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Bacharelado em Ciências e Humanidades História do Pensamento Econômico Clássicos e Neoclássicos Prof. Giorgio Romano Tídia: Prof. Giorgio HPE 10 de outubro de 2011

Hpe clássicos neo_clássicos - História do Pensamento Econômico - UFABC - Prof Giorgio

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Bacharelado em Ciências e Humanidades

História do Pensamento Econômico

Clássicos e Neoclássicos

Prof. Giorgio Romano

Tídia: Prof. Giorgio HPE

10 de outubro de 2011

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Lei de Say

Jean Batiste Say 1767-1832

Lei de Say:

Da produção de bens provém uma demanda global efetiva

suficiente para adquirir a oferta global (produção gera própria

demanda)

Argumento:

Contrapartida da venda (preço) é retorno em salário/ juros/

lucro. Ou seja: com dinheiro obtido da venda de mercadorias

os trabalhadores, capitalistas e proprietários da terra adquirem

tudo que produzirem.

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Lei de Say

Nunca pode haver excesso/ escassez geral de bens

• se poupar haverá rendimento da poupança (gasto)

• se tirar da circulação, os preços se ajustarão à redução

do fluxo de renda

Não pode existir escassez da demanda, logo não faz

sentido tomar medidas de monetarização (injeção de

prata na economia para aumentar o poder aquisitivo)

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Lei de Say

Como explicar crises econômicas?

Seriam cíclicas: perturbações temporárias (desorganização

temporária)

Keynes derruba a Lei de Say:

1) preferência por acumular dinheiro na forma de liquidez

2) preços podem não se ajustar à redução do fluxo

3) mercadorias permanecem sem compradores

4) trabalhadores sem emprego

=> gasto e crédito público tem papel na economia

=> administração da demanda: macroeconomia (x

microeconomia)

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Teoria da Abstinência dos Juros

Como justificar retorno sobre capital?

= preço em juros e lucros a ser pago para persuadir o

capitalista a protelar/ adiar seu consumo e investir em

máquinas/ equipamentos

Teoria contemporânea: lucro (distinto dos juros)

é compensa pela inovação e pelo risco.

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Malthus

Thomas Robert Malthus 1766-1834

Um Ensaio sobre o Princípio da População (1798)

população é limitada pelos meios de subsistência

população aumenta quando os meios de subsistência o

permitem

problema: aumento população > aumento oferta de alimentos:

seus estudos indicavam que a população cresceria na

proporção de: 1, 2, 4, 8, 16 (crescimento geométrico),

enquanto a produção de alimentos cresceria num ritmo muito

menor: 1, 2, 3, 4, 5, 6 (crescimento aritmético).

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Malthus

• Contexto: reação conservadora provocada pela Revolução

Francesa.

• Tendência: crescimento população a não ser que refreada

“ pela miséria e pelo vício”.

• Qualquer salário acima da subsistência => aumento

população

Concessão de assistência negativa:

não resolve pobreza => aumenta renda => criação mais filhos

desvia riqueza daqueles que a utilizavam produtivamente

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Malthus

Na prática: desenvolvimentos tecnológicos na

agricultura (melhoramento genético de plantas e

animais, desenvolvimento de máquinas e

desenvolvimento de insumos) e na medicina

(anticoncepcionais) =>

capacidade para crescer numa proporção geométrica na

produção de alimentos > aumento população

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Evolução da População Mundial

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Evolução da População Mundial

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Malthus – Teoria Estagnação

Malthus contesta Lei de Say

Estagnação por causa da inadequação da demanda efetiva =>

salários sendo menores que os custos totais de produção

não podiam comprar a produção total da indústria =>

queda dos preços => reduziu incentivo a investimentos.

Políticas anti-estagnação:

reduzir rendas elevadas (evitar poupança excessiva)

gastos com obras públicas durante período da crise

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Liberalismo intervencionista

Jeremy Benthman 1748 – 1832

• Filosofia utilitarista: ato humano é moralmente válido se

resulta em felicidade.

• Indivíduo faz calculo hedonista – egoísmo do

comportamento econômico era natural, racional, desejável =>

bem-estar da sociedade maximizado.

• Papel do Estado? Desde que ação da maioria impõe restrições

legais e morais à ação individual => tornam a ação individual

coincidente com o interesse comum.

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Liberalismo intervencionista

Liberalismo clássico: liberdade individual objetivo

último de qualquer política

Bentham faz duas ressalvas:

1) Ação de uma pessoa em seu próprio interesse pode reduzir o bem-estar de outro;

2) arranjos institucionais dentro dos quais as pessoas agiam

podiam determinar em grande medida o resultado de suas

ações (atenção para sistema social).

=> liberalismo intervencionista

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Depois dos clássicos

1) Estudiosos da Alemanha, França e EUA refletiam a partir de realidades diferentes (ex. List);

2) principalmente no próprio Reino Unido: esforço justificativa social e moral diante extraordinárias diferenças de renda e condições de vida (ex. John Stuart Mill);

3) aperfeiçoamentos constantes na teoria dos preços, oferta, demanda, num conjunto sólido, posteriormente objeto de modelagem matemática (Alfred Marshall);

4) por fora: marxismo focando a noção da apropriação do valor

excedente (mais valia).

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Pensamento alemão

Filosofia Alemã: o indivíduo existe para o Estado, e não, como

disseram os clássicos, o Estado para o individuo.

I. Adam Muller (1779-1829): Movimento Romântico alemão

(Estado como suprema necessidade humana)

II. Friedrich List (1789-1846)

Próximo ao pensamento do Alexander Hamilton (EUA):

reconhecimento do processo econômico como estágio de

desenvolvimento (não modelo estático) =>

Estado fundamental para facilitar a passagem de um estágio

anterior para um mais avançado (incentivar o desenvolvimento

econômico nacional)

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Desenvolvimento nacional

Livre comércio bom para Reino Unido que estava em

primeiro lugar.

Crítica a Smith e Ricardo: eles não estavam afirmando

uma verdade universal, mas a refletindo a realidade e os

interesses do Reino Unido.

Tese protecionista de List: argumento das indústrias

incipientes (Infant Industry) – hoje chamado de política

industrial

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Darwinismo Social

Herbert Spencer 1820-1903: a sobrevivência do mais apto,

milionário produto da seleção natural

“The man versus the State” (1884) pelo estado minímo:

“A função do liberalismo no passado foi estabelecer limite

aos poderes dos reis. A função do verdadeiro liberalismo no

futuro será estabelecer um limite aos poderes dos

Parlamentos”.

Vilfredo Pareto: distribuição de renda reflete distribuição

habilidades e talentos.

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Visões neoclássicas sobre

desigualdade social 1) Não há de se procurar explicações da pobreza na organização

econômico-social: desemprego e instabilidade são resultado

de forças não-econômicas.

2) Impulso procriador das massas: mais e mais trabalhadores

incorporados a mecanismo produtivo => lei dos retornos

decrescentes para o trabalhador.

3) Economia como ciência não deve se preocupar com questões morais => validade científica (de preferência matematizada) em oposição a preocupações sociais.

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Questionamento às desigualdades

John Stuart Mill 1806-1873

Inovação: distinção entre produção e distribuição =>

Distribuição depende das instituições sociais

(padrão de distribuição de renda)

O sistema produção é injusto, mas iria se aperfeiçoar.

Não acreditava na revolução, mas na evolução rumo a

uma economia baseada na associações e cooperativas de

trabalhadores gerando uma ordem social equilibrada

(participação dos trabalhadores nos lucros).

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Questionamento às desigualdades

Jean Charles Leónard Sismondi (1773-1842)

• Smith/Ricardo registram diferenças sociais entre trabalhador,

capitalista e proprietário da terra, mas não as questionavam.

• Para Sismondi: diante conflito capital x trabalho, precisa do

Estado para proteger os fracos para impedir que os homens

sejam sacrificados em nome do aumento de uma riqueza da

qual eles não obterão proveito.

• Solução Sismondi: volta á agricultura e ao trabalho

independente do artesão.

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Do valor/custo para utilidade

A partir do final do séc. 19: preço determinado não pelo

custo/oferta, mas pela demanda/ utilidade marginal

= último e menos desejado acréscimo ao consumo =>

a utilidade da última desejada unidade determina o valor

de todas

Conceito de marginalidade na produção: os bens são

produzidos a níveis diferentes de custos => custos à margem

quando cresce demanda => oferta produtores menos eficientes =>

custo crescente da oferta adicional (lei de retornos decrescentes)

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Preços marginais

Alfred Marshall (1842-1924)

Preço marginal: aquilo que as pessoas pagariam pelo

último ou menos desejado incremento.

Lei da oferta/demanda

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Economia tende ao equilíbrio

custo de produção = lucro/juros + salários

= nível ao qual os preços retornavam (preço de

equilíbrio)

preços acima deste nível => aumento da produção =>

queda preços => queda da produção

=> aumento preços

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Preço mão-de-obra

Mesma lógica se aplicava ao preço da mão-de-obra

(salários) => não tinha problema de desemprego: os

trabalhadores sempre reduziriam seus salários o

suficiente para tornar lucrativo empregá-los.

Visão neoclássica dos sindicatos: poder de monopólio

que fixa preços acima do preço de equilíbrio e causa

desemprego.

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Juros (poupança) x Lucros (investimentos)

Juros altos com relação ao lucro: poupança tende a se

tornar excessiva

oferta de fundos no mercado monetário aumenta em relação à demanda;

queda da taxa de juros;

desestimulo à poupança;

estímulo ao investimento produtivo.

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Fragilidade teorias neoclássicas

1) Aceitação natural distribuição de renda;

2) falta de atenção pela distribuição desigual de poder

nas relações econômicas: relações de poder no local

de trabalho e uso deste poder para influenciar

políticas do Estado;

3) Incapacidade de analisar crises e depressões.