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Memoriais Modelo
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE FLORIANÓPOLIS.
Autos do Processo nº
DANIEL, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, assistido por seu
advogado devidamente constituído, nos termos do art. 403, §3º do Código de Processo
Penal, oferecer
MEMORIAIS
fazendo-o nos seguintes termos:
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I – BREVE HISTORICO DOS AUTOS
Conforme consta nos autos, o réu DANIEL se encontra sendo processado
por ter, supostamente, cometido o delito de furto simples. Isto porque, ao tomar
conhecimento, por meio de sua mãe, que os donos da residência estariam viajando
paracomemorar a virada de ano, teria ido até o local, no dia 02 de janeiro de 2010, e
subtraído o veículo automotor dos patrões de sua genitora, pois queria fazer um passeio com
sua namorada.
Daniel foi denunciado pela prática do crime de furto simples. O Ministério
Público, em sua manifestação derradeira, requereu a condenação nos termos da denúncia.
É o breve relato.
II – DO MÉRITO
Primeiramente, cumpre asseverar a existência de extinção da punibilidade
do fato em favor de Daniel, pela ocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal.
Daniel foi denunciado como incurso nas penas do Art. 155, caput, do Código Penal. Desta
maneira, a pena máxima a ser aplicada é de 04 anos.
Conforme determina o Art.109, inciso IV, do Código Penal, quando a pena
máxima for superior a 02 anos e não exceder, porém, os 04 anos, o prazoprescricional será
de 08 anos. Ocorre que Daniel era menor de 21 anos na data dos fatos, pois teria nascido em
02/04/1990, e os fatos ocorreram em 02/01/2010. Assim, determina o Art. 115 do Código
Penal que o prazo prescricional seja reduzido pela metade, ou seja, 04 anos no caso dos
autos.
O último marco interruptivo do prazo prescricional ocorreu em 18 de
março de 2010, data do recebimento da denúncia. Após esta data, passaram-se mais de 05
2
anos e não foi proferida sentença condenatória, motivo pelo qual, prelimirnamente, pleiteia-
se a extinção da punibilidade com base na prescrição da pretensão punitiva do Estado
Porém, caso este entendimento não seja compartilhado por Vossa
Excelência, requer seja o réu absolvido, uma vez que não houve prática de crime de furto.
Após análise da dinâmica fática contida nos autos, infere-se que a conduta do acusado
corresponde ao instituto do que a doutrina e a jurisprudência costumam chamar de “furto de
uso”, o que, na verdade, não configura o crime de furto de uso.
Determina o Art. 155 do Código Penal que consitui crime o ato de subtrair,
para si ou para outrem, coisa alheia móvel. Uma das elementares do crime é o animus de
subtrair a coisa para si. No caso, Daniel não tinha o dolo de ter a coisa para si ou para
outrem, seu interesse era apenas de usar o veículo e devolvê-lo sem qualquer prejuízo ao
proprietário. Ademais, quando foi abordado por policiais, a coisa estava sendo devolvida
exatamentenas mesmas condições e no mesmo lugar em que fora subtraída, preenchendo,
assim, todas os requisitos para que sua conduta não seja considerada como criminosa.
Subsidiariamente, em caso de condenação, requer a fixação da pena-base
no mínimo legal, uma vez que ações em curso não podem justificar o reconhecimento de
maus antecedentes, nos termos do enunciado 444 da Súmula do STJ. Na segunda fase, deve
ser considerada a atenuante da menoridade relativa, com fulcro no Art. 65, inciso I, do
Código Penal, tendo em vista que Daniel era menor de 21 anos na data dos fatos. Deverá ser
reconhecida, ainda, a atenuante da confissão, nos termos do Art. 65, inciso III, alínea d, uma
vez que Daniel confessou os fatos. Desta maneira, o regime adequado para cumprimento de
pena é o aberto, pois esta não ultrapassará 04 anos, o acusado é primário e não existem
circunstâncias do Art. 59 do Código Penal prejudiciais.
Deverá ainda ocorrer a conversão da pena privativa de liberdade em
restritiva de direitos, pois estão preenchidos os requisitos do Art. 44 do Código Penal.
III - DO PEDIDO
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a) preliminarmente, o reconhecimento da extinção de punibilidade com base na prescrição
da pretensão punitiva, nos termos do Art. 107, inciso IV, do CP, OU no Art. 109, inciso IV,
c/c o Art. 115, ambos do CP.;
b) a absolvição de Daniel pela atipicidade de sua conduta, com fulcro no Art. 386, inciso III,
do CPP;
c) subsidiáriamente, a aplicação da pena-base no mínimo legal, pois ações penais em curso
não podem funcionar como maus antecedentes, na forma do enunciado 444 da Súmula do
STJ;
d) o reconhecimento das atenuantes da menoridade relativa e da confissão espontânea;
e) aplicação do regime aberto para início do cumprimento de pena;
f) substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Local, 24 de julho de 2015.
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