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32 Capa SUPERMERCADO MODERNO JANEIRO 2010 Por Fernando Salles | [email protected] Corte os custos com bom-senso Você sempre ouviu que despesas devem ser controladas. Isso é verdade, mas vale lembrar que alguns gastos são essenciais para o bom funcionamento da loja. Saiba quais são e pense bem antes de reduzi-los. A pesquisa International Business Report ouviu 150 empresários de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia para saber qual ca- minho eles consideravam o mais curto para au- mentar a rentabilidade do negócio. Com 23% das citações, redução de custos foi o ponto mais lembrado. O problema é que nem todos sabem com exatidão quais despe- sas podem ser enxugadas. E o erro mais comum é cortar funcionários indiscrimi- nadamente. Segundo Nelson Beltrame, professor do Provar/Fia, quando as empresas decidem analisar planilhas de despesas, voltam os olhos para os campos com os maiores valo- res. E os gastos com funcioná- rios é um deles. “Os cortes corretos são aqueles que eliminam desperdícios”, defende o consultor de varejo Gustavo Ayala. Ele cita, como exemplos, os gastos com banners, faixas de preço, além de ilhas e pontas de gôndola. “O erro acontece quando o corte de custos é feito em detrimento do atendimento O QUE AVALIAR ANTES DE ELIMINAR UM CUSTO? Cada despesa deve ser analisada individualmente. Um gasto aparentemente alto pode ser justificado pela estratégia da empresa. Custos devem ser eliminados apenas quando representam desperdício. COMO IDENTIFICAR GASTOS EXCESSIVOS? O ideal é colocar no orçamento os valores que a empresa pretende gastar durante o ano, a partir de uma base realista. Assim é possível perceber quando um setor gasta mais que o previsto para, a partir daí, entender as razões. POR QUE É ARRISCADO REDUZIR A EQUIPE? Quando o quadro de colaboradores não está inchado, a eliminação de pessoal pode prejudicar atendimento e prestação de serviços. Com o tempo, os clientes ficam insatisfeitos e passam a comprar em outro lugar. FONTE: CONSULTORES A mentar a r das citaçõe mais lembr todos sabem sas podem ser comum é corta nadamente. Segu professor do Pro empresas decidem de despesas, volta os campos com o res. E os gastos c rios é um deles corretos são aq eliminam des defende varejo cita, com banners, faixas de gôndo cus

Redução de Custos Jan 2010

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32 Capa S U P E R M E R C A D O M O D E R N O • JANEIRO 2010

Por Fernando Salles | [email protected]

Corte os custos com bom-senso

Você sempre ouviu que despesas devem ser controladas. Isso é verdade, mas vale lembrar que alguns gastos são essenciais para o bom funcionamento da loja.

Saiba quais são e pense bem antes de reduzi-los.

Apesquisa International Business Report ouviu 150 empresários de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia para saber qual ca-minho eles consideravam o mais curto para au-

mentar a rentabilidade do negócio. Com 23% das citações, redução de custos foi o ponto mais lembrado. O problema é que nem todos sabem com exatidão quais despe-sas podem ser enxugadas. E o erro mais comum é cortar funcionários indiscrimi-nadamente. Segundo Nelson Beltrame,

professor do Provar/Fia, quando as empresas decidem analisar planilhas de despesas, voltam os olhos para

os campos com os maiores valo-res. E os gastos com funcioná-

rios é um deles. “Os cortes corretos são aqueles que eliminam desperdícios”, defende o consultor de

varejo Gustavo Ayala. Ele cita, como exemplos, os gastos com

banners, faixas de preço, além de ilhas e pontas de gôndola. “O erro acontece quando o corte de custos é feito em detrimento do atendimento

O QUE AVALIAR ANTES DE ELIMINAR UM CUSTO?

Cada despesa deve ser analisada individualmente. Um gasto

aparentemente alto pode ser justifi cado pela estratégia da

empresa. Custos devem ser eliminados apenas quando representam

desperdício.

COMO IDENTIFICAR GASTOS EXCESSIVOS?

O ideal é colocar no orçamento os valores que a empresa pretende gastar durante o ano, a partir de

uma base realista. Assim é possível perceber quando um setor gasta

mais que o previsto para, a partir daí, entender as razões.

POR QUE É ARRISCADO REDUZIR A EQUIPE?

Quando o quadro de colaboradores não está inchado, a eliminação de

pessoal pode prejudicar atendimento e prestação de serviços. Com o tempo,

os clientes fi cam insatisfeitos e passam a comprar em outro lugar.

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Amentar a rentabilidade do negócio. Com 23%

das citações, redução de custos foi o ponto mais lembrado. O problema é que nem todos sabem com exatidão quais despe-sas podem ser enxugadas. E o erro mais comum é cortar funcionários indiscrimi-nadamente. Segundo Nelson Beltrame,

professor do Provar/Fia, quando as empresas decidem analisar planilhas de despesas, voltam os olhos para

os campos com os maiores valo-res. E os gastos com funcioná-

rios é um deles. “Os cortes corretos são aqueles que eliminam desperdícios”, defende o consultor de

varejo Gustavo Ayala. Ele cita, como exemplos, os gastos com

banners, faixas de preço, além de ilhas e pontas de gôndola. “O erro acontece quando o corte de custos é feito em detrimento do atendimento

Corte os custos com bom-senso

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SM

M A I S I N F O R M AÇÕ E SEvarejo: www.evarejo.comFelisoni Consultores: (11) 3812-2975Gustavo Ayala: (11) 3044-1241Provar/Fia: www.provar.orgSupermercados Rex: www.superrex.com.br

ao cliente. É o caso de empresas que decidem eliminar repositores, operadores de caixa, açougueiros e fatiadores de frios”, a! rma. “Isso afugenta o consumidor.”

É bem verdade que há mo-mentos em que a dispensa de fun-cionários é inevitável. Mas antes de tomar essa decisão, Ayala su-gere avaliar se os lucros gerados pelo setor cobrem os custos com os funcionários. “Se adiciono um açougueiro, espero que o resulta-do compense o investimento”, re-sume Ayala.

Éderson Oliveira, consultor da Evarejo, concorda e cita o exemplo da rede mineira Rex, à qual presta consultoria. A empresa manteve os empacotadores trabalhando nos checkouts das 17 lojas e eles foram fundamentais para reduzir os gastos com sacolas plásticas. “Fizemos um treinamento para que a equipe oferecesse caixas de papelão ao cliente e o resultado foi excelente. Em quatro meses redu-zimos em 13% as despesas com sacolas”, comemora.

Outra forma de reduzir o im-pacto dos custos, de acordo com Oliveira, é buscar alternativas para aumentar a rentabilidade. No açougue, isso pode ser feito a partir da oferta de cortes de carne para determinados pratos, como o estrogonofe. Além de atender as necessidades da clientela, esses produtos podem ser vendidos a valores mais altos, uma vez que não há referência de preço. “Se a equipe do açougue for muito re-duzida, dificilmente os funcioná-

rios terão tempo para preparar esses cortes”, lembra o consultor.

Tirar verba da manutenção de equipamentos é outra decisão arriscada, segundo Nelson Beltra-

me. Ele constata que as empresas de varejo ainda gastam muito di-nheiro na correção de problemas que poderiam ser evitados com ações preventivas. É o caso de um expositor congelado que não recebe manutenção e para de fun-cionar. Isso gera perda de vendas e pode render uma autuação da vigilância sanitária. Nada melhor, portanto, do que o bom-senso e a análise de dados para reduzir cus-tos e preservar gastos essenciais para um bom atendimento.

Se a equipe de açougueiros for reduzida

para conter os custos, difi cilmente a loja poderá

oferecer cortes especiais e cobrar por isso

Deixar de fazer a manutenção de equipamento é uma redução de custos bastante

arriscada

JOÃO

DE

FREI

TAS