Lesão e Morte celular Prof. Luciano A. Mello. LESÃO CELULAR LETAL SUB-LETAL MORTE NECROSE...

Preview:

Citation preview

Lesão e Morte celular

Prof. Luciano A. Mello

LESÃO CELULAR

LETAL SUB-LETAL

MORTE

NECROSE

PROCESSOS ADAPTATIVOS

Dist de

crescimento

DEGENERAÇÕES

Irreversível reversível

Hidrópicas

Gordurosa

Hialinas

Mucóides

Glicogênica

CALCIFICAÇÃO

A

P

O

P

T

O

S

E

Do grego “ cair fora” introduzida em 1972

É uma forma distinta de morte celular ( morte programada)

Manifestada pela condensação da cromatina

Fragmentação do DNA

Cuja a função é de:

Deleção de células no desenvolvimento normal

Organogênese

Funcionamento imune

APOPTOSE

Conceito: Morte celular programada em tecidos normais como uma forma de regulação da população celular

É responsável por vários eventos fisiológicos e patológicos:

- Destruição programada das células durante a embriogênese

- Involução hormônio-dependente do adulto:

- atresia folicular ovariana

- regressão da mama após a lactação

- descolamento das células endometriais durante o ciclo menstrual

- Descamação celular do epitélio da cripta intestinal

- Morte celular em tumores

- Morte de células imunológicas ( Linfócitos B e T )

- Histologicamente:

- não há inflamação no local, em contraste a necrose

APOPTOSE

Corpo apoptótico em carcinoma em língua.

Definição: Perda irreversível das atividades integradas da célula

MORTE CELULAR

- com conseqüente incapacidade de manutenção de seus mecanismos de homeostasia

- isto é, perda do “equilíbrio” da célula com o seu meio.

• É a ação degradativa progressiva de enzimas sobre a célula

letalmente lesada levando a uma digestão enzimática da célula e

desnaturação de proteínas, que ocorrer após a morte celular

NECROSE

A etiologia da necrose envolve todos os fatores relacionados às agressões,

podendo ser agrupadas em agentes físicos, agentes químicos, agentes

biológicos, Imunes e Distúrbios Nutricionais :

1) Agentes físicos:

Ex.: traumatismos mecânicos

variações de temperatura

variações repentinas de pressão atmosférica

radiações ionizantes, que produzem radicais livres

2) Agentes químicos: compreendem substâncias tóxicas

Ex.:drogas, que podem produzir lesões celulares

venenos biológicos

arsênico, álcool, medicamentos, detergentes, fenóis

substâncias de uso diário:

- poluentes ambientais

- inseticidas

- herbicidas etc.

Etiologia das necroses:

3) Agentes biológicos: Ex.: vírus parasitos bactérias protozoários fungos

4) Mecanismos Imunes: Ex.: - Reação anafilática - Enfermidades auto-imunes

5 ) Distúrbios Nutricionais: Ex.: - Deficiências nutricionais, especialmente def. vitamínicas - Excesso de alimentos

MECANISMO DE AGRESSÃO CELULAR

- Inibição de enzimasda fosforilação oxidativa - Desconexão da fosforilação oxidativa - Hipoglicemia - Hipoxia

Produção de ATP

-Produção de

Radivais livres

-Ativação do complemento

- Lise enzimática

- Resposta imune

Função da membrana

-Anomalias Genéticas herdadas

-Anomalias Genéticas adquiridas

-Toxinas exógenas

-Acúmulos de produtos tóxicos endógenos

Alterações genéticas

Alterações metabólicas

Células morfologicamente normal e funcionalmente anormal

Acúmulos citoplasmáticos anormais

Ausência de produção de ATP

Lise da memb. celular

Ausência de proteínas

vitais

Falha das reações metabólicas vitais

MORTE CELULAR

Agressão não letal

Agressão não letal

Morfologia Microscópica

As mudanças se dão, principalmente, nos núcleos, os quais apresentam alteração de volume e de coloração à microscopia óptica. Essas alterações são denominadas de:

1) Picnose(gr. "Picnos" = espessamento) : o núcleo apresenta um volume

reduzido e torna-se hipercorado, tendo sua cromatina condensada;

característico na apoptose;

2) Cariorrexe (gr. "Rhexes" = Ruptura) : a cromatina adquire uma

distribuição irregular, podendo se acumular em grumos na membrana

nuclear; há perda dos limites nucleares;

3) Cariólise ou cromatólise (gr. "lysis" = dissolução) : há dissolução da

cromatina e perda da coloração do núcleo, o qual desaparece

completamente.

Alterações nucleares:

Alterações citoplasmáticas:

Aumento da acidofilia citoplasmática: devido ao desacoplamento ribossômico

(Diminuição de RNA no citosol), ao aumento de acido láctico no citosol, e à

desnaturação de cadeias peptídicas com incremento de cargas negativas.

Granulação citoplasmática: devido a tumefação e posterior ruptura de

organelas (principalmente mitocôndrias e REL).

Homogeneização citoplasmática: com a lise das organelas e coagulação das

proteínas forma-se uma massa opaca e acidófila, vista principalmente nas

necroses coagulativas.

Ruptura da membrana celular: com liberação do material intracelular,

formando uma massa indistinta eosinofílica homogênea, vista

principalmente nas necroses de caseificação.

Características Macroscópica:

Perda da cor do tecido, que fica pálido

Perda da elasticidade do tecido, que torna-se friável

Os músculos assumem um aspecto de “carne cozida”

Tipos de Necrose: Padrões Morfológicos

1) Necrose de Coagulação

É o tipo mais comum de necrose podendo ser chamada de Necrose Isquêmica

macroscopicamente:

- Amarelo pálido

- Sem brilho

- Limites mais ou menos precisos de forma irregular ou triangular,

dependendo do órgão atingido e do tipo de circulação.

Em 99% das vezes é dependente da obstrução de ramo arterial em órgão com circulação terminal

Na sua grande maioria a necroses de coagulação é observadas nos Infartos: - Coração - Rim, - Baço - Tumores de crescimento rápido

Necrose de Coagulação

Podemos observar:

Preservação do contorno básico da célula coagulada por pelo menos alguns dias

- O aumento da acidose intracelular - desnatura as proteínas estruturais e enzimáticas -bloqueia a proteólise da célula

" O processo de necrose coagulativa é característico da morte provocada por hipóxia células, em todos os tecidos exceto no cérebro

Exemplos:

Infarto do miocárdio Necrose focal da placenta bovina na Brucelose Necrose focal em ruminantes em infecções pelo Fusobacterium

Baço – Infarto de origem vascular

Músculo esquelético

Necrose de Coagulação - Microscópica

Hepatócitos íntegros

Hepatócitos em necroseHepatócitos em necrose

Necrose de Coagulação - Microscópica

2) Necrose de Liquefação

Ao contrário da necrose de coagulação o tecido morto se encontra liquefeito

Resulta da ação de enzimas hidrolíticas

- Com dissolução enzimática rápida e total do tecido morto

- Favorecida pela estrutura e constituição do mesmo.

É característica de infecções bacterianas focais

- presença de grande quantidade de neutrófilos e outras

células inflamatórias (os quais originam o pus)

O pús, é o resultado da agressão celular por agentes que evocam reação inflamatória supurativa

- Quando localizado é denominado: Abscesso

- Se difuso, sem limites definidos: Flegmão

- Se em cavidade pré-formada, como toráxica, vesícula biliar, etc édenominado: Empiema

Necrose de Liquefação

É encontrada, principalmente, no Tecido Nervoso que é rico em lipóides, água e enzimas lisossomais e pobre em proteínas

- Apresenta pouca capacidade de coagulação - O que facilita a sua liquefação e a molecimento

microabscesso. 

Características:

Estrutura semelhante a “caseum” (queijo branco e fresco)

- Apresenta- se como:

Massa amorfa e esbranquiçada

Sem brilho e consistência pastosa

Friável e seca

Microscopicamente, o tecido exibe uma massa amorfa composta predominantemente por proteínas.

- É freqüente em focos de infecções crônicas granulomatosas:

Tuberculose bovina ( Mycobacterium bovis)

Linfadenite caseosa dos ovinos (Corynebacterium pseudotuberculosis)

Tularemia ( Pasteurellatularensis)

3) Necrose Caseosa ou de Caseificação

  Tuberculose pulmonar exsudativa com extensa necrose caseosa

Tuberculose  intestinal

Necrose caseosa em tuberculose pulmonar. Esse tipo de necrose é caracterizado pela perda dos contornos celulares, diferentemente da necrose por coagulação. No citoplasma, bastante eosinofílico, notam-se também vacuolizações (setas).

4) Necrose Gordurosa enzimática

É uma forma de necrose do tecido adiposo na qual a gordura é desdobrada pela ação de lipases pancreáticas

Mecanismo:Lesão liberação de Lipases pancreáticas células adiposas liberando os triglicerídeos, que são hidrolisados pela lipase pancreática, produzindo Ácidos Graxos liberados se combinam com o Cálcio para produzir áreas brancas saponificadas.

Ocorre:

No tecido peripancreático ( pancreatite aguda)

No tecido gorduroso da glândula mamária

Necrose Enzimática

Esteatonecrose

Necrose enzimática gordurosa (NE) em pâncreas. Há intensa liberação de lipases nesse órgão, as quais podem atingir o próprio tecido adiposo pancreático, destruindo-o.

Corte longitudinal de pâncreas exibindo extensa área de necrose enzimática (NE).

5) Necrose hemorrágica: Quando há presença de hemorragia no tecido necrosado.

É mais uma denominação macroscópica do que microscópica

Exemplos :

Necrose hemorrágica no pulmão (geralmente por embolia)

Necrose hemorrágica no cérebro

6) Necrose Gomosa: Necrose do tecido inflamado em resposta ao agente causador da sífilis ( Treponema Pallidum)

Características:

Encontrada especialmente na sífilis congênita, tardia ou terciária

A área necrótica apresenta-se compacta, uniforme e elástica

7) Necrose fibrinóide (Degeneração fibrinóide) : É representada por alteração granular, eosinofílica da parede vascular, o tecido necrótico adquire uma aspecto hialino, semelhante a fibrina.

Pode aparecer:

Nas paredes dos vasos Na úlcera péptica Em casos com Lúpus Poliartrite

Necrose fibrinóide (NF) em úlcera péptica (estomacal). O tecido necrosado apresenta um aspecto hialino e está rodeado por infiltrado inflamatório

(IC) (HE, 100X).

8) Necrose Gangrenosa (Gangrena) As gangrenas são necroses que ocorrem com:

Isquemia

Liquefação as custas de bactérias e leucócitos onde as bactérias geralmente são anaeróbicas levando a putrefação do tecido necrótico

É encontrada em tecidos de fácil acesso para as bactérias saprofíticas, tais como:

Pele Pulmão Intestino Glândula mamária

Tipos de Gangrena : Seca, Úmida e Gasosa

Gangrena Seca: Desidratação dos tecidos necrosados secos e duros, semelhante a múmias Mumificação

Localização em extremidades como:

Nariz Orelha Membros

Características: Não apresentando o fator “dor” Apresentando macroscopicamente, linha demarcatória entre a área normal

e o tecido necrosado Côr pode variar de amarelo esverdeado à pardo enegrecido, em decorrência

da decomposição local da Hemoglobina

Etiologia :

Causa isquêmica causada através do congelamento ou vasoconstrição.

Gesso e bandagens muito apertadas;

Ocorre fisiologicamente no Cordão Umbilical

A causa da necrose por coagulação foi uma obstrução arterial aguda.

Gangrena seca, em área que sofreu necrose coagulativa. Superfície externa de membro fixado em formol.

Gangrena Úmida

Etiologia :

Causada por isquêmia e liquefação (proliferação de microrganismos)

Ocorre preferencialmente:

Nos pulmões:

Pneumonias agudas por aspiração de corpos estranhos;

Mucosa uterina:

Metrite purulenta e/ou morte fetal;

Intestino:

Evolução de apendicites e colecistites graves;

glândula mamária:

Mastite aguda por coliformes e/ou estafilococos

" É geralmente fatal, devido ao quadro de Toxemia Sistêmica

Gangrena úmida

Gangrena úmida

Gangrena Gasosa

É também conhecida como "Gangrena enfizematosa", "gangrena crepitante" ou "gangrena bolhosa".

• Quando o microrganismo infectante produz gás, como o Clostridium.

Característica:

Ação de bactérias anaeróbias gasógenas sobre o tecido necrosado

São causadas por bactérias anaeróbicas produtoras:

De gás (H2, CO2, CH4, NH3, SH2),

E ácido acético.

De ácido butírico (de onde o odor característico de manteiga rançosa)

Conseqüências das Necroses

O tecido necrótico comporta-se como um corpo estranho (devido à liberação de Antígenos escondidos), provocando uma reação inflamatória na tentativa de eliminar a área necrosada.

Absorção: Se a área afetada for mínima. Fagocitose por Macrófagos.

Drenagem: Se área for próxima à vias excretoras ou se ocorrer fistulação (Ruptura e drenagem de abscessos/necrose coliquativa).

Cicatrização: Proliferação fibroblástica e substituição do parênquima necrótico por tecido conjuntivo fibroso.

Calcificação distrófica: Deposição de sais de cálcio no tecido morto. Comum na necrose caseosa.

Encistamento ou Seqüestro: Formação de pseudo-cistos, quando a área de necrose é ampla limitando a absorção. Comum nas necroses do cérebro

Diferenças básicas entre apoptose e necrose

Características  APOPTOSE Morte Celular Programada

NECROSE  Morte Celular Acidental 

Estímulo  

Fisiológico (Ativação de um relógio bioquímico,

geneticamente regulado) ou patológico.

Patológico (Agressão ou ambiente hostil).

 

Ocorrência  

Acomete células individuais, de maneira

assincrônica. Eliminação seletiva de

células.

Acomete um grupo de células. Fenômeno

degenerativo, conseqüência de lesão

celular severa e irreversível.

Reversibilidade Irreversível, depois da ativação da

endonuclease.   

Irreversível, após o "ponto de não retorno"- Deposição de material floculento e amorfo na

matriz mitocondrial.

Morfologia:•Célula

 

  Enrugamento, projeções

digitiformes da membrana celular e formação de corpos

apoptóticos.

  Tumefação celular, perda

da integridade da membrana e posterior

desintegração.

Adesões entre células e Membrana Basal 

Perda (precoce) Perda (tardia)

Liberação de enzimas lisossômicas

Ausente. Presente.

Fagocitose pelas células da vizinhança

Presente, antes mesmo da lise celular

("Canibalismo celular").

Ausente - Macrofagocitose pode

ocorrer, após a lise celular.

Formação de cicatrizes  Ausente.

 

Pode ocorrer, se a área de necrose for ampla.

MORTE SOMÁTICA

Conceito: Morte do indivíduo como um todo.

MORTE SOMÁTICA

Quando é que um indivíduo morre ?

1) Perda de consciência

2) Desaparecimento dos mov e do tônus muscular

3) Parada dos mov. Respiratórios e batimento cardíaco

4) Perda da ação reflexa a estímulos táteis, térmicos e dolorosos

5) Parada de função cerebrais

Alterações Cadavéricas

Após a morte, existe uma série de alterações seqüenciais:

1) Algor Mortis (frio da morte)

2) Rigor Mortis (Rigidez cadavérica)

3) Livor Mortis (manchas cadavérica)

4) Alterações Oculares

5) Putrefação

Livor Mortis (manchas cadavérica)

Rigor Mortis (Rigidez cadavérica)

Alterações Oculares

Putrefação

Putrefação

PatologiaCaso Clínico 1Caso Clínico 1

Paciente de 60 anos, diabético, com traumatismo, inchaço e dor na região genital, febre alta. Exames de laboratório indicam uma leucocitose maior que 50.000 cel/mm3. Exame microbiológico esclarece uma flora bacteriana mista (Gram + e -). Diagnóstico: Gangrena de Fournier. Terapêutica: Extirpação cirúrgica e administração de antibioticoterapia. Evolução: Boa resposta do paciente.

Recommended