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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA ". ACÓRDÃO REGISTRADO ( A)SOBN : - Vistos, relatados e -discutidos estes -autos de •EMBARGOS DE DECLARAÇÃO n° 792.789-5/1-01, da Comarca de OLÍMPIA,' 'em que' é embargante EDUARDO JOSÉ VENDRAMEL sendo embargado,MINISTÉRIO PÚBLICO: ACORDAM, em Sétima Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado "de São Paulo,. proferir a seguinte decisão: "RECEBERAM^ OS EMBARGOS, CONTRA O VOTO DO RELATOR QUE REJEITAVA O RECURSO, V.U a \ O julgamento teve a , participação dos Desembargadores 'GUERRIERI REZENDE (Presidente,- sem voto), COIMBRA SCHMIDT (RELATOR SORTEADO) e BARRETO FONSECA. } -São Paulo, 25 de maio-de 2009, NOGUEIRA DIEFENTHALER Relator DESIGNADO. i . /

Acordao Embargos

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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA

". ACÓRDÃO REGISTRADO ( A)SOBN :

- Vistos, relatados e -discutidos estes -autos de

•EMBARGOS DE DECLARAÇÃO n° 792.789-5/1-01, da Comarca de

OLÍMPIA,' 'em que' é embargante EDUARDO JOSÉ VENDRAMEL sendo

embargado,MINISTÉRIO PÚBLICO:

ACORDAM, em Sétima Câmara de Direito Público do

Tribunal de Justiça do Estado "de São Paulo,. proferir a

seguinte decisão: "RECEBERAM^ OS EMBARGOS, CONTRA O VOTO DO

RELATOR QUE REJEITAVA O RECURSO, V.U a \

O julgamento teve a , participação dos

Desembargadores 'GUERRIERI REZENDE (Presidente,- sem voto),

COIMBRA SCHMIDT (RELATOR SORTEADO) e BARRETO FONSECA. }

-São Paulo, 25 de maio-de 2009,

NOGUEIRA DIEFENTHALER Relator DESIGNADO. i

. /

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto n° 6281 Embargos de Declaração 792.789.5/1-01 Erríbargante: Eduardo JoséxVendramel -Embargado: Ministério Público Comarca de Olímpia 7 a Câmara de Direito Público

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. Não apreciada a tese do embargante relativamente à inexistência de má-fé, acolhem-se os embargos-de declaração para, imprimindo-Ihes efeitos infringentes, alterar a fixação da multa, para o cquivtüente à uma vez o acréscimo patrimonial verificado Embargos de declaração acolhidos.

- Vistos; -

EDUARDO JOSÉ VENDRAMEL opôs

embargos de declaração em face do V. Acórdão de

fls. 630/635, imputando omissão porquanto a decisão

não apreciou suas assertivas sob oângulo da boà-fé .

Assevera que* a premissa do ato ilegal e ímprobo é a

má-fé, tese' esta' não apreciada na ocasião" do \ . -

julgamento. Requer o - provimento do recurso e

reforma da decisão.

r m -

E o relatório.

1. , N Acolherei os embargos por que o

trabalho não constitui lesão ao Erário, pelo contrário,

V6281 -' r

âm PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

o Estado tem o dever de propiciaj ao preso, meios e

formas para o cumprimento da detração penal

mediante trabalho -cujo escopo servirá para o

abatimento da pena. , •

O delegado colocou presos para

trabalharem em sua residência. O ato de labor de per

si, não é lesivo-,ao Estado ou , à Administração.

Portanto, conforme veremos adiante, a -pena. é

extremada em relação ao fato.

Se desvio ocorreu, o foi com o

deslocamento de viaturas para o transporte de

presos a fim de levá-los ao canteiro de, obras da

residência do acionado. Porem trata-se de fato de

menor vulto do ponto de vista da lesividade.

2. O conteúdo Moral; r-

A lei de improbidade inaugura a

possibilidade de estimação judicial do que é moral

(ou não)' e transformar fatos eventualmente

sancionáveis, em tipos, normativos reprováveis, o

-desde o ponto de< vista da Moral (comum), não

apenas em seu. próprio âmbito, para, a partir do texto

legal "et pour cause" dar-lhes encaminhamento para

a posteriori, sancioná-los, a também sob o ponto de

Embargos de Declaração n° 792.789.5/0-00 ' , Comarca de Olímpia - 7a Câmara de Direito Público

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vista jurídico. Registro que a Ciência da? Moral é

também ciência prescritiva e normativa - sem que

tenha, entretanto, roupagem da juridicidade; deflete

por. seu turno, quando alguma norma' moral é

infringida, o raio de alcance da sanção secundum lus

relativamente à iVifração.

Mas nex' legis", não é imoral o

trabalho, do preso -.será, ao contrário, aceitável e

.muito mais: cuida-se de verdadeiro preceito

requerido pelo ordenamento jurídico do Estado; e

assim também o é do ponto de vista, da Moral. Logo,

o trabalhar fora das expectativas do Juízo da

Execução não confrange o ordenamento legal.no caso

específico da- Lei de Improbidade,- por que' ao

contrário do que pode parecer, o Direito prescreve ao

Estado do dever de disponibilizar trabalho para o

sentenciado.. Pergunta-se: mas e p ato de mandar

trabalhar em sua própria residência, pagando, aos

presos,. quantia em obra -que ; não consulta

diretamente o interesse público/como entender este

fato? Bem, primeiramente há que se considerar què o

trabalho, se provido pelo Estado ou por convênios por_

ele estabelecidos, não pode definir outra solução se

hão a do pagamento para o preso que obtém o "favor

legis" do abatimento dos dias de confina mérito pôr

Embargos de Declaração n° 792.789.5/0-00 ComarcadejOlímpia - 7 a Câmara de Direito Públicc

.íiáÉk PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DESÂO PAULO

meio de trabalho. Logo; o axioma normativo -

tanto o de conteúdo Moral, tanto o que se o segue,

qual seja, o jurídico, querem ctrabalho e entendem-

no corno valor principiai,'Em resumo, ninguém pode

censurar como sendo imoral, o ato de proporcionar

trabalho para o preso. Neste passo, se mínima a

remuneração que aquele recebeu, não ao Estado,

:mas antes ao preso, sucederá lesão de direito

individual - por conseguinte, inviável, ou melhor,

insuscetível de taxação no caso presente, como ilícita

- sob a modalidade juridicamente compreendida, de

ser baixa a remuneração despendida ao preso - pois,

(reitero a intelecção), somente aos sentenciados'

caberia vindicar indenização pelo quantum a mais ao

qual possivelmente-teriam direito, isso sem contar

com o fato de que de uma ou outra forma, abateu-se

a pena em seu proveito. ,

3. Da Pena Aplicada;

Pois bem, uma vez entendido que,a

conduta do Delegado não sé constitui essencialmente

de atributo imoral ou- ímprobo, o prolator da r.

sentença compreendeu de modo -diverso. Ora,

concluiremos que aquela conduta não se desencaixa

do edifício da moralidade - ao contrário^corrobora-na

Embargos de Declaração no 792.789.5/0-00. Comarca de Olímpia - 7a Câmara de Direito Público

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e, por sua vez, não quadra com a espécie tipificada;

- não' pelo menos substancialmente conforme o que

consagrado por meio do teor da decisão recorrida,

porquanto-, observo não ter havido no deslocamento > ,

dos presos,- vantagem ilícita em proveito próprio

conforme preconizado na r. sentença; - a adequação

do fato ao decreto judicial deveria, vèrbi gratia

circunscrever-sé a partir e, primeiramente em razão

da efetividade palpável ou concreta da conduta a ser

apurada relativamente ao fato (e, mesmo abstrata,

isso. se detivermo-nos diante, do comando legal de

promover o trabalho do preso), ou ainda a propósito

da lesão produzida pelo acionado em desproveito dos r 1

deveres da gestão de bem administrar; todavia, no

j:aso que ora examinamos - não podemos concluir

em coincidência com o regramento instituído pela

sentença. Pois veremos que, de fato, â regra do

"caput" do artigo -36 da Lei das- Execuções Penais,

sabidamente, permite o serviço realizado em obra

particular. Deste modo, a apenação fixada pela DD.

prolator, com a-devida vênia-de> seu entendimento

está em desconformidade com o requisito que esta

sorte de caso requer para ser positivado, que exista

ação aleivosa, com intento de prevâlecimento, de

obtenção desvantagem indevida, ou todos os que

constam do artigo 9o a 12° dà Lei de Improbidade. A

Embargos de Declaração n° 792.789.5/0-00 Comarca de-Olímpia - 7a Câmara de Direito Publico

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v sentença acolheu tipologia-que de lege ferenda não

tem coerça.o normativa vigente, qualseja: de achar

imoral o uso indevido dos serviços de terceiros -

estes sob a custódia do Estado. Entretanto, o

acionado pagou por este serviço e ò fez computar

(refiro-me aos dias de trabalho dos ^anotando-os em

prontuário) e mais; conforme dissemos acima, a par

de ter remunerado por isso quantia ' -não

despròporcionada aos preços que corresponderiam ao

trabalho desempenhado pelos sentenciados, obteve

deles a anuência ao trabalho conforme .consta dos

autos. Por conseguinte, não há lugar para a

subsistência da sentença tal como foi proferida, de

sorte que provejo de minha parte, os embargos,

declaratórios aqui-opostos. . -t

Posto isso, acolho os embargos dei

declaração a fim de, conhecendo-os, provê-los de

sorte a, acolher a irresignação e dar provimento ao

apelo do acionado. \

NOGUEIRA DIEFENTWOJER RELATOR DESIGNADO

Embargos de Declaração n° 792 789.5/0-00 Comarca de Olímpia - 7 a Câmara de Direito Público

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Voto n° 12.458

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO n° 792.789.5/1-01 - OLÍMPIA Embargante: EDUARDO JOSÉ VENDRAMEL Embargado: MINISTÉRIO PÚBLICO

PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DECLARATÓRIOS - não é omisso acórdão que não padece da falha apontada pela parte.

Embargos rejeitados.

Embargos de declaração tempestivamente

deduzidos pelo apelante em face do acórdão de f. 629/35, dito omisso

por não ter analisado sua conduta "sob o ponto de vista da boa-fé e da

má-fé".

É o relatório.

O embargante não apontou nenhuma

passagem que se enquadre na casuística do art. 535 do Código de

Processo Civil, limitando-se a externar seu inconformismo no tocante ao

mérito da decisão tomada pela Câmara, resultando disso o caráter

infringente do recurso.

Embargos de Declaração n° 792.789 5/1-01 l

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São, em realidade, "embargos de

irresignação", que não se prestam ao fim colunado por ser defeso ao

órgão julgador rever o mérito da decisão em sua jurisdição definitiva,

cabendo tão-somente o exercício do recurso possível ao órgão

jurisdicional imediatamente superior.

Não está o Magistrado a julgar a

questão posta a seu exame de acordo com o pleiteado pelas partes,

mas sim com o seu livre convencimento (art. 131, do CPC), utilizando-

se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da

legislação que entender aplicável ao caso concreto.

Desnecessidade, no bojo da ação

julgada, de se abordar, como suporte da decisão, os dispositivos legais

e constitucionais apontados. Decisório recorrido que se encontra

perfeitamente motivado. Inexistência de ofensa ao art. 458, II, do CPC.

Matéria enfocada devidamente abordada no âmbito do voto condutor

do aresto hostilizado1.

A Egrégia Corte Especial deste Superior

Tribunal de Justiça firmou já entendimento no sentido de que o

prequestionamento consiste na apreciação e na solução, pelo tribunal

de origem, das questões jurídicas que envolvam a norma positiva tida

por violada, não requisitando, necessariamente, que o acórdão

impugnado faça expressa referência ao dispositivo de lei tido como

1 Resp n° 332 885-0 - ES - Min JOSÉ DELGADO - Primeira Turma - Unânime - DJU 27 9 2004 -RSTJ 184/93

Embargos de Declaração n° 792.789.5/1-01 2

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violado (EREsp n° 155.621 / SP, Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, in

DJTJ 13.9.99).

Posto isso, rejeito os embargos.

COlMKfffcA SCHMIDT

ílator

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