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09-06-2016

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Revista de Imprensa09-06-2016

1. (PT) - Jornal de Notícias, 09/06/2016, Cuidados paliativos infantis 1

2. (PT) - Jornal de Notícias, 09/06/2016, Saúde - Concursos médicos mais rápidos 2

3. (PT) - Diário de Notícias, 09/06/2016, Hepatite C. Metade dos doentes curados até ao final do ano 3

4. (PT) - Público, 09/06/2016, A alimentação saudável é uma questão política 5

5. (PT) - Diário de Notícias, 09/06/2016, Congresso transmite em direto 23 cirurgias 6

6. (PT) - Público, 09/06/2016, Presidente Marcelo não trava a esquerda e satisfaz a direita 7

7. (PT) - Jornal de Notícias, 09/06/2016, Grávida deve poder anular entrega do bebé 12

8. (PT) - Diário de Notícias, 09/06/2016, Banco público de esperma não conseguirá dar resposta à nova lei 13

9. (PT) - Correio da Manhã, 09/06/2016, Correio da saúde 16

10. (PT) - Jornal de Notícias, 09/06/2016, Emergência - Liga dos Bombeiros acusa INEM de ter estilo "autistae elitista" para as corporações

17

11. (PT) - i, 09/06/2016, Editorial - Um milagre que nos faz pensar na vida 18

12. (PT) - Diário de Notícias, 09/06/2016, O grande trabalho de bastidores que ajudou a nascer um "bebéúnico"

19

13. (PT) - Público, 09/06/2016, Para a família “há alguém que nasce e alguém que tem de levar a enterrar” 22

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A1

Tiragem: 70287

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 26

Cores: Cor

Área: 4,76 x 5,34 cm²

Corte: 1 de 1ID: 64806492 09-06-2016

Matosinhos Cuidados paliativos Infantis • A primeira unidade de cui-dados paliativos pediátricos do pais abre este més. de forma experimental, em S. Mamede de Infesta, disponibilizando 10 lugares para internamento e outros tantos para ambulató-rio. A obra "O Kastelo" é inau-gurada no dia 24 pelo presi-dente da República.

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A2

Tiragem: 70287

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 12

Cores: Cor

Área: 4,88 x 5,66 cm²

Corte: 1 de 1ID: 64806015 09-06-2016

Saúdo Concursos médicos mais rápidos

• Os hospitais e centros de saúde com comprovada carén - cia de médicos, identificados num despacho a publicar den-tro de dias, vão poder contra-tar mais rapidamente especia-listas acabados de formar. Um decreto-lei publicado ontem diz que os concursos passam a ser urgentes e a contratação realiza-se em poucos dias.

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A3

Tiragem: 26347

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 10

Cores: Cor

Área: 25,50 x 30,00 cm²

Corte: 1 de 2ID: 64805927 09-06-2016

Até 2017 metade dos doentes com hepatite C podem estar curados Tratamentos. Nos hospitais estão inscritos 13 mil doentes. A taxa de sucesso da nova medicação, a ser dada desde 2014, é de 95%. Tendo em conta os tratamentos já iniciados, em breve podem estar curados 7300 pessoas. ANA MAIA

"É uma felicidade enorme receber-mos alguém que mostra as análises e diz: 'Estou curado.' E, mais do que isso, 'abri uma empresa e tenho 200 trabalhadores'. Acho que foi um grande investimento e é um da-queles momentos em que deve-mos ter orgulho de sermos portu-gueses e de fazer parte de uma ins-tituição que deu este contributo com o apoio do governo", conta Carlos Martins, presidente do Con-selho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), que no ano passado tratou mil doentes. Até ao momento, no país, iniciaram-se 7676 tratamentos.

Os resultados têm sido muito po-sitivos, referem os especialistas, a cumpriras previsões apontadas pe-los ensaios clínicos: a taxa de doen-tes curados tem oscilado sempre entre os 95% e os 96%. Os números atuais refletem isso mesmo. Dos 2810 tratamentos finalizados, 2702 estão curados e 108 não. O que dá 4% de insucesso. Atendendo aos re-sultados e ao número de tratamen-tos já iniciados, poderão estar cura-dos entre o final deste ano e feverei-ro do próximo 7300 doentes, ou seja, cerca de metade dos pacientes que estão inscritos nos hospitais do SNS.

No final de dezembro tinham ini-ciado tratamento 5322 doentes. Atualmente a contagem, atualizada pela última vez na segunda-feira passada, está em 7676, o que dá uma média de 400 novos tratamen-tos por mês. A este ritmo, chegar--se-á ao final do prazo do acordo—foi assinado por dois anos, por isso fevereiro do próximo ano—com cer-ca de 10 500 doentes a serem trata-dos. Paulo Macedo, na altura à fren-te do Ministério da Saúde, adiantou que podiam ser tratados até 13 mil pewkac, mas estimava que nem to-dos precisassem de medicação. Pre-via que fossem tratados por ano cin-co mil doentes.

"Os tratamentos duram três aseis meses e é preciso esperar mais três [após o fim da medicação) para tero resultado final. Acredito que até ao final do ano poderemos ter dez mil tratamentos iniciados. Esperamos que dentro de seis a nove meses te-nhamos cerca de oito mil portugue-ses curados. Os resultados são ex-traordinários, semelhantes aos dos

qY

ji

ensaios clínicos. Não há quase ne-nhum doente que não fique cura-do", diz &Trato Marinho, vice-pre-sidentedaSociedade Portuguesa de Gastroenterologia, salientando o progresso que a investigação permi-tiu, ou seja, pela primeira vez matar

RETRATO

7676 > tratamentos iniciados Desde fevereiro do ano passado, altura em que o Ministério da Saúde, com Paulo Macedo à frente da pasta, assinou o acordo com a Cl lead.

2702 > doentes curados O que corresponde a cerca de 96% do total de tratamentos finalizados, até ao momento 2810. Destes,108 doentes foram dados como não curados.

um vírus. 'Apesar da eliminação do vírus, numa pessoa com cirrose o risco de cancro mantém-se", alerta.

Antes de fevereiro de 2015, o Hos-pital de Santa Maria tinha 84 doen-tes em tratamento. 'Antes do acor-do éramos o centro hospitalar com mais doentes em tratamento. Mas tenho de salientar que, dos doentes em tratamento, entre 50 a 60 foram tratados em ensaios clínicos. Foi um investimento partilhado com a in-dústria'; explica Carlos Martins, pre-sidente do CHLN.

"Em 2014 tratámos 200 doentes com hepatite C, em 2015 foram cin-co vezes mais: aproximadamente mil. Neste ano, as estimativas apon-tam para 1200 doentes tratadas", re-força o responsável, explicando que em relação os custos com a medica-ção, que são feitos de forma centra-lizada pela Administração Central do Sistema de Saúde sem afetar os orçamentos dos hospitais, no ano passado tiveram algum impacto, mas que neste ano o saldo está equi-librado. "Não terá grande impacto nas contas e esperamos continuar a

saber que estamos a devolvera vida a muitas pessoas e muitos cidadãos à sua atividade profissional."

Ritmo a diminuir Luís Mendão, presidente do Grupo Português de Ativistas sobre Trata-mentos deVIH/Sida (GAT), tam-bém refere que "as taxas de suces-so são esplêndidas" e que do pon-to de vista da eficácia "os resultados são muito bons". Mas aponta: "Se não houver um novo impulso para iniciar novo tratamentos com rapi-dez, podemos ter dificuldades em cumprir o acordo, que era de tratar até 13 mil doentes e com isso não conseguirmos o melhor preço por tratamento."

Questionado, o Infarmed adian-ta que o acordo "tem vigência de dois anos e considera um universo de 13 000 doentes. Ainda não foi concluído o período de vigência, pelo que não se pode afirmar que o acordo não será cumprido. Pode-mos adiantar que o mesmo corre como estipulado, encontrando-se o processo de renegociação previsto

e já anunciado publicamente ainda numa fase precoce".

A perceção, reforça Luis Mendão, "é que há um abrandamento signi-ficativo de tratamentos iniciados. Não sabemos se há uma diminui-ção dos tratamentos pedidos. Exis-tem locais, como o Algarve, onde há mais pessoas com tratamento apro-vado, mas que ainda não o inicia-ram. Tem de se esclarecer a razão. Falta a integração dos doentes que estão no sistema prisional e existem dificuldades para as pessoas que usam drogas e que estão em trata-mento de substituição. Também não temos dados sobre novos doen-tes que estão a chegar aos hospitais. As estimativas apontam para 40 mil pessoas com hepatite C. A criação do programa prioritário é um sinal positivo", diz.

Tato Marinho acrescenta que a incapacidade logística em alguns locais pode explicar o abrandamen-to, como a falta de equipamento para avaliar o grau de fibrose do fí-gado e sem o qual não se pode ini-ciar o tratamento.

Gritou pela vida. E está curado

SUCESSO Em fevereiro do ano passado tornou-se um dos rostos mais conhecidos da luta dos doentes com he-patite C pelo acesso à medi-caga° inovadora. "Não me deixe morrer; gritou ao anta° ministro da Saúde, Paulo Macedo, na comissão de Saúde. O acordo entre o governo e tia dos laborató-rio foi assinado lagoa seguir. Em janeiro, José Carlos teve a confirmaglio de que estava curado do vírus, mas ainda sem certeza de vira precisar de um transplante de fígado. "Só fia a minha parle, com a convicofflo de que temos de lutar até tombar. É claro que esta é tina vitória e sinto que flz parte desta lula", disse ando ao DN. Recentemente foi assinado um acordo com um outro laboratório que permitirá tratar orca de 100 doentes com hopatiteC

que fazem (fitilho.

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Tiragem: 26347

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Preto e Branco

Área: 15,70 x 9,05 cm²

Corte: 2 de 2ID: 64805927 09-06-2016

Hepatite C Metade dos doentes curados até ao final do ano Saúde Os mais de sete mil doentes que já iniciaram tratamento com o me-dicamento inovador-que apresenta uma taxa de sucesso de 95% - ficarão curados até ao fim do ano. Até agora estão inscritas nos hospitais 13 mil pes-soas com hepatite C e dessas 2700 já não têm o vírus. Preço do medicamento que o anterior ministro da Saúde garantiu está a ser renegociado. PORIWALPM 10

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A5

Tiragem: 32857

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 53

Cores: Cor

Área: 13,35 x 29,90 cm²

Corte: 1 de 1ID: 64805776 09-06-2016

A alimentação saudável é uma questão política

A evolução das políticas de

alimentação, inicialmente, e de

nutrição, posteriormente, tem

sido paralela à própria evolução

histórica das sociedades e das

correntes políticas vigentes.

As primeiras preocupações

com o desenho de políticas

alimentares tinham como único

objetivo assegurar a produção

de alimentos sufi cientes e o seu consumo

regular pela população, ou seja, tinham

por meta melhorar a disponibilidade

alimentar através da produção quantitativa

de alimentos associada à produção agrícola.

Essas preocupações foram sofrendo

modifi cações ao longo dos tempos,

acabando por se focar posteriormente na

higio-sanidade alimentar, no conhecimento

da composição dos alimentos e do estado

nutricional das populações e na capacitação

dos cidadãos para o controlo da saúde e da

alimentação.

Atualmente, uma das principais

preocupações dos Estados-membros da

União Europeia (UE) nesta questão tem

sido a alteração do atual paradigma da

disponibilidade alimentar, de forma a tornar

mais acessíveis às populações os alimentos

mais saudáveis e mais inacessíveis os

alimentos com baixa densidade nutricional,

ricos em açúcar, gordura trans ou sal.

A disponibilidade alimentar é um dos

principais fatores na escolha dos alimentos,

ainda que conjugado com fatores como a

educação e o conhecimento, o contexto

social e os determinantes biológicos.

Uma das estratégias de alteração da

disponibilidade alimentar é a utilização

de medidas económicas e de incentivo de

preço para promover comportamentos

alimentares saudáveis. Medidas como a

taxação superior de produtos alimentares

com efeitos negativos na saúde dos

consumidores (e.g. o açúcar) e a subsidiação

de produtos alimentares com benefícios

para a saúde — casos da fruta e dos legumes

— foram já adotadas por vários países da UE,

nomeadamente no Reino Unido, Finlândia,

Hungria e França. Melhorar a alimentação

e nutrição da população é essencial para a

melhoria da saúde pública e ferramentas

económicas bem desenhadas poderão

ser ajudas válidas nessa aspiração. Outra

estratégia é facilitar e tornar mais acessível

a escolha de produtos mais saudáveis pela

população.

É neste sentido a recente medida do

Ministério da Saúde para promover oferta

alimentar mais saudável nas máquinas de

venda automática nas várias instituições

que integram o Serviço Nacional de Saúde.

Existe uma evidência robusta sobre os

efeitos nocivos na saúde dos alimentos

com elevada densidade energética, ricos

em açúcar, sal e gordura, pelo que deve ser

uma preocupação do Estado a alteração da

disponibilidade alimentar de forma a tornar

mais acessíveis

à população os

alimentos mais

saudáveis.

Embora possa

parecer um pequeno

passo, é graças a

este tipo de ações

que se podem

alcançar grandes

ganhos em saúde

a médio e longo

prazo e ver surgir

outras medidas

capazes de fazer a

diferença na saúde

dos portugueses e na

sustentabilidade do

Serviço Nacional de

Saúde.

É notório que

o ambiente e a

disponibilidade

alimentar no local de trabalho têm infl uência

nos hábitos alimentares dos indivíduos,

pelo que é importante que as instituições

se imponham como promotoras de saúde,

devendo assumir práticas que promovam,

junto dos seus profi ssionais e utentes, a

adoção de comportamentos saudáveis e em

conformidade com a política de saúde.

Esta ação pode ser sinónimo de

um impacto económico positivo,

nomeadamente pela obtenção de ganhos em

saúde, tais como a diminuição do risco de

desenvolvimento de doenças crónicas, como

a obesidade e a diabetes, que acarretam

uma grande carga para a economia e para os

serviços de saúde.

Contudo, para o sucesso desta medida

terão sempre de contribuir diversos

fatores, nomeadamente a implementação

em Portugal de uma política alimentar e

nutricional coerente, materializada em

diversas ações de promoção de literacia

e vigilância alimentar, mas também na

criação de sinergias entre outras instituições

nacionais, que poderão replicar medidas

como esta para a sua respetiva realidade.

Bastonária da Ordem dos Nutricionistas

É importante que as instituições se imponham como promotoras de saúde

DANIEL ROCHA

Debate NutricionismoAlexandra Bento

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A6

Tiragem: 26347

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 22

Cores: Preto e Branco

Área: 5,53 x 30,00 cm²

Corte: 1 de 1ID: 64806048 09-06-2016

Congresso transmite em direto 23 cirurgias

UMA 600 cirurgiões da área da urologia reúnem-se na Fundação Champalimaud para estudar novas cirurgias minimamente invasivas

Os participantes do Congresso Eu-ropeu de Laparoscopia e Robótica, que decorre na Fundação Cham-palimaud a partir de hoje, vão po-der assistira 23 cirurgias minima-mente invasivas, uma prática ain-da pouco utilizada em Portugal.

O cirurgião Jorge Fonseca, res-ponsável pela organização do evento, ao qual está associado o Hospital de Santa Maria, explicou à Lusa que o congresso é uma oportunidade para os cirurgiões, nomeadamente os mais novos, ve-rem os melhores profissionais do mundo a operar desta forma mini-mamente invasiva.

Isto acontece numa altura em que "os cirurgiões estão a transitar das cirurgias abertas- com abertu-ra do abdómen - para as minima-mente invasivas", o que "não é fácil", nomeadamente para os que durante 20,30 anos se habituaram a usar as mãos e os olhos para ope-rar.

Neste tipo de cirurgias minima-mente invasivas, acrescentou o médico, os olhos do cirurgião são uma câmara de vídeo cirúrgica e, no lugar das mãos, são usadas pin-ças que se introduzem por orifícios, através dos quais é conduzida a operação.

Estas cirurgias "evitam danos nos tecidos" e "melhoram a quali-dade de vida dos doentes".

Apesar destes benefícios, esta "não é a prática habitual da maior parte dos centros em todo o mun-do", razão por que congressos des-ta natureza são "oportunidades únicas para se assistir à forma como estes cirurgiões, de elevada experiência, trabalham".

Orando procura "Estes congressos têm grande pro-cura, porque os cirurgiões podem adquirir estas técnicas e podem passar da cirurgia aberta para mi-nimamente invasiva", acrescentou.

No encontro internacional par-ticipam 80 cirurgiões portugueses e igual número de espanhóis da área da urologia, sendo ainda es-perados cerca de 600 profissionais de todo o mundo.

O congresso é interativo, poden-do os participantes assistir a 23 ci-rurgias que serão transmitidas em direto ao longo dos três dias, com doentes da Fundação Champali-maud e também do Hospital de Santa Maria. LUSA

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A7

Tiragem: 32857

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 2

Cores: Cor

Área: 25,70 x 30,82 cm²

Corte: 1 de 5ID: 64805642 09-06-2016

LEIS

Decisões de Marcelo não travam políticas da esquerda e satisfazem a direita

Há leituras transversais a fa-

zer ao veto do Presidente

da República à lei da gesta-

ção de substituição e à pro-

mulgação com avisos da lei

das 35 horas. Leituras po-

líticas e jurídicas às quais Marcelo

Rebelo de Sousa não escapa, tanto

mais que anunciou em conjunto (e

fora de horas, perto da meia-noite

de terça-feira) estas decisões, jun-

tamente com outras quatro: as pro-

mulgações comentadas da lei da

procriação medicamente assistida,

do diploma que enterra a prova de

avaliação dos professores, da lei dos

contratos de telecomunicações e do

novo regime para o património da

Casa do Douro. Em termos simples,

pode dizer-se que estas seis decisões

e a sua forma revelam que o chefe do

Estado não quis travar as políticas da

maioria de esquerda, mas foi sensível

aos argumentos do seu eleitorado

de direita.

Marcelo estreou o seu poder de ve-

to político com a lei da gestação de

substituição em casos em que uma

mulher não tem útero, uma iniciativa

do Bloco de Esquerda que recebeu

no Parlamento o apoio do PS, PEV,

PAN e 24 deputados do PSD (incluin-

do o seu presidente, Passos Coelho).

Do lado contrário estiveram CDS,

PCP, a maioria da bancada do PSD e

dois socialistas. Uma divisão de vo-

tos sublinhada pelo chefe do Estado

na mensagem ao Parlamento: “Não

correspondeu à divisão entre grupos

parlamentares apoiantes do Governo

e da oposição, nem à clássica distin-

ção entre direita e esquerda.” Não o

disse, mas a votação corresponde às

posições clássicas de todos os parti-

dos, mesmo quando ela é a liberdade

de voto, como no PSD.

O BE já afi rmou a sua vontade de

melhorar a lei, mas ainda que vá ao

encontro da posição do Conselho Na-

cional de Ética para as Ciências da

Vida (CNECV), não há sinal de que

algum partido venha a mudar o seu

sentido de voto. Resta saber como

agirá o Presidente perante a nova

formulação, pois perante qualquer

alteração o poder de veto é recupe-

rado. Carlos Gaspar, que foi assessor

e consultor político dos presidentes

Jorge Sampaio e Mário Soares, des-

dramatiza este primeiro veto políti-

co e enquadra-o naquilo que chama

a “quota de vetos” que o chefe do

Estado tem de negociar com o pri-

meiro-ministro. “Há uma pressão

crescente por parte do eleitorado

natural do Presidente da República

para dar sinais que contrabalancem

o bloco central entre ele e o primeiro-

ministro e que sustenta a maioria de

esquerda”, analisou ao PÚBLICO.

Essa “quota de vetos” é, segundo

diz, uma prática “relativamente co-

mum e previsível” e “perfeitamen-

te razoável, porque é um factor de

estabilidade”, embora seja mais co-

mum quando os chefes de Estado e

de Governo são da mesma cor po-

lítica, porque “presume uma certa

cumplicidade” entre os dois.

Também em relação à promulga-

ção da lei que repôs as 35 horas na

administração pública, este mestre

em Ciências Políticas e Relações In-

ternacionais considera que o assunto

é complexo, mas a sua aplicação sem

custos é um problema do primeiro-

para ninguém”. Nem mesmo para

o Presidente, explica, porque pode

criar a “ideia de que, se não tecer

nenhum comentário, é porque está

totalmente de acordo com a lei, e isso

pode condicioná-lo no futuro”.

“Quando há dúvidas, o Presidente

deve vetar as leis, para dar à Assem-

bleia da República a oportunidade

de as aperfeiçoar.” Ou então enviá-la

para o Tribunal Constitucional, como

Reis Novais considera que devia ter

acontecido com a das 35 horas, pois

“levanta muitos problemas e dúvidas

jurídicas”. Promulgá-las com recados

“enfraquece as leis e não tem vanta-

gem nenhuma, nem para as institui-

ções nem para o próprio Presidente”,

defende o jurista. Que não resiste a

uma farpa: “O Presidente da Repú-

blica não é um comentador.”

Entretanto no ParlamentoAnalisar é a palavra de ordem do BE

perante o primeiro veto presidencial.

O partido está disponível para “clari-

fi car alguns pontos da lei” das barri-

gas de substituição, desde que “não

desvirtuem aquilo que é a substância

do projecto do Bloco e a lei aprova-

Bloco disponível para melhorar lei das barrigas de substituição, mas partidos devem manter sentido de voto. Versão fi nal da lei fi ca sujeita a nova apreciação de Marcelo

Maria Lopes e Leonete Botelho

ministro. Daí que faça igualmente

uma leitura política do cartão ama-

relo de Marcelo — que avisa que po-

derá pedir a fi scalização sucessiva

da lei caso da sua aplicação resulte

aumento de despesa, em violação da

lei-travão inscrita no Orçamento: “O

Presidente, quando se exprime, não

é para dar lições ao primeiro-minis-

tro, mas para responder às pressões

do seu eleitorado de direita, que está

perplexo com a cumplicidade” com

o Governo.

Já no plano jurídico, as promulga-

ções comentadas de Marcelo surpre-

enderam Jorge Reis Novais, antigo as-

sessor para assuntos constitucionais

de Jorge Sampaio e Mário Soares. E

pela negativa: “Não faz sentido pro-

mulgar uma lei quando se tem reser-

vas sobre ela”, afi rma ao PÚBLICO o

professor de Direito Constitucional,

referindo-se às leis das 35 horas e da

procriação medicamente assistida.

Reis Novais recorda que também

Cavaco Silva, no início do mandato,

chegou a promulgar diplomas com

reservas, mas depois abandonou

essa prática, talvez porque tenha

percebido que “não traz vantagens

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Tiragem: 32857

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 3

Cores: Cor

Área: 25,70 x 31,00 cm²

Corte: 2 de 5ID: 64805642 09-06-2016

da em plenário”, disse o deputado

Moisés Ferreira aos jornalistas no

Parlamento.

O bloquista não levanta o véu so-

bre até onde poderá ir: afi rmou que

o partido “não está disponível para

alterar aquilo que é a substância e o

corpo da lei”, mas sim para “a clarifi -

car” para que possa “ser confi rmada

pelo Parlamento”. Apesar das críti-

cas do Presidente, que se ancorou

nas posições do CNECV, o BE lembra

que o processo demorou “meses e

meses” de discussão e que o seu pro-

jecto “foi evoluindo com os contribu-

tos”. Marcelo cita o CNECV para, por

exemplo, realçar que não há garan-

tias sobre os “termos da revogação

do consentimento e suas consequên-

cias”, a “previsão de disposições con-

tratuais para o caso da ocorrência de

malformações ou doenças fetais e de

eventual interrupção da gravidez”,

nem a “não imposição de restrições

de comportamentos à gestante”.

Moisés Ferreira recusou a crítica do

CNECV de que não estão salvaguar-

dados os direitos da criança a nascer:

“O direito da criança e o superior in-

teresse da criança e dos nasciturnos

é nascer numa família onde é dese-

jada e onde é querida. Alguém que

recorre a uma situação de gestação

de substituição é alguém que deseja

muito uma criança, que deseja muito

ser mãe e o seu projecto de mater-

nidade”, argumenta. “Nascer numa

família onde se é muito desejado e

querido é meio caminho andado para

ter os seus interesses respeitados, na

hora em que nasce e durante o seu

desenvolvimento”, sublinha.

Já o PS tem uma atitude mais pró-

activa que o próprio Bloco. O líder

parlamentar, Carlos César — que fez

uma declaração de voto exprimin-

do dúvidas próximas da CNECV —,

mostra-se quase de mangas arrega-

çadas para melhorar a lei, “para que

alcance todas as suas fi nalidades e

seja precaucionário no que necessita

efectivamente de ser”. Nas restantes

bancadas, não deverá haver mudan-

ças de posição. PCP e CDS deixaram

ontem claro que manterão o voto

contra, independentemente de al-

terações, enquanto o PSD manterá

a liberdade de voto, remetendo ca-

da deputado para a sua consciência

individual.

A polémica Prova de Avaliação

de Conhecimentos e

Capacidades (PACC), cria-

da num Governo Sócrates

mas só aplicada pelo exe-

cutivo de Passos Coelho,

acabou por ser eliminada pelo

Parlamento em Maio, por inicia-

tiva do BE e do PCP, com o apoio

do PS. Os primeiros projectos com

vista à sua erradicação foram vota-

dos em Dezembro, mas baixaram à

Comissão Parlamentar de Educação

para um debate na especialidade que

se prolongou por mais seis meses e

do qual resultou um só diploma.

Marcelo promulgou a lei que a

revoga por considerar que não re-

presenta despesa em 2016: “No ca-

so vertente, porque no decreto em

apreço, o aumento de despesas po-

de ser reportado a anos posteriores

a 2016, o Presidente da República

decidiu promulgar o decreto que

revoga a prova de avaliação de co-

nhecimentos e capacidades”, lê-se

no site da Presidência.

Sobre o diploma que altera a Lei

das Comunicações, Marcelo espe-

ra “que o mesmo não venha provo-

car um aumento dos custos para a

generalidade dos consumidores”,

antes considera “que as alterações

propostas aumentam as suas garan-

tias”. A lei fl exibiliza os prazos das fi -

delizações nos contratos: mantém o

período máximo nos 24 meses, mas

introduz um novo prazo de seis me-

ses, além dos 12 meses e das ofertas

sem fi delização que já existiam. A lei

também passa a vedar aos operado-

res as renovações automáticas dos

contratos ao fi m de 24 meses.

Adicionalmente, as empresas

deixam de poder cobrar um valor

equivalente à soma das mensalida-

des devidas até ao fi nal do contrato

quando um cliente quiser rescindi-

lo. Com a entrada em vigor da lei,

as compensações não poderão ultra-

passar os custos que o operador teve

com a instalação do serviço (custos

que terão de ser identifi cados no

contrato) ou, no caso da subsidia-

ção de equipamentos, o valor que

ainda esteja por recuperar na data

da rescisão.

Fim da PACC promulgada por não ter despesa este ano

Por último, o Presidente promul-

gou o diploma sobre o património

da Casa do Douro que visa pôr fi m

ao impasse em torno desta institui-

ção, ao mesmo tempo que o Estado

pretende recuperar (pelo menos em

parte) os créditos que tem sobre a

Casa do Douro, que com juros se

aproximam dos 180 milhões de eu-

ros.

Mesmo assim, Marcelo tem dú-

vidas “acerca da virtualidade da

solução adoptada, para resolver,

defi nitivamente, a situação da Casa

do Douro e não questionar um pa-

trimónio de valor único, atendendo

à premência da situação vivida”, e

espera que a situação dos trabalha-

dores “seja também solucionada”.

O novo regime prevê a criação

de uma comissão de três elemen-

tos que até Dezembro de 2018 se en-

carregará de proceder ao inventário

de todos os bens da Casa do Douro

e, com o apoio do Instituto dos Vi-

nhos do Douro e do Porto, proceder

à sua venda. Para lá dos vinhos, o

património da Casa abrange vários

imóveis, o recheio da sede (incluin-

do um importante arquivo histórico)

e uma participação de 30% na Real

Companhia Velha. A comissão está

igualmente incumbida de liquidar

os créditos detidos pelos trabalha-

dores da Casa do Douro, que ces-

saram funções em Dezembro de

2014. com Clara Viana, Ana Brito e Manuel Carvalho

ENRIC VIVES RUBIO

Leonete Botelho

O Presidente, quando se exprime, não é para dar lições ao primeiro-ministro, mas para responder às pressões do seu eleitorado de direita, que está perplexo com a cumplicidade [com o Governo]Carlos GasparInvestigadorIPRI

Há quem não perceba a decisão de Marcelo de promulgar as 35 horas e a procriação medicamente assistida quando manifestou reservas sobre essas leis

Ministro da Educação acabou com a PACC aplicada por Crato

sparor

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LEIS

Apesar das questões políticas

e jurídicas que o tema

coloca, o Presidente da

República decidiu dar o

“benefício da dúvida” ao

Governo e promulgou a lei

que recupera a semana de 35 horas

para os trabalhadores em funções

públicas. Mas avisou que vai estar

atento e, se houver um aumento

das despesas por causa da medida,

pedirá a intervenção do Tribunal

Constitucional (TC). Confrontado com

os avisos de Marcelo Rebelo de Sousa,

o primeiro-ministro garante que o seu

executivo está “100% empenhado”

em cumprir esse objectivo.

Numa nota divulgada na terça-feira

à noite, o Presidente enumera as dú-

vidas que o diploma, aprovado na

Assembleia da República por toda a

esquerda e pelo PAN, lhe coloca. Ain-

da assim, acabou por lhe dar luz ver-

de, tendo em conta que as 35 horas

vigoraram até 2013, que se trata de

uma promessa eleitoral e que existe

na própria lei uma norma transitória

para impedir o aumento das despe-

sas com pessoal. É precisamente essa

regra que Marcelo Rebelo de Sousa

quer que o Governo cumpra rigoro-

samente, “sob pena de poder vir a

enfrentar fi scalização sucessiva da

constitucionalidade” da lei que en-

trará em vigor a 1 de Julho.

Enfermeiros estão a negociar com o Governo um acordo para alargar a semana de 35 horas a todos

ENRIC VIVES-RUBIO

Raquel Martins

Presidente dá “benefício da dúvida” e coloca 35 horas sob vigilância

Primeiro-ministro assegura que o Governo está “100% empenhado” em garantir que não haverá aumento global das despesas com pessoal

A resposta do executivo socialis-

ta não se fez esperar. Primeiro foi

António Costa a garantir que o seu

executivo está “100% empenhado”

em garantir que não haverá aumento

global das despesas com pessoal por

causa da reposição das 35 horas. On-

tem, em Nova Iorque, o ministro das

Finanças, Mário Centeno, foi mais

concreto e assegurou que os custos

serão compensados com poupan-

ças. “Vai ser necessário compensar

os custos que sectorialmente possam

estar envolvidos com a medida, com

poupanças noutros sectores”, disse

Mário Centeno, lembrando que o

programa do Governo prevê que a

medida seja aplicada sem aumento

dos custos globais com pessoal.

No início do ano, o Governo en-

viou um inquérito a todos os servi-

ços e organismos para quantifi car o

impacto da redução da semana de

trabalho de 40 para 35 horas, mas

os resultados nunca foram divulga-

dos. O único número revelado diz

respeito ao Ministério da Saúde e

aponta para a necessidade de mais

27 milhões de euros só para cobrir as

despesas com a medida no segundo

semestre do ano. Ontem, o PÚBLI-

CO voltou a instar o Ministério das

Finanças a divulgar o estudo, mas

não obteve resposta.

As dúvidas de MarceloO custo da reposição das 35 horas

é uma das principais dúvidas susci-

tadas por Marcelo Rebelo de Sousa.

Na nota que acompanha a promulga-

ção do diploma, o Presidente começa

por colocar aquela que considera ser

a questão “politicamente mais sen-

sível”: a passagem das 40 para as 35

horas vai ou não aumentar a despesa

pública, “num contexto em que tal é

negativo e mesmo arriscado”?

O diploma, reconhece, tenta “tor-

near o problema” ao fazer depen-

der novas despesas de autorização

do Governo e “permitindo o diferi-

mento da entrada em vigor nas situ-

ações de maior risco de acréscimo

de despesas, sem limite de tempo”.

Contudo, “só o futuro confi rmará se

as normas preventivas são sufi cientes

para impedir efeitos orçamentais que

urge evitar”.

Há ainda questões jurídicas a ter

em conta: se da lei resultar um au-

mento da despesa, fi cará em causa

o artigo da Constituição que impede

os partidos de apresentar diplomas

que envolvam, no ano económico

em curso, aumento das despesas ou

diminuição das receitas previstas no

Orçamento do Estado. É em relação

a este aspecto que Marcelo vai estar

muito atento e do qual dependerá

um eventual recurso ao TC.

As dúvidas do Presidente esten-

dem-se à existência de horários dis-

tintos entre o sector público e priva-

do e dentro da própria administração

pública (nomeadamente em relação

aos trabalhadores com contrato in-

ferindo-se às negociações em curso.

O sector da Saúde é aquele em

que o problema parece ter maior

dimensão, porque há enfermeiros

com contrato de trabalho em funções

públicas que passarão a trabalhar 35

horas e outros, com CIT, a fazer 40

horas.

O Sindicato dos Enfermeiros Por-

tugueses (SEP) está a negociar com o

Ministério da Saúde um acordo colec-

tivo de trabalho parcial e transitório

para aplicar as 35 horas aos CIT. Os

enfermeiros reuniram-se ontem com

a tutela para fi xar as matérias que

devem fi car reguladas nesse acordo.

O presidente do SEP, José Carlos Mar-

tins, disse ao PÚBLICO que a expec-

tativa é que as negociações fi quem

concluídas a 20 de Junho, para que

no início de Julho todos os enfermei-

ros — independentemente do vínculo

— tenham as 35 horas.

Outros sindicatos, que represen-

tam os assistentes técnicos e ope-

racionais, esperam fechar acordos

semelhantes para que todos os tra-

balhadores destas carreiras também

sejam abrangidos.

A semana de trabalho no Estado

foi fi xada em 35 horas em 1988, no

Governo de Cavaco Silva, e foi alar-

gada a todas as carreiras em 1998,

com António Guterres. Em 2013, o

executivo liderado por Passos Coe-

lho-Paulo Portas decidiu aumentar

o limite para as 40 horas. com Leo-nete Botelho

dividual ou vínculos precários).

Mas neste caso o Presidente acaba

por dar resposta às suas próprias in-

terrogações, dizendo que o facto de

haver congelamentos salariais e de

carreira obrigatórios “desde 2009 e

até 2020” pode justifi car as diferen-

ças entre público e privado e que há

trabalhadores “não públicos” a fazer

horários “idênticos ou semelhantes”

às 35 horas.

Sindicatos lutam pelos CITOs sindicatos aplaudem a promulga-

ção do diploma que põe fi m “a um

retrocesso civilizacional” decidido

pelo anterior Governo em 2013. E,

com as 35 horas garantidas para os

funcionários com contrato de tra-

balho em funções públicas, exigem

que sejam criadas as condições para

que possam chegar também aos tra-

balhadores do Estado com contrato

individual de trabalho (CIT).

“Se é verdade que está resolvido

para os contratos de trabalho em

funções públicas, é urgente que se

resolva também para os contratos in-

dividuais de trabalho”, desafi ou José

Abraão, dirigente da Federação dos

Sindicatos da Administração Pública

(Fesap).

Do lado da Frente Comum, Ana

Avoila destaca que se trata de “uma

boa notícia para os trabalhadores”.

“Esperamos que corra tudo bem,

até agora, tudo indica que sim, va-

mos a ver”, frisou a sindicalista, re-

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Não, o Presidente não vai ser

sempre um espectador neutro

da vida política e limitar-se a ser

um corta-fi tas embrulhado em

multidões de crianças sorridentes.

Só não sabemos quando é que ele

vai ser o que de facto é — ou nos

disse ser. Nem quando deixará

de ser quem não é, para pegar no

verso famoso de Sérgio Godinho.

Com um veto e três promulgações,

Marcelo fi cou em trânsito entre

o que tem sido e o que há-de

ser. Numa atitude politicamente

correcta, travou a lei da gestação

de substituição (conhecida com

o horrível nome de “barrigas de

aluguer”) que foi aprovada até

com votos do PSD, deixou passar

com alguns “mas” o diploma da

procriação medicamente assistida e

o fi m da absurda prova de avaliação

dos professores e deixou correr o

marfi m sobre a lei mais sensível e

fracturante — o regresso do horário

das 35 horas à função pública.

Aqui, não houve um veto, mas os

avisos são tantos que é impossível

não vislumbrar na atitude do

Presidente uma óbvia cedência às

suas convicções.

No juízo de Marcelo, a lei não

tem ponta por onde se lhe pegue.

Não acode à “diversidade de regime

relativamente aos trabalhadores

do sector privado e social, por

um lado, e aos trabalhadores do

sector público com contratos

individuais de trabalho ou com

vínculo precário, por outro”.

É duvidoso que respeite o

“princípio constitucional da

igualdade”. É imprudente por

avançar “num tempo em que

se não encontram garantidos

nem a consolidação das fi nanças

públicas, nem o crescimento

económico sustentado”. Se o

Presidente assumisse o que mostra

ser nestes juízos, a lei teria de

regressar à AR, ou ser alvo de

fi scalização preventiva no Tribunal

Constitucional. Mas como ainda

está embevecido pelo estado de

graça alimentado pelo estatuto

de Presidente-Rei, concede ao

Governo o “benefício da dúvida” e

promete avançar com um pedido

de fi scalização sucessiva, se houver

uma derrapagem nos gastos. Fica

portanto a meio da ponte: nos

considerandos, é o velho político

conservador; na decisão é o arauto

da tolerância progressista.

Marcelo promete actuar, caso

haja uma violação da norma

transitória da lei que impõe um

limite dos gastos em 2016 igual aos

do ano passado. Ora, a lei deveria

ter sido promulgada se, e só se,

houvesse uma garantia prévia

de que a redução dos horários

não implica gastos com horas

extraordinárias ou com novas

contratações. Como não deve haver

muitos crentes nesse milagre, o

Governo, que tinha inscrito esta

cláusula de salvaguarda no seu

programa, deixa subentendido

que será possível negociar com os

sindicatos e dizer-lhes: “Desculpem

lá, mas para reduzirmos os

horários temos de gastar mais e,

por isso, a promessa vai para a

gaveta.” Um irrealismo. Até porque

na mesma norma transitória está

já prevista uma saída airosa para

quando este cenário acontecer:

o diploma admite que o limite

de gastos seja “afastado quando

razões excepcionais fundadamente

o justifi quem”.

Marcelo perdeu a oportunidade

de mostrar que as suas funções

vão muito para lá da promoção

hippie da paz, amor e felicidade. A

lei das 35 horas foi a primeira clara

manifestação de que o Governo

saiu da égide do PS moderado e

responsável para se aproximar

das exigências corporativas do

partido-Estado. Uma lei que

divide os portugueses e que envia

sinais errados a Bruxelas e aos

credores numa conjuntura que se

agrava devia ter tido o destino que

merecia: o do veto. Fosse Marcelo

ele mesmo era isso que teríamos.

Mas como é bom viver em

harmonia, a questão foi congelada.

António Costa agradece — tem mais

trunfos para travar o Bloco e o PCP.

E o país fi ca à espera do dia em

que Marcelo tire o fato dos festejos.

Porque, às vezes, fi ca-se com a

ideia de que o inquilino de Belém é

Sampaio da Nóvoa. Não é?

Pode Marcelo ser quem não é?

OpiniãoManuel Carvalho

Com a promulgação do diploma de

alteração à Lei das Comunicações

Electrónicas acabou-se “a esperan-

ça” de empresas como a Nos, PT e

Vodafone de que o Presidente da Re-

pública promovesse a “rectifi cação”

de um texto cheio de “incoerências e

contradições insanáveis”, com “cus-

tos elevados” para o sector.

Como “a lei é susceptível de inter-

pretações dúbias e incorrectas”, a

Apritel “tem esperança de que o Pre-

sidente promova uma rectifi cação do

texto do diploma que vá ao encontro

da clarifi cação do mesmo”, disse ao

PÚBLICO fonte ofi cial da associação

que representa os operadores, antes

de ser conhecida a decisão do Pre-

sidente.

Marcelo Rebelo de Sousa, a quem

o diploma tinha sido enviado pelo

Parlamento no dia 2 de Junho, pro-

mulgou-o na terça-feira à noite, sem

qualquer outro reparo que não o

desejo de que “não venha provocar

um aumento dos custos para a ge-

neralidade dos consumidores”. Ao

PÚBLICO a Apritel veio ontem reco-

nhecer que tudo fez “no sentido de

alertar o legislador, nomeadamente

o Presidente da República, para a

necessidade de corrigir defeitos do

texto legislativo”.

Em causa está o decreto que foi

aprovado em Abril e que teve origem

em propostas do Bloco e do PCP para

reduzir o período máximo de fi de-

Operadores queixam-se que Belémpromulgou diploma cheio de “incoerências”

lização nos contratos de telecomu-

nicações e limitar as compensações

exigidas pelas empresas em caso de

cessação antecipada dos contratos.

A versão fi nal — cozinhada entre

todos os partidos na Comissão par-

lamentar de Economia — acabou por

manter o período máximo de fi deli-

zação nos 24 meses, mas introduziu

um novo prazo de seis meses, além

dos 12 meses e das ofertas sem fi deli-

zação que já existiam. Também veda

às empresas a renovação automática

dos contratos ao fi m de dois anos e a

possibilidade de poderem cobrar aos

clientes um valor equivalente à soma

das mensalidades devidas até ao fi nal

do contrato em caso de rescisão.

Ainda é cedo para avaliar o im-

pacto da lei nos preços para os con-

sumidores, mas as empresas estão

certas que terão grandes despesas

com as novas regras. “Tendo em con-

ta a diversidade de ofertas de todos

os operadores, estaremos a falar de

custos extremamente elevados para

o sector”, garantiu a associação. Se-

gundo a Apritel, as contas ainda não

estão feitas, mas é “com as alterações

ao nível dos sistemas informáticos e

dos suportes publicitários” que as

empresas contam ter mais dores de

cabeça.

O PÚBLICO sabe que foram preci-

samente os custos com a alteração

das campanhas publicitárias um dos

motivos invocados pelos operadores

para tentarem que a lei tivesse um re-

gime transitório de seis meses. Com

isso, entre a promulgação, o envio ao

primeiro-ministro e a publicação em

Diário da República, conseguiriam

acomodar os materiais publicitá-

rios já existentes, sem necessidade

de adequações à lei.

Uma das novidades do diploma é

que as empresas serão obrigadas a

incluir nos mesmos suportes em que

publicitam a oferta com fi delização a

oferta sem fi delização. E devem ain-

da garantir aos consumidores a com-

paração entre ofertas com diferentes

períodos de fi delização e incluir nos

contratos informações sobre as van-

tagens que justifi cam a fi delização (o

que pode abranger, por exemplo, a

subsidiação de telemóveis, a instala-

ção e activação do serviço ou outras

condições promocionais).

As novas regras vão obrigar à “alte-

ração de todos os contratos, suportes

publicitários, sites da Internet e de

sistemas informáticos”, pelo que as

empresas vêem o regime transitório

defi nido (60 dias) como totalmente

“desajustado face ao volume e com-

plexidade das alterações” exigidas.

Ainda assim, a Apritel garante que

“os operadores vão desenvolver os

melhores esforços para cumprir os

exigentes prazos”.

Além das “normas pouco claras”

relativas a deveres de informação, a

Apritel queixa-se ainda de “normas

redundantes, por exemplo, a respei-

to das regras de compensação por

rescisão antecipada, que obrigarão a

um esforço grande de esclarecimen-

to dos consumidores”.

O diploma diz que os encargos

dos consumidores com a rescisão

em períodos de fi delização “não

podem ultrapassar os custos que o

fornecedor teve com a instalação da

operação, sendo proibida a cobrança

de qualquer contrapartida a título

indemnizatório”. Refere ainda que os

encargos com a rescisão “devem ser

proporcionais à vantagem” que foi

conferida ao cliente e “identifi cada

e quantifi cada no contrato”.

Trata-se de uma redacção que “em

nada contribuirá para a salvaguarda

dos interesses dos consumidores”,

queixa-se a Apritel (que no Parla-

mento defendeu que a defi nição das

compensações deveria continuar na

esfera das empresas), dizendo temer

que possa vir a penalizar a tendência

de descida das queixas no sector.

Ana Brito

MARIA JO~~AO GALA

Empresas temem que nova lei favoreça aumento das reclamações

Para a Apritel, a Lei das Comunicações Electrónicas é cheia de “incoerências e contradições insanáveis”

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Presidente anunciou, perto da meia-noite de terça, o veto à lei da gestação de substituição e promulgou, com avisos, a lei das 35 horas, além de outras quatro leis p2 a 5 e Editorial

Presidente Marcelo não trava a esquerda e satisfaz a direita

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lodo Lobo Antunes, do Conselho de Ética, dl: que há aspetos na lei por definir

Barrigas de aluguer Partidos disponíveis para acolher reparos do presidente

Grávida deve poder anular entrega do bebé Inés Schreck [email protected]

► O presidente da República vetou o diploma que estabelece as regras da gestação de substituição. subscreven-do o entendimento do Conselho Na-cional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) que considerou. em março deste ano, que o texto não "salvaguar-da os direitos da criança a nascer e da mulher gestante". Os partidos que aprovaram a lei vão insistir no tema e já se mostraram disponíveis para in-troduzir alterações.

Marcelo Rebelo de Sousa quer que o diploma consagre as recomenda-ções do CNECV e devolveu-o, anteon-tem à noite, ao Parlamento para que seja modificado. Uma das condições preconizadas pelo Conselho, e que não está acautelada na lei. implica que a gestante de substituição, vulgo bar-riga de aluguer, possa revogar o con-sentimento em qualquer momento

até ao início do parto. Nestes casos. a criança "deve ser considerada para todos os efeitos sociais e jurídicos como filha de quem a deu à luz", re-fere o primeiro parecer do CNECV so-bre o tema, de março de 2012.

A previsão de disposições contra-tuais para o caso da ocorrência de malformações ou doenças fetais e de eventual interrupção voluntária da gravidez:a decisão sobre intercorrèn-cias de saúde durante a gestação, quer a nivel fetal quer a nível materno: a não imposição de restrições de com-portamentos à gestante de substitui-ção (tais como condicionamentos na alimentação, vestuário, profissão e vida sexual) são algumas das reco-mendações do Conselho que não fo-ram acauteladas. O diploma foi apro-vado a 13 de maio com votos favorá-veis do PS. BE e PE11. PAN e de ?A de-putados do PSD. entre os quais Pedro Passos Coelho.

Em reação ao veto presidencial, o

CNECV realçou que em causa está um contrato que culmina no "nasci-mento de uma criança cujo futuro está sujeito a variáveis inéditas". "Há muitos aspetos que ficaram por defi-nir no decreto aprovado. O CNECV considera que tais aspetos não podem ser deixados à regulamentação, com risco de serem entregues a entidades que não partilhem desta preocupa-ção ética de forma tão aguda". escre-ve João Lobo Antunes. presidente da-quele órgão de consulta.

O Bloco de Esquerda, autor do projeto-lei, manifestou-se disponivel para clarificar o diploma, desde que

a sua substancia se mantenha. Moi-sés Ferreira recordou que a lei pre-tende responder a situações multo concretas. de mulheres sem útero ou que o tenham perdido por doença ou lesão, que não conseguem engravi-dar, mas que devem ter o direito a se-rem mães biológicas. "A substância da lei deve manter-se esta", afirmou o deputado.

Para Luis Montenegro. líder parla-mentar do PSD, as razões invocadas pelo presidente devem ser pondera-das. lá o PCP e CDS-PP. que votaram contra, congratularam-se com a de-cisão. •

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Leis de maternidade

Procriação: nova lei pode aumentar listas de espera Impacto. Especialistas temem que o único banco público de gâmetas do país seja insuficiente para dar resposta às beneficiárias de PMA. que Marcelo Rebelo de Sousa promulgou

RETRATO

Nova lei da procriação medica-mente assistida ainda tem de ser regulamentada.

PARLAMENTO

> O projeto de lei foi apresentado em abril pelo Bloco de

Esquerda, e aprovado mais tarde com os votos de PS, PCP, PEV, PAN e 16 deputados do PSD. Os restantes votaram contra,

tal como a bancada do CDS-PP.

REGULAMENTAÇÃO

> Depois da promulgação pelo Presidente da República, a lei

vai ser agora publicada em Diário da República, e só depois

disso será regulamentada. No máximo esse processo poderá ir até aos 120 dias.

BANCO PÚBUCO

> Existe em Portugal um único banco público de gâmetas (es-perma e ovócitos) a que recor-

rem os diversos centros de PMA, integrados no Serviço

Nacional de Saúde. A lista de espera tem vindo a aumentar.

INFERTIUDADE

> Estima-se que a infertilidade afete 10% a 15% dos casais em idade fértil a nível mundial, com uma tendência de crescimento devido ao adiamento da mater-nidade. Não há dados em rela-

ção às mulheres solteiras.

A filha que chegou de Espanha

CASO Cristina Nunes faz parte do leque de mu-lheres que até agora a lei portuguesa excluía da procriação medica-mente assistida (PMA). Solteira, nunca colocou a possibilidade de não ter filhos por essa razão, e foi assim que rumou a Espanha, há cerca de seis anos, con-victa de que era esse o caminho. "É um grande passo, que qualquer ci-dadão português deve-ria aplaudir, como em todos os casos que combatam a discrimi-nação", disse ao DN, agora que a filha já tem 5 anos. Cristina foi acompanhada numa clí-nica privada em Lisboa, durante a gravidez, mas foi preciso ira Espanha para conseguir a inse-minação artificial.

PAULA SOFIA LUZ

Na melhor das hipóteses, abre-se em outubro a porta da procriação medicamente assistida (PMA) a mulheres solteiras e/ou sem par-ceiro masculino. A lei foi promul-gada pelo Presidente da República, ao mesmo tempo que vetou outra: as barrigas de aluguer. Quando a defendeu naAssembleia da Repú-blica, em abril, o deputado Moisés Ferreira falava de "um longo cami-nho a fazer", para acabar com a lei vigente, que considerava discrimi-natória: "A lei atual diz que só po-dem recorrer a técnicas de PMA mulheres que estejam casadas ou vivam em união de facto com um homem. Exige ainda um diagnós-tico de infertilidade. A atual lei dis-crimina, como se vê, em função da orientação sexual e do estado civil, e a exigência do diagnóstico de in-fertilidade serve apenas para blin-dar as normas discriminatórias."

Aprovada por maioria no Paria-

mento, com os votos favoráveis de PS, BE, PC1 PEV, PAN e 16 deputa-dos do PSD (o CDS e os restantes social-democratas votaram con-tra), acabaria por ser promulgada por Marcelo Rebelo de Sousa. Mas está longe de ser consensual na so-ciedade e entre a classe médica li-gada a esta área.

A par de Eurico Reis, do Conse-lho Nacional para a PMA, também AnaTeresa Almeida Santos, direto-ra do serviço de Coimbra e presi-dente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, mani-festou ao DN dúvidas sobre a for-ma como o Serviço Nacional de Saúde vai aplicar, na prática, esta lei. "O único banco de gãmetas que temos não tem capacidade de res-posta. Com a estrutura atual é im-possível", disse, embora acredite que nos próximos meses a situação se inverta. "Temos de dar tempo e espaço para as pessoas se habitua-rem, a lei tem agora um prazo para ser regulamentada. O Ministério da Saúde tem de estabelecer prio-

ridades, pois as novas beneficiárias irão engrossar as listas de espera." De resto, aquela responsável da PMA na zona centro acredita que há outro caminho a fazer: "Temos também de incentivar a doação de gâmetas, ou então a lei é ineficaz."

Eurico Reis percebe as mudan-ças que uma alteração destas vai trazer a todo o sistema. O CNPMA antecipou-se entretanto à promul-

A PMA passa a estar ao alcance de mulheres

solteiras e casais homossexuais

gação da lei e apresentou uma pro-posta, "para que as mulheres sem parceiro masculino - que não são doentes - paguem o custo do trata-mento e esse dinheiro, em vez de ser diluído no Orçamento Geral do Estado, seja canalizado diretamen-

te para os centros públicos de PMA, para eles terem mais meios, para poderem fazer os tratamentos, quer às pessoas saudáveis (que agora o vão poder fazer) quer às pessoas doentes. Isto parece-me uma solução extremamente equi-librada", avançou ao DN, enfati-zando que "essa é também uma forma de as mulheres que não são doentes serem solidárias com as suas' irmãs' que são doentes".

Aumentar a natalidade Num país com o decréscimo de na-talidade como Portugal, essa pode-rá ser"mais uma forma de combater o problema", entende Eurico Reis. "Na situação em que estamos, todos os meios são vitais e têm de ser con-cretizados. A natalidade em Portu-gal está aatingir valores alarmantes", sublinha, certo de que o diploma poderá ajudar a inverter esse senti-do. Contudo, alerta: "Aquebra da na-talidade tem razões psicológicas e sociais que são muito fortes. Se ca-lhar a sociedade tem mesmo de co-

meçar a pensar se não tem de criar formas para garantir que as mulhe-res entre os 25 e os 35 anos (a melhor idade para ter filhos, em termos físi-cos e psicológicos), permitindo-lhe mais tarde retomar as suas carreiras sem qualquer penalização."

Menos entusiasmado com a de-cisão revela-se Alberto Barros, co-nhecido especialista na área da PMA, no setor privado. "Respeito a decisão, mas perturba-me a ideia de ter alterações à lei de 2006 no sentido de abrir a PMA a indica-ções de carácter não médico", dica. Compreende a complexidade, em muitas situações, "no sentido de que é proibido proibir", mas não esconde o lamento. lá o deputado Moisés Ferreira quer acreditar "que em 2016 Portugal deixará de obri-gar mulheres a irem a Espanha para engravidar; queremos que o país reconheça a todas as mulheres o direito ao seu projeto de parenta-lidade. Pois, se esse é um desejo seu, porque não reconhecer-lhes o direito a concretizar esse desejo?"

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Presidente abdicou de "convicções pessoais" na decisão

VETO Ao vetar o diploma que legaliza a gestação de substituição, o Presidente da República explicou que não o fez apenas à luz do que é o seu entendimento pessoal. "Um juízo sobre a matéria versada não pode nem deve ser formulado na estrita base de convicções

ou posições pessoais do Presidente da República, mas atendendo, sobretudo, aos pareceres do Conselho Nacional de Ética e para as Ciências da Vida." Marcelo terá novamente a palavra quando o Parlamento vol-tar a aprovar e enviar o diploma para Belém.

PS e Bloco mudam lei para agradar a Marcelo Barrigas de aluguer. Uma das prioridades é o diploma definir a priori o que acontece caso a mãe de substituição se recuse a entregar a criança

ENTREVISTA: EU RICO REIS Presidente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida

É necessário reforçar os meios nos centros públicos para a que a procriação medicamente assistida tenha resposta

pública às solicitações, alerta o juiz desembargador

"O banco público de gâmetas não consegue

satisfazer as necessidades sequer dos centros públicos"

Eurico Reis diz ser necessário

desburocratizar procedimentos

Leis de maternidade

RUI PEDRO ANTUNES

Para ultrapassar o veto do Presi-dente da República, PS e Bloco de Esquerda vão voltar sentar-se à mesa para melhorar o diploma da gestação de substituição - conhe-cida como barrigas de aluguer-, e urna das principais alterações é fi-car definido qual é o quadro legal caso a mãe de substituição recuse entregar a criança após o parto.

Já quando a lei foi aprovada, o próprio líder parlamentar do PS, Carlos César, subscreveu com o de-putado Filipe Neto Brandão uma de-claração de voto que levantava "vá-rias reservas".As mesmas que o líder da bancada socialista reiterou e viu agora no veto do presidente, que tem preocupações nas quais se revê.

A declaração de voto aponta ago-ra o caminho a ser seguido. César e Neto Brandão criticam a opção le-gislativa de "remeter para regula-mentação ulterior, ou até eventual decisão judicial", a resolução de algo que a lei devia incluir à partida. Exemplo disso, diz o mesmo docu-mento, é o" caso de eventual recusa de cumprimento da obrigação con-tratual de entrega da criança à be-

neficiária". Isto porque, lembram os socialistas, "a experiência de outros ordenamentos jurídicos mostra que essa possibilidade é bem real". Ou seja, noutros países em que existem "barrigas de aluguer conflitos des-te género são constantes.

Falando em nome da bancada, César disse ontem que agora o tra-balho do PS é corresponder "aos apelos do Presidente da República, melhorar e detalhar o diploma na-quilo que é essencial para que ele al-cance todas as suas finalidades e seja precaucionário no que necessi-ta efetivamente de ser".

Também o vice-presidente da bancada do PS, Filipe Neto Brandão, simplifica o "juridiquês" da declara-ção de voto, explicando que defen-de que "as questões, como o caso de recusa por parte da mãe de substi-tuição em ceder a criança, devem ser já dirimidas na lei e não ser de-pois remetidas para tribunal".

Apesar de não se querer anteci-par ao regresso à mesa do grupo de trabalho-composto por Maria An-tónia Almeida Santos (PS) e Moisés Ferreira (BE)-, Neto Brandão garan-te que "o diploma vai ser certamen-te mudado e não enviado de novo igual para Belém".

Também o Bloco de Esquerda, por intermédio de Moisés Ferreira, disse ontem estar disponível para "melhorar a redação final da lei, sempre com o objetivo de não se al-terar a substância da mesma". Moi-sés Ferreira espera, no entanto, que este não seja um "pretexto" de Mar-celo "para adiar uma resposta a um problema que existe na sociedade e uma resposta que deve ser urgente".

Já depois do veto, o Presidente explicou que tomou a decisão por-que há "condições importantes que não estão preenchidas naque-la lei". Daí que, "seguindo a opinião dos especialistas, eu devolvi a lei para que seja possível alterá-la, de acordo com as opiniões dos espe-cialistas do Conselho Nacional de Ética".

Marcelo acrescentou ainda que o veto foi "apenas uma chamada de atenção" para que a lei possa ser "melhorada". Para o Presidente fal-ta na lei "afirmar de forma mais clara o interesse superior da crian-ça (...) ou permitir, a quem vai ter a responsabilidade de funcionar como maternidade de substitui-ção, que possa repensar até ao mo-mento do parto quanto ao seu consentimento".

Como é que encara a nova lei, que permite às mulheres sem parceiro masculino a procria-ção medicamente assistida? Alei foi defendida por unia maio-ria estável e acho que o presidente da República fez bem em pro-mulgar. Mesmo quando veta uma lei, assume a responsabilidade dos seus atos e cabe a todas as ou-tras pessoas fazer o mesmo... Que mudanças na sociedade? O CNPMA tem vindo a preocu-par-se com estas questões por-que isto vai ter de implicar uma alteração muito grande na es-trutura dos Centros Públicos de PMA, integrados no Serviço Nacional de Saúde (Lisboa, Porto e Coimbra). Even-tualmente será ne-cessária a criação de outros centros, ou no mínimo o alar-gamento dos meios disponíveis nos cen-tros atualmente exis-te n tes. Por outro lado, nós também já tomámos uma po-sição pública muito clara acerca do po-sicionamento do Banco Público de Gâmetas e já a transmitimos ao secretário de Estado. Tal como está, o banco público não pode continuar. Não consegue satisfa-zer as necessidades nem sequer dos centros públicos, quanto mais de tudo o resto. Do nosso ponto de vista o banco tem de ser com-pletamente autonomizado. Neste momento está associado a um PMA público que por sua vez está dependente de um centro hos-pitalar, no Porto. São demasiadas camadas de burocracia para que as coisas funcionem como é ne-cessário. E claramente não têm estado a funcionar como deve ser. E por parte do secretário de Estado obteve alguma resposta? Não, nenhuma resposta ainda. Imagino que estarão a pensar nas coisas em termos globais, como aliás devem fazer. Embora este banco público tenha uma auto-nomia e uma urgência que nós

achamos se devem destacar re-lativamente ao resto do proble-ma, percebemos ser política do governo que queiram tratar do assunto dentro do tal prazo que têm (120 dias) para fazer a regu-lamentação. Em que medida é que isso com-promete a aplicabilidade da lel? Se este banco não for dotado de meios suficientes para garantir uma seleção, nomeadamente de esperma, perante o alargamento das beneficiárias... estaremos a obrigar todas essas pessoas a irem para os centros privados. E esses estão a adaptar-se. Já há dois que

pediram para proce-der à alteração e fazer a seleção de gâme-tas - quer de esper-ma quer de ovócitos. E foi-lhes concedida. É uma questão prioritária? Absolutamente prio-ritária. Por outro lado, dotar os centros de PMA de mais meios também é vital, porque senão o que acontece é que as listas de espera que já existem e são absolutamente preo-

cupantes vão aumentar. Sabemos que em todas as listas de espera é complicado, nas doenças, nos transplantes, se não forem feitos as pessoas morrem. Neste caso, as pessoas não morrem, mas a ja-nela de oportunidade para terem filhos vai-se perdendo. A comu-nidade em geral não tem a noção da gravidade que é passar os 35 anos. Uma mulher (depois de pas-sar essa idade( perde o seu po-tencial reprodutivo, que desce de uma forma muito significativa. E depois dos 40 é abissal. É exata-mente por isso que nós achamos preferencial alertar as pessoas para começarem os tratamentos mais cedo. E não propriamente usar o número de tratamentos ou a idade do acesso. Porque vão ser gastos tempo e meios, deixando para trás as mulheres e as famí-lias cujas possibilidades de su-cesso são maiores. PS.L

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MATERNIDADE

Banco público de esperma não conseguirá dar resposta à nova lei

• Só em outubro mulheres solteiras ou homossexuais poderão recorrer a um médico para engravidar. Listas de espera vão subir. Especialistas temem que banco de gâmetas não chegue para pedidos.

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CORREIO DA SAUÚDDE José Carlos Martins

PRESIDENTE DO SINDICATO DOS Fl4FERMEIROS PORTUGUESES

Promulgação ameaçadora

Sr. Presidente da República promul-gou, e bem, o diplo-

ma relativo às 35 horas. O anúncio da promulgação alerta para questões e inte-gra uma ameaça: se da apli -cação das 35 horas resultar um aumento da despesa global com pessoal e esse aumento questionar o Or-çamento do Estado aprova-do, poderá solicitar a fisca-lização sucessiva. A aplica - ção das 35 horas aos profis-sionais de saúde, designa damente aos enfermeiros, constitui um investimento. Melhorar as condições de trabalho é investir em mais saúde para os cidadãos. A saúde é um dos setores onde é necessário contratar pes-

A SAÚDE É UM DOS SETORES ONDE É

NECESSÁRIO CONTRATAR PESSOAL

soai, nomeadamente enfer-meiros e auxiliares de ação médica, provocando natu-ralmente um aumento dos custos. Assim, mais do que a ameaça presidencial, no quadro do contributo para que as "coisas corram bem", era fundamental que a Presidência da República alertasse para a necessidade imperiosa de reduzir des-pesa pública com o setor privado da saúde. Designa damente com os grupos económicos que gerem os hospitais em parcerias pú-blico- privadas, com a in-dústria dos medicamentos, com o comércio dos exames complementares de dia-gnóstico e com os cuidados continuados. Isso sim, seria afeto pela causa pública e pela Constituição! •

o

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Emergência Liga dos Bombeiros acusa INEM de ter estilo "autista e elitista" para as corporações

• O INEM mostrou-se ontem surpreendido com as declarações do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses. Jaime Marta Soares acusou há dias o instituto de ter um "estilo elitista e autista" em rela-ção às corporações de bombeiros e deu a entender que há mau ambiente entre os vários parceiros do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM). Em co-municado, o 1NEM lamentou as afirma-ções de Jaime Marta Soares e recusou que haja mal-estar. A referência a que o INEM está a violentar e vilipendiar aquilo que é o seu papel fundamental em relação aos Bombeiros" aponta para um clima de profunda instabilidade que, até agora, nunca foi visível nem sentido por parte do ins-tituto, diz o INEM.

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EDITORIAL

Um milagre que nos faz pensar na vida

Vítor Rainho

O "bebé-milagre" que nasceu esta semana no Hospital de São José é uma das histórias mais comoventes que o país viveu nos últimos anos. Uma mãe a quem é diagnosticada morte cerebral, sendo as suas fun-ções vitais asseguradas por máqui-nas, consegue, durante 15 semanas, gerar uma criança aparentemente saudável. Numa linguagem mais crua, uma mulher de 37 anos teve morte cerebral, mas como estava grávida de quatro meses os serviços hospitalares decidiram mantê-la viva para que o feto se formasse. Ao longo de longas 15 semanas, os médicos e enfermeiros tudo fizeram para que o bebé pudesse nascer. "Todos os dias, a equipa de enfermagem fazia a palpação do abdómen. Diziam que, uma vez que a mãe não tinha emoções, era uma for-ma de sentir calor humano", explicou ao i Ana Campos, obstetra e diretora de serviço da MAC. Se pela lei as famílias envolvidas não podiam recusar a decisão do hospital, a verdade é que todos quiseram lutar pelo bebé. Antes de morrer, a mãe soube que ia ter um menino e deci-diu então dar-lhe o nome de Louren-ço, o que foi respeitado. No mundo, não há muitos casos des-tes em que a mãe entra em morte cerebral e o bebé consegue sobrevi-ver, mas o empenho da equipa médi-ca e auxiliares permitiu este pequeno milagre. Não foi fácil, seguramente, o dia em que a criança nasceu, pois a família e todos os envolvidos sabiam que nesse momento teriam de desli-gar as máquinas. "Esta mãe foi uma incubadora viva. Doou o corpo ao seu filho", disse Gonçalo Ribeiro Ferreira, responsável pela comissão de ética do Centro Hospitalar Lisboa Central, homenageando a mulher deste "bebé-milagre". Nos últimos tempos muito se tem discu-tido sobre o direito à morte - ou seja, as prsoas poderem decidir que não que-rem viver ou sofrer mais e terem direito a uma morte assistida. Este caso mostra-nos que devemos focar-nos mais na vida do que na morte, independentemente do direito à eutanásia e afins. Foi uma semana cheia de emoções e há que homenagear a mãe e cuidar do bebé.

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"Bebé único" foi vigiado 24 horas por dia durante meses

Medicina. Rapaz nasceu depois de a mãe estar 15 semanas em morte cerebral. Caso inédito obrigou profissionais a muito estudo

JOANA CAPUCHO

Durante as 15 semanas em que es-teve em morte cerebral no Hospi-tal de São José, S., de 37 anos, foi vigiada 24 horas por dia. Na sala de nível 3 dos Cuidados Intensivos do hospital estava, em permanência, um enfermeiro. Todo o staff da unidade acompanhou, em algum momento, a gravidez da mulher, natural de Lisboa, que estava em morte cerebral desde 20 de feve-reiro. Não admira, por isso, que o nascimento do bebé, na terça-fei-ra, tenha sido vivido com "emo-ção, alegria e satisfação" por mé-dicos e enfermeiros daquele hos-pital. Um caso inédito em Portugal e que exigiu muito estudo por par-te do corpo clínico.

"É uma situação muito particu-lar, única. É difícil que não se esta-beleça uma ligação", disse ao DN Susana Afonso, especialista dos neurocríticos no Hospital de São José, acrescentando que, nestes casos, "há muitas expectativas e ansiedades, mas o espírito é sem-pre de profissionalismo." No nível de cuidados onde S. se encontra-va, "o apoio e a monitorização são contínuos". Se um enfermeiro tem de se ausentar da sala por alguma razão, alguém tem de o substituir. A monitorização é feita pelas má-quinas, que possuem um sistema de alarme, cabendo ao profissio-nal tratar dos "cuidados de higie-ne, da preparação e administração de fármacos, dos registos de en-fermagem." Quanto às visitas, es-tão abertas aos familiares mais próximos apenas uma vez por dia.

S. foi declarada morta no dia 20 de fevereiro, por volta da meia--noite, na sequência de uma he-morragia intracerebral. Não é cla-ro o que terá causado a morte, mas segundo Gonçalo Cordeiro Ferrei-ra, presidente da Comissão de Éti-ca do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), a mulher, que já tinha sido mãe uma vez, teria mostrado vontade de prosseguir com a gravidez. Assim foi. Estava

grávida de 17 semanas e o feto pa-recia não ter sofrido as conse-quências daquilo que causou a morte da mãe. Uma situação nova, explicã Susana Afonso, que exigiu "muito estudo, investiga-ção, dedicação e alguma consul-toria". Afinal, foi o período mais longo de sobrevivência de um feto com a mãe em morte cere-bral alguma vez registado em Portugal.

No início, conta a especialista, "havia receio". "É uma situação inédita. Não sabíamos se íamos conseguir mantê-los nas melho-res condições o tempo que fosse preciso", recorda. Diariamente, os médicos reuniam e tentavam re-solveras questões que iam surgin-do. "A medida que o tempo foi passando, todos aceitámos que iria ser possível. Se achássemos

OUTROS CASOS

POLÓNIA . Em Janeiro, nasceu um bebé com um quilo, 55 dias após a mãe, que tinha um tumor na cabeça, ter entrado em morte cerebral, às 17 se-manas de gravidez. Os médi-cos polacos deram alta ao bebé em abril.

HUNGRIA Em 2013, uma bebé nasceu

meses após a morte cerebral da mãe, devido a um derrame. A mulher morreu quando se encontrava grávida de 15 se-manas, tendo sido mantida como "incubadora" da filha até às 37 semanas.

INGLATERRA ► Susan Torres foi mantida viva durante quase três meses, em 2005, para que pudesse dar à luz uma bebé. A mulher sofreu um derrame cerebral, devido a um proble-ma oncológico.

que seria impossível, nem sequer tentávamos." Foi necessário um grande "trabalho de bastidores" para que, como sublinhou ontem Gonçalo Cordeiro Ferreira, S. pu-desse ser uma "incubadora viva".

Para a gravidez prosseguir, foi preciso garantir suporte hormo-nal, nutricional e funcional à mãe. As máquinas asseguraram a respiração artificial, enquanto a alimentação era feita com uma sonda que ia do nariz ao estôma-go. Existiam riscos. O cérebro não estava a funcionar e, sendo ele "que regula tudo", qualquer órgão "podia falhar, entrar em colapso". Era necessário que as hormonas fossem mantidas em doses nor-mais e podiam, ainda, surgir infe-ções respiratórias. "Havia uma série de vertentes que era preciso otimizar." Surgiram problemas. "Houve complicações infeccio-sas, mas que foram detetadas e tratadas rapidamente, sem reper-cussões para o feto", explicou Su-sana Afonso.

Depois de 32 semanas de ges-tação, o bebé, um rapaz, de 2,350 quilos, nasceu na terça-feira sem complicações durante e após o ato cirúrgico e foi encaminhado para a unidade de cuidados in-tensivos de neonatologia da Ma-ternidade Alfredo da Costa, onde deverá ficar internado pelo me-nos até às 36 semanas, tal como acontece com outros prematuros. Ontem, em conferência de im-prensa, o diretor clínico do Hos-pital de São José, António Sousa Guerreiro, sublinhou que se trata de uma "história de contrastes": "Temos uma profunda tristeza com a morte de alguém e um mo-mento de alegria com o nasci-mento de uma criança."

Quando decidiram prosseguir com a gravidez, fazendo valer a vontade da mãe, os especialistas do Hospital de São José contacta-ram o Ministério Público para ga-rantir que este ficaria com a tutela legal do bebé, caso a família se opusesse ao nascimento. No en-tanto, isso não foi necessário. "Fe-

lizmente, todos remaram para o mesmo lado", sublinha Gonçalo Cordeiro Ferreira. A família acom-panhou o processo desde o pri-meiro momento e foi informada de todas as decisões. Ao mesmo tempo, os familiares iam receben-do apoio psicológico.

Relativamente aos fármacos usados, Ana Campos, obstetra da Maternidade Alfredo da Costa - que pertence ao CHLC - que acompanhou o caso, explicou que apenas foram "administra-dos aqueles que o organismo produz quando as funções vitais estão intactas".

Já o momento do nascimento, por cesariana programada, ocor-reu quando foram atingidas as 32 semanas de gestação, uma idade gestacional em que a sobrevivên-cia é muito elevada. Em conferên-

li»T rápido Estava um enfermeiro sempre junto à mãe, era ele o responsável pela preparação dos fármacos.

Bebé está desde terça-feira internado nos cuidados de neonatologia da Materni-dade Alfredo da Costa.

Os fármacos dados à mãe foram os que o organismo produz quando as funções vitais estão intactas.

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Nasceu 54 dias após a morte da mãe

EUA Foi com muita emoção que os médi-cos do Hospital de Nebraska assistiram ao nascimento de tuna bebé, em maio do ano passado, 54 dias depois de a mãe sofrer morte cerebral. !Carla Perez, de 22 anos, sofreu uma hemorragia cerebral quando estava com 22 semanas de gravidez. Sentiu uma forte dor de cabeça e, quando che-gou ao hospital, foi-the detetada uma hemorra-gia intracralana. "Eu tinha a esperança de que a Harta ia acordar", disse à Imprensa inter-nacional Herta Jlmenez, avó da bebé (na foto). Mas Isso não aconte-ceu. Com o apoio dos familiares da jovem, a equipa médica do hos-pital decidiu prosseguir com a gravidez durante quase mais dois meses. Uma das médicas envolvidas no proces-so, Sue Korth, contou que o processo foi "extremamente emo-cionante para todos" e que os pais de Karta raramente saíam do hospital. Em outubro, flerta ainda chorava a morte da filha, mas pode finalmente levar a sua neta para casa. No total, mais de cem profissionais lutaram para que a bebé sobrevivesse.

cia de imprensa. a neonatologista Teresa Tomé esclareceu que, além de a idade gestacional permitir alguma segurança em termos de sobrevivência, os médicos quise-ram preservar o recém-nascido de "uma incubadora artificial" da qual se desconhecem as con-sequências.

Apesar de existirem casos de sucesso documentados a nível internacional, como nos EUA, In-glaterra, Polónia e Hungria, este é inédito na história da medicina portuguesa, sublinhou ontem Ana Escovai, presidente do Cen-tro Hospital de Lisboa Central. Trata-se de um "fenómeno da vida", afirmou, que só foi possível graças ao amor, profissionalismo e competência tecnocientífica das equipas responsáveis por este processo.

ENTREVISTA: DIOGO AYRES DE CAMPOS

Obstetra e professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

"Há muitas complicações

que podem advir da mãe"

Além das questões éticas, quais os principais problemas que se colo-cam numa situação destas? O caso é relativamente raro por causa da estabilidade da situação. Quando há alteração da saúde da mulher, na maior parte das vezes é colocada em cai Na a saúde do bebé. Quando isso acontece muito cedo, por vezes, a situação é tão instável que não permite prolongar a gra-videz. Mas, se é uma situação em que não é posta em causa a oxige-nação da placenta e do feto, é na-tural que não se ponha em causa o seu crescimento. No futuro, este bebé pode vir a so-frer alguns problemas? Se a avaliação da sequência car-díaca foi sempre normal, o prog-nóstico é favorável. Se o que con-dicionou a morte cerebral não ti-ver condicionado a oxigenação do feto, não terá impacte no futuro. Podem existir problemas se, por exemplo, o feto tiver estado um pe-ríodo prolongado com baixa oxi-genação. Não se pode prever tudo, mas uma grande parte das coisas consegue prever-se. É difícil manter um feto assim du-rante 15 semanas? Sim. Há muitas complicações que podem advir de uma mãe que é ali-mentada e oxigenada artificial-mente. Há riscos infecciosos. Já assistiu a algo semelhante? Não me lembro de nenhum caso idêntico. Recordo-me de um caso em que a mãe teve um acidente e ficou em morte cerebral, às 35 se-manas. E fizemos a cesariana en-quanto a mãe estava estável, sendo que esta faleceu alguns momentos depois. Mas este é um caso de vá-rias semanas. Como avalia o trabalho desenvol-vido peia equipa do Hospital de São José? Avaliar implica conhecer, e eu não conheço pormenores. Mas eu não teria feito de outra forma.

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MÃE EM MORTE CEREBRAL

O grande trabalho de bastidores que ajudou a nascer um "bebé único"

• Rapaz foi vigiado 24 horas por dia pela equipa do Hospital de São José durante os quase quatro meses ne-cessários até poder nascer. Um caso "inédito" que obrigou a "muito estu-do e dedicação". SOCEOADE PÁGS. 20 E 21

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DR

Para a família “há alguém que nasce e alguém que tem de levar a enterrar”

Logo a seguir ao nascimento do be-

bé, as máquinas que mantinham as

funções vitais da mãe de forma artifi -

cial foram desligadas. “A família está

perante emoções contraditórias: há

alguém que nasce e alguém que tem

de levar a enterrar”, resumiu a presi-

dente do Centro Hospitalar de Lisboa

Central (CHLC), Ana Escoval. Trata-

va-se do primeiro fi lho deste casal,

um segundo relacionamento, e o se-

gundo fi lho desta mulher de 37 anos.

A vida desta mulher grávida foi

mantida de forma artifi cial — quer

em termos hormonais, nutricionais,

respiratórios e cardíacos — para que

a gravidez pudesse permitir o nasci-

mento do bebé, que acabou por nas-

cer anteontem no Hospital de São Jo-

sé, em Lisboa. O limite da viabilidade

de um feto situa-se nas 24 semanas

e quando a morte cerebral da mãe

aconteceu, a 20 de Fevereiro deste

ano (é dessa data a certidão de óbito),

após uma hemorragia intracerebral,

a gravidez levava apenas 17 semanas.

Uma equipa médica multidiscipli-

nar empenhou-se então em manter

o corpo da mãe a funcionar como

“uma incubadora viva”, disse o pre-

sidente do conselho de ética deste

centro hospitalar, Gonçalo Cordeiro

Ferreira, que nota que esta foi uma

gestação fora do normal, em que

o feto não teve da mãe “nem sono

nem vigília, emoções, fl utuações

cardíacas”, desconhecendo-se que

consequências terá para o feto esta

“estabilidade” dentro do útero.

O responsável presta “uma grande

homenagem a esta família que não

podia enterrar quem estava morto”,

que tinha “um morto à sua vista, mas

não podia fazer o luto”, “uma situa-

ção trágica” associada a “uma situa-

ção de grande esperança.”

“O bebé está de perfeita saúde”,

disse Ana Escoval, numa conferência

de imprensa organizada ontem para

dar informações sobre o caso. Teresa

Tomé, directora da unidade de ne-

onatologia da Maternidade Alfredo

da Costa (MAC), onde a criança, um

rapaz, está internada, refere que o

bebé está em bom estado de saúde,

mas salienta que não deixa de ser um

prematuro (de 32 semanas), que está

ainda a ser ventilado. Se tudo correr

bem, deverá ter alta daqui a cerca de

dicos em prolongar a gravidez foi o

facto de os muitos exames feitos ao

bebé não revelarem que tenha so-

frido sequelas, devido ao problema

que levou à morte da mãe, e não ter

malformações aparentes.

Proteger “vida fetal” O que também tornou este caso sin-

gular, explicou Gonçalo Cordeiro

Ferreira, foi o facto de o conselho

científi co nomeado pelo conselho

de administração do centro hos-

pitalar ter decidido accionar um

processo de protecção desta “vida

fetal” junto do Ministério Público

(MP), no caso de haver “confl ito

de interesses”. “Felizmente, todos

remámos para o mesmo lado. A

família esteve sempre motivada

para o nascimento deste bebé.”

“Foi feita uma exposição ao MP,

que se mostrou disponível”, acres-

centou. Jurista da comissão de ética,

Pedro Brito, explicou que o CHLC fez

uma analogia entre a vida daquele fe-

to e os menores em risco, como se se

tratasse de um processo tutelar, e o

Ministério Público, “como represen-

tante do Estado”, aceitou proteger o

feto. Se houvesse desacordo, o caso

teria que ser decidido por um juiz.

Num dos últimos casos deste

tipo conhecidos no mundo, que

ocorreu na Irlanda em 2014, o pai

e o marido de uma grávida que es-

tava em morte cerebral foram para

tribunal pedir para que as máquinas

fossem desligadas. O tribunal acabou

por aceitar. O caso era diferente do

português, porque o feto de 18 sema-

nas tinha poucas possibilidades de

sobrevivência, e a razão por que os

médicos quiseram manter as funções

vitais tinha que ver com a legislação

antiaborto do país. Na Irlanda, a lei

dá os mesmos direitos constituticio-

nais a um feto e à mulher, referia o

jornal britânico Guardian.

No estado norte-americano do

Texas, Marlise Munoz, que estava

grávida de 14 semanas, foi mantida

artifi cialmente viva durante dois

meses contra a vontade do marido.

Erick Munoz foi para tribunal pedir

a interrupção dos suportes artifi ciais

de vida, argumentando que era von-

tade expressa da mulher, que era

paramédica, não ser mantida viva

artifi cialmente e que o feto sofria de

malformações graves e não iria so-

breviver. Em Janeiro de 2014, o tri-

bunal deu-lhe razão.

quatro semanas, disse. Nasceu com

2,350 quilos.

O processo de prolongamento do

corpo, e da gravidez, mantém-se há

quase quatro meses (15 semanas), um

período longo que torna este caso

“inédito” em Portugal e muito raro

no mundo. Ana Campos, a obstetra

da MAC que acompanhou este caso,

referiu que o tempo máximo de uma

grávida em morte cerebral mantida

artifi cialmente, descrito na literatura

científi ca, é de 107 dias, como acon-

teceu neste caso.

Um artigo científi co do British Me-

dical Journal refere que em 30 grávi-

das em morte cerebral, cujas funções

vitais foram mantidas para assegurar

a sobrevivência dos seus fetos, ape-

nas nasceram 12 bebés. Os casos re-

portados no artigo Uma vida termina,

outra começa: gestão de uma mulher

grávida em morte cerebral — Uma re-

visão sistemática aconteceram entre

1982 e 2010, ano da sua publicação.

A idade média da gestação quando

ocorreu a morte cerebral foi de 22

semanas (o caso português aconte-

ceu às 17 semanas) e o período médio

de gestação até ao nascimento foi de

29,5 semanas (o bebé português nas-

ceu às 32 semanas).

O que pesou na decisão dos mé-

Responsáveis do Centro Hospitalar de Lisboa Central explicaram o caso numa conferência de imprensa

Centro hospitalar accionou processo de protecção de “vida fetal” junto do Ministério Público para acautelar “confl ito de interesses”, mas família concordou com prolongamento da vida artifi cial da grávida

SaúdeCatarina Gomes

Pais prematuros saúdam nascimento

Presidente da República elogia “demonstração de excelência da medicina portuguesa”

A Associação Pais Prematuros manifestou ontem em comunicado a sua

“máxima admiração” pelos profissionais envolvidos no nascimento do bebé de 32 semanas que se desenvolveu no corpo da mãe que esteve 15 semanas em morte cerebral. Também o Presidente da República saudou este “nascimento em excepcionais condições”. “Expressamos, antes de mais, admiração pelo bebé prematuro e pela sua mãe, mas também pelo seu pai e restante família, assim como pelo corpo clínico que acompanhou superiormente o processo”, afirmam os responsáveis da Associação Pais Prematuros em comunicado. Já o Presidente da República,

Marcelo Rebelo de Sousa, considerou o nascimento “um exemplo de esperança” e uma “demonstração de excelência da medicina portuguesa”. “O Presidente da República saúda a criança e a respectiva família, ao mesmo tempo que apresenta os seus sentimentos pela perda da mãe. Esta criança, que, verdadeiramente, foi ‘da lei da morte libertada’, é um exemplo de esperança e também uma demonstração da excelência da medicina portuguesa”, lê-se no site da Presidência.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinha também a “competência, profissionalismo e dedicação da equipa de profissionais de saúde que tornaram possível um extraordinário nascimento nestas condições”.

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