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ABRASCaO~10º CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA
14 A 18 DE NOVEMBRO DE 2012 - PORTO ALEGRE/RS
Aberto o maior encontro de saúde coletiva do país
Mais do que dar as boas-vindas aos participantes e celebrar a realização do maior e mais importante evento de saúde co-letiva do país, a abertura oficial do Abrascão 2012, realizada ontem, no Centro de Eventos da PUCRS, brindou também o público com uma homenagem à cultura e à diversidade artís-tica do Rio Grande do Sul.
Antecedendo a cerimônia, os participantes foram recep-cionados com uma série de atrações (leia mais na página 3). Após, tiveram início os discursos.
Entre as autoridades presentes, estava o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que entregou à diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Mirta Roses, a medalha da Ordem do Mérito Médico, de acordo com o decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff, no dia 29 de outubro. A
agraciada foi escolhida por ter se destacado na prestação de serviços notáveis ao país no campo da Medicina.
— Contamos com o apoio de todos, sobretudo da acade-mia. Tivemos muitas evoluções. Mas não podemos esquecer a baixa qualidade dos serviços de urgências e emergências ofe-recidos no país. Mudar isso é o nosso grande desafio. E, por isso, este Congresso é tão importante — declarou Padilha.
A mesa foi composta ainda pelos presidentes da ABRAS-CO, Luiz Facchini, e da Fiocruz, Paulo Ernani Cadelha, por autoridades internacionais de saúde, pelo senador Humberto
Costa, pelo reitor da PUCRS, Joaquim Clotet, pelo secretário Estadual de Saúde, Ciro Simoni, pelo diretor do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, José Gomes Temporão, e por Mirta Roses.
INFORMATIVO | SEXTA-FEIRA, 16 DE NOVEMBRO DE 2012 | EDIÇÃO Nº 2
A privatização da saúde foi tema de curso ministrado ontem pela vice-presidente da ABRASCO, Ligia Bahia, com os pesquisadores Carlos Leonardo Figueiredo Cunha, Henry Sznejder, José Sestelo, Maria José Luzuriaga e Mario Sheffer. A questão, presente na agenda mi-diática devido à polarização de opiniões ocorrida durante o debate eleitoral, norteou a compreensão da relação entre o público e o privado na saúde.
Para Ligia, tanto a esfera pública quanto a privada são necessárias. No entanto, os serviços privados de saúde no Brasil estariam sendo sustentados com recursos públicos.
— É um privado estatal, pois de-pende de financiamento e políticas públicas — afirma.
Segundo a professora, a ascensão da nova classe média criou planos de saúde com valores reduzidos para atrair esse público. No entanto, as coberturas também são reduzidas, o
que, por vezes, pode acabar levando pacientes para o SUS e pode acarre-tar em problemas judiciais:
— A Constituição aprovou um sistema universal de saúde, mas o sistema privado é permitido. Mas o mercado de planos de saúde no Brasil foi artificialmente expandido. Nosso objetivo é uma reflexão sobre o tamanho que o sistema privado deve ter e o parasitismo que ele
exerce sobre o setor público — refle-te a pesquisadora.
A professora também chamou atenção para o fato de a reforma no sistema de saúde norte-americano realizada pelo presidente Barack Obama ter promovido uma regula-ção estatal muito forte, o que estaria atraindo grandes empresas da área para países de renda média e legisla-ção mais branda, como o Brasil.
PÚBLICO X PRIVADO
A Prefeitura do Rio de Janeiro aposta em atividade lúdica para discutir Saúde Coleti-va. Por meio de um jogo de memória com imagens que remetem a violência domés-tica, promoção da saúde, saúde na escola e diversidade, busca incentivar o debate em momentos de distração.
Processo eleitoral é um dos destaques do Abrascão. No dia 17, será escolhido o novo presidente da ABRASCO. A eleição ocorre no Estan-de Abrasco Associados, e o resultado será divulgado no mesmo dia, em Assembleia.
De olho na sustentabilidade, o crachá do Congresso incen-tivou uma ideia inovadora. Feito com papel semente, se for plantado, germina flores ou temperos, cumprindo a respon-sabilidade social pós-consumo. Veja as informações no seu crachá e aposte na iniciativa.
Galeria 1
Rapidinhas
Convivência é um dos conceitos que sintetizam o que é o universo Abrascão. Essa é a tônica da pri-meira galeria desta edição.
Limites ao privado "parasita": um ideal para a saúde nacional
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Saúde é tema sério, mas quem disse que precisa ser formal? No dia em que o ministro Alexandre Padilha (leia entrevista na página
6) circulou pelos ambientes do Abrascão 2012, encontrou no caminho os versos de congressistas que transformaram em poesia
suas abordagens sobre o tema.
Imagem do dia
Jornalista Responsável Daiana Bado (MTB 11617)Thais Silveira (MTB 16264)Textos e diagramação: Conselho de Comunicação Abrasco e Bado Comunicação & Marketing Fotos: Foto Rocha RS
Bado Comunicação & Marketing (51) 3062.5222 / 9171-8619 / www.badocomunicacao.com.br
EXPEDIENTE
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SAÚDE COM ARTE
Antes da cerimônia de abertura do 10º Congresso Bra-sileiro de Saúde Coletiva, uma série de atrações artísticas, todas vinculadas à UFRGS, se apresentou para quem foi à PUCRS acompanhar o evento.
CORAL E ORQUESTRA POPULAR DA UFRGSEntre o variado repertório apresentado pela Osquestra
Popular da UFRGS, foram executados pelos 22 músicos o hino nacional e o hino rio-grandense. Tudo acompanha-do pelas vozes do Coral da universidade
A OPA, coordenada pelo professor do Instituto de Ar-tes Amauri Iablonoviski, nasceu em abril de 2011, como Projeto de Extensão, para criar um ambiente de promoção da música popular dentro da Universidade. A regência é do Maestro Marcelo Nadruz.
O coral tem 51 anos de atividades ininterruptas. Conta com 35 cantores, entre alunos, ex-alunos, pessoas da co-munidade e docentes e técnicos da UFRGS.
GRUPO TCHÊ E PARALELO 30Protagonistas de um espetáculo diante dos partici-
pantes do Abrascão, ambos os grupos são projetos de extensão da UFRGS ligados ao curso de Licenciatura em Dança. Os integrantes são alunos ou pessoas da comuni-dade. O Tchê volta a se apresentar no Abrascão hoje, às 18h, na reitoria da UFRGS.
BALLET DA UFRGSO Ballet da UFRGS faz parte do Curso de Licenciatura
em Dança. Além da performance de ontem, o grupo se apresenta no Congresso hoje, ao meio-dia e às 18h.
Amanhã, dia 17, tem apresentação no pátio entre os prédios da Faced e do Museu, às 12h30min.
Atrações para encantar os congressistas
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Mural da Cidadania
Francisco LanaEnfermeiro e professor
da UFMG
Pâmela de LeonEUCPEL
Pelotas/RS
“Já participei de quatro edições e nesta estou redes-cobrindo um grupo com-prometido e que ao longo dos anos ganhou força.
Estou revigorado em estar no Congresso. É um espaço de reflexão, visibilidade, de novas missões e que traba-
lha na articulação da saúde com questões da sociedade.”
"Espero, com a minha participação, abrir meus horizontes para traba-lhar com saúde coletiva e, quem sabe, ajudar a melhorar o nosso Sis-tema Único de Saúde
(SUS)".
Arion AmaralSecretaria Estadual da Saúde
do RS, Pelotas
Verônica LourençoConselho Nacional de Saúde
João Pessoa
"Estou com grandes expectativas. Espero que o evento contribua para que possamos levar co-
nhecimento e melhorar as condições gerais da nossa
cidade"
"O Congresso é um espaço importante que promove o diálogo de profissionais
da saúde com a academia. As pesquisas e trabalhos
apresentados podem favo-recer as intervenções dos
movimentos sociais. Tam-bém participei da oficina Humanizasus e foi muito importante, porque pude
colocar minha visão sobre o programa e o que pode ser
melhorado.”
Helena Fialho (crespo) Psicóloga, mestranda em Saúde Coletiva UERJ (RJ)
Carolina Meirelles Secretaria de Estadual
de Saúde do RS Pelotas, RS
“O Congresso é uma grande oportunidade de
encontro, possibilitando a troca de conhecimentos, informações e experiên-
cias. Neste momento temos como principais desafios no país a privatização do SUS e a privatização da
vida.”
“Já participei cinco vezes do Congresso Brasileiro de
Saúde Coletiva, e sem-pre indico para os meus
colegas. O mais importante, para mim, é poder encon-trar profissionais de saúde
de outros municípios. Essa é a oportunidade de trocar-
mos experiência, o que não acontece nmo dia-a-dia e conseguimos fazer muito
bem aqui. ”
Aurora Zen Professora do curso de Ad-
ministração da UFRGS
NilceRede Nacional de Religiões
Afro-brasileiras e SaúdeRio de Janeiro, RJ
“É minha primeira vez no evento e me chamou atenção as palestras bem
abrangentes, sobre diferen-tes temas da área. Também é a oportunidade de estar junto de pesquisadores e profissionais, ainda mais que desenvolvi um projeto sobre sistema de inovação
de Saúde.”
“Esse evento é de extre-ma importância para que possamos ocupar todos os lugares na so-ciedade. O povo de ter-reiro tem ações, projetos
sociais e de saúde. Já tivemos alguns avanços, como as parcerias com as secretarias estaduais
pelo Brasil.”
Waldemir VargasBiólogo e funcionário público
Rio de Janeiro, RJ
José KatitoUniversidade de Barcelona
Angola
"Saúde coletiva é funda-mental para o trabalho
dos municípios. No Rio de Janeiro, por exemplo, ela
está abandonada, deveriam investir mais nos profissio-nais. Além disso, a política atrapalha muito a saúde
coletiva. Quando se muda a gestão, se acaba mudando
a linha de trabalho.”
"Vim ao país de vocês conhecer e buscar diferentes abordagens sobre a questão da epidêmica AIDS, saber o que vem sendo produzi-do cientificamente sobre o tema no Brasil e o que eu
posso aproveitar para levar de experiência para o meu
país."
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Galeria 2Buscar na prática o conhecimento. Quinze ofici-nas marcaram o primeiro dia do Abrascão 2012.
Médica e presidente do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), a feminista Ana Maria Costa coordenou ontem o se-minário “Análises de Políticas de Saúde na Perspectiva Feminista e de Gênero”. O deba-te, realizado no prédio da reitoria, trouxe à tona temas ligados aos principais problemas enfrentados pela mulher no Brasil, como violência sexual, aborto, DSTs, vulnerabili-dade social, abusos de medicalização e morte materna.
Para Ana, que integra o GT de Gênero e Saúde da ABRASCO, nos últimos 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) houve, sem dúvida, uma democratização do acesso à saúde da mulher, ainda que seja necessária uma crítica à forma como esse processo está ocorrendo.
— Sabe-se que 81% das mulheres têm acesso à pílula e a hormônios injetáveis, mas não ao DIU e ao diafragma, considerados métodos contraceptivos mais inócuos. O SUS tem burocratizado a assistência e estimulan-
do o consumo em vez de ampliar o acesso à saúde primária de qualidade. Ou seja, o SUS promove uma excessiva fragmentação de políticas, sem considerar a questão de gênero — explica a médica, doutora em Ciências da Saúde.
Sobre o aborto, considera a médica, o Brasil sofre um retrocesso devido às pressões políticas sofridas pelas bancadas religiosas junto ao Congresso, mesmo tendo exemplos próximos de avanços como no Uruguai, onde recentemente foi aprovado projeto de lei que descriminaliza a prática.
— Aborto é uma questão para a democra-cia. As mulheres esperam pela sua legalização e pela criação de serviços de saúde dignos que possam acolhê-la nesse momento hoje vivido com abandono, solidão e riscos. Precisamos denunciar os abusos — considera.
Já sobre a disseminação de movimentos feministas radicais, Ana comemora o retorno.
— É um sinal de descontentamento com a desigualdade entre homens e mulheres — diz.
"O SUS precisa conside-rar a questão de gênero"
MULHER EM FOCO
Conforme Ana Maria Costa, o sistema promove uma excessiva fragmentação de políticas
A contraposição entre o do-mínio da medicalização e da medicamentação no cotidiano das pessoas e dos serviços de saúde foi a tônica do seminá-rio “Medicamentos, Medica-lização e a Organização dos Serviços de Saúde”, coordena-do pela presidente da Escola Nacional dos Farmacêuticos, a professora da UFSC Silvana Nair Leite.
A atividade levou profis-sionais, gestores e usuários do sistema de saúde a elaborarem diretrizes para que serviços de saúde sejam menos regidos pela lógica de consumo, em especial de medicamentos.
Marilene Proença (USP), Margo Karnikowski (UNB), Celia Chaves (Fenafar) e Carlos Duarte (CNS) debateram o aumento excessivo do uso de medicamentos de forma indiscriminada.
— Qualquer problema é tratado como se pu-
desse ser resolvido apenas com remédios, e isso é perigoso para a própria sociedade — reflete Silvana.
A professora afirma que os serviços de saúde do país pra-ticamente não proporcionam opções terapêuticas além da medicamentosa.
— Só o médico propõe o tratamento, não há interdiscipli-naridade. A evolução do trata-mento deve ser observada para avaliar a necessidade de troca do medicação. O uso deve ser quali-
ficado com acompanhamento dos resultados.Também foram abordados os interesses da
indústria farmacêutica, a formação dos profis-sionais e as farmácias populares. Essas, segundo Silvana, são importantes para que se tenha aces-so a tratamento sem precisar ir a uma unidade de saúde, mas não resolvem a questão do uso correto dos remédios.
Por uma medicalização muito mais consciente
A CULTURA DO REMÉDIO
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De que forma as discussões que ocorrerão no ABRASCÃO podem contribuir com a criação, a manutenção e a melhoria das políticas públicas do ministério? Alexandre Padilha — O Abrascão é decisivo para isso. É o maior congresso onde se debate saúde públi-ca no Brasil. Com forte participação de representan-tes de outros países. Reúne pessoas que se dedicam a buscar entender os fatores de risco, os condicionantes e determinantes sociais e os impactos das políticas públicas de saúde construídas em todo o país. Re-úne grandes defensores do Sistema Único de Saúde (SUS). A ABRASCO foi entidade fundamental na construção desse projeto público de saúde nacional. Outro ponto importante é que o evento reúne atores fundamentais na definição dos rumos do país, como academia, movimentos sociais, gestores e trabalha-dores. Esse congresso nos ajuda a identificar os avan-çados conquistados nos últimos anos e aponta os desafios que temos pela frente para garantir um SUS que tenha qualidade para o conjunto da população.
O mundo vive um contexto de crise econômica estrutural. A sociedade brasileira propõe o for-talecimento do SUS. Como manter a universa-lização de um sistema em um cenário de crise econômica como o atual?É preciso entender a crise econômica internacional no centro do capitalismo, não apenas como uma cri-se, mas como uma oportunidade para afirmarmos um projeto de desenvolvimento econômico e social. Temos aproveitado a crise para acelerar o processo de inclusão no país, de ascensão social dos cidadãos e fortalecimento do mercado interno. Precisamos con-tinuar a aproveitar a crise européia para intensificar o projeto nacional de saúde pública.
ABRASCÃO Como se faz isso?É preciso reafirmar a defesa da saúde como um direi-to e o SUS como um projeto público e universal, que
tem a equidade como um valor fundamental e que não abre mão da universalidade. Também é preciso aproveitar que o SUS nos oferece oportunidades de fortalecer o setor da saúde, que tem grande força de promover o desenvolvimento do Brasil. A saúde re-presenta, atualmente, 30 por cento do esforço de ino-vação tecnológico brasileiro. A saúde demanda mais de nove por cento do Produto Interno Bruto (PIB). A saúde emprega um percentual muito importante da população de nível superior do país. Tem um papel fundamental na manutenção do emprego em cada município.
O mote do congresso é “Saúde é Desenvolvi-mento”. O acesso pleno a saúde de boa qualidade ainda é um dos principais desafios para conso-lidação da democracia e do desenvolvimento brasileiro. Quais são as abordagens mais urgen-tes para se garantir o SUS como assegurado na Constituição?Em primeiro lugar defender a manutenção de ga-rantias de direitos é fundamental. O Brasil pretende ser um país rico, mas sem pobreza, com educação e saúde para toda a sua população. A saúde é uma das maiores expressões da defesa do direito em um país que se pretende democrático. Porque ela significa mobilização de recursos e políticas, arranjos institu-cionais e de debate permanente na sociedade.Em segundo lugar é preciso entender que a defesa do SUS gera oportunidade de desenvolvimento econô-mico e social. Por exemplo, para mantermos os pro-gramas de saúde bucal precisamos de uma indústria nacional que produza equipamentos adaptados á re-alidade local. Equipamentos adaptados a unidades móveis rurais, equipamentos de simples utilização para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e insumos. Hoje estamos interiorizando o SAMU. Para isso é preciso uma indústria que produza equipamentos internamento para o Samu lancha, Samu móvel, para as UBS Fluviais. Hoje, nós só podemos ter um programa amplo de imunização porque 9% das do-ses de vacinas são produzidas no Brasil. Transferimos tecnologia e geramos emprego e riquezas aqui. O Mi-nistério da Saúde tem buscado incorporar os novos remédios biotecnológicos, que é a última fronteira no tratamento do câncer e essa ampliação do acesso só será sustentado se produzirmos internamente.
Um dos debates centrais do Congresso é a priva-tização da saúde. Como você vê essa discussão? Como o sistema privado pode contribuir para
um SUS universal, igualitário e equânime?Esse é um debate importante para ser fei-
to. O SUS sempre foi um projeto público, nunca exclusivamente estatal. Hoje, 57%
das internações realizadas pelo sistema ocorrem em hospitais que não são es-tatais. Ao longo desses anos de cons-
trução do SUS, parcerias com Or-ganizações Não Governamentais
(ONG’s) e entidades privadas foram decisivas. Basta lembrar
do papel importante no enfrentamento da luta
contra a AIDS e no combate à morta-
lidade infantil. Eu defendo o SUS como um projeto que mantém sobre o gestor a responsabilidade pelo planejamento, a coordenação, a regulação e a defini-ção sobre a gestão dos leitos.
Investimentos públicos têm sido feitos em ci-ência, pesquisa e inovação também na área da saúde. Como se torna a ciência mais cidadã de forma que reflita em melhores práticas no SUS? As universidades, as instituições acadêmicas e pro-dutoras de pesquisa precisam cada vez mais se abrir para a sociedade. Saírem do seu ambiente interno para estar mais próximo da população. O espaço do SUS pode ser propicio para isso, de cuidado das pes-soas, mas também de educação permanente e de ob-jeto para análise e construção de conhecimento. Es-tarmos cada vez mais, como membros da academia, em espaços do serviço do SUS, ajudando a responder as perguntas que surgem no dia a dia dos serviços de saúde, ajuda a estimular a produção de tecnologia e inovação para responder às principais demandas de saúde da nossa população. Essa é a melhor forma de se construir uma ciência que seja cidadã e que esteja a serviço da sociedade.
Como o ministério contribui com as discussões em torno de reformas estruturais, como refor-mas política e tributaria, para garantir um perí-odo sustentado de desenvolvimento?Através do dialogo que mantém com vários atores políticos ligados à saúde e que participam do proces-so de decisão no congresso nacional ou nos governos estaduais e prefeituras. Essa tarefa é de todo o con-junto da sociedade que defende o SUS. Por isso, a ABRASCO defende isso como tema. Os debates do dia a dia são fundamentais para que possamos de-fender o que nossa constituição garante: saúde um direito de todos e um dever do Estado.
Alguns temas polêmicos serão discutidos no Congresso: não internação compulsória para usuários de crack e agrotóxicos. Como você vê essas discussões e se posiciona em relação a elas?O Ministério tem buscado garantir autonomia à Anvisa de fiscalização e regulação sobre qualquer produto nocivo à saúde.Em relação ao debate de en-frentamento do crack, o sistema de saúde precisa se reorganizar para dar conta e garantir atendimento humanizado e com qualidade a uma parte da po-pulação brasileira que é vítima do crack. É preciso admitir que o sistema de saúde precisa de reorgani-zar para dar conta dessa nova realidade. Precisamos de serviços para atendimento em realidades diversas. O dependente de crack, ao longo o tratamento e do processo de reinserção social, demandará diferentes serviços de saúde. Por isso, colocamos R$ 4 bilhões a disposição de estados e municípios para a formação de uma rede de atendimento para realidades diferen-te, como consultório na rua, enfermarias especiais em hospitais, unidades de acolhimento, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) 24 horas e parcerias permanentes com entidades que cuidem da depen-dência química desde que elas respeitem os direitos humanos e que tenham uma abordagem que prio-rize, sobretudo, a reconstrução do projeto de vida de uma pessoa.
Entrevista - Alexandre Padilha, ministro da Saúde
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UM ABRASCÃO DE CULTURAEDITORIAL
A diversidade da Tenda Construção Coletiva
Com dias intensos de ativi-dades, o espaço Bete Negra é uma boa opção. Coordenado por profissionais da Rede de Mestres Holísticos, oferece além de massagens e reikes, um ambiente de conversas para discutir até mesmo política nacional e fortalecer o trabalho da rede. Astral para todos os grupos e as etnias. A diversidade marca o local com ativida-des que combinam música, dança, arte e sempre um bom bate-papo.
E o saudável é todos entra-tem na roda! O convidado especial, ministro Alexandre Padilha (à esquerda), tam-bém participou e interagiu nas atividades da tarde.
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Vinte anos depois, o 10º Congresso da Asso-ciação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) retorna a Porto Alegre. Nestes quatro dias de even-to, cujo tema central é “Saúde é Desenvolvimento. Ciência para a Cidadania”, cerca de 9 mil pessoas circularão por este grande evento.
Destes, cerca de 3 mil são da Região Sul e os de-mais das demais regiões do país, além de mais de 50 convidados internacionais. Serão apresentados 7.830 pôsteres eletrônicos e comunicações coorde-nadas e realizadas quase 50 atividades culturais, cerca de 30 cursos, 15 grupos de trabalho, 22 semi-nários, 15 oficinas, mais de 100 painéis, 60 mesas redondas, 6 debates e 45 palestras.
São números grandiosos que aumentam nossa responsabilidade a cada evento.
Com o objetivo de fortalecer o diálogo de saúde com os governos, o Abrascão também pretende motivar ações que ajudem o país a superar a incô-moda posição que coloca a sexta ou sétima econo-mia mais rica do planeta em condições desvantajo-sas frente a nação menores e mais pobres quando o assunto é saúde pública.
Nosso país vive um ciclo virtuoso de cresci-mento econômico e desenvolvimento social, em meio à forte crise internacional, que afeta de modo expressivo as economias mais ricas e desenvolvidas do planeta.
Felizmente, as evidências também indicam que as políticas e as ações dos sistemas e serviços de saúde podem jogar um papel estratégico e bem-su-cedido na redução de diversas iniqüidades sociais em saúde. Nesse sentido, vale destacar o reconhe-cimento nacional e internacional granjeado pela produção de conhecimento brasileira no campo da saúde coletiva e das políticas de saúde.
A saúde precisa voltar a ocupar lugar central na agenda política do país, buscando uma relação mais igualitária de nossos indicadores de saúde e de educação com nossa importância econômica. Esta brecha hoje é de dez vezes, sétima econo-mia mundial, mas 60º. ou 70º. lugar em saúde e educação, posição pior do que a de muitos países menores e mais pobres do que o Brasil .
Hoje dispomos de todos os meios, políticos, financeiros e técnico-científicos, para alcançarmos transformações que desenvolvam o SUS e avancem o projeto da Reforma Sanitária brasileira. O Brasil tem a oportunidade de dispor de um sistema de saúde universal, equitativo e sustentável, confor-mepreconizado na Constituição de 1988.
Não queremos um SUS que seja universal na alta complexidade, e oferte uma atenção básica pobre para pobres, entregando a média complexi-dade para os planos de saúde e empreendimentos privados. Queremos um SUS inteiro, complexo, com redes integradas que atendam exclusivamente seus usuários.
Além disso, o ABRASCÃO 2012 será palco de eleição da diretoria e do conselho, que conduzirão a entidade nos próximos três anos. Portanto, 2012 é também época de balanço da gestão que se ini-ciou em 2009 em Recife, no 9º ABRASCÃO. Um bom congresso a todos!
* Presidente da ABRASCO
Luiz Augusto Facchini*
A situação de saúde no Brasil hoje: desafios e perspectivasReitoria - Auditório Salão de Atos Horário: 9h45min às 11h15min
Desenvolvimento Tecnológico e InovaçãoReitoria - Auditório Salão de AtosHorário: 14h às 15h30min
09:45 - 11:15Formação em Promoção da Saúde: graduação, PG e Educação PermanenteFACED - Sala 506
Promoção da Saúde e Proteção SocialFACED - Sala 505
Avaliação para a Gestão do SUS: construção de regiões de saúde e desempenho do sistemaFACED - Sala 606
A Judicialização na Pesquisa em Saúde AmbientalFACED - Sala 508
Modelo de Cuidados Crônicos e sua aplicabilidade no SUSReitoria - Salão de Festas
Violência e GêneroFACED - Sala 601
Educação Infantil e Desenvolvimento: desafios e perspectivasFACED - Sala 503
Federalismo e regionalização da saúdeReitoria - Sala 2
Pesquisas Participativas e Humanização da SaúdeFaculdade de Direito - Salão Nobre
A saúde no Brasil em 2030: diretrizes para prospec-ção estratégica do Sistema de Saúde brasileiroUfcspa
Olhares sobre a pretensão inter/transdiciplinar da Saúde Coletiva: aondeestamos?FACED - Sala 301
Saúde e DesenvolvimentoReitoria II - Tenda 130
Modelos de Atenção à SaúdeFACED - Sala 703
Modelos de Atenção à SaúdeFACED - Sala 703
Saúde e Povos Indígenas no Brasil: desafios nacio-nais e insights locaisFACED - Sala 508
Abordagens e Métodos EstatísticosFACED
Estado da Arte da Epidemiologia das doenças CrônicasHotel Plaza São Rafael - Sala Cambará
Informações para a saúdeHotel Plaza São Rafael - Salão São Rafael -
Autossuficiência Biotecnológica:as experiências públicas, privadas e o DesenvolvimentoHotel Plaza São Rafael - Salão Nobre
Saúde e Sanenamento na perspectiva do desenvol-vimentoHotel Plaza São Rafael - Salão Nobre
A Judicialização da Saúde e os Desafios da Saúde SuplementarFACED- Sala 608
14:00-15:30Planejamento setorial e desenvolvimento:aportes da Cooperação Técni-ca Fiocruz/Consass/ConasemsFACED - Sala 406A saúde de adolescentes e jovens em situação de privação de liberdade: saúde mental e saúde sexual e reprodutiva nas unidades de internação no BrasilFACED - Sala 608
Desafios para a implantação no Brasil do Registro Eletrônico em Saúde/Prontuário Eletrônico do PacienteInst. de Ciência Básica da Saúde - Sala 100
Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva: Desa-fios e tendências da produção científica.FACED - Sala 304-
Promoção da Saúde e Prevenção de agravos à saúde no âmbito do PSE - Programa de Saúde na EscolaFACED - SALA 703
O Ensino das Ciências Sociais na Saúde Coletiva: pós graduação, e graduação em Saúde Coletiva e outros cursos de saúde - Reitoria - Sala 2
Concepções sobre saúde e adoecimento, sistema biomédico e políticas na área da saúdeFACED - Sala 503
Impactos na saúde relacionados ao trabalho e ao ambiente, contribuições e estratégias em vigilância em saúdeUFCSPA - Auditório
Inovação nas Organizações Hospitares: tendências internacionais e a situação do BrasilFACED - Sala 506
Condições do ambiente e saúdePlaza São Rafael - Sala Cambará
Doenças Crônicas de Alta Prevalência : como vamos?FACED - Sala 601
Tendências Temporais nas três coortes de nasci-mento de PelotasInstituto de Ciência Básica da Saúde – ICBS - sala 101
Qualidade e segurança da atenção ao parto: desa-fios para a 5ª Meta do MilênioFaculdade de Direito - Sala 3
Efeito de fundador e ocorrência de doenças genéticas em regiões com elevada frequência de casamentos consanguíneos no nordeste brasileiroFACED - Sala 606
Tecnologias de Atenção Básica e Desafios da Formação Faculdade de Direito - Sala 8
Aborto e saúde no Brasil: atualizando o debatePlaza São Raphael - Auditório Itapema
Dossiê Abrasco sobre impacto dos agrotóxicos na Saúde. SESSÃO ESPECIAL (até 18h)Plaza São Raphael - Salão São José
09h45 - 11h15Incorporações Tecnológicas na Gestão da Educação na Saúde: expansão e qualidade se encontram?FACED - Sala 304
Using mixed methods in youth sexual health researchReitoria I , auditório externo - tenda
Grupos de Gestão Autônoma da Medicação como Estratégia de DesmedicalizaçãoAnexo I - sala 306
As políticas de saúde e as práticas integrativas e complementares no SUSAnexo I - Sala 305
Ciência e Tecnologia para inovação para o desen-volvimento nacional: a contribuição da CAPESFaculdade de Economia - auditório
Doenças Dermatológicas no BrasilInstituto de Ciência Básica da Saúde – ICBS - Sala 100
14:00 - 15:30A produção científica do campo da saúde coletivaFaculdade de Economia - Auditório
Poluição e SaúdeFaculdade de Economia - Sala 16
Especificidade da Inovação Tecnológica em Saúde PúblicaAnexo I - Sala 305
Do Welfare ao Warfare State: A Militariazação do SocialAnexo I - sala 306
World Nutrition Rio2012: marcos do congresso, perspectivas e desafiosFaculdade de Economia - Sala 26
Políticas Públicas de Formação para a SaúdeFACED - sala 505
Necessidade Social de MédicosAnexo I - Sala 305
Aseguramiento universal y proyectos de asociacion publico privado en infraestructura de salud.Faculdade de Economia – Sala 22
09:45 - 11:15Desafios para a construção de Indicadores de avaliação de políticas promoção da saúdeEscola de Engenharia Nova - auditório 200
OSS; OSCIP; PPP; TerceirizaçãoInst. de Ciência Básica da Saúde – Auditório
Ética das Ações AfirmativasAnexo I - Sala 308
As Relações e as Condições de Trabalho dos Trabalhadores da Saúde Diante da Implantação e Consolidação das Políticas de SaúdeFaculdade de Arquitetura - Auditório
14:00 - 15:30Comunicação e Gestão Participativa: considerações teóricas e realidades práticasAnexo I - Sala 308
Desenvolvimento Sustentável e Saude: Desafios para a Cúpula do MilênioInstituto de Educação - Auditório
Ética em pesquisas em Saúde PúblicaEscola de Engenharia Mecânica - Auditório
Novos atores, novas abordagens na formação em saúde coletiva: possibilidades e limites para o movimento sanitárioEscola de Engenharia Nova - Auditório 600
Campo de práticas da saúde coletivaFACED - Auditório 101
Inovação e Saúde PúblicaFaculdade de Arquitetura - Auditório
Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde e Pesquisas Estratégicas para o Sistema de SaúdeInstituto de Ciência Básica da Saúde
Drogas e Justiça na Sociedade BrasileiraHotel Plaza São Rafael - Salão São Rafael
Avaliação das Eleições Municipais de 2012Reitoria - Salão de Festas
Plenária do Encontro Nacional de Pós Graduandos em SaúdeCentro De Eventos Plaza São Rafael - Sala Paineira
16:00 – 18:00Formação da Pós-Graduação em Saúde para consolidação do SUSCentro de Eventos Plaza São Rafael - Sala Paineira
09:00 - 10:00 | Clown (área externa)10:00 - 11:30 | Oficina de pipas (Tenda Paulo Freire)12:00 - 12:30 | Ballet UFRGS (Salão da reitoria)12:00 - 12:30 | Contação de histórias (Paulo Freire)12:30 - 14:00 | Tributo à Carmen Miranda e Edith Piaf (Salão de Atos – Reitoria UFRGS)14:00 - 16:00 | “Ilha das Flores” (Cinema da UFRGS)14:00 - 15:30 | Oficina de pipas (Tenda Paulo Freire)16:30 | Grupo UPA (Salão de Festas UFRGS)18:00 - 20:00 | Ballet UFRGS Pergolato (Sala Fahrion)18:00 - 20:00 | Grupo Tchê (Salão de festas Reitoria)18:00 - 20:00 | Sarau Fotopoético (Tenda Paulo Freire)19:00 - 21:00 | “Sonhos Tropicais” (Cinema UFRGS)
9:00 - 11:00 | Roda 1 - A conquista da Política Nacio-nal de Educação Popular e Saúde: caminhos e desafios da institucionalização da educação popular em saúde.
12:00 - 13:30 |Roda de Contação de Histórias - GHC
14:00 - 16:00 | Roda 2 - Interfaces entre a educação popular em saúde, a educação permanente e a atenção básica no SUS.
16:00 – 18:00 | Café com Idéias - Governança e sus-tentabilidade do SUS - Ministro Alexandre Padilha
18:00 - 19:00 | Sarau fotopoético
9:00 - 11:00 | Roda 1: Mini-oficinas de Saúde na Escola / RS, com jovens Adolescentes11:00 - 12:00 | Atividades de Organizações de Saúde12:00 - 13:30 | Mini-oficina Saúde na Escola14:00 - 16:00 | Roda 2: Relações público/privado e o financiamento do SUS. Privatização.16:00 - 17:30 | Roda 3: Rede Inter GTs da ABRASCO17:30 - 19:00 | Roda 4: Oficina webradio - GT de Comunicação da Abrasco
9:00 - 11:00 | Práticas populares de cuidado11:00 - 12:00 | Confecção de pipas14:00 - 16:00 | Confecção de pipas16:00 - 18:00 |Práticas populares de cuidado
> 08:00 - 09:30> 11:30 - 12:30> 15:45 - 18:15* Diversos locais
> 11:30 - 12:30> 15:45 - 18:15> 18:30 - 19:30
SEX
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VEM
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2012
APOIO PATROCÍNIO SECRETARIA E IMPRENSA
PAINEIS
DEBATES
PALESTRAS
PROGRAMAÇÃO CULTURAL
TENDA PAULO FREIRE
ESPAÇO VICTOR VALLA
ESPAÇO BETE NEGRA
COMUNICAÇÕES COORDENADAS- ABRASCO Jovem -
MESAS-REDONDAS
PÔSTERES ELETRÔNICOS
Programação 10º CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA
PROMOÇÃO E REALIZAÇÃO
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