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A PROSA MEDIEVAL É UM CICLO DE HISTÓRIAS, GERALMENTE DE CAVALARIA, QUE DOMINARAM O PERÍODO MEDIEVAL.

Prosa medieval

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A P R O S A M E D I E VA L É U M C I C L O D E H I S T Ó R I A S , G E R A L M E N T E

D E C AVA L A R I A , Q U E D O M I N A R A M O P E R Í O D O M E D I E VA L .

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O primeiro período da Época Medieval era caracterizado pelo Lirismo Trovadoresco

e pela Prosa Anónima, assim chamada por não sabermos a quem pertence. Era

feita nos conventos, pelo que também pode ser designada por prosa conventual ou

monástica.

Até ao reinado de D. Dinis, os documentos eram

escritos em latim bárbaro. É este rei que ordena

que os documentos passem a ser escritos em

romanço (português).

Aproveitando a acção cultural desenvolvida pelos

frades de Santa Cruz de Coimbra, de São Vicente de

Lisboa, do Lorvão e de Alcobaça, D. Dinis fomentou

a produção literária em língua portuguesa.

Foi, pois, a partir do reinado de D. Dinis que se

começou a desenvolver a prosa, enquanto decaía a

poesia. (século XIII-XIV)

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de caráter religioso girou em torno de traduções de episódios bíblicos, muitas

vezes ampliadas com comentários ou derivações ficcionadas, e de obras de caráter

hagiográfico (vidas de santos).

era direcionada à educação da nobreza, objectivando orientá-la no convívio social

e no adestramento físico para a guerra.

Conforme Moisés “O culto do desporto, especialmente o da caça, ocupa o

primeiro lugar nessa pedagogia pragmática. As virtudes morais também se

lembram e se enaltecem, mas sempre visando a alcançar o perfeito equilíbrio

entre a saúde do corpo e a do espírito”.

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Assim, as primeiras obras em prosa são de feição religiosa e didáctica, social e

moral:

Hagiografias (biografias de santos); relatos bibliográficos de figuras

canonizadas, escritos em latim;

Lendas pias

Contos morais (Orto do Sposo, escrito pelos frades de Alcobaça)

Fábulas (Livro de Esopo)

Regras monásticas (de que é exemplo a Regra de São Bento, da Ordem de

Cister de Alcobaça).

Horto do Esposo: rostodo primeiro fólio doCódice Alcobacense

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Destacam-se ainda as seguintes obras:

Livro da Montaria, de D. João I

Leal Conselheiro e Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, de D.

Duarte

O Livro da Virtuosa Benfeitoria, do Infante D. Pedro, o Regente (nascido em

1392 e morto em 1449, na batalha de Alfarrobeira, era filho bastardo de D.

João I

Livro de Falcoaria, de Pero Menino

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Ao lado destas obras, de feição religiosa e moral aparecem os primeiros ensaios

históricos, ainda rudimentares e anónimos:

Cronicões (registo de documentos

historiográficos); relatam, de forma

romanceada, os episódios históricos/sociais do

século XIV; foram quase todos escritos pelos

frades.

Livros de Linhagem ou Nobiliários – eram

registos genealógicos de famílias nobres em

Portugal.

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Os Cronicões designam as primeiras tentativas medievais de prosa literária, sob a

forma de relatos historiográficos.

Os Cronicões são de grande importância para o estudo da evolução da língua

portuguesa, mas, sobretudo como fontes históricas.

Embora ainda sem a crítica objectiva, os Cronicões fornecem-nos conhecimentos dos

costumes da época e uma visão dos factos principais da História dos nossos primeiros

reis.

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Os principais Cronicões foram publicados por Alexandre Herculano no Portugaliae

Monumenta Histórica e são os seguintes:

Crónica Breve do Arquivo Nacional – simples enumeração de factos

particulares respeitantes aos nossos primeiros reis até D. Dinis.

Crónicas Breves e Memórias Avulsas do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

Crónica da Conquista do Algarve – conta como Dom Payo Correa tomou o

reino do Algarve aos mouros.

Crónica da Fundação do Mosteiro de São Vicente de Lisboa – narra a conquista

de Lisboa por D. Afonso Henriques e a fundação do mosteiro de S. Vicente por

este monarca.

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Os Livros de Linhagens, a que no século XVI se deu também o nome de Nobiliários,

são quatro obras escritas durante a Idade Média (séculos XIII e XIV) onde se descreve a

genealogia das principais famílias nobres no reino e que alternam a história com a

lenda.

A função dos livros de linhagens era prática, servindo para regular casamentos

consanguíneos e assegurando os direitos hereditários dos membros de uma família

nobre e dos seus descendentes, além de conservar a memória dos antigos feitos dos

fidalgos (filhos d'algo).

Estes livros têm grande valor documental e transmitem um importante legado

histórico, cultural e literário. Além de serem a história da nobreza medieval, contêm

também lendas, fábulas, costumes e narrações de factos históricos.

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Os Nobiliários são quatro:

Livro Velho – assim chamado por ser o mais antigo. Inclui a «Lenda de Gaia» e

chegou até aos nossos dias completo.

Livro Novo – nele está incluída uma versão da «Lenda de Gaia». Chegaram até

nós apenas fragmentos.

Nobiliário do Colégio dos Nobres – Terceiro Livro de Linhagens, ou Nobiliário da

Ajuda); chegaram até nós apenas fragmentos.

Nobiliário de D. Pedro, Conde de Barcelos – da autoria de D. Pedro, Conde de

Barcelos, filho bastardo de D. Dinis. Este nobiliário está completo e é o mais

desenvolvido dos quatro. Apresenta-se como a primeira tentativa de resumo da

história universal desde os princípios da Humanidade. Nele se encontram muitas

lendas, mais tarde aproveitadas pelos autores do romantismo. Inclui ainda uma

descrição da batalha do Salado, que ficou célebre.

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Novelas de Cavalaria: narrativas literárias em capítulos que contam os grandes feitos deum herói (acompanhado de seus cavaleiros), entremeados de célebres histórias de amor.

Romance de Cavalaria

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As histórias de amor não são melancólicas e platónicas como

nas cantigas:

o herói cultua a amada, mas não se contenta apenas em vê-la;

ele quer e é correspondido pela amada, que por ser casada (ou

religiosa: "casada com Cristo"), torna-se adúltera para

concretizar o seu amor;

os obstáculos incentivam o herói na fase de conquista (o que é

proibido é mais gostoso), ao invés de torná-lo impotente como

acontece nas cantigas;

a esse amor físico, adúltero, presente nas novelas, dá-se o

nome de amor cortês, em que o casal central não tem final feliz

e é severamente punido pelo pecado cometido.

Os heróis medievais não têm a força física exagerada dos heróis

da antiguidade clássica, mas são sempre jovens, belos e

elegantes. Suas amadas são sempre "as mais belas do reino". O cavaleiro, herói ideal da Idade Média

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Além dos géneros literários de feição

religiosa e histórica, encontramos no

mesmo período obras absolutamente

dominadas pelo maravilhoso e que são os

romances de cavalaria - produto da

imaginação e fantasia dos autores, embora

com um certo fundamento de verdade.

Esta prosa medieval portuguesa tem

origem em várias regiões europeias e as

manifestações mais importantes são as

Novelas de Cavalaria, originárias das

antigas Canções de Gesta, poemas épicos,

guerreiros, dos quais o mais famoso é a

célebre Chanson de Roland, de origem

francesa.

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Os romances ou novelas de cavalaria são de origem medieval, e constituem uma das

manifestações literárias de ficção em prosa mais ricas da literatura peninsular. Podemos

considerá-las, sobretudo as da matéria da Bretanha (ligadas às aventuras da corte do rei

Artur e da Távola Redonda), verdadeiros códigos de conduta medieval e cavaleiresca.

Costumam agrupar-se em ciclos, isto é, conjuntos de novelas que giram à volta do

mesmo assunto e movimentam as mesmas personagens. De carácter místico e

simbólico, relatam aventuras penetradas de espiritualidade cristã e subordinam-se a um

ideal místico, que sublima o amor profano.

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As novelas estão dividas em três grupos, chamados ciclos:

Ciclo Bretão (Arturiano): originário da Inglaterra, regista os feitos do rei Artur

e os seus cavaleiros. (Os Cavaleiros da Távola Redonda). A narrativa mais

conhecida é A Demanda do Santo Graal de temática religiosa.

Ciclo Carolíngio: narra os trabalhos heróicos do rei Carlos Magno e os Doze

Pares de França, especialmente quando na luta contra os saxões.

Ciclo Greco-latino (Clássico): narrativas relacionadas à cultura helénica

(Grécia e Roma).

Uma novela independente desses ciclos e que tem um destaque especial é

Amadis de Gaula, de autor ibérico, em que se regista o heroísmo do bretão

Amadis que, por ser do país de Gales, recebe o complemento Gaula, daí o

nome "Amado de Gaula".

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Na Península Ibérica, surge no século XIV o Amadis de Gaula, atribuído a João de

Lobeira, mas cuja autoria é ainda incerta, dado que a primeira versão publicada, mais

tardia, é em castelhano.

Este romance oferece-nos o paradigma do perfeito cavaleiro, destruidor de monstros e

malvados, amador constante e tímido de uma donzela, Oriana, a Sem Par, que se deixa

possuir antes do casamento e está na origem do chamado ciclo de Amadis, um dos de

maiores sucessos na literatura peninsular.

Este novo desenvolvimento da matéria da Bretanha foi o

ponto de partida para uma frondosa ramificação do

romance de cavalaria no século XVI, ridicularizada por

Miguel de Cervantes em Dom Quixote.

Amadis de Gaula - Amor e Violência

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Fim

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