Click here to load reader
View
670
Download
0
Embed Size (px)
Modos de brincar5 CADERNO DE SABERES, FAZERES E AT IV IDADES
Modos de brincarCADERNO DE SABERES, FAZERES E ATIVIDADES
GOVERNO FEDERAL
MEC Ministrio da Educao
SEPPIR Secretaria Especial de Polticas de Promoo da Igualdade Racial
PETROBRAS
Presidente da Petrobras JOS SRGIO GABRIELLI DE AZEVEDO
Gerente-executivo de Comunicao Institucional da Petrobras WILSON SANTAROSA
CIDAN - Centro Brasileiro de Informao e Documentao do Artista Negro
Presidente ANTONIO POMPO
Vice-presidente ANTONIO MOLINA
Presidente de Honra ZEZ MOTTA
REDE GLOBO
Central Globo de Comunicao
Central Globo de Jornalismo
FUNDAO ROBERTO MARINHO
Presidente JOS ROBERTO MARINHO
Secretrio-geral HUGO BARRETO
Superintendente-executivo NELSON SAVIOLI
Gerente-geral do Canal Futura LUCIA ARAJO
Gerente de Mobilizao MARISA VASSIMON
Gerente de Desenvolvimento Institucional MNICA DIAS PINTO
CANAL FUTURA
Coordenao do Projeto ANA PAULA BRANDO
Lder do Projeto SANDRA DO VALE
Mobilizao e Articulao Comunitria MARIA CORRA E CASTRO
EXPEDIENTE
Consultoria Pedaggica AZOILDA LORETTO DA TRINDADE
Coordenao de textos ANA PAULA BRANDO E AZOILDA LORETTO DA TRINDADE
Edio dos Textos LIANA FORTES
Reviso SANDRA PAIVA
Projeto Grfico UM TRIZ COMUNICAO VISUAL
Ilustraes LUIZA PORTO, MRCIA BELLOTTI E GRAA LIMA (pginas 16 e 32)
CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
M698 Modos de brincar : caderno de atividades, saberes e fazeres / [organizao Ana Paula Brando, Azoilda Loretto da Trindade]. - Rio de Janeiro : Fundao Roberto Marinho, 2010. il. (A cor da cultura ; v.5) Inclui bibliografia ISBN 978-85-7484-491-6 1. A Cor da Cultura (Projeto). 2. Brasil - Relaes raciais. 3. Negros - Brasil - Iden-tidade racial. 4. Negros - Brasil - Identidade tnica. 5. Educao de crianas - Brasil. 6. Professores - Formao. I. Brando, Ana Paula, 1969-. II. Trindade, Azoilda Loretto da. III. Srie.
10-5911. CDD: 305.896081 CDU: 316.347(81)
A Cor da Cultura Saberes e Fazeres Modos de Brincar
Copyright Fundao Roberto Marinho
Rio de Janeiro, 2010
Todos os direitos reservados
1 edio 2010
Fundao Roberto Marinho
Rua Santa Alexandrina, 336 - Rio Comprido - 20.261-232 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Tel.: (21) 3232-8800 - Fax: (21) 3232-8031 - e-mail: [email protected] - www.frm.org.br
Sumrio
1. APRESENTAO 7
2. VAlORES CIVIlIZATRIOS E A EDuCAO INFANTIl: 11umA CONTRIBuIO AFRO-BRASIlEIRA
Azoilda Loretto da Trindade
ENERgIA VITAl Um abrao negro: afeto, cuidado e acolhimento na Educao Infantil 17Patrcia Maria de Souza Santana
CORPOREIDADE Corporeidade e infncias: reflexes a partir da Lei n0 10.639/03 23Maria Clareth Gonalves ReisTu no podes ser princesa: corpos, brinquedos e subjetividades 31Leni Vieira Dornelles
ORAlIDADEProjeto construindo e contando histrias infantis: 37 personagens negras protagonizando histrias Regina de Ftima de JesusMuitas infncias: castigo de menina negra 45 Marisol Barenco de Mello
CIRCulARIDADEBrincando de cincias com a Lei n 10.639/03 51Roberta Fusconi
RElIgIOSIDADEReligiosidade de matriz africana: desconstruindo preconceitos 57Kiusam Regina de Oliveira
COOPERATIVISmOGesto escolar no mbito da Educao Infantil: 65enfrentando a discriminao racialMarta Alencar dos Santos
ANCESTRAlIDADEEspelho, espelho meu: as crianas e a questo tnico-racial 73Yvone Costa de Souza
5
mEmRIAPercepo matemtica e senso numrico: uma proposta 81 didtico-pedaggica para a implementao da Lei n0 10.639/03 na Educao InfantilCristiane Coppe de Oliveira
luDICIDADEA percepo das relaes raciais na Educao Infantil 87Heloisa Pires Lima
TERRITORIAlIDADERelaes tnico-raciais: prticas racistas e preconceituosas 91 nas classes de Educao Infantil e propostas para desconstru-lasAnete Abramowicz e Tatiane Cosentino Rodrigues
3. APRENDENDO COm OS VAlORES CIVIlIZATRIOS AFRO-BRASIlEIROS
Aprendendo com os desafios: o trabalho com a interseccionalidade 101na Educao InfantilAndria Lisboa de Sousa
4. SugESTO DE ATIVIDADES 107
Apresentao
As histrias e culturas africanas e afro-brasileiras alcanam, a cada dia, uma abrangncia maior nos sistemas de ensino, graas ao ativista do/s Movimento/s Negro/s, dos/das negros/as em movimento e das pessoas comprometidas com justia social e expanso de direitos humanos.
A Lei n 10.639/2003, certamente, um dos marcos significativos que fortalecem a presena da questo tnico-racial nos currculos escolares. Afinal, uma lei que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, em atendimento a demandas e reivindicaes sociais e histricas.
Nesta direo, coloca-se o projeto A Cor da Cultura, cuja primeira edio (2004 a 2006) acenou para a necessidade de um olhar, uma ao direcionada, com nfase e destaque chamada Educao Infantil que atende a crianas de zero a seis anos incompletos. Nos livros Animados, no Nota 10, nos Cadernos modos de Ver, modos de Sentir e modos de Interagir, o projeto dedica uma ateno especial a essas crianas. Contudo, percebemos que pouco, diante das demandas com as quais nos deparamos no contato com professores e professoras dos sete estados contemplados (Bahia, Rio de Janeiro, Maranho, So Paulo, Par, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul), no perodo. Em alguns municpios, como Campinas e Porto Alegre, fomos chamados a construir, em parceria com as secretarias de Educao, uma formao especfica para a implementao da Lei junto a docentes da 1 e da 2 infncias. Nos demais municpios dos estados atendidos, podemos dizer que em todos, ou quase todos, visitamos creches e escolas que atendiam a crianas de zero a seis anos. O contato, a escuta, o dilogo, o ouvir, ver, compartilhar ideias e sonhos com as docentes nos do fundamentos para o Caderno modos de Brincar, quinto da Coleo Saberes e Fazeres.
Esta breve explicao se faz necessria para sublinharmos que este Caderno modos de Brincar vem ao encontro da necessidade de nos debruarmos e refletirmos sobre a ao acerca da educao para as relaes tnico-raciais, para as Africanidades Brasileiras, para as Histria/s e Cultura/s Africanas e Afro-brasileiras na Educao Infantil.
7
modos de Brincar. Por que este nome? Existe um dito popular que diz: o que tem nome existe. Todos os cadernos do Projeto se iniciam com a palavra modos, que traz embutida a crena de que, no cotidiano escolar e na vida, h diversidade, diferentes modalidades, diversos caminhos, diversas possibilidades, ou seja, cremos no na verdade nica e imutvel, mas em um leque de possibilidades de ao, reflexo. No cotidiano escolar, os diversos modos esto presentes, mesmo que deles discordemos.
Mas por que modos de Brincar? Aqui uma provocao, um convite a encararmos o brincar como potncia e possibilidade, como algo constitutivo de ns, mamferos, como algo que potencializa os corpos e suas expresses, que aciona nossa subjetividade, nossa memria, nossa corporeidade e ludicidade... Como algo da nossa energia vital, que queremos expandir para todas as idades. Como um convite: BRINQUEMOS!
8
O Caderno modos de Brincar tem razes que nos sustentam e nos estimulam
a agir e pensar sobre: a luta contra o racismo, o direito cidadania e
vida de todas as crianas. Tambm um libelo Educao: acreditamos
que a Educao parte determinante na (re)construo de valores, to
fundamentais a essas lutas. E para operacionalizar o que nos sustenta no
cotidiano escolar, buscamos os valores civilizatrios afro-brasileiros como
fios que traduzem a presena, influncia e participao da populao
afrodescendente como protagonista na construo permanente do que
chamamos nossa BRASILIDADE.
Fios estes que, em dilogo entre si e com outros de outros grupos
tnicos, nos inspiraram a organizar um livro com muitas vozes, palavras,
escritas diversas em estilos e concepes, mas unidas nas razes
que nos sustentam. Em dilogo explcito ou no com alguns valores
civilizatrios afro-brasileiros, foram produzidos textos que, esperamos,
nos ajudem a compreender a importncia de uma educao para as
relaes tnico-raciais, de uma educao antirracista, que capilarize
e valorize, conscientemente, valores civilizatrios afro-brasileiros em
vrias reas de conhecimento.
importante destacar que a classificao dos textos em relao aos
valores subjetiva, para no dizer arbitrria, de modo que cada leitor/a
no se sinta compelido/a a seguir a ordem apresentada, nem tampouco
a nossa classificao. Nossa diviso/classificao/relao textos-valores
didtica e esttica, j que os valores se imbricam, se interseccionalizam,
no so estanques na sociedade. Sendo assim, qualquer ordem de
leitura do texto a ORDEM, como so as possibilidades de construo
de currculos emancipatrios, antirracistas e que valorizem a nossa rica
diversidade tnico-cultural.
9
Valores ciVilizatrios afro-brasileiros e educao infantil: uma contribuio afro-brasileira
Azoilda Loretto da Trindade
ao comear a pensar em escrever este texto, algumas frases e imagens se fizeram presentes em minha memria. a mais marcante, inicialmente, foi a do cenrio de reunio pedaggica, e a lembrana de vozes de colegas docentes, em diversos momentos: eles no tm valores!. (referindo-se aos estudantes), eles no tm hbitos, nem atitudes!.
Parece que, quando a gente pega o fio da memria, uma imagem puxa a outra. comecei a me lembrar de outras cenas que me marcaram como docente, num