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  • CERS DPCRJ 2010_2011 Medicina Legal Roberto Blanco Aula 02

    Aula 02

    O perito (legista ou criminal) far percias. Percias, em medicina legal, para fins policiais, exames de corpo de delito. Todo exame de corpo de delito uma percia, mas nem toda percia um exame de corpo de delito. Percia genrico, exame de corpo de delito especfico.

    Bibliografia:

    Medicina Legal: Texto e Atlas. Higino Carvalho Hrcules. Editora Ateneu. Medicina Legal. Genival de Frana. Editora Guanabara Cougan. Medicina Legal. Editora Impetus. Willian Douglas. Manual de Medicina Legal. Delton Crossi Jr. Editora Saraiva. Editora Rbio. Medicina Legal. Reginaldo Franklin. Dvidas: robertoblanco@infolink.com.br

    PONTO 1 B LESES E MORTE POR AGENTES VULNERANTES MECNICOS. LESES E MORTE POR PROJTEIS DE ARMA DE FOGO BLAST AREO, AQUTICO E TERRESTRE.

    ENERGIAS VULNERANTES

    Vulnerar significar ferir. Agente vulnerante aquele que fere. Lembrar de Aquiles, heri da mitologia, era invulnervel, no podia ser ferido, salvo no calcanhar. Classificao das energias vulnerantes:

    1. De ordem fsica 2. De ordem qumica 3. De ordem biolgica 4. De ordem mista

    a) Biofsica b) Bioqumica c) Biodinmica

    Energia Vulnerante

    Fsica

    Qumica

    Biolgica

    Mista

    Biofsica

    Bioqumica

    Biodinmica

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    Tipos de agentes vulnerantes de ordem fsica: a) Mecnica b) Trmica c) Eltrica d) Baromtrica e) Radiante f) Luminosa g) Sonora

    Todas essas formas de energia so capazes de produzir leso, dependendo da maior ou menor intensidade. A gua muito quente pode queimar, a gua muito fria pode lesionar, a energia baromtrica pode matar (por

    exemplo, pessoa que morre no mar por causa da alta presso). Todos esses agentes vulnerantes podem causar leso. Para que um agente vulnerante produza leso, ele tem que estar em movimento. Se no estiver em

    movimento, no haver leso. A energia dos corpos em movimento a energia cintica. Cine significa movimento. Da vem: cintica,

    cinemtica, cinema e etc. Onde aparecer o radical cine significa que algo em movimento. Energia Cintica = Massa (conjunto de tomos que um corpo possui) X Velocidade2/2

    2 Assim sendo, quando o corpo chega cheio de energia e atinge o alvo, essa energia do corpo em movimento

    (energia cintica) passa para o alvo e este, dependendo da sua maior ou menor resistncia, pode sofrer leses leves, graves, gravssimas e at a morte.

    Tipos de Ao

    Sem movimento NO tem leso causada por agente mecnico. O agente mecnico exige movimento. Movimento de quem?

    O movimento pode ser s de um agente (exemplo: tiro. PAF atinge a vtima parada). Isso uma ao ativa. O alvo humano estava parado.

    Apenas a vtima se move, o agente vulnerante est parado. Exemplo: cho. Pessoa cai de cabea no cho. A Pular e bater com a cabea no teto. Caiu da escada, o agente vulnerante a escada, a vtima caiu. A vtima que produz um movimento sobre o agente vulnerante. Ao Passiva.

    Ambos, agente vulnerante e vtima, se movem. Ao Mista. Ento, podemos concluir que existem 3 tipos de ao: 1. Ao Ativa 2. Ao Passiva 3. Ao Mista

    Ativa Tipos de ao Passiva

    Mista Como ser a leso? Tudo depender da velocidade com que o agente vulnerante atinge o alvo.

    Ateno! INDISPENSVEL A ENERGIA CINTICA.

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    Modo de ao dos agentes vulnerantes mecnicos

    Como os agentes vulnerantes agem? Ao fazermos essa pergunta queremos saber o modo de ao dos agentes vulnerantes.

    a) Compresso

    A maneira mais comum o agente vulnerante fazer presso em cima do corpo. Exemplo: soco; paulada;

    cabeada; cotovelada; coronhada; pontap. Isso a presso batendo no alvo. Isso se chama Compresso.

    b) Suco

    Na medicina oriental tem um tratamento que feito com suco. Antigamente, fazia-se com sanguessugas.

    Pensava-se que os problemas do indivduo estavam no sangue. Se fizesse uma sangria para tirar o sangue ruim, voc melhorava. Mas, como tinha gente que no suportava os bichos sobre a pele. O que o oriental faz? Ele coloca uma campnula de vidro com uma chama acesa. A chama queima o oxignio. A campnula chupa o sangue daquele local. Repare que, a pessoa aps fazer o tratamento com as ventosas, fica cheia de manchas roxas pelo corpo, as chamadas equimoses. Equimoses estas produzidas pela suco.

    Outro exemplo o vulgar chupo no pescoo. Em medicina legal, isso se chama Sugilao. Suco feita

    num local e ela puxa o sangue de dentro dos vasos para fora e aparece a mancha arroxeada no local. um ato libidinoso feito por sugilao com finalidades libidinosas.

    Todavia, na pancada com golpe de cassetete temos a presso batendo na pele e ela faz com que o sangue espirre para o lado dos vasos. Isso a chamada sugilao.

    Em ambos os casos temos uma presso. S que num caso, a presso de suco e no outro a presso de

    compresso. De qualquer maneira, a suco uma forma de o agente vulnerante atuar.

    c) Trao Trao esticar. Exemplo: me vai brincar com o filho e comea a rod-lo em torno de si segurado pelos

    braos. Quando ela faz isso o peso da criana est levando a criana para longe dela e ela o puxa para perto. O brao est sofrendo uma trao. Essa trao no brao da criana pode causar leses na articulao do ombro, cotovelo, punho. Se isso acontecer, podemos afirmar que essas leses tero sido causadas pela trao.

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    d) Torso Torso torcer. Exemplo: jogador de futebol. Ao girar o corpo e os ps ficarem presos no cho pelas travas da

    chuteira. O joelho sofre uma torso.

    e) Deslizamento (Leso em Arco de Violino) Esse modo de ao recebe esse nome porque o arco de violino desliza sobre as cordas para produzir o som. O

    ato de deslizar o arco de violino sobre as cordas o ato da navalha, faca, passando no corpo. O mecanismo de ao o deslizamento.

    f) Cisalhamento

    a ao mecnica com foras opostas. Existem foras empurrando em sentidos contrrios. Quando uma age

    contra a outra, a leso produzida por foras opostas recebe o nome de leso produzida por cisalhamento. Cisalhar a situao em que temos foras opostas agindo sobre o mesmo ponto.

    g) Ao Mista

    Dificilmente uma coisa s dessas age. Para eu passar a faca no corpo tenho que exercer certa presso.

    Geralmente, as aes so mistas. Porm, uma predomina sobre a outra. Assim, quando perguntarem qual o mecanismo de ao dos agentes mecnicos, devemos responder que

    varia. Pode ser compresso, suco, torso, cisalhamento e etc. sendo que SEMPRE uma dessas aes predomina sobre a outra.

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    Classificao dos agentes vulnerantes mecnicos

    a. Contundentes b. Perfurantes c. Cortantes d. Mistos

    d.1. Prfuro-cortantes d.2. Prfuro-contundentes d.3. Corto-cortundentes

    a. Cortante

    Para dizer que um agente vulnerante cortante, ele APENAS corta. Tem gume, mas NO tem ponta. Exemplo: Navalha e lmina de barbear.

    b. Perfurante

    Se eu disser que ele perfurante, ele APENAS perfura. Tem ponta, mas NO tem gume. Quando atingem o

    corpo NO cortam as fibras elsticas ou musculares da regio, apenas as afastam. Classificam-se em de pequeno calibre e mdio calibre.

    Exemplo de pequeno calibre: Prego, tachinha, percevejo, agulha, alfinete.

    Exemplo de mdio calibre: picador de gelo.

    c. Contundente

    Quando disser que contundente, ele APENAS contunde. NO tem ponta, nem gume. arredondado ou plano.

    d. Misto

    Se ele fizer mais alguma coisa, ele misto. d.1. Prfuro-Cortante o instrumento que fura e corta ao mesmo tempo. Ele tem ponta e gume. Exemplo: Faca, punhal e lima de serralheiro. O grande erro que as pessoas cometem dizer que a faca de cozinha um agente cortante. A faca de cozinha

    corta, mas ela tambm fura. Logo, ela um agente prfuro-cortante.

  • CERS DPCRJ 2010_2011 Medicina Legal Roberto Blanco Aula 02 Se ela s corta de um gume, ela um agente prfuro-cortante de 1 gume.

    Isso porque ns tambm temos o punhal. O punhal tambm um agente prfuro-cortante. Mas, h uma

    diferena entre o punhal e a faca. Enquanto a faca um instrumento prfuro-cortante de 1 gume, o punhal um instrumento prfuro-cortante de 2 gumes.

    Tem tambm um instrumento chamado de lima de serralheiro e ela triangular e como ela triangular, ela

    tem 3 gumes. Logo, ela um instrumento prfuro-cortante de 3 gumes. O fato que um instrumento prfuro-cortante pode perfurar e cortar. Ento, normalmente, como se aplica a faca para causar uma leso? Posso aplicar mais leso do que deslizamento:

    Ou posso aplicar mais deslizamento do que presso:

    Ento, devemos reparar que podemos ter 2 tipos de ferimento: a) se for feito um ferimento em que a presso predomina sobre o deslizamento, a leso ser mais profunda

    do que extensa.

    b) se eu fizer um movimento de deslizamento que predomina sobre a presso, a leso ser mais extensa do que profunda.

    E quando eu olhar uma leso mais extensa do que profunda, direi que a coisa que passou por ali cortou. Ser

    que foi um instrumento cortante? Essa a pergunta de prova. No. No posso afirmar que foi um instrumento cortante. A no ser que eu saiba

    que foi uma navalha, uma lmina de barbear, que so instrumentos cortantes. Mas, se o que passou por ali foi uma faca, no foi um instrumento cortante. A faca um instrumento prfuro-cortante. Se tiver passado uma espada, uma machadinha, no so instrumentos cortantes. Mas, esses instrumentos todos cortam.

    Portanto, na hora que o perito v uma leso causada por um corte, ele no sabe o instrumento que fez aquilo. Ele no pode falar que foi um instrumento cortante. A, ele fala que foi uma ao cortante. Ele generalizou e no disse qual foi o instrumento.

    Assim, num julgamento, o promotor diz: doutor, essa faca pode ter feito essa leso? O perito responde que sim.

  • CERS DPCRJ 2010_2011 Medicina Legal Roberto Blanco Aula 02 A faca um instrumento cortante? No. A faca um instrumento prfuro-cortante. Mas, ela corta. Se ele

    tivesse dito que o ferimento foi feito por um instrumento cortante, a defesa perguntaria se a faca um instrumento cortante. E o perito responderia que no. A defesa diria: ento, se o meu cliente estava com a faca e ela no um instrumento cortante. E como essa ferida foi feita por um instrumento cortante, ela no pode ter sido feita pelo meu cliente.

    O perito, como no sabe qual foi o instrumento, no fala o nome do instrumento e sim o nome da ao. Por isso que nos laudos aparece nome ou meio do instrumento que causou a leso e o perito diz ao contundente, ao cortante, dificilmente, ele diz o nome do instrumento.

    s vezes, voc pode dizer qual foi o instrumento, pois o perito tem a certeza, por exemplo, quando a faca ainda est cravada na vtima ou quando ele encontra os projteis de arma de fogo no corpo da vtima.

    O nome da ao generaliza e o nome do instrumento particulariza.

    d.2. Prfuro-contundente o instrumento que ao mesmo que tempo que fura, tambm contunde. Exemplo: Projtil de arma de fogo.

    d.3. Corto-contundente o agente que fura, mas, em virtude, de sua grande massa, tambm contunde. Ele tem gume e massa muito

    grande. Exemplos: Machado, machadinha, p, foice, enxada, guilhotina.

    Importante Tem um tipo de leso que ela to clara, caracterstica, que na hora que voc a v, voc diz que s

    pode ter sido feita por um determinado instrumento. Ex: dentada humana. Se olhar direito, diz at como era a boca da pessoa que deu a dentada. Voc pode atravs da dentada at mesmo fazer um molde e mostrar se o molde pertence ou no ao suspeito. Quando uma leso identifica o instrumento que a produziu, diz-se que a leso Patognomnica. Isso excepcionalmente.

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    CORTANTE PERFURANTE CONTUNDENTE PRFURO-CORTANTE

    PRFURO-CONTUNDENTE

    CORTO-CONTUNDENTE

    APENAS corta APENAS fura APENAS contunde

    Fura e corta Fura e contunde Corta e contunde

    Gume

    Ponta

    SEM ponta SEM gume

    Gume e

    Ponta

    Ponta

    Gume e tem massa

    significativa

    Navalha e lmina de barbear

    Pequeno calibre: alfinete, tachinha,

    percevejo e etc.

    Mdio calibre: Picador de gelo

    Porrete,

    cassetete,

    Punhal, lima de

    serralheiro, faca.

    Projtil de arma

    de fogo.

    Enxada, foice,

    machado, machadinha,

    guilhotina.

    Pele

    Qual o principal alvo destes agentes vulnerantes? a pele. Isso porque a pele o maior rgo do corpo humano. Na maioria das vezes, o delegado de polcia ver a leso estampada na pele.

    A pele tem 2 camadas principais: uma bem escura em cima e uma rosada no meio. A amarela j NO mais a pele. A parte escura a epiderme e a rosada a derme.

    PELE = epiderme (o que vemos ao olhar para algum) + derme. Embaixo da derme temos uma camada de gordura (tecido celular subcutneo). A gordura pode se encontrar

    em maior ou menor quantidade de acordo com as pessoas.

    Epiderme A epiderme de importncia fundamental para a vida. A pele tem uma camada externa que formada s

    por clulas mortas. Como as clulas esto mortas, a pele no perde gua, no absorve venenos, no perde sal, no perde protenas. Essa camada no deixa as trocas acontecerem com o meio exterior. Caso contrrio, se eu estivesse num local com muito calor, eu perderia toda a gua do meu corpo. Se entrasse num local com gua destilada, a gua entraria no meu corpo. Isso no pode acontecer. Por isso, somos forrados por uma capa de clulas mortas, uma capa impermevel. Embaixo dessa capa, na derme, temos as clulas vivas.Na derme todas as clulas so vivas.

    Na epiderme, as clulas mais profundas so vivas. Na medida em que vo sendo empurradas para cima, elas vo morrendo. As clulas morrem porque esto impregnadas pela substncia chamada queratina.

    Nossa pele toda queratinizada. O cabelo, unhas (derivam da pele), epiderme faz parte da pele, clios, superclios, barba, bigode, pelos pubianos, pelos axilares, pelos que temos pelo corpo, tudo queratinizado. A queratina a substncia que impermeabiliza as clulas mais superficiais da epiderme. E quando a queratina impregna a clula toda, a clula morre e vo caindo. A medida que as clulas caem, outras clulas vo tomando os

    Epiderme

    Derme

    Tecido subcutneo

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    locais dessas antigas clulas. Ao dormirmos, as clulas caem. Ao andarmos tambm. A todo momento, elas caem. A queratina protena que impregna as clulas da epiderme.

    Queratina As clulas da camada que d origem s clulas da epiderme (camada basal) esto vivas. Na medida em que

    elas se reproduzem, elas so empurradas para cima. E, consequentemente, vo se impregnando de queratina. E quando chegam superfcie, elas esto mortas.

    De espao em espao na pele temos buracos chamados poros. Atravs dos poros saem os pelos, o suor, sai o

    sebo. Glndulas sudorparas jogam o suor na pele. Glndulas sebceas jogam o sebo na pele. O suor e pelos saem por esses poros, aberturas na camada de queratina.

    Quando s cortamos o cabelo, no sai sangue. Quando s cortamos a unha, no sai sangue. Quando fazemos a barba e quando s cortamos a barba no sai sangue. Isso se deve ao fato de barba, cabelo e unha serem formados apenas por clulas mortas, isto , impregnadas de queratina.

    Contudo, l embaixo, onde o cabelo nasceu, as clulas esto vivas sem queratina. Na medida em que elas esto vivas e vo se reproduzindo, elas vo subindo e se impregnando de queratina e morrendo. Quando aparecem na parte externa, j esto mortas. Barba, cabelo, bigode, unha todos mortos. Essas estruturas derivadas da pele so chamadas de Fneros. Todos os fneros esto impregnados de queratina e, portanto, mortos.

    Todos os fneros podem conter arsnico desde que haja envenenamento por arsnico, bvio.

    Epiderme Derme

    Camada que d origem s clulas da epiderme (Camada Basal)

    Pergunta de prova: todas as clulas da epiderme esto mortas? NO. S as da superfcie.

    As clulas da profundidade da epiderme so vivas? Sim. E so produzidas numa camada geradora de clulas, camada essa que recebe o nome de camada basal.

    A camada basal fica na base da epiderme fabricando clulas da epiderme e as joga pra cima. As clulas mais basais esto vivas e as mais superficiais esto mortas, pois esto impregnadas pela queratina.

    Importante: Daqui a algumas aulas estudaremos substncias txicas, venenos. Um veneno que foi muito utilizado

    na Era Medieval, que matou muita gente da famlia real, foi o Arsnico. Ele muito perigoso porque inodoro, incolor e inspido (sem cheiro, cor e sabor). A pessoa se

    envenena sem saber. O interessante que o arsnico tem uma afinidade muito grande com a queratina e se a queratina vai

    impregnar as clulas da epiderme e se a epiderme d origem aos cabelos, unhas, clios, barba, bigode, ou seja, aos pelos humanos. Se eu matar uma pessoa com arsnico, se essa pessoa for sepultada, se ela esqueletizar, ela perder todas as partes moles. Mas, se sobrar qualquer dos pelos, eu posso ir nesse pelo e pesquisar o arsnico, pois ele tem afinidade pela queratina, impregnando-se nesse lugar. Pode-se constatar o envenenamento pelo arsnico.

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    Camadas da epiderme

    1. Camada Crnea = camada mais endurecida, camada que forra a pele, as clulas esto mortas, no tem mais ncleo. As clulas esto impregnadas de queratina.

    2. Camada Basal (Camada de Malpigh) = camada geradoras das clulas da epiderme. a mais profunda.

    Todas as clulas esto vivas. SEM queratina. 3. Derme = TODAS as clulas vivas. Tem vasos sanguneos. Tem nervos sensitivos e motores. Tem fibras

    elsticas.

    A derme se alimenta dos vasos sanguneos que ali esto. A sobra da comida que as clulas da derme no agentam mais comer passam para a epiderme. A epiderme no tem vasos sanguneos, no tem nervos. Ento, como vivem as clulas da base da epiderme? Elas vivem dos restos das clulas da derme. Isto , s as clulas da camada basal, pois medida que se afastam, tambm se afastam do alimento.

    Se voc fizer uma leso s na epiderme, no sangra, pois no existem vasos sanguneos. Se voc fizer uma

    leso s na epiderme, no di, pois no existem nervos. Se estiver sangrado e doendo porque a leso passou da epiderme e atingiu a derme.

    A Leso de Arraste significa que ou o corpo foi arrastado em cima de alguma coisa ou algo foi arrastado em cima do corpo.

    Devemos olhar a leso. Se verificarmos que arrancou a epiderme e deixou a derme exposta, essa leso se chama de ESCORIAO, ESFOLADURA, ARRANHADURA. A Escoriao uma leso em que voc arranca a epiderme e deixa a derme mostra. E como ela mostra a derme, a escoriao sangra e di. Quanto mais profunda ela for, mais sangrar e doer. A escoriao atinge a derme, mas no passa dela. Exemplo: ralar joelho no cho, arranhar a pele com a unha, arrastar a cabea no cho. O arranho uma escoriao.

    Quando a leso passa da derme chama-se FERIDA. A ferida por mais superficial que seja mais profunda que

    a mais profunda das escoriaes. A ferida por mais superficial que seja passa da derme. Feridas so solues de continuidade que ultrapassam toda a pele. Exemplos de ferida: quando voc leva uma injeo; quando a lmina de barbear passa na pele e faz um corte; cortar a pele com bisturi; pancada na cabea causando um corte. Aberturas so feridas.

    A pele morta. Errado. Todas as clulas da epiderme esto mortas. Errado. Apenas as camadas mais superficiais so formadas

    por clulas mortas. As clulas mais profundas da epiderme so vivas.

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    Interessante:

    Caso da brasileira que, supostamente, teria sido torturada por nazistas, na Sua, os quais teriam feito inscries no seu corpo com lmina de barbear.

    O perito fez o exame, disse que as leses eram escoriaes e no chegavam a ser feridas. Posteriormente, verificou-se que as escoriaes tinham sido feitas por ela mesma (autoleso).

    Ento, s vezes, a vtima vai delegacia e alega uma histria. O perito ter que examinar. E, ao final, ser perguntado ao perito se pode ter sido verdade o que a pessoa disse.

    Eventualmente, ele poder dizer se foi verdade ou no. Mas, s vezes, ele no pode dizer. Contudo, se a pessoa disser que ficou parada e uma pessoa ficou passando uma lmina afiadssima em seu

    corpo. E essa lmina no fez um corte profundo, essa pessoa tinha o domnio do instrumento e do corpo. Para tanto, ou essa pessoa est fazendo a leso ela mesma ou ela est desmaiada ou anestesiada e o outro faz as leses como se fosse um cirurgio.

    Uma vez que ela disse que estava acordada quando as pessoas a lesionaram, os peritos entenderam que aquilo ali no podia ser uma leso feita por algum. Ela sim produziu autoleso. As leses foram feitas rigorosamente com a mesma profundidade. E ningum conseguiria ver a mo do agressor passando por seu corpo e no fazer qualquer movimento brusco. E qualquer movimento brusco causaria um corte mais profundo aqui ou ali. E todos os cortes eram superficiais, no ultrapassavam a epiderme, no atingiam a derme. Eram escoriaes e no feridas. Evoluo de uma escoriao

    Houve uma escoriao. Arrancou a epiderme.

    O tempo passou. A escoriao comeou a se regenerar. Em cima do local esfoliado apareceu uma casquinha,

    cujo termo tcnico crosta. a crosta da escoriao. A crosta escura, seca, dura, comeando a soltar. Ao olhar a crosta da escoriao consigo estabelecer o nexo

    temporal, isto , quando a leso foi feita.

    Na foto do brao a leso mais antiga. J tem a crosta. Quanto mais a crosta fica seca, preta e comea a se

    soltar, a escoriao mais antiga. Quanto mais a escoriao vermelha, mole e sanguinolenta, a escoriao recente.

    Crosta = casca que se forma no local onde houve escoriao.

    Crosta: Vermelha, mole e sangrenta recente Acastanhada e endurecida Preta e dura Comea a se solta da beirada para o centro

    A escoriao evolui por regenerao. Depois de 1 certo tempo, 1 ms ou 2, voc no consegue saber o local

    que se machucou. A escoriao consolida com cura. Volta ao aspecto inicial.

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    Isso no ocorre com a ferida. A ferida NO cura. No local da ferida fica uma cicatriz. Portanto, as escoriaes consolidam por cura, enquanto as feridas consolidam por cicatrizao. Escoriao leso que no ultrapassa a derme, a derme fica exposta e lesada, mas no ultrapassada.

    ESCORIAO/ESFOLADURA/ARRANHADURA FERIDA

    Ultrapassa a derme NO SIM Consolidao Cura, regenerao. Cicatrizao.

    As feridas ultrapassam a derme e atingem os planos mais profundos. E quanto mais profundo o plano, mais vasos e nervos possui, portanto, maior ser o sangramento e a dor.Uma vez que ela ultrapassa a derme, quando ela evolui para a consolidao, ela no cura, deixa uma marca para sempre, uma cicatriz.

    Analisando imagem. Pessoa com uma ferida na testa e uma escoriao prxima do nariz. Regio da testa = regio frontal Na escoriao a derme est exposta, mas no h abertura, soluo de continuidade. Na regio frontal, vemos uma abertura. Tem uma soluo de continuidade. A leso ultrapassou a derme. A

    ferida toda irregular, tem as bordas e fundo irregular. Existem traves de tecido ligando uma parede outra, isso no foi cortado, foi rasgado. Se foi rasgado, a ao que atuou a foi uma ao contundente. Ento, a ferida contusa. Cuidado! No estou dizendo que a ferida foi feita por um INSTRUMENTO CONTUNDENTE e sim que foi feita por uma AO CONTUNDENTE.

    Uma machadinha podia ter feito isso? Sim. Ela no bateu com o gume, ela bateu de lado. Ela no cortou e sim apenas contundiu.

    O perito no pode dizer que foi feito por um instrumento contundente e sim por uma ao contundente. Podia ser uma machadinha, uma faca batendo de lado, uma faca batendo com o cabo, um martelo. Ou seja, o perito no tem como dizer qual foi o instrumento que fez a ferida contusa.

    Feridas clssicas

    Escalpe

    Escalpe. Pessoa bate com o carro e bate com a cabea no retrovisor. A pancada arranca total ou parcialmente o couro cabeludo. Essa leso chamada de leso em escalpe. Encravamento

    Analisando imagem de uma criana com um vergalho cravado no seu corpo. Vergalho penetrou na regio peitoral direita. Qualquer instrumento prfuro-contundente de haste (ex:

    envergalho, haste de grade) que entre em qualquer parte do corpo causar a leso chamada de Encravamento.

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    Empalamento H uma regio chamada perneo (em volta do nus).

    Se o instrumento prfuro-contundente de haste entrar no perneo (No no nus!) o nome empalamento.

    Mutilao

    Mutilao dos 2 dedos (5 e 4 dedos).

    Cedenho

    Ferimento feito por encravamento. Vergalho entrou, passou por debaixo da pele, mas no entrou na cavidade. No pegou pulmo. No pegou o corao. uma leso superficial.

    Quando o agente vulnerante passa superficialmente pela pele sem atingir as cavidades (torxica, abdominal, craniana e raquiana), chama-se ferida em Cedenho. Passa em debaixo da pele, mas no entra na profundidade.

    Logo, nada impede que tenhamos um encravamento (instrumento prfuro-contundente de haste) que entrou superficialmente. Ao mesmo tempo que temos um encravamento, temos um Cedenho.

    MUTILAO DECEPAO Quando a perda do segmento por causa de uma agresso temos a mutilao (ex: decepa a ponta do

    nariz, decepa a orelha, decepa uma das mos). J quando a perda do segmento por causa de uma gangrena, fratura ou coisa que valha, temos uma

    amputao. Quando o mdico que faz a retirada da parte do rgo, temos a amputao. Amputao cirrgica. Mutilao agresso.

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    Leses de defesa

    Vrias feridas com as bordas regulares. No so feridas contusas. O agente cortou. Como se explica uma

    pessoa com 7 cortes no brao e antebrao? O agressor no est atacando no brao ou antebrao. Ele quer matar a vtima. Tenta cravar a faca no peito ou na barriga. A vtima se defende. A leso de defesa indica a tentativa de homicdio. O instrumento no era contundente e sim de corte.

    Voc percebe que o movimento de defesa o seguinte. Temos um osso chamado de mero, outro chamado rdio e outro que fica na parte de dentro se chamava cbito e agora ulna.

    Quando a pessoa ataca, viro a ulna para o agressor. As leses na borda ulnar do antebrao so chamadas de

    leso de defesa. s vezes, a pessoa usa a mo, ela tenta segurar a faca. O individuo puxa a faca, teremos cortes na regio palmar. Teremos cortes na regio ulnar do antebrao. O mesmo acontece quando paulada, barra de ferro. As leses so classificadas como defesa no por causa da profundidade ou gravidade e sim por causa da localizao.

    Ulna

    Existe o cassetete que feito de borracha ou madeira.

    Atualmente, o cassetete tem um suporte. Com o cassetete, o policial consegue proteger a ulna. Ento, na

    hora que o agressor ataca, o policial defender a borda ulnar (antiga cubital) do antebrao.

    Esse cassetete recebe o nome de Tonfa. O Tonfa um cassetete com um pednculo, uma haste, para

    proteger a borda ulnar do antebrao.

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    Saber os ossos do corpo humano:

    Ossos do brao: mero, rdio (dica: o dedo a antena), ulna. Fmur (coxa), tbia (canela) e fbula (antigo pernio). Ossos que formam a cintura plvica: ilaco (bacia). Osso que atravessa do centro a ponta: clavcula. Aparelho digestrio (antigo digestivo) Escpula (antigo omoplata) Osso frontal (testa) Leses de Hesitao

    Feridas incisas ao cortante, as bordas so regulares. Normalmente, a ferida incisa feita no punho (no pulso) indica, at segunda ordem, que a pessoa est

    tentando se matar. Geralmente, so feridas mltiplas e no so mortais. So as chamadas leses de hesitao. A leso de hesitao indica a tentativa de suicdio. Punho, pescoo, leso pr-cordial (prximo ao corao).

    So encontradas em leses normalmente usadas para suicdio: punho, pescoo, pr-crdico. A pessoa pode se matar. Ele faz vrias leses de hesitao, mas, de repente, faz um corte mais profundo. O que a caracteriza a localizao e o fato de ela no ser mortal.

    Marcas de queimadura

    Vrios agentes vulnerantes podem deixar marcas. Mas, eles podem deixar marcas to caractersticas, to evidentes, que podemos dizer qual foi o agente vulnerante. So as chamadas leses patognomnicas. Voc vendo a leso, voc consegue dizer qual foi o instrumento que fez a leso. E a leso patognomnica por excelncia a mordida/dentada. Exemplo tambm o ferro de marcao de gado. O ferro produz uma queimadura que atinge a derme e quando ela cicatriza, ela cicatriza com a forma do ferro. O slido incandescente deixa uma marca to caracterstica que voc pode dizer qual foi o agente vulnerante que fez a marca. Alguns chamam a leso patognomnica de leso com assinatura. Exemplo: ferro de engomar, garfo.

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    Descobrir o que a pessoa quis fazer quando aplica um garfo na regio gltea trabalho do delegado e no do perito. A pessoa poderia estar tentando obter uma confisso; uma declarao. Seria crime de tortura. A pessoa pode ter feito para educar, ensinar, disciplinar. Maus-tratos. Pode ter feito s para lesionar. Leso corporal. O perito apenas dir que so queimaduras produzidas por um slido incandescente, pois a leso patognomnica. O dolo ser investigado pelo delegado. Quando ele relatar o inqurito, ele dir uma dessas coisas. Quando chegar o MP, ele pode no concordar. Ele denunciar. O juiz ou recebe ou no a denncia. Ele no pode mudar a denncia. Se ele no concordar, ele encaminha para o PGJ. Se o PGJ concordar, o juiz no poder fazer nada e ter de analisar.

    Marcas deixadas no pescoo

    As marcas de unhas e dedos deixadas no pescoo significam que a pessoa queria esganar a vtima. Esganar

    apertar o pescoo com as mos.

    Estigma = marca Estigma UNGUEAL = marca de unha Estigma DIGITAL = marca de dedo

    Marcas de unhas e dedos no pescoo = esganadura ...em volta da boca = sufocao

    ...na rea ertica, em rgo de sensibilidade sexual = crime sexual ...nos braos e antebraos = luta corporal

    Ou seja, as marcas de unhas e dedos s dizem que a leso foi feita pela mo. A inteno depende de onde ser

    a marca de unha ou de dedo. A marca pode dar uma idia, uma probabilidade, de qual era a inteno do agente.

    Homem caiu sentada na ponta de uma grade. um instrumento prfuro-contundente de haste. Entrou pelo perneo. Quando isso ocorre, a leso recebe o nome de empalamento. Penetrao de um INSTRUMENTO PRFURO-CONTUNDENTE DE HASTE pelo perneo (regio mais baixa do corpo, assoalho da bacia). Se entrar por qualquer outra regio do corpo que no seja o perneo, teremos o encravamento.

    A pessoa empalada no pode ser retirada da grade. O bombeiro deve ser chamado e ir serrar a grade. A grade somente ser retirada no hospital.

    Encravamento pelo vergalho e no penetrou em nenhuma cavidade importante. Sedenho. O menino sofreu perigo de vida? No artigo 129, CP, quando a pessoa sofre uma leso corporal e a vida fica em perigo, diz-se que ocorreu uma leso corporal grave em sentido estrito. No houve perigo de vida. Os vergalhes quase pegaram num rgo importante, mas no pegaram. No o fato de ter quase pegado num rgo importante. Para haver perigo de

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    vida, a pessoa deve realmente ter estado em perigo de vida. uma leso corporal leve. Ah, se pega um pouco mais para cima. Mas, no pegou. Ento, no houve perigo de vida.

    Incidncia do golpe na ferida incisa

    Ferida Incisa aquela produzida pela ao cortante.

    Lmina de barbear leso em arco de violino. Agiu por deslizamento e no por presso. Como a ferida uma ferida de bordas regulares, bordas limpas, bordas no escoriadas, ela se chama ferida incisa.

    Na parte mais alta da ferida, vemos uma pequena escoriao em cima que no tem em baixo. Na hora que o instrumento encosta na pessoa ele afunda, depois corre e depois superficializa. Quando olho a ferida incisa, noto que uma parte mais profunda e mais superficial em outro. A entrada da leso a parte mais profunda e a sada a a parte mais superficial. Posso dizer que o golpe foi dado de baixo para cima, da direita para a esquerda. Quem diz isso a cauda de escoriao, tambm chamada de rabo de rato, ali o ponto mais superficial da ferida. A cauda de escoriao ensina qual foi o sentido do golpe.

    Ferida incisa feita por ao cortante bordas regulares, lisas, no tem traves de tecidos unindo as paredes, as vertentes. No posso dizer se foi feita por uma faca. Sei que foi feita por um agente que corta, mas no sei se foi feita por um agente cortante de 1 gume, 2 gumes ou 3 gumes, corto-contundente ou prfuro-cortante. A investigao dir qual foi o instrumento.

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    Leso em Sanfona ou Leso em Acordeon

    O agente vulnerante comprido, porm o seu comprimento no suficiente para atingir a artria aorta, que a maior artria (fica perto do dorso) do corpo humano. Ela fica encostada na coluna vertebral.

    A faca entra pela barriga. Se a barriga grande, a faca no atinge a aorta. Mas quando meto a faca na barriga,

    fao fora e a barriga se deprime. A faca vai l atrs. O legista diz que a morte foi uma perfurao da aorta. O advogado de defesa mede a distncia da superfcie at atrs e mostra que a distncia maior que o

    comprimento da faca. Ento, ele argumenta que no foi a faca que matou. O promotor deve dizer que como a regio se deprime, quando ele faz a fora enfiando a faca, a barriga se

    deprime e a faca consegue alcanar uma distncia maior do que a que ela alcanaria se fosse uma facada na cabea (no se deprime) ou no trax (se deprime, mas no tanto quanto o abdome).

    Leses feitas por instrumentos perfurantes ou prfuro-cortantes que alcanam uma profundidade maior do que o tamanho do agente so chamadas de Leso em Sanfona ou leso em acordeon. A barriga se deprime como se fosse o fole de uma sanfona ou de um acordeon. S pode ser na barriga ou forando muito a barra no trax porque as costelas se deprimem.

    Feridas Puntiformes ou Punctrias

    Os agentes perfurantes de pequeno calibre fazem feridas chamadas de feridas puntiformes/punctrias (em forma de ponto). Normalmente, essas leses so encontradas na projeo dos trajetos venosos, onde passa uma veia. O indivduo tenta injetar alguma substncia onde passa uma veia. Ou a pessoa uma usuria crnica de remdios ou dependente qumica.

    muito comum que o usurio de drogas tente disfarar as feridas puntiformes com tatuagens. A tatuagem oculta as marcas de agulha no brao ou antebrao.

    A leso em sanfona mais comum no jovem ou na criana? Na criana, pois nela os seus ossos so muito mais flexveis que os ossos do jovem, ossos estes que so

    muito mais flexveis que os ossos do idoso. Ento, muito mais fcil termos uma leso em safona no trax de uma criana. Contudo, o lugar mais comum de leso em sanfona no abdome.

    Em hiptese alguma no crnio, pois ele no se deprime com a facada.

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    Leis de Filhs: Lei do Paralelismo e Lei da Semelhana

    S VALEM PARA OS INSTRUMENTOS PERFURANTES DE MDIO CALIBRE (ex: picador de gelo). So 2: 1. Lei do Paralelismo

    Na mesma regio, as leses produzidas por instrumento perfurante de mdio calibre so paralelas entre si.

    2. Lei da Semelhana As leses produzidas por instrumento perfurante de mdio calibre so semelhantes s produzidas por instrumento prfuro-cortante de 2 gumes.

    A nossa pele tem uma linha de fora, uma linha de trao. Ex: quando rio, s rio horizontalmente. A pele e os

    msculos tm uma disposio anatmica. Em cada parte do corpo a musculatura tem uma direo diferente.

    O instrumento perfurante de mdio calibre cilndrico com uma ponta, ele cilndrico cnico. O instrumento circular e a ferida parece uma fenda. A ferida no fica circular porque quando o

    instrumento sai, a musculatura tenta fechar o buraco. Ele no corta. As fibras saem da frente. Tenho feridas em casa de boto, feridas alongadas, feridas que acompanham a musculatura da regio. E como a musculatura foi alargada, distendida, esticada, ela no consegue fechar o buraco todo. Fica uma fenda.

    Mas quem faz fenda o instrumento prfuro-cortante de 2 gumes. o punhal. Em cada lugar do corpo a fibra muscular tem uma direo diferente.

    Lei de Langer: Lei do Polimorfismo

    TAMBM S VALE PARA INSTRUMENTO PERFURANTE DE MDIO CALIBRE As feridas produzidas por instrumentos perfurantes de mdio calibre, quando produzidas em uma regio de

    entrecruzamento e superposio de fibras elsticas, mostram aspecto estrelado, bizarro, anmalo, ou seja, polimorfo.

    Tem um lugar do corpo que as fibras se cruzam. Se eu meter um instrumento perfurante de mdio calibre neste local. Para onde ir puxar? No tenho como saber. A ferida pode aparecer como ponta de seta, forma de losango, estrelada. Ou seja, as feridas no tm uma forma definida. Isso ocorre porque no lugar existe um entrecruzamento de formas musculares. A a ferida pode ser amorfa (sem forma) ou poliforma.

    Quando um instrumento perfurante de mdio calibre entra num lugar de entrecruzamento de fibras musculares a ferida ser amorfa, polimorfa ou bizarra (no tem uma forma definida).

    Quando ela entra numa regio em que as fibras tm a forma definida, ela ter a forma de um boto, de uma casa de boto, de uma botoeira, de uma fenda. E como tem a forma de uma fenda, ela parece com a forma da ferida feita pelo instrumento prfuro-cortante de 2 gumes.

    Ferida feita por um instrumento prfuro-cortante de 1 gume. A ferida tem um ngulo agudo (fino) e outro

    arredondado. O ngulo rombo (arredondado) no tem gume. Ele s corta de um lado s. Se tivesse 2 ngulos agudos, seria um instrumento prfuro-cortante de 2 gumes ou perfurante de mdio

    calibre. O perito olha o nmero de ngulos da ferida e por este nmero sabe o nmero de gumes.

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    Fraturas Fratura completa chama-se fratura exposta, o osso aparece na superfcie da pele, ele aprece atravs da

    brecha. Geralmente, a causa da leso um atropelamento, uma queda, uma defenestrao (saiu pela janela), precipitao (cai do terrao).

    Entretanto, s vezes, a fratura acontece e o osso NO fura a pele fratura fechada ou subcutnea.

    J em outras, a fratura acontece e o osso fura a pele fratura aberta.

    Guilhotina

    A mquina de morte durante a Revoluo Francesa. um instrumento corto-contundente. Tem uma massa pesada e tem um gume. Pela massa pesada ela contunde e pelo gume, ela corta. Exemplos: p, foice, guilhotina, machado, machadinha, enxada. A dentada humana tambm corto-contundente. Os dentes incisivos so feitos para cortar. E como o msculo da mastigao muito poderoso, ele aperta e contunde. Ento, a arcada dentria age como se fosse um instrumento corto-contundente. Mutilao

    Ateno! Toda fratura exposta aberta, mas nem toda fratura aberta exposta. Eventualmente, o osso quebra, fura

    a pele, mas fica l dentro.

    Qual das fraturas mais grave? Se a nossa pele protegida contra as bactrias enquanto ela est fechada, conclui-se que a fratura fechada

    menos grave do que a fratura aberta que menos grave do que a fratura exposta. Quanto mais o corpo est exposto s bactrias, mais grave a leso.

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    s vezes, a guilhotina pode cortar as mos. Haver uma mutilao. Como a guilhotina nesse caso um instrumento de trabalho, pode ter havido um acidente de trabalho. Nada impede que tenha sido alguma forma de castigo corporal imposta por algum.

    Como saber que a pessoa estava viva quando teve as mos cortadas? A pele estava retrada. Sempre que voc notar que h um corte e a pele est retrada, a leso foi feita na

    pessoa viva. Leses no pescoo Decapitao

    Decapitao. uma das leses que ocorre no pescoo causada por instrumento corto-contundente. Eu arranco a cabea da pessoa. a separao da cabea do tronco.

    Esgorjamento

    Garganta em francs gorge. Exponho a garganta, abro a garganta. Esgorjamento. fazer um corte na parte anterior ou lateral do pescoo.

    Degolamento

    Se eu cortar a parte posterior do pescoo, estou fazendo o degolamento.

    Questo da prova de 2002 valendo 30 pontos: quais so as leses produzidas por instrumento cortante ou

    corto-contundente no pescoo? Esgorjamento, degolamento e decapitao. Esquartejamento Espostejamento

    Tiradentes foi enforcado. Depois de morto, ele foi espostejado e no esquartejado (cortado em 4). Foi tambm decapitado. Quando o corpo cortado em mais de 4 pedaos temos o espostejamento, so feitas postas. Fazia-se isso na poca do Brasil colnia, pois a Coroa queria mostrar para todos que o rebelde tinha sido morto. Eles espostejavam o cadver e espalhavam os pedaos do cadver pela cidade. A pessoa no podia ser sepultada, tinha que ficar exposta nas estacas at a decomposio final. Isso era chamado de morte cruel para sempre.

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    Leso em Saca-Bocado Mordida do co. Ele morde e sacode. Quando sacode, arranca pedaos. Leso em saca-bocado. Geralmente,

    ela feita por animais. Isso que faz o crocodilo, jacar, leo, pitbull e etc. Equimose

    Se passar a mo na pele, ela est intacta, no est lesada. Ela est arroxeada, pois embaixo da pele, os vasos sanguneos se romperam. O sangue extravasou. Ele est sendo visto por transparncia da pele. Quando eu vejo a mancha de sangue pela transparncia da pele, tenho uma equimose subcutnea.

    A equimose pode ser em qualquer lugar do corpo onde o sangue extravase e tenha uma lmina de tecido por cima. Por exemplo, pode ser no fgado, no rim, no crebro, no pulmo, no corao, na pele, no globo ocular. Qualquer extravasamento de sangue coberto por uma membrana uma equimose.

    a) Sufuso

    A Sufuso uma equimose extensa, equimose em lenol, equimose ampla. Toda Sufuso uma equimose, mas nem toda equimose uma Sufuso.

    Tcnica de autpsia chamada Tcnica de Bonet. Corta-se a pele para ver o que tem debaixo da pele. V o

    sangue derramado, extravasado, por debaixo da pele.

    b) Equimose Puntiforme ou Equimose em Pontos ou Petquias

    Equimose puntiforme aparecia no tempo da peste negra/peste bubnica. O primeiro sinal da peste eram umas manchas vermelhas no corpo. Em homenagem peste (derivado de pestechis = peste), as equimoses em forma de ponto/puntiformes so chamadas de Petquias.

    Toda Petquia uma equimose, mas nem toda equimose uma petquia.

    Estudar bem equimoses, escoriaes e feridas.