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    DIREITOS DAS OBRIGAES

    1. INTRODUO

    O direito das obrigaes o ramo doDireito Civil que se ocupa em estudar arelao jurdica que existe entre devedor ecredor, onde este pode exigir daquele ocumprimento de uma prestao, que podeconsistir em um dar, um fazer ou um nofazer.

    A obrigao tem, portanto, trs elementos:devedor, credor e vnculo jurdico. Ovnculo jurdico a ligao que existe

    entre o devedor e o credor, que composta por dois elementos: dbito eresponsabilidade. Significa que h duasquestes ligando devedor e credor: aexistncia de uma dvida (dbito) e apossibilidade de cobrana judicial em casode inadimplemento (responsabilidade).

    Tema importante diz respeito obrigaonatural. a obrigao em que o vnculojurdico formado apenas pelo dbito, noexistindo responsabilidade. Existe umadvida, mas, se no for cumprida aprestao, o credor no tem o poder deexigi-la judicialmente. No entanto, seadimplida espontaneamente ou at mesmopor engano, no se pode exigir devoluo,pois o dbito existe (art. 882 do CC). oque chamamos de solut i retent io (retenode pagamento). Exemplo de obrigaonatural: dvida de jogo ou aposta.

    A obrigao propter rem (em razo da

    coisa), como o nome sinaliza, direitoobrigacional (confrontando devedor ecredor) e no direito real. Todavia, temuma especificidade: a obrigao quesurge em razo da aquisio de um direitoreal. Ao se adquirir um direito real, seutitular adquire algumas obrigaes dedevedor perante credor. Exemplos:obrigao de pagar condomnio quando seadquire o direito de propriedade de umapartamento ou o dever que o proprietriotem de indenizar o possuidor que realiza

    benfeitorias em seu imvel, nos termosdestacados em direitos reais neste livro.

    Como a obrigao propter rem surge porfora da titularidade de um direito real,acompanha o bem se houver transferncia

    dele, ou seja, o novo titular do direito reala assume. Exemplo: quem compra umapartamento assume as obrigaes depagar condomnio, at mesmo aquelas queestejam em atraso.

    Cuidado: a obrigao prop ter rem no seconsubstancia apenas no pagamento devalor pecunirio. Deve ser uma obrigaodevedor/credor, mas esta pode serconsubstanciada em um dar (dinheiro ouqualquer bem), um fazer ou um no fazer.

    Assim sendo, o respeito s limitaes dosdireitos de vizinhana so obrigaespropter rem, pois consistem emobrigaes de no fazer do proprietriopara respeito a direito de vizinhos.

    2. MODALIDADE DAS OBRIGAES

    As modalidades de obrigaes decorremde dois tipos de classificaes: bsica eespecial. Em uma classificao bsica, adepender da natureza da prestao, aobrigao pode ser de trs tipos:obrigao de dar, obrigao de fazer eobrigao de no fazer. Em umaclassificao especial, o CC trata de maistrs tipos de modalidades: obrigaoalternativa, obrigao divisvel ouindivisvel e obrigao solidria.

    2.1. Obrigao de dar

    A obrigao de dar aquela em que a

    prestao do devedor consiste na entregade um bem. A obrigao de dar pode serde dois tipos: dar coisa certa ou dar coisaincerta. Na obrigao de dar coisa certa, odevedor tem a prestao de entregar umbem especfico. Por exemplo, quandoalgum vende o cavalo campeo de suafazenda. J a obrigao de dar coisaincerta aquela em que o devedor assumea obrigao de dar um gnero em certaquantidade - por exemplo, quando algumvende trs cavalos de sua fazenda.

    2.1.1. Obrigao de dar coisa certa

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    a obrigao de dar um bem especfico,no servindo outro de mesma espcie,como quando uma pessoa vende o cavalo

    campeo de sua fazenda. Na verdade, hdois tipos de obrigao de dar coisa certa:dar e restituir. A razo que quando tenhoa obrigao de devolver um bem querecebi, no posso impor a entrega de outrode mesma espcie. Portanto, tenhoobrigao de dar coisa certa tanto quandotenho que entregar um cavalo que vendiquanto quando tenho que devolver umcavalo que me foi emprestado.

    O tema vem previsto entre os arts. 233 e

    242 do CC, onde um nico tema tratado:perda ou deteriorao do bem depois queassumo a obrigao de dar, mas antes daefetiva entrega. Como obrigao de darcoisa certa, no sendo possvel a entregade outro bem equivalente, qual aconsequncia? Quem suporta o prejuzo? isso que a prova exigir de voc saber eas possibilidades so muitas, pois podeser com culpa ou sem culpa do devedor,pode ser um dar ou um restituir, pode serperda ou deteriorao ou at mesmo umamelhora no bem.

    Questo recorrente em certames,apresento um macete para que voc, caroleitor, conhea todos os casos previstosnos citados artigos. Basta conhecer umaregra bsica, qual somamos duas regrasacessrias lgicas:

    REGRA BSICA: Se o devedor teve culpana perda do bem, a regra sempre ser a

    mesma: dever pagar ao credor oequivalente acrescido de perdas e danos.Se o devedor no teve culpa na perda dobem, a regra ser sempre a mesma: resper i t domino (a coisa perece para o dono),ser dele o prejuzo. E quem o dono?Depende se a obrigao de dar ou derestituir. Na obrigao de dar, antes daentrega o dono o devedor, pois aaquisio da propriedade s se d com aentrega do bem. Na obrigao de restituir,o dono o credor, pois ele sempre foi o

    dono, uma vez s ter emprestado para odevedor.

    REGRA ACESSRIA 1: Se ao invs deperda, houver apenas deteriorao dobem, a soluo a mesma, mas com uma

    diferena: ele poder optar entre a soluoda perda supramencionada ou receber obem deteriorado, abatendo-se o valor dadeteriorao.

    REGRA ACESSRIA 2: Se a coisa perecepara o dono, a coisa tambm melhorapara o dono, ou seja, se, ao invs da perdaou deteriorao, houver uma melhora nobem antes da entrega, quem dela sebeneficiar ser o dono.

    Vamos analisar, com base no maceteapresentado, as regras dos arts. 234 a 242do CC. Qual a consequncia da perda,deteriorao ou melhora do bem antes datradio, no caso da prestao de dar e nocaso da prestao de restituir?

    a) Prestao de dar, perda do bem, comculpa do devedor (art. 234): Devedor de umcarro por t-lo vendido ao credor, masantes da entrega o destri porque provocaum acidente com perda total do carro pordirigir embriagado. Ser devedor noequivalente (devolve o valor recebido ouno o recebe) acrescido de perdas edanos.

    b) Prestao de dar, perda do bem, semculpa do devedor (art. 234): Devedor de umcarro por t-lo vendido ao credor, masantes da entrega o carro cai em umaribanceira por ser levado pela correntezada inundao provocada por violenta

    tempestade. Consequncia: resolve-se aobrigao, o que significa desfazer onegcio. Veja que o dono (devedor docarro) sofreu a perda, pois ficou sem ocarro e sem o dinheiro.

    c) Prestao de dar, deteriorao do bem,com culpa do devedor (art. 236): Devedorde um carro por t-lo vendido ao credor,mas antes da entrega o amassa ao baterpor dirigir embriagado. O credor poderescolher entre receber o equivalente mais

    perdas e danos ou aceitar o bem no estadoem que se acha acrescido de perdas e

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    danos, incluindo o abatimento do valor emrazo da deteriorao.

    d) Prestao de dar, deteriorao do bem,sem culpa do devedor (art. 235): Devedorde um carro por t-lo vendido ao credor,mas antes da entrega o carro amassadopor bater em um poste ao ser levado pelacorrenteza da inundao provocada porviolenta tempestade. Consequncia:credor poder optar em resolver aobrigao (desfazer o negcio) ou aceitaro carro amassado, abatendo do seu preoo valor perdido pela deteriorao. Noteque o dono (devedor do carro) que sofre

    a perda, pois ficou sem dinheiro e com ocarro amassado ou sem o carro pagandopela deteriorao.

    e) Prestao de dar, melhora do bem (art.237): Devedor de uma fazenda por t-lavendido ao credor, mas antes da entrega obem se valoriza em razo do acrscimo deterra trazido pela correnteza das guas(fenmeno chamado de avulso). Ovendedor poder pedir aumento de preo,pois o dono e ele se beneficia com avantagem. Se o comprador no aceitarpagar o acrscimo, poder o vendedorresolver a obrigao, ou seja, desfazer avenda. E se, ao invs de melhoramento ouacrescido, o bem deu frutos? Os frutospercebidos ou colhidos antes da tradioso do devedor, pois ele ainda dono dobem, mas se pendente quando da tradio,ser do credor, pois o bem acessriosegue a sorte do bem principal. Assim, seo devedor vende uma cadela para entregar

    tempo depois e antes da entrega ficaprenha, se na poca da entrega o filhote jnasceu ser do vendedor, mas se estiverna barriga da cadela na poca da entrega,ser do comprador.

    f) Prestao de restituir, perda do bem,com culpa do devedor (art. 239): Devedorde um carro por t-lo recebido emprestadodo credor, mas antes da entrega o destriporque provoca um acidente de perda totaldo carro por dirigir embriagado. Ser

    devedor no equivalente (indeniza o valordo carro) acrescido de perdas e danos.

    g) Prestao de restituir, perda do bem,sem culpa do devedor (art. 238): Devedorde um carro por t-lo em emprstimo do

    credor, mas antes da entrega o carro caiem ribanceira levado pela correnteza dainundao provocada por tempestade. Odono o credor e ele sofre a perda, ouseja, o devedor no ter que indeniz-lo daperda do carro.

    h) Prestao de restituir, deteriorao dobem, com culpa do devedor (art. 240):Devedor de um carro por t-lo recebidoemprestado do credor, mas antes daentrega o amassa ao bater por dirigir

    embriagado. O credor poder escolherentre receber o equivalente mais perdas edanos ou aceitar o bem no estado em quese acha acrescido de perdas e danos,incluindo o abatimento do valor em razoda deteriorao.

    i) Prestao de restituir, deteriorao dobem, sem culpa do devedor (art. 240):Devedor de um carro por t-lo recebidoemprestado do credor, mas antes daentrega o carro amassado por bater emum poste ao ser levado pela correnteza dainundao provocada por violentatempestade. O dono o credor, quesofrer a perda, pois a lei diz que elereceber o bem deteriorado sem direito deindenizao.

    j) Prestao de restituir, melhora do bem(art. 241 e 242): Devedor de uma fazendapor t-la recebida emprestada do credor,mas antes da entrega o bem se valoriza em

    razo do acrscimo de terra trazido pelacorrenteza das guas (fenmeno chamadode avulso). Por evidente, ser do credor oganho, pois ele o dono do bem,recebendo-o de volta valorizado,desobrigado de indenizar. Se para omelhoramento ou acrscimo houvetrabalho do devedor, benfeitoria, razopela qual o art. 242 do CC determinaaplicar as regras do direito de indenizaoque o possuidor de boa-f e de m-f temem razo das benfeitorias que faz no bem

    (sobre isso, ver o captulo prprio na partede direitos reais neste livro, quando daabordagem dos efeitos da posse).

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    2.1.2. Obrigao de dar coisa incerta

    a obrigao de dar um gnero em certa

    quantidade, como na venda de trscavalos de uma fazenda. Em dadomomento, os bens a serem entreguesdevero ser escolhidos, o que chamamosde concentrao da prestao. A quemcabe a escolha? A quem definido nocontrato. Se nada for dito, a escolhacaber ao devedor, que no poderescolher o pior nem ser obrigado aescolher o melhor.

    Feita a escolha, a obrigao de dar coisa

    incerta se transforma em obrigao de darcoisa certa, aplicando-se as regras que lheso prprias. No entanto, se antes daescolha o bem se perder ou se deteriorar,mesmo que por caso fortuito ou motivo defora maior, o devedor no se exime decumprir a prestao, pois o gnero noperece, podendo o bem ser substitudo poroutro da mesma espcie para ser entregueao credor.

    2.2. Obrigao de fazer

    A obrigao de fazer aquela em que aprestao do devedor consiste narealizao de uma atividade, como nacontratao da prestao de um servio. Aobrigao de fazer pode ser de dois tipos:personalssima (infungvel) ou nopersonalssima (fungvel). Serpersonalssima quando s o devedorpuder cumprir a prestao, como nacontratao de um pintor famoso para

    pintura do retrato do credor em umquadro. Ser no personalssima quandono s o devedor, mas outra pessoatambm puder cumprir a prestao, comoa contratao de um pintor para pinturadas paredes de uma casa.

    Por que diferenciar? Se for obrigaopersonalssima e o devedor se recusa acumpri-la ou por sua culpa se tornouimpossvel, responde por perdas e danos.Se for obrigao no personalssima,

    poder o credor optar em reclamarindenizao por perdas e danos oumandar executar s custas do devedor.

    Como isso feito? Ajuizamento de aocom oramento do servio, pedindocondenao do devedor do fazer a pagar.

    Todavia, se for urgente, poder o credormandar executar o fato independente deprvia autorizao judicial, buscando emjuzo depois o ressarcimento do que foigasto.

    As obrigaes de fazer podem serclassificadas em obrigao de meio e deresultado ou de fim. Nas obrigaes deresultado, o devedor se vincula a atingirdeterminado resultado, sob pena deinadimplemento e, consequentemente,

    dever de indenizar perdas e danos. J naobrigao de meio, o devedor no sevincula a atingir determinado resultado,mas sim a corresponder no meio paraatingi-lo, ou seja, a empregar a dilignciana busca do resultado. No responde se oresultado no for atingido, apenas se noempregou a diligncia necessria. Umadvogado ou um mdico tem obrigao demeio, enquanto que, segundo ajurisprudncia do STJ, o cirurgio plstico,embora seja um mdico, tem obrigao deresultado, quando se tratar de intervenomeramente esttica ou embelezadora.

    2.3. Obrigao de no fazer

    A obrigao de no fazer uma obrigaoa uma absteno, por exemplo, nolevantar um muro divisrio. Se o devedordescumprir a obrigao, fazendo o que seobrigou a no fazer, dever indenizar ocredor em perdas e danos? Nem sempre,

    pois s vezes se tornou impossvel, semculpa do devedor, abster-se do ato. Nessecaso, apenas se resolve a obrigao (voltaao estado anterior do negcio), no tendoque indenizar perdas e danos. Exemplo: apessoa se viu obrigada a levantar o muropara impedir que a gua invadisse suacasa. Se, porm, simplesmente decidiufazer o que se obrigara a no fazer, sercondenado a indenizar perdas e danos e,se o fizer, consistir em uma obra, poder ocredor pedir judicialmente para desfaz-la.

    Se for urgente, poder mandar desfazerindependente de autorizao judicial,buscando em juzo o ressarcimento.

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    2.4. Obrigaes alternativas

    A obrigao alternativa aquela que

    compreende duas ou mais prestaes,mas se extingue com a realizao deapenas uma delas. Exemplo: obrigao dedar um carro ou uma moto. A quem cabe aescolha de que prestao cumprir? Emregra ao devedor, pois a obrigao seextingue com ele cumprindo uma ou outraprestao. Todavia, o contrato pode preverque a escolha cabe ao credor. o que dizo art. 252 do CC, que completa: no pode odevedor obrigar o credor a receber parteem uma prestao e parte em outra.

    Importante: o que ocorre quando uma outodas as prestaes no puderem sercumpridas? A resposta ir variar se aescolha cabia ao devedor ou ao credor.

    a) Impossibilidade de uma das prestaes:Se a escolha couber ao devedor, subsistea obrigao com a outra prestao (art.253 do CC). Mesma soluo, se a escolhacouber ao credor e a impossibilidade sedeu sem culpa do devedor. Todavia, se porculpa dele, o credor poder exigir aprestao subsistente ou o valor emdinheiro da prestao impossibilitada,acrescido de perdas e danos (art. 255 doCC). Exemplo: devedor de um carro ouuma moto destri a moto ao dirigirembriagado. Consequncia: se a escolhacabe ao devedor, obrigao simples de daro carro; se cabe ao credor, pode cobrar ocarro ou o valor em dinheiro da moto maisperdas e danos. Se a moto foi destruda

    acidentalmente, mesmo cabendo a escolhaao credor, obrigao simples de dar ocarro.

    b) Impossibilidade de ambas asprestaes: Se a escolha couber aodevedor e este tiver culpa, ficar obrigadoa pagar o valor da prestao que seimpossibilitou por ltimo, acrescido deperdas e danos (art. 254 do CC). Se aescolha couber ao credor e o devedorculpado, poder reclamar o valor de

    qualquer uma delas acrescido de perdas edanos (art. 255 do CC, in f ine). No entanto,se ambas as prestaes tornaram-se

    impossvel sem culpa do devedor,independe de quem cabe a escolha:extinta estar a obrigao, ou seja,

    desfeito o negcio jurdico (art. 256 doCC).

    2.5. Obrigaes divisveis e indivisveis

    Obrigao divisvel aquela em que podeser fracionado o objeto da prestao, oque no possvel na obrigaoindivisvel. Como exemplo, a obrigao dedar dinheiro obrigao divisvel e aobrigao de dar um cavalo obrigaoindivisvel.

    S h importncia em determinar o tipo deobrigao quando houver pluralidade dedevedores e/ou credores. Sendo obrigaodivisvel, no h problema, pois cada umcobra ou cobrado em sua parte (se nofor determinada a parte que cabe a cadaum, presume-se dividida em partes iguais).Entretanto, sendo obrigao indivisvel,como cada um cobrar ou ser cobradoem sua parte, j que o objeto no pode serdividido?

    Havendo mais de um devedor emobrigao indivisvel, cada um respondepor toda a dvida, pois no h comofracionar a cobrana. Agora, aquele quepagar a dvida, sub-roga-se nos direitos docredor perante os demais coobrigados(art. 259 do CC). Exemplo: se duaspessoas devem um cavalo, qualquer umdeles pode ser cobrado, mas quem pagarpoder cobrar do outro, em dinheiro,

    metade do valor do animal.Havendo mais de um credor em obrigaoindivisvel, qualquer um deles podercobrar a dvida por inteiro, tornando-sedevedor perante os demais credores nassuas respectivas partes em dinheiro (art.261 do CC).

    2.6. Obrigaes solidrias

    Na pluralidade de credores ou devedores

    em obrigao indivisvel, todos soobrigados ou tm direito a toda dvida porser fisicamente impossvel dividir o objeto

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    da prestao. Todavia, possvel haverobrigao divisvel em que todos soobrigados ou tm direito a toda a dvida

    por determinao da lei ou da vontade daspartes: a obrigao solidria.

    Imagine dois amigos devendo vinte milreais a um credor. Em tese, cada um devedez mil reais, mas, se for obrigaosolidria, o credor pode cobrar toda advida de qualquer deles (quem paga sesub-roga nos direitos do credor perante osdemais devedores). Por outro lado, se umdevedor deve vinte mil reais a doisamigos, em tese, deve dez mil reais para

    cada um deles, mas, se for obrigaosolidria, qualquer dos credores podecobrar toda a dvida (quem recebe se tornadevedor perante os demais credores).

    Portanto, haver solidariedade quandohouver mais de um devedor ou mais deum credor obrigados ou com direito totalidade da dvida. A solidariedade nose presume, resultando apenas da lei ouda vontade das partes. A solidariedadepode ser ativa ou passiva, a depender se apluralidade est no plo ativo ou passivoda obrigao.

    2.6.1. Solidariedade ativa

    a obrigao em que h mais de umcredor, cada um deles com direito a toda advida. No vencimento, qualquer credorpode se antecipar e cobrar toda a dvidaou, enquanto nenhum deles a cobrar, odevedor se libera pagando a qualquer

    deles. Quem receber, responde perante osdemais credores, tornando-se devedor naspartes que lhes cabe.

    O mesmo ocorre se um dos credoresremitir (perdoar) a dvida. Devedor devetrinta mil reais a trs credores solidrios eum deles perdoa toda a dvida. Este setornar devedor de dez mil reais a cada umdos demais credores, como se ele tivessese antecipado e cobrado o devedor (art.272 do CC). Cuidado: diferente quando

    credor solidrio perdoa sua parte. Nessecaso, subsiste a solidariedade para osdemais credores depois de sua parte ser

    descontada. No exemplo citado, o devedorcontinua a dever vinte mil reais a doiscredores solidrios.

    A solidariedade personalssima, ou seja,se um dos credores falecer e deixarherdeiros, estes no se tornaro credoressolidrios. Significa que cada um de seusherdeiros s poder exigir e receber aquota que corresponder ao seu quinhohereditrio. Imagine um devedor devendotrinta mil reais a trs credores solidrios,sendo que um deles morre deixando doisfilhos. Os filhos no podero cobrar ostrinta mil, pois no se tornam credores

    solidrios. Cada um s poder cobrar aparte que lhe cabe na herana, ou seja,cada um s pode cobrar cinco mil reais.

    Todavia, em dois casos, os herdeirospodero cobrar a dvida toda: se aobrigao for indivisvel (exemplo: odevedor deve um cavalo aos trs credoressolidrios) ou, segundo jurisprudncia doSTJ, se os herdeiros cobrarem juntosatravs do esplio, pois no direito dassucesses aprendemos que o esplio sesub-roga nos direitos do de cujos.

    Nos termos do art. 271 do CC,convertendo-se a prestao em perdas edanos, nelas subsistem a solidariedade.Imagine um devedor de um carro a trscredores solidrios, mas o destri aodirigir embriagado. Trata-se de obrigaode dar coisa certa com perda do bem porculpa do devedor. Conforme visto, torna-se devedor no equivalente acrescido em

    perdas e danos, no que permanecerhavendo a solidariedade.

    2.6.2. Solidariedade passiva

    a obrigao em que h mais de umdevedor, cada um deles obrigados a toda advida. Significa que o credor tem direitode exigir de qualquer deles o valor total dadvida, mas quem pagar se tornar credordos demais devedores nas suasrespectivas partes (internamente no h

    solidariedade). Se o credor optar cobrarapenas parcialmente de um dos devedores

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    solidrios, os demais continuamobrigados solidariamente pelo resto.

    Se um dos devedores solidrios falecer, asolidariedade transferida aos seusherdeiros? No, pois, como visto, asolidariedade personalssima. Significaque os herdeiros s podem ser cobradosna quota que corresponde ao seu quinhohereditrio. Todavia, h duas excees: sea obrigao for indivisvel (ex: devedoressolidrios devem um cavalo) ou se osherdeiros forem cobrados juntos atravsdo esplio, pois o direito das sucessespreceitua que o esplio se sub-roga nos

    deveres do de cujos.

    Ateno: a lei d tratamento diferentequanto manuteno da solidariedade noque se refere ao pagamento de perdas edanos e de juros que podem ser irradiadosda obrigao, pois nas perdas e danos nosubsiste a solidariedade. Mas nos juros,sim.

    Se devedores solidrios tm obrigao dedar um carro e, por culpa de um deles,este destrudo, a obrigao se converteno pagamento do valor equivalenteacrescido de perdas e danos. No valorequivalente, todos continuam devedoressolidrios, mas pelas perdas e danos sresponde o culpado (art. 279 do CC).Todavia, se um dos devedores solidriosd causa a acrscimo de juros ao valordevido, todos respondem solidariamentepelo valor dos juros, pois o pagamento dejuros uma obrigao acessria e o

    acessrio segue a sorte do principal (art.280 do CC).

    Importante (art. 285 do CC): Conformevimos, o devedor solidrio que paga advida pode cobrar dos demais devedoresa parte que lhes cabe (se nada for dito,presume-se dividida em partes iguais).Todavia, se a dvida solidria interessarexclusivamente a um dos devedoressolidrios, responder este por toda advida quando da ao regressiva aos

    demais credores. O exemplo tpico ocontrato de fiana. Quando h renncia aobenefcio de ordem, devedor principal e

    fiador so devedores solidrios. Se ofiador for cobrado, poder cobrar emregresso do devedor principal no s a

    metade da dvida, mas sim sua totalidade,pois uma dvida contrada no seuexclusivo interesse. Da mesma forma,sendo caso de mais de um fiador e umdeles sendo cobrado pela dvida, s terao regressiva contra o devedor principalna totalidade da dvida, no tendo aocontra os demais co-fiadores.

    3. TRANSMISSO DAS OBRIGAES

    Haver transmisso da obrigao quando

    houver uma substituio subjetiva emseus polos, ou seja, uma troca de devedorou de credor. So dois os tipos detransmisso das obrigaes: cesso decrdito e assuno de dvida. Na cessode crdito h uma substituio no poloativo, ou seja, h uma troca de credores,pois o credor cede a um terceiro o seucrdito. Na assuno de dvida h umasubstituio no polo passivo, ou seja, umatroca de devedores, pois um terceiroassume a obrigao do devedor.

    3.1. Cesso de crdito

    A cesso de crdito se caracteriza pelasubstituio no polo ativo da obrigao,havendo uma troca de credores em razoda alienao, gratuita ou onerosa, de umcrdito a um terceiro, que se tornar onovo credor da obrigao. A lei permite acesso do crdito quando a isso no seopuser a natureza da obrigao, a lei ou o

    acordo das partes. Quem cede o crdito chamado de cedente e quem o recebe chamado de cessionrio.

    A cesso do crdito independe daconcordncia do devedor. A lei exigeapenas a notificao da cesso, para queele no pague pessoa errada. Caso odevedor no seja notificado e pague deboa-f ao antigo credor, ele estardesobrigado, s restando ao verdadeirocredor cobrar do cedente, que

    indevidamente recebeu o pagamento.

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    Em regra, o cedente no responde pelasolvncia do devedor, ou seja, caso ocessionrio no consiga receber o crdito

    em razo da insolvncia do devedor, nopoder cobrar a dvida do cedente. Noentanto, ele responder se vier expressono contrato. Quando o cedente noresponde pela solvncia do devedor, acesso chamada de cesso de crditopro soluto; quando o cedente respondepela solvncia do devedor, chamada decesso de crdito pro solvendo.

    Embora o cedente, em regra, no respondapela solvncia do devedor, ele responde

    pela existncia do crdito, ou seja, seceder um crdito que no existe, a simpoder ser cobrado pelo cessionrio. Ocedente responder pela existncia docrdito tendo o cedido gratuita ouonerosamente. Se ceder de forma onerosa,responder tendo agido de m-f ou atmesmo de boa-f, pois recebeu pelacesso, devolvendo o valor auferido. Noentanto, na cesso gratuita, como nadarecebeu em troca, s responder se tiverprocedido de m-f, ou seja, se sabia dainexistncia do credito que cedeu.

    Por fim, na cesso de crdito vigora oprincpio da oponibilidade das exceespessoais contra terceiros. O que significaisso? Quando o cessionrio cobrar advida do devedor, este poder sedefender alegando as defesas pessoaisque cabiam contra o cedente (art. 294 doCC). Exemplo: o devedor comprou umcarro usado do credor, mas no vai pagar

    porque apresentou vcio redibitrio. Sque o credor cedeu o crdito a um terceiro,que quem cobra a dvida. O devedorpoder se defender contra o cessionrioalegando o vcio redibitrio, mesmo sendouma defesa pessoal contra o cedente.

    3.2. Assuno de dvida

    A assuno de dvida se caracteriza pelasubstituio no polo passivo daobrigao, havendo uma troca de

    devedores. A lei permite que terceiroassuma a dvida do devedor, mas exige aconcordncia expressa do credor. No

    entanto, independe de consentimento dodevedor, podendo a assuno de dvidaser por delegao (com consentimento do

    devedor) ou por expromisso (semconsentimento do devedor).

    O terceiro que assume a obrigao chamado de assuntor. Quando ele assumea obrigao, o devedor primitivo estexonerado, pois deixou de ser o devedor.Todavia, h um caso em que o devedorprimitivo no estar exonerado, podendoser cobrado pelo credor: se a cesso foifeita a quem insolvente e o credor aaceitou por no saber do fato.

    Com a assuno de dvida, salvoconsentimento expresso do devedorprimitivo, estaro extintas as garantiasdadas por ele, afinal ele no mais odevedor. Se a substituio vier a seranulada, restaura-se o dbito do devedorprimitivo, com todas as garantias queexistiam. Exceo: no retornaro asgarantias dadas por terceiros, porexemplo, hipoteca de um bem de terceiro.Exceo da exceo: a garantia dada porterceiro poder retornar, caso elesoubesse da causa que gerou anulao dasubstituio.

    O assuntor, como novo devedor, poderalegar que tipo de defesa ao ser cobradopelo credor? Com efeito, a defesa pode serde dois tipos: comum ou pessoal. Sercomum quando for defesa de qualquerpessoa que venha a ser cobrado pelocredor (ex. prescrio da dvida). Por outro

    lado, ser defesa pessoal quando forexclusiva de uma pessoa (ex.compensao de dvida). O assuntor, aoser cobrado, poder se valer das defesascomuns ou das suas pessoais, nopodendo se valer das defesas pessoaisque cabiam ao devedor primitivo (art. 302do CC).

    4. ADIMPLEMENTO E EXTINO DASOBRIGAES

    O meio normal de extino da obrigao o devedor cumprir a prestao, o quechamamos de pagamento. Note que o

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    sentido tcnico de pagamento difere doseu sentido leigo, pois pagamento coloquialmente usado no sentido de dar

    dinheiro. Pagamento em sentido tcnico cumprir a prestao, seja um dar (dinheiroou qualquer outro bem), um fazer ou atum no fazer.

    No entanto, a obrigao pode ser extintapor meios anormais, havendo extino daobrigao de uma forma alternativa, deuma forma diferente do que ocumprimento da prestao. So as formasanormais de extino da obrigao:pagamento em consignao, pagamento

    com sub-rogao, imputao depagamento, dao em pagamento,novao, compensao, confuso eremisso.

    4.1. Pagamento

    Pagamento o meio normal de extino daobrigao, ou seja, o cumprimento daprestao (dar, fazer ou no fazer). O CCinicia o tema abordando quem deve pagar(chamado de solvens) e a quem se devepagar (chamado de accipiens).

    O CC trata de quem deve pagar, mas, naverdade, o que se estabelece so regrassobre quem pode pagar. A obrigao podeser paga por qualquer pessoa que tenhaalgum tipo de interesse, ou seja, pelodevedor ou por um terceiro. A lei, noentanto, estabelece consequnciasdiferentes para o pagamento sendo feitopelo devedor, por terceiro interessado ou

    por terceiro no interessado. Quando sefala em terceiro interessado ou nointeressado, fala-se em interesse jurdico,pois, se o terceiro paga, algum tipo deinteresse ele tem. O terceiro serinteressado quando puder ser cobradopela dvida. Assim, um fiador que paga advida do afianado um terceirointeressado, mas o pai que paga a dvidade um filho maior de idade, embora tenhaum interesse sentimental, consideradoum terceiro no interessado.

    Se o devedor efetuar o pagamento, extintaestar a obrigao e ele estar exonerado.

    Se um terceiro pagar, tambm estarextinta, mas ele poder reaver o valorpago, embora de forma diferente a

    depender de quem pagou: se terceirointeressado, sub-roga-se nos direitos docredor; se terceiro no interessado,apenas tem direito de reembolso, no sesub-rogando nos direitos do credor. Emambos os casos, o terceiro cobra dodevedor o que pagou por ele, mas diferemporque, ao se sub-rogar nos direitos docredor, ter as garantias especiais dadas aele, o que no ocorre no mero direito dereembolso. Detalhe: isso ocorrer se oterceiro pagar em seu nome, pois se pagar

    em nome do devedor, considerado umamera ajuda, no tendo direito de reaver oque pagou.

    A quem se deve pagar? O pagamento deveser feito ao credor ou a quem de direito orepresente. Se o pagamento foi feito pessoa errada, pagou-se mal e quem pagamal, paga duas vezes, pois o verdadeirocredor poder cobr-lo. No entanto, emdois casos, o pagamento feito a umterceiro libera o devedor: se o credorconfirmar o pagamento ou tanto quantoprovar ter se revertido ao credor.

    H um caso em que o pagamento feito aum terceiro e o devedor est liberado,mesmo que o credor no confirme nem seprove a reverso em seu benefcio. ocaso do pagamento feito ao chamadocredor putativo. Putativo vem de putare,que significa crer, acreditar. Haver credorputativo quando se paga de boa-f a quem

    no o credor, ou seja, se pagou pessoaerrada, mas havia motivos para acreditarser ele o credor. Um exemplo j foi vistoquando da abordagem do tema cesso decrdito. Vimos que o devedor no precisaconcordar, mas deve ser notificado dacesso de crdito para saber que o credormudou. Vimos que se no for notificado ede boa-f pagar ao cedente, ele estexonerado e a razo simples: pagou acredor putativo.

    No que se refere ao objeto do pagamento,este ser o cumprimento da prestao. Ocredor no obrigado a aceitar prestao

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    diversa da que lhe devida, ainda quemais valiosa, afirma o art. 313 do CC.Ainda que a obrigao seja divisvel, como

    dever dinheiro, no pode o credor serobrigado a receber nem o devedor serobrigado a pagar por partes, se assim nose ajustou.

    Quem paga tem direito de receber umaprova de que pagou. o que chamamosde quitao. O instrumento da quitao orecibo, que sempre pode ser porinstrumento particular. Se o credor serecusar a dar quitao, o devedor podelegitimamente reter o pagamento enquanto

    no lhe for dada.

    Assim sendo, em regra, quem prova opagamento o devedor, apresentando orecibo recebido como instrumento daquitao. No entanto, em trs casoshaver presuno de pagamento,dispensando o devedor de provar quepagou. Ocorre que uma presunorelativa, ou seja, aquela que admite provaem contrrio. Desta forma, sendo um doscasos de presuno de pagamento, no sefixa uma verdade absoluta de que existiupagamento, mas sim uma inverso donus da prova, pois o devedor no precisaprovar que pagou, mas o credor podeprovar que o devedor no pagou.

    So os trs casos de presuno depagamento:

    a) Art. 322 do CC: quando o pagamento forem quotas peridicas, a quitao da ltima

    estabelece, at em prova em contrrio, apresuno de estarem solvidas asanteriores;

    b) Art. 323 do CC: sendo a quitao docapital sem fazer reserva que os juros noforam pagos, estes se presumem pagos; e

    c) Art. 324 do CC: a entrega do ttulo firmapresuno do pagamento, presuno quepode ser elidida no prazo de sessentadias.

    Para se efetuar o pagamento, importasaber o lugar do cumprimento da

    obrigao. nesse lugar que se devemreunir credor e devedor na data marcada,no podendo o devedor oferecer nem o

    credor exigir o cumprimento em lugardiverso.

    No direito comparado, h dois tipos deobrigao: qurab le ou portable. Aobrigao qurable(chamada no Brasil dequesvel) aquela que deve ser cumpridano domiclio do devedor e obrigaoportable(chamada no Brasil de portvel) aquela que deve ser cumprida no domicliodo credor. No Brasil, conforme previso doart. 327 do CC, em regra as obrigaes

    devem ser cumpridas no domiclio dodevedor, ou seja, so quesveis ouqurab le. Poder ser portvel ou at emoutro local a depender da vontade daspartes, da lei, da natureza da obrigao oudas circunstncias. Como exemplo, o art.328 do CC determina que se o pagamentoconsistir na entrega de um imvel ou deprestaes relativas a ele dever sercumprido onde situado o bem.

    4.2. Pagamento em consignao

    Consignao de pagamento significa odepsito judicial ou em estabelecimentobancrio da coisa devida, o que a leiequipara a pagamento, extinguindo aobrigao. O devedor tem no s o deverde pagar, mas tambm o direito de faz-lopara evitar as consequncias de sua mora.A consignao em pagamento , portanto,um valioso instrumento para o devedorno suportar os encargos moratrios.

    Poder o devedor consignar pagamentobasicamente quando houver mora docredor ou algum risco para o devedor narealizao do pagamento direto. Nessesentido, o art. 335 do CC arrola casos decabimento da consignao em pagamento:se o credor se recusar sem justa causa areceber o pagamento ou no puder receb-lo, se o devedor tiver dvida sobre quem o verdadeiro credor ou se o credor fordesconhecido, entre outros.

    Feito o depsito, a princpio, suspende aincidncia dos encargos moratrios, mas

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    o devedor dever propor ao judicial paradiscusso da matria, podendo o credorimpugnar o pagamento, pois s exonera o

    devedor se observados os mesmosrequisitos exigidos para validade dopagamento. Se julgado improcedente, odepsito no ter efeito. O processo temprocedimento especial previsto no CPC.

    4.3. Pagamento com sub-rogao

    Pagamento com sub-rogao a operaopela qual o crdito se transfere com todosos seus acessrios a um terceiro que pagadvida alheia. Sub-rogar substituir, o que

    significa que haver aqui uma substituiode credor, extinguindo a obrigao comrelao ao credor originrio. A ideia : Adeve a B e um terceiro C paga essa dvidae agora A deve a C, pois este se sub-rogounos direitos de B.

    Como uma simples substituio no poloativo, o vnculo se mantm e o novocredor tem todos os privilgios e garantiasque tinha o credor originrio (art. 349 doCC). No entanto, possvel que umterceiro pague dvida alheia e no se sub-rogue nos direitos do credor, caso em queter mero direito de reembolso contra odevedor, por no ser um dos casos depagamento com sub-rogao. A diferena que poder cobrar dele o que pagou,mas sem ter os privilgios e garantias docredor originrio, pois surge um novovnculo, uma nova obrigao (dereembolso), extinguindo a obrigaoprimitiva.

    A sub-rogao pode ser de dois tipos:legal ou convencional, a depender sedecorre de lei ou da vontade das partes. OCC prev, em art. 346, os casos em que asub-rogao se opera de pleno direito, ouseja, se um terceiro paga a dvida, ele sesub-roga automaticamente nos direitos docredor primitivo, independente da vontadedas partes. Se a lei no prev como casode sub-rogao, teria o terceiro merodireito de reembolso, mas as partes

    podero prever a sub-rogao, passando oterceiro a ter os privilgios e garantias do

    credor primitivo, o que no existiria nomero direito de reembolso.

    Como exemplo, trago um caso visto noestudo do pagamento. Se terceirointeressado paga a dvida do devedor, sub-roga-se automaticamente nos direitos docredor, mantendo-se os privilgios e asgarantias (art. 346, III, do CC). Se terceirono interessado paga a dvida do devedor,apenas ter direito de reembolso, no sesub-rogando nos direitos do credor (semos privilgios e garantias do credororiginrio). No entanto, se o terceiro nointeressado pagar a dvida do devedor

    condicionado a sub-rogar-se nos direitosdo credor, haver pagamento com sub-rogao convencional e ter o novo credoros privilgios e garantias do credorprimitivo (art.347, II, do CC).

    4.4. Novao

    Novao o meio de extino daobrigao pelo surgimento de uma novaobrigao. A novao pode ser de doistipos: objetiva ou subjetiva. A novao objetiva quando a nova obrigao difereda obrigao anterior pela substituio daprestao (ex. obrigao de dar dinheirotransformada em obrigao de fazer ouobrigao veiculada em chequesubstituda por obrigao veiculada emnota promissria). A novao sersubjetiva quando a nova obrigao difereda obrigao anterior pela substituio docredor (novao subjetiva ativa) ou dodevedor (novao subjetiva passiva).

    Importante: qual a diferena entrepagamento com sub-rogao e novaosubjetiva ativa? Em ambos os casos, htroca do credor, mas diferem porque nopagamento com sub-rogao o vnculo semantm, havendo apenas a troca decredor, enquanto que na novao,extingue-se o vnculo anterior, surgindouma nova obrigao com um novo vnculo.Consequncia: no pagamento com sub-rogao se mantm para o novo credor os

    privilgios e garantias do credor primitivo,enquanto que na novao, extinguem-se

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    os privilgios e garantias do credorprimitivo, no as tendo o novo credor.

    Do exposto acerca da sub-rogao enovao, podemos chegar a umaconcluso: quando o pagamento efetuado por um terceiro, seja interessadoou no interessado, ele poder reaver dodevedor primitivo o que por ele pagou. Adiferena que quando o pagamento feito por terceiro interessado, hpagamento com sub-rogao, enquantoque no pagamento feito por terceiro nointeressado, h novao, pois se extingueo vnculo anterior, surgindo uma nova

    obrigao com um novo vnculo (aobrigao de reembolso). Por isso, oterceiro interessado ter os privilgios egarantias do credor primitivo, mas oterceiro no interessado no, a no serque se valha do pagamento com sub-rogao convencional, ou seja,condicionando o pagamento a sub-rogar-se nos direitos do credor.

    4.5. Imputao ao pagamento

    Se um devedor tem vrias dvidasdiferentes com um credor, mas no lheentrega valor suficiente para pagamentode todas, preciso identificar quais asdvidas foram extintas.

    Imputao ao pagamento a indicao dadvida a ser paga quando uma pessoa seencontra obrigada por dois ou maisdbitos com o mesmo credor, sem poderpagar todos eles. Note que imputao ao

    pagamento no bem um meio deextino da obrigao, mas sim adeterminao de que obrigao estextinta quando nem todas forem pagas.

    Antes de a lei definir quais obrigaesesto extintas (imputao legal), as partestm o direto de definir (imputaoconvencional). Assim, em primeiro lugar,quem define o devedor. No seu silncio,o credor define em quais d quitao. Senenhum deles definir, a lei definir,

    estabelecendo a seguinte ordem: (i)primeiro se pagam os juros vencidos e sdepois o capital; (ii) pagamento imputado

    s dvidas vencidas h mais tempo; (iii) setodas vencidas no mesmo tempo, aimputao ser na mais onerosa (maiores

    juros ou multas); (iv) se todas no mesmotempo e mesmos nus, a lei no dsoluo, mas jurisprudncia diz ser deforma proporcional em cada uma dasobrigaes.

    4.6. Dao em pagamento

    Dao em pagamento a forma deextino da obrigao atravs da qual ocredor aceita receber prestao diversa daque lhe devida. Conforme visto, nos

    termos do art. 313 do CC, o credor no obrigado a aceitar prestao diversa dacontratada, ainda que mais valiosa. Porm,nada impede que o credor aceite prestaodiversa, caso em que haver extino daobrigao de uma forma anormal, que nopelo pagamento, chamada de dao empagamento.

    Conforme ser visto em contratos nestelivro, evico a perda judicial ou atadministrativa de um bem em razo devcio jurdico anterior alienao. Quemvende no poderia ter vendido e quemcompra perde para um terceiro, buscandodo alienante uma indenizao. Se odevedor d coisa diversa em pagamento eo credor a perde pela evico, restabelece-se a obrigao primitiva, ficando semefeito a quitao dada, ressalvados osdireitos de terceiro (art. 359 do CC).

    4.7. Compensao

    Compensao a forma de extino dasobrigaes entre duas pessoas que so,ao mesmo tempo, credora e devedora umada outra. O meio normal de extino daobrigao o pagamento, ou seja, ocumprimento da prestao. Todavia,quando duas pessoas so devedoras ecredoras uma da outra, no h sentido queos pagamentos sejam feitos para extinodas obrigaes. Compensam-se as dvidase extintas esto as obrigaes at onde se

    compensarem.

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    A compensao pode ser de dois tipos:legal ou convencional, a depender sedecorre da lei ou da vontade das partes. A

    compensao legal se darautomaticamente, bastando presentes osrequisitos legais, quais sejam:reciprocidade das obrigaes (um deve aooutro e vice versa), liquidez e vencimentodas prestaes e envolverem bensfungveis entre si (no basta serem bensfungveis, devem ser substituveis entre si,ou seja, homogneos, por exemplo,dinheiro por dinheiro ou saca de caf porsaca de caf, no podendo ser dinheiropor saca de caf). Mesmo ausentes tais

    requisitos, ainda sim poder havercompensao, mas ser convencional, pordepender da vontade das partes. Nadaimpede, portanto, haver compensao deuma dvida vencida com outra a termo,com bens infungveis ou de naturezadiferente (dinheiro por saca de caf), masser compensao convencional, onde oque importa a vontade das partes.

    A reciprocidade um requisito para acompensao legal, ou seja, devedor deveao credor e vice-versa, mas h umaexceo: quando envolver o fiador. Odevedor somente compensa sua dvidapara o credor com a dvida do credorcontra ele, mas o fiador pode compensarsua dvida para o credor ( dele devedorporque fiador) com a dvida que o credortem com o afianado, ou seja, no com ele,pois o fiador no devedor em causaprpria, mas mero garantidor de umadvida do afianado (art. 371 do CC).

    4.8. Confuso e Remisso

    Confuso a forma de extino dasobrigaes por reunirem na mesmapessoa a qualidade de credor e devedor.Imagine um pai que deve uma quantia emdinheiro a seu filho, que seu nicoherdeiro. Com a morte do pai, o filhoassume o dbito, mas ele prprio ocredor, gerando extino da obrigaopela confuso. A confuso pode se

    verificar a respeito de toda a dvida (total)ou s de parte dela (parcial). No exemplocitado, se so dois filhos, tendo o credor

    um irmo, s haver extino da obrigaorelativa metade da dvida (esplio devedor de metade do valor para o filho

    credor).

    Remisso a forma de extino daobrigao com o perdo da dvida pelocredor. Cuidado: no confunda remissocom remio. A causa de extino daobrigao a remisso, o ato de remitir,que significa perdo, perdoar. Remio ouato de remir no causa de extino daobrigao, pois significa resgate, resgatar.

    Tanto na confuso quanto na remisso h

    um aspecto importante para voc sabersobre obrigaes solidrias. Confuso ouremisso entre credor e um dos devedoressolidrios ou entre o devedor e um doscredores solidrios: mantm-se asolidariedade entre os demais, descontadaa parte remitida ou da confuso parcial.

    Exemplo: Imagine trs devedoressolidrios em trinta mil reais ao pai de umdeles (solidariedade passiva). Com a mortedo pai ou do filho ou se o pai perdoar s advida do filho, os outros dois devedoressero solidrios em vinte mil reais. Damesma forma, imagine que um devedordeve trinta mil reais a trs credoressolidrios, sendo um deles o pai dodevedor (solidariedade ativa). Com a mortedo pai ou do filho ou se o pai perdoar s advida do filho, os outros dois credoressero solidrios em vinte mil reais.

    5. INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES

    5.1. Diferena entre inadimplemento emora

    Quando o devedor no cumpre aprestao, estamos diante doinadimplemento, que pode ser de dois ostipos: absoluto ou relativo. Oinadimplemento absoluto quando aprestao no cumprida e no mais tilao credor que o devedor a cumpra - porexemplo, contratao de cantor para

    cantar em um casamento que nocomparece cerimnia. O inadimplemento relativo quando a prestao no

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    cumprida, mas ainda til ao credor que odevedor a cumpra, por exemplo, nopagamento de uma dvida em dinheiro no

    dia do vencimento. O inadimplementoabsoluto chamado simplesmente deinadimplemento e o inadimplementorelativo chamado de mora.

    Note que a diferena entre inadimplementoe mora reside no critrio de utilidade parao credor. Em ambos os casos, a prestaono cumprida, sendo inadimplemento sea prestao no mais til ao credor emora se a prestao ainda til ao credor.

    Por que diferenciar mora einadimplemento? Se o caso deinadimplemento, como a prestao no mais til ao credor, a nica soluo opagamento de indenizao por perdas edanos (ar. 389 do CC). Por outro lado, se ocaso de mora, cabe o que chamamos depurgao ou emenda da mora. O que isso? cumprir a obrigao, porque aindatil para o credor, acrescido dos encargosmoratrios. Purga-se a mora pagando-secom retardo, acrescido de: correomonetria, juros de mora, perdas e danosdecorrentes da mora e eventual honorriosde advogado (art. 395 do CC).

    5.2. Mora

    O art. 394 do CC diz que se considera emmora o devedor que no efetuar opagamento e o credor que no quiserreceb-lo no tempo, lugar e forma que a leiou a conveno estabelecer. Note haver

    mora no apenas quando no se paga notempo devido, mas tambm se no sepaga no lugar e na forma devida. Noteainda no haver mora s do devedor, mastambm do credor, que ocorre quandoeste no quiser injustificadamente recebero pagamento, sendo o pagamento emconsignao a soluo para o devedor selivrar dos encargos da mora.

    Segundo art. 395 do CC, configurada amora, o devedor pode purg-la,

    cumprindo a prestao acrescida dosencargos moratrios. Todavia, se aprestao tornar-se intil ao credor, este

    poder enjeit-la e pedir perdas e danos. Arazo simples: se intil ao credor, deixoude ser mora e se transformou em

    inadimplemento absoluto.

    Como exemplo, imagine uma costureiraque deixa de entregar o vestido de noivano prazo estipulado. caso de mora ouinadimplemento? Depende. Se ainda nohouve a cerimnia, em razo de a datamarcada lhe ser bastante anterior, o caso de mora; se j houve a cerimnia, emrazo da data marcada ter sido na vsperado casamento, o caso deinadimplemento, caso em que o credor

    poder rejeitar a coisa e pedir perdas edanos, pois ao se tornar intil a ela, a morase transformou em inadimplementoabsoluto.

    Completa a ideia de mora o art. 396 do CC,que preceitua no incorrer em mora odevedor quando no haja fato ou omissoimposta a ele. Significa que a mora o nocumprimento culposo da obrigao. Seno h culpa, no h mora. Se uma contado devedor s pode ser paga no banco e ovencimento cai em um domingo, ao sepagar no dia seguinte, no h de se falarem mora, tanto que se paga sem encargosmoratrios.

    O art. 397 do CC nos faz perceber haverdois tipos de mora: ex ree ex persona. Amora ex re automtica, ou seja, aquelaque independe de ato do credor para odevedor ser constitudo em mora(interpelao judicial ou extrajudicial,

    notificao, protesto ou citao dodevedor). Por sua vez, a mora ex person aaquela que precisa de um dos citados atosdo credor para o devedor ser constitudoem mora. Quando a mora ex ree quandoex persona?

    H dois tipos de obrigaes: com dia certode vencimento e sem dia certo devencimento. Quando a obrigao tem umdia certo de vencimento, o devedor noprecisa ser constitudo em mora por ato do

    credor, pois o simples no pagamento novencimento o constitui em mora (diesinterpel lat pro homin e, ou seja, o prprio

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    dia interpela o devedor). Por outro lado,quando a obrigao no tem dia certo devencimento, o devedor s estar em mora

    se for constitudo por ato do credor.Assim, quando a obrigao com diacerto de vencimento, a mora ex re equando a obrigao sem dia certo devencimento, a mora ex persona.

    O art. 398 do CC demonstra que a mora ex re quando a obrigao no cumpridadecorre de ato ilcito. Com efeito, ato ilcitocivil causar dano a algum, gerando aocausador o dever de indeniz-lo.Poderamos pensar ser caso de mora expersona, pois o devedor deve serconstitudo em mora por um ato do credor,propondo ao judicial (citao vlidaconstitui o devedor em mora). No entanto,tal entendimento equivocado, pois a leidiz que essa mora automtica,independendo de qualquer ato do credor.O art. neste momento em anlise diz quenas obrigaes provenientes de ato ilcito,considera-se o devedor em mora desdeque o praticou (a responsabilidade dereparar o dano fixada na sentena judicialretroage data do ato para aplicar osefeitos da mora).

    Os arts. 399 e 400 do CC trazem doisefeitos da mora, um para mora do devedore outro para a mora do credor:

    a) Efeito da mora do devedor (art. 399 doCC): O devedor em mora responde pelaimpossibilidade da prestao, ainda queesta se d por caso fortuito ou fora maior.

    Se a prestao do devedor se tornaimpossvel sem culpa do devedor,simplesmente se resolve a obrigao semqualquer nus a lhe ser imposto. Todavia,se a impossibilidade ocorrer durante seuatraso, o devedor ficar obrigado aindenizar o credor pela impossibilidade daprestao, mesmo que esta tenha se dadopor caso fortuito ou por fora maior.Apenas em dois casos, estar desobrigadode indenizao: quando provar iseno deculpa no seu atraso (evidente, pois nesse

    caso no h mora, pois a mora o nocumprimento culposo da obrigao) e seprovar que o dano ocorreria mesmo se a

    prestao tivesse sido cumprida no tempo,lugar ou forma devida, ou seja, mesmo seno houvesse mora.

    b) Efeito da mora do credor (art. 400 doCC): A mora do credor, ou seja, se ocredor se recusar injustificadamente areceber o pagamento, gera trs efeitos: (i)retira do devedor isento de dolo aresponsabilidade pela conservao dacoisa (s indeniza perda ou deterioraodo bem se teve dolo, no respondendo seteve culpa str icto sensu, ou seja,imprudncia, negligncia ou impercia); (ii)obriga o credor a ressarcir o devedor das

    despesas que teve para conservar o bem;e (iii) sujeita o credor a receber o bem pelaestimao mais favorvel ao devedor se oseu valor oscilar entre o dia estabelecidopara o pagamento e o da sua efetivao.

    5.3. Responsabilidade Civil Contratual

    Responsabilidade civil o dever deindenizar um prejuzo causado. H doistipos de responsabilidade civil: contratuale extracontratual. A responsabilidade civilcontratual aquela em que h um contratoentre as partes, ou seja, um contratanteno cumpre o contrato, causando prejuzoao outro contratante, gerando dever deindenizao. A responsabilidade civilextracontratual, tambm chamada deaquiliana, aquela em que no existe umcontrato entre quem causa e quem sofre odano, como no caso de algum bater nocarro de outrem, tendo que indeniz-lo.Responsabilidade civil extracontratual

    tema do captulo responsabilidade civil.Responsabilidade civil contratual estudada aqui em obrigaes, pois ocorrediante de mora e inadimplemento.

    O contratante que no cumpre o contratoser civilmente responsabilizado, masapenas se isso gerar um dano ao outrocontratante, pois responsabilidade civil odever de indenizar um dano causado.Conforme o art. 402 do CC, o inadimplentedever indenizar no s o dano emergente,

    mas tambm os lucros cessantes, que soos dois tipos de dano material. Danoemergente: prejuzo efetivamente

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    experimentado; lucro cessante: o que selegitimamente se deixou de ganhar. A elesse acrescenta dano moral.

    Diante de inadimplemento, seja absolutoou relativo, quem no cumpre o contratocausando dano ao outro contratantedever indeniz-lo. A questo : aresponsabilidade civil contratual subjetiva (depende de culpa) ou objetiva(independe de culpa)?

    A responsabilidade civil contratual subjetiva, pois s h mora se o nocumprimento da prestao for culposo.

    Significa que no h mora e, portanto, noh responsabilidade civil contratual, seno houver culpa do contratante em nocumprir a prestao. O mesmo ocorre como inadimplemento absoluto, que pode serculposo (com culpa do devedor) oufortuito (sem culpa do devedor), mas, emregra, s haver obrigao de indenizar seo devedor teve culpa no inadimplemento.Se um cantor contratado para cantar nocasamento e propositalmente no aparecena cerimnia, ser responsabilizado emperdas e danos, mas se no cumpriu ocontrato porque foi sequestrado navspera, no h de se falar em deverindenizatrio.

    Importante: O art. 393 do CC dispe que odevedo r no respo nde pelo s prejuzosresultantes do caso fo rtui to ou de foramaior, se exp ressamente no s e hou verpor eles responsabi l izado Note que,conforme visto, a responsabilidade civil

    contratual subjetiva, mas as partespodem expressamente prever no contratoque o inadimplente responder mesmoque no tenha cumprido o contrato porcaso fortuito ou motivo de fora maior, ouseja, sem ter tido culpa, pois caso fortuitoou motivo de fora maior so situaesinevitveis, que o inadimplente no podiaimpedir, como no caso do cantorcontratado para cantar em um casamentoque no cumpre a obrigao por ter sidosequestrado na vspera.

    Qual a diferena, ento, entreresponsabilidade civil contratual e

    responsabilidade civil extracontratualsubjetiva? Em ambos os casos s hresponsabilidade civil diante da existncia

    de culpa do devedor, mas naresponsabilidade civil contratual, a culpa presumida. Todavia, uma presunorelativa, ou seja, aquela que admite provaem contrrio, representando, assim, ainverso do nus da prova. Naresponsabilidade civil contratual, basta aocontratante provar que o outro nocumpriu o contrato. Se este no teve culpano inadimplemento, ele que prove. Poroutro lado, se responsabilidade civilextracontratual subjetiva, a vtima do dano,

    ao cobrar perdas e danos, dever provarque o agressor teve culpa ao causar odano, pois esta no presumida.

    Quando se diz que a responsabilidadesubjetiva exige a culpa, usa-se o termoculpa em sentido amplo, ou seja, o doloou a culpa em sentido restrito(imprudncia, negligncia ou impercia). Aprincpio, no h diferena naresponsabilidade civil contratual se oinadimplemento foi por dolo ou por culpa.O art. 404 do CC diz que no interfere novalor da indenizao se por dolo ou culpa,pois o valor da indenizao ser o valor dodano sofrido. No entanto, a lei consagrouuma diferena entre inadimplementodoloso ou culposo no negcio jurdicobenfico, ou seja, no contrato gratuito.

    Nos termos do art. 392 do CC, se ocontrato oneroso, o contratanteinadimplente responde por no ter

    cumprido o contrato por dolo ou por culpa,mas, se for um contrato benfico ougratuito, a parte que no favorecida(aquela que no recebe nada em troca) sresponde pelo inadimplemento se agiucom dolo, ou seja, no serresponsabilizado civilmente pelo nocumprimento do contrato por culpa emsentido estrito.

    Assim sendo, ao doar um bem, o doadors responde pela impossibilidade de

    entregar a coisa doada, caso tenha agidodolosamente, por exemplo, se destruiuintencionalmente esse bem. No

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    responder o doador, se o bem se quebrouporque foi negligente ao us-lo, caso emque simplesmente se resolver a

    obrigao, desfazendo a doao semqualquer dever indenizatrio ao doador. Seo contrato for de compra e venda e a coisase perde com culpa do devedor, vimos quea soluo dar o equivalente acrescido deperdas e danos, que ser devido tanto nocaso de dolo quanto de culpa, ou seja, sequebrou propositalmente ou se pornegligncia, pois compra e venda contrato oneroso.

    5.4. Clusula Penal

    Conforme vimos, tanto o inadimplementoquanto a mora podem gerarresponsabilidade civil contratual. Em casode inadimplemento, o contratante deverindenizar o outro em perdas e danoscausados pelo no cumprimento docontrato e, em caso de mora, o devedorpoder purg-la, cumprindo a prestaocom retardado, acrescida de perdas edanos causados pela mora, correomonetria, juros de mora e honorriosadvocatcios.

    O grande problema na responsabilidadecivil contratual provar o valor daindenizao, ou seja, a extenso doprejuzo causado pelo no cumprimentodo contrato. Para resolver esse problema,a lei traz como soluo a clusula penal,que uma multa prefixando o valor dasperdas e danos em razo da mora ou doinadimplemento.

    Clusula penal, portanto, um pactoinserido no contrato, impondo multa aodevedor que no cumpre ou que retarda ocumprimento da prestao.

    Note que h multa tanto para o caso demora quanto de inadimplemento. Assim,h dois tipos de clusula penal: moratriae compensatria. A clusula penalmoratria para prefixar perdas e danosem razo da mora, ou seja, pelo

    retardamento no cumprimento daobrigao, e a clusula penalcompensatria para prefixar perdas e

    danos em caso de inadimplementoabsoluto, ou seja, pelo no cumprimentoda prestao.

    Como exemplo, imaginemos um contratode locao, cuja prestao do locatrio pagar, durante trs anos, mil reais por msao locador. Se no contrato houver umamulta no valor de trs meses de aluguelpara o caso do locatrio devolver aschaves antes do fim do contrato, ser umaclusula penal compensatria, pois olocatrio pagar uma multa por no tercumprido sua prestao, pelo menos emparte. Por outro lado, se houver no

    contrato uma multa em razo do locatrioatrasar o pagamento do aluguel por nopagar no dia do vencimento, ser umaclusula penal moratria, pois opagamento da multa para o retardamentono cumprimento da prestao.

    Note que h dois tipos de clusula penal,cada uma com uma finalidade especfica.A clusula penal compensatria tem afuno de compensar o contratante porno ter o outro contratante cumprido suaprestao. J a clusula penal moratriatem a funo de intimidar, pois ocontratante pagar uma multa se retardaro cumprimento da prestao.

    O art. 408 do CC demonstra que a clusulapenal uma prefixao de perdas e danose que a responsabilidade civil contratual subjetiva, pois diz que incorre de plenodireito na clusula penal o devedor queculposamente deixe de cumprir a

    obrigao ou que se constitua em mora.Significa que, em caso de inadimplemento,o outro contratante pode executar a multa,independente de provar a extenso dodano em ao de conhecimento. E a lei vaimais longe ainda com o art. 416 do CC,prevendo que sequer necessrio provarque houve dano, se este foi prefixado nocontrato.

    Uma questo pode ser levantada: se oprejuzo do contratante for maior do que o

    valor da multa, poder ele cobrar adiferena? A princpio no, pois opargrafo nico do art. 416 do CC diz que

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    s poder cobrar eventual valor a mais, seesta possibilidade estiver expressa nocontrato. Se assim for, o valor da multa j

    objeto de execuo e o valor a maisdever ser provado em ao deconhecimento para seguir a execuo porttulo executivo judicial. Se no houverpermissivo contratual, limita-se a executara multa.

    H importante diferena na cobrana daclusula penal a depender secompensatria ou se moratria (arts. 410 e411 do CC): no inadimplemento o credorcobra clusula penal compensatria ou o

    cumprimento da prestao enquanto quena mora o credor cobra cumprimento daprestao e clusula penal moratria.

    No caso da clusula penal compensatria,havendo inadimplemento, esta seconverter em alternativa a benefcio docredor, ou seja, este poder escolher entrecobrar do contratante inadimplente a multaou o cumprimento da prestao. Noexemplo do cantor contratado para cantarno casamento, diante do nocomparecimento cerimnia, ocontratante poder cobrar a multa ou pedirpara cantar depois, por exemplo, noaniversrio dele que ser na semanaseguinte. Sendo clusula penal moratria,sobrevindo mora, o credor pode exigir ocumprimento da prestao acrescido damulta, pois, se no pagou a dvida no dia,o credor a cobrar acrescido da multa comos demais encargos moratrios.

    Para fechar o tema, preciso saber que ojuiz pode reduzir o valor da clusula penalcompensatria em dois casos previsto noart. 413 do CC:

    a) Se o valor manifestamente excessivo:O art. 412 do CC estipula um valor mximoda clusula penal compensatria aoafirmar que ela no pode exceder o valorda obrigao principal. No entanto, mesmodentro desse limite, o juiz poder reduzi-laa pedido da parte se manifestamente

    excessivo segundo as circunstncias docaso.

    b) Se a prestao tiver sido cumprida emparte: a funo da clusula penalcompensatria compensar o contratante

    pelo fato do outro no ter cumprido aprestao. Assim, se este cumpre parte daprestao, a compensao deve serapenas da parte no cumprida. Exemplo:se o contrato de locao diz que olocatrio deve pagar multa de trs mesesde aluguel se devolver as chaves antes dofim do contrato, caso ele devolva tendocumprido metade do contrato, no deverarcar com toda a multa, mas apenasmetade dela.

    5.5. Arras

    Arras significam sinal, ou seja, aquiloque entregue por um dos contratantesao outro como princpio de pagamentoquando da celebrao do contrato paraconfirmao do acordo. A vantagem doadiantamento de um sinal confirmar onegcio, pois se houver desistncia,aquele que desistiu perder o valor dasarras para compensar os prejuzos. Sequem deu o sinal desistir, no podercobr-lo de volta; se quem o recebeudesistir, devolver o valor em dobro (comorecebeu arras, a perda efetiva ser novalor das arras)

    So dois os tipos de arras: confirmatria epenitenciais. A diferena decorre se nocontrato existe ou no clusula dearrependimento.

    a) Arras confirmatrias: As arras sero

    confirmatrias quando no houverpreviso no contrato de direito dearrependimento. o normal, pois as partescelebram um contrato no esperando quea outra parte desista. Assim, estipulam umvalor de sinal a ser pago imediatamentepara confirmar o negcio. Se quem deuarras desistir, perder o sinal dado, mas sequem desistir foi quem recebeu o sinal,devolver o dobro do valor.

    b) Arras penitenciais: As arras sero

    penitenciais quando houver previso nocontrato de direito de arrependimento.Qualquer das partes ter direito de se

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    arrepender, mas tem um preo para isso,ou seja, o valor das arras. Se quem desistedeu arras, perder o sinal dado, mas se

    quem desistir foi quem recebeu o sinal,devolver o dobro do valor.

    Ora, tanto nas arras confirmatrias comopenitenciais, a consequncia a mesma:se quem desiste deu arras, perder o sinaldado, mas se quem desiste foi quemrecebeu o sinal, devolver o dobro dovalor. Ento, pergunto: para quediferenciar uma da outra?

    Para o caso do prejuzo com a desistncia

    ser maior que o valor fixado a ttulo dearras. Se forem arras confirmatrias, noh previso de direito de arrependimento eposso cobrar o prejuzo que a desistnciame acarretar. Como j me beneficiei dovalor das arras, cobro apenas o prejuzoque tive a mais. No entanto, se forem arraspenitenciais, h no contrato previso dedireito de arrependimento, sendo fixadoum preo para isso, ou seja, o valor dearras, no podendo o prejudicado cobrareventual valor a mais que tenha tido deprejuzo com a desistncia do outrocontratante.

    Diferena: nas arras confirmatrias(quando no h direito dearrependimento), o contratante podecobrar indenizao suplementar, enquantoque no poder faz-lo nas arraspenitenciais (quando h direito dearrependimento), pois se fixou um preopara isso.

    QUESTES DE CONCURSOS

    1. (TRT 8R - 2014 - TRT - 8 Regio (PA eAP) - Juiz do Trabalho) Analise asproposies a seguir, conforme odisciplinado no Cdigo Civil vigente, emarque a nica alternativa que contemplaas afirmaes CORRETAS:

    I - A clusula penal um pacto acessrio,pelo qual as partes de determinado

    negcio jurdico fixam a indenizaodevida em caso de descumprimentoculposo da obrigao principal, de alguma

    clusula do contrato ou em caso de mora.II - A clusula penal vlida deve serestipulada conjuntamente com a obrigao

    e o valor da cominao no pode excedero da obrigao principal.III - Ainda que o valor da cominaoimposta na clusula penal no exceda o daobrigao principal, a penalidade deve serreduzida equitativamente pelo juiz no casode cumprimento parcial da obrigao, ouse o montante da penalidade formanifestamente excessivo, tendo-se emvista a natureza e a finalidade do negcio.IV - Desde que expressamente pactuada edependendo da natureza do negcio,

    possvel a estipulao de clusula penalpara a hiptese de descumprimento noculposo da obrigao principal, obedecidosempre o limite dessa na fixao do valorda cominao.V - Para exigir a pena convencional, no necessrio que o credor alegue prejuzo,todavia, se o prejuzo exceder ao previstona clusula penal, o credor somentepoder exigir indenizao suplementar seassim tiver sido convencionado. Nessecaso, a pena vale como mnimo daindenizao, competindo ao credor provaro prejuzo excedente.

    a) Esto corretas apenas as afirmaes II, IVe V.*b) Esto corretas apenas as afirmaes I, IIIe V.c) Esto corretas apenas as afirmaes I, II eIV.d) Esto corretas apenas as afirmaes II eIV.

    e) Esto corretas apenas as afirmaes II e V.COMENTRIOSO item I est correto e tem por base legal oart. 408, CC dispondo que Incorre depleno direito o devedor na clusula penal,desde que, culposamente, deixe decumprir a obrigao ou se constitua emmora. O item III est correto de acordocom os arts. 412 e 413, da lei civil. E o itemV reproduz o disposto no art. 416 epargrafo nico, do CC/02.

    2. (TRT 23R (MT) - 2014 - TRT - 23 REGIO(MT) - Juiz Substituto) Quanto a

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    obrigaes, assinale, segundo a regra doCdigo Civil, a alternativa INCORRETA:

    *a) A coisa incerta ser indicada, ao menos,pelo gnero e pela quantidade. Nas coisasdeterminadas pelo gnero e pela quantidade,a escolha pertence ao credor, se o contrriono resultar do ttulo da obrigao.b) A obrigao de dar coisa certa abrange osacessrios dela embora no mencionados,salvo se o contrrio resultar do ttulo ou dascircunstncias do caso.c) Na obrigao de dar coisa certa,deteriorada a coisa sem culpa do devedor,poder o credor resolver a obrigao ou

    aceitar a coisa, abatido de seu preo o valorque perdeu.d) Incorre na obrigao de indenizar perdas edanos o devedor que recusar a prestao aele s imposta, ou s por ele exeqvel.e) Se a prestao do fato tornar-se impossvelsem culpa do devedor, resolver-se- aobrigao; se por culpa dele, responder porperdas e danos.

    COMENTRIOSA questo tem por assertiva errada a letraA e a incorreo baseia-se na redao doart. 244 da lei civil: Nas coisasdeterminadas pelo gnero e pelaquantidade, a escolha pertence aodevedor, se o contrrio no resultar dottulo da obrigao; mas no poder dar acoisa pior, nem ser obrigado a prestar amelhor. Cabendo a escolha ao devedor eno ao credor.

    3. (CESPE - 2013 - TRT - 5 Regio (BA) -

    Juiz do Trabalho) 56. Acerca do direito dasobrigaes, no mbito civil, assinale aopo correta.

    a) A compensao efetiva-se entre dvidasrecprocas, vencidas ou vincendas, lquidas,fungveis entre si e em que no hajadiversidades de causa ou fundamentojurdico, j que obrigaes de origensdiferentes no podem ser compensadas.*b) A assuno da dvida consiste napossibilidade de terceiro, estranho relao

    obrigacional, assumir a obrigao do devedor,responsabilizando-se pela dvida, desde quecom a anuncia expressa do credor.

    c) As arras penitenciais asseguram aindenizao suplementar no caso deprejuzos maiores do que o valor dessas,

    desde que conste do contrato o direito dearrependimento para qualquer das partes.d) A cesso de crdito consiste namodificao objetiva da obrigao, que setransfere com vcios e vantagens aocessionrio, sendo necessrio oconsentimento prvio do devedor para queocorra a cesso, a fim de que o negcioproduza o efeito jurdico pretendido.e) O terceiro no interessado que efetua opagamento em seu prprio nome poderreembolsar-se do que pagou, subrogando-se

    nos direitos do credor.

    COMENTRIOSA assertiva correta est contida na letra Be tem por fundamento legal o art. 299,caput, CC/02: facultado a terceiroassumir a obrigao do devedor, com oconsentimento expresso do credor,ficando exonerado o devedor primitivo,salvo se aquele, ao tempo da assuno,era insolvente e o credor o ignorava.

    4. (CESPE - 2013 - TRT - 5 Regio (BA) -Juiz do Trabalho) 57. Ainda no que dizrespeito s obrigaes no direito civilbrasileiro, assinale a opo correta.

    *a) Caracteriza-se a dao em pagamentocomo acordo liberatrio entre credor edevedor, em que o credor consente emreceber bem diverso daquele queoriginariamente fora objeto de pacto, sendo

    que essa, como meio de pagamento indireto,produz a extino da obrigao.b) Caracteriza-se como novao o acordofirmado entre credor e devedor para incluirtermo aditivo contratual, pactuando opagamento da dvida em atraso em parcelasperidicas ou prorrogando o prazo para quitaro dbito originrio.c) No caso de inadimplemento culposo daobrigao de no fazer, o devedor exime-seda obrigao de indenizar, caso desfaavoluntariamente o ato de que se obrigara a

    abster, hiptese em que se resolve aobrigao, sem perdas e danos, restituindo-seessa ao estado anterior.

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    d) Considerando que a clusula penalmoratria estipulada para a hiptese dedescumprimento total da obrigao e funciona

    como prefixao das perdas e danos,ocorrendo o inadimplemento, autoriza-se aocredor optar por exigir a prestao, porpleitear as perdas e danos ou por preferir aimportncia convencionada.e) Se o credor, nas obrigaes solidriaspassivas, conceder remisso em favor de umdos coobrigados, extingue-se a solidariedadeem relao aos demais, surgindo, em seulugar, uma obrigao conjunta, em que cadaum dos devedores responderexclusivamente por sua parte.

    COMENTRIOSCorreta assertiva de letra A conformedisposio do art. 356 da lei civil: Ocredor pode consentir em receberprestao diversa da que lhe devida.

    5. (CESPE - 2012 - AGU - Advogado daUnio)A respeito da prescrio, julgue ositens seguintes.

    O devedor capaz que pagar dvidaprescrita pode reaver o valor pago sealegar, na justia, a ocorrncia depagamento indevido ao credor, estando odireito de reaver esse valor fundado noargumento de que o credor que receba oque lhe no seja devido enriquece scustas do devedor.

    Certo *Errado

    COMENTRIOSA afirmativa est ERRADA e tem por base

    legal o art. 882, CC/02: No se poderepetir o que se pagou para solver dvidaprescrita, ou cumprir obrigaojudicialmente inexigvel.

    6. (CESPE - 2013 - AGU - ProcuradorFederal) A respeito do negcio jurdico,das obrigaes, dos contratos e daresponsabilidade civil, julgue os itens aseguir.

    Os contratos so passveis de revisojudicial, ainda que tenham sido objeto denovao, quitao ou extino, haja vista

    no ser possvel a validao de obrigaesnulas.

    *Certo Errado

    COMENTRIOSA afirmativa est CERTA e baseia-se noverbete da Smula n. 286 do STJ: Arenegociao de contrato bancrio ou aconfisso da dvida no impede apossibilidade de discusso sobreeventuais ilegalidades dos contratosanteriores.

    7. (CESPE - 2009 - AGU - Advogado da

    Unio) No item a seguir, apresentadauma situao hipottica seguida de umaassertiva a ser julgada, com relao aodireito obrigacional.

    Carla cedeu a Slvia crdito que possuacom Luza. Na data avenada parapagamento do dbito, Slvia procurouLuza, ocasio em que ficou sabendo dacondio de insolvncia da devedora.Nessa situao, Carla ser obrigada apagar a Slvia o valor correspondente ao

    crdito, haja vista a regra geral de que ocedente responde pela solvncia dodevedor.

    Certo *Errado

    COMENTRIOSA afirmao est ERRADA e a incorreojustifica-se na redao do art. 296, CC/02:Salvo estipulao em contrrio, o cedenteno responde pela solvncia do devedor.

    8. (CESPE - 2007 - AGU - ProcuradorFederal - Prova 1)No Cdigo Civil de 2002,no captulo da parte geral dedicado aosbens reciprocamente considerados,introduziu-se a figura daspertenas, verdadeira novidade legislativano mbito do direitoprivado brasileiro. A respeito dos bensreciprocamenteconsiderados, julgue os itens a seguir.De acordo com o direito das obrigaes,em regra, a obrigao de dar coisa certa

    abrange os acessrios dessa coisa, aindaque no mencionados.

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    *Certo Errado

    COMENTRIOSA afirmativa est CERTA e est emconformidade com a redao do art. 233,CC: A obrigao de dar coisa certaabrange os acessrios dela embora nomencionados, salvo se o contrrio resultardo ttulo ou das circunstncias do caso.

    DIREITO DOS CONTRATOS

    I. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

    1. CONCEITOContrato o negcio jurdico bilateralformado pela convergncia de duas oumais vontades, que cria, modifica ouextingue relaes jurdicas de naturezapatrimonial.

    um negcio jurdico, pois uma atuaohumana em que as partes escolhem osefeitos que sero produzidos aopraticarem o ato. bilateral, pois

    formado pelo acordo de vontades, ou seja,so necessrias pelo menos duasvontades. O testamento um negciojurdico, pois atuao humana em que seescolhem os efeitos que dele seroproduzidos, mas no um contrato, pois um negcio jurdico unilateral.

    2. CLASSIFICAES DOS CONTRATOS

    2.1. Contrato unilateral, bilateral eplurilateral

    No se fala aqui no nmero de vontadesenvolvidas, pois vimos que no existecontrato com uma vontade apenas. Fala-seaqui em nmero de prestaes.

    a) Contrato unilateral: aquele em que hprestao apenas para uma das partes.Doao contrato, pois h duas vontades,em razo da necessidade do donatrioaceit-la. Todavia, contrato unilateral,pois s tem prestao para o doador(entregar o bem).

    b) Contrato bilateral: aquele que, alm deduas vontades, tem prestao para ambasas partes, por exemplo, contrato de

    compra e venda, pois o vendedor tem aprestao de entregar o bem e ocomprador tem a prestao de dar o preo.

    c) Contrato plurilateral: aquele em que hpelo menos trs vontades envolvidas.Exemplo: contrato de sociedade, em queso partes os scios e a prpriasociedade, como parte credora dasprestaes dos scios (contribuio parao capital social).

    2.2. Contrato oneroso e gratuito

    a) Contrato oneroso: aquele em que aspartes ganham algo equivalente suaprestao, ou seja, h equilbrioeconmico entre as partes porque ambosperdem e ganham na mesma proporoeconmica, por exemplo, contrato decompra e venda.

    b) Contrato gratuito: aquele em que aparte no ganha algo equivalente suaprestao, ou seja, h desequilbrioeconmico, pois uma das partes s ganhae uma das partes s perde, por exemplo,contrato de doao.

    2.3. Contrato comutativo e aleatrio

    a) Contrato comutativo: aquele em queas partes podem antever os seus efeitos,ou seja, ao celebrar o contrato, j sabemos efeitos que sero produzidos. Exemplo:

    contrato de compra e venda, pois j sesabe que um entrega o bem e que outroentrega o preo.

    b) Contrato aleatrio: aquele em que aspartes no podem antever os seus efeitos,ou seja, ao celebrar o contrato no hcomo saber os efeitos que seroproduzidos. A razo simples: contratoaleatrio o contrato de risco (leasignifica risco). Exemplo: contrato deseguro, pois o segurado pode ou no

    receber a indenizao, a depender seocorre ou no o sinistro, o que no sesabe quando o contrato celebrado.

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    O contrato aleatrio pode ser naturalmentealeatrio (aleatrio tpico) ouacidentalmente aleatrio (aleatrio

    atpico). O contrato naturalmentealeatrio quando for da sua essncia seraleatrio, por exemplo, contrato de seguro.O contrato acidentalmente aleatrioquando for da sua essncia sercomutativo, mas aleatrio em razo deuma circunstncia que lhe especfica.Exemplo: contrato de compra e venda comutativo, mas o contrato de compra evenda de uma safra que est sendoplantada aleatrio, pois no se sabe qualser a quantidade da produo.

    Os arts. 458 a 461 do CC trazem dois tiposde contratos de compra e vendaatipicamente aleatrios: compra e vendade coisa futura e de coisa exposta a risco.

    a) Compra e venda de coisa futura: Ocontrato de compra e venda de coisafutura aleatrio, pois no se sabe se acoisa vir a existir e em que quantidade.Pode o contratante assumir o risco dacoisa no vir a existir, pagando mesmoassim o preo (chamado de contrato decompra e venda empt io spei) ou assumir orisco de vir a existir em qualquerquantidade, pagando o preo se vier aexistir em quantidade inferior esperada,mas no pagando se nada do avenadovier a existir (chamado contrato de comprae venda emptio rei speratae). Em ambos oscasos, no pagar o preo se menos doesperado vier a existir por culpa ou dolodo contratante. Como exemplo, pense na

    compra de peixes que ainda seropescados, em que se paga o preo mesmoque nenhum peixe seja pescado (empt iospei) ou se vier em qualquer quantidade,s no pagando se nenhum vier (empt iorei speratae). Em nenhum dos dois casospagar, se o insucesso total ou parcialdecorreu de dolo ou culpa do pescador.

    b) Compra e venda de coisa exposta arisco: O contrato de compra e venda decoisa exposta a risco de coisa que j

    existe, mas atipicamente aleatrio, pois ocomprador assume o risco exposto.Exemplo: compra de cermica a ser

    transportada em navio, cujo risco de vir ase quebrar o comprador assuma. Deverpagar todo o preo, mesmo que alguns

    venham quebrados, a menos quedolosamente o vendedor se aproveite,colocando alguns j quebrados.

    2.4. Contrato consensual e real

    O contrato se forma, em regra, quando auma proposta se seguir uma aceitao, ouseja, com o acordo de vontade das partes.Essa regra quebrada em alguns casos,quando o acordo de vontades no suficiente para a formao do contrato, o

    que s ocorre com a prtica de um atoposterior: a entrega do bem objeto daprestao.

    a) Contrato consensual: aquele que seforma com o acordo de vontades daspartes. a regra em matria de contratos,por exemplo, o contrato de compra evenda.

    b) Contrato real: aquele que se formacom a tradio, ou seja, com a entrega dobem, que se segue ao acordo de vontadedas partes. So trs os contratos reais:mtuo, comodato e depsito.

    2.5. Contrato de execuo instantnea,continuada e diferida

    a) Contrato de execuo instantnea: aquele que cumprido em uma s vez, nomomento da celebrao do contrato(exemplo: compra e venda com pagamento

    vista).b) Contrato de execuo continuada: aquele em que a prestao cumprida emcotas peridicas (exemplo: compra evenda com pagamento parcelado).

    c) Contrato de execuo diferida: aqueleem que a prestao cumprida em uma svez, mas no futuro (exemplo: compra evenda com pagamento a prazo).

    2.6. Contrato entre presentes e entreausentes

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    uma classificao que se refere formao do contrato. Pelos nomes,parece que depende se as partes esto ou

    no na presena fsica um do outro. No bem assim, pois h tecnologias que fazemcom que uma conversa entre pessoasdistantes seja como se estivessemfisicamente presentes, pois proposta eaceitao se do em tempo real.

    a) Contrato entre presentes: aquele emque proposta e aceitao se do em temporeal, sendo firmado no s entre pessoasfisicamente presentes, mas tambm portelefone ou meio de comunicao

    semelhante (vdeo conferncia, chats,entre outros).

    b) Contrato entre ausentes: aquele emque proposta e aceitao no se do emtempo real, cujos principais exemplos soaqueles formados por carta ou por e-mail.

    3. PRINCPIOS CONTRATUAIS

    3.1. Princpio da autonomia da vontade

    As partes so livres para contratar, ouseja, contratam se quiserem, com quemquiserem e sobre o que quiserem. Issodecorre de simples razo: contrato umacordo de vontades. O limite para suasatuaes a lei e, como veremos mais frente, o interesse social e a boa-f.

    3.2. Princpio da obrigatoriedade e a teoriada impreviso (pacta sunt servanda xclusula rebus sic stant ibus)

    As partes contratam se quiserem, mas, secontratarem, so obrigadas a cumprir ocontrato. O contrato faz lei entre as partes,o que traduz o conhecido pacta suntservanda, ou seja, os pactos devem sercumpridos.

    Essa a noo bsica do princpio, mas oseu estudo pode e deve ser aprofundado.O atual CC adotou o princpio do pactasunt s ervanda, mas no de forma absoluta,

    pois foi mitigado pela previso dachamada clusula rebus sic s tantibus.

    Para entender essa clusula, necessriauma breve anlise histrica. Desde aorigem dos contratos, vigora o princpio

    do pacta sunt servanda, ou seja, ocontrato sempre fez lei entre as partes. Noentanto, a Idade Mdia foi uma poca queameaou a sobrevivncia desse princpio,pois foi um perodo marcado porconstantes guerras e conflitos feudais, oque inviabilizava o cumprimento de umcontrato. Por isso, naquela poca, tornou-se comum vir nos contratos comprestao que se prolongava no tempouma clusula liberando o contratante emcaso de ocorrer uma guerra ou conflito

    feudal, permitindo-lhe pedir o fim docontrato. Rebus sic stant ibus significacoisa assim ficar, ou seja, o contratante obrigado a cumprir o contrato, masapenas se a coisa assim ficar.

    A inovao do atual CC foi tornar aclusula rebus sic s tant ibus implcita aoscontratos, quando passou a prever a teoriada impreviso ou da onerosidadeexcessiva. Se um contrato for assinado esobrevier fato imprevisvel que odesequilibre, tornando-o excessivamenteoneroso para uma das partes e comextrema vantagem para a outra, poderaquela pedir a resoluo do contrato (art.478 do CC). O exemplo tpico o contratode leasingde um carro, com valor atreladoao dlar (locao com opo de compra aofim do contrato mediante pagamento devalor residual). O dlar vale um real epassa do dia para noite para dois reais,dobrando o valor a ser pago. Poder ser

    pedida a resoluo do contrato com basena teoria da impreviso ou da onerosidadeexcessiva.

    So os elementos necessrios paraincidncia da teoria da impreviso ou daonerosidade excessiva:

    a) Contrato de execuo continuada oudiferida: A teoria da impreviso se aplica acontratos cuja execuo se prolongue notempo, ou seja, quando a execuo

    continuada ou diferida no tempo. Como ocontrato de execuo instantnea temprestaes cumpridas quando da

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    celebrao do contrato, estas no seroatingidas pelo fato imprevisvelsuperveniente.

    b) Prestao excessivamente onerosa parauma das partes: a ideia da teoria, aexcessiva onerosidade para uma daspartes, desequilibrando o contrato.

    c) Extrema vantagem para a outra parte:Para a resoluo dos contratos, no bastaeste ter ficado muito oneroso para umadas partes. preciso que,concomitantemente, tenha havido extremavantagem para a outra parte. Assim sendo,

    se o contratante perde seu emprego econsegue outro recebendo metade dosalrio anterior, o contrato ficaexcessivamente oneroso para ele, mas nopoder pedir a resoluo pela onerosidadeexcessiva porque no houve extremavantagem para a outra parte.

    c) Fato superveniente e imprevisvel: Aresoluo do contrato s ter lugar se odesequilbrio das prestaes decorreremde um fa