4
do estudante Núm. 52 - ANO V Out/2016 Folhetim do estudante é uma publicação de cunho cultural e educacional com artigos e textos de Professores, alunos, membros de comunidades das Escolas Públicas do Estado de SP e pensadores humanistas. Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br Sugestões e textos para: [email protected] Escola Sem Partido A Escola Sem Partido está se configurando num ponto alto da ascensão conservadora no Brasil, onde, no senado, conta com projeto de lei 193/2016 do senador Magno Malta e apoiado por políticos direitistas ou ligados a bancada evangélica. A alegação é que a escola pública, através de alguns professores, estaria incentivando a “doutrinação marxista” e, portanto, o Estado precisaria de dispositivos coercitivos para coibir a suposta doutrinação praticadas, principalmente, por educadores. Os elaboradores do projeto Escola Sem Partido desconhecem a realidade da educação, quando a própria precariedade material inviabiliza inclusive o ensino regular, quanto mais, o suposto projeto doutrinário. Deste modo, a alegação de doutrinação funciona como argumento para uma reforma educacional de viés conservador/religioso. A Escola Sem Partido assume uma discussão educacional à direita e tem como objetivo desconstruir a escola como ambiente de inserção social através do conhecimento. O projeto Escola Sem Partido, a curto tempo, responde as demandas da mercantilização do ensino com fins meramente econômico das escolas/empresas, bem como, a longo e médio tempo, na construção de um cidadão acrítico/alienado e moldado para o mercado de trabalho. Ou seja, os interesses da Escola Sem Partido é fornecer dispositivos que garantam a reprodução e a acumulação do capital e sem o crivo da reflexão. O projeto Escola Sem Partido, justifica uma pseudo caça aos “doutrinadores marxistas”, mas, esconde em suas entrelinhas o verdadeiro projeto político em favor do capital, usando a Educação como instrumentação ideológica a favor das classes dominantes e, como dizia o pensador Louis Althusser: Educação como aparelho ideológico do Estado. E, nesse ambiente de inversão de valores, a liberdade de expressão e o Estado laico, pilares da civilização ocidental, estão sendo suprimidos em nome de um projeto de dominação de classes. Prof. Carlos Alexandre de Faria História E. E. Domingos Mignoni Folhetim

Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52

1

do estudante Núm. 52 - ANO V

Out/2016

Folhetim do estudante é uma

publicação de cunho cultural e

educacional com artigos e textos de

Professores, alunos, membros de

comunidades das Escolas Públicas

do Estado de SP e pensadores

humanistas.

Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br

Sugestões e textos para:

[email protected]

Escola Sem

Partido

A Escola Sem Partido está se

configurando num ponto alto da

ascensão conservadora no Brasil,

onde, no senado, conta com

projeto de lei 193/2016 do

senador Magno Malta e apoiado

por políticos direitistas ou ligados

a bancada evangélica. A alegação

é que a escola pública, através de

alguns professores, estaria

incentivando a “doutrinação

marxista” e, portanto, o Estado

precisaria de dispositivos

coercitivos para coibir a suposta

doutrinação praticadas,

principalmente, por educadores.

Os elaboradores do projeto Escola

Sem Partido desconhecem a

realidade da educação, quando a

própria precariedade material

inviabiliza inclusive o ensino

regular, quanto mais, o suposto

projeto doutrinário. Deste modo, a

alegação de doutrinação funciona

como argumento para uma

reforma educacional de viés

conservador/religioso.

A Escola Sem Partido assume

uma discussão educacional à

direita e tem como objetivo

desconstruir a escola como

ambiente de inserção social

através do conhecimento. O

projeto Escola Sem Partido, a

curto tempo, responde as

demandas da mercantilização do

ensino com fins meramente

econômico das escolas/empresas,

bem como, a longo e médio

tempo, na construção de um

cidadão acrítico/alienado e

moldado para o mercado de

trabalho. Ou seja, os interesses da

Escola Sem Partido é fornecer

dispositivos que garantam a

reprodução e a acumulação do

capital e sem o crivo da reflexão.

O projeto Escola Sem Partido,

justifica uma pseudo caça aos

“doutrinadores marxistas”, mas,

esconde em suas entrelinhas o

verdadeiro projeto político em

favor do capital, usando a

Educação como instrumentação

ideológica a favor das classes

dominantes e, como dizia o

pensador Louis Althusser:

Educação como aparelho

ideológico do Estado.

E, nesse ambiente de inversão de

valores, a liberdade de expressão

e o Estado laico, pilares da

civilização ocidental, estão sendo

suprimidos em nome de um

projeto de dominação de classes.

Prof. Carlos Alexandre de Faria

História – E. E. Domingos Mignoni

Folhetim

Page 2: Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52

2

do estudante ano V outubro/2016

RESENHA

“Arquitetura Macabra”

O Documentário mostra a mente

doentia, política e artística de

Adolf Hitler. O filme é feito com

imagens reais, o Führer fazia

questão de que cada passo que

desse fosse registrado.

Possivelmente serviria como um

legado para as gerações futuras

que, o mundo estando sob

controle Nazista, poderiam ver a

arquitetura dessa engenhosa e

assustadora mente do líder do

novo mundo.

É curioso notar em uma frase que

resume todo o plano estratégico e

que, um detalhe que me chamou

atenção em toda a narrativa, sem

dúvida, é o pano de fundo de

todos os conflitos gerados pelo

nazismo – “Foi uma guerra

moderna, mas inspirada por

motivos antigos...” – Do que essa

frase trata? Da antiguidade

clássica!

A Antiguidade clássica foi um

momento da história humana em

que as civilizações (Grécia e

Roma) estruturaram o mundo

moderno em vários aspectos:

tivemos o alvorecer da

democracia, da política, das

ciências, da filosofia e sobretudo

das artes e da arquitetura que

tanto motivam as estratégias e a

ideologia expressadas nas ações

de Hitler.

Hitler também vai se utilizar de

um jeito antigo de fazer guerra.

Destruiria nações inimigas além

de exterminar qualquer rastro que

comprovasse a existência

daquelas pessoas. Para ele isso

indicava uma higienização do

velho mundo para a reconstrução

do Grande Império Germânico do

novo mundo, isso indicava a

limpeza social necessária, no caso

do Judeus, para a raça Pura Ariana

pudesse predominar nesse novo

mundo.

Mas por que os Judeus? Por que

esse antissemitismo?

A história dos Judeus explica e

uma das hipóteses que pode ter

levado Hitler a fazer isso é o fato

dos Judeus terem sido

escravizados na antiguidade, mais

precisamente no Egito e eram

considerados povos inferiores

tanto na região da Mesopotâmia

quanto na Babilônia.

Hitler não era apenas um militar,

ele era fascinado pela antiguidade

e pela arquitetura greco-romana

que serviria de modelo para

remodelar o mundo.

Nessa sua fixação ele criou uma

arquitetura da destruição para o

velho mundo, eis aí o nome do

documentário.

Sobre o plano de exterminar os

Judeus, a solução final para

convencer a sociedade da ideia de

“higienização” passava pelo uso

da propaganda e de um discurso

que promovia a intolerância

contra os judeus os caracterizando

como “praga” social, uma “peste”

causadora de doenças incuráveis,

como os ratos, e tinham que ser

exterminados. Os filmes de

cinema produzidos por diretores

nazistas eram uma espécie de

propaganda favorável ao

extermínio de judeus, entre eles

destaca-se o filme “O Judeu

Eterno” um dos mais famosos no

gênero antissemita.

Outras estratégias de Hitler

passavam pelas questões de saúde

pública, momento no qual ele cria

Postos Móveis de Saúde, que nada

mais eram do que veículos nos

quais os judeus eram mortos

através do uso de gás (monóxido

de carbono) e depois levados para

laboratórios de incineração. Ele

conseguia atrair as pessoas para

fazerem exames de rotina e a

partir desse momento identificava

os judeus entre os alemães puros.

Os campos de concentração foram

as últimas criações dos nazistas

em busca da “solução final”,

nesses locais ao mesmo tempo

milhares de pessoas eram

exterminadas diariamente, o que

fez com que milhões de judeus

fossem mortos caracterizando o

genocídio durante a II Guerra

Mundial. Mais de 13 milhões de

Judeus habitava a Europa na

época, hoje pouco mais de 6

milhões espalham-se pelo mundo

todo.

Ericson Pereira Gomes – 3ºG

E. E. Com. Miguel Maluhy

FICHA TÉCNICA

Gênero: Documentário

Direção: Peter Cohen

Roteiro: Peter Cohen

Produção: Peter Cohen

Fotografia: Gerhard Fromm, Mikael Cohen,

Peter Ostlund

Trilha Sonora: Peter Cohen, Sven Ahlin

Duração: 119 min.

Ano: 1989

País: Suécia

folhetim

Page 3: Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52

3

do estudante ano V outubro/2016

EDUCAÇÃO

Direção Geral – Eduardo Sobrinho

Os Conflitos na escola

O documentário Por Trás das

Carteiras, produzido a partir de oficinas

de cinema e vídeo produção, resultou em

uma importante reflexão sobre os

conflitos e expectativas de todos os

envolvidos nas relações que envolvem o

ambiente escolar.

Alunos, professores, gestores e

funcionários envolvidos nessa relação

cotidiana que estrutura o ambiente

escolar falam sobre suas frustrações,

expectativas e possiblidades das relações

que envolvem a escola pública.

Essas relações e conflitos,

apresentadas no documentário, servem

de base para discutir o mesmo contexto,

em uma aula que problematiza sobre as

relações dentro da escola e sobre

questionamentos, tais quais: Que escola

temos? Que escola Queremos?

Serve também de motivação

para reuniões que pedagogicamente e

disciplinarmente pretendem solucionar

ou diminuir os conflitos existentes no

ambiente escolar.

“Eu achei muito interessante o

documentário “Por trás das Carteiras”

porque os alunos tanto fazem críticas

como dão sugestões para a melhoria da

escola e muitas dessas sugestões podem

ajudar na organização da escola com

uma aula melhor, mais envolvente, uma

merenda melhor e mais lazer na escola”

João Lucas L. Gouveia – 8ºB

E. E. Instituto Maria Imaculada

Documentário realizado com o

apoio do Programa Mais Cultura nas

Escolas, resultado da Oficina de

Introdução à Cinematografia, com alunos

da Escola Estadual Professora Maria

Augusta Siqueira, Situada na

Comunidade Vila dos Remédios, Osasco,

São Paulo, Brasil.

MOSTRA CULTURAL DO

MIGUEL MALUHY 2016

Protagonismo dos Estudantes por uma

ESCOLA VIVA e para uma

CULTURA VIVA a partir da

produção de conhecimento e na

aplicação dos elementos de

aprendizagem contínua.

folhetim

Page 4: Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 52

4

do estudante ano V outubro/2016

POESIA

O9/07/2014 Era como

Se o ócio

Me castigasse

Com bocejos

Dessa vez

Quem me botou

Para fora

Foi o sono

De sapato

E jaqueta

Sigo um rumo

Contra indicado

Pelas nuvens

Chorosas

Havia eco

Nas paredes

Do meu estômago.

Um vazio...

Um suspense...

Fui atrás

De alguns móveis

Para decorá-lo

E deixá-lo

Sem roncar

De fome.

Dionísio

Toma meu corpo

E de repente

Havia vinho

Em minhas mãos

(Um Deus

Bêbado

Ainda é

Um Deus)

Cinco litros

Da poção rubra

Somam

No meu corpo

Passos

Mais lentos...

Chuva

Mais rápida

Abrigo-me

Nas tendas

Do capitalismo

Um perfume

De cachos

De uva

Me chama

É minha cigana

Oriunda

Da chuva

Sua luz

Acalma as nuvens

Que param

De chorar

(Não sei

Se menina

Ou vagalume)

Iluminando

A terra molhada

Sinto Iemanjá

Mais viva

Que reencarnada.

Ela nos guia

Para uma outra

Dimensão

Chamada

Éden

(Quem entra

Escondido

Não é menos

Abençoado)

Paraíso

Paralisa

E realiza

Nossa fé

Penso ter

Ouvido

Deus

Recitando poemas

Mas só vejo minha cigana

Cantando

(O maestro

Me chama

Para reger)

Durante a sinfonia

A bailarina chega

Atrasada

Mas faço

O compasso

Caber

Em seus passos

Dessa vez

Deixo de olhar

A dança

E foco

Em minha

Orquestra

De cinco cordas

Sinto que

A opera

Me responde

Com mais Intimidade.

Os duques

Fumam

Duquesas

Bebem o vinho

E antes da peça

Acabar

Lembro

Que ainda existe

Um lugar

Longe

Daquele paraíso

Teatro

Ou éden

E largo a batuta.

“Se a cigana é meu mar

A bailarina são as ondas.

” De fato não sou nem Praia.

Davi Benseman Do livro “Sentimentos Concretos”

de sua autoria, Ex-aluno da E. E.

Com. Miguel Maluhy turma 2013

folhetim