que os principais pensadores sociais do século XVIII são considerados clássicos da

sociologia?

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3.1. VIDA E OBRA

Isidore Augusto Marie François Xavier Comte, filósofo e matemático francês, nasceu em

Montpelier a 19 de janeiro de 1798. Foi fundador do positivismo foi ele também que batizou

com o nome de sociologia uma nova ciência que antes ele chamava de “física social”. Augusto

Comte foi importante para a sociologia, pois, através de sua perspectiva positivista que deu os

primeiros passos para a cientificidade da sociologia, mas ainda confundida com uma filosofia

social e religiosidade de tipo ideologicamente conservadora. Suas principais obras são: Curso

de Filosofia Positiva e Sistema de Política Positiva.

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6ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Explique a importância de Augusto Comte para a sociologia?

b) – Cite as principais obras de Augusto Comte.

c) – Que nome Comte usou pela primeira vez antes de sociologia?

d) – Com o que é confundida a cientificidade de Comte?

e) – Comte é um pensador de tendência ideologicamente?

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3.2. OS TRÊS PRINCÍPIOS BÁSICOS DO POSITIVISMO COMTEANO

I – Prioridade do todo sobre as partes: significa que, para compreender e explicar um

fenômeno social particular devemos analisá-lo no contexto global a que pertence. Considerava

que tanto a sociologia estática (estudo da ordem das sociedades em determinado momento

histórico) quanto à sociologia dinâmica (estudo da evolução das sociedades no tempo)

deveriam analisar a sociedade, de uma determinada época, correlacionando-a a sua história e

a história da humanidade (a sociologia de Comte é, na realidade, sociologia comparada, tendo

como quadro de referência a história universal);

II – O progresso do conhecimento é característica da sociedade humana: a sucessão de

gerações, com seus conhecimentos permiti uma cumulação de experiências e de saber que

constitui um patrimônio espiritual objetivo e liga as gerações entre si, existe uma coerência

entre o estágio dos conhecimentos e a organização social;

III – O homem é o mesmo por toda à parte e em todos os termos: em virtude de possuir

idêntica constituição biológica e sistema cerebral.

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7ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Cite os três princípios básicos do positivismo comteano.

b) – Explique o primeiro principio básico do positivismo comteano.

c) – Diferencie sociologia estática de sociologia dinâmica segundo os princípios comteano.

d) – Como é a sociologia de Comte?

e) – Como Comte explique o progresso da sociedade humana?

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f) – Explique por que Comte diz que o “homem é o mesmo por toda a parte e em todos os

tempos”?

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3.3. A LEI DOS TRÊS ESTADOS

1°. Estado teológico ou fictício – na fase inicial da evolução histórica, o mundo, a vida, os

fenômenos em geral são explicados através dos recursos das forças sobrenaturais, mágicas dos

deuses, primeiramente é a forma de feiticismo no monoteísmo.

A esta forma de conhecimento, corresponde uma forma de organização sócio-política: o

Governo Monárquico em que o poder real absoluto é legitimado pelo direito divino. Aqui se

explicam os diversos fenômenos através de causas primeiras, em geral personificadas nos

deuses. O estado teológico subdividiu-se em:

a). Fetichismo, em que o homem confere vida, ação e poder sobrenaturais a seres inanimados

e a animais.

b). Politeísmo, quando atribui às diversas potências sobrenaturais ou deuses certos traços da

natureza humana (motivações, vícios e virtudes).

c). Monoteísmo, quando se desenvolve a crença num Deus único.

2º. Estado metafísico ou abstrato – nesta fase assim como na anterior a sociedade ainda busca

explicações de caráter absoluto. A diferença é que a divindade é substituída por conceitos

como a “essência” e substância (a coisa em si), “causas primárias” (origem absoluta), “causas

finais” (destinado absoluto), que embora produzidos pela razão, não pode ser comparadas

objetivamente. A organização sócio-política próprio a esta fase é a República liberal,

fundamentada em suposições metafísicas, ou seja, nos direitos humanos.

As causas primárias são substituídas por causas mais gerais – as entidades metafísicas – ,

buscando nestas entidades (idéias) explicações sobre a natureza das coisas e a causa dos

acontecimentos.

3°. Estado positivo ou científico – é o último estágio da evolução humana, em que a sociedade

atinge o conhecimento científico, isto é, verificável, objetivo e que se expressa em termos de

leis naturais. A filosofia de Comte é justamente uma análise do estado positivo. O homem

tenta compreender as relações entre as coisas e os acontecimentos através da observação

científica e do raciocínio, formulando leis; portanto, não mais procura conhecer a última das

coisas e as causas absolutas.

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8ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a). Cite os três estados do progresso da evolução da humanidade segundo a teoria de Comte.

b) – O que é o estado teológico ou fictício?

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c) – Explique a que corresponde o estado teológico ou fictício segundo uma organização sócio-

política?

d) – Qual o segundo estado da evolução da humanidade segundo a teoria de Comte?

e) – Diferencie o estado teológico do estado metafísico.

f) – Segundo Comte, qual o terceiro estado da evolução da humanidade? E o que ele significa?

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3.4. O CONHECIMENTO POSITIVO

Segundo Comte, o único conhecimento válido é que se baseia em fatos. Por isso, a imaginação

deve estar completamente subordinada a observação da realidade sensível e manipulável pela

técnica. Constantemente, abandona-se qualquer tentativa de conhecimento absoluto ou pelas

causas, o objetivo é chegar às leis, ou seja, as relações constantes que os fatos possuem entre

si.

Para Comte, somente a filosofia positivista, livre das teologias e da metafísica, poderia superar

as contradições da humanidade, levando a alcançar o seu destino de progresso.

3.5. A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS

Comte classificou as ciências segundo dois critérios interdependentes:

a).O critério de generalidade decrescente e complexidade crescente;

b).O critério histórico, a ordem histórica das ciências: matemática, astronomia, física, química,

biologia e sociologia.

3.6. A POLÍTICA POSITIVISTA

O fundamento da política positiva é: “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso

por fim”. Só pode haver progresso social na medida em que o governo mantém a ordem,

reprimindo as manifestações críticas, sufocando revoltas, garantindo desta forma a paz, a

ordem e o progresso.

Para Comte, o governo deve ser ditatorial, para poder instaurar a nova moral positiva,

subordinando os interesses individuais ao coletivo, garantir a ordem social a qualquer custo.

3.7. A RELIGIÃO DA HUMANIDADE

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Comte propôs uma religião positivista, cujo objeto de culto é a própria humanidade, através da

veneração dos motivos, principalmente os filósofos e cientistas. Essa religião seria a base da

política positiva, na medida em que seus sacerdotes, os sábios deveriam inculcar na sociedade

os princípios morais.

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9ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Segundo Augusto Comte, o que é o conhecimento positivo?

b) – Como Comte classifica as ciências?

c) – Em que se fundamenta a política positivista?

d) – Para Comte, como deve ser o governo?

e) – Explique a religião da humanidade como uma religião positivista proposta por Comte.

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4.1. VIDA E OBRA

Karl Heinrich Marx nasceu em 5 de maio de 1818 em Trier cidade situada na fronteira da

Prússia Renana com a França. Marx foi um dos principais pensadores do século XIX, ele foi

fundador do socialismo científico e grande ativista a favor da revolução proletária, apesar de

não ser um sociólogo de profissão, suas teorias despertaram a consciência de uma sociologia

crítica. Uma das principais características do pensamento de Marx é a Práxis, isto é, não foi um

teórico de gabinete ele aliava teoria e prática, participando dos movimentos sociais e

revolucionários. Era um pensador de tendência ideológica transformadora, pretendia

transformar a sociedade capitalista em uma sociedade comunista através da revolução

socialista proletária. Entre suas principais obras podemos destacar: A Sagrada Família (1845), A

Ideologia Alemã (1845-1846), Miséria da Filosofia, Manifesto do partido comunista, As lutas de

classe na França (1850/59), o 18 Brumário de Luis Bonaparte (1852/55), Crítica da economia

política (1859) e O capital.

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10ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Quem foi Karl Marx?

b) – Qual a principal característica do pensamento de Marx?

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c) – O que é Práxis?

d) – Qual a tendência ideológica de Karl Marx?

e) – Quais as principais obras de Marx?

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4.2. INFRAESTRUTURA (BASE) E SUPERESTRUTURA

Marx considerava que não se pode pensar a relação individuo e sociedade separadamente das

condições materiais em que essas relações se apoiam. Para ele, as condições materiais de toda

sociedade condicionam as demais relações sociais. Em outras palavras, para viver, os homens

têm de, inicialmente transformar a natureza, ou seja, caçar, construir abrigos, utensílios, etc.,

sem o que não poderiam existir como seres vivos. Por isso, o estudo de qualquer sociedade

deveria partir justamente das relações sociais (de produção) que os homens estabelecem

entre si e no processo de produção. Essas relações sociais de produção são a base

(infraestrutura) – é o modo de produção, a maneira básica como a sociedade organiza a

produção de bens. Asuperestrutura repousa sobre a base e tem que refletir sua forma, na

produção da vida os homens geram também outra espécie de produtos que não têm forma

material: as ideologias políticas, concepções religiosas, códigos morais e estéticos, sistemas

legais, de ensino, de comunicação, o conhecimento filosófico e científico, representações

coletivas de sentimentos, ilusões, modos de pensar e concepções de vida diversa e plasmada

de um modo peculiar.

Para Marx, portanto, a produção é a raiz de toda a estrutura social. Na sociedade antiga, por

exemplo, a relação social básica era a relação senhor x escravo. Não podemos, segundo Marx,

entender a política ou a cultura dessa época sem primeiramente estudar essa relação básica

que condicionava todo o resto da sociedade.

4.3. CLASSES SOCIAIS E LUTA DE CLASSES

Para Marx, o modo de produção capitalista se caracteriza pela divisão da sociedade em classes,

na exploração do trabalhador e na alienação, gerando assim uma sociedade desigual,

antagônica, injusta, irracional e anárquica que deve ser substituída pelo socialismo através da

revolução proletária.

Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem duas grandes

classes: de um lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de

produção (máquinas, ferramentas, capital, etc) necessários para transformar a natureza e

produzir mercadorias; do outro lado, os trabalhadores, também chamados, no seu conjunto,

de proletariados, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e sua disposição para

trabalhar. Assim o conceito de classe em Marx estabelece um grupo de indivíduos que ocupam

uma mesma posição no processo de produção e nas relações de produção, em determinada

sociedade. A classe a que pertencemos é que condiciona de maneira decisiva nossa atuação

Page 15: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

social. Neste sentido, é principalmente a situação de classe que condiciona a existência do

individuo e sua relação com o resto da sociedade: podemos compartilhar idéias, amizades e

comportamentos de indivíduos de outras classes, mas no momento de conflito, como nas

greves ou mesmo no mercado (consumo), as diferenças irão aparecer de acordo com a classe a

que pertencemos. Nessa relação de classes surgem a “classe em si” e “classe para si”:

- “Classe em si” – quando o individuo não tem consciência de classe, ele encontra-se em

qualquer posição (status) na estrutura econômica;

- “Classe para si” – quando a pessoa tem consciência de classe, ele assume uma posição

político-ideológica.

__________________________________________________________________

11ª – ATIVIDADE. Responda em caderno:

a) – Por que Marx considera que não se pode pensar a relação individuo e sociedade

separadamente das condições materiais que essas relações se apoiam?

b) – Segundo Marx, o que se entende por infraestrutura e superestrutura?

c) – Para Marx, o que caracteriza o modo de produção capitalista?

d) – Para Marx, como a sociedade capitalista deve ser substituída?

_____________________________________________________________________________

_____________________________

_________________________________________________________________________

CONTINUAÇÃO (11ª). Responda em seu caderno:

a) – Explique as duas grandes classes que existem na sociedade capitalista definidas por Marx?

b) – Conceitue classe, segundo Karl Marx.

c) – Segundo Marx, o que condiciona ou determina a vida das pessoas na sociedade

capitalista?

d) – Diferencie “classe em si” de “classe para si”.

__________________________________________________________________________

4.4. MODO DE PRODUÇÃO E RELAÇÕES DE PRODUÇÃO

Page 16: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

Ao viverem em sociedade, as pessoas participam diretamente da produção, da distribuição e

do consumo de bens e serviços, ou seja, participam da vida econômica da sociedade. Para

Marx, a produção é um processo de transformação da natureza da qual resultam bens que vão

satisfazer as necessidades do homem. Portanto, produzir é dar uma nova combinação aos

elementos da natureza. O processo de produção compõe-se de três elementos associados:

trabalho, matéria-prima e instrumentos de produção:

Matéria-prima + instrumentos de produção = meios de produção.

Meios de produção + trabalho = forças produtivas.

Relações de produção + forças produtivas = modo de produção.

No processo produtivo, os homens estão ligados entre si e dependem uns dos outros. O

trabalho é um ato social, no sentido de que é realizado na sociedade. As relações que se

estabelecem entre os homens na produção, na troca e na distribuição dos bens são relações

de produção. Essas relações existem em todos os processos de produção, no caso capitalista,

ela ocorre antagonicamente entre os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores.

O modo de produção é a maneira pela qual a sociedade produz seus bens e serviços, como os

utiliza e como os distribui. Assim, numa determinada época histórica, uma sociedade tem uma

certa maneira de se organizar para produzir e para distribuir sua produção. Nesta teoria as

relações de produção são o centro organizador de todos os aspectos da sociedade. Isto é,

como era a relação de produção na sociedade primitiva? Como eram a relações de produção

na sociedade escravista? Como eram as relações de produção na sociedade feudal? Como são

as relações de produção na sociedade capitalista?

Para Marx, as forças produtivas alteram-se no percorrer da história, antes se produzia com

instrumentos simples hoje se utiliza instrumentos complexos. Ao longo da história, os homens

têm produzido aquilo de que necessitam de vários modos e se organizado também. Por isso,

segundo a dialética marxista e seu materialismo histórico, pode-se afirmar que a história da

humanidade é a história da transformação da sociedade humana pelos diversos modos de

produção: modo de produção primitivo, modo de produção escravista, modo de produção

asiático, modo de produção feudal, modo de produção capitalista e modo de produção

socialista.

4.5. O CAPITAL E A MAIS-VALIA

Na obra O capital, Marx analisa detalhadamente as condições do sistema capitalista, expõe

suas contradições e limites. Neste livro, Marx usa os princípios e categorias da dialética

(filosofia) em uma questão econômica, para que a classe trabalhadora tenha melhores

instrumentos em sua luta (prática social). Nesta obra ele desvenda a complexidade das

relações entre a acumulação capitalista e a força de trabalho.

A fórmula do capital: D - M - D¹ - M - D² - M - D³...

Para entender o processo da acumulação capitalista precisamos conhecer os conceitos de

mercadoria, dinheiro, capital, mais-valia, lucro, salário, força de trabalho e como esses

Page 17: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

elementos se relacionam neste processo: mercadoria= é tudo aquilo que se produz para ser

vendido ou trocado no mercado, ela possui dois valores, valor de uso (serve para satisfazer

necessidades pessoais) e valor de troca (serve para gerar dinheiro/lucro/capital) um bem só se

torna mercadoria quando passa a ter valor de troca; força de trabalho= é a energia física e

mental utilizada para produzir bens ou serviços. A fonte de valor da mercadoria é a força de

trabalho, o valor da mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário

para produzi-la, sem trabalho os objetos não tem valor de troca, logo não podem ser

mercadorias;dinheiro= é uma mercadoria especial que pelo costume ou lei monopoliza o posto

de equivalente geral capaz de comprar outras mercadorias que satisfazem algumas

necessidades humanas (tem valor de uso); capital= é a riqueza (dinheiro, máquinas, matéria-

prima) destinada a obter lucro que é reinvestido na obtenção de mais riquezas;lucro= é uma

parte variável (depende das condições de mercado) da mais-valia derivada das vendas das

mercadorias; salário= é o valor pago para o trabalhador (força de trabalho) que não

corresponde a riqueza gerada por ele, mas a penas ao suficiente para sua manutenção e de

seus filhos (alimentação, roupas, habitação);mais-valia= é o valor a mais, criado pelo

trabalhador no processo produtivo e que não é repassado para ele; é a diferença entre o valor

da produção total e o valor pago pelo trabalho, é o excedente da produção, tudo que é

produzido além do valor do salário. Para Marx, o processo de produção e de relação social na

sociedade capitalista se realiza de maneira desigual e de exploração, pois nesse processo de

produção e na relação capitalista é que surge a mais-valia.

A fórmula da mais-valia:

A ------- D ------------- C ----------------------- B

Existem dois tipos básicos de mais-valia:

-Mais-valia absoluta – cresce simplesmente prolongando a jornada de trabalho;

-Mais-valia relativa – cresce em relação ao aumento do sobre-trabalho e à correspondente

diminuição do tempo de trabalho necessário que ocorre através do uso de tecnologia.

4.6. ALIENAÇÃO

A palavra alienação vem do latim (alienare, alienus) significa “que pertence a um outro”. Alius

é o outro. Portanto, sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para outrem o

que é seu. Para Marx, a alienação ocorre no processo produtivo e nas relações sociais de

produção capitalista. A alienação não é puramente teórica, manifesta-se na vida real, a partir

da divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu; a

divisão do trabalho na sociedade capitalista torna o homem um ser incompleto e não-

realizado. O operário que trabalha em uma fábrica e produz determinado objeto não escolhe

seu próprio salário, o seu horário ou ritmo da produção, isso é determinado por forças que lhe

são estranhas. Além de tudo isso, o produto produzido pelo operário não lhe é reconhecido e

nem lhe pertence, pois devido à divisão do trabalho ele executou apenas uma parte da

produção e recebeu um salário para tanto. Esta divisão do trabalho gera também uma certa

indiferença entre os trabalhadores que executam atividades diferentes, ficando estranhos

entre si. A alienação no processo produtivo gera:

Page 18: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

- Fetichismo da mercadoria – ocorre quando a mercadoria passa a ser considerada mais

importante que o individuo que produziu. Ocorre quando o valor de troca (o que a mercadoria

vale no mercado) se torna superior ao valor de uso (o que a mercadoria vale por sua utilidade)

determinando as relações humanas.

- Reificação do trabalhador – (do latim, res = coisa) ocorre quando o trabalhador se torna um

mero instrumento produtor de mercadoria, quando a força de trabalho da pessoa se torna

mercadoria e pode ser vendida e comprada em troca de um salário. “É a humanização da

mercadoria e a desumanização da pessoa”.

_____________________________________________________________________________

________________________

12ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – O que é produção e quais os elementos que compõe este processo?

b) – O que é modo de produção?

c) – Por que a dialética marxista e o materialismo histórico afirmam que a história da

humanidade é a história da transformação das sociedades pelos modo de produção?

d) – O que Marx analisa e defende em sua obra “O Capital”?

e) – Qual a fórmula do capital?

_____________________________________________________________________________

____________________________

_________________________________________________________________________

CONTINUAÇÃO (12ª). Responda em seu caderno:

a) – Explique os conceitos de: mercadoria, força de trabalho, dinheiro, capital, lucro, salário e

mais-valia.

b) – Explique a fórmula da mais-valia.

c) – Diferencie mais valia absoluta de mais-valia relativa.

d) – O que significa alienação?

e) – Como ocorre a alienação?

f) – Como a divisão do trabalho contribui para a alienação?

g) – O que a alienação no processo produtivo gera?

Page 19: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

h) – Como ocorre o fetichismo da mercadoria?

i) – Como ocorre a reificação do trabalhador?

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4.7. IDEOLOGIA

No seu livro A ideologia alemã, Marx se refere à ideologia como um sistema elaborado de

representações e de idéias, que correspondem a formas de consciência que os homens tem

em determinada época. Essas representações e idéias são qualificadas como quimeras, formas

imaginárias, ilusão, sonho, enfim, algo que esta em oposição às condições materiais da vida

real. Aparece ai também a concepção de que a ideologia é a inversão da realidade, no sentido

de reflexo, como na câmara fotográfica, onde a imagem aparece “invertida”. Marx diz que: “a

existência condiciona a consciência”, ou seja, não é consciência que determina a vida, é a vida

que determina a consciência.

Para Marx, a ideologia é “um sistema de crenças ilusórias relacionadas a uma classe social

determinada”. Por isso, ele diz: “as idéias dominantes de uma época representam as idéias da

classe dominante”.

Percebe-se nas teorias de Marx, que o tema ideologia veicula uma relação fundamental que é

a oposição entre o falso (ideologia) e o verdadeiro (saber científico). O falso representa a

ideologia e o verdadeiro é representado pela ciência, que libertará o proletariado da

dominação burguesa.

Segundo as teorias marxianas, a ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de

representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e

prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que

devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que

devem fazer e como devem fazer. A ideologia é, portanto, tem as seguintes características: é

um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras, preceitos) de caráter

prescritivo, normativo, regulador.

4.8. A FUNÇÃO DA IDEOLOGIA

A função da ideologia é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma

explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais

diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da produção.

Busca camuflar as diferenças de classes sociais antagônicas e de fornecer aos membros da

sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais identificadores

de todos e para todos, como, por exemplo: a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação,

o Estado, a Pátria, o Progresso, a Família e etc.

Page 20: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

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___________________________

13ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Para Marx, o que é ideologia?

b) – Defina ideologia, segundo as teorias marxianas.

c) – Explique a frase: “as idéias dominantes de uma época são as idéias da classe dominante”.

d) – Cite algumas características da ideologia.

e) – Qual a função da ideologia?

_____________________________________________________________________________

_______________________

4.9. A QUESTÃO DO MÉTODO EM MARX:

A DIALÉTICA MATERIALISTA e MATERIALISMO HISTÓRICO

Em termos de método, Marx enfatiza que o pesquisador não deve se restringir à descrição da

realidade social, mas deve também se ater á análise de como essa realidade se produz e se

reproduz ao longo da história. Por exemplo, em relação às classes na sociedade capitalista não

basta a descrição das duas classes sociais existentes – a capitalista e a dos trabalhadores –,

mas é preciso mostrar a maneira como essas classes surgiram na história, como o conflito

entre elas se mantém e quais as possibilidades de transformação dessas relações de classe no

futuro. Mostrando as possibilidades de transformação da realidade social, o cientista social

pode desempenhar um papel político revolucionário, ao tomar partido da classe trabalhadora.

Por isso, em Marx, a ciência tem um papel político necessariamente crítico em relação à

sociedade capitalista, devendo ser um instrumento não só de compreensão, mas também de

transformação da realidade. A metodologia sociológica de Marx baseia-se na aplicação do seu

materialismo dialético(concepção filosófica) aos fenômenos sociais, que por sua vez, teve

mérito de fundar uma teoria científica de inegável alcance explicativo: o materialismo

histórico(concepção científica). A teoria da dialética materialista se resume em: tese, antítese

e síntese. E as características de sua dialética são: tudo se relaciona, tudo se transforma,

mudança qualitativa e luta dos contrários.

4.10. A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Marx relacionou a existência do Estado às condições das classes sociais existentes na

sociedade. Assim, em vez do Estado imanente e superior, acima dos homens (como pensavam

os filósofos Hobbes, Locke e Rousseau), Marx apresenta-o como um instrumento da classe

dominante. A gênese do Estado reside, portanto na divisão da sociedade em classes, sendo sua

Page 21: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

principal função conservar e reproduzir esta divisão, garantindo os interesses da classe que

domina as outras classes.

_____________________________________________________________________________

________________________

14ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Para Marx, qual o papel da ciência?

b) – Em que se baseia a metodologia sociológica de Marx?

c) – Cite as características da dialética marxista.

d) – Explique como Marx analisa o papel do Estado na sociedade?

_____________________________________________________________________________

_________

5.1. VIDA E OBRA

David Émile Durkheim, sociólogo francês nasceu em Épinal em 15 de abril de 1858, estudou na

Ecole Normale Superfieure de Paris, tendo-se doutorado em filosofia. Em 1885 foi estudar na

Alemanha, sendo muito influenciado pelas idéias do positivismo de Wilhelm Wundt. Durkheim

é um dos principais clássicos da sociologia, foi responsável pela introdução da sociologia nas

universidades como disciplina e ciência acadêmica. De tendência ideológica conservadora, ele

corresponde a uma corrente sociológica funcionalista, cuja teorias e metodologia de caráter

comparativas consolidaram a sociologia como ciência social. Entre suas principais obras

podemos destacar: A divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico

(1894), O suicídio (1897).

O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais:

1º. A sociologia é uma ciência independente das demais ciências sociais e da filosofia;

2º. A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos considerados como “coisas”;

3º. A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenômenos sociais que antecedem.

Para explicar um fenômeno social deve-se procurar suas causas;

4º. Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade especifica.

_____________________________________________________________________________

________________________

15ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Quem foi Emille Durkheim?

b) – Qual a tendência ideológica de Durkheim?

c) – A qual corrente sociológica Durkheim corresponde?

Page 22: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

d) – Que caráter tem as teorias e metodologia de Durkheim?

e) – Cite as principais obras de Durkheim.

f) – Explique os quatro princípios fundamentais do sistema sociológico de Durkheim.

_____________________________________________________________________________

_____________________________

5.2. A DIVISÃO DO TRABALHO E A SOLIDARIEDADE

Durkheim possuía uma visão otimista da nascente sociedade capitalista industrial. Considerava

que a crescente divisão do trabalho que estava ocorrendo a todo vapor na sociedade européia

e acarretava, ao invés de conflitos sociais, um sensível aumento da solidariedade entre os

homens.

De acordo com ele, cada membro da sociedade, tendo uma atividade profissional mais

especializada, passava a depender cada vez mais do outro. Julgava, assim que o efeito mais

importante da divisão de trabalho não era o aspecto econômico, ou seja, o aumento da

produtividade, mas sim, o fato de que ela tornava possível a união e a solidariedade entre os

homens (de maneira funcional.). A origem da divisão do trabalho está na densidade dinâmica

ou moral, é o aumento das dimensões absolutas ou do volume da sociedade que determina o

processo da divisão do trabalho, que é o fator preponderante de integração social na

sociedade moderna. O progresso da divisão do trabalho é o fio condutor do processo evolutivo

que liga as formas de sociedade mais simples às mais complexas, numa evolução de estrutura

segmentar a uma estrutura organizada – a divisão do trabalho progride quanto mais existem

indivíduos que estejam suficientemente em contato para poder agir e reagir uns sobre os

outros.

5.3. SOLIDARIEDADE MECÂNICA E SOLIDARIEDADE ORGÂNICA

(da sociedade tradicional à sociedade moderna)

Inspirado em idéias de Spencer e em um método analógico (comparação), Durkheim

desenvolveu a teoria no qual acreditava que as espécies sociais à semelhança das espécies

Page 23: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

vivas podem ser classificadas numa escala evolutiva das mais simples às mais complexas:

caracterizou-se dois tipos de sociedade que corresponderiam ao inferior e superior da escala

evolutiva, ou seja, de uma sociedade simples/tradicional à uma sociedade complexa/moderna;

tais tipos consistem em duas formas de solidariedade social – dois princípios de integração

entre indivíduos e grupos no interior das sociedades: solidariedade mecânica e a solidariedade

orgânica.

» solidariedade mecânica: ocorre quando a consciência coletiva exerce um papel

preponderante como princípio de integração social. A sociedade se apresenta como um

conjunto mais ou menos organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os indivíduos

(membros do grupo) é a semelhança de crenças e sentimentos que mantêm os indivíduos e

grupos unidos nesse tipo de sociedade todos exercem aproximadamente as mesmas

atividades, dividem os mesmos deuses. São sociedades primitivas (tribais), onde existe a

homogeneidade econômica e cultural. As consciências individuais são subordinadas à

consciência coletiva. O direito é repressivo, para manter a coesão social.

» solidariedade orgânica: a integração social é realizada a partir da diferenciação entre

indivíduos e grupos no interior da sociedade, existe um sistema de funções diferentes e

especiais, que unem relações definidas, trata-se da solidariedade produtiva pela divisão do

trabalho, que supõe precisamente a diferenciação e a complementaridade de funções com

forma de cooperação e entre os membros da sociedade. São sociedades modernas que

possuem uma organização complexa. O direito é restitutivo, não é tanto para punir as

condutas desviantes, mas impor a separação dos prejuízos causados pelo descumprimento das

obrigações profissionais ou funcionais (juridicamente seria o direito civil, comercial,

processual, administrativo).

_____________________________________________________________________________

_________________________________

16ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Qual era a visão de Durkheim sobre a sociedade capitalista industrial?

b) – Como Durkheim julgava a importância da divisão do trabalho?

c) – Qual a origem e o progresso da divisão do trabalho na sociedade?

d) – Explique a teoria de Durkheim no qual as sociedades passam de uma sociedade

simples/tradicional à uma sociedade complexa/moderna.

e) – Explique a diferença de uma sociedade tradicional e uma sociedade moderna destacando

os dois tipos de solidariedade mecânica e orgânica desenvolvida por Durkheim.

_____________________________________________________________________________

_________________________________

5.4. A QUESTÃO PATOLÓGICA E ANÔMICA DA SOCIEDADE

Durkheim é também admirado pelo estudo dos problemas da personalidade, realizado em sua

obra O suicídio (1897), em que a divisão do trabalho é tratada como um desenvolvimento

Page 24: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

normal da sociedade humana, que propicia o aumento da iniciativa pessoal em detrimento da

autoridade exercida pela tradição. Entretanto, o número crescente de suicidas nas sociedades

desenvolvidas foi por ele considerado como um traço patológico na organização social. Nesse

sentido, Durkheim descrevetrês tipos de suicídios:

* Altruísta – quando o individuo fortemente ligado a um grupo não distingue entre seus

próprios interesses e os do grupo, sendo capaz de sacrificar-se por ele. É o caso de soldados

que se sacrificam para salvar companheiros. Esse tipo de suicídio também pode ser levado a

efeito pelo individuo que deixa de satisfazer os padrões do grupo: a morte é, então, preferível

a qualquer outra coisa;

* Egoísta – é o suicídio que ocorre quando o individuo não está envolvido com ninguém nem

com nenhuma causa, faltando-lhe laços emocionais que lhe tornem a vida digna de viver;

* Anômico – é o suicídio que se manifesta quando o individuo participa de uma sociedade

caracterizada pela anomia (ausência de regras, sem normas), sendo comum em épocas de

depressão econômica.

A importância de O suicídio está intimamente relacionada aos esclarecimentos que presta

quanto ao relacionamento humano, tanto no que se refere aos grupos quanto ao que diz

respeito às normas dos grupos.

_____________________________________________________________________________

________________________

17ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Como Durkheim considera o número crescente de suicídios na sociedade moderna?

b) – Como se chama a o obra no qual Durkheim desenvolve um estudo sobre a personalidade?

c) – Cite os três tipos de suicídio estudados por Durkheim.

d) – Explique o que é um suicídio Altruísta?

e) – Explique o que é um suicídio Egoísta?

f) – Explique o que é u suicídio Anômico?

g) – Qual a importância do estudo do suicídio?

_____________________________________________________________________________

______________________________

5.5. O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA

Em sua obra As regras do método sociológico (1894), Durkheim propõem alguns

procedimentos aos pesquisadores: o método de uma ciência consiste no conjunto de regras

que o pesquisador deve seguir para realizar, de maneira correta, suas pesquisas. Como

Page 25: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

Durkheim enfatiza o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, ele colocará como regra

básica de seu método que o pesquisador deve analisar os fatos sociais como se eles fossem

coisas, isto é, como se fossem objetos que existem independentemente de nossas idéias e

vontades. Com isso, Durkheim enfatiza como fundamental para uma pesquisa científica a

posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve descrever a realidade social,

sem deixar que suas idéias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.

5.6. FATO SOCIAL

Para Durkheim, na relação individuo e sociedade, ele destaca que a sociedade prevalece sobre

o individuo. A sociedade é, para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamento e

sentimento que não existem apenas na consciência dos indivíduos, mas que são construídos

exteriormente. Isto é, fora das consciências individuais. Em outras palavras, na vida em

sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por

ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos. Sem

essas regras, a sociedade não existiria e é por isso que os indivíduos devem obedecê-las. Os

fatos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. O modo de vestir, a

língua, o sistema monetário, a religião e uma infinidade de outros fenômenos são

consideradas fatos sociais.

As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem leis que

organizam a vida em conjunto. O individuo isolado não cria leis nem pode modificá-las. São as

gerações de homens que vão criando e reformulando coletivamente as leis. Essas leis são

transmitidas para as gerações seguintes na forma de códigos, decretos, constituições, etc.

como indivíduos isolados, temos de aceita-las; sob pena de sofrer castigos por viola-las.

Seguindo essas idéias, Durkheim afirmara que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da

sociologia, é justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos

em sociedade. Tais fatos sociais são diferentes dos fatos estudados por outras ciências por

terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas ciências naturais) ou no individuo

(na psicologia).

5.7. CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL

Esses fatos sociais têm três características básicas que permitirão sua identificação na

realidade, elas são: gerais, exteriores e coercitivos.

1ª. Generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo;

2ª. Exterioridade – o fato social é externo ao individuo, existe independentemente de sua

vontade. Isto é, consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas

isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora de nós

quando nascemos.

Page 26: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

3ª. Coercitividade – os indivíduos vêem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido

porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade; se isso

não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira pelo resto do grupo.

É justamente a educação um dos exemplos preferidos por Durkheim para mostrar o que é um

fato social. O individuo, segundo ele, não nasce sabendo previamente as normas de conduta

necessárias para a vida em sociedade. Por isso, toda sociedade tem de educar seus membros,

fazendo com que aprendam as regras necessárias à organização da vida social. As gerações

adultas transmitem às crianças e aos adolescentes aquilo que aprenderam ao longo de sua

vida em sociedade. Com isso, o grupo social é perpetuado, a pesar da morte dos indivíduos.

O que a criança aprende na escola? Idéias, sentimentos e hábitos que ela não possui quando

nasce, mas que são essenciais para a vida em sociedade. A linguagem, por exemplo, é

aprendida, em grande medida, na escola. Ninguém nasce conhecendo a língua de seu país. É

necessário um aprendizado, que começa já nos primeiros dias de vida e se prolonga no

decorrer dos muitos anos na escola, para que a criança consiga se comunicar de maneira

adequada com seus semelhantes. Sem o aprendizado da linguagem, a criança não poderia

participar da vida em sociedade.

5.8. INSTITUIÇÃO

Outro conceito importante para Durkheim é o de instituição. Para ele, uma instituição é um

conjunto de normas e regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos e que as gerações

transmitem uma às outras. Há ainda muitos outros exemplos de instituições: família, Estado,

Igreja, Exército, etc. Assim, para Durkheim é a sociedade, como coletividade, que organiza,

condiciona as ações individuais. O individuo aprende a seguir normas e regras de ação que lhes

são exteriores. Ou seja, que não foram criadas por ele, e são coercitivas, pois limitam sua ação

e prescreve punições para quem não obedecer aos limites sociais. A função das instituições é

socializar os indivíduos, fazer com que eles assimilem as regras e normas necessárias à vida em

comum.

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_________________________________

18ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – O que Durkheim coloca como regra básica de seu método de pesquisa?

b) – O que Durkheim enfatiza como fundamental para uma pesquisa científica?

c) – Como Durkheim vê a relação individuo e sociedade?

d) – O que é sociedade para Durkheim?

e) – Para Durkheim, qual a importância das regras sociais?

f) – Na concepção de Durkheim, O que é fato social?

g) – Qual o objeto de estudo da sociologia, segundo Durkheim?

h) – Cite e explique as características dos fatos sociais.

Page 27: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

i) – Qual a importância da educação, segundo Durkheim?

j) – O que é instituição?, Cite exemplos e explique sua função.

_____________________________________________________________________________

_________________________________

6.1. VIDA E OBRA

Nascido em Erfut, a 21 de Abril de 1864, Max Weber tornou-se um dos sociólogos e

economistas político mais importante da Alemanha nos séculos XIX e XX. Max Weber foi um

dos mais importantes clássicos da sociologia, pois suas teorias contribuem até hoje para a

análise da vida social. Filho de uma abastada família de comerciantes formou-se em direito e

economia nas Universidades de Berlim e de Heidelberg respectivamente. Mais tarde trabalhou

como professor nas Universidades de Berlim (1893), Freiburg (1894), Heidelberg (1897), Viena

(1917). Pode-se afirmar que a vida de Max Weber foi totalmente dedicada aos estudos, à

pesquisa e à participação ativa na política alemã de seu tempo, principalmente mediante suas

intervenções em conferências, seus artigos para jornais e revistas e seus escritos publicados

em vida e postumamente. Max Weber é um pensador de tendência ideológica conservadora e

suas análises têm características histórico-comparativa. Entre suas principais obras podemos

destacar: A ética protestante e o espírito do capitalismo e Economia e sociedade.

_____________________________________________________________________________

____________________________

19ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Quem foi Max Weber?

b) – Como foi a vida de Max Weber?

c) – Qual a tendência ideológica de Max Weber?

d) – Qual as características das análises teóricas de Weber?

e) – Quais as principais obras de Weber?

__________________________________________________________________________

6.2. A METODOLOGIA E A NEUTRALIDADE CIENTÍFICA

A sua insistência em compreender as motivações das ações humanas levou-o a rejeitar a

proposta do positivismo de transferir para a sociologia a metodologia de investigação utilizada

pelas ciências naturais. Não havia, para ele, fundamento para esta resposta, uma vez que o

sociólogo não trabalha sobre uma matéria inerte, como acontece com as cientistas naturais.

Weber diz que o ponto chave de uma investigação sociológica é o individuo e sua ação, é a

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compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou “grupo

social” que vai nos permitir entender a sociedade. Para compreender as instituições temos que

partir das intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam estas situações sociais.

Ao contrário do positivismo, que dava maior ênfase aos fatos, à realidade empírica,

transformando geralmente o pesquisador num mero registrador de informações, a

metodologia de Weber atribuía-lhe um papel ativo na elaboração do conhecimento.

A intenção de conferir à sociologia uma reputação científica encontra na figura de Max Weber,

um marco de referência. Durante toda a sua vida, insistiu em estabelecer uma clara distinção

entre o conhecimento científico, fruto de cuidadosa investigação, e os julgamentos de valor

sobre a realidade. Com isso, desejava assinalar que um cientista não tinha o direito de possuir,

a partir de sua profissão, preferência políticas e ideológicas. No entanto, julgava ele, sendo

todo cientista também um cidadão, poderia ele assumir posições apaixonadas em face dos

problemas econômicos e políticos, mas jamais deveria defende-los a partir de sua atividade

profissional. Essa posição de Weber, que tantas discussões têm provocado entre os cientistas

sociais, constitui, ao isolar a sociologia dos movimentos revolucionários, um dos momentos

decisivos da profissionalização dessa disciplina. A idéia de uma ciência social neutra seria um

argumento útil e fascinante para aqueles que viviam e iriam viver da sociologia como

profissão. Ela abria a possibilidade de conceber a sociologia como um conjunto de técnicas

neutras que poderiam ser oferecidas a qualquer comprador público ou privado. Vários

estudiosos da formação da sociologia têm assinalado, no entanto, que a neutralidade

defendida por Weber foi um recurso utilizado por ele na luta pela liberdade intelectual, uma

forma de manter a autonomia da sociologia em face da burocracia e do Estado alemão da

época.

6.3. CIENTISTA x POLÍTICO

A busca de uma neutralidade científica levou Weber a estabelecer uma rigorosa fronteira

entre o cientista, homem do saber, das análises frias e penetrantes; e o político, homem de

ação e de decisão comprometido com questões práticas da vida. O que a ciência tem a

oferecer a esse homem de ação, segundo Weber, é um entendimento claro de sua conduta,

das motivações e das conseqüências de seus atos.

A sociologia por ele desenvolvida considerava o indivíduo e sua ação como ponto chave da

investigação. Com isso, ele queria salientar que o verdadeiro ponto de partida da sociologia

era a compreensão da ação dos indivíduos e não a análise das “instituições sociais” ou de

“grupos sociais”, tão enfatizadas pelo pensamento conservador. Com essa posição, não tinha a

intenção de negar a existência ou a importância dos fenômenos sociais, como o Estado, a

empresa capitalista, a sociedade anônima, mas tão somente a de ressaltar a necessidade de

compreender as intenções e motivações dos indivíduos que vivenciam estas situações sociais.

A ciência não pode propor fins a ação prática: “uma ciência empírica não está apta a ensinar a

ninguém aquilo que ‘deve’, mas, sim, apenas aquilo que ‘pode’ – em certas circunstâncias –

aquilo que ‘quer fazer’”. O domínio da ciência empírica deve ser definida como o dos meios e

não como o dos fins.

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20ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Segundo Weber, qual é ponto chave de uma investigação sociológica?

b) – Por que Weber foi importante para a reputação científica da sociologia?

c) – Por que Weber diferencia o cientista do político?

d) – O que Weber quis salientar ao dizer que o ponto chave da investigação é o individuo e sua

ação?

e) – Por que Weber afirma que a ciência não pode propor fins a ação prática?

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6.4. A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

Vivendo em uma nação retardatária quanto ao desenvolvimento capitalista, Weber procurou

conhecer a fundo a essência do capitalismo moderno. Ao contrário de Marx, Weber não

considerava o capitalismo um sistema injusto, irracional e anárquico. Para ele, as instituições

produzidas pelo capitalismo, como uma grande empresa, constituíam clara demonstração de

uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro de um padrão de precisão e

eficiência. Exaltou em diversas oportunidades a formação histórica das sociedades inglesa e

norte-americana, ressaltando a figura do empresário, considerado às vezes um verdadeiro

revolucionário. De certa forma, o seu elogio a seu caráter antitradicional do capitalismo inglês,

especialmente do norte-americano, era a forma utilizada por ele para atacar os aspectos

retrógrados da sociedade alemã, principalmente os latifundiários prussianos.

Em sua obra: “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber procurou demonstrar

que a formação do capitalismo europeu não seguiu apenas causalidades econômicas como

propôs Karl Marx em suas teorias estritamente economicistas. Para Weber, as idéias religiosas

e éticas foram de importância fundamental na formação do capitalismo, buscou também

esclarecer os caracteres específicos do capitalismo como um regime econômico de grande

desenvolvimento, principalmente nos países protestantes, especialmente naqueles em que

predominava o calvinismo. Para ele, não havia fundamento em admitir o principio de que a

economia dominasse as demais esferas da realidade social. Esse estudo o levou a pesquisar

também a história religiosa e social da Índia, da China e do povo judeu. O resultado desse

trabalho foi publicado em três volumes sob o titulo Estudos Reunidos sobre a Sociologia das

Religiões. Assim Weber fundou uma nova ramificação da sociologia que foi a: Sociologia da

religião.

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21ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Por que Max Weber discordava de Marx sobre o capitalismo?

b) – O que Weber buscou demonstrar em sua obra: A ética protestante e o espirito do

capitalismo”?

c) – Que ramificação da sociologia Weber fundou?

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6.5. TIPO IDEAL

É o instrumento principal da compreensão. Corresponde a um processo que representa o

primeiro nível de generalização de conceitos absolutos e correspondendo as exigências lógicas

da prova, então intimamente ligados à realidade concreta e particular (de relações sociais).

Corresponde a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe

de particular, construindo assim um conceito individualizante ou como diz o próprio Weber:

“um conceito histórico concreto”.

É um procedimento metodológico que incorporam relações sociais abstratas, características

universais da ação social e conjuntura histórica definida.

O tipo ideal não deve ser aceito somente como generalizações, proposições, definições e

hipóteses.

6.6. AÇÃO E RELAÇÃO SOCIAL

A ação é definida por Weber como toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de

um significado dado por quem a executa e que orienta essa ação. Quando tal orientação tem

vista a ação – passada, presente, ou futura – de outro ou de outros agentes que podem ser

“individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e

completamente desconhecidos” – o público, a audiência de um programa, a família do agente

etc – a ação passa a ser definida como social. A ação é determinada pelas intenções,

motivações e expectativas de outros.

A relação social se refere à conduta de múltiplos agentes que se orientam reciprocamente em

conformidade com um conteúdo específico (conflito, hostilidade, amizade, competição,

atração sexual etc) do próprio sentido das suas ações. As relações sociais podem ser de

natureza transitória, assimétrica: quando não há o mesmo sentido subjetivo e se expõe

atitudes diferentes sem reciprocidade, mas mutuamente orientado à mesma expectativa;

simétrica: quando a relação corresponde em suas expectativas o mesmo significado para todos

envolvidos.

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6.7. AÇÃO SOCIAL

Para Weber a sociologia é a ciência que procura uma compreensão interpretativa da ação

social para a partir daí chegar à explicação causal do seu sentido e dos seus efeitos.

Para Max Weber, a análise sociológica estará centrada nos atores e em suas ações. O agente

individual é a unidade da análise sociológica, a única entidade capaz de conferir significado às

suas ações. A sociedade não é algo exterior e superior aos indivíduos; a sociedade pode ser

compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas. Por isso,

Weber define como objeto da sociologia a ação social, que é qualquer ação que o individuo faz

orientando-se pela ação de outros. Toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto

é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, terá então relações sociais. Só existe ação

social quando o individuo tenta estabelecer algum tipo de comunicação a partir de suas ações

com os demais. Nem toda ação, desse ponto de vista, será social, mas apenas aquelas que

impliquem alguma orientação significativa visando outros indivíduos.

6.8. TIPOS DE AÇÃO SOCIAL

Weber afirma que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-os de

acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim ele estabelece quatro

tipos de ação social:

1º. Ação tradicional – que é determinada por um costume ou um hábito arraigado;

2º. Ação afetiva – aquela determinada por afetos ou estados sentimentais;

3º. Ação racional com relação a valores – determinada pela crença consciente num valor

considerado importante, independente do êxito desse valor na realidade;

4º. Ação racional com relação a fins – determinada pelo cálculo racional que coloca fins e

organiza os meios necessários.

Weber admite não existir ação pura todas são possíveis de misturas.

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22ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – O que é o tipo ideal e o que ele corresponde?

b) – O que é ação?

c) – O que é relação social?

d) – O que é sociologia para Weber?

e) – Em que está centrada a análise sociológica?

Page 32: Apostila de sociologia - Volume 1 (1° ano do EM)

f) – Qual o objeto de estudo da sociologia segundo Weber?

g) – Quando existe ação social?

h) – Cite e explique os diferentes tipos de ação social.

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6.9. TEORIA DA ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSES, ESTAMENTOS E PARTIDOS.

No estudo das relações sociais, Weber percebeu que nas sociedades a existência de diferenças

sociais pode ter vários princípios explicativos, sendo que o critério de classificação mais

relevante é dado pela dominância, em cada unidade histórica, de uma forma de organização

ou pelo peso particular que cada uma das diversas esferas da vida coletiva possa ter, essas

esferas são: econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural – cada uma com sua lógica

particular de funcionamento. Assim Weber, destacou as três esferas (dimensões) da

sociedade, sendo que cada esfera possui sua ordem de estratificação própria:

▪ Classes – refere-se a ordem econômica, o interesse econômico é fator que cria uma classe,

podendo-se até considerar que as classes estão estratificadas segundo suas relações com a

produção e a aquisição de bens; a estratificação econômica é, portanto, representada pelos

rendimentos, bens e serviços que o individuo possui ou de que dispõe.

▪ Estamentos (status) – refere-se a ordem social, onde os grupos de status estratificam-se em

função do principio de consumo de bens, representados por estilos de vida específicos, a

estratificação social é, portanto, evidenciada pelo prestigio e honra desfrutados.

▪ Partidos – refere-se a ordem política, que manifesta-se através do poder; a estratificação

política é assim observada através da distribuição do poder entre grupos e partidos políticos,

entre indivíduos no interior dos grupos e partidos, assim como entre os indivíduos na esfera da

ação política.

6.10. A CONCEPÇÃO DE ESTADO

Segundo Weber, o Estado é uma instituição social que mantém o monopólio do uso legitimo

da força física dentro de determinado território, para que este estado exista é preciso que sua

autoridade seja reconhecida como legitima. Neste sentido, o Estado é definido por sua

autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas as instituições

sociais, o Estado é organizado em torno de um conjunto de funções sociais, incluindo manter a

lei, a ordem e a estabilidade, resolver vários tipos de litígios através do sistema judiciário,

cobrar impostos, censo, identificação e registro da população, alistamento militar, encarrega-

se da defesa comum e cuidar do bem-estar da população de maneira que estão além dos

meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde pública, prover educação de

massa etc.

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6.11. DOMINAÇÃO E AUTORIDADE

Para Weber, os conceitos de dominação e autoridade possibilitam a explicação da regularidade

do conteúdo de ações e das relações sociais ligada à determinada obediência dentro de

determinados grupos sociais. Segundo Weber, dominação é um estado de coisas pelo qual

uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos dominadores influi sobre os atos de

outros (do dominado ou dos dominados), de tal modo que, em um grau socialmente relevante,

estes atos têm lugar como se os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima

de sua ação o conteúdo do mandato (obediência). Assim destaca-se três tipos de dominação

legitima justificadas por motivos (fontes) de submissão ou princípios de autoridades distintas:

* Racional-legal – se baseia na racionalidade das leis, é um empreendimento contínuo de

funções públicas, empreendimento este que envolve regulamentos e registros escritos, bem

como um corpo de funcionários especializados. A dominação legal apresenta como

característica a noção mais ou menos disseminada de direito. Weber focaliza o problema de

que a autoridade dos governantes, baseada na legalidade, é limitada pela ordem impessoal do

direito, e que os governados (cidadãos) só devem obediência a essa ordem impessoal. A mais

típica forma de domínio legal é a burocracia.

* Tradicional – é baseado na autoridade pessoal do governante, investida por força do

costume, é uma autoridade discricionária, não submetida a princípios fixos e formais.

Pertencem ao domínio tradicionais tipos de dominação gerontocrática, tais como

patrimonialismo, patriarcalismo, sultanismo.

* Carismático – é baseado no carisma (emoção), qualidade tida como excepcional de liderança,

que se manifesta como uma espécie de magnetismo pessoal mágico e que leva a pessoa

carismática a ter certa preponderância sobre as demais. Assim o carisma pode estar presente

num demagogo ou num ditador, num herói militar ou num líder revolucionário. É o carisma

encarnado na pessoa do chefe que leva os liderados a se entregar emocionalmente a essa

liderança pessoal.

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23ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:

a) – Explique a teoria da estratificação social segundo Weber.

b) – Explique a concepção de Estado para Weber.

c) – Qual a importância de estudo dos conceitos de dominação e autoridade?

d) – O que é dominação para Weber?

e) – Cite e explique os três tipos de dominação legitima

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