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Bacharelado em Ciências e Humanidades História do Pensamento Econômico Marx e o Processo de Acumulação Prof. Giorgio Romano Tídia: Prof. Giorgio HPE 13 de outubro de 2011

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Bacharelado em Ciências e Humanidades

História do Pensamento Econômico

Marx e o Processo de Acumulação

Prof. Giorgio RomanoTídia: Prof. Giorgio HPE

13 de outubro de 2011

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Lógica de acumulação de capital

No processo de produção:

transformação dos meios de produção (capital e

trabalho) em mercadorias, gerando

mais-valia (termo genérico: mais produto) C-M-C´ C`- C = mais-valia

Realização: venda da mercadoria na esfera

da circulação => dinheiro => capital

(processo de circulação de capital: fluxo

ininterrupto de renovação)

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Lógica de acumulação de capital A acumulação tem dois requisitos: capitalista consegue vender mercadoria consegue reconverter dinheiro em capital (=o valor que

se expande) => aplicação de mais-valia como capital

(emprego da parte da renda como capital)

A mais-valia é dividida (fragmentada) em lucro, juros, e renda da terra.

Capital acumulado = mais-valia capitalizada

Obs. pode ser feito em outro setor ou em outro país

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Lógica de acumulação de capital: mais-valia

1) Fundo de consumo individual da classe

capitalista: renda para consumo/ ostentação de luxo

pessoal (lógica da velha nobreza: consumir o que existe)

ou para entesouramento (retirada de dinheiro de

circulação)

2) Fundo de acumulação:

transformado em capital.

Quem decide a relação entre a e b é o ato de vontade

capitalista.

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Lógica de acumulação de capital: produtividade

• O grau de produtividade do trabalho social possibilita

diminuir a taxa da mais-valia, desde que sua queda seja

menos veloz que a ascensão da produtividade do trabalho

(o que aumenta o produto excedente).

• Produtividade aumenta “continuamente com o progresso

ininterrupto da ciência e da técnica” =>

máquinas, ferramentas, aparelhos etc. mais eficazes e

eficientes, portanto mais baratos, substituem os velhos. O

capital antigo se reproduz de forma mais produtiva.

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Lógica de acumulação de capital: produtividade

• Neste processo a ciência e a tecnologia aparecem como “uma potência para expandir o capital independentemente da magnitude dada do capital em funcionamento” =>

desenvolvimento das forças produtivas.

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Desenvolvimento das forças produtivas

Fanático da expansão do valor, compele

impiedosamente a humanidade a produzir por

produzir, a desenvolver as forças produtivas

sociais e a criar as condições materiais de

produção, que são os únicos fatores capazes de

constituir a base real de uma forma social

superior, tendo por princípio fundamental o

desenvolvimento livre e integral de cada

indivíduo (p. 688).

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A CHAMADA ACUMULAÇÃO PRIMITIVA

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Como começou?

O modo de produção capitalista exige:

1) capital (e uma classe capitalista);

2) mão-de-obra livre;

3) uma classe trabalhadora que aceitas as exigências do modo de produção como leis naturais.

Mas: De onde veio o capital para iniciar o modo de produção

capitalista? Porque o trabalhador ficou sem ter outra coisa para

vender além da própria força de trabalho?

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O que é trabalho livre?

• Trabalhadores que não são parte direta dos meios de produção (como eram os escravos; servos; as coerções das corporações medievais)

• Trabalhadores que não são donos dos meios de produção (como eram os camponeses autônomos)

=> Dissociação entre trabalhador e meio de produção

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Criação do sistema capitalista

Processo que retira do trabalhador a propriedade de seus meios de trabalho;

transforma os meios sociais de subsistência e de produção em capital;

converte produtores em assalariados.

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Liberdade capitalista

Liberalismo: o trabalhador conquista sua

liberdade

Marx: a liberdade de exploração do homem pelo

homem, expropriação dos meios de produção e

retirada das garantias que as velhas instituições

feudais asseguravam.

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Capitalismo e violência

Essência modo de produção capitalista:

Utilização produtiva da riqueza obtida

Violência direta à margem das leis econômicas em caráter cada vez mais excepcional.

Mas acumulação primitiva não decorreu do modo

capitalista de produção e exigiu violência direta.

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Violência no processo de acumulação primitiva

• Fatores internos:

- expropriação e expulsão do produtor rural

- combate aos poderes dos mestres das corporações (nos centros urbanos) e dos senhores feudais (no campo)

• Fatores externos:

- mercantilismo e colonialismo para organizar

fornecimento matérias primas e abrir mercados

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Situação no campo na Inglaterra a partir do séc. XV

Final da época medieval:• Dissolução vassalagens feudais• Poder real tenta estabelece soberania absoluta• Senhores feudais expulsaram camponeses para

transformar terras de lavoura em pastagem (manufatura de lã)

=> Rei Henrique VII (1º da Casa de Tudor) promulga lei em defesa dos camponeses coibindo sua expropriação (sem eficácia)

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Situação no campo na Inglaterra a partir do séc. XVI

Reforma anglicana: saque dos bens da Igreja

Católica (proprietário feudal) => expulsão lavradores

Surge pauperismo

1) Por ter sido suprimida a propriedade que tinha do solo que cultivava

2) Privatização terras-comuns (cercamento)

Þ Rainha Elizabeth (1558-1603) introduz legislação de

assistência aos pobres

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Situação no campo na Inglaterra a partir do sec XVII

Revolução Gloriosa (1688) => expansão do

roubo das terras: surge nova aristocracia das

terras aliada natural da alta finança e da

burguesia manufatureira =>

O processo de cercamento das terras comuns

ganha apoio da legislação a partir do século

XVIII

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Situação no campo na Inglaterra a partir do séc. XVIII

Usurpação das terras comuns + limpeza da

propriedade (demolição habitações dos

camponeses) base para revolução agrícola

(surgimento fazendas comerciais):

1) Constituição propriedade privada moderna no campo (agricultura capitalista)

2) Oferta de proletários à indústria da cidade

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Situação no campo na Inglaterra a partir do séc. XVIII

Problema: capacidade de absorção (defasagem) => pauperismo em massa =>

Legislação contra vadiagem (punição severa para

mendigos): “grotesco terrorismo legalizado”Þ enquadramento na disciplina exigida pelo

sistema do trabalho assalariado

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De grande proprietário para capitalista

Surgimento arrendatário livre: emprega

trabalhadores para expandir seu próprio capital e

entrega ao proprietário da terra (landlords) parte

do excedente (renda da terra)

Aumento dos preços trigo, lã, carne=>

enriquecimento à custa dos assalariados e

proprietários da terra

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De grande proprietário a capitalista

Arrendatário livre embarga a revolução

agrícola: aumento da produtividade utilizando

melhorias nas métodos de cultura => concentração

meios de produção e intensificação trabalho

assalariado.

Surge uso do mais-produto agrícola como

matéria-prima: concentração tecelagem e

fiação=> oficinas reunidas=> grande manufatura

=> capitalismo industrial

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Constituição mercado de trabalho livre

1349 (Rei Eduardo III) Estatuto dos

Trabalhadores: tarifa salarial máxima

1823 Abolição leis de regulação salários

1825 Fim proibição organização dos

trabalhadores

1871 Reconhecimento Trade Unions

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Revolução francesa e sindicatos

Revolução (1789) reconhece direito de

associação em primeiro momento, mas já em

1791 este é revogado por ser considerado atentado à liberdade (seria restauração das corporações feudais abolidas pela nova Constituição

francesa)

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Fatores externos

Mercantilismo: concentração capital dinheiro (do

comércio e da usura) estava anteriormente

impedido de se transformar em capital industrial

(sistema feudal no campo e organização

corporativa na cidade)

Þ Primeira manufatura surge nos portos ligada

ao comércio de exportação

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Acumulação primitiva externa

Descobertas ouro/prata nas Américas;escravização população indígenas

(extermínio);conquista/ pilhagem Índias Orientais;exploração África;guerras comerciais entre países europeus;guerras/ pressão para abertura dos mercados

(Guerra de Ópio na China; Japão).

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Escravidão

Tratado de Utrecht (1712): Inglaterra conquista

monopólio de exploração trafico negreiro entre

África e América Espanhola => crescimento

Liverpool.

Funcional no processo de acumulação primitiva,

disfuncional no processo de acumulação do

capital.

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Estado nacional e acumulação primitiva

Todos os métodos utilizavam poder do Estado

nacional (força concentrada).

Þ introdução dívida pública (crédito público)Þ expansão agentes financeiros => moderna bancocracia

(Bank of England 1694)Þ sistema internacional de crédito (Veneza- Holanda-

Inglaterra)Þ moderno sistema tributário (para pagar juros e serviço

da dívida)