2
DIREITOS TRABALHISTAS DEVEM SER PRESERVADOS Enio Verri* Desde o surgimento da crise financeira mundial, a grande mídia no Brasil vem divulgando, até com uma certa insistência, o aumento do desemprego. Isso sem dúvida nenhuma é um grande problema numa situação de turbulência econômica, porque se cria um círculo vicioso que somente vai agravar a situação, ou seja, se as pessoas não recebem, não compram e as indústrias reduzem a produção e consequentemente o número de empregados. A verdade é que temos de tomar muito cuidado com essas notícias. Esse não é o momento de se falar em flexibilização nas relações de trabalho. Alguns empresários, aproveitando a situação, apregoam aos quatro cantos que só têm um jeito de se manter o emprego: mudando a legislação trabalhista. Eles insistem que a saída é reduzir a carga horária dos trabalhadores, pagar menos, cortar direitos. Num país como o nosso, onde o direito da nossa população ainda é tão restrito, onde se trabalha muito para se ganhar tão pouco, é muito difícil de se concordar com essa tal política de flexibilização do trabalho. Por isso, o Ministério Público Federal, as Centrais Sindicais, o governo Lula e no caso do Paraná, o nosso governador Roberto Requião, estão discutindo alternativas para gerar mais empregos. O momento exige união entre a classe trabalhadora, governo e empresários responsáveis. Não podemos concordar que os direitos dos trabalhadores sejam alterados. O décimo terceiro, as férias, a licença maternidade, entre outros,

Direitos trabalhistas devem ser preservados

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Direitos trabalhistas devem ser preservados

DIREITOS TRABALHISTAS DEVEM SER PRESERVADOS

Enio Verri*

Desde o surgimento da crise financeira mundial, a grande mídia no Brasil vem divulgando, até com uma certa insistência, o aumento do desemprego. Isso sem dúvida nenhuma é um grande problema numa situação de turbulência econômica, porque se cria um círculo vicioso que somente vai agravar a situação, ou seja, se as pessoas não recebem, não compram e as indústrias reduzem a produção e consequentemente o número de empregados.

A verdade é que temos de tomar muito cuidado com essas notícias. Esse não é o momento de se falar em flexibilização nas relações de trabalho. Alguns empresários, aproveitando a situação, apregoam aos quatro cantos que só têm um jeito de se manter o emprego: mudando a legislação trabalhista. Eles insistem que a saída é reduzir a carga horária dos trabalhadores, pagar menos, cortar direitos.

Num país como o nosso, onde o direito da nossa população ainda é tão restrito, onde se trabalha muito para se ganhar tão pouco, é muito difícil de se concordar com essa tal política de flexibilização do trabalho.

Por isso, o Ministério Público Federal, as Centrais Sindicais, o governo Lula e no caso do Paraná, o nosso governador Roberto Requião, estão discutindo alternativas para gerar mais empregos.

O momento exige união entre a classe trabalhadora, governo e empresários responsáveis. Não podemos concordar que os direitos dos trabalhadores sejam alterados. O décimo terceiro, as férias, a licença maternidade, entre outros, foram conquistados depois de muita luta. É importante que se acompanhe sempre tudo que está acontecendo e, muito cuidado com esse debate.

Temos que lembrar que a crise é de todo mundo e quem deve pagar o preço somos todos nós. O que não podemos, nesse momento, é concordar que alguns ganhem e que os trabalhadores, como sempre, percam. Vamos ficar de olho nisso, flexibilização das relações de trabalho, alterar a legislação trabalhista no Brasil, não.

Page 2: Direitos trabalhistas devem ser preservados

* Enio Verri é deputado estadual, professor licenciado do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e presidente do PT-Paraná.