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Lembranças das minhas vivências do Graal Parte 1: Pré-reflexões Prefácio Frau Elisabeth Gecks escreveu suas lembranças entre os anos 1956 a 1958, portanto, ainda na época em que Frau Maria estava viva. Elas se formaram por diversos motivos, que Frau Gecks deixa transparecer em suas lembranças: Como expressão da mais profunda gratidão pelas vivências e auxílio pessoal na década sobre a Montanha Sagrada e por alguns anos antes e depois disso; Para testemunhar acontecimentos que co-vivenciara na Montanha e em especial pela visão espiritual em algumas oportunidades; Para poder relatar muitas coisas de forma minuciosa, apesar de terem sido pessoais, pois elas contêm auxílios para outras pessoas e para seu desenvolvimento. Auxiliar pessoas que procuravam e que estavam se abrindo para a Luz e para servir foi seu dom e sua missão especial. Sua natureza dada ia ao encontro daquelas pessoas de maneira ideal. Frau Gecks nasceu em 1º de dezembro de 1884 em Würzburg. Frau Gecks viveu até os 88 anos de idade e faleceu em Munique no dia 13 de agosto de 1972. Apenas aos 41 anos de idade ela encontrou a Mensagem do Graal e a família Bernhardt, bem no início. Ela foi selada em maio de 1927 em Tutzing. Nessa época ela já estava casada há bastante tempo e era mãe de três crianças. No dia 23 de agosto de 1929 ela recebeu a primeira convocação. Em dezembro de 1931 ela tornou-se discípula, sendo convocada ao mesmo tempo como discípula de selamento. No verão de 1930 ela foi para Munique, para cuidar de pessoas, e assim formou-se aos poucos um Círculo do Graal, que em pouco tempo, abrangeu toda a Baviera. Logo depois do falecimento de Frau Maria em 1957 o Círculo do Graal passou para mãos mais jovens e masculinas, mas sua presença como discípula pôde ser sempre sentida de forma auxiliadora.Eu gostaria agora de falar sobre meu conhecimento pessoal com a Frau Gecks, para reproduzir complementando algumas impressões.

Lembranças das minhas vivências do graal Elisabeth Gecks

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Lembranças das minhas vivências do Graal Parte 1: Pré-reflexões

Prefácio

Frau Elisabeth Gecks escreveu suas lembranças entre os anos 1956 a 1958, portanto, ainda na época em que Frau Maria estava

viva.

Elas se formaram por diversos motivos, que Frau Gecks deixa transparecer em suas lembranças:

– Como expressão da mais profunda gratidão pelas vivências e

auxílio pessoal na década sobre a Montanha Sagrada e por alguns anos antes e depois disso;

– Para testemunhar acontecimentos que co-vivenciara na

Montanha e em especial pela visão espiritual em algumas oportunidades;

– Para poder relatar muitas coisas de forma minuciosa, apesar de terem sido pessoais, pois elas contêm auxílios para outras pessoas e

para seu desenvolvimento. Auxiliar pessoas que procuravam e que

estavam se abrindo para a Luz e para servir foi seu dom e sua missão especial. Sua natureza dada ia ao encontro daquelas pessoas de

maneira ideal.

Frau Gecks nasceu em 1º de dezembro de 1884 em Würzburg.

Frau Gecks viveu até os 88 anos de idade e faleceu em Munique no dia

13 de agosto de 1972.

Apenas aos 41 anos de idade ela encontrou a Mensagem do Graal e

a família Bernhardt, bem no início. Ela foi selada em maio de 1927 em

Tutzing. Nessa época ela já estava casada há bastante tempo e era mãe

de três crianças. No dia 23 de agosto de 1929 ela recebeu a primeira convocação. Em dezembro de 1931 ela tornou-se discípula, sendo

convocada ao mesmo tempo como discípula de selamento.

No verão de 1930 ela foi para Munique, para cuidar de pessoas, e assim formou-se aos poucos um Círculo do Graal, que em pouco tempo,

abrangeu toda a Baviera.

Logo depois do falecimento de Frau Maria em 1957 o Círculo do Graal passou para mãos mais jovens e masculinas, mas sua presença

como discípula pôde ser sempre sentida de forma auxiliadora.—

Eu gostaria agora de falar sobre meu conhecimento pessoal com a Frau Gecks, para reproduzir complementando algumas impressões.

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Eu a conheci em 1947 na casa da Frau Marie Agnes von Martius

em Bad Reichenhall. Eu logo tive a impressão de uma grande e

autonôma personalidade. Eu valorizava sua naturalidade, sua expressão feminina, sua beleza e vivacidade. Ambas as senhoras me

acompanharam e me auxiliaram por um bom trecho do meu caminho. A

partir de 1950 passei a pertencer ao Círculo do Graal de Munique e aprendi a conhecer profundamente e a amar a atuação da Frau Gecks

nas devoções, leituras, horas das crianças e horas solenes. Ela sabia

ouvir muito bem, era bondosa e severa também quando era necessário. Ela auxiliou muitas pessoas, que em parte ainda hoje estão vivas,

adquirindo sua gratidão. Eu ouvi o testemunho de muitas delas.

Então veio uma época em que Frau Gecks precisou de amparo na

velhice. Ela expressou o desejo que eu ficasse ao seu lado auxiliando. Assim aconteceu que durante anos eu tive freqüentemente Frau Gecks

como hóspede em minha casa, conhecendo-a ainda mais intimamente.

Nós também trabalhávamos juntas, gravávamos com ajuda das fitas K-7 as conversas e suas lembranças. Seus filhos ficaram agradecidos e

mantiveram contato comigo. Amparada cheia de amor, ela foi mais

tarde para um lar de idosos próximo a Munique. Também lá ela continuou a atuar conforme a sua espécie, também lá ela permaneceu

inesquecível a muitos, como tomei conhecimento. Eu pude cuidar de

Frau Gecks juntamente com sua filha até a hora de sua morte no hospital Altperlach.

Essas lembranças escritas por Frau Gecks me foram deixadas como herança juntamente com muitas outras coisas. Eu nunca me

senti estimulada a torná-las acessíveis a outras pessoas; mas isso agora

se modificou. Eu reconheço que chegou a hora, em que muitos, que não

conheceram os tempos remotos na Montanha Sagrada, sentem um anseio interior, por saber mais. Assim eu me esforcei em fazer uma

cópia resumida e provê-la com valiosas fotos antigas. Agora eu gostaria

de tornar acessível o tesouro das lembranças a algumas poucas pessoas, que pediram insistentemente por isso. Que FrauGecks permita

que esse auxílio vos floresça, meus caros leitores, com os relatos

sinceros de seu próprio crescimento dentro do grande acontecimento sobre a Terra. Liguemo-nos, pois, no anseio de vivificar o espiritual em

nós cada vez mais e mais, a fim de podermos servir melhor à Luz!

Munique, Páscoa de 1993.

Ursula von Bieler

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Lembranças das minhas vivências do Graal

Parte 1: Pré-reflexões

Elisabeth Gecks Janeiro de 1956

Lembranças das minhas vivências do Graal

Pré-reflexões.

Desde meus 19 anos eu procurava conscientemente pela Verdade,

por um esclarecimento das conexões da vida. Vivia em mim a forte e alegre consciência da divindade de Jesus em sua vida terrena e o fato

de que ele havia vindo para auxílio da humanidade. Apenas o fato dele

ter morrido de forma tão horrível eu não conseguia aceitar, isso era

uma dor terrível para mim. Eu tinha a forte intuição de carregar bem em silêncio todas as dores no pensamento em seu exemplo e em seu

amor. “O que ele teve de passar para nos trazer auxílio com sua

existência humana”. Isso era em tudo a minha estrela guia.

Eu cresci em um ambiente, no qual havia a concepção mundial

destrutiva, a qual lançava suas sombras e dúvidas se Jesus havia realmente vivido. Desde criança, porém, entreguei-me a minha própria

intuição, agarrando-me firmemente naquilo que eu já sabia, assim

como eu já explicava quando pequena. Perguntei uma vez a meu pai como era possível que ele tivesse dúvidas, pois eu sabia de fato que

Jesus havia vivido e vindo da divindade. Eu também não mudaria de

opinião se o mundo inteiro duvidasse disso e zombasse de mim, pois eu tinha certeza disso! – Eu escrevo isso dos meus dias de infância como

préfacio, pois para mim é um paralelo para o reconhecimento posterior

de Abd-ru-shin – Parsival – Imanuel como o Filho do Homem. Ao ler sua

Mensagem do Graal eu o reconheci e sabia dele, antes de ter vivenciado Abd-ru-shin pessoalmente. Meu reconhecimento era o mesmo “saber”

dele, como aquele da existência terrena de Jesus, de modo que o mundo

inteiro poderia estar contra mim, eu jamais diria algo diferente do que um “eu sei” oriundo do meu reconhecimento interior! – Nesse saber a

respeito de Jesus eu vivenciei minha primeira comunhão interiormente

de forma tão profunda, que mesmo agora ela ainda pertence às minhas vivências mais profundas. Eu estava apenas preenchida de gratidão a

Deus, de um grande e humilde amor a Jesus, e recebi a comunhão no

pensamento de querer viver de acordo com sua Palavra. Eu não acho que eu havia imaginado recebê-lo realmente em mim, pois notei logo

que minhas concepções eram diferentes da estreiteza e rigidez de

muitos dogmas que a Igreja ensina. Com 14, 15 anos de idade eu me

encontrava num forte conflito com meus professores religiosos, cujas respostas, tão logo eles se esforçassem em me dar, jamais me

satisfaziam.

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A Mensagem do Graal com suas primeiras dissertações de outrora,

tornaram-se-me uma revelação ao lê-las em uma única noite. Uma

facilidade para meu reconhecimento da Verdade foi que já quando criança eu tinha lembranças de minha vida terrena passada, na qual eu

estive envolvida com meu pai. Depois de uma conversa retrospectiva

com ele, a qual me mostrou que ele também sabia a respeito disso, eu me tranqüilizei e não perturbei mais minha mãe, perguntando por que

eu me encontrava agora aqui e era filha dela. Quando contei muitas

particularidades a meu pai, ele disse: “Sim, nós vivemos juntos naquela época, mas não fale sobre isso, as pessoas não o entendem”. Sim, isso

eu também sentia, mesmo sendo pequena. Para mim bastava que meu

pai também o soubesse, pois assim algo especial sempre nos ligou; meu

saber ou pressentimento religioso tocou-o durante toda sua vida e certamente lhe abriu no Além o caminho para o reconhecimento. Aliás,

eu sei que ele também encontrou o caminho.

Assim essas lembranças passadas levaram-me ao reconhecimento da reencarnação e me deram o grande choque devido ao fato da Igreja

não saber nada a respeito, recusando isso até indignada, como eu tive

que tomar conhecimento mais tarde por meio dos sacerdotes católicos e evangélicos.

Depois de atingir a maioridade, saí da Igreja Católica, pois minhas concepções e a vivência religiosa não lhe eram correspondentes. Como

eu havia levado comigo a fé em Jesus e não queria ficar sem a Ceia e

queria me aprofundar na doutrina de Jesus, ingressei na Igreja Evangélica Unida. – A estreiteza da igreja de Lutero com a salvação por

meio da morte na cruz de Jesus como algo desejado por Deus, conheci

através da aula de religião dos meus filhos na Bavária, horrorizada. Eu

mesma não tinha há muito tempo mais nenhuma ligação com uma igreja. Eu estava decepcionada e havia vivenciado a rigidez e a

sobriedade intelectual em muitas pessoas. Na Mensagem do Graal

encontrei então o esclarecimento resplandescente para tudo. Eu gostaria, por exemplo, de cizxtar o anjo da guarda, idêntico ao guia do

ser humano no âmbito interior e aos auxiliares enteais no âmbito

terreno, material. Também os conceitos purgatório e inferno, apesar das concepções torcidas e primitivas, surgiram do saber de outrora a

respeito dos planos luminosos, mais elevados e dos sombrios, através

do querer e atuar errôneos do ser humano, assim como a Mensagem descreve isso tudo de forma bem clara. – Um pressentimento a respeito

disso me fez sempre continuar a procurar, até que aos 40 anos de idade

eu finalmente, depois do reconhecimento de tantos grãozinhos de

Verdade, pude encontrar a Mensagem para o reconhecimento completo da Verdade oriunda do Graal.

Isso foi no ano de 1926, quando Abd-ru-shin havia escrito a

Mensagem e já existia uma base, a partir da qual eu tive a graça de crescer dentro dela através da condução do SENHOR, podendo ouvir

por meio dele cada nova dissertação que surgia e, então, eu mesma

podendo me aprofundar nela ao lê-la.

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Minha procura havia me levado anteriormente às religiões

orientais, as quais sabiam a respeito das várias vidas terrenas; mas a

falta de lógica, a falta de uniformidade na lei, que eu intuía aí, por se acreditar que uma pessoa poderia se tornar, de acordo com seu

proceder, um animal ou planta na vida, num desenvolvimento superior

também uma estrela, não me havia satisfeito. Assim eu cheguei à Teosofia e à Antroposofia, mas depois da primeira alegria pela

uniformidade da lei na libertação por meio das repetidas vidas terrenas

e da alegria por pessoas realmente religiosas, nobres e que aspiravam mais alto, seu pensamento de poder se tornar divino me repelia como

algo atrevido e arrogante, fazendo-me continuar a procurar. Assim, em

oração, eu implorava a Deus, diariamente por longos anos, que Ele me

permitisse encontrar a Verdade oriunda da Luz: a Verdade completa oriunda Dele, a que realmente Jesus havia trazido e que deveríamos ter

reconhecido. Minha oração também era sempre: “Deus onipotente,

deixa-me reconhecer tudo que me é necessário, para que eu realmente viva de acordo com Tua vontade e possa reconhecer corretamente tudo

o que Jesus quis e presenteou.”

Mais uma coisa não deve deixar de ser mencionada, um pressentimento, que eu trouxera junto nessa vida terrena e que me

fazia procurar por reconhecimento. Era uma lembrança, que o meu “eu”

espiritual viera para uma missão nesta vida terrena; este “eu” eu havia separado de forma totalmente natural em duas formas dos respectivos

invólucros terrenos, os quais trazia de forma consciente em mim sobre

as duas vidas terrenas e o que, inconscientemente, eu achava bem natural. Assim, já quando criança havia uma procura dentro de mim

por algo não palpável, que me deixava meio melancólica, me dava um

desejo de ficar sozinha, o que também era possibilitado pelo grande

jardim e pela diferença de idade em relação às minhas irmãs e que, de fato, fora determinado para meu desenvolvimento. O fato de eu ter sido

realmente tão diferente do que as outras crianças e isso ter se refletido

então na vida adulta, trouxe-me muita incompreensão e sofrimento. Assim tanto mais felicidade trazia-me o amor a pessoas bem simples e

aos animais – e também, por eu ter podido aconselhar e auxiliar,

quando alguém necessitava de mim. Pois as capacidades que me foram presenteadas e meu anseio por harmonia e paz, meu sentido por

justiça, outorgavam-me confiança junto a crianças e adultos. Assim,

muitas vezes, eu podia auxiliar e levar equilíbrio, pois eu não me isolava deles, mesmo me sentindo sempre realmente sozinha. No início, quando

criança, eu dizia que agora viria a época do Juízo e que Jesus havia

falado há aproximadamente dois mil anos sobre essa época em que nós

estaríamos agora. Eu só encontrava espanto e surpresa, mas ninguém que pudesse me confirmar isso, explicando. Então eu nunca mais disse

algo sobre o que eu aguardava e que se encontrava dentro de mim como

um pressentimento, sem possuir uma idéia real. Contudo, quando eu ouvi pela primeira vez o nome “Graal”, então eu sabia haver uma

conexão a respeito e que a isso estava ligada uma missão, a qual eu

queria procurar. Quando me veio a primeira vez o pressentimento a respeito da época do Juízo, perpassou-me rapidamente um

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estremecimento sobre a idéia de algo horrível, que teríamos de passar,

mas medo apenas por um instante. Então tive a certeza que era

exatamente por isso que eu vivia, para ser-me permitido ter uma missão nessa época, de acordo com a vontade de Deus. “Como podes te

amedrontar aí” briguei comigo, nunca mais virá algo assim para mim;

agora com a clareza por meio da Mensagem e com o saber sobre a minha permissão de poder servir, isso não seria mais possível.

Até aí eu havia procurado por tudo o que estava em ligação com o

nome “Graal”, todas as espécies e concepções a respeito das lendas do Graal. Mas eu sempre ficava decepcionada com a concepção terrena e

com tudo que estava relacionado a isso e sentia nitidamente que aí não

existia mais nenhuma conexão com o que era legítimo. Contudo, eu

sabia que um dia encontraria a conexão entre Jesus, o Graal e o Juízo e poderia reconhecer aí qual seria minha missão, o meu “servir”, tudo

aquilo que pairava diante de mim como uma meta alcançável. Essa

forte procura com a experiência que nós, seres humanos, não sabemos tudo o que deveríamos, para poder viver corretamente de acordo com

isso e que nenhuma igreja, seita ou religião havia alcançado esse último

ponto, foi o grande auxílio em minha vida.

O pressentimento a respeito dos seres invisíveis ao meu redor foi a

maior alegria da minha vida. Eu não posso me lembrar de tê-los

realmente visto, apesar de acreditar, quando criança, brincar com eles. Eu falava com eles e não me sentia sozinha no grande jardim. Além do

mais, eu ficava preferencialmente lá sem outras crianças, pois com suas

brincadeiras barulhentas as “outras” iam embora; eu chamava em vão por elas. Apenas no silêncio, por volta do entardecer, esperando

sozinha, eu podia jubilar: “Aí estão vocês novamente!” Agora eu consigo

entender tudo isso, também porque outros pequenos seres sempre me

ajudavam, quando eu pedia fervorosamente ao “Santo Antônio”, de quem eu esperava auxílio.

A mesma confiança fervorosa e humilde ao pedir dá aos servos de

Deus a possibilidade para auxiliar. Isto também vale para o restabelecimento de doentes, como por exemplo em Lourdes, só que lá

se trata de outra espécie de auxiliadora enteal, jamais Maria de Nazaré,

a qual muitos chamam de “Mãe de Deus”; ela, na verdade, foi um espírito humano agraciado, uma vez que lhe fora permitido ser a mãe de

Jesus. Mas a tarefa dos curadores encontra-se no enteal.

Assim muita coisa ainda poderia ser escrita de tudo o que eu pude aprender e vivenciar, para poder reconhecer nessa época, no momento

certo, o Enviado de Deus. Eu também encontrei com isso o

reconhecimento da Trindade.

Eu escrevo “lembranças”. Lembranças do SENHOR. Mas essas

lembranças não são apenas passado, elas englobam presente e futuro

em si.

Observação: Eu cito as palavras do SENHOR, como elas ressoam

dentro de mim e não afirmo com isso que estas foram realmente as dele,

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mas com certeza sempre o sentido de suas palavras, assim como vive

em mim.

Foi em março de 1926. Eu me encontrava de forma miserável e

tinha dores, aflições interiores e exteriores, e eu tinha que me sujeitar a

tudo, e todos os medicamentos não auxiliavam. Uma alergia me atormentava há mais de vinte anos, de modo que em todo verão eu

sofria seis semanas de febre do feno com asma e febre alta. Sol, flores e

os campos me causavam um verdadeiro tormento. Aí a Frau Luft, que veio de Wiesbaden e que também morava na rua Möhlstraße em

Munique, contou sobre uma maravilhosa senhora, que certamente

poderia me ajudar e me curar. O Sr. e a Sra. Bernhardt tinham um sanatório em Heilbrunn. O Sr. Bernhardt dava às pessoas conselhos

interiores e a Sra. Bernhardt ajudava as pessoas exteriormente; ela

própria, a Frau Luft, também havia se curado. Assim fui com ela e a

Sra. Bernhardt me recebeu. Eu me sentia atraída por ela de forma especialmente feliz e intuí um amor de espécie especial, que ela

irradiava.

A meu pedido, porém, ela disse que dentro de duas semanas eles estariam se mudando para a Áustria e que lá ela não poderia mais fazer

tratamentos. Para poder me auxiliar, ela iria necessitar de seis

semanas, pois todo o doentio deveria antes ser retirado do meu corpo, para que ela pudesse prover meu corpo com irradiações terapêuticas e

forças estimulantes, levando tudo o que havia se tornado passivo

novamente a um trabalho saudável e positivo. Primeiro a remoção do que era doentio e então a reestruturação através da força terapêutica e

estimulante, que ela poderia dar para que o corpo pudesse reagir

novamente de forma correta. Durante duas semanas ela só iria remover,

ficar no centro do desmoronamento do que era doentio, sem ter a possibilidade de já poder auxiliar com a reconstrução. – Frau Maria

tinha lágrimas nos olhos, as quais rolavam sobre sua face; essa imagem

eu jamais esqueço – tal elevado amor – e disse: “Com que prazer eu teria auxiliado, mas agora não é mais possível.” Eu certamente devo ter

feito uma expressão muito triste, mesmo sendo perpassada no coração

por tão elevado amor e me sentindo feliz. Então, de repente, aflorou um sorriso em sua boca – quero denominá-lo de quase brincalhão –, um

sorriso que mais tarde tantas vezes me felicitou, e ela disse que não iria

ainda querer desistir de auxiliar pessoas e que ainda encontraria meios e caminhos, para também lá poder curar. Será que eu iria então até

ela? Eu naturalmente confirmei isso extremamente feliz.

Por várias semanas eu não ouvi nada. A família Bernhardt havia se

mudado para Igls, no Tirol, onde haviam alugado uma pequena casa ao lado da floresta. Em maio eu recebi repentinamente uma carta do Sr.

Oskar Ernst Bernhardt, o qual, para mim, ainda não tinha nenhum

significado mais profundo. Ele escreveu que se eu ainda quisesse solicitar o tratamento junto a sua esposa, eu teria agora oportunidade,

mas eu teria que me resolver rapidamente. Havia um júbilo em mim, e

depois de entrar em acordo com meu marido eu telegrafei minha chegada para dali a oito dias e, assim, para deixar ainda tudo

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preparado em casa. Nesse meio tempo eu recebi notícia, que a Sra.

Bernhardt havia entrado em acordo com o proprietário de um sanatório

em Igls, o qual era pouco freqüentado, para colocar seus pacientes lá, sem que fosse falado a respeito disso. Pois de outra forma o médico não

teria aceitado isso, o qual não queria se privar das receitas. Assim essa

questão ficou solucionada. Com o médico regional de um hospital de Innsbruck havia um acordo. Frau Maria havia convencido este de sua

capacidade de reconhecer doenças, quando ela, conduzida por ele por

todos os quartos de doentes, dizia-lhe a enfermidade ou deficiência de cada um individualmente. Assim ele havia esclarecido que ela poderia

auxiliar doentes onde a ciência médica falhasse, e ele trabalharia

oficialmente com ela em experimentos. Assim consta na minha

lembrança. Seus pacientes deveriam se anunciar a ele, mas então ele deixaria o tratamento por conta da própria Sra. Bernhardt. O médico do

sanatório, porém, só pôde ocultar sua fúria com dificuldade, contudo,

não queria privar-se de suas entradas.

Naquela época também haviam vindo a esposa do Prof. Schmidt

com sua filha Brigitte, mais tarde também os Illigs. No verão os

Schmidts, que também eram visitados por um período mais prolongado pelo Sr. Professor, moravam então de forma privada; a Irmã Rosa

Markus havia assumido cuidar da senhorita Brigitte, para não

sobrecarregar Frau Schmidt. A Irmã Rosa, gravemente enferma, havia ela própria encontrado cura em Heilbrunn e havia permanecido

completamente lá como enfermeira na casa.

No íntimo eu sentia pena de tais pacientes deste médico, aos quais não podíamos dizer nada a respeito da atuação de Frau Maria e a qual

eles consideravam como uma espécie de massagista, já que ela vinha

quase todos os dias até nós. Quando Frau Maria colocava suas mãos,

um raio quente penetrava em mim, o qual por um lado me vivificava de forma maravilhosa, mas então me fazia dormir um sono fortalecedor por

algumas horas. Depois de seis semanas eu estava forte e bem disposta

como nunca em minha vida; até hoje eu permaneci assim ativa. Quando eu, em todos os anos posteriores, me sintonizava no auxílio irradiante

de Frau Maria, suplicando, então sempre me advinha auxílio à

distância, meu coração era fortalecido; também um envenenamento eu superei dessa forma. Naquela ocasião eu senti logo uma reação e após

poucos dias meu intestino reagiu de forma bem nítida e, dessa forma, já

se iniciou a cura, que durou por todos esses anos. Também um tratamento para outra enfermidade poupou-me mais tarde de uma

operação. Minha grave febre do feno não surgiu por muitos anos e

também permaneceu depois dentro dos limites suportáveis.

Naquela época eu apresentei ao médico do sanatório a minha cura da doença do feno em junho. Eu nunca me esqueço da expressão

asquerosa e maldosa em sua face e como ele, quase gritando de raiva,

dizendo que aquilo que ele não conseguia compreender, ele também não queria ver nem ouvir, recusando isso. Ele mantinha assim fechados os

olhos e ouvidos de sua face desfigurada. Eu me horrorizava diante de

tanta intolerância e maldade, e me veio um pressentimento diante de

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ataques futuros de tal espécie. Mais tarde ele se dirigiu irado junto a

colegas contra a Montanha e Frau Maria, contudo, não pôde prejudicar,

mas, talvez, impediu certas pessoas de chegarem a um reconhecimento. A recusa e o comportamento desconfiado do meu cunhado também se

atribui à influência dele.

Contudo, vamos agora para o reconhecimento da Mensagem do Graal e do SENHOR!

Outrora, quando eu estive com a Frau Luft em Heilbrunn e a Frau

Bernhardt não mais pôde me aceitar, a Frau Luft trouxe no dia seguinte todos os livretos verdes, que o senhor Bernhardt havia escrito e

impresso com o nome “Folhetos do Graal”. “Como a senhora é um ser

humano que está à procura, eu lhe trago os escritos, que o senhor

Bernhardt escreveu para auxílio dos seres humanos, e estes também podem auxiliar a senhora. Antigamente eu nem havia acreditado e

também nem havia me interessado, mas através dele tudo isso se

tornou totalmente diferente; eu me tornei feliz e também encontrei Jesus.” Assim disse ela. Eu tomei alegremente os livretos e prometi lê-

los, pois havia observado no último ano uma grande modificação nela,

uma interiorização de suas concepções de vida. – Então ocorreu algo totalmente incompreensível para ela. Eu não li. Durante seis semanas

os livretos ficaram em cima de minha mesa e eu não os lia. Mais tarde

ela me confessou que havia desejado retirá-los novamente de mim. Eu levei os livretos junto para Igls. Em Munique eu os tinha sobre a minha

mesa e tinha promissoras vivências. Eu colocava sempre apenas

minhas mãos sobre eles e pressentia a realização de meu anseio; mas eu ainda não me permitia ainda iniciar com a leitura. Eu aguardava

ainda por algo, que me mostrasse que eu deveria agora me aprofundar

nisso. Eu me sentia tão doente e dilacerada por aflições internas e

externas, também não tinha o sossego e a possibilidade de estar sozinha. Eu esperava pela atmosfera, que teria de formar o quadro para

a realização de meu anseio. Eu intuía que esses “Folhetos do Graal”, os

quais traziam o nome ansiado, continham em si uma realização para mim, o ponto de transição, e que se tornaria a felicidade de minha vida.

Isso era demasiado sério, grande, para que pudesse ser pega de forma

apressada. Eu sentia que eu ainda não estava bem preparada para essa felicidade, por isso eu sempre colocava apenas minhas mãos,

ansiosamente, sobre eles, para que pudessem penetrar em mim os raios

de Luz, que eu via resplandescer dali como uma estrela. Quantas vezes eu fiquei diante deles em oração – e aguardando por uma ordem

interior. Então por volta do meio de maio chegou a carta do senhor

Bernhardt, dizendo que eu poderia ir a Igls para o tratamento. Um

agradecimento jubiloso me perpassou, agora eu sabia pelo que eu havia esperado. Não levei nada mais para ler, além dos “Folhetos do Graal”.

Eu pressentia que este seria o local correto e a época correta que me era

presenteada, como concessão ao meu pedido.

Então eu me encontrava em Igls! E já à noite eu comecei com a

leitura e li durante a noite inteira, sem ir me deitar; de manhã eu havia

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terminado todos os Folhetos do Graal. Em sua mensagem eles haviam

se tornado para mim uma revelação da Verdade oriunda da Luz.

Eu intuía uma felicidade quase inapreensível, por ter finalmente em mãos aquilo pelo que, desde a mais tenra juventude, eu havia

procurado, poder ver o soerguimento da vinda da nova era do

verdadeiro saber a respeito de Deus. Por um instante perpassou-me uma dor no reconhecimento de que o Filho do Homem já se encontrava

agora realmente entre nós, seres humanos, e que Jesus, que desde

outrora se encontrava em meu pensar e que possuía todo o meu agradecimento e meu amor, não permanecera mais como nosso

mediador. Mas logo me veio a lembrança de que Jesus mesmo havia

dito que ele iria para o pai e enviaria um Consolador, o Espírito da

Verdade, que nos conduziria em toda a Verdade e daria testemunho dele. E isso não era agora assim? Eu mesma não havia aguardado por

esse tempo, que estava em conexão com o Juízo e que traria o

Auxiliador oriundo do Graal? Agora ele viera e eu tinha de reconhecê-lo imediatamente por sua Palavra, a qual me penetrava vivificando e

despertava em mim uma alegre confirmação. Jesus não fora posto de

lado, apenas a Trindade fora completada na Unidade. Agora eu também compreendia esta. Ah, essa felicidade quase não podia ser suportada!

Ainda me parecia um sonho, quase inacreditável o fato de ter me sido

finalmente permitido encontrar. Eu nem era capaz de ter outras conclusões. Eu também não disse nada de forma mais pormenorizada a

Frau Maria, quando ela viera de manhã, apenas que estava muito feliz

por ter encontrado nos Folhetos do Graal a Mensagem de Deus por tanto tempo procurada.

Agora eu via também outra origem além de uma irradiação

humana agraciada para curar em seu tratamento e me abria agradecida

aos maravilhosos raios bem-fazejos e calorosos, que saíam de suas mãos e precisava mirá-la sempre de novo, como de seus maravilhosos

grandes olhos azuis irradiava um indescritível amor e bondade. Assim

se passaram quatro dias, nos quais permaneci calada, apesar de quase me fazer explodir, pois eu não ousava pedir; ela me olhava, sorria, e não

dizia nada. Eu, porém, havia me esgueirado todos os dias ao redor da

casa, na proximidade da floresta, havia me escondido atrás de árvores na proximidade da cerca, para ficar na proximidade do foco dos raios de

Luz, os quais eu novamente via resplandescer como uma estrela da ou

através da casa. O restante do tempo eu me aprofundava nos escritos, ou ia sozinha para dentro das florestas e deixava-me levar, mas não por

caminhos pelos quais os outros iam, mas assim como eu sempre havia

procurado o tecer e a vida na natureza, encontrando assim para mim

paz e alegria. Agora, porém, eu levava comigo o anseio de poder falar com ele, pedir e agradecer-lhe. Ao mesmo tempo eu rechaçava esses

desejos como impossíveis. Então Frau Maria havia vindo pela quarta

vez, olhou para mim novamente sorridente e para meu pedido secreto, meu anseio. Então ela disse, auxiliando:

Page 11: Lembranças das minhas vivências do graal    Elisabeth Gecks

“A senhora anseia tanto por poder falar com ele, e pedir e

agradecer-lhe e ao mesmo tempo reprime esses desejos como algo

impossível... Devo dizer a ele se a senhora pode ir até ele?”

“Ah”, suspirei eu, “isso seria o meu mais profundo anseio, mas

como é que conseguirei ficar perante ele, eu absolutamente não sou

capaz de ousar isso, que ele fale comigo. Eu acho que nem serei capaz de suportar sua proximidade.”

“Ele tornará isso possível”, sorriu a bondosa senhora.

“Mas então eu tenho um pedido, dentro da casa eu não consigo, isso eu não ouso. Será que ele viria até mim, na floresta?”

Ela sorriu então de uma forma indescritivel devido ao meu

estranho desejo e prometeu executá-lo. E, de fato, no dia seguinte ela

trouxe o consentimento, e no dia seguinte eu poderia esperar por ele às onze horas na floresta próxima à casa. Ele veio e me sorriu, caminhou

adiante floresta adentro. Eu o segui. Logo havia um banco à beira do

caminho; enquanto ele se sentava no meio, ele indicava para o lugar ao seu lado e disse encorajando: “Sente-se ao meu lado”. Tremendo de

alegria e respeito eu me sentei no canto mais extremo, sobre o que ele

riu bondosamente. Então eu pude dizer o que se passava no meu coração, sobre a minha felicidade de poder ter agora encontrado aquilo

que havia procurado por toda minha vida – naquela ocasião eu estava

com 40 anos de idade. Ah, como se eu tivesse reconhecido agora que Jesus e o prometido Filho do Homem não eram a mesma pessoa, mas

aquele, que ele nos prometera como o Espírito da Verdade e eu intuía

que nós podíamos reconhecer nele agora o Filho do Homem que atuaria na época do Juízo sobre a Terra e também traria o auxílio, conduzindo-

nos em toda a Verdade, como Jesus havia dito. Eu já soubera disso

quando criança e havia aguardado por isso!

“Sim, a senhora já trouxe tudo dentro de si, eu só precisei ainda retirar o véu. Mas não pense a senhora que isso se dá assim com todos

os seres humanos. A maioria das pessoas terá de lutar duro pelo

reconhecimento. Pense sempre nisso e não espere dos outros que seja assim, como se deu com a senhora. Eu pedi ao Pai para trazer ainda

antes do Juízo a Mensagem oriunda do Graal aos seres humanos, para

lhes dizer e esclarecer aquilo que eles agora devem saber, a fim de poder ascender conscientemente, a fim de sair de sua confusão. Se os seres

humanos a aceitarem e viverem de acordo, então muita coisa lhes

poderá ser poupada no Juízo, pois eles modificar-se-ão. Não haverá então mais caminhos errôneos, nenhuma vontade de ódio e de

aniquilação, nenhuma inveja e nenhum pensamento errôneo de poder.

As criaturas humanas ficarão satisfeitas, pois cada uma sabe que assim

como lhe acontece, ela própria criou para si por meio de desejos e ações, também em sua vida anterior. Elas serão agradecidas e felizes,

pois sabem que cada um também recebe de presente na vida a

possibilidade de resgatar e de se purificar na modificação para o que é bom e puro e, dessa forma, a possibilidade... *(N.T. No manuscrito uma

ou duas linhas estão ilegíveis no final da página.). Se as criaturas

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humanas tivessem reconhecido corretamente a existência terrena de

Jesus e sua Palavra, e vivido de acordo com ela, esta poderia ter-lhes

trazido a salvação. Contudo, assim elas apenas afundaram ainda mais profundamente e necessitam agora mais uma vez da ‘Palavra da

Verdade’, para que as retire e conduza para fora do pântano e dos

erros.”

Eu acolhia suas palavras em mim, envolta por raios de Luz e uma

paz maravilhosa. Assim devia ter sido com Jesus, pensei uma vez.

Antes de Abd-ru-shin me deixar novamente, ele ainda disse: “A senhora me reconheceu, mas não fale com ninguém a respeito disso, do Filho do

Homem. Meu tempo ainda não chegou e os seres humanos ainda não

podem compreender isso. Se a senhora for perguntada, então diga que

eu sou o preparador do caminho. Por fim, eu também sou meu preparador do caminho”, disse ele sorrindo.

Como ele partiu, se ele me deu a mão, como eu me comportei, eu

não sei mais. Eu me encontrava então sozinha sobre o banco, atordoada de felicidade e gratidão e com uma tão forte comoção. Eu

entrei então fundo na floresta até uma clareira, longe do caminho, onde

me sentei à sua beirada sobre um tronco de árvore. O que vivenciei aí, não sei descrever. O que eu vi? Primeiramente encontrava-se de novo

em mim apenas meio consciente a campina luminosa, que deveria levar

a um Templo, que me havia transmitido quando criança o nome “Graal” e o pressentimento a respeito do Juízo vindouro e nisso o saber sobre

uma missão, que gravara em mim um anseio inapagável para procurar

por esta. Talvez fora essa planície, onde, após a morte terrena de Jesus, durante a grande tristeza em todas as esferas, eu pude pedir outrora

que me fosse permitido servir ao Filho do Homem, quando tivesse

chegado o seu tempo. (E para poder desfazer em mim o fato de eu ter

reconhecido Jesus apenas em seu trespasse. Isso, porém, não me estava totalmente claro outrora.)

Então eu não tinha mais consciência do que um pairar em paz e

felicidade. Depois de horas eu voltei a mim. Era tarde quando eu me reencontrei de modo consciente sobre o tronco de árvore. Minha alma,

meu espírito, havia podido deixar seu corpo terreno, para poder receber

a confirmação e o chamado em um outro e mais elevado plano.

Há alguns anos, nas horas entre a vida e a morte, eu pude

revivenciar abalada, numa visão retrospectiva de meu espírito, o

caminho do juramento após a morte de Jesus e também esse momento. (Com todo o anseio e toda a graça, que, depois de certos fracassos no

anseio veemente, deixaram-me, porém, encontrar o país, em cujas

estradas luminosas e ensolaradas, com minhas três chaves douradas –

justiça, amor e pureza, as chaves do Trígono divino – e com meu livro, o qual eu devia anunciar, firmemente pressionado contra o peito, eu devia

e pude ir ao encontro do cumprimento).

Logo eu pude ir então à residência do Senhor, agora eu não tinha mais receio de não poder aguentar; Abd-ru-shin continha sua

irradiação luminosa de forma correspondente. Então eu contei ao

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Senhor sobre minha maravilhosa vivência espiritual. Ele disse de forma

bem bondosa, mas séria: “Foi apenas dessa vez que podia e devia ser-

lhe concedido se elevar tão alto para vizualizar e vivenciar, de modo que só pode permanecer consciente ao seu espírito. Contudo, isso não pode

mais se repetir, do contrário a senhora iria embora e, contudo, ainda

tem de permanecer aqui na Terra. – Guarde essa elevada graça vivencial de seu espírito como uma dádiva especial e fortalecedora para a

senhora.” —

Quando eu pude novamente retornar, aflorou-se-me a pergunta suplicante, se agora eu também seria chamada para o servir, pois eu

sabia que eu era “convocada” para servir a ele e a sua obra, pois já

como criança existia em mim esse pressentimento ansioso. Então ele

me olhou bondosa, mas ao mesmo tempo bem seriamente e disse exortando: “De fato, a senhora pertence aos convocados pela Luz, mas o

chamado não pode realizar-se imediatamente, pela senhora ter agora

me encontrado! A senhora precisa primeiro preparar-se e também resgatar antes certas coisas!” Oh, como me veio aí à consciência, o que

na verdade significa ser “convocado” e que apenas com o

reconhecimento isso não estava realizado. E eu me envergonhei muito pelo meu atrevimento. Apesar disso, alguns dias mais tarde, eu

perguntei novamente, – incompreensível essa ousadia e imaturidade –

quanto tempo eu ainda teria de esperar, até que eu pudesse ser convocada. Mas o Senhor intuiu o grande anseio e não se zangou por

isso. Sério, mas com a resplandescente bondade, que sempre irradiava

dele, ele disse que isso dependeria de mim, mas que antes de dois anos não aconteceria. “Mas”, disse ele bem sério, exortando, “a senhora deve,

nesse tempo do preparo, sempre ansiar, contudo, jamais se tornar

impaciente. Lembre-se sempre disso!”

Foi como se essas palavras tivessem penetrado de forma ardente em meu coração. Foi no jardim diante da casa e o sol brilhava, os

rochedos das montanhas Karwendel sobre o vale do rio Inn erguiam-se

de forma palpável do profundo céu azul. Parece-me como se isso tivesse acontecido ontem, tão atemporal é a vivência interior.

Eu podia agora ir com mais freqüência até ele e ele falou comigo

sobre o dia da Pomba Sagrada, da renovação de força no dia 30 de maio e sobre a Solenidade, que ele também celebrava aqui na Terra. Devido

ao meu grande anseio, ele me consolou, dizendo que agora ainda não

seria possível que eu pudesse participar dela, pois só fazia oito dias que eu havia encontrado o caminho e eu teria, primeiro, que me preparar

conscientemente para tanto, para poder receber o batismo do

Graal (Selamento) e a Ceia do Graal na Solenidade. Mas na próxima

Solenidade isso já seria de fato possível.

Assim, na manhã do dia 30 de maio, eu entrei novamente fundo na

silenciosa floresta, aprofundada em devoção, e da qual eu recebi um

maravilhoso fortalecimento. Havia um suave tecer à minha volta, como se toda a natureza participasse da dádiva de graça dessa hora

luminosa, a qual esse acontecimento também é. Eu intuí novamente,

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como na época do jardim de infância, esse suave e alegre tecer e viver

ao meu redor.

Uma vez, na primeira vez, também foi no jardim, sobreveio-me novamente o pensamento em Estevão, aquele que fora apedrejado por

causa de sua fé em Jesus. “Ah”, disse eu na alegre compreensão de sua

convicção plena de força, a qual permitiu que ele vivenciasse isso, “quão belo deve ser poder sofrer e morrer por sua convicção, quão feliz ele

fora! Eu queria que isso também me fosse permitido. Algo mais bem-

aventurado não pode haver!” Aí o Senhor disse: “Não é desejado pela Luz que as criaturas humanas devam experimentar sofrimento e morte

por sua convicção, isso só ocorre através da perseguição por meio dos

seres humanos. Dor e aflição são coisas estranhas à Luz. Deus quer

alegria e felicidade para as criaturas humanas. Ele também não quer que elas sofram por Ele, essa é uma concepção errada. Todo o

sofrimento veio ao mundo por meio do querer e agir malévolos dos seres

humanos, por terem perdido o caminho certo. E todas as trevas odeiam, portanto, a Luz.”

Mais tarde surgiu uma conversa a respeito dos seres humanos

“santos” e, sobretudo, a respeito dos “mártires”, que a Igreja Católica cunhou como “santos”. Então o Senhor disse para mim: “A Luz não

quer ter de sofrer, Deus deseja a felicidade dos seres humanos. Os

mártires não devem ser denominados de santos. Não existem seres humanos “santos”, tal suposição é um atrevimento da Igreja. Os

mártires realizaram apenas o seu dever. Eles foram pessoas corretas,

verdadeiras, como todos devem ser. Eles se tornaram assim exemplos, mas não devem ser chamados de “santos”. Eles viveram e morreram

como seres humanos verdadeiros que aspiram à Luz, nos quais viveu a

convicção pela Verdade. Isso foi a expressão natural de sua gratidão e

de seu amor para com o Filho de Deus. Eles nem conheciam aí algo diferente. Denominá-los, contudo, de “santos” é um atrevimento. Eles

foram seres humanos e permanecerão sempre espíritos humanos.

“Santo” é um conceito que jamais se deixa utilizar para as criaturas humanas.”

Na época inicial de minha estada em Igls eu me encontrava certa

vez, com anseio no coração, sobre uma pequena elevação na floresta e olhava para baixo, para a estrada, quando o Senhor, de repente, virou a

esquina e veio andando com Frau Maria e as crianças. Eles acenaram

para o alto, para mim, e isso foi como um convite. Contudo, eu estava à beira de um rochedo íngrime, do qual não havia nenhuma trilha que

descesse para a estrada. Mas o pensamento que eu poderia descer e ir

junto com eles, não deixou que isso fosse um impedimento para mim;

eu desci a encosta com uma leveza tal, sem vertigem e insegurança, que já há anos haviam-me dado trabalho devido a uma insolação. Foi como

se eu tivesse sido apoiada. Eu estava usando nesse dia quente um

vestido bem leve, sem mangas, como se usava naquela época e nem pensei em nada aí. Contudo, então eu me assustei, pois cumprimentar

o Senhor assim de braços despidos era impossível, não podia ocorrer.

Eu vesti rapidamente o casaco, que trazia comigo para me sentar sobre

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o solo da floresta. O intuir de minha grande veneração havia me

ordenado isso. Com um alegre sorriso ele me cumprimentou e disse

para Frau Maria: “Veja, como ela não teme nenhum obstáculo para vir até nós.” Havia uma grande alegria em mim. – E então eu vivenciei algo

novo: o senhor e a senhora Bernhardt em sua família. Frau Maria com

sua alegre naturalidade, que atuava sobre mim como uma límpida nascente da montanha, de forma tão incrivelmente revigorante, que eu

podia vivenciar quase todos os dias, presenteando-me novas forças

salutares. O Senhor eu só tinha vivenciado até agora em sua elevada existência. Ali eu o encontrei pela primeira vez, totalmente como ser

humano, bem simples e singelo, sim, também alegre com Frau Maria e

as crianças. E eu pude caminhar junto, de forma natural, nesse

caminho da floresta e me deixar ainda alegrar especialmente por essa naturalidade e alegria em relação à natureza. – Sim, essa naturalidade

singela, o ser tão simples do Senhor, que não falava nada que não

tivesse uma necessidade espiritual e do qual, porém, irradiava uma harmonia e uma Luz, que não era de espécie humana, quando ele se

encontrava sentado em silêncio, sem palavras, ou andava, e irradiava

como ouro de seus olhos, isso me tocava sempre de novo durante todos os anos.

Ele não queria aparecer, ele jamais dava a transparecer, de modo

que as pessoas que não intuiam em si que ele era um outro, notassem algo. Por que também? Ele não tinha necessidade de se apresentar

como algo especial, pois ele era o “Eu Sou”. Quando ele estava entre

estranhos, ele muitas vezes nem despertava a atenção com sua maneira de ser simples e reservada, pois ele também permanecia bem quieto

quando não valia a pena falar, quando ele sabia que não havia um solo

de ressonância, depois de primeiro ter lançado algumas observações em

um diálogo. Ele então apenas observava – e eu intuía sua distância universal.

Uma vez, por volta do fim da minha estada em Igls, contei a

respeito da minha predileção de, sempre, mesmo em regiões desconhecidas de outros países, andar sozinha sem caminho e sem

rumo. Nessas ocasiões eu sempre havia me deixado levar por uma

condução invisível e vivenciei a vida na natureza de forma tão maravilhosa. Também pude ousar fazer caminhadas perigosas pelas

montanhas, mas sempre o auxílio esteve comigo. Já há anos antes de

encontrar a Mensagem, em ocasiões de perigo, eu ouvi as advertências dos pequenos enteais e as segui, também agora, algumas vezes em Igls.

Eu podia me expor sempre despreocupadamente, pois em caso de

perigo eu seria advertida a tempo. Assim eu também havia podido

vivenciar maravilhosas caminhadas à luz da lua e havia, num verão, saído por várias vezes a remar sozinha durante a noite no lago

Königsee, bem longe em direção St. Bartholomä e, então, pela noite,

totalmente sozinha, caminhava de volta pela estrada ou pela floresta a Berchtesgaden. – Eu contei tudo isso de forma alegre e agradecida, para

mostrar que agora eu podia compreender claramente o auxílio dos

enteais e o que eles são. Para meu terror eu não vi nenhuma alegria nos

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olhos do Senhor, da forma como eu havia esperado. Ao contrário, eles

ficaram bem escuros, como, mais tarde, eu cheguei a vivenciar isso com

mais freqüência nele, quando se elevava nele um descontentamento sobre nós. Ele disse bem sério e repreensivamente: “Sim, a senhora

nunca intuiu que isso foi uma arrogância da senhora, colocar-se em

perigo por causa do seu desejo e então simplesmente esperar que os enteais a ajudassem?” Eu fiquei arrasada com essas palavras, como se

tivesse despencado de um aparente céu de sentimento errôneo de

felicidade. Ah, isso eu realmente não havia desejado! Quão profundamente triste eu fiquei em relação a isto, mas não me era fácil

conscientizar-me de que eu não deveria nunca mais agir assim. Ao

mesmo tempo elevou-se em mim o firme propósito de deixar isso para

sempre, pois sabendo disso, seria fazer algo errado conscientemente.

Quando queremos fazer algo errado conscientemente, então isto se

torna uma culpa espiritual, que tem de se efetivar segundo as leis

eternas de Deus.

Em todos os anos seguintes eu ainda pude, às vezes, experimentar

o auxílio dos enteais, até mesmo um verdadeiro salvamento, mas eu

jamais tive culpa aí. Foi-me permitido receber ensinamentos e advertências para refletir, mesmo por meio de pedidos não realizados

em hora inoportuna, os quais, então, mui frequentemente ainda

puderam assim se realizar, se eu tirasse deles o ensinamento. Onde quer que eu pense, sempre estive preenchida de gratidão e felicidade

por todas as graças nos auxílios espirituais e terrenos, que sempre

pudemos obter, apesar de ainda sermos defeituosos.

Novamente, mais uma vez, eu pude receber um ensinamento e um

novo reconhecimento. Eu havia contado sobre dois dias solitários no

alto da cordilheira Karwendel. Meu marido e eu havíamos planejado,

juntamente com um pintor amigo nosso, pernoitar na solitária cabana da montanha, para a qual ele havia obtido as chaves. Estava na época

de reprodução dos cervos, eu me alegrava pelo vivenciar da natureza

selvagem. Eu tenho de confessar que foram dois dias de contos de fadas para mim, de especial beleza. Eu estava leve e alegre, e nem me senti

entristecida de que, alguns dias antes, meu marido disse que não

poderia ir junto, mas que eu, por isso, não deveria me privar da alegria, devendo ir sozinha com o pintor. Este estava meio oprimido, o que eu

não compreendia, e disse se as pessoas não iriam pensar algo a

respeito. Meu marido riu e disse que ele não iria pensar nada a respeito e que isso era o principal; eu não conseguia imaginar nada e disse: “Eu

sou, pois, casada”. Assim eles foram dias tão belos e despreocupados

para mim, de modo que na lembrança eu também os descrevo assim.

Naquela ocasião eu vivi como num conto de fadas. Mas novamente eu tive de vivenciar que o Senhor não se alegrou comigo. Ao contrário, seus

olhos se escureceram e ele disse: “Isso a senhora não deveria fazer, ficar

sozinha com o pintor nas mais diversas impressões da natureza solitária das montanhas e passar a noite na cabana isolada.” Eu

declarei assustada que tudo havia sido tão belo e limpo entre nós, não

houvera nem mesmo uma palavra, apenas a alegria pela natureza havia

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nos ligado. Mas Abd-ru-shin completou sua exortação: “Contudo, tal

coisa, gera vibrações, formas de pensamentos, cheias de perigo e

certamente malsãs, que são perigosas para uma mulher, para a pureza de seu ser, e também põem o homem em perigo. A senhora tem de

deixar no futuro tais coisas de lado.” Sim, também a isso eu tive de me

sujeitar, também dessa forma eu não podia mais satisfazer meu desejo por um vivenciar solitário da natureza. A partir daí, porém, todos os

desejos extravagantes caíram de mim, aos quais meu ansiar e procurar

confusos sempre haviam me incitado. Por quanta responsabilidade passa tantas vezes despercebidamente o ser humano, mesmo não

querendo o mau, mas que, apesar disso, no desconhecimento do atuar

da Criação, faz o que é errado! E agora podemos obter a chave, podemos

abrir o portal para o reconhecimento tão necessário a nós!

Foi também naquela época em Igls que eu reclamei ao Senhor, que

meu casamento andava muito difícil, que eu não era feliz e que ele me

causava muita decepção e, assim, luta interior. “Alegra-te, pois!” respondera o Senhor. Eu não havia entendido de imediato, mas logo me

tornei consciente. De acordo com o meu ser eu teria me consumido

irrestritamente em meu amor, teria imergido nele e teria esquecido a minha procura, ou não teria encontrado a força para avançar nos

caminhos do reconhecimento, que agora haviam se aberto para mim.

Mais tarde eu também reconheci que meu casamento pertencia ao resgate de atamentos passados e à possibilidade de amadurecer e,

assim, também para a possibilidade de auxílio para ele e para meus

filhos, que estavam ligados a nós. Em tempos passados eu havia reconhecido muito tarde, por meio dele, Jesus como Filho de Deus. Por

isso, no meu noivado, eu intuí uma nuvem escura sobre sua fronte, a

qual eu queria auxiliá-lo a dissipar. Esta dor, gratidão e amor por ele,

Jesus, fora então sempre minha estrela guia, o que mais tarde se me tornou inteiramente claro, e fora, naquela época, a causa de ter-me sido

permitido estar junto entre aqueles que pediram para que lhes fosse

permitido servir ao Filho do Homem em sua obra divina. Devido a essa permissão, pressentindo, eu pude procurar minha vida inteira pela

“missão especial”. Esse anseio não pôde ser saciado nem pelo amor dos

meus pais, nem pela minha bela infância, nem mais tarde pelo meu belo lar, por meu amor ao marido e às crianças e pela minha dedicação

a eles e nem por toda riqueza tranqüilizadora.

Anos mais tarde, quando eu pude me mudar completamente para a Montanha e tomar conhecimento de todas as conexões em relação à

época de Jesus, eu corri pasma de dor e banhada em lágrimas até o

Senhor. Novamente ele me disse as mesmas palavras: “Alegra-te, pois!”

“Sobre o que eu devo me alegrar, eu estou morrendo de dor!” exclamei mui admirada. Sobreveio-me uma corrente de bondade e Luz e ele disse

com uma voz, que penetrou meu coração ferido como bálsamo:

“Sim, alegra-te pela graça de poderes reparar tudo, por teres reconhecido então o Filho de Deus, por ter sido atendido teu pedido

para servir ao Filho do Homem e sua obra divina sobre a Terra.” E mais

uma vez ele me consolou e me tranqüilizou então: “A senhora pode se

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alegrar, a senhora pode reparar, servir à Luz em sua atuação e para

auxílio dos seres humanos!”

Sim, então havia minha convocação, o chamado obtido há algum tempo, como uma luz clara e libertadora e eu me agarrei à alegria, à

gratidão e à felicidade que surgiram disso para mim, mesmo que a dor,

que se encontra entretecida em mim no amor por Jesus, jamais possa ser totalmente apagada.Esta também não deve ser.

Saudável e fortalecida pelas mãos terapêuticas do amor divino de

Frau Maria e por sua naturalidade e revigorância, também libertada de certos – em parte cultivados – impedimentos e tensões antinaturais no

ser e na essência, infinitamente feliz pela graça especial da condução do

próprio Senhor, retornei ao círculo de minha atuação terrena. Com nova

coragem tomei sobre mim todas as dificuldades do meu casamento e via nisso claramente uma missão de poder auxiliá-lo e conduzi-lo ao

caminho da Luz agora encontrado, assim como também esperava isso

para meus filhos.

Nosso menino, para cujo pleno restabelecimento e fortalecimento

os médicos tiveram pouca esperança, pôde, por meio de um tratamento

de quatro semanas com Frau Maria, retornar comigo com uma saúde firme para Munique. E esta foi duradoura; mesmo a prática esportiva

anteriormente proibida não mais prejudicava seu coração. – Nós

também intermediamos o tratamento de Frau Maria com um jovem parente, que vinha sofrendo há mais de vinte e cinco anos de um

ecsema atormentador, sem que médicos e terapeutas pudessem lhe

ajudar. Depois de algumas semanas ele estava totalmente curado, nunca mais teve uma recaída e permaneceu muito agradecido por isso.

Em relação à Mensagem, porém, ele não progrediu; ele notou que teria

de modificar certas coisas em sua vida, e ele não conseguia cobrar

ânimo para tanto. Ele havia pensado que mais tarde ele também teria tempo para se ocupar com a Mensagem do Graal. Mas esse mais tarde

não voltou mais para ele. Um sofrimento atormentador depois de um

grave ferimento na guerra, trouxe-lhe prematuramente a sua morte. Nesses meses ele havia se tornado de fato mais pensativo. Tomara que

ele possa reconhecer e ainda chegar a um resgate do outro lado.

Por volta do outono eu pude ir novamente a Igls. Fora-me

permitido vivenciar indescritíveis oito dias na casa do Senhor e também

juntamente com ele e a Srta. Irmingard, que se tornava uma jovem moça, - ela estava com mais ou menos 16 anos – eu fazia

frequentemente passeios pela floresta ou mesmo caminhadas mais

longas pela região montanhosa ainda intocada e especialmente bonita.

Às vezes também participavam os dois outros e Frau Maria, a qual, em geral, não era muito a favor de caminhar. “Eu devo utilizar esta época

de agora para caminhar pelas belas florestas e fortalecer assim meu

corpo. Mais tarde eu não terei mais tempo para isso”, dizia o Senhor. Ele ficava então frequentemente tão feliz e tão leve, alegrava-se com

tudo, até mesmo com a alegria das crianças. Quando encontrávamos

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bons cogumelos, que eu sabia indicar e por eu conhecer tantos nomes

de flores, até mesmo os em latim, sobre o que ele então ria tão

abertamente e fazia gracejos; de tal forma leve e bondosa Abd-ru-shin também se dava na existência humana. Quantas vezes eu fiquei a

comparar em todos aqueles anos; assim também deveria ter acontecido

com os discípulos, quando eles puderam caminhar com Jesus.

No início de minha estada lá o Senhor havia se lamentado uma vez,

que ele tinha de encontrar um profissional que servisse como editor

para a Mensagem, a qual ele tinha de escrever, ampliando-a cada vez mais e mais. Eu pensei no nosso parente, que estava no quintal

brincando com as crianças Alexander e Elisabeth, e o sugeri. O Senhor

disse horrorizado: “Não, isso não é possível, ele jamais irá poder servir

ao Gral!” Eu fiquei chocada, pois ele também tinha seu lado bom e por causa deste eu gostava dele. O Senhor disse: “Veja a senhora mesma”,

eu pude então ir com ele até a janela e olhar para fora, para o pátio. E

eu vi com os olhos fino-materiais – mais tarde e agora isso fora-me dado muitas vezes para o meu servir – uma visão que me assustou. Seu

pendor baixo oprimia-o de tal forma, que ele parecia um fauno. Então

eu soube que isso também era um auxílio para mim, poder vê-lo naquilo que o escravizava de tal forma e que eu não podia auxiliá-lo, e

que ele, entregue a isso, jamais poderia ser chamado para o serviço do

Graal. Então eu também compreendi porque Frau Maria, por ocasião do tratamento, sempre tinha ao seu lado Schwester Rosa como proteção

fino-material, o que, em geral, não era o caso.

O fato de eu ter sido convidada para passar uma semana na casa do Graal, eu estava diariamente e hoje ainda plena de gratidão por esse

presente. Daí eu pude também ver a vida de forma mais correta e posso

também agora relatar quão natural, rico em trabalho e de forma simples

transcorria o dia ali na alimentação e em tudo, quão harmônica e silenciosamente alegre era a vibração, sem grandes palavras. Era-se

interiormente movimentado e beneficiado no aspirar pelo Alto através

daquilo que é imensionável, que partia de Abd-ru-shin, mesmo à mesma e quando ele não falava nada, o que senão era sempre algo

esclarecedor e que indicava para coisas mais elevadas. Exatamente esse

ser singelo, que não queria se mostrar exteriormente, aquela harmonia, que estava ao redor dele e com ele, aquela paz que ele irradiava, a

naturalidade como ser humano, tocou-me de forma especial outrora e

para todo o sempre. Eu senti logo a sublimidade distante da Terra que se destacava daquele invólucro terreno, o núcleo, seu profundo e

verdadeiro ser que eu via reluzir dele. Ele falou muito nesses dias da

construção da Criação e das leis, do futuro, de muito que ainda

precisava ser escrito.

Eu não gostava de chamá-lo pelo seu nome terreno e só o fazia

para outros. Nas minhas cartas eu o chamava sempre de “Meu elevado

Guia” e usando também a forma formal de expressão. Por fim, certa vez ele disse sorrindo: “De fato, a senhora pode me chamar assim, mas na

verdade essa denominação não está bem certa. Chame-me

simplesmente de Abd-ru-shin, isto é mais certo. Na verdade, meu nome

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verdadeiro também não é este; lá no Alto eu tenho outro nome, mas

este a senhora vai tomar conhecimento mais tarde, agora eu ainda não

posso me denominar assim.” A partir de então eu só dizia e escrevia simplesmente Abd-ru-shin. Mais tarde quando o raio divino oriundo de

Imanuel desceu nele através de Parsival, nós pudemos tomar

conhecimento do seu verdadeiro nome Imanuel. Mas como muitos sempre tomavam de maneira indescritivelmente tão terrena aquilo que

era elevado, distante da Terra – quão frequentemente o Senhor disse:

“Espiritualizai-vos finalmente, ó criaturas humanas” – esse nome da Luz fora então repentinamente profanado: Imanuel está fazendo hoje

isto, e coisas desse tipo. Assim o Senhor proibiu horrorizado tais coisas

impossíveis, tais degradações. Ele disse irado: “Ainda vai-se dizer:

Imanuel acabou de comer uma maçã. Será que não tendes consciência da santidade, do significado desse nome?”

Em “Faça-se a Luz” isso já deveria ter ficado claro a todos. No início da época da Montanha eu já havia chamado Abd-ru-shin de

“Senhor”, isso era o mais natural para mim. De repente essa

denominação tornou-se comum. Ocorreu então que certas pessoas falavam do “Rei”, o que fechava o caminho a muitos buscadores.

Também aqui paralelamente a Jesus. Tudo o que levava de tal forma a

conceitos terrenos, era-me doloroso em relação ao Senhor, que em sua essência não podia absolutamente ser compreendido. Eu gostaria de

dizer “pressentido”, pois que ser humano pode compreender tal mistério

divino? Antigamente, quando a irradiação de Parsival desceu para o preparado corpo terreno de Oskar Ernst Bernhardt, quando ele

encontrou em 1920 Frau Maria e eles reconheceram que se pertenciam

e vivenciaram no Dia da Pomba o sentido de suas existências terrenas e

também nessa hora a ligação com Jesus de forma consciente no raio divino, aí o nome Bernhardt não teve mais nenhum significado

espiritualmente. Tudo o que ele havia experimentado e vivenciado nesse

tempo terreno de aprendizado, isso apenas deveria servir-lhe para compreender os seres humanos, para, antes do Juízo, ainda poder

conduzi-los para fora de sua confusão, em direção ao caminho para a

Luz e também para estabelecer corretamente o reconhecimento da existência terrena de Jesus. A época de preparação terrena, que

procurando a si mesmo e não conhecendo sua missão terrena, permitiu

que entrasse em complicações com estranhos, estava agora finalizada e assim também espiritualmente seu nome terreno. Isso pessoas

estranhas naturalmente não conseguem compreender. Que tormentos

lhe causaram a consciência, com que freqüência isso quase me

despedaçou o coração, quando eu tomei conhecimento disso na Montanha. Nos dias em que o Senhor especialmente sofria, eu ficava

sempre doente de dor, sem, porém, saber por que, até que o Senhor

mesmo me esclareceu a conexão, que meu amor por ele, meu reconhecimento causava esse sofrer junto com ele, de modo que eu

reagia assim, sem que me fosse falado a respeito. Assim deve ter

acontecido com os discípulos de Jesus em sua horrível dor pelo

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sofrimento de seu Senhor. Aqui o caminho foi naturalmente outro. A

missão de ambos foi, de fato, totalmente outra. Jesus não necessitava

ancorar em si a ligação com o espiritual. Ele veio diretamente do divino e retornou diretamente para sua origem, ancorando também para os

seres humanos apenas a luz de seu Amor sobre a Terra. Para a sua

atuação ele não necessitava passar por confusões sobre a Terra.

Como o Senhor havia então sofrido com a consciência de que as

trevas iriam aproveitar esse período de tempo contra ele, a fim de

confundir em sua proximidade as pessoas que procuravam pela “Luz da Verdade” e aquelas que ainda não haviam vivenciado em si a convicção

firme de sua Mensagem e missão divina. O Senhor também me contou

que ele, quando criança e também como jovem, ainda havia visto o

mundo de tal forma como ele devia ter sido e não pressentia como ele realmente era, de modo que ele havia agido de acordo com isso e

confiado plenamente em todos. Assim ele também havia visto a mulher

como nobre feminilidade. A partir desta suposição também havia ocorrido seu casamento bem jovem; ele teve então que retirar o

reconhecimento de seu erro. Contudo, então seu anseio e procura

nunca o deixaram tornar-se sedentário, o que certamente não deveria ocorrer, pois ele tinha que ser um buscador, até que tivesse reconhecido

em si sua finalidade terrena e estivesse preparado para ela. Isto ele só

me disse em Kipsdorf, onde ele falou com mais freqüência sobre sua infância e primeira juventude, em especial também quando ele, em

Bischofswerda, levou-me a locais especiais.

Agora, voltemos a Igls, durante minha estada lá no início do

outono, entre final de agosto e início de setembro de 1926.

Frau Maria estava muito ocupada com doentes. Na casa do Graal

vivia, sobretudo cuidando da casa, a senhora Anita Klette com seus dois meninos, como que pertencendo à família. Ela era casada com o irmão

da senhora Maria Luft e haviam conhecido o senhor e a senhora

Bernhadt em Dresden e também reconhecido. Ela viera com estes de Dresden para a Baviera. Ela possuía capacidades mediúnicas e

astrológicas. Quero dizer, em Igls, ela já havia se separado do senhor

Klette. Ela era especialmente inteligente, mas apesar disso, muito egocêntrica. Ela me dava a impressão de uma cobra com seus olhos

frios, que não conseguiam ocultar sua ambição e vontade de ter valor.

Eu tinha a impressão, como se ela se considerasse tão importante na missão do Senhor, assim como o era Frau Maria. Naquela época em Igls

eu ainda não conseguia observar tudo isso de tal forma como depois em

Tutzing, mas sua presença na casa do Graal me doía o coração. O

Senhor sempre soubera o que se passava em mim, sim, também cada questão, com a qual eu ia até ele, respondendo-a logo quando eu

entrava, antes que eu a pronunciasse. Assim ele me chamou em Igls e

me disse:

„A senhora não consegue compreender por que essa mulher está

conosco. A senhora sente seu ser de forma dolorosa.”

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“Sim,” confessei, “eu não consigo compreender isso e me dói muito

pelo Senhor e por Frau Maria terem uma pessoa em sua proximidade,

cuja vontade não é pura.”

“A senhora intuiu isso corretamente”, respondeu Abdrushin, “mas

nós temos que conceder-lhe que fique em nossa proximidade, apesar de

ainda termos que ter sua família conosco por causa dela. Mas ela é na verdade a mais elevada convocada. O que lhe fora dado no serviço do

Graal teria de ser dividido entre sete outras pessoas. Por causa de sua

convocação encontra-se ela conosco, assim ela pode se preparar, dessa forma ela também deve, vivendo nessa irradiação da Luz, tornar-se um

legítimo e verdadeiro ser humano. Uma convocada pela Luz não pode

falhar! Por isso a mantemos conosco, assim ela pode se tornar correta!”

O Senhor havia terminado a frase com tal ênfase, como se não precisasse cunhar em mim apenas a crença firme nisso. Nunca mais

falou-se sobre isso, até que mais tarde ocorreu a separação, quando o

Senhor, numa profunda decepção, vivenciou a amarga experiência com ela, que também os mais elevados convocados podem falhar, se não

forem puros como seres humanos.

Uma noite à mesa o Senhor disse para a senhorita Irmingard,

sorrindo e dando uma olhada para mim: “Como seria, se hoje à noite

fizéssemos um passeio ao luar com a Frau Gecks? Ela não pode mais ir sozinha.” Meu coração bateu mais forte com esta perspectiva e pela

bondade de Abdrushin ter pensado em mim. Era uma noite clara de lua

cheia e a caminhada próximo à orla da floresta proporcionou a nós todos alegria.

Quando minha estada em Igls estava chegando ao final, Abdrushin

me disse que ele havia alugado a casinha ali, próxima à floresta, apenas pelo período do verão e que agora queria retornar para a Bavária e que

estava procurando uma casa para alugar nas proximidades de

Munique, junto ao lago Starnberger. “Eu vou lhe dar a incumbência de encontrá-la em breve. Eu sei, a senhora logo poderá me dar notícia”.

Então você também deve encontrar, disse eu feliz para mim mesma, por

ter recebido uma incumbência, mas uma pouco assustada com a responsabilidade.

Então eu pus logo mãos à obra, encarreguei vários corretores, mas

passou mais de uma semana e eu não encontrei nada. Uma manhã eu me encontrava sob uma chuva torrencial na praça Marienplatz,

novamente quase desesperada depois da decepção. Então eu me

recompus e exclamei para mim: “Hoje você tem que encontrar o que

está procurando!” Então me sobreveio uma grande tranqüilidade e segurança sobre mim e senti-me impulsionada a uma banca de jornal.

Eu abri a edição que havia comprado e, de fato, ali estava! Era uma

casa nas proximidades de Tutzing e havia mais uma para alugar em Possenhofen. “A casa com árvores, a “Buchenhaus”, de Tutzing é a

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certa”, disse uma voz em mim e eu jubilei. Inapercebidamente eu

telegrafei imediatamente, dizendo que havia encontrado a casa certa.

Abdrushin telegrafou que na manhã seguinte ele viria com o trem bem cedo para Munique e que eu o esperasse na estação. Eu anunciei

imediatamente sua visita para verificação da casa. Então veio o dia

especial. Ele veio sozinho e eu pude acompanhá-lo.

A “Buchenhaus” situava-se sobre uma elevação e seus gramados

divisavam com a floresta. No quintal haviam velhas faias (árvores), na

frente da casa havia um lugar sombreado por uma alta cerca viva aparada e alguns outros locais possuíam árvores altas e velhas que

rodeavam a casa. Da grande sacada podia-se ver o lago até as

montanhas. Ela situava-se sozinha, silenciosa, acima da localidade,

perfeita para a última época de preparo e tranqüilidade para Abdrushin e para a continuação de sua Mensagem. Abdrushin estava alegre e

resolveu alugar a casa imediatamente. “Esta é a certa”, disse ele para

mim, “eu sabia que a senhora a encontraria.” E fora certo excluir de antemão a casa in Possenhofen, sem tê-la visto.

Fora um maravilhoso dia de outono, que atraiu Abdrushin para

uma caminhada pelo parque Feldafinger e ao longo do lago; ele havia deixado o dia livre para isso. “Daí podemos olhar também a outra casa,

sobre a qual sabemos que não é a certa.” Este dia, em que eu pude

caminhar com ele, fora como um presente, sempre me soará como música de mundos mais elevados, um pressentimento de distâncias

luminosas, que não podem ser descritas. Não há expressão nem

palavras e, apesar de tudo, que bem-aventurança paradisíaca havia em mim. O Senhor presenteou-me lançar um olhar em sua formação, em

seu preparo a partir do alto, e eu pude, pressentindo, intuí-lo, meu

espírito, porém, acolhendo-o totalmente em si.

Um quadro, porém, eu posso reproduzir: o Senhor mostrou-o a mim como um ovo, ainda totalmente sem casca e ao redor do qual têm

de se formar as peles, cada vez mais peles, a fim de protegê-lo em seu

interior; por fim, envolve-o a dura e não transparente casca, que o contém em si. E no ovo pronto, seu corpo terreno, descera então, pouco

a pouco, uma força irradiante ainda mais elevada, oriunda de Parsival,

de sua origem, depois que ele próprio havia se conscientizado de sua origem e missão. Primeiramente seu corpo terreno também teve de estar

bem fortalecido e preparar-se em tranqüilidade para tanto. A completa

ligação com Parsival ocasionou a seu corpo terreno oito dias de total inconsciência. Mais tarde, sobre a Montanha, pôde então também ser

estabelecida a ligação irradiante com seu Ser verdadeiro, mais elevado e

divino: com Imanuel. Isso foi uma longa corrente de preparo e uma

difícil tarefa, para conter essa gigantesca força irradiante sobre a Terra de tal forma, que as criaturas terrenas pudessem suportá-la e não

tivessem que sucumbir. E isso é o mais terrível, a mais grave culpa

nossa, seres humanos, por termos deixado a Terra se enrijecer tanto. Não foi em vão que a dissertação “Enrijecimento” fora outrora uma das

últimas do Senhor. Depois de todas as decepções ele havia reconhecido

completamente, teve de reconhecer quanto mais profundo a Terra havia

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afundado desde o assassinato do Filho de Deus, quão horrivelmente

enrijecida já se encontrava, para poder reconhecer a Palavra auxiliadora

do Filho do Homem. O reconhecimento jubiloso, a modificação e o soerguimento do ser humano não vinham, estavam demorando muito

para vir. Seus servos também haviam se tornado tão incapazes e não

utilizavam a força da Luz para a finalidade que fora dada. Ah, o grande falhar deixou que ele partisse prematuramente de nós, a força da Luz

era grande demais nele e ele tinha sempre de novo que contê-la em si,

já que a humanidade não conseguia suportar nem mais uma pequena parte. Sobre isso ele falou uma vez comigo em Kipsdorf. Quão

indizivelmente doloroso e abalador é isto! –

Também em uma alocução que ele fez para nós, em um círculo

mais estreito, ele falou antes há anos (Natal 1932) na Montanha, sobre o fato de que ele não poderia se manter na Terra, se o nosso anel não o

rodeasse protetoramente numa fidelidade luminosa como um anel

incandescente, a fim de poder se ancorar, se segurar aqui através dele. E quando a Montanha teve de cair, devido ao fato dos servos que

deveriam servir de apoio não se encontrarem suficientemente puros,

nem suficientemente legítimos no servir, estando todas as fraquezas e desejos humanos ainda em primeiro plano, e o Senhor ter sido preso

pelos nazistas, aí ocorreram brechas no anel, que deveria ter estado

duplamente mais firme. Exatamente aqueles então vieram a ter dúvidas na missão do Senhor e não procuraram a culpa em si, “as colunas”, as

quais deveriam ter sustentado sobretudo a Montanha.

Outrora, depois da inspeção na casa e do passeio, o Senhor

passara a noite conosco em Munique. Que presente fora isso, nossa

casa parecia-me como consagrada. O Senhor também falara sobre Frau

Maria, que estava muito sem apoio, agora, nesta época, ainda como um ovo cru em seu corpo, por isso sempre deveria estar alguém ao seu lado

direito, para lhe servir de escudo, ela nunca deveria andar sozinha. Isto

estava, na verdade, ainda em conexão com a distribuição da irradiação em preparo de suas forças terapêuticas. Também as capacidades de sua

origem, a capacidade da elevada vidência deveria primeiramente

desenvolver-se, ancorando-se, em seu corpo.

Já em Igls o Senhor havia me falado sobre a destinação futura do

Sr. Alexander. Lá havia baixado nele, espiritualmente, a primeira

preparação, para que mais tarde seu corpo suportasse a irradiação mais forte. Infelizmente então, mais tarde na Montanha, quando ele

estava com dezoito anos e era um jovem forte e saudável, seu corpo não

conseguiu suportar isso. Quando ele então fora completamente ligado

ao raio oriundo do Leão primordialmente criado, de sua origem, seu corpo fora então fortemente atingido, de modo que ele, em febre,

acolheu aparentemente em si um vírus de paralisia infantil, que estava

no ar, e, por isso, não conseguiu superar. Assim Frau Maria me esclarecera então que isso teria ocorrido dessa forma. Assim não foi

apenas a irradiação como tal, para a qual o corpo estava tão bem

preparado, mas o encontro de ambas as coisas.

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