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Artesanato: Cerâmicas, rendas e outros tipos de artesanato brasileiro
COMENTEDa Página 3 Pedagogia & Comunicação
28/09/200515h14
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Os primeiros artesãos surgiram no período neolítico (6.000 a.c) quando o
homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica e a tecer fibras animais
e vegetais. No Brasil, o artesanato também surgiu neste período.
Podemos pensar nos índios como os nossos mais antigos artesãos, já que,
quando os portugueses descobriram o Brasil, encontraram aqui a arte da
pintura utilizando pigmentos naturais, a cestaria e a cerâmica - sem falar na
arte plumária, isto é, cocares, tangas e outras peças de vestuário ou
ornamentos feitos com plumas de aves.
O artesanato brasileiro é um dos mais ricos do mundo e garante o sustento de
muitas famílias e comunidades. O artesanato faz parte do folclore e revela
usos, costumes, tradições e características de cada região.
O artesão é aquele que, através da sua criatividade e habilidade, produz peças
de barro, palha, tecido, couro, madeira, papel ou fibras naturais, matérias
brutas ou recicladas, visando produzir peças utilitárias ou artísticas, com ou
sem uma finalidade comercial. Ele trabalha sozinho ou com assistentes e tanto
pode fazer peças únicas como trabalhos em série, contando ou não com a
ajuda de ferramentas e mecanismos rudimentares ou semi-industriais.
São artesãos e artesãs: talhadores, gravadores, escultores, pintores,
ceramistas, rendeiras, bordadeiras, tecelãs, aqueles que criam instrumentos
musicais, bijuterias e peças de madeira para uso diário, cestas, gamelas,
colchas de retalhos e brinquedos, entre outras coisas. Em muitos casos,
quando os objetos produzidos não têm um caráter utilitário, isto, é são feitos
apenas para serem apreciados, o artesanato se confunde com a arte.
Vamos ver brevemente alguns exemplos característicos do artesanato
brasileiro.
Cerâmica e bonecos de barro
A cerâmica é uma das formas de arte popular e de artesanato mais
desenvolvidas no Brasil. Dividida entre cerâmica utilitária e figurativa, essa arte
feita pelos índios misturou-se depois à tradição barrista europeia, e aos
padrões africanos, e desenvolveu-se em regiões propícias à extração de sua
matéria-prima - o barro. Nas feiras e mercados do Nordeste, podem-se ver os
bonecos de barro que reconstituem figuras típicas da região: cangaceiros,
retirantes, vendedores, músicos e rendeiras. Os mais famosos são os do
pernambucano Mestre Vitalino (1909-1963), que deixou dezenas de
descendentes e discípulos.
A cerâmica figurativa destaca-se também nos estados do Pará, Ceará,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Santa
Catarina. Nos demais estados, a cerâmica é mais do tipo utilitária (potes,
panelas, vasos etc).
Renda
A renda, presente em roupas, lenços, toalhas e outros artigos, têm um
importante papel econômico nas regiões Norte, Nordeste e Sul. A chamada
renda de almofada ou de bilros é desenvolvida pelas mãos das rendeiras que
trabalham com uma almofada, um papelão cheio de furos, linha e bilros
(pequenas peças de madeira semelhantes a fusos).
Trazida pelos portugueses e pelos colonos açorianos, esta técnica é um
trabalho tradicional de vários pontos do litoral brasileiro. Os papelões são
passados de geração a geração e alguns motivos são exclusivos de uma
família. Apesar de a renda não ser um produto originalmente brasileiro, tornou-
se um produto local através da aculturação.
Entalhando a madeira
A produção de entalhes em madeira é outra manifestação da cultura material
brasileira, utilizada pelos índios nas suas construções, armas e utensílios,
embarcações e instrumentos musicais, máscaras e bonecos. A arte e o
artesanato em madeira produzem objetos diversificados com motivos como a
natureza, o universo humano e a fantasia.
As carrancas, ou cabeças-de-proa, muito conhecidas no Rio São Francisco,
são figuras reais ou mitológicas, com formas humanas ou de animais,
geralmente com expressões de ira, que os navegantes costumam colocar na
frente de suas embarcações, para afugentar os maus espíritos. Utensílios
como cocho, pilão, gamela e móveis simples e rústicos, também são
produzidos artesanalmente. Podemos citar ainda outras produções, tais como:
engenhos, moendas, toneis, e carroças. Mas o maior produto artesanal em
madeira - contando com poucas partes de metal - é com certeza o carro de
bois.
Cestas e trançados
A arte de trançar fibras, deixada pelos índios, inclui esteiras, redes, balaios,
chapéus, peneiras e outros. Quanto à decoração, os objetos de trançados
possuem uma imensa variedade, explorada através de formas geométricas,
espessuras diferentes, corantes e outros materiais. Os índios possuem grande
habilidade para tecelagem, já que sua prática e conhecimento dos trançados e
cestarias é bastante desenvolvida. No artesanato de cestas e trançados,
destacam-se as tribos do alto Amazonas e Solimões, influenciados pelos povos
andinos.
Na confecção manual de tecidos, utilizam-se dois processos, o vertical e o
horizontal. O vertical foi um processo que muito difundiu-se entre os índios
amazônicos e mato-grossenses, utilizando o processo para produção de redes.
As combinações de fios podem produzir diferentes texturas, com efeitos de alto
e baixo relevo. É padronizada em geral por motivos geométricos e linhas retas.
Apenas tecelões da Bahia produzem o chamado "pano-da-costa", que
oferecem padrões figurativos. Alguns padrões geométricos são conhecidos
como: xadrez, pé de gato, redemoinho, tamborete, flor de aurora, olho de
perdiz, caracol, mosquitinho e quadrinho.
O Estado do Mato Grosso produz redes de intenso colorido através da técnica
de "lavrado". O Maranhão, produz as mesmas redes com finos acabamentos.
O Pará e o Amazonas apresentam em sua produção, ricas redes de tucum,
espécie de linho do vale. Na cestaria do Norte e Nordeste, os materiais mais
usados são: palha, cipó, tucum, taboca, buriti, carnaúba, vime e taboa. Na
Bahia, em especial, também se usa a piaçaba.
Artesanato indígena
Cada grupo ou tribo indígena tem seu próprio artesanato. Em geral, a tinta
usada pelas tribos é totalmente natural, vinda de árvores ou de frutos. Os
adornos e a arte plumária são outro importante trabalho indígena.
A grande maioria de tribos desenvolvem a cerâmica e a cestaria. Os cestos
são, em sua maioria, feitos a partir de folhas de palmeiras e usados para
guardar alimentos. Já na cerâmica, são produzidos vasos e panelas de barro
modelado. Para a música, usada como passatempo ou em rituais sagrados, os
índios desenvolveram flautas e chocalhos.