2
Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Físicas e Matemáticas Departamento de Química Curso: Licenciatura em Química Disciplina: MEN7007- Metodologia para o Ensino de Química Turma: 05205 2013/1 Professor: Carlos Alberto Marques Aluna: Marília Isabel Tarnowski Correia Resenha: Em que consiste o conhecimento científico?. (BORGES, R. M. R.; Em Debate: cientificidade e a educação em ciências. Porto Alegre: SE/CECIRS, 1996.) Regina Maria Rebello Borges trata da evolução do conhecimento cientifico e da discussão de várias ideias sobre a natureza do mesmo. A discussão é parte da obra: “Em Debate: cientificidade e a educação em ciências” do ano de 1996 da editora do Centro de Ciências do Rio Grande do Sul (CECIRS) de Porto Alegre e encontra-se no segundo capítulo, intitulado “Em que consiste o conhecimento científico?”. Levando em conta as mudanças significativas na ciência e a natureza do conhecimento científico, o debate entre a concepção positivista e as concepções que a contrariam geram grandes divergências. No presente capítulo a autora desenvolve essas ideias através da discussão do empirismo indutivista e do positivismo lógico, do racionalismo crítico de Karl Popper, do racionalismo dialético de Gaston Bachelard, da concepção de observação e interpretação de Norowood Russel Hanson, da ciência como consenso entre cientistas defendida por Thomas S. Kuhn e o paradigma social do externalismo. O empirismo lógico acredita que o conhecimento origina-se do particular para o geral, primeiro se observa e depois se deduz. Para Francis Bacon, por exemplo, a descoberta é sinônimo de verdade. Porém, desde o século XVII havia divergências quanto a essa forma de compreender o desenvolvimento da ciência. David Hume criticava essa prática afirmando que a repetição de um fenômeno não necessariamente implica na recorrência do mesmo no futuro, o que ficou conhecido como “problema de Hume”. O positivismo diz que é impossível conhecer a causa dos acontecimentos, sendo que a ciência deve apenas estabelecer as leis que regem os mesmos, preocupando-se apenas em dar base lógica à ciência. Para os positivistas, algo só pode ser considerado

Resenha epistemologia

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Resenha epistemologia

Universidade Federal de Santa Catarina

Centro de Ciências Físicas e Matemáticas

Departamento de Química

Curso: Licenciatura em Química

Disciplina: MEN7007- Metodologia para o Ensino de Química

Turma: 05205 – 2013/1

Professor: Carlos Alberto Marques

Aluna: Marília Isabel Tarnowski Correia

Resenha: Em que consiste o conhecimento científico?. (BORGES, R. M. R.; Em

Debate: cientificidade e a educação em ciências. Porto Alegre: SE/CECIRS, 1996.)

Regina Maria Rebello Borges trata da evolução do conhecimento cientifico e da

discussão de várias ideias sobre a natureza do mesmo. A discussão é parte da obra: “Em

Debate: cientificidade e a educação em ciências” do ano de 1996 da editora do Centro

de Ciências do Rio Grande do Sul (CECIRS) de Porto Alegre e encontra-se no segundo

capítulo, intitulado “Em que consiste o conhecimento científico?”. Levando em conta as

mudanças significativas na ciência e a natureza do conhecimento científico, o debate

entre a concepção positivista e as concepções que a contrariam geram grandes

divergências.

No presente capítulo a autora desenvolve essas ideias através da discussão do

empirismo indutivista e do positivismo lógico, do racionalismo crítico de Karl Popper,

do racionalismo dialético de Gaston Bachelard, da concepção de observação e

interpretação de Norowood Russel Hanson, da ciência como consenso entre cientistas

defendida por Thomas S. Kuhn e o paradigma social do externalismo.

O empirismo lógico acredita que o conhecimento origina-se do particular para o

geral, primeiro se observa e depois se deduz. Para Francis Bacon, por exemplo, a

descoberta é sinônimo de verdade. Porém, desde o século XVII havia divergências

quanto a essa forma de compreender o desenvolvimento da ciência. David Hume

criticava essa prática afirmando que a repetição de um fenômeno não necessariamente

implica na recorrência do mesmo no futuro, o que ficou conhecido como “problema de

Hume”.

O positivismo diz que é impossível conhecer a causa dos acontecimentos, sendo

que a ciência deve apenas estabelecer as leis que regem os mesmos, preocupando-se

apenas em dar base lógica à ciência. Para os positivistas, algo só pode ser considerado

Page 2: Resenha epistemologia

um problema científico se pode ser verificado pelos sentidos ou por algo relacionado

aos mesmos. Assim, no positivismo é preciso abstrair e racionalizar para poder prever

os fenômenos.

Karl Popper, em publicações a partir de 1934, adota o racionalismo crítico e foi

um dos primeiros críticos ao positivismo e do método de indução/dedução. Para Popper,

todas as teorias podem ser expostas a testes e, se necessário, rejeitadas, substituindo o

método científico tradicional pelo método de hipótese e dedução, preservando o caráter

racional de uma pesquisa.

Antes disso, a partir de 1928, Gaston Bachelard passou a contestar a ideia de que

só é possível conhecer o que é mensurável não podendo, assim, fragmentar-se a

realidade, mas romper e reestruturar conhecimentos pré-concebidos. Para Bachelard a

ciência sistematiza e coordena as inovações e o cientista não descobre nada novo,

apenas sintetiza melhor o que já foi descoberto, ou seja, é necessário conhecer o

presente para compreender o passado.

Já nos anos 50, Norowood Russel Hanson defende o fato de que não é possível

fragmentar observação de interpretação sem que essas percam suas características, ou

seja, no ato de observar algo estamos simultaneamente interpretando. Também defende

a ideia de que dois observadores diante do mesmo acontecimento/fenômeno podem ter

diferentes interpretações sobre o mesmo dependendo das suas concepções prévias sobre

o assunto.

A partir dos anos 60, Thomas S. Kuhn passa a dar importância ao dogma e aos

paradigmas no desenvolvimento científico. Para Kuhn, a ciência de uma determinada

época deve ser julgada de acordo com os conhecimentos daquela época, sem

intervenção dos conhecimentos atuais, pois mesmo teorias tidas como obsoletas têm seu

valor dentro do contexto no qual estão inseridas.

No entanto, para o Externalismo, os paradigmas sociais são determinantes da

cultura e, consequentemente, da ciência. Ou seja, os fatores sócio-econômicos-culturais

influenciam também no desenvolvimento científico.