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1 Prescrição e Decadência

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Prescrição e Decadência

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Prescrição e Decadência

Ambas estão baseadas no binômio TEMPO e

INÉRCIA

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Prescrição

Prescrição: Perda da pretensão atribuída a um direito violado pelo decurso de lapso temporal.

Fundamentos: • necessidade estabilização das relações jurídicas;• segurança e paz públicas• Sanção: “dormientibus non sucurrit jus”

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Prescrição

Prescrição pressupõe:•A existência de um direito atual que pode ser reclamado em juízo.

•A violação, desrespeito ou ameaça a esse direito.

O termo inicial do prazo prescricional (actio nata).

Enunciado 14 da Jornada de Direito Civil - 1) o início do prazo prescricional ocorre com o surgimento da pretensão, que decorre da exigibilidade do direito subjetivo; 2) o art. 189 diz respeito a casos em que a pretensão nasce imediatamente após a violação do direito absoluto ou da obrigação de não fazer

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.

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Prescrição Decadência• Perda da ação atribuída a

um direito.

• O direito subsiste, mas não a proteção por meio de ação.

• O favorecido pela prescrição pode renunciar, desde que não prejudique terceiro.

• Suspende-se, interrompe-se, impede-se o curso.

O próprio direito se extingue pela falta de seu exercício.

É fatal e definitiva

Não há renúncia à decadência fixada legalmente (art 209).

Não há interregno no fluxo

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Prescrição – prazo

•É prazo prescricional: pretensão condenatória; obrigar outrem a uma prestação.

– Ex.: as ações de indenização, de perdas e danos (materiais e morais), condenatórias de obrigação de fazer ou de não fazer, de cobrança, de execução por quantia certa contra devedor solvente.

•O CC enumera e indica os prazos prescricionais (art. 205 e 206)

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Decadência•O prazo é decadencial quando não há pretensão condenatória. A ação não objetiva obrigar alguém a uma prestação (pagar, dar, fazer, não fazer)

•Há prazo decadencial, assim, para o exercício dos chamados direitos potestativos (criar, extinguir, ou modificar situação jurídica), ou seja, quando o exercício da ação é necessário ou gera o direito pretendido.

Ex.: a ação para anular casamento; ação para contestar a legitimidade do filho de sua mulher; ação para interditar pessoas; ação de divisão; ação rescisória; anulatória de contrato; ação para abatimento do preço; etc.

– Súmula 401 do STJ. “O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial”. Rel. Min. Felix Fischer, em 7/10/2009

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Prescrição – Tipos de Alteração do Fluxo Temporal

Três tipos de alteração da contagem do prazo prescricional:

1. O Prazo não se inicia - Impedimento: Causa que impede o início da contagem do fluxo temporal.

2. Suspensão: Causa que suspende o curso. Pressupõe a existência de um prazo decorrido que fica paralisado e volta ser contado quando extinta a causa de suspensão.

As causas de impedimento são igualmente causas de suspensão, enquanto perdurar a situação

3. Interrupção: O fluxo temporal se reinicia integralmente.

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Prescrição - Causas que impedem (e suspendem) o seu fluxo

A prescrição não corre:• entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal(art. 197, I);• entre ascendentes e descendentes durante o pátrio poder (art. 197,

II);• entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores (art. 197,

III);

Protege a lei a situação de afeição e confiança que liga as pessoas

em tais situações. Paz social.

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Prescrição - Causas que impedem (e suspendem) o seu fluxo

A prescrição não corre:• contra os incapazes (art. 198, I) (Incapaz: menores de 16 anos,

deficientes mentais e os que não podem exprimir sua vontade – art. 3º);

• contra os ausentes do País em serviço público ou servindo nas Forças Armadas em tempo de guerra (art. 198, II e III);

Nestas hipóteses, a lei protege aqueles que em virtude de uma peculiar circunstância, não podem ser ativos na defesa e segurança de seus direitos

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Prescrição - Causas que impedem (e suspendem) o seu fluxo

A prescrição não corre:• pendendo condição suspensiva (art. 199, I);

Condição suspensiva: enquanto não se realizar tal condição não se terá adquirido a pretensão ou o próprio direito, não se podendo falar em lesão ou nascimento da pretensão.

Ex.: O prazo prescricional é suspenso quando há o aviso do sinistro ou pedido de pagamento ao segurador (art. 199, I) e retomado quando houver a recusa da seguradora. (Súm. 229 STJ: “O pedido de pagamento de indenização suspende o prazo de prescrição até que o segurado tenha ciência da decisão.”)

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• A prescrição não corre, ainda:

Quando há fato a ser apurado no juízo criminal imprescindível para a propositura da ação (art. 200);

Enquanto pender a ação de evicção (art. 199, III).

• evicção: Ação em que se discute a propriedade. Evicção é a perda da coisa diante de uma sentença judicial )

Prescrição - Causas que impedem (e suspendem) o seu fluxo

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O titular do direito pode interromper a prescrição

somente uma vez. (art. 202) e ela recomeça a correr pelo

prazo integral da data do ato que a interrompeu (art. 202 §

único).

No CC anterior não havia limite.

>>>

Interrupção da Prescrição

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Como é interrompida a prescrição:

1. pelo protesto judicial interruptivo da prescrição

promovido por qualquer interessado (art. 202, II)

2. pelo protesto cambial (a nota de seguro ao ser

protestada);

3. pelo despacho do juiz que ordena a citação, mesmo

se for incompetente (Ex.: a ação de cobrança em face

da seguradora); >>>

Interrupção da Prescrição

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Como é interrompida a prescrição:

4. por qualquer ato do devedor – mesmo extrajudicial

– que importe em reconhecimento do direito do

credor (art. 202, IV);

Ex.: Troca de correspondências entre as partes que importem reconhecimento do direito.

• A hipótese supra tem correspondência com o art. 191 do CC >>>

Interrupção da Prescrição.

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• A prescrição é renunciável, desde que não prejudique direito de terceiros.

• Não pode o segurado renunciar à prescrição da qual é titular se prejudicar a seguradora.

• Qualquer ato, mesmo tácito, pode ser havido como renúncia a prescrição. Ex.: seguradora aprecia a cobertura de evento já prescrito.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.

Interrupção da Prescrição

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• O CC reafirmou o prazo ânuo contido no Código

revogado e afastou o prazo fixado no art 27 CDC.

– Súmula n° 101 do Superior Tribunal de Justiça: "A

ação de indenização do segurado em grupo contra

seguradora prescreve em um ano."

Prazos Prescricionais Atinentes ao Seguro

Art. 206. Prescreve: § 1º Em um ano:II – a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a)para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para

responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;

b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;

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A pretensão do beneficiário contra o segurador prescreve em 03 anos (art. 206 IX).

Há entendimento, no entanto. de que a prescrição é a geral de 10 anos (art. 205), sob o argumento de que a redação do inciso IX se refere apenas ao seguros obrigatórios.

Art. 206 § 3º Em três anos:IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no

caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório

Como se observa, a intenção do legislador foi a destacar a abrangência do dispositivo legal em duas fases:

1) na primeira parte: tratou da pretensão do beneficiário contra o segurador em qualquer tipo de seguro (facultativo, obrigatório, de dano, de pessoa).

2) no final: tratou da pretensão do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório, como, por exemplo, o DPVAT.

Prazos Prescricionais

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Responsabilidade do Representante Legal - Prescrição

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.Art,. 208 Aplica-se à decadência o disposto nos arts 195 e 198 I.

Responde pelo prejuízo causado aqueles que na

administração não alegarem a prescrição e a

decadência em benefício da empresa ou dos

relativamente incapazes.

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O SUICÍDIO E O CONTRATO DE SEGURO

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Código 1916 Revogado:

Art. 1.440. A vida e as faculdades humanas também se podem estimar como objeto segurável, e segurar, no valor ajustado, contra os riscos possíveis, como o de morte involuntária, inabilitação para trabalhar, ou outros semelhantes.

•Parágrafo único . Considera-se morte voluntária a recebida em duelo, bem como o suicídio premeditado por pessoa em seu juízo.

- Autorização legislativa de realização de seguro de pessoas (o artigo está nas Disp. Gerais) com cobertura da morte involuntária. -No “caput” não referência ao suicídio, somente no § único na tentativa de explicar o que não poderia ser objeto de seguro: duelo e o suicídio (anti-sociais), este último se realizado por pessoa em seu juízo. Ambos, portanto, definidos como morte voluntária (desejada, dolosa) e, por isso, não passível de cobertura securitária.

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Código 1916: Consciência na Prática do Ato Social

O artigo convida ao exame da capacidade do suicida no momento da prática do ato anti-social. Consciência na mutilação máxima.

Não há no artigo qualquer indicação liame entre o ato e a existência de um contrato de seguro. O próprio exame desse nexo de causalidade pressupõe consciência, razão, motivo, racionalidade para a consecução.

A controvérsia acerca da validade de cláusula de carência em contratos de seguro de vida residia no argumento da ausência de expressa autorização legal para tal pactuação.

Art. 1.440. A vida e as faculdades humanas também se podem estimar como objeto segurável, e segurar, no valor ajustado, contra os riscos possíveis, como o de morte involuntária, inabilitação para trabalhar, ou outros semelhantes. Parágrafo único . Considera-se morte voluntária a recebida em duelo, bem como o

suicídio premeditado por pessoa em seu juízo.

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Artigo 798 O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente.

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.

Art. 1.440. A vida e as faculdades humanas também se podem estimar como objeto segurável, e segurar, no valor ajustado, contra os riscos possíveis, como o de morte involuntária, inabilitação para trabalhar, ou outros semelhantes. (grifo nosso)

Parágrafo único . Considera-se morte voluntária a recebida em duelo, bem como o suicídio premeditado por pessoa em seu juízo

Código 2002

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A Intenção do Legislador

O atual Código Civil buscou encontrar uma solução pacífica e harmoniosa, também no caso da morte por suicídio.

adotou critério objetivo - exclusão temporal de cobertura deixou de qualificar o tipo de suicídio coberto, afastando as

expressões voluntário e premeditado,

O art. 798 não tem precedente. É lei nova. Súmulas 105 do STF e 61 do STJ – inaplicabilidade.

O mestre FÁBIO K. COMPARATO autor do projeto substitutivo do capítulo do seguro, ao justificar a nova redação textualmente revela a intenção de afastar a incidência da Súmula 105 do STF.

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A Intenção do Legislador - Exposição Motivos

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A dicção do substitutivo apresentado e defendido por Fábio Comparato é idêntica ao artigo em comento, vejamos:

Art. XXXVIII – O beneficiário não tem direito ao capital segurado quando o segurado se suicida dentro dos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, observado o disposto no artigo anterior.

•Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.

Artigo 798 - O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo antecedente •Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.

A Intenção do Legislador

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A Intenção do Legislador

Justificativa oferecida pelo Prof. Comparato (Rev. Dir. Mercantil 5/142:

“No art. XXXVIII vem regulada a debatida questão do direito do beneficiário ao capital garantido, na hipótese de suicídio do segurado. (...)A orientação do Projeto de 1965, copiada do Código Civil, não parece a melhor. Ao falar em suicídio premeditado o legislador abre ensejo a sutis distinções entre premeditação e simples voluntariedade do ato tornando na prática sempre certo o direito ao capital segurado, pela impossibilidade material de prova do fato extintivo, o que não deixa de propiciar a fraude. (...) Preferimos seguir neste passo o Código Civil italiano (art. 1. 927), excluindo em qualquer hipótese o direito ao capital estipulado se o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial de contrato, ou da sua recondução depois de suspenso, (....). O único fato a ser levado em consideração é, pois, o tempo decorrido desde a contratação ou renovação do seguro ....

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A intenção do legislador foi revelada pela análise:

• 1) do momento histórico,

• 2) da ausência de uma solução eficaz na égide do Código de 1916,

• 3) da exposição de motivos, e

• 4) do texto do autor da alteração legislativa.

A Intenção do Legislador

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Interpretação Gramatical

É peremptório e claro: “não tem direito”.Trata-se de exclusão legal temporal conf. parágrafo único.

Não há na lei qualquer distinção ou qualificação do suicídio, tanto que foram afastadas a expressões voluntário ou premeditado. Inexistindo qualquer distinção na lei, vedado ao intérprete criá-la. Assim, “deve o interprete resignar-se a aceitar o sentido verbal da lei”. “Interpretatio cessat in claris”.

Artigo 798 O beneficiário não tem direito ao capital quando o segurado se suicida dentro dos primeiros dois anos .... Par. único: Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado.

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Interpretação Lógica - Finalística

O método lógico (ou teleológico) busca alcançar a finalidade (escopo prático) da norma. O novo texto legal:

1. tem critério objetivo e prático: “O único fato a ser levado em consideração e, pois, o tempo decorrido desde a contratação ou renovação do seguro...”);

2. tem critério seguro, operacional e aplicável: “excluindo em qualquer hipótese o direito ao capital estipulado se o segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial de contrato”;

3. está em consonância com os princípios atinentes ao contrato de seguro:

o lapso temporal é uma forma de seleção de risco (o tempo mitigará eventuais omissões ou renitências na declaração de risco, bem como intenções não reveladas e reveláveis).

procura afastar a fraude: “...pela impossibilidade material de prova do fato extintivo, o que não deixa de propiciar a fraude” .

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Interpretação Lógica - FinalísticaO novo texto legal:

4. busca a pacificação (desjudicialização):A seguradora não investigará a causa: pagará todos os ocorridos após

dois anos da contratação; em contrapartida negará todos aqueles cujo lapso temporal não ultrapassou dois anos.

5. satisfaz as exigências econômicas ao permitir o cálculo atuarial preciso e a fixação de prêmio justo (equilíbrio contratual e equação econômica). carência serve para a formação do fundo coletivo. o prêmio é contabilizado em favor do fundo, não há enriquecimento da

seguradora, ele servirá para o pagamento dos sinistros acobertados.

A interpretação defendida coaduna-se com a “satisfação às exigências econômicas e sociais que brotam das relações, ou seja, averiguar qual o escopo prático que a norma se destina a conseguir” . Ferrara, Vol. I, Roma 1921, Cap. III, traduzido por Manuel A. Domingues de Andrade, em sua obra “Ensaio sobre a Teoria da Interpretação da Leis”, pág, 128.

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Interpretação Sistemática

Há total coerência e unidade sistêmica entre o texto gramaticamente considerado e as regras e princípios de direito acerca do tema.

o risco está ao alcance do contratanterisco incomum (extraordinário);risco não homogêneo; tecnicamente não resguardável; evento não desejado socialmente (anti-social); ofende a liberdade técnica e jurídica de assunção de riscos;

A lei excepciona essa liberdade ao declarar nula a exclusão do risco suicídio no evento morte, ressalvada a hipótese do prazo de carência.

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Interpretação Sistemática

Conclusões:1. Exceção Legal à Liberdade de Contratar: Interpretação restrita. 2. Trata-se de uma exclusão de risco, portanto, não há que se

perquirir sobre motivação ou qualificação do evento, pois equivale (a) a risco não assumido, (b) a evento não contratado, (c) a cálculo atuarial não considerado e (d) prêmio não recebido.

A expressão exclusão também é utilizada na recentíssima Lei de Seguro de Portugal.

Artigo 191.º Exclusão do suicídio - 1 — Está excluída a cobertura da morte em caso de suicídio ocorrido até um ano após a celebração do contrato, salvo convenção em contrário.

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Parágrafo único. Ressalvada a hipótese prevista neste artigo, é nula a cláusula contratual que exclui o pagamento do capital por suicídio do segurado..

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Interpretação Sistemática

Harmonia sistêmica entre o art. 798 e o art. 797 ambos do Código Civil. Eles adotam, coerentemente, prazo de carência.

Art. 797 - No seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro.

No art. 797 a carência é para o evento morte, qualquer causa, portanto, com maior razão existir prazo de carência no caso de morte provocada pelo próprio segurado.

O objetivo é o mesmo do artigo em comento, ou seja, adotar uma forma objetiva de seleção do risco (preexistência, ausência, omissão ou renitência de declaração de risco).

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• Qualquer que seja o método utilizado na interpretação do artigo 798, todas convergem para o contido gramaticalmente na norma, consolidando a validade da fixação de um prazo de carência, dentro do qual o segurador não tem responsabilidade pelo pagamento, qualquer que seja o motivação na consecução do evento ou na celebração do negócio.

• As interpretações avocando a análise da motivação (premeditação e voluntariedade) do ato suicídio, ou da má-fé na contratação, decorrem da existência do forte costume do interprete em promover tal análise, ante o exaustivo debate por força da legislação que esteve em vigor por quase um século.

Suicídio

Conclusão:

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O Ministro CASTRO FILHO, em palestra proferida no I Congresso Brasileiro de Seguros e Previdência, promovido pela AIDA– Seção Brasileira, Associação Paulista de Magistrados, Escola Paulista da Magistratura e Academia Paulista de Magistrados, assim se pronunciou:

“O STJ, creio, em matéria de seguro, vai ter que se reajustar, vai ter que mudar a sua jurisprudência, toda ela, está montada no sentido de determinar o pagamento. (...) Mas, agora, ante os termos claros da Lei, parece que vamos ter que rever a jurisprudência.

Suicídio

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Suicídio

• Está em julgamento no STJ um leading case. Trata-se do Resp. nº 1076942/PR

• Dois votos favoráveis à tese da validade da cláusula e um contra.

• Favoráveis:Ministros João Otávio Noronha e Fernando Gonçalvez

• Desfavorável: Min. Luís Felipe Salomão • Votará: Min. Aldir Passarinho

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OBRIGADO

José Armando da Glória [email protected]

www.jarmandobatista.com.brTel. 11 55993797