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27-08-2015
Revista de Imprensa27-08-2015
1. (PT) - i, 27/08/2015, Mais 81500 portugueses com médico de família em quatro meses 1
2. (PT) - Jornal de Notícias, 27/08/2015, Médico de família atribuído a 88% dos utentes 2
3. (PT) - Correio da Manhã, 27/08/2015, Hospitais vão ter de contratar mais 3
4. (PT) - Público, 27/08/2015, Médicos que aceitem mais utentes ganham incentivo de 556 a 741 euros 5
5. (PT) - Público, 27/08/2015, Governo abre concurso para contratar 12 médicos de medicina intensiva 7
6. (PT) - Jornal de Notícias, 27/08/2015, Ordem dos Médicos vai enviar casos graves para a Provedoria deJustiça
8
7. (PT) - Correio da Manhã, 27/08/2015, O caso da impressora 9
8. (PT) - Diário Económico, 27/08/2015, Imagens chocantes nos maços de tabaco para reduzir consumo 10
9. (PT) - Público, 27/08/2015, Nova lei do tabaco é demasiado light para a Direcção-Geral de Saúde 11
10. (PT) - Negócios, 27/08/2015, "Paulo Macedo prepara-se para uma guerra que vai perder" - Entrevista aArtur Osório
14
11. (PT) - Público, 27/08/2015, Teste antecipa em oito meses detecção de metástases do cancro da mama 17
12. (PT) - Diário de Notícias, 27/08/2015, A saúde psicológica dos portugueses 19
13. (PT) - Público, 27/08/2015, Técnicos têm dúvidas sobre risco da dádiva de sangue por gays 20
14. (PT) - Sábado, 27/08/2015, Olhe lá para baixo 21
15. (PT) - Visão, 27/08/2015, Comprimido para a esperteza? 27
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Tiragem: 16000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 13
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Corte: 1 de 1ID: 60724012 27-08-2015
Página 1
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Tiragem: 77417
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 7
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Página 2
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Tiragem: 155537
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 19
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Página 3
Tiragem: 155537
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Área: 3,01 x 2,87 cm²
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Tiragem: 34268
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 8
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NELSON GARRIDO
Médicos que aceitem mais utentes ganham incentivo de 556 a 741 euros
Medida poderá ter efeitos já a partir de Novembro deste ano
O valor do incentivo varia entre os
556 euros e os 741 mensais, depen-
dendo do aumento de número de
utentes e do regime de trabalho (35
ou 40 horas semanais). A proposta
tem carácter excepcional e temporá-
rio, vigorando apenas por dois anos.
Feitas as contas, e num cenário por
muitos considerado irrealista em que
todos os médicos de família de zonas
carenciadas nas condições adequa-
das aceitem o “negócio” proposto pe-
lo Ministério da Saúde para aumen-
tar a sua lista de utentes, o Governo
espera assim dar médico de família
a 197 mil utentes.
Se o plano do Governo se cumprir,
já a partir de Novembro algumas das
zonas identifi cadas como carencia-
das vão começar a sentir os efeitos do
“negócio” que está a propor a alguns
médicos de família. Entre outras zo-
nas críticas que possam ainda vir a
ser detectadas, estarão já defi nidos
como possíveis “alvos” desta medida
os agrupamentos de centros de saú-
de (ACES) de Pinhal Litoral (na Re-
gião Centro), Cascais, Lisboa-Norte,
Loures-Odivelas e Sintra (na área da
Administração Regional de Saúde de
Lisboa e Vale do Tejo), a Unidade Lo-
cal de Saúde do Litoral Alentejano e
ainda os ACES de Algarve Barlavento
e Central. Para responder aos poten-
ciais médicos interessados e garantir
uma cobertura adicional nestes ACES
de 48%, há uma verba que ultrapas-
sa os 11 milhões de euros disponíveis
para os próximos dois anos.
Apesar das críticas e reservas de
vários representantes do sector, o
Governo vai mesmo avançar com a
proposta de um excepcional e tem-
porário regime de incentivos dirigido
aos médicos de família a trabalhar
em zonas carenciadas. Porém, esta
medida pode estar condenada ao fra-
casso e fi ca dependente da respos-
ta voluntária dos médicos. Tanto a
Associação Portuguesa de Medicina
Geral e Familiar (APMGF) como os
dois sindicatos médicos consideram
que esta é uma “proposta eleitoralis-
ta” que não será exequível, prevendo
mesmo que poucos ou nenhuns pro-
fi ssionais venham a aderir. A Ordem
dos Médicos também critica.
Os profi ssionais de saúde argumen-
tam que, nas actuais condições, já
médico, mas o médico não vai ver os
doentes”, acrescentava na mesma
altura a dirigente sindical da Fede-
ração Nacional dos Médicos (FNAM),
Merlinde Madureira.
Para que se cumprisse o objectivo
de dar médico de família a cerca de
200 mil utentes, mais de 300 clínicos
tinham de aceitar a subida máxima
de 1900 para 2260. O acréscimo de
utentes pode ser feito em parcelas
de 50 e com o critério das chama-
das “unidades ponderadas”, em que,
por exemplo, as crianças e os idosos
pesam mais.
Assim, pretende-se que cada mé-
dico consiga responder a um máxi-
mo de uma lista de 1905 (para os que
trabalham 35 horas semanais) e de
2260 utentes (para os que trabalham
40 horas semanais).
O aumento terá um carácter tran-
sitório de dois anos, com uma revi-
são anual, e a adesão dos médicos
de família é voluntária. Mantêm-se
apenas enquanto a zona for consi-
derada como carenciada.
Ontem, o ministério revelou
que que o número de utentes com
médico de família aumentou 1,4%
desde Abril, o que significa que
88% do total de inscritos no Ser-
viço Nacional de Saúde (SNS) têm
um profi ssional destes atribuído.
Segundo a Administração Cen-
tral do Sistema de Saúde (ACSS),
este é o “número mais baixo desde
que há metodologia de verifi cação
e seguimento dos utentes inscri-
tos”. Desde 2011, ano em que se
estimava que houvesse 1.838.795
utentes sem médico, “verifi cou-se
um aumento de 646.522 utentes
com médico de família atribuído”.
Ainda segundo a ACSS, “a evolu-
ção positiva deste indicador, que tem
sido consistente, demonstra que exis-
tem actualmente 8.982.846 utentes
com acesso a médico de família” nos
cuidados de saúde primários, num
universo de 10.202.732 inscritos.
A promessa de atribuir médico de
família a mais portugueses, senão a
todos, é antiga e tem sido renovada
por sucessivos governos. Em Abril,
o Governo anunciou esta proposta
de incentivos e, a dois meses das
eleições, colocou-a em discussão
pública. Agora, prepara-se para a
aprovar, o que inevitavelmente ati-
ra, mais uma vez, o cumprimento da
promessa para o próximo Governo.
com R.B.S. e A.C.
Apesar das críticas, o Governo prepara-se para aprovar proposta aos médicos de família para aumentarem a lista de utentes atendidos em troca de incentivos
SaúdeAndrea Cunha Freitas
muitas vezes é difícil conseguir pres-
tar bons cuidados de saúde, temen-
do o que um aumento da carga de
trabalho poderia representar. “Não
é sequer desejável que os médicos
de família aceitem um aumento de
listas. Não é possível dar consultas
reais”, defendeu ao PÚBLICO Rui No-
gueira, presidente da APMGF, quan-
do o documento foi colocado em dis-
cussão pública. Com esta medida,
“é possível que os doentes vejam o
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Tiragem: 34268
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Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Valor varia entre 556 e 741 euros mensais, dependendo do aumento de número de utentes e do regime de trabalho. Proposta é temporária p8
Médicos ganham incentivo se virem mais doentes
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Tiragem: 34268
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 9
Cores: Cor
Área: 15,99 x 13,71 cm²
Corte: 1 de 1ID: 60723842 27-08-2015
Os hospitais do SNS vão poder con-
tratar 12 médicos da área da medi-
cina intensiva, para tentar reparar
algumas das carências nos serviços
de cuidados intensivos. Reconhe-
cendo uma carência generalizada
destes especialistas e um aumento
de doentes agudos nos serviços hos-
pitalares, o Ministério da Saúde con-
sidera urgente a abertura de 12 vagas
para as necessidades manifestadas
pelos estabelecimentos de saúde.
Trata-se de um concurso nacio-
nal dirigido aos serviços e estabele-
Governo abre concurso para contratar 12 médicos de medicina intensiva
cimentos integrados no SNS para o
preenchimento de 12 postos de tra-
balho em contratos por tempo inde-
terminado. Um passo que vai permi-
tir tapar “alguns buracos”, mas que
fi ca longe de conseguir responder às
actuais necessidades nos serviços de
vários hospitais do país que se têm
queixada das carências nesta área da
medicina. Por outro lado, ainda não
se sabe onde estas vagas serão aber-
tas. A identifi cação dos postos de tra-
balho será feita posteriormente por
despacho do ministro da Saúde.
Este mês, os ministérios das Fi-
nanças e da Saúde publicaram uma
lista de “zonas carenciadas” de
médicos. Na lista, não vem referi-
da a subespecialidade de medici-
na intensiva, que exige formação
específi ca mas pode ser desempe-
nhada por médicos de diversas es-
pecialidades, sendo sobretudo pro-
curada por médicos de medicina
interna, cirurgia e anestesiologia.
SaúdeAndrea Cunha Freitas
Ainda não se sabe em que serviços e hospitais vão abrir as novas vagas que o Ministério da Saúde classifica como urgentes
Ainda assim, o Governo apresen-
ta o Alentejo e Torres Vedras como
as zonas mais carenciadas de mé-
dicos. O despacho nota que o SNS
“apresenta ainda carências graves de
pessoal médico em várias especiali-
dades” e que são notórias as assime-
trias regionais. Defi ne, de seguida,
para a área hospitalar, quais “as zo-
nas qualifi cadas como carenciadas,
por estabelecimento de saúde e es-
pecialidade médica”.
São oito as especialidades médi-
cas, em 14 unidades de saúde do pa-
ís, onde foram detectadas “carências
mais graves”, segundo o despacho:
cardiologia, cirurgia geral, gineco-
logia/obstetrícia, medicina interna,
ortopedia, pediatria médica, psi-
quiatria e urologia. Em Junho deste
ano, o Governo publicou também
a legislação que cria incentivos aos
clínicos que trabalhem em “zonas
carenciadas de trabalhadores médi-
cos”. com Andreia Sanches
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A8
Tiragem: 77417
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 10
Cores: Cor
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A9
Tiragem: 155537
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 19
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Tiragem: 14670
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
Pág: 30
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Tiragem: 34268
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 6
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Corte: 1 de 3ID: 60723834 27-08-2015
Nova lei do tabaco é demasiado light para a Direcção-Geral de Saúde
A partir de 1 de Janeiro, os fumado-
res portugueses vão passar a com-
prar maços de tabaco com imagens
chocantes, como a de uma pessoa
amputada ou a de uma mulher a
cuspir sangue. Criticada por organi-
zações antitabagismo que a conside-
ram pouco restritiva, esta nova legis-
lação — que vem ainda regulamentar
os cigarro electrónicos e criar novas
regras para os espaços para não fu-
madores — foi publicada ontem em
Diário da República. O director-geral
da Saúde, Francisco George, assume
agora que não está satisfeito com o
diploma aprovado no Parlamento.
“Gostaria que tivéssemos ido mais
longe”, confessou ao PÚBLICO.
“Pretendia uma lei mais restriti-
va no que respeita à eliminação do
chamado ‘fumo em segunda mão’
[passivo]. Mas os deputados é que
fi zeram a lei. A lei é uma emanação
da Assembleia da República”, acen-
tua Francisco George.
Aprovada pelo Parlamento com os
votos favoráveis do partidos da maio-
ria (e o deputado socialista Manuel
Mota), além da abstenção de todos os
outros (também a deputada do CDS
Cecília Meireles se absteve), o diplo-
ma apenas contou com o voto contra
da deputada socialista Isabel Moreira.
Substituindo a anterior (em vigor
desde 2008), esta nova legislação es-
tipula que as advertências de saúde
em imagens devem ser acompanha-
das de frases de alerta, do género da-
quelas a que os portugueses já se ha-
bituaram, mas agora os avisos serão
combinados e passam a ocupar um
espaço maior dos maços de tabaco,
de 65% em ambas as faces.
Devem incluir informações para
deixar de fumar, como números de
telefone. Entre as advertências em
texto estão, por exemplo, a de que
“Fumar pode matar o seu fi lho antes
de ele nascer”, Fumar reduz a fer-
tilidade”, ou “Fumar provoca 9 em
cada 10 cancros de pulmão”. Passam
ainda a ser obrigatórias as menções
“Fumar mata — deixe já” e “O fumo
do tabaco contém mais de 70 subs-
tâncias causadoras de cancro”.
As imagens nos maços de tabaco
desencadearam grande controvérsia,
tendo os partidos da oposição ques-
tionado a efi cácia desta medida, que
já é aplicada em vários países, mas
as fotos de choque passaram e vão
mesmo ser obrigatórias.
Mas esta é apenas uma das novi-
dades da complexa legislação que
vem alargar a proibição de fumar a
quase todos os locais públicos fecha-
dos, diminuindo as excepções actual-
mente em vigor e regulamentando os
cigarros electrónicos, que até à data
benefi ciavam de um vazio legal. Os
cigarros electrónicos que possuem
nicotina vão passar a ter de exibir a
advertência de que contêm esta subs-
tância e fi cam sujeitos às mesmas
restrições que os outros cigarros.
Transpondo duas directivas da
União Europeia, a nova legislação
começa por determinar a proibição
de fumar nas áreas com serviço em
todos os estabelecimentos de res-
tauração e bebidas, incluindo os
recintos de diversão, os casinos, os
bingos, as salas de jogo, entre outras.
Só que acaba por ser fl exível, ao criar
prazos alargados para entrada em
vigor de uma série de regras e ao ad-
mitir de novo várias excepções.
Exemplos: as novas regras só en-
tram em vigor a partir de 2021 nos
estabelecimentos com áreas para
fumadores, nomeadamente restau-
rantes que investiram em sistemas de
extracção de ar e de ventilação para
poderem ter espaços para este fi m ou
até para poderem ser destinados ex-
clusivamente a fumadores, dado que
é defi nida uma moratória para adap-
tação, até 31 de Dezembro de 2020.
Acresce que estes locais poderão
continuar a ter áreas destinadas a fu-
madores, desde que estas não pos-
suam qualquer serviço (designada-
mente de bar e restauração) e sejam
“separadas fi sicamente ou totalmen-
te compartimentadas”, uma espécie
de “aquários” ou de “cabines” como
as que já existem, por exemplo, nos
aeroportos. Estas áreas devem passar
a dispor de um sistema de ventilação
para o exterior com extracção de ar
que permita “a manutenção de uma
pressão negativa de pelo menos 5 Pa
(Pascal)”. Mas tudo isto ainda terá
de ser regulamentado por portaria.
Em média, nos Estados-membros, a proporção de fumadores passou de 28 para 26%, enquanto em Portugal se v
Francisco George assume que queria “lei mais restritiva”. “Gostaria que tivéssemos ido mais longe”, diz o director-geral de Saúde. Lei foi publicada ontem em DR
Saúde pública Alexandra Campos
que evite que o fumo se espalhe às
áreas contíguas”.
Outras alterações têm que ver com
o tabaco para cachimbos de água
(narguilé). Percepcionado muitas ve-
zes como menos nocivo, o narguilé passa a ser abrangido pelas mesmas
regras de rotulagem, de forma a evi-
tar que os consumidores sejam indu-
zidos em erro. Mas também é dado
um prazo para adaptação: podem
ser vendidos de acordo com as regras
actuais até Maio de 2017 desde que
tenham sido importados até 20 de
Maio de 2016.
Os produtos do tabaco com aro-
mas distintivos passam igualmente
a ser proibidos, sendo neste caso
aplicável um período transitório até
20 de Maio de 2020, para os aditivos
usados em produtos do tabaco cujo
volume de vendas na União Europeia
seja superior a 3 %, “como é o caso do
mentol”. Os maços deixam ainda de
poder usar termos como “light”, “su-
ave”, “natural” ou “slim” para “não
induzir os consumidores em erro, em
particular os jovens, ao sugerir que
esses produtos são menos nocivos.
Fonte de facturaçãoA nova legislação já tinha sido posta
em causa por organizações não-go-
vernamentais de luta contra o taba-
gismo, que chegaram a pedir ao Par-
lamento que melhorasse a proposta
do Governo. Juntando dezenas de
organizações, este movimento re-
clamou a criação de espaços 100%
livres de tabaco, sem excepções, e
De resto, continuará a ser possível
fumar numa série de espaços. A lei
prevê que possam ser criadas salas
exclusivamente destinadas a pa-
cientes fumadores em hospitais e
serviços psiquiátricos, em centros
de tratamento e de reabilitação, em
unidades de internamento de toxico-
dependentes e alcoólicos, em lares
de idosos e em residências assisti-
das, desde que respeitem as regras
acima referidas.
Também as prisões podem ter
espaços para este fi m. Nas salas de
jogo, casinos e nos estabelecimen-
tos hoteleiros podem ser igualmen-
te reservadas áreas não superiores
a 40% para fumadores, desde que
“tenham sistema de ventilação ou
de extracção do ar para o exterior
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Tiragem: 34268
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 7
Cores: Cor
Área: 25,70 x 30,75 cm²
Corte: 2 de 3ID: 60723834 27-08-2015
Números do tabagismo em Portugal
25%
Fonte: Relatório A Saúde dos Portugueses. Perspectiva 2015, da DGS PÚBLICO
Consumo em alunos do secundário e universitáriosPortugal (% em 2014)
Secundário10.º ano(15,9 anos)
Secundário12.º ano(18,1 anos)
Universitário(22,3 anos)
Prevalência de consumo de tabaco na população com 15 ou mais anos, segundo estimativas dos dados recolhidos em Dezembro de 2014 para um estudo Eurobarómetro. Em 2012 esta estimativa era de 23%.
Prevalência do consumoEm %
Jovens que disseram ter experimentadoPor ano de escolaridade em Portugal (% em 2014)
TotalFemininoMasculino
201220072001
201220072001
201220072001
201220072001
201220072001
201220072001
201220072001
201220072001
201220072001
Último mês
Último ano
Ao longo da vida60,2
63,356
32,834,8
2546,248,9
40,2
36,941,840,4
19,920,3
17,728,230,9
28,8
35,140,140,1
181917,6
26,329,428,6
≤11 anos
12 anos
13 anos
≥14 anos
10.º ano 8.º ano
7,4
26,3
51,1 14,2
33,9
23,6
28,2
15,2
83,5
74,1
55,9
Grau deescolaridade(média de idades)
6,6
13,8
34,4
Nãofuma
Fuma todosos dias
exigiu que as novas regras entrassem
de imediato em vigor, sem sucesso.
A Confederação Portuguesa de
Prevenção do Tabagismo (COPPT),
o Movimento das ONG Portugue-
sas pelo Controlo do Tabagismo
(Mov.T), o Centro de Apoio, Trata-
mento e Recuperação e a Comis-
são de Tabagismo da Sociedade
Portuguesa de Pneumologia alega-
ram, na altura, que nenhuma das
organizações que “defendem os
interesses dos cidadãos” foi ouvi-
da durante o processo de discus-
são da proposta de lei, apesar de o
Governo ter consultado outras en-
tidades do sector comercial e servi-
ços, “com interesses particulares”.
Segundo declarou então Sofi a Ra-
vara, uma das coordenadoras deste
movimento, “a lei, tal como está, pre-
judica a saúde pública e reforça as
desigualdades em saúde, é uma lei
fraca, permissiva e desadequada”.
Dados de um estudo populacional
de 2012 indicam que a esmagadora
maioria dos portugueses (86%) são
a favor de uma proibição total de
fumar nos locais públicos sem ex-
cepções.
De acordo com os resultados do
último Eurobarómetro, Portugal e a
Eslovénia foram os únicos países da
União Europeia (UE) em que houve
uma aumento da proporção e fuma-
dores nos últimos anos, face a 2006
(ver infografi a).
Uma das principais causas de do-
enças graves mortais, o tabaco é
simultaneamente uma signifi cativa
verificou o contrário
SUSANA VERA/REUTERS
fonte de facturação para as empresas
do sector e para o próprio Estado,
porque permite uma cobrança anual
da ordem de 1,5 mil milhões de euros
em impostos (pelo menos era este
montante o que estava previsto para
2015). Mas tudo indica que a previ-
são não se irá concretizar porque,
até Junho, as receitas do imposto de
consumo sobre o tabaco ascenderam
a 543 milhões de euros.
Na comparação com 2012, data do
anterior Eurobarómetro sobre “As
atitudes dos europeus face ao taba-
co”, também se tinha observado em
Portugal um aumento na prevalência
de fumadores, igualmente em con-
traste com a tendência generalizada
para o decréscimo do consumo de
tabaco na UE.
Conclusões do inquérito indicam que haverá 25% de fumadores em Portugal, mas o país continua, bem longe daqueles onde o consumo de tabaco é mais elevado
O que muda na nova lei antitabagismo
Legislação entra em vigor de forma faseada
A nova lei do tabaco foi aprovada no Parlamento, com a abstenção de todos os partidos da oposição.
Onde é que vai ser possível fumar? De acordo com a lei anterior (de 2007, mas que entrou em vigor em 2008), já era proibido fumar na maioria dos espaços públicos fechados, incluindo restaurantes, bares, discotecas e espaços desportivos. Mas há excepções para locais com sistemas de ventilação especiais, que criaram espaços para fumadores ou passaram a ser só para fumadores. Agora também isso passará a ser proibido, em teoria. No entanto, tendo em conta os investimentos efectuados pelos proprietários dos espaços na instalação dos tais sistemas de ventilação, está prevista um prazo de adaptação de cinco anos, pelo que alteração só entra em vigor a partir do início de 2021. Além disso, os estabelecimentos podem continuar a ter áreas para fumadores, com regras mais estritas, do género dos “aquários” que existem aeroportos. E os casinos e os hotéis podem ter áreas para fumadores até 40% do seu espaço.
Imagens chocantesActualmente os maços de cigarro já exibem frases que alertam para os riscos do consumo de tabaco para a saúde. Com a nova lei, estas frases passam a ser acompanhadas de imagens de choque — por exemplo, um casal junto a um caixão de criança, lesões nos dentes, gengivas e pulmões. Também passa a ser obrigatória a colocação de várias frases em conjunto com as imagens, sublinhando que “Fumar mata — deixe já” e “O fumo do tabaco contém mais de 70 substâncias causadoras de cancro”.
Cigarros electrónicos Os cigarros electrónicos que contêm nicotina passam a ser abrangidos por esta lei e por isso também serão vedados nos espaços públicos fechados.
Tabaco para cachimbo de águaOs rótulos passam a ser obrigatórios também nas embalagens de tabaco para cachimbo de água. Os prazos previstos na lei estipulam que os maços com a rotulagem actual podem ser comercializados até Maio de 2017, desde que tenham sido importados até 20 de Maio de 2016.
Tabaco com aromasPassa a ser proibida a utilização de qualquer técnica que altere o odor ou o sabor do tabaco, tal como a intensidade do seu fumo. Mas há um período transitório (até 20 de Maio de 2020) para produtos cujo volume de vendas da União Europeia seja superior a 3% ou mais de uma determinada categoria de produto, caso, por exemplo, do mentol, refere a lei.
Nem “light”, nem “slim” O uso de termos que possam induzir em erro, ao sugerir que os produtos são menos nocivos, passa a ser proibido. Assim, os maços já não podem ser rotulados como “light”, “suave”, “natural” ou “slim”.
Consultas para deixar de fumarEstá prevista a criação de consultas de apoio intensivo à cessação tabágica em todos os agrupamentos de centros de saúde e hospitais do Serviço Nacional de Saúde, designadamente nos serviços de cardiologia, pneumologia, psiquiatria e obstetrícia, nos institutos e serviços de oncologia, nos hospitais psiquiátricos e nos centros de atendimento a alcoólicos e toxicodependentes.
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Francisco George, director-geral de Saúde, assume que queria “lei mais restritiva” p6/7
Nova lei do tabaco é demasiado light para a DGS
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Teste antecipa em oito meses detecção de metástases do cancro da mama
ERIC GAILLARD/REUTERS
Todos os anos, é diagnosticado cancro da mama a cerca de 4500 mulheres em Portugal
O desenvolvimento de um tratamen-
to efi caz para todos os doentes de
cancro é uma das empreitadas mais
difíceis da ciência. Apesar do aumen-
to das taxas de sobrevivência, ainda
há cancros que não têm cura. Nos
últimos anos, a facilidade com que se
fazem análises ao ADN tem permitido
sonhar com uma medicina mais per-
sonalizada que, em teoria, ajudará a
identifi car o melhor tratamento para
cada pessoa. Essa tecnologia está já a
dar frutos e permitiu, agora, anteci-
par em quase oito meses a detecção
de metástases do cancro da mama,
concluiu ontem um estudo na revista
Science Translational Medicine.
“Um dos desafi os-chave no trata-
mento de mulheres com cancro da
mama é distinguir aquelas que cor-
rem o risco de desenvolver cancros
secundários no futuro, depois de te-
rem sido tratadas. Se conseguirmos
identifi car as que correm este risco,
podemos tentar evitar essa reinci-
dência”, explica ao PÚBLICO Nicho-
las Turner, líder de uma equipa no
Instituto de Investigação do Cancro
em Londres, que participou neste
trabalho com cientistas de outras ins-
tituições de Inglaterra e dos EUA.
Da genética ao ambiente, passando
pelo que se consome ou pelos com-
portamentos individuais, há variadís-
simas causas para o cancro. Mas o re-
sultado é igual: há células que sofrem
mutações no seu material genético,
transformam-se, multiplicam-se e fo-
gem ao controlo do corpo, deixando
de desempenhar as suas funções e
invadindo outros tecidos.
Se o cancro não for tratado, acaba
por pôr em xeque o organismo. De-
pendendo de onde o cancro surge
ou de quais os tecidos que invade,
os efeitos são diferentes. Um cancro
pulmonar pode matar alguém que
acaba por não conseguir respirar, en-
quanto um cancro no fígado pode
alterar os níveis de cálcio no corpo
levando, no extremo, à morte.
Em Portugal, cerca de 4500 mu-
lheres são diagnosticadas com can-
cro da mama todos os anos. A taxa
de sobrevivência a cinco anos para
este cancro é alta em Portugal, de
83,4% entre 2005 e 2009, segundo
um estudo publicado na revista The
Lancet em 2014.
identifi car precocemente a doença.
E em média os testes deram resulta-
dos positivos 7,9 meses antes de as
metástases serem identifi cadas pelas
técnicas convencionais.
“Mostrámos que é possível prever
quem estava em risco de ter uma
reincidência. Temos esperança de
usar estes testes para evitar ou adiar
o aparecimento das metástases”, diz
Nicholas Turner. “Há testes de sangue
para marcadores tumorais, que po-
dem ser úteis em cancros da mama
avançados. Mas não são sufi ciente-
mente sensíveis para detectar peque-
nas quantidades de células cancero-
sas, como fi zemos neste estudo.”
As três mulheres em quem não se
identifi cou o ADN mutado, mas que
voltaram a ter cancro desenvolve-
ram-no no cérebro. Os cientistas pen-
sam que a barreira hematoencefálica
— uma barreira de células à volta dos
vasos sanguíneos que protege o cé-
rebro de substâncias perigosas, vírus
ou bactérias no sangue — impediu
que o ADN das células cancerosas no
cérebro fosse parar ao sangue.
Segundo Tilak Sundaresan e Da-
niel Haber, investigadores do Centro
de Cancro da Faculdade de Medicina
de Harvard, nos EUA, há limitações
neste estudo, escrevem num comen-
tário que acompanha o artigo cientí-
fi co. Não se sabe, por exemplo, se o
teste ao sangue funcionaria tão bem
nas mulheres que não têm, inicial-
mente, um cancro agressivo. Ainda
assim, são elogiosos: “Os resultados
impressionantes deste estudo piloto
fundamentam a utilidade da análise
do ADN para a personalização do tra-
tamento do cancro da mama.”
Para o ano haverá ensaios clínicos
mais abrangentes para se compreen-
der melhor a efi cácia do teste, diz
Nicholas Turner, citado num comu-
nicado do seu instituto. Mas é preciso
olhar para estes resultados com cau-
tela: “Ainda vão passar alguns anos
antes deste teste estar disponível nos
hospitais.”
Detecção de ADN das células cancerosas no sangue, após quimioterapia e cirurgia, feita em 55 mulheres com cancro da mama. Teste conseguiu encontrar ADN em 80% das mulheres que desenvolveram metástases
Saúde Nicolau Ferreira
cientistas foram procurar no sangue
de cada uma das 43 mulheres o ADN
com mutações. As análises foram fei-
tas após o tratamento e de seis em
seis meses, durante cerca de dois
anos. E em 13 destas 43 mulheres foi
detectado ADN mutado pelo menos
uma vez. Entre este grupo de 13 mu-
lheres, 12 desenvolveram metástases.
Já nas 30 mulheres em que os cien-
tistas não encontraram ADN mutado
após o tratamento, o cancro reincidiu
apenas em três. Ao todo, das 43 mu-
lheres com mutações ligadas aos 14
genes, 15 voltaram a ter cancro.
“Resultado impressionante”Assim, as mulheres com ADN das
células cancerosas no sangue após
o tratamento têm um risco 12 vezes
maior de uma reincidência, nos dois
anos a seguir ao tratamento, do que
aquelas em que não se encontrou
ADN mutado. Por isso, das 15 mu-
lheres que desenvolveram metásta-
ses, em 80% este método conseguiu
Dependendo do tamanho do tu-
mor e de indicadores como o pró-
prio tipo de cancro, a doença pode
ser mais perigosa nuns casos do que
noutros. Nos cancros mais agressi-
vos, além da cirurgia, há um trata-
mento de quimioterapia que ante-
cede a cirurgia. As 55 mulheres que
participaram neste estudo passaram
todas por este tratamento duplo.
Mas antes de ter iniciado o trata-
mento, a equipa analisou as células
cancerosas da mama de cada uma
das 55 mulheres, para procurar mu-
tações em 14 genes associados ao
cancro da mama. O objectivo era
permitir mais tarde, fazendo testes
ao sangue, procurar os pedacinhos
de ADN com as mutações genéticas.
Sabe-se que o material genético de
algumas das células cancerosas que
morrem acaba na circulação sanguí-
nea em quantidades mínimas.
Das 55 mulheres, 43 tinham mu-
tações genéticas em um, ou mais,
dos 14 genes. Após o tratamento, os
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“Um dos desafi os-chave no tratamento de mulheres com cancro da mama é distinguir as que correm risco de desenvolver cancros no futuro”, diz investigador p29
Teste antecipa em 8 meses detecçãode metástases
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ADRIANO MIRANDA
Peritos propõem avaliação de um ano nas dádivas de sangue
As autoridades de saúde em Portugal
têm dúvidas se a dádiva de sangue
por homo e bissexuais apresenta ou
não riscos para os potenciais recep-
tores. A constatação aparece num
relatório entregue em Julho por um
grupo de trabalho do Instituto Portu-
guês do Sangue e da Transplantação
(IPST), organismo que coordena a
colheita de sangue. O documento, as-
sinado por oito peritos, foi entretan-
to validado pelo conselho directivo
do IPST e pelo secretário de Estado
adjunto do ministro da Saúde, Fer-
nando Leal da Costa.
No relatório, os especialistas di-
zem ter sido unânime a conclusão
de que é necessário acabar com a
actual política que proíbe a dádiva
de sangue por homo e bissexuais
(ou “homens que têm sexo com ho-
mens”, HSH, como designam os epi-
demiologistas). Recomendam que
a actual suspensão defi nitiva passe
a ser temporária, mas acrescentam
que não houve consenso quanto aos
novos “critérios de elegibilidade” a
introduzir.
Deixam três hipóteses em aberto:
os HSH apenas poderão dar sangue
12 meses após o último contacto
sexual; ou seis meses após o últi-
mo contacto; ou ainda seis meses
após um novo parceiro sexual fi -
xo, o que neste último caso implicará
uma “avaliação individual do risco”,
a fazer pelos serviços de colheita de
sangue.
Qualquer que venha a ser o crité-
rio, vai vigorar de forma provisória
durante um ano, revela ao PÚBLICO
Francisco George, responsável má-
ximo pela Direcção-Geral da Saúde
(DGS).
Actualmente, os HSH estão proibi-
dos de dar sangue em Portugal, ape-
sar de uma resolução da Assembleia
da República, de Abril de 2010, reco-
mendar ao Governo a “elaboração e
divulgação de um documento nor-
mativo” que “proíba expressamen-
te a discriminação dos dadores de
sangue com base na sua orientação
sexual”.
O relatório do grupo de trabalho
refere que o cálculo do risco que está
a ser utilizado em Portugal tem por
Técnicos têm dúvidas sobre risco da dádiva de sangue por gays
Ainda assim, José Soeiro critica
“o tom e a linguagem desiguais” do
relatório, por isso evidenciar “falta
de consenso científi co sobre esta
matéria”. Aponta o “facto extraor-
dinário” de o documento “basear
todo o raciocínio na categoria HSH
e não em comportamentos de riscos:
sexo anal sem preservativo, seja de
homens ou mulheres, por exemplo”.
“A categoria HSH não é relevante, os
comportamentos de risco é que são
relevantes”, sublinha o deputado.
Outro aspecto destacado no rela-
tório é o tempo de duração das no-
vas regras. Os peritos recomendam
a “avaliação um ano após o início da
implementação de qualquer das hi-
póteses”.
Francisco George confi rma que,
“de certa forma, é provisória” a
permissão para que os HSH dêem
sangue em Portugal. “Não há aqui
nenhuma decisão irreversível, se a
prática mostrar que, do ponto de
vista científi co, é preciso mudar,
até mesmo antes de decorridos os
12 meses, muda-se, não temos ne-
nhum problema com isso”, afi rma
o director-geral da Saúde.
Intitulado Comportamentos de Risco com Impacto na Segurança do Sangue e na Gestão de Dadores, o rela-
tório foi remetido pelo IPST ao secre-
tário de Estado adjunto do ministro
da Saúde, em fi ns de Julho. A 18 de
Agosto, Fernando Leal da Costa emi-
tiu despacho, encarregando a DGS e
o IPST de elaborarem e divulgarem
as novas normas até 31 de Outubro.
Para tanto, um comité de especia-
listas irá reunir-se “nos primeiros
dias de Setembro”, adianta Francis-
co George. Qual dos três prazos de
suspensão serão adoptados, ou se
serão os três, este responsável não
quis comentar.
base modelos teóricos desenvolvidos
por investigadores noutros países,
onde as características da epidemia
da sida são diferentes. “É inexisten-
te a evidência científi ca publicada a
nível nacional relativamente à ava-
liação do risco infeccioso VIH” que
advenha da alteração dos “critérios
de elegibilidade”, lê-se.
Os peritos acrescentam: “Apesar
de ser escassa a evidência científi ca
publicada a nível internacional rela-
tivamente à avaliação do risco infec-
cioso VIH face à alteração do critério
de elegibilidade para HSH, foi sobre
essa análise de avaliação de risco que
se elaborou o pressuposto metodoló-
gico” hoje utilizado em Portugal.
Novas regras em OutubroSe as novas regras entrarem em vigor
até ao fi m de Outubro, como deter-
mina o Governo, a avaliação do risco
de colheita de sangue contaminado
estará a ser feita sem previsão teórica
adaptada à realidade portuguesa.
É neste contexto que o grupo de
trabalho recomenda ao Governo o
“desenvolvimento de um modelo
[matemático] de avaliação do risco
infecioso VIH transfusional”.
Questionado sobre este assunto,
o director-geral da Saúde limita-se
a dizer que “o risco é conhecido”,
referindo-se, presumivelmente, aos
modelos matemáticos de outros paí-
ses. O IPST e o Ministério da Saúde
não responderam a várias tentativas
de contacto.
O deputado José Soeiro, do Bloco
de Esquerda, partido que há vários
anos contestava a exclusão de homo
e bissexuais, não vê razões para alar-
me. Considera “positiva” a recomen-
dação para que se “recolham mais
dados e se faça uma análise mais sus-
tentada” do cálculo de risco.
Saúde pública Bruno Horta
Risco de abrir a porta a dadores nunca foi estudado tendo em conta a realidade portuguesa. Autorização pode ser temporária
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COMPRIMIDO PARA A ESPERTEZA? Aprovado para tratar distúrbios do sono, o modafinil popularizou-se como estimulante cognitivo. Agora acaba de ser declarado seguro para uso generalizado. Ainda assim, há quem recomende prudência... POR TERESA CAMPOS
Tanto para fazer, tão pouco tempo. Foi a pensar nisto que um medicamento para a narcolepsia se tornou o melhor amigo de quem precisa fazer verdadei-
ras maratonas sem dormir. Os militares usam-no; os atletas usam-no; os estudan-tes usam-no. No mundo dos corretores da bolsa é igualmente famoso. Entre as tecnológicas de Sillicon Valley, também. «Consigo fixar uma série de coisas de uma vez», reconhece Jesper Noehr, 30 anos, diretor informático de uma dessas start ups, citado pelo The Guardian, assumin-do que todas as manhãs, antes de ir para o trabalho, engole destes comprimidos para ficar mais concentrado, melhorar a memória e aumentar a produtividade.
É sobre um destes medicamentos que cai agora o carimbo de segurança do European Neuropsychopharmacology, a publicação ofi-cial do colégio europeu da especialidade: segundo a instituição, que analisou resul-tados de 24 estudos desenvolvidos entre 1990 e 2014, o uso de modafinil não traz riscos acrescidos – anunciando assim que estaremos perante uma verdadeira smart drug, ou um nootrópico (do grego noos para 'mente'), um composto que aumenta o desempenho cognitivo do ser humano sem ser tóxico, viciante ou com outros efeitos colaterais.
Droga-maravilha O efeito desta espécie de Viagra do cérebro de que falamos – cujo mecanismo de ação a nível neuronal ainda não é totalmente conhecido – já tinha sido descoberto nos anos 1990, primeiro no gato. O francês Michel Jouvet, da Universidade de Lyon, especialista mundial do sono e do sonho, publicou com a sua equipa um artigo em que falava do acrescido estado de vigília nos animais tratados com modafinil, e que não mostravam a excitação usual causada pelas anfetaminas. A substância atua ao nível dos recetores cerebrais do neurotransmissor chamado dopamina, que desempenha fun-ções essenciais ao nível do sono, da aten-ção, da aprendizagem e da motivação, im-pedindo que, uma vez libertada no cérebro, seja reabsorvida pelas células.
Em 1998, era aprovado pela Food and Dru-gs Administration, a agência norte-america-na que comercializa os medicamentos, para tratar a narcolepsia, essa condição neuro-lógica caracterizada por episódios irresis-
SOCIEDADE SAÚDE
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tíveis de sono, e outros distúrbios do sono. Meia dúzia de anos depois, jornais ingleses e americanos alertavam para o seu uso ge-neralizado como estimulante do cérebro – por estudantes e programadores informá-ticos, mas também camionistas ou outros trabalhadores por turnos. Por exemplo, en-tre os primeiros utilizadores da substância fora de contexto estão os pilotos norte-a-mericanos que voavam cerca de 35 horas em missões de bombardeamento no Médio Oriente e no Iraque. A seguir, apareceu na lista do controlo antidopping nos EUA, com seis atletas a serem impedidos de ir aos jo-gos, em 2004, entre eles a mais rápida do mundo, Kelly White, campeã mundial dos 100 e 200 metros.
O boom do seu consumo já tinha come-çado: só nos EUA, no primeiro ano, a Ce-phalon, empresa que comercializa a subs-tância, faturou 25 milhões de dólares, em 2005, o número estava nos 575 milhões; dez anos depois, venderam-se perto de 60 mi-lhões de unidades. Em Portugal, segundo a consultora IMS Health, nos últimos dois anos, foram prescritas menos de 300 mil
unidades. Mas a estes números escapam por completo outros canais de distribui-ção, como a internet, porventura bem mais poderosa...
Do entusiasmo à precaução Quem trabalha na área da regulação do sono, como Russel Foster, um biólogo de Oxford citado pela New Scientist, há mui-to que acreditava que em breve seríamos capazes de usar todo o tipo de farmacopeia para ligar e desligar o sono, de forma a criar dias com 22 horas de atividade seguidas, sem consequências negativas. O modafinil parece ter antecipado essa previsão. Mas nem toda a comunidade médica e científica está assim tão entusiasmada.
«Não há medicamentos sem efeitos se-cundários – ou não funcionam de todo», insiste António Vaz Carneiro, médico e professor da Faculdade de Medicina da Uni-versidade de Lisboa, onde também dirige o Centro de Medicina Baseada na Evidência, para quem «a inteligência nunca virá em comprimidos». Teresa Summavielle, neu-rocientista do Instituto de Biologia Mole-cular e Celular da Universidade do Porto, anui que poderá não ter efeitos secundá-rios visíveis, sobretudo comparando com outras substâncias usadas com o mesmo fim – mas insiste que será sempre em usos esporádicos. «Continuamos sem saber os efeitos a longo prazo e dificilmente alguma comissão de ética autorizará estudos para esse fim», acrescenta, a lembrar que o me-dicamento continua a não estar regulado como estimulante cognitivo. «Nem o aces-so é livre, porque só é vendido com receita e não acredito que algum médico o vá recei-tar para alguém ter melhores resultados em exames, por exemplo. Ou então compram pela internet.», remata a investigadora.
Acesso livre ou... condicionado A verdade é que a pressão para os médicos passarem receitas é real, confirma Tiago Reis Marques, médico psiquiatra no Maud-sley Hospital e investigador do Instituto de Psiquiatria do Kings College de Lon-dres, que dá também consultas no Centro Cirúrgico de Coimbra. No seu entender, trata-se de uma área que levanta ainda mui-tas questões éticas. «Por mais seguro que possa ser, até que ponto devemos ir além das nossas capacidades?», questiona-se, sobretudo quando se apercebe da pressão dos pais para que os filhos sejam diagnos-ticados com um distúrbio que lhes permita
obterem uma receita para comprar estes estimulantes cognitivos, já que a alternati-va é a compra online.
Mas para já parece não haver forma, nem vontade, de parar este caminho: ao boom do consumo, segue-se o aumento exponencial das biotecnológicas a tentar ganhar espa-ço neste mercado. «À semelhança do que aconteceu com as anfetaminas e os speeds das décadas passadas, com o aumento da procura destas substâncias, há cada vez mais empresas a especializarem-se no seu desenvolvimento», avança ainda Tiago Reis Marques, a lembrar, no entanto, que o número destas novas drogas cresce a uma velocidade muito maior do que a nossa ca-pacidade de as testar.
EM PORTUGAL, O MAIOR CONSUMO DESTE ESTIMULANTE É FEITO PELA POPULAÇÃO FEMININA, ENTRE OS 40 E OS 54 ANOS, NA GRANDE LISBOA. MAS A ESTES NÚMEROS ESCAPAM AS VENDAS ONLINE
SOCIEDADE SAÚDE
MITOS...
Sudoku e outros jogos
É verdade que manter o cérebro ativo é muito importante para uma boa saúde mental mas não é por fazer mais palavras cruzadas e afins que vai ficar mais inteligente.
Suplementos
O mercado está cheio de produtos – como a ginkgo biloba ou o ginseng – que prometem melhorar a inteligência mas poucos passaram por uma avaliação científica séria.
...E FACTOS
Sono
Nada parece bater os efeitos de uma boa noite de sono. Segundo as mais recentes investigações na área, o sono limpa efetivamente o cérebro e prepara-o para estar ao seu melhor nível, na manhã seguinte.
Cafeína
Depois de anos como um mau da fita, o café é a mais recente descoberta dos amantes da vida saudável. Num recente estudo da Escola de Medicina da Universidade John Hopkins, nos EUA, o seu consumo surge mesmo associado a um menor risco de desenvolver doenças do cérebro.
ESTIMULANTES CEREBRAIS
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