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Pós-graduação lato sensu em Direito Tributário Módulo Direito Tributário Parte Especial FD/UFG, 14 de novembro de 2012. Tributação sobre a propriedade (IPTU e ITBI) nos Tribunais Superiores Lucas Bevilacqua Procurador-chefe do Estado de Goiás nos Tribunais Superiores, Mestre em Direito Tributário (USP), Professor de Legislação Tributária da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) e membro do Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT).

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Pós-graduação lato sensu em Direito TributárioMódulo Direito Tributário Parte Especial

FD/UFG, 14 de novembro de 2012.

Tributação sobre a propriedade

(IPTU e ITBI) nos Tribunais Superiores

Lucas BevilacquaProcurador-chefe do Estado de Goiás nos Tribunais Superiores, Mestre em Direito Tributário(USP), Professor de Legislação Tributária da Faculdade de Direito da Universidade deBrasília (UnB) e membro do Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBDT).

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Um panorama da tributação sobre a propriedade

Competência Constitucional para instituir impostos sobre a propriedade

União:

ITR

Estados:

ITCD

Municípios:

IPTU e ITBI

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Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU)

• Perfil constitucional:

Progressividade fiscal (art.156, §1º, I e II, CF)

Progressividade extrafiscal (art.182, §4º, II, CF)

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Progressividade

• Súmula 668, STF: "É inconstitucional a leimunicipal que tenha estabelecido, antes daEmenda Constitucional 29/2000, alíquotasprogressivas para o IPTU, salvo se destinada aassegurar o cumprimento da função social dapropriedade urbana".

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IPTU e Imunidades

Áreas cedidas à concessionários/delegatários serviçopúblico: Impossibilidade de tributação pelaMunicipalidade, independentemente de encontrarem-se tais bens ocupados pela empresa delegatária dosserviços portuários, em face da imunidade prevista noart. 150, VI, a, da Constituição Federal. (RE n.253.394-7/SP. Min. Ilmar Galvão _ DJ 11.04.2003)

• Cemitérios confessionais (RE 578.562, Min. ErosGrau) e não confessionais?

(RDTA n.19, Luís Eduardo Schoueri)

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Aspecto material do IPTU

“Propriedade” em seu sentido comum

a) Propriedade: o gozo jurídico pleno de uso, fruição edisposição do bem imóvel (art.1228, CC);

b) Domínio útil: um dos elementos de gozo jurídico dapropriedade plena (Enfiteuse);

c) Posse: abrange a situações em que o possuidor agecomo se fosse titular do domínio, portanto, é a possecaracterizada como usucapionem. Assim, refere-se à possejuridicamente perfeita, e não àquela de índole irregular.

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Aspecto Espacial do IPTU

• Zona urbana do Município

• Sítios de lazer

• Critério da localização (IPTU) ou destinação (ITR) REsp

• Conflito vertical de competências tributárias

• Definição de imóvel rural (art.110, CTN)

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Critério da destinação

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IPTU.VIOLAÇÃO DO ART. 32, § 1º, DO CTN. NÃO-OCORRÊNCIA. IMÓVELSITUADO NA ZONA URBANA. ART. 15 DO DECRETO 57⁄66. CRITÉRIO DADESTINAÇÃO ECONÔMICA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL DESPROVIDO.

1. O critério da localização do imóvel é insuficiente para que se decidasobre a incidência do IPTU ou ITR, sendo necessário observar-se o critérioda destinação econômica, conforme já decidiu a Egrégia 2ª Turma, combase em posicionamento do STF sobre a vigência do DL nº 57⁄66 (AgRg noAg 498.512⁄RS, 2ª Turma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de16.5.2005).

2. Não tendo o agravante comprovado perante as instâncias ordináriasque o seu imóvel é destinado economicamente à atividade rural, deveincidir sobre ele o Imposto Predial e Territorial Urbano.

3. Agravo regimental desprovido. (STJ, Primeira Turma, Recurso Especial679.173/SC, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 18/10/2007)

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Aspecto temporal do IPTU

Ocorre uma vez, de modo delimitado por ficção,entendendo a doutrina e a jurisprudência que ofato jurígeno se dá em 1º de janeiro de cadaano. Por isso, o fato de a propriedade sertransferida, vendida ou doada a terceiros, porvárias vezes no mesmo ano, ou permanecer como mesmo proprietário, nada altera este aspecto;

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Aspecto pessoal

Art.34. Contribuinte do imposto é o proprietário doimóvel, o titular do domínio útil, ou o seu possuidora qualquer título.

Súmula 539, STF: “É constitucional lei do municípioque reduz o IPTU sobre imóvel ocupado pelaresidência do proprietário que não possua outra.”

Súmula 583, STF: “Promitente comprador do imóvelresidencial transcrito em nome de autarquia écontribuinte de IPTU.”

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Aspecto quantitativo

• Base de cálculo: valor venal do imóvel (33,CTN)Atualização planta de valoresSúmula 160, STJ: “É defeso ao Município atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.”

• Alíquota: progressivaConforme localização, uso e valor do imóvelSúmula 589, STF: “É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do IPTU em função do número de imóveis do contribuinte.”

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Lançamento de ofício (REsp762.892/MG, Min.Luiz Fux)

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO FISCAL. IPTU.TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO DE OFÍCIO. LANÇAMENTO.NOTIFICAÇÃO. ENTREGA DO CARNÊ NA RESIDÊNCIA DOCONTRIBUINTE. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. PRECLUSÃO.MATÉRIAS DE MÉRITO ADUZIDAS EXTEMPORANEAMENTEQUANTO À ILEGALIDADE DO IPTU E INCONSTITUCIONALIDADEDE TAXAS PÚBLICAS.

1. O prévio lançamento é requisito ad substanciam da obrigaçãotributária, conforme a regra do art. 145, do CTN.

2. Tratando-se de IPTU, o encaminhamento do carnê derecolhimento ao contribuinte é suficiente para se considerar osujeito passivo como notificado.

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Lançamento de ofício (REsp762.892/MG, Min.Luiz Fux)

3. Isto porque, "O lançamento de tais impostos é direto, ou de ofício, jádispondo a Fazenda Pública das informações necessárias à constituição docrédito tributário. Afirma Hugo de Brito Machado (in Curso de DireitoTributário, 24a edição, pág. 374) que “as entidades da Administraçãotributária, no caso as Prefeituras, dispõem de cadastro dos imóveis e combase neste efetuam, anualmente, o lançamento do tributo, notificando osrespectivos contribuintes para o seu pagamento." 4. A justeza dosprecedentes decorre de seu assentamento nas seguinte premissas: a) oproprietário do imóvel tem conhecimento da periodicidade anual do imposto,de res o amplamente divulgada pelas Prefeituras;(b) o carnê para pagamento contém as informações relevantes sobre oimposto, viabilizando a manifestação de eventual desconformidade por partedo contribuinte;(c) a instauração de procedimento administrativo prévio ao lançamento,individualizado e com participação do contribuinte, ou mesmo a realização denotificação pessoal do lançamento, tomariam simplesmente inviável acobrança do tributo.(...)

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ITBI

• II - transmissão "inter vivos", a qualquer título,por ato oneroso, de bens imóveis, pornatureza ou acessão física, e de direitos reais(art.1225, CC) sobre imóveis, exceto os degarantia, bem como cessão de direitos a suaaquisição;

• Compromisso de compra e venda?!

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Compromisso compra e venda

Art.1225. São direitos reais:(...)VII - o direito do promitente comprador do imóvel;

Art1447. Mediante promessa de compra e venda, em que se nãopactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ouparticular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire opromitente comprador direito real à aquisição do imóvel.

Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do dispostono artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula dearrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir acelebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registrocompetente.

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Compromisso de Compra e Venda

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DEINSTRUMENTO. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL.OFENSA INDIRETA À CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.CONTRATO DE COMPROMISSO DE COMPRA EVENDA. NÃO-INCIDÊNCIA DO ITBI. 1. Controvérsiadecidida à luz de normas infraconstitucionais.Ofensa indireta à Constituição do Brasil. 2. Acelebração de contrato de compromisso de comprae venda não gera obrigação ao pagamento do ITBI.Agravo regimental a que se nega provimento. (AI-AgR 603309 / MG - MINAS GERAIS, Rel. Min. EROSGRAU, T2, Julgamento: 18/12/2006)

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ITBI e imunidades

• Transmissão de bens ou direitos incorporadosao patrimônio da PJ em realização de capital(art.156, §2º, I);

• Transmissão de bens ou direitos incorporadosem virtude de fusão, incorporação, cisão ouextinção de PJ (art.156, §2º, I);

• Transmissão de imóvel desapropriado parafins de reforma agrária (art.184, §5º).

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Sujeição passiva

• Responsabilidade do adquirente

• Condição prévia ao registro imobiliárioresponsabilidade subsidiária do notário(art.134, VI, CTN)

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Aspecto quantitativo

• Súmula 656, STF: É inconstitucional a lei queestabelece alíquotas progressivas para oimposto de transmissão inter vivos de bensimóveis- ITBI com base no valor venal doimóvel. (RE´s 153.771 e 234.105, Min. CarlosVelloso)

• Lei Paulistana n.13.107/2000

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Muito obrigado!

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