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08 A 10/01/2011 01 XIX

08 a 10 de jan. 2011

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08 A 10/01/201101XIX

estado de minas - 1ª P. e P. 19 - 09.01.2011

Maria Clara Prates Investigações do Ministério

Público Estadual e Secretaria de Estado de Fazenda, que resultaram em duas ações em tramitação nas comarcas de Bocaiúva e Várzea da Palma, no Norte de Minas, após a Operação SOS Cerrado, desencade-ada em março de 2010 para inibir o uso de mata nativa na produção de carvão vegetal, revelaram um rombo de mais de R$ 200 milhões da em-presa Rima Industrial S/A com o fis-co estadual. O motivo seria o uso de notas fiscais frias e documentação falsa para transporte e comercializa-ção da carga, produzida a partir do desmate ilegal e extração de floresta nativa.

Segundo fiscalização da Secre-taria da Fazenda, somente entre de-zembro de 2005 e junho de 2007 fo-ram registradas pela Rima – líder na produção e comercialização de ligas à base de silício no Brasil e o único produtor de magnésio primário do Hemisfério Sul –, a entrada de 582 cargas de carvão vegetal acoberta-das por notas fiscais falsas, gerando R$ 2,6 milhões em dano tributário. De acordo com a ação, a Rima tinha conhecimento da irregularidade e mantinha estreitas ligações comer-ciais com o comerciante Agraídes Faustino de Jesus, proprietário da empresa Draga Samara Ltda., res-

ponsável pelo fornecimento do pro-duto nativo e das notas falsas.

Na ação, interceptações telefô-nicas feitas com autorização judi-cial comprovam a prática da Rima de consumir produto da nata nativa. Agraídes, com um interlocutor não identificado, ironiza a decisão da empresa de suspender o uso do car-vão ilegal. Na manhã no dia 28 de agosto, por volta de 10h, Agraídes tranquiliza um fornecedor do gru-po: “Eles tão falando que não vão querer nativo, mas nós conhece eles, eles toda vida foram assim (sic)….” Depois, ele diz que a empresa so-mente vai adquirir o produto plan-tado e coloca em dúvida a decisão: “Nós já conhece essa história deles, daí a pouco, eles tá atrás de nós tudo (sic).”dois Pesos

Além da dívida milionária com o estado, outros R$ 37,8 milhões estão sendo cobrados pela Procura-doria Federal, em 30 ações de exe-cução, em tramitação no Tribunal de Justiça de Minas, conforme consta no site do Judiciário mineiro, no pe-ríodo de 2001 a 2010. Apesar do dé-bito tributário com o fisco estadual, a Rima conseguiu arrancar ainda mais dinheiro dos cofres públicos. Em maio, a empresa firmou um acordo com a Cemig, pondo fim a uma que-da de braço judicial que se arrastava

desde a década de 1980, por meio do qual recebeu da estatal R$ 177 mi-lhões. À época, a Cemig foi aciona-da judicialmente por vários clientes industriais para pedir o reembolso das quantias pagas na conta de luz em função do reajuste tarifário apli-cado durante o Plano Cruzado.

A partir década de 1990, a dis-cussão entre as duas empresas se concentrou na determinação do va-lor do passivo. A Cemig questionou neste período a metodologia usada pela Rima para apurar o passivo. Em 2006, a empresa cobrava R$ 240 milhões, valor que, atualizado para abril de 2010, totalizava R$ 800 mi-lhões. Para chegar ao cálculo final, a estatal contratou a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Universidade Fe-deral de Minas Gerais (UFMG).

O estado, porém, também pode levar outras décadas para conseguir reaver parte do prejuízo causado pela Rima com as fraudes. Além da empresa, respondem à ação o diretor presidente, Ricardo Antônio Vicin-tin, seu genro, Bernardo Vasconce-los Moreira, eleito deputado federal pelo PR e diretor florestal, além dos comerciantes Agraídes, Mauro Antô-nio Furtado Costa e Arthur Roberto de Paula Filho, que seriam respon-sáveis pelo fornecimento das cargas irregulares e pela falsificações dos documentos.

na JUstiÇa

Um rombo de R$ 200 milhõesMP acusa a empresa Rima de usar papéis falsos para encobrir uso de carvão nativo e provocar prejuízo milionário ao estado

Caminhões de carvão na sede da Rima, em Várzea da Palma: notas fiscais de carga sob suspeita

Aparicio Mansur/Esp. EM

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Cont... estado de minas - P. 19 - 09.01.2011

Para tentar explicar a atuação dos grupos liga-dos à máfia do carvão na venda ilegal do produto nativo, o Ministério Pú-blico afirma existir dois grupos, o primeiro, co-mandado pelos diretores da Rima Industrial, e ou-tro especializado em dar fachada legal à fraude do material adquirido pela empresa. O comando des-te segundo seria de Agra-ídes Faustino de Jesus e Arthur Roberto de Paula Filho. Para exemplificar, o MP aponta a nota fiscal falsa nº 864110, emitida em nome de Waldir Perei-ra de Paula, cujo registro no ticket de pesagem nº 326153 revela a entrada da mercadoria na empre-sa em 12 de setembro de 2006, mencionando a es-pécie “carvão eucalipto B”. Entretanto, na agenda usada por outro integrante do grupo, Mauro Furtado, na mesma data e diante da placa do veículo transpor-tador, consta a informação que se trata de “carvão na-tivo”. Toda a documenta-ção referente à transação foi anexada aos autos.

Além disso, foram juntadas ao processo có-pias das declarações do produtor de carvão vege-tal Celso Amaral da Silva (veja fac-símile acima) à Delegacia de Pompéu e ao Instituto Estadual de Floresta (IEF), em maio de 2007, denunciando o uso indevido de seu nome em notas fiscais. À polí-cia, Silva afirma que “no dia 10 de maio de 2007 foi até a Siat/Pompéu para tirar nota fiscal, sendo en-

Venda ilegal na miratregue ao representante 36 notas fiscais de entrada de carvão na Siderúrgica Rima In-dustrial”. E diz “nunca ter assinado nenhum contrato nem mesmo procuração para que respondessem por ele nesta siderúrgica”. Ele informou ainda que não tinha conhecimento da existência dos documentos e, em razão disso, proporia uma ação judicial contra a empresa, que garantiu ter uma procuração sua para negociar o produto. O registro no IEF teve o mesmo teor.

Os autores da ação, os promotores Mar-celo Dias Martins, Felipe Campos Lucena e Paulo Márcio da Silva, pedem a condenação dos denunciados com base na Lei dos Crimes contra o Meio Ambiente, uso de documento falso, receptação e formação de quadrilha. Requer ainda a perda dos bens e valores ad-quiridos com as fraudes e a perda de cargo

público ou mandato eletivo dos que eventu-almente os ocupem.

Outro lado O ex-diretor florestal da Rima Industrial Bernardo Vasconcelos, deputado federal eleito pelo PR, disse que as ações propostas contra ele pelo Ministério Público Estadual (MPE) são fruto de uma tentativa de “extorsão”. Segundo ele, o MP lhe propôs que fosse feito um termo de ajustamento de conduta (TAC) e, diante da recusa da empre-sa e dos seus diretores, as ações foram ajuiza-das. “Eles me fizeram uma proposta para pa-gar milhões para o fisco e outros tantos para o Fundo de Meio Ambiente do MPE. Uma verdadeira extorsão”, disse. O Estado de Mi-nas tentou falar com o diretor-presidente Ri-cardo Vicitim, que está de férias no exterior. Procurada, a empresa Rima também não se manifestou.

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revista vértiCe - P. 22 e 23oUt/nov/dez/2010

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o temPo – 08.01.2011Impasse.MPE havia recomendado que infrações fossem anuladas; ainda cabe recurso

DER determina pagamento de multas emitidas na 262CAROLINA COUTINHOAs cerca de 5.000 multas emiti-

das pelo radar do KM 6 da MGC-262, em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, apontadas como irre-gulares pelo Ministério Público Esta-dual (MPE), terão que ser pagas pelos motoristas infratores. A definição é do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), que, após investigar as ponde-rações do MPE, confirmou a legalidade das autuações. Ainda cabe recurso.

O período de aplicação das multas questionado pela promotoria vai de 11 de abril a 23 maio do ano passado. A alegação do promotor Cristiano Leo-nardo Gomes, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, era que o radar começou a funcionar sem que os moto-ristas fossem previamente informados, por meio de placas e faixas ao longo da via onde o equipamento foi instalado. Por conta disso, o MPE recomendou ao DER que desconsiderasse as multas do período, que variam de R$ 85,13 a R$

574,62.O caso. A mobilização contra o

radar começou em junho, quando mo-radores de Sabará se reuniram e de-cidiram não pagar as multas. Após as alegações de supostas irregularidades, o DER instaurou processo administra-tivo, em 8 de outubro de 2010. Durante esse tempo, o radar continuou funcio-nando, mas o pagamento das multas es-tava suspenso. Ontem, o DER decidiu que elas deverão ser pagas normalmen-te. Ao todo, de outubro até ontem, já haviam sido registradas 16.844 autua-ções pelo radar, segundo o DER.

Improbidade. Por conta do recesso do Judiciário, Cristiano Leonardo não foi encontrado para comentar a decisão do DER. Porém, em agosto do ano pas-sado, ele havia dito que, caso o DER não suspendesse as cobranças, ele mes-mo entraria com uma ação de improbi-dade administrativa contra o órgão.

Atualmente, o local onde o equi-pamento está instalado é sinalizado

adequadamente.

Site do Detran está desatualizado

Apesar de a decisão do DER ter sido publicada ontem no “Diário Ofi-cial de Minas Gerais” (DOM), as infra-ções emitidas pelo radar ainda constam como “suspensas” no site do Depar-tamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG). Alguns motoristas autu-ados estão sem saber como agir.

“Recebi três multas por excesso de velocidade e continuo indignado com o radar no local. Mais revoltante é o limite de velocidade imposto por ele (40 km/h). Em uma das multas, passei no local a 50 km/h. Além disso, duran-te todo esse tempo de espera, recebi orientações confusas do DER. A situa-ção está uma bagunça. O jeito é entrar na Justiça contra a cobrança”, disse um motorista que não quis ter o nome di-vulgado. (CCO)

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estado de minas - P. 28 - 09.11.2010

Em agosto, incêndio destruiu duas construções centenárias na cidade

ConGonHas

Patrimônio cultural ainda sem proteçãoMP ajuíza ação pública contra o estado, mas a implantação de unidade do Corpo de Bombeiros em Congonhas está indefinida

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estado de minas - P. 8 - 08.01.2011

o temPo - P. 25 - 08.01.2011

Fraude com material escolar

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HoJe em dia - P. 24 - 05.01.2011

BH, uma cidade-sede da Copa 2014, tomada pela pichação

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Ezequiel Fagundes Os nove vereadores da Câmara Municipal de

Fronteira, pequena cidade do Triângulo Mineiro, a 680 quilômetros de Belo Horizonte, com pouco mais de 15 mil habitantes e área total de 199 quilômetros quadrados, conseguiram realizar uma proeza. Juntos, de janeiro de 2009 a setembro de 2010, eles justifi-caram o consumo de 169,6 mil litros de combustível (média de 109 mil quilômetros por mês) para se lo-comover de carro. Os políticos teriam rodado tanto que precisaram gastar R$ 441 mil dos cofres públicos dentro da cota da chamada verba indenizatória, cria-da em 2008 por eles mesmos.

Levando-se em conta que cada carro consuma em média 1 litro de combustível a cada 10 quilômetros rodados, a quantia daria para percorrer 2,18 milhões de quilômetros. Considerando que a distância de todo o percurso ao redor da Terra, na linha do Equador, é de 40 mil quilômetros, os gastos dos vereadores de Fronteira com combustível seriam suficientes para dar 54 voltas de carro ao redor do planeta.

Os vereadores são suspeitos ainda de terem des-viado a verba indenizatória para bancar despesas pes-soais em rodízios de carne, rodadas de chope, garra-fas de vodca e também para custear a manutenção de veículos pertencentes aos próprios parlamentares em oficinas mecânicas e revendas de peças automotivas.

Quem descobriu o indício de desvio foi o Mi-nistério Público de Contas, do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de Minas. Em uma ação civil pública, o MPE já conseguiu uma liminar na Justiça vetan-do os gastos abusivos dos vereadores, além de ter

obrigado a Câmara a exigir uma prestação de contas transparente com o detalhamento integral dos gastos com a verba. O próximo passo será oferecer denúncia por improbidade administrativa e crime de peculato (desvio de verba pública) contra todos eles. Existem fortes indícios de que as notas de abastecimento e de alimentação foram forjada, ou seja, eram notas frias para justificar as despesas e, posteriormente, os vere-adores terem o dinheiro gasto de volta.

O consumo exagerado de combustível, no en-tanto, salta aos olhos se for levado em consideração que a Câmara mantém apenas um veículo oficial à disposição dos parlamentares. Ao comparar a quilo-metragem do carro – um Chevrolet Astra com 120 cavalos de potência – com o volume de combustível supostamente consumido por ele, o MP constatou o incrível consumo de 1 litro de gasolina por quilôme-tro rodado. O superesportivo italiano Bugatti Veyron, o mais veloz (431km/h) e potente (1.001 cavalos) do mundo, tem autonomia para rodar até cinco quilôme-tros com um litro de gasolina.sem esForÇo

Como ocorre na maioria das câmaras munici-pais do país, os vereadores de Fronteira têm rotina de trabalho branda. Além da verba extra de R$ 3 mil mensais, eles recebem salário de R$ 3,5 mil para par-ticiparem de apenas uma reunião a cada 30 dias. O presidente da Câmara ganha mais: R$ 4.320. Pelas regras, eles podem gastar R$ 550 com alimentação e até R$ 2.450 com combustível. Basta apresentarem uma simples nota fiscal, sem qualquer tipo de valida-de contábil para embolsar o dinheiro.

Farra das viaGens

54 voltas ao mundo sem sair de MinasVereadores de Fronteira, no Triângulo, são investigados por gastar gasolina suficiente para contornar várias vezes a Terra

estado de minas –- P. 8- 09.01.2011

O andamento do projeto que prevê a construção do novo e moderno edifí-cio do Ministério Público (MP) de Ube-raba se encontra bastante adiantado.

A informação é do promotor de Justiça Carlos Alberto Valera, que disse que o projeto está nos ajustes fi-nais. “Já foram licitados e assinados os contratos para a execução dos projetos complementares, ou seja, hidráulicos, elétricos, de rede. A previsão de con-clusão é para o mês de fevereiro. Con-cluída essa fase, passa para a licitação da obra como um todo”, explica Vale-ra.

De acordo com o cronograma do MP, a licitação da obra deverá ser fei-

ta no mês de março. O início da cons-trução ocorrerá logo em seguida, entre maio e junho de 2011. “Vale lembrar que essas datas são estimadas. Inde-pendentemente dos nossos esforços, no decorrer das licitações acontecem imprevistos, principalmente quando a obra é maior, como o caso de Ubera-ba”, afirma Valera.

O promotor completa falando que a obra está orçada em aproximadamen-te R$10 milhões, sendo todo o dinhei-ro da construção recursos da própria Procuradoria de Justiça. A imóvel terá 3.575 metros quadrados e será edifica-do ao lado do prédio do Fórum, que já está sendo erguido em terreno de 15

mil metros quadrados no entroncamen-to das avenidas Maranhão e Antônio Rios, bairro Santa Marta.

O desenho do edifício já foi apro-vado pela Procuradoria e MP de Ube-raba. O local irá abrigar as 25 promoto-rias, sendo cinco destinadas às Promo-torias do Cidadão, que ficarão situadas no primeiro pavimento, devido à facili-dade de acesso. A obra terá três pisos, sendo garagem, térreo e segundo andar, e, caso haja necessidade, no futuro o imóvel poderá ser expandido.

A expectativa é de que a constru-ção seja concluída em 20 meses, po-dendo ser inaugurada junto com o novo prédio do Fórum.

Jornal da manHã – mG – ConamP – 20.12.2010

Ministério Público abre em março licitação para novo prédio

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estado de minas - P. 12 - 07.01.2011

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Cont.... estado de minas - P. 12 - 07.01.2011

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Bertha Maakaroun, Ezequiel Fagundes, Juliana Cipriani Os últimos dias de mandato parecem ter inspirado alguns de-

putados estaduais e federais a gastar além da conta com o custeio das atividades parlamentares e, principalmente, com a propagan-da. Apenas dois meses depois das eleições, os políticos gastaram em dezembro, em média, o dobro da verba indenizatória que, te-oricamente, teriam direito de despender em um mês. O limite do polêmico custeio – de R$ 20 mil por deputado na Assembleia Le-gislativa e R$ 27.049,00 na Câmara dos Deputados – chegou a ser extrapolado em mais de cinco vezes por diversos parlamentares. Pelas regras, eles pagam a despesa e depois recebem o dinheiro de volta.

Em seu último mês de mandato antes de ser nomeado secre-tário de Estado de Transportes e Obras Públicas, o deputado fe-deral Carlos Melles (DEM) consumiu R$ 106.744,00, dos quais R$ 97,2 mil com “divulgação”. Já o deputado estadual Juninho Araújo (PTB), que não se reelegeu e se despede da Casa, chegou a gastar R$ 104.496,65, sendo R$ 67,3 mil com a mesma rubrica. O deputado federal George Hilton (PRB), reeleito, não ficou atrás: despendeu R$ 103.580,51 – R$ 68 mil com divulgação.

Na disputa por quem rapa mais fundo o tacho, o deputado Chico Uejo (PSB), que tampouco foi reeleito, usou R$ 97.050,75 em dezembro. As despesas com a divulgação do mandato respon-dem por quase 70% do total despendido. Em alguns casos, como o do próprio Uejo, a rubrica “divulgação da atividade parlamentar” representou quase 100% da verba. Por coincidência ou não, o gas-to exacerbado vem à tona dois meses depois da disputa eleitoral, período em que, pelas regras do Legislativo, os parlamentares são impedidos de gastar com esse quesito.

A desproporção na prestação de contas é marca registrada nas planilhas. Enquanto uns extrapolam nas despesas, outros são bem mais econômicos. Os federais José Santana (PR) e Luiz Fernan-do Faria (PP), por exemplo, justificaram despesas praticamente irrisórias com serviços postais no valor de R$ 48,86 e R$ 24,37, respectivamente.

Pelas regras atuais da Assembleia Legislativa, os deputados estaduais têm todo o exercício financeiro para gastar as cotas da verba indenizatória. São R$ 20 mil mensais cumulativos, cujas notas fiscais para reembolso podem ser apresentadas até o fecha-mento do ano. Até então, os parlamentares tinham direito a dois adiantamentos, somando R$ 40 mil.

Na Câmara dos Deputados, o bônus extra mudou de nome. Em vez de verba indenizatória se chama cota para o exercício da atividade parlamentar, pois engloba todos os benefícios aos quais os parlamentares tem direito. Na tentativa de botar freio na gas-tança, a Casa estipulou o limite de R$ 4.500 para despesas com combustíveis e segurança. Como ocorre habitualmente, as modi-ficações foram motivadas por escândalos, mais precisamente pela farra das passagens aéreas e pela repercussão negativa da denún-cia envolvendo o deputado Edmar Moreira (PR). Mais conheci-do como deputado do Castelo, Moreira é acusado de ter desviado dinheiro da verba para pagar uma firma de segurança de sua pro-priedade.

Recomendação do Ministério Público Estadual levou a Assembleia Legislativa a baixar, em 13 de dezembro, a delibera-ção 2.500, que define várias regras restritivas aos gastos. A partir

do mês que vem, não haverá mais adiantamento de verba, e as rubricas de despesas serão reduzidas à locação e fretamento de veículos, serviços técnicos de consultoria, assessoria e pesquisa e divulgação da atividade parlamentar por empresas, que terão de passar pelo crivo da Auditoria-Geral do Estado. O detalhe é que o gasto com a divulgação da atividade parlamentar, que atingiu em dezembro, em média, 70% do total das despesas, não poderá ultrapassar 50% da verba. O mesmo valerá para outros grupos de gastos, com o limite de 25% do total desse custeio: passagens, hos-pedagem, alimentação, promoção e participação em eventos.

O presidente da Casa, Doutor Viana (DEM), garante: a partir do mês que vem, os deputados terão de se adaptar à nova realida-de. “A ALMG vai acompanhar os gastos dos deputados, e cada um terá de se adaptar”, afirma Doutor Viana. “Ninguém é igual a ninguém. Os cinco dedos da mão são diferentes. A adaptação será de cada um”, acrescenta.

Acerto de contas é justificativaO freio na liberação de verbas durante o período eleitoral e a

necessidade de prestar contas no fim de mandato foram as justifi-cativas apresentadas em coro pelos deputados federais e estaduais para extrapolar o valor da cota mensal em dezembro. O deputado estadual Juninho Araújo (PTB) diz que, por ter sua base eleitoral pulverizada, precisa recorrer à verba para informar seus eleitores. “Tenho que divulgar, porque minha base tem em torno de 60 ci-dades, meus votos são fragmentados, então, preciso usar. E nesse valor há gastos também de outubro e novembro”. Divulgação para Juninho, no entanto, não é sinônimo de propaganda. “Estou comu-nicando meus atos a pessoas a quem devo resposta.”

O colega de Assembleia Célio Moreira (PSDB) não soube ao certo dizer com o que gastou a verba, mas reforçou a tese de “sa-tisfação” ao eleitorado. “No final do mandato, tenho que prestar contas em todas as cidades sobre o trabalho dos últimos quatro anos. Fiz muita coisa, e cada uma das cidades em que trabalho re-cebeu informativos”, disse. O deputado Chico Uejo (PSB) chegou a atender a reportagem, mas a ligação caiu em seguida e, informa-do do assunto, ele não se manifestou.

O chefe de gabinete de Carlim Moura (PCdoB), Fernando Máximo, disse que o aumento dos gastos foi em razão da limitação de julho a setembro, por causa das campanhas eleitorais. “Agora, no final, ficou muito caro, fizemos uma revista de prestação de contas dos quatro anos de mandato”, disse. Já a deputada federal Jô Moraes afirmou que seus gastos foram com cartilhas e informa-tivos sobre leis por ela elaboradas e que o aumento no último mês foi por causa da proibição do uso da verba no período eleitoral. “No nosso caso, não fazemos eventos e festas, mas construímos material de informação, como cartilhas. No final do ano, você presta contas de tudo o que fez”, disse. O campeão dos gastos, agora secretário Carlos Melles, foi procurado, mas não retornou as ligações.

Dos 77 deputados estaduais, 50 ainda não apresentaram as contas de dezembro, inclusive os sete parlamentares nomeados se-cretários. Cinco – Zezé Perrela (PDT), Ruy Muniz (DEM), Paulo Guedes (PT), Doutor Ronaldo (PDT) e Djalma Diniz (PPS) – de-monstraram os seus gastos à Casa em outubro.

estado de minas – P. 8 – 08.01.2011 leGislativo

Deputados rapam o tachoParlamentares mineiros na Assembleia Legislativa e na Câmara extrapolam limites de gastos e limpam, em dezembro, os recursos disponíveis para custeio de suas atividades

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estado de minas - P. 9 - 09.01.2011

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estado de minas - P. 6 - 18.12.2010

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HoJe em dia - P. 2 - 08.01.2010

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Cont... o temPo - P. 14 - 08.01.2011

o GloBo - P. 16 - 09.01.2011

Moradores do bairro Volta Grande estão tendo proble-mas com ecoponto localizado próximo a uma creche. O local, destinado a receber resíduos de construção civil de pequeno porte, está tendo acúmulo de lixo residencial, ani-mais mortos e até serragem, causando mau cheiro nas pro-ximidades.

Segundo moradora da região que se identificou apenas como Solange, cerca de 220 crianças e professoras do Cen-tro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Solange Apare-cida Cardoso da Silva estão sofrendo com a situação, pois algumas pessoas chegam a atear fogo no terreno. Além do mau cheiro, a fumaça causa poluição na região.

A diretora de Coleta de Resíduos Sólidos, da Secretaria de Meio Ambiente, Angelina Martins, explica que o ecopon-

to não é bem ao lado da creche, e sim na extremidade da quadra. O local tem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público e, sendo assim, a Prefei-tura está aguardando a estiagem da chuva para dar início à construção desse ecoponto. A área tem em torno de 7.000 metros quadrados e o ecoponto vai ocupar apenas 750 m².

Segundo Martins, no restante do terreno será feito um plano de recuperação da área, com o plantio de mudas na-tivas. “Com a implantação do ecoponto e o TAC cumprido, vamos conseguir resolver a situação”, garante a diretora.

No entanto, ela destaca a falta de conscientização das pessoas por jogarem lixo nesses locais, já que a prefeitura disponibiliza o serviço de coleta pelo menos três vezes por semana.

Jornal da manHã – mG – ConamP – 06.01.2011

Ecoponto para resíduos de construção no bairro Boa Vista recebe lixo

iniciativa

Projeto já percorreu 17,2 mil quilômetros

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DOUGLAS COUTO

Há pouco mais de um mês, os brasileiros puderam presenciar o quão brutal pode ser a briga entre torcidas. O espancamento até a morte do torcedor cruzeirense Otávio Fernandes, 19, na região Centro-Sul da capital mineira, foi registrado pelas câmeras do circuito de segurança de um shopping. O que os responsáveis pela barbárie não imaginavam era que as imagens seriam fundamentais para que o crime não ficasse impune. Com base nelas, a Polícia Civil indiciou, ontem, 41 torcedores atleticanos pelo assassinato.

Do total de envolvidos na agressão, oito estão presos e dois, foragidos. A polícia já solicitou que a prisão tem-porária de todos seja revertida em preventiva (por tempo indeterminado). Os outros 31 atleticanos irão responder ao processo em liberdade por lesão corporal. A apreensão de dois menores que também participaram da briga será solicitada.

O presidente da Galoucura, Roberto Augusto Perei-ra, o Bocão, e o vice, William Palumbo, o Ferrugem, vão responder por homicídio qualificado, tentativa de homicí-dio e lesão corporal (veja as demais acusações no quadro abaixo). Segundo a polícia, os dirigentes da torcida não participaram diretamente da agressão, mas incitaram os ataques.

O crime que resultou na morte do cruzeirense tam-bém deixou outros dois torcedores do time celeste feri-dos. A confusão entre integrantes da Máfia Azul e Galou-cura aconteceu no dia 27 de novembro do ano passado, em frente ao Chevrolet Hall, na Savassi, onde ocorria um evento de luta livre. Otávio foi espancado com barras de ferro e placas de trânsito até a morte.

Continuidade. Mesmo com os indiciamentos, a Po-lícia Civil não encerrou as investigações. Ainda são pro-curados mais dois torcedores que aparecem nas imagens agredindo o cruzeirense, mas que ainda não foram iden-tificados. Um deles aparece dando chutes na cabeça de Otávio. Testemunhas citaram os dois agressores, mas não souberam nem mesmo informar o apelido dos mesmos.

Para o delegado Wagner Pinto, chefe da Divisão de Crimes contra a Vida (DCCV), todos os 41 indiciados têm alguma participação no crime, agredindo ou impedindo socorro do torcedor.

“A motivação foi justamente a briga generalizada em que dirigentes da torcida, Ferrugem e Bocão, lideraram a ação. Ficou claro nas investigações que os cruzeirenses não provocaram os atleticanos”.

Com 288 páginas distribuídas em três volumes, o inquérito deverá ser remetido ao Ministério Público, que

decidirá se vai oferecer a denúncia à Justiça.

PUniÇão

Acusação vai lutar por júri popular

O assistente de acusação do Ministério Público Es-tadual (MPE) Marco Antônio Siqueira disse acreditar que a promotoria irá denunciar à Justiça os envolvidos por homicídio triplamente qualificado, já que o crime te-ria ocorrido por motivo fútil, sem condições de defesa à vítima e com crueldade. “Eles irão a júri popular e pega-rão uma pena alta, condizente com o tamanho da barba-ridade”, disse.

A pena para o homicídio qualificado é de 12 a 30 anos de prisão. Já o advogado de defesa de cinco atleticanos, Dino Miraglia, criticou a decisão e chamou o inquérito de “vago”. (DC/Tâmara Teixeira)

mini entrevista Com GUstavo Fernandes Irmão gêmeo de OtávioComo você recebeu a notícia dos indiciamentos pela

morte de seu irmão Otávio Fernandes?A notícia traz alí-vio, mas a gente nem procura saber de nada. Minha mãe nem vê mais televisão para evitar relembrar. O caso do meu irmão não foi o primeiro, mas queria que fosse o último. Eu sei como é a dor das famílias que já passaram por isso. Dói muito.

Sua mãe não quis ver as imagens do crime. Você viu o vídeo?

Vi. Eu fiquei chocado. Desde esse dia, as imagens não saem da minha cabeça. Aquilo foi uma tremenda co-vardia. O que eles fizeram não foi coisa de ser humano. Posso te garantir que meu irmão era boa pessoa. Ele não merecia aquilo.

O que você e sua mãe desejam agora?Quero que o juiz pense bem na sentença. Eles mere-

cem, no mínimo, dez, 20 anos de prisão, para pensarem no que fizeram. Não quero vingança, lutamos apenas por justiça.

Como sua mãe está?Ela está começando a se recuperar. Não é fácil. Pas-

samos o Natal e o réveillon só chorando. Desabafei. Fi-quei com dó da minha mãe.

Como está superando a perda do seu irmão?Eu tenho outros dois irmãos, de 9 e 12 anos. Mas com

ele era diferente. Nós éramos gêmeos. Sempre ficamos juntos em tudo. Fui o último a vê-lo. Se soubesse, não tinha deixado ele sair.

o temPo – 08.01.2011Resposta .Presidente e vice da Galoucura são acusados de homicídio, tentativa de assassinato e lesão corporal

Polícia indicia 41 atleticanos por barbárie contra cruzeirense

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estado de minas - P. 21 e 22 - 08.01.2011

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DA REDAÇÃOEm 2010, 1.859 novos processos foram autuados no

Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), nú-mero 21,03% maior do que o registrado em 2009 (1.536). De 1º de janeiro a 30 de novembro de 2010, o CNMP julgou 1.517 processos, o que representa aumento de 18,89% em relação ao ano passado, quando 1.276 pro-cessos foram julgados.

As informações foram compiladas para o Relatório de Atividades do CNMP de 2010.

O aumento no número de novos processos e no vo-lume de julgamentos, no entanto, pode ser ainda maior, já que o relatório enviado à Presidência da República não inclui dados de dezembro de 2010. A estimativa é que, com os dados de dezembro, o total de processos autuados seja de 2.028, com 1.665 procedimentos julgados, o que representará crescimento de 32,03% e 29,7% em relação a 2009, respectivamente.

Os conselheiros aprovaram 12 resoluções em 2010.Os destaques foram a regra que uniformiza a ins-

peção em estabelecimentos prisionais (resolução CNMP 56/10); a que disciplina a estrutura administrativa do MP (resolução CNMP 60/10); a que dispõe sobre o pagamento de diárias a membros e servidores do Ministério Público (resolução CNMP 58/10); e a que cria tabelas unificadas no Ministério Público, padronizando a terminologia de classes, assuntos e movimentação processual (resolução CNMP 63/10). Até 30 de novembro, foram assinados seis termos de cooperação técnica, quatro recomendações e três notas técnicas.

Entre as recomendações, destacam-se a que orienta a intervenção do Ministério Público no processo civil e a que indica mecanismos de aprimoramento do controle externo da atividade policial.

AUMENTO. A Corregedoria Nacional recebeu 529 novos processos neste ano, o que significa aumento de 41% em relação a 2009, quando 375 procedimentos fo-ram autuados. A maior parte dos procedimentos é recla-mação disciplinar (456). A Corregedoria Nacional reali-zou cinco visitas de inspeção às unidades do Ministério Público, nos estados de Alagoas, Paraíba, Pará, Piauí e São Paulo.

Além disso, instaurou diretamente 32 sindicâncias, contra três sindicâncias instauradas em 2009.

O relatório também traz dados relativos à estrutura e atividades administrativas do CNMP. Este foi o primeiro ano do Conselho como unidade orçamentária autônoma.

Hoje, o órgão conta com apenas 130 servidores, a maior parte deles cedidos, e aguarda aprovação, pelo Congresso Nacional, de projeto de lei que cria o quadro funcional próprio do Conselho e reformula a estrutura ad-ministrativa. O CNMP também compila dados relativos à atuação funcional dos Ministérios Públicos Estaduais e dos ramos do Ministério Público da União em 2010, com informações enviadas ao Conselho em cumprimento à Resolução 33/08. Em 2010, foram instaurados pelos MPs de todo Brasil 119.227 inquéritos civis públicos ou pro-cedimentos preparatórios. Cerca de 8.985 procedimentos foram arquivados com ajustamento de conduta, contra 58.497 arquivamentos sem ajuste de conduta.

ÁREA CÍVEL. Na área cível, os MPs receberam cerca de 2,3 milhões de processos no primeiro grau, com um total de 1,9 milhão de manifestações de promotores e procuradores.

No segundo grau, foram 207.834 processos cíveis recebidos, com 192.964 manifestações. Na área criminal, os MPs receberam ou requisitaram cerca de 3,2 milhões de inquéritos policiais e notícias criminais, tendo ofe-recido 548.101 denúncias. No primeiro grau foram 3,4 milhões de processos criminais recebidos ou instaurados pelo MP em 2010; e 131.523 processos criminais instau-rados ou recebidos no segundo grau.

Em 2010, as corregedorias gerais dos ministérios públicos em todo o Brasil realizaram 2.442 correições e 635 inspeções. Obrigatórias desde 2009, quando o CNMP editou a Resolução 43/09, as correições e inspeções têm o objetivo de verificar a qualidade e regularidade dos ser-viços prestados.

Outros dados sobre a atividade funcional foram le-vantados e integrarão relatório a ser divulgado no pri-meiro trimestre. O documento conterá, também, dados sobre a estrutura e o funcionamento administrativo das unidades, que, segundo a Resolução CNMP 32/08, serão apresentados até fevereiro.

Jornal do CommerCio – rJ – ConamP - 31.12.2010

CNMP autuou 21% a mais de processos

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HoJe em dia - P. 3 - 09.01.2011

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o GloBo - P. 12 - 08.01.2011

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Por Eduardo Mahon

Por anos, fui considerado persona non grata pelo Ministério Público. Talvez porque lancei li-vro criticando o poder investigativo, talvez por su-blinhar algumas incoerências em muitos artigos. A verdade é que não faltaram motivos. Compreendo perfeitamente. Contudo, percebemos que houve um amadurecimento substancial do órgão fiscali-zador ao longo dos anos e, por coerência, devo re-conhecer publicamente esse caminhar ministerial.

Após 1988, promotores receberam um “che-que em branco” dos constituintes para atuarem livremente na fiscalização do Poder Público, des-vinculando-se do Executivo e constituindo-se uma espécie de quarto poder. Tomando de empréstimo obra recente, podemos muito bem apelidar essa primeira fase de “a era dos escândalos”, porque al-gumas ações foram usadas mais para servir de ins-trumento de propaganda institucional do que para o combate ao crime organizado. Não por acaso é que promotor de Justiça tornou-se popular ao pon-to de eleger-se.

Não raras vezes, advogados anularam opera-ções federais por completo. E não eram necessários anos para que desmoronassem centenas de gram-pos, afastamento de sigilos e outras arapongagens e excessos rotineiros, tudo bem bronzeado pelas lu-zes dos holofotes da mídia, que ganhou uma fonte inestimável de informação. Metendo os pés pelas mãos, o custo de nulidades passou a ser maior do que o espetáculo de prisões, invasões, camburões e outras performances equivocadas. Enquanto muita gente batia palmas, criticávamos solitariamente.

Querendo controlar a Polícia Civil Judiciária (que precisa urgentemente de mais independência e garantias), o Ministério Público esforçou-se por emplacar a tese do poder investigativo sem inter-mediários. Quis controlar inquéritos sem filtro ju-diciário e usou-se do monopólio da Ação Penal Pú-blica como suporte teórico dessas pretensões. Luta por poder. Passados os anos, a sociedade entendeu que não é necessário um escândalo a mais para que a credibilidade ministerial seja confirmada e sim a eficácia das investigações e a validade processual das provas coletadas.

Algo começou a mudar com a gestão de Cláu-dio Fonteles na Procuradoria-Geral da República. Ainda que defendesse veementemente as posições

institucionais do Ministério Público, sua concep-ção de refrega processual era bem mais contida e publicamente manifestou-se diversas vezes contra os excessos verborrágicos de promotores e procu-radores e contra a pirotecnia das operações com a cumplicidade midiática. Foi um grande exemplo. Aposentou-se antes do tempo-limite. Concluiu estar cumprida sua missão. Não se alimentou de poder.

Em atenção à carreira, veio Antônio Fernan-do de Souza ainda mais reservado. Absolutamente alheio à gula por imagem, preferia falar nos autos, atuar de forma discreta e eficaz. Comandou o Mi-nistério Público Federal e deu um enorme exem-plo nacional. Dificilmente dava entrevistas e não gostava de fazer “colunismo social jurídico”. Não aparecia em inaugurações e nem fazia a corte pa-laciana. Finalmente, temos Roberto Gurgel, outro homem não afeto às luzes dos refletores, cônscio da missão ministerial de equilíbrio e seriedade, va-lores que devem ser sopesados.

A trinca denunciou gente do primeiro escalão, da vanguarda do poder. Sem reserva, sem política, sem medo. De forma verdadeiramente indepen-dente, o Ministério Público começou a mirar as vertentes mais fortes da criminalidade brasileira: financiamento de campanha, licitações, lavagem de dinheiro e corrupção. Trabalhou mais com inte-ligência e menos com truculência.

Em Mato Grosso, há claros sinais de que o Mi-nistério Público está rumando para o mesmo rotei-ro independente. As últimas ações que dão conta da responsabilização de gestores públicos inaugu-ram uma nova fase completamente nova, de mais nível, de mais intelecto, de mais distanciamento. Há, inclusive, notícias de que mandatários políti-cos podem ser responsabilizados, o que seria uma enorme demonstração de independência e coerên-cia.

Por isso, não posso deixar de perceber e assi-nalar essa guinada positiva. Evidente que haverá excesso de acusação, haverá destempero proces-sual, haverá injustiças. Todavia, nota-se a vontade de acertar e findar com a pescaria do lambari e da arraia miúda. É o passo definitivo rumo à credibi-lidade unânime que não o torna infalível, mas mui-to confiável. Todos nós estamos amadurecendo na democracia.

ConsUltor JUrídiCo - sP - ConamP - 10.01.2011

Apesar de erros, MP caminha para amadurecimento

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HoJe em dia - 2 - 10.01.2011

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