48
CADERNO DO PROFESSOR Resolução das actividades do manual Fichas de avaliação (com soluções) PORTUGUÊS Textos de carácter autobiográfico Módulo1 Textos expressivos e criativos e textos poéticos Módulo2 Textos dos media I Módulo3 Textos narrativos / descritivos I Módulo4 Olga Magalhães | Fernanda Costa Ensino Profissional · Nível 3 Módulos 1 | 2 | 3 | 4 Módulos 1 | 2 | 3 | 4 P

55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

Embed Size (px)

Citation preview

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    1/48

    CADERNODO PROFESSORResoluo das actividades do manual

    Fichas de avaliao (com solues)

    PORTUGUSTextos de carcter autobiogrfico Mdulo1Textos expressivos e criativos e textos poticos Mdulo2Textos dosmediaI Mdulo3Textos narrativos / descritivos I Mdulo4

    Olga Magalhes | Fernanda Costa

    Ensino Profissional Nvel 3

    Mdulos1 | 2 | 3 | 4Mdulos1 | 2 | 3 | 4

    P

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    2/48

    avaliado(a); analisado(a) em detalhe; c.

    afastamento, omisso; d.relato sumrio da sucesso de factos que marcam cultural eprofissionalmente a carreira de uma pessoa;

    e.

    mais do que a capacidade de ler e escrever, entendidacomo a capacidade de compreender e usar a informaoescrita nas actividades do quotidiano;

    a.

    inevitvel, que tem de ser tido em conta. b.

    2 Mdulo Textos de carcter autobiogrfico1

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    | Textos | 1

    Antes de ler [pg. 17]

    1. O cartoonrepresenta um sonho de um funcionrio de umarepartio nome dado aos locais onde funcionam secesde determinados servios, muitas vezes ligados ao Estado. Nosdiversos momentos do sonho, o funcionrio v-se a si prprio aatender diversos utentes sempre com uma atitude de grandesimpatia e disponibilidade que se reflecte quer no sorrisoomnipresente quer na forma como se vai dirigindo a cada umdeles. A maneira como cumprimenta a primeira personagemou se despede da ltima, a solicitude que apresenta perantetodas as outras so exemplo da humanizao que to poucovulgar neste tipo de locais, cujo atendimento , por norma, frio

    e impessoal. Quando acorda, com um ar visivelmente assusta-do, o funcionrio refere-se ao sonho como um pesadelo, atra-vs de um acto ilocutrio profundamente expressivo. nestaltima vinheta que melhor se evidencia a funo crtica destecartoon: aquilo que para os utentes seria, de facto, um sonho,, para o funcionrio que os atende, um pesadelo.

    2. Esta definio corresponde ideia generalizada de burocra-cia: o cliente que vai sendo empurrado de guichetem guichet.A mensagem deste texto ope-se ideia transmitida no so-nho/pesadelo do funcionrio pblico do cartoonde Lus Afonso.

    Compreender [pg. 19]1.1. () comprometemo-nosem coordenar as nossaspolticas (); () Com isto, comprometemo-nos a atin-gir estes objectivos ()

    2. A nota deveria ser introduzida no texto a seguir a ECTS(quarto pargrafo, ponto 3).

    3.1. Nos trs primeiros pargrafos da declarao, evidencia--se a evoluo do processo europeu nos ltimos anos,salienta-se que a Europa do conhecimento um factor fun-damental para o enriquecimento da cidadania europeia ereconhece-se ser da mxima importncia que as universida-

    des europeias se ajustem s novas exigncias.4. A afirmao falsa a b. a Declarao de Bolonha pre-tende incentivar, tambm, a mobilidade de professores,investigadores e pessoal administrativo (no reconhecimentoe na valorizao dos perodos passados num contexto euro-peu de investigao, de ensino e de formao, sem prejuzodos seus direitos estatutrios).

    Compreender [pgs. 21-22]

    1. O destinatrio o Presidente da Assembleia da Repblica,o requerente o deputado do Grupo Parlamentar do PSD,Ado Silva, e o assunto o Plano Nacional de Leitura.

    2.1.

    3. 1.a parte do ponto 1 ao 7; 2.a parte a partir de Porisso.

    3.1. O conector Por isso, que articula as duas partes referi-

    das, tem um valor consecutivo (indica que o que se segue consequncia do que atrs foi exposto).

    4. Por exemplo:

    Por isso, nos termos constitucionais e regimentais, venhorequerer Senhora Ministra da Educao que: explicite os critrios cientficos ou outros que servem debase ao apagamento () que frequentam o 5. ou 6.anos de escolaridade;

    informe se obras como () chegaram a ser equacionadasno processo de seleco levado a cabo;

    disponibilize a listagem de todas as obras e todos os

    autores avaliados e torne pblicas as justificaes quelevaram excluso daqueles que foram afastados da lista-gem dos recomendados;

    divulgue o curriculum() para o Plano Nacional de Leitura.

    5.1. Os pedidos do requerente no podem ser consideradoscompletamente satisfeitos, pois a no se encontra esclare-cido o solicitado nos pontos 2. e 3. do requerimento e a res-posta ao ponto 4. vaga.

    | Textos | 2

    Antes de ler [pg. 23]

    1. Na BD assistimos histria de uma personagem masculi-na que se encontra dentro de um bar e que, depois de olharapaixonadamente para a foto de uma mulher (Maria), decideescrever-lhe uma carta de amor para a qual vai fazendo erecusando vrios rascunhos. No momento em que se encon-trava concentrado em mais uma tentativa, v, estupefacto,Maria passar abraada a outro homem. Na ltima vinhetavemos a personagem feminina a ler a carta que acaba porreceber: em vez de uma carta de amor, recebe um conjuntode insultos e improprios.

    2007 I S B N 9 7 8 - 9 7 2 - 0 - 9 1 2 4 7 - 3

    Este livro foi produzido na unidade industrial do Bloco Grfico, Lda., cujo

    Sistema de Gesto Ambiental est certificado pela APCER, com o n. 2006/AMB.258

    Produo de livros escolares e no escolares e outros materiais impressos.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    3/48

    Mdulo Textos de carcter autobiogrfico1 3

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    Compreender [pg. 25]

    1. banalizao: vulgarizao; omnipresena: ubiquidade; tri-

    vialidades: banalidades; grilheta: priso; sequestrado:enclausurado; distendido: dilatado; fustigadas: flageladas;desfalecendo: desmaiando.

    2.1. A nota explicativa seria inserida a seguir seguinte pas-sagem: usando um direito inalienvel de autodetermina-o (l. 7).

    3. medida que o telemvel se foi vulgarizando, foi criando afantasia de que o outro est sempre presente e disponvel;o facto de o contacto no ser estabelecido ou de no haveruma resposta imediata do outro lado causa sofrimento.

    4. As trivialidades so as seguintes: ficar sem bateria ousem rede ou desligar o telemvel.

    5. Afirmao b..

    Funcionamento da lngua [pgs. 25-26]

    1.1. SMS Short Message Service; MMS MultimediaMessaging Service; PC Personal Computer; CD CompactDisk; WWW World Wide Web.

    2.1. Mail e messenger.

    3.1. correspondncia mails, SMS, carta, postal dos cor-reios (diferentes tipos de correspondncia).

    3.2. telegrama, encomenda, vale postal, fax, bilhete, memo-rando, nota.

    3.3. Epstola, missiva.

    4.1.1. A segunda orao da frase para avaliar o impactode um amor uma orao no finita infinitiva com valorfinal.

    4.1.2. Sujeito nulo indeterminado; predicado avaliar oimpacto de um amor; complemento directo o impacto de

    um amor; complemento do nome de um amor.

    4.2. Exemplo: Os segundos de resposta so contabilizadospelos amantes.

    Oficina de escrita [pg. 27]

    2.1. Na carta A o destinatrio tratado por ExcelentssimoSenhor, Vossa(s) Excelncia(s); trata-se de uma carta dirigi-da aos administradores das roas de S. Tom e Prncipe peloGovernador das ilhas, o emissor, que assina com o nome com-pleto Lus Bernardo Valena. uma carta formal adequada

    ao assunto em questo a visita de um ingls s roas para, amando do seu governo e do governo portugus, verificar ascondies de trabalho dos trabalhadores e s relaes de

    hierarquia (administradores das roas/Governador). A carta B uma carta particular, dirigida por Lus Bernardo ao seu amigoJoo (Cf. frmulas de tratamento e de despedida) e o assunto de ndole pessoal sentindo-se s e infeliz, Lus Bernardofaz um pedido desesperado ao amigo para que o venha visitar.

    2.2.1. Hiptese de carta:

    | Textos | 3

    Antes de ler [pg. 28]

    2. Personagens: Sandra, Xana, Jonas Machibundo, Paulo,Deolinda, Fragoso; Lugares: Moambique; Tempo: Natal.

    Compreender [pgs. 29-30]

    1.1. e 1.2. O destinatrio Sandra, mulher do remetente, jfalecida (No sei se ainda estavas viva quando (ll. 6-7)).A relao entre ambos esclarecida, por exemplo, atravsdas formas de tratamento (querida), pela evidente cumpli-

    cidade nascida da partilha da vida (Porque os jovens, tusabes (ll. 14-15), e subitamente exististe nesse sorri-so. Eras tu, querida, eu nunca dela. (ll. 22-23)), etc.

    Querido amigo Lus,

    Estou a responder-te logo aps ter recebido a tuacarta que me deixou deveras preocupado.

    No imaginava que te encontrasses to profunda-mente deprimido. Nada nas tuas cartas anterioresfazia antever tal situao.

    Creio, porm, que estars a exagerar e que, quan-

    do receberes esta missiva, j te encontrars, certa-mente, de melhor humor.

    Infelizmente no vou poder aceder ao teu pedido:no me possvel ir a S. Tom este Vero, pois o tra-balho no escritrio no mo permite: vou ter apenasuma semana de frias e tenho j hotel reservado naPraia da Granja. Este ltimo facto no seria grave etudo se poderia arranjar se no fosse a distncia: queuma semana de frias no d sequer para a chegar.

    Vou fazer os possveis para te visitar no Natal .Nessa altura penso que o trabalho ter acalmado eque disporei de mais tempo para poder empreender

    to longa viagem. At l, aguenta-te, amigo! Sabesque, em pensamento, estou a teu lado e lembra-teda importante misso que a ests a cumprir.

    Um grande abrao cheio de saudades deste teuamigo (que no se perdoa por no poder ir a correrao teu encontro),

    Joo

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    4/48

    Caderno do Professor | Resoluo das actividades do manual4

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    1.3.1. Xana seria filha do remetente e de Sandra. Tem umfilho pequeno (Paulo) e vive longe do pai. Depois de se sepa-rar do companheiro (pai do filho) vai agora casar com umhomem bastante mais velho. Tem um sorriso parecido como da me.

    1.3.2. A relao com o pai no parece muito prxima: telefona(raramente) e escreve (telegraficamente), passou dois dias noNatal com o pai, mas ele nunca lhe conheceu o companheiro.

    1.4.1. Porque os jovens () tm uma grande incompreen-so do sentido do casamento. (ll. 14-15). Com esta reflexo oremetente expressa aquilo que lhe parece ser a forma levia-na como os jovens encaram o casamento.

    1.4.2. Sorriso breve, o ar absorto (ll. 23-24).

    1.5. O que o pai de Xana lhe est a dizer com a resposta qued que aquilo que a faz feliz a ela, mesmo que seja algocom que ele no esteja completamente de acordo, tambm ofaz feliz a ele.

    Funcionamento da lngua [pg. 30]

    1.1. Por exemplo: Conta disse-lhe eu. E ela contou: Vou-me casar. Casar? duvidei eu na minha estupefaco.

    Vou-me casar com um tipo que talvez conheas de no-me, o Fragoso, professor de confirmou ela. No estscontente?

    Estou contente disse-lhe eu olhando o mido que tinhaum olhar mudo e espantado para ns , se tu tambm ests.

    2.1. Exemplos: Prometo que vou a no Natal. Quem me dera / Adoraria ir a no Natal!

    3.1. apareceu, preparou, ajudou, estremeceu, chegou, per-guntei, foi, voltou, disse, contou, duvidei.

    3.2.1. Ela dissera-metenho uma novidade para te dar(l. 11)

    3.2.2. O pretrito mais-que-perfeito exprime uma acoque teve lugar antes de outra aco j passada.

    | Textos | 4

    Compreender [pg. 33]

    1. O excerto de dirio aqui apresentado, pelo seu carcter fic-

    cionado e lrico, no corresponde a uma realidade estritamentefactual mas a uma espcie de fingimento dessa realidade.Da a escolha de imitao dos dias.

    | Textos | 5

    Antes de ler [pg. 35]1.1. Lembrana, recordao, fama, por exemplo.

    1.2. Exemplos: No h memriade uma histria assim.;Este monumento foi erigido em memriado nosso primeirorei.; D. Dinis, rei de boa memria, foi tambm um grandepoeta.

    2. Podemos falar, em relao a este texto, de duas acep-es da palavra memria: nos dois primeiros pargrafos, asduas referncias memria(ll. 2 e 6) enquadram-se no sen-tido 1. do verbete (funo geral de conservao de expe-

    rincia anterior, que se manifesta por hbitos ou por lem-branas); podemos, tambm, reportar-nos ao sentido 9. doverbete [memria(pl.) escrito narrativo em que se compi-lam factos presenciados pelo autor ou em que este tomouparte].

    Compreender [pgs. 36-37]

    1.1. Sendo embora ambos os tipos de texto exemplos deescrita autobiogrfica, enquanto que a escrita das mem-rias , normalmente, muito posterior aos acontecimentos

    narrados pelo seu autor ou em que este participou, o registodo dirio , geralmente, quase simultneo aos factos narra-dos que so, por norma, datados.

    2.1. Marcas da primeira pessoa: formas verbais acho,sou, comecei, Tenho, acabamos(pl.), sei, sou, tenha, tenho,desejaria, temos (pl.), quero, nasci, vim, conheci; deter-minantes possessivos minhas (obsesses, avs, tias),nossa (individualidade) minha (vida, juventude, me), meu(tempo); pronomes pessoais mim, me, nos(pl.), Eu.

    3.2. Os trs grandes factos que marcaram a vida do autor

    so: a falncia das profecias (3. ), a cada vez maior partici-pao das pessoas na sociedade (4. e 5. ) e a entrada dasmulheres na Histria (6. ).

    4. 1.-c.; 2.-f.; 3.-a.; 4.-d.

    5.1. Por exemplo: certeza Eu no tenho dvidas: quandonasci, () no tinham ainda entrado na histria. (ll. 44-45);incerteza: Por isso me parece que a nossa individualidade talvez o bem mais precioso que temos. (ll. 10-11).

    5.2. Hiptese: Garanto que / Estou convencido que / Estouseguro que, etc., estes futurlogos, alguns reconhecidamen-

    te inteligentes, estavam apanhados pelo esprito do tempo,uma espcie de vrus que apanha indiferentemente o inteli-gente e o estpido.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    5/48

    Funcionamento da lngua [pgs. 37-38]

    1. Por exemplo: Recordo com emoo todos os concertos

    a que assisti no ano passado.; Os consertos de caladoesto mais caros de dia para dia.

    2.1. grafar, grafia, graficamente, grfica, grfico, grafismo,grafologia, grafonia, grafmetro, grafolgico, grafemabiografia, autobiografia, biografar, biografado, biogrfico,biografista, bigrafo, fotobiografia, filmografia, paleografia,serigrafia, xenografia, xilografia, epistolografia, discografia,fotografia

    3.1.1. e 3.1.2. a. Pretrito perfeito do indicativo vim; pretri-to imperfeito do indicativo estava, comprava, ouvia, via. b.Presente do indicativo tenho; pretrito perfeito do indicativo nasci; pretrito mais-que-perfeito composto do indicativo tinham entrado.

    3.1.3. No excerto a., a narrao projecta-se apenas em fac-tos passados e os tempos utilizados exprimem realidadestemporais diferentes: o pretrito perfeito evidencia umaaco passada com carcter pontual, enquanto que o pret-rito imperfeito salienta o aspecto durativo da aco, a suaextenso temporal.No excerto b., o presente do indicativo marca que o mo-mento/tempo em que se situa o sujeito da enunciao coin-cide/ simultneo com o momento/tempo em que se situam

    os factos narrados; o pretrito mais-que-perfeito assinalauma aco anterior a outra tambm passada expressa pelopretrito perfeito.

    [pgs. 41-43]

    I

    1.1. Marcas do remetente o uso da primeira pessoa presen-te nas formas verbais tenho e tive e no pronome pessoalme; marcas do destinatrio o pronome possessivo tuas.

    1.2. Trata-se da comparao: () que me deixa desampa-rado como se me faltasse uma perna...

    2.1. Nestes dois pargrafos o remetente fala de dois assun-tos: da forma custosa como tem progredido a histria queest a escrever e do nascimento do beb que se aproxima apassos largos!.

    2.2. Atravs desta metfora o remetente, falando do traba-lho que lhe tem dado a histria que est a escrever, eviden-cia que o mais difcil tem sido ser capaz de simplificar a suaescrita de forma a deixar ficar s o essencial.

    2.3. a. Por exemplo: () chego hora de jantar cheio dedores de cabea por levar o dia a penar na prosa. (ll. 13-14)b. Vais ver que uma coisa de uma simplicidade imensa a gente deita-se e eles nascem. (ll. 18-19)

    3. O principal tem sido mondar* isto de adjectivos supr-fluos, sacudir a rvore para s ficar o essencial. (ll. 14-15)

    II

    1.1. O valor contextual dos dois como substancialmentediferente, pois enquanto o primeiro estabelece uma compa-rao ( uma conjuno subordinativa comparativa), osegundo remete para uma ideia de causalidade ( umaconjuno subordinativa causal (= porque,j que)).

    1.2. Porque, j que, visto que, uma vez que

    2.1. Caso se possa mandar daqui ou do Chime

    2.2. Se se puder mandar daqui ou do Chime encomendasregistadas, envio-te logo o primeiro caderno.

    3. Dois exemplos possveis: No ltimo filme de Almodvar,Penlope Cruz volta a ser cabea de cartaz.; Aquele rapazno tem cabea: passa o tempo a fazer disparates!

    4. a. Acto ilocutrio compromissivo; b. Acto ilocutrioexpressivo.

    Ficha formativa

    Mdulo Textos de carcter autobiogrfico1 5

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    6/48

    6 Mdulo Textos expressivos e criativos e textos poticos2

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    Cames lrico

    | Textos | 1Antes de ler [pgs. 47-48]

    1. Proposta de roteiro cronolgico:

    1524/1525 : Nasce Lus de Cames quase certamente emLisboa. Antes de 1550, Lus de Cames poder ter aprendidoas primeiras letras numa das 40 escolas lisboetas de ensinarmeninos. Neste primeiro perodo da sua vida, a sua lricaaponta uma estada em Coimbra, mas no h qualquer regis-to que prove a sua passagem oficial pela Universidade.

    1552: Est em Lisboa. No dia de Corpus Christi, quandoGonalo Borges passeava a cavalo no Rossio, foi zombado,defronte das casas de Pro Vaz, na Rua de S. Anto, por doismascarados. Estalou briga rija. Lus de Cames acudiu emdefesa dos mascarados seus amigos, rasgando com a espa-da uma ferida no pescoo de Gonalo Borges. O poeta encarcerado no Tronco da cidade.

    1553: Por carta de 7/3/1553, o rei D. Joo III perdoa-lhe.Embarca nesse mesmo ms para a ndia. Chega a Goa emprincpio de Setembro.

    1558: Data provvel do naufrgio no Cambodja. O poeta

    perde tudo. Salva-se a ele e ao poema numa tbua. Dina-mene morre nas guas.

    1567: Cames em Moambique.

    1569: Embarca para Lisboa. Os amigos, entre eles Diogo doCouto, do-lhe de comer e de vestir, pagam-lhe uma dvida ea passagem.

    1572: Publicao de Os Lusadasem Lisboa.

    1575: D. Sebastio atribui a Cames uma tena de 15$000.

    1580: Morre a 10 de Junho. O enterro pago pela Com-panhia dos Cortesos. Fica sepultado em campa rasa, semletreiro, da parte de fora do mosteiro de Santa Ana.

    Antnio Borges Coelho, in Cames 1, Ed. Caminho, 1980 (adaptado)

    2. A pergunta do ttulo repete-se, sob outras formas, aolongo do texto (Cf. ll. 16-19). Atravs dessas questes, o seuautor pergunta-se se uma ptria que to mal tratouCames e que ele tanto criticou ter o direito de se apropriardo seu nome para celebrar o 10 de Junho (Dia de Portugal,de Cames e das Comunidades Portuguesas).

    Compreender [pg. 48]

    1.1. e 1.2. A indignao do autor nasce da constatao do

    triste hbito portugus de s se valorizarem as pessoas, emgeral, e os nossos escritores, em particular, depois de mor-tas, no lhes dando, em vida, a ateno e o amorque

    merecem. Cf., entre outras, as seguintes passagens: emmatria de indiferena pelos mais nobres dos seus filhos, seessa nobreza for a do esprito, este pas foi sempre terrenofrtil. (ll. 4-6); Cames pertence apenas a alguns poetas,pois mais ningum neste pas o soube merecer. (ll. 8-9); Oraa gente surda e endurecida () o favor com que mais seacende o engenho. (ll. 14-16).

    2.1. Nestes versos da estrofe 145 do Canto X de Os Lusa-das, Cames critica os portugueses (gente surda e endure-cida.), reconhecendo que no a ptria que o inspira poisesta est metida / No gosto da cobia e da rudeza / Deuma austera, apagada e vil tristeza. Cames observa o seupas e, vendo-o no mais espantoso abatimento, no podedeixar de evidenciar o seu desespero.

    | Textos | 2

    Observao:

    Sobre o ensino da poesia, aconselhamos a (re)leitura doexcelente artigo de Clara Crabb Rocha, Didctica dotexto potico, publicado em Cadernos de Literatura,Centro de Literatura Portuguesa da Universidade deCoimbra, nmero 10, 1981, INIC, nas pginas 42 a 55, do

    qual seleccionmos o seguinte excerto:O trabalho do professor, relativamente ao texto po-tico, , portanto: 1) revelar esse texto como 'armadilhaamorosa' (Barthes), ou seja, como agente de seduocapaz de 'prender' o aluno; 2) para isso, um dos mtodosque julgo pertinentes ajudar o aluno a ver como funcio-na o texto potico (tal como uma criana gosta de vercomo funciona um brinquedo e o adolescente um apare-lho, desmontando-o, observando as peas uma a uma), emesmo como funciona o acto potico. Essa desconstru-o, que nada tem de destruio do texto, realiza-seatravs do comentrio de textos e atravs de informa-

    es tericas sobre o fenmeno a que a crtica recented o nome de poeticidade (ou seja, o quidque faz comque um texto seja potico). A ttulo parenttico, creioque teria ainda interesse o professor fazer com os alunosuma breve reflexo de natureza histrico-cultural esociolgica sobre dois aspectos: o pendor lrico do tem-peramento portugus, e a consequente riqueza em poe-sia lrica da nossa literatura; e a enorme produo depoesia lrica do nosso tempo, quer publicada, quer desti-nada gaveta e solitria (o que alis um reflexo damassificao da produo literria; hoje toda a gente

    quer fazer a sua experincia de escrita), numa altura emque se nos impem meios de comunicao extremamen-te diversificados, eficazes e sedutores.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    7/48

    Mdulo Textos expressivos e criativos e textos poticos2 7

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    Antes de ler [pg. 49]

    1.1. O Nascimento de Vnus

    Tema: O quadro representa o nascimento de Vnus Ana-diomede, ou seja, gerada pela espuma do mar. Sustentadapor uma concha, a deusa levada pelos ventos em direco

    a terra, onde uma jovem mulher (Flora ou uma das Horas,mticas divindades femininas) est sua espera para acobrir com um manto purpreo.A obra distingue-se pela soberba harmonia do esmeradodesenho e pela elegante modulao do trao que cria efeitosdecorativos quase abstractos. Esta sensao emerge dasondas do mar, do entrelaar dos corpos e da vista da costaondulada em golfos e promontrios. As cores frias e claras,assim como as formas puras e idealizadas, encontram umaperfeita expresso potica na glida nudez da deusa.

    Composio: Botticelli dispe as figuras num plano s, privi-

    legiando a continuidade da linha. (...) Vnus o centro dacomposio e na sua direco convergem as linhas curvas dosventos e da figura feminina. O nu classicamente pondera-do numa simtrica e plena correspondncia dos membros: aobrao dobrado corresponde a perna dobrada, ao brao esten-dido, a perna na mesma posio. Todo o corpo circundadopor uma linha ininterrupta, subtil mas evidente, que nunca perturbada por cortes ou salincias. A pequena cabea estinclinada e insere-se sem criar ngulos no longo pescoo sub-til, o que provoca, quase de forma espontnea, a dupla incli-nao dos ombros. O abundante cabelo louro, desenhado fio afio, acompanha com suavidade as formas do corpo.

    (in A Grande Histria da Arte, vol. II, Ed. Pblico, 2006)

    Compreender [pg. 50]

    1. Mudam-se/muda-se/se muda/mudar-se; mudana.

    2. adjectivo: novas(v. 4); diferentes(v. 6); nome: novidades(v. 5);verbo: converte(v. 11)

    3. Continuamente(v. 5);j(vv. 10 e 14); cada dia(= diariamen-te) (v. 12)

    4. O paralelismo est presente na repetio da mesma

    estrutura frsica nos dois primeiros versos. A repetio dosvocbulos mudam-see muda-seno incio das frases dos doisprimeiros versos evidencia o recurso anfora.

    5.2. Anttese.

    Comparar [pg. 52]

    2.

    Exclusividade do objecto do amorA e a ela s por prmio pretendia.B Era s contigo que eu sonhava andar/Para todo o ladoe at quem sabe? Talvez casar

    Formas de seduo do objecto do amorA Servido e dedicao incondicionais: Sete anos de pas-tor Jacob servia, mas no servia ao pai, servia a elaB Persuaso e sacrifcios materiais: A saliva que eu gas-tei para te mudar, Empenhei o meu anel de rubi

    Impedimentos concretizaodo amorA O pai: porm o pai, usando de cautela, / em lugar deRaquel lhe dava Lia.B O prprio objecto do amor e o seu mundo: Mas esseteu mundo era mais forte do que eu, Mesmo sabendo queno gostavas, No fizeste um esforo para gostar

    Deciso do sujeitoA No desiste e prope-se lutar pelo seu amor enquantoviver: comea de servir outros sete anosB Desiste: Nada mais por ns havia a fazer/ A minhapaixo por ti era um lume/ Que no tinha mais lenha poronde arder

    Lio aprendida pelo sujeitoA Mais servira, se no fora / para to longo amor tocurta a vida.B No se ama algum que no ouve a mesma cano.

    | Textos | 3Amor um fogo

    Compreender [pg. 54]

    1.1.1. A dificuldade de definir o amor e de enumerar os seusdiversos estados bem como a sua variedade.

    1.2. As antteses e os oxmoros aliados bipartio rtmicado verso; a interrogao retrica do ltimo terceto; a repeti-o anafrica; as metforas....

    1.3. Sendo as contradies do amor o tema do soneto, queras antteses quer a bipartio dos versos aparecem a subli-nhar essa temtica.

    Observao: Ser importante fazer notar que o termoanfora usado na anlise literria e na anlise lingusti-

    ca. So conceitos distintos, que no se podem confundir.

    Acreditando que sob o signo da seduo que sedeve analisar o texto potico, em geral, e Cames, em

    particular, relemos, com toda a ateno, A poesia lricade Cames uma esttica da seduo(Cadernos FAOJ,n. 12), da mesma autora, e optmos, em grandeparte, por seguir o percurso a sugerido.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    8/48

    Caderno do Professor | Resoluo das actividades do manual8

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    1.4. Estes recursos intensificam a ideia central e acentuam amensagem.

    2.1. e 2.2. 1.a parte as duas quadras e o primeiro terceto: adificuldade de definio do amor e as contradies do estadoamoroso; 2.a parte ltimo terceto: o sujeito potico pergun-ta-se como possvel que o amor, tendo em conta o seucarcter contraditrio, possa estar to presente nos coraes.

    2.3. A conjuno coordenativa adversativa mas(v. 12)

    2.4.1. contrrio

    2.4.2. No sendo uma pergunta para a qual se espere res-posta, a interrogao retrica d vivacidade e nfase ao dis-curso, criando cumplicidade com o interlocutor.

    Aquela triste e leda madrugada

    Compreender [pg. 55]

    1.1. Ela(vv. 5, 9 e 12)

    1.2. mgoa/ piedade(v. 2); grande/ largo(v. 11)

    1.3. apartar-se/ apartada(vv. 7/8)

    2.2.triste cheia de mgoa e de piedade saudade apartar-se lgrimas em fio palavras magoadas

    leda amena e marchetada dando ao mundo claridade

    2.2.1. O sentimento predominante a tristeza.

    3.1. A madrugada testemunha da separao de dois sujei-tos que estiveram juntos e do sofrimento que essa separa-

    o provoca. (Cf. vv. 7-9).

    3.2. A madrugada aparece como uma espcie de morte por-que o nascer do dia identificado com a separao (Cf. v. 14almas condenadas)

    3.3. Formas verbais: saa, viu; adjectivos: triste, leda.

    4.1. hiprbole (1. terceto); paradoxo (vv. 7, 8 e 13).

    | Textos | 4

    Compreender [pg. 57]

    1.1. Destarte

    1.2. Nos dois termos da comparao estamos perante umasituao de agresso em que uma das figuras (caador/

    /Frecheiro) mais forte do que a outra (passarinho/corao) eactua de forma traioeira e dissimulada, valendo-se do des-cuido, da fragilidade e da passividade do sujeito potico.

    1.3.1. passarinho/corao; caador/Frecheiro

    1.3.2. passarinho lascivo, doce; caador cruel, calado,manso; corao livre, destinado, descuidado; Frecheiro cego, escondido.

    1.3.3. O sujeito potico identifica-se com o passarinho e ocoraocontra o caadore o Frecheiro cego. Atente-se, porexemplo, na ternura dos trs diminutivos que aparecem naprimeira quadra, e nos adjectivos que caracterizam o cora-

    o, no primeiro terceto, por oposio ao caador, caracteri-zado como sorrateiro e dissimulado, tal como o Cupido quese escondia nos olhos da mulher amada.

    2. O tema a paixo que apanha o corao desprevenido.

    Comentar [pg. 57]

    1. A estrutura bipartida deste soneto marcada pelo conec-tor assi sendo anunciada, logo no incio do poema, pelaconjuno como.Ao marinheirodo primeiro termo de comparao corresponde

    o eu lrico, no segundo, sendo a vista da amada comparada tempestade. Uma vez que a sua contemplao (da tempesta-de/da amada) provoca medo, a fuga a nica salvao.Ambos (marinheiroe eu lrico) prometem no voltar a cairnoutra, no resistindo, porm, e repetindo o mesmo erro.

    | Textos | 5

    Compreender [pgs. 58-59]

    1. A beleza feminina (fsica e espiritual) e o fascnio que elaexerce no eu lrico.

    2.1.1. Neste retrato d-se maior relevo aos traos morais (Cf.vv. 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11). Este conjunto de qualidades tende aproduzir uma imagem de perfeio (estereotipada) e no aindividualizar a mulher.

    3.1. 1.a parte at ao verso 11, corresponde acumulaode atributos fsicos e morais da figura feminina (descrio);2.a parte 2. terceto corresponde sntese desses atribu-tos e concluso: o poder transformador/mgico do objectoamado exercido sobre o sujeito.

    3.2. O demonstrativo Esta funciona como um termo anaf-rico que tem como funo indicar os referentes no interior dotexto em que usado: remete para todas as qualidades

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    9/48

    Mdulo Textos expressivos e criativos e textos poticos2 9

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    expressas nos versos anteriores (atente-se, tambm, nosdois pontos do verso 11) que so aqui resumidas na expres-so celeste fermosura.

    4.1. Podero referir-se, entre outros: a enumerao assindti-ca (conferindo ritmo, vigor e musicalidade ao texto), a adjec-tivao, frequentemente dupla e valorativa, etc.

    4.2. Referimo-nos metfora Circe/veneno que conferea ideia de encantamento e magia.

    5. Os encavalgamentos (transio dos vv. 7-8 e 12-13-14,aliados enumerao assindtica, conferem ao poema umritmo rpido e fluido que alterna com um ritmo mais lento esincopado conferido pelo uso da vrgula, do ponto e vrgula edos dois pontos.

    6.1. O petrarquismo est presente ao nvel do ideal de bele-za feminina aqui reproduzido. A beleza da mulher amada oresultado da conjugao das suas qualidades fsicas emorais (graa, recato, doura, brandura, beleza celestial)realadas atravs de diversos nomes e adjectivos.

    | Textos | 6

    Compreender [pg. 61]

    1.1. A apstrofe inicial Lembranas, que lembrais meubem passado; as formas verbais na 2.a pessoa, duas delas noimperativo, na continuao da apstrofe lembrais/deixai--me, se quereis,/no me deixeis.

    1.2. deixai-me afastai-vos de mim; no me deixeis nopermitais.

    2.1. Esto em confronto o bem passado, recordado pelo eulrico, e a angstia do mal presente.

    2.2. O facto de se lembrar do bem que j teve no passadoagudiza mais ainda o sofrimento presente.

    2.3. As sucessivas antteses: bem/mal, passado/presente,viver/morrer, deixai-me/no me deixeis.

    2.4. h-de ser tendo perdido toda a esperana, o sujeitolrico antecipa que a sua vida ser tambm, no futuro, mar-cada pelo sofrimento presente.

    2.5. sempre eternamente, indefinidamente.

    Funcionamento da lngua [pg. 61]

    1. Morreu ontem, na maior misria, o autor de Os Lusadas,

    Lus Vaz de Cames. Abandonado por todos, [elipse] fale-ceu (sinonmia) num hospital da cidade e [elipse] foi sepul-tado num coval aberto do lado de fora da Igreja de Santana.

    O seu (pronominalizao) nico rendimento era a tena de15 mil ris anuais, equivalente a uma reforma de soldado,que el-rei lhe (pronominalizao) mandou pagar comorecompensa pela publicao da sua epopeia (sinonmia).

    Entretanto, a sua (pronominalizao) obra continua a seradmirada por todos. Alm de Os Lusadas [elipse] escreveumuitas redondilhas, sonetos, odes, canes, sextinas e clo-gas, que nunca foram impressas pelo facto de o poeta (sino-nmia) no ter recursos materiais, mas que esto a correr demo em mo, em cpias manuscritas.

    | Textos | 7

    Compreender [pg. 63]

    1. Estas duas figuras femininas, sendo completamente dis-tintas sob o ponto de vista fsico, so em tudo semelhantesdo ponto de vista psicolgico. O sujeito potico canta, emDescala vai pera a fonte, o ideal de beleza petrarquistaoposta beleza oriental da mulher cantada nas endechas(contra as convenes do petrarquismo).

    2.1. Jogos de palavras: cativa/ cativo; porque nela vivo/j no quer que viva; para ser senhora/ de quem cativa;

    bem parece estranha/ mas brbora no.Metforas (~Ua graa/ viva que neles lhe mora; Pretido deAmor; Presena serena/ que a tormenta amansa).

    2.2. Por exemplo os versos 9-12 e 25-28.

    2.3. Para alm da medida do verso, de referir o encavalga-mento (por ex.: na transio dos versos 3-4, 19-20, 22-23-24,etc.) que alterna com o ritmo binrio.

    Oralidade [pg. 64]

    2.1. Lendo-se as estrofes seguidas (da 1 4), obtm-se um

    retrato negativo de uma dama (Sois ~ua dama das feias domundo); a leitura lado a lado, louva uma dama(Sois ~uadama de gro merecer).

    [pgs. 70-71]

    I

    1.1. A primeira parte corresponde s duas quadras e asegunda aos dois tercetos.

    1.2. A primeira parte descreve a forma como o girassolacompanha a trajectria do Sol acima da linha do horizontee a forma como esta flor influenciada pela luz do astro-rei.

    Ficha formativa

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    10/48

    Caderno do Professor | Resoluo das actividades do manual10

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    1.3.1. Atravs da apstrofe Meu Sol, o eu lrico dirige-se mulher amada.

    1.3.2. Atravs desta metfora mulher amada/Sol o sujei-to potico compara-se a um girassol e forma como estedepende do Sol, tal como ele vive inteiramente na depen-dncia do objecto do seu amor.

    1.4.1. A hiprbole.

    1.4.2. Atravs deste recurso o sujeito potico hipervaloriza amulher amada, exagerando as suas qualidades e conferindo--lhe at o poder de criar.

    1.5. Ao longo deste soneto, o sujeito potico identifica-secom o girassol (Uma admirvel erva) e identifica a mulher

    amada com o Sol. Tal como o Sol faz florescer o girassol,tambm a amada do sujeito lrico alegra a sua alma. Deigual modo, assim como o girassol emurchece e se desco-ra quando o Sol se pe, tambm o sujeito potico, naausncia da mulher amada, se murcha e se consome emgro tormento.

    2. O poema um soneto e, portanto, constitudo por duasquadras e dois tercetos . Quanto mtrica, a medida doverso o decasslabo. O esquema rimtico ABBA ABBACDE DEC, isto , a rima emparelhada e interpolada nasquadras e cruzada e interpolada nos tercetos.

    II

    1. Proposta:

    Nasci em Lisboa por volta de 1524, de uma famlia doNorte (Chaves). Vivi algum tempo em Coimbra e l frequen-tei aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz ondetinha um tio padre. Regressei a Lisboa, levando a uma vidade bomia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a umarixa, parti para a ndia. Fixei-me na cidade de Goa ondeescrevi grande parte da minha obra. Regresso a Portugalem 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusa-

    das, em 1572, graas influncia de alguns amigos juntodo rei D. Sebastio. Faleci em Lisboa no dia 10 de Junho de1580. Sou considerado o maior poeta portugus, e costu-me situar a minha obra entre o Classicismo e o Manei-rismo. Algumas das minhas obras mais conhecidas so: OsLusadas(1572), Rimas(1595), El-Rei Seleuco (1587), Autode Filodemo(1587) e Anfitries(1587).

    III

    1.1.

    a. A obra de Cames, que desempenha um papel importante

    no crescimento da lngua portuguesa, relata as contradiesdo mundo complexo do seu tempo. (o queintroduz uma ora-o subordinada adjectiva relativa explicativa)

    b. A obra de Cames proporciona-nos um encontro com a nossahistria porque/visto que/j que a sua poesia foi utilizada, aolongo dos tempos, como bandeira e como smbolo nacional.

    c. A poesia de Cames dinmica e, do ponto de vista culturale artstico, densa e rica, portanto/logo/por isso a leitura dasua obra um instrumento para abrirmos o presente e o futuro.

    Poetas portugueses do sculo XX

    | Textos | 1

    Compreender[pg. 74]

    1. 1. momento (vv. 1-23) ; 2. momento (vv. 24-43).

    2.1. O cansao do sujeito potico nasce da monotonia da vida(vv. 1-15), da constatao da falta de imaginao do homem(vv. 16-18), da misria e da violncia que o rodeiam (vv. 19-22).

    2.2. sempre, nunca, no, tambm.

    2.3. Versos 6-9 e 15.

    2.4. no e ningum a diferena que poderia quebrar amonotonia, a previsibilidade do mundo, negada atravs dareiterao do advrbio de negao e do pronome indefinido.

    2.5.1. Cf. versos 16-23.

    3.1. O sujeito potico exprime o desejo do espanto inicial, demorrer para renascer. A vida cansa porque sempre igual.Morrer ausentar-se da vida temporariamente, libertar-se.

    3.2.1. em cima dum div/ com a cabea sobre uma almo-fada, / confiante e sereno sorriso/ onde arde um coraoem melodia: suavemente, / velar por mim, subtil e cuida-dosa, / p ante p

    3.2.2. A figura feminina meu amor do Norte d ao sujeitopotico confiana e serenidade.

    3.2.2.1. Velar significa vigiar, estar de guarda a, pas-sar a noite junto de um morto. So estas as funes queo sujeito potico espera que a figura feminina cumpra.

    3.3.1. a 3.3.3. O sujeito potico aparece dividido entre odesejo de viver e o cansao que a vida lhe provoca. Morreresuicidar-seno representam, aqui, mais do que esquecer,repousar. Veja-se a forma carinhosa como a Morte perso-nificada no ltimo verso.

    Funcionamento da lngua [pg. 74]

    1.2. Se.

    1.3. caso.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    11/48

    Mdulo Textos expressivos e criativos e textos poticos2 11

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    1.4. e 1.5. pudesse pretrito imperfeito do modo conjunti-vo. A propsito do emprego deste modo, leia-se o seguinte:

    1.6.1. Algumas hipteses: Seria feliz; Descansaria

    | Textos | 2

    Compreender [pg. 76]

    1.1. O poeta a que se refere o sujeito potico o negrilho.

    1.2. O negrilho uma rvore de grande porte e de copaabundante (bosque suspenso), antiga (nela o tempo fazninho); um espao protector a que se acolhem o eu,os pssaros e o tempo. Sendo o nico poeta da terra natal

    do sujeito lrico, o negrilho um ser com estatuto humano,dotado quer de atributos fsicos a voz (conversamos) eos olhos , quer de traos psicolgicos, pois definidocomo sbio (revela o mundo visitado) e sonhador.

    1.3. O sujeito potico identifica-se com o negrilho, conside-rando-o o seu mestre e a origem da sua poesia (Os meusversos so folhas dos seus ramos.) e sente admirao porele visto que ele simboliza a harmonia da natureza.

    2.1. A alterao de pessoa verbal de ele para tu entreas duas estrofes faz sobressair a proximidade entre o sujeitopotico e o negrilho. Na primeira estrofe, o sujeito potico

    enfatiza o carcter excepcional daquela rvore e da sua relaocom ela, mas mantm, atravs do discurso de terceira pessoa,um tom contido de aparente distanciamento. Ao dirigir-se aonegrilho, na segunda estrofe, tratando-o por tu, d expressodramtica sua relao com a rvore, revelando, em toda asua intensidade, o envolvimento afectivo que a caracteriza.

    2.2. A primeira apstrofe mestre da inquietao / Serena! aponta para um ideal de harmonia e serenidade; a segunda imortal avena / Que () maninho. salienta a simplicida-de potica e a relao da poesia com a natureza; a terceira gigante a sonhar evidencia a expresso do sonho humano

    de elevao e de integrao na ordem csmica; a ltima bosque suspenso / Onde () ninho! remete para o carc-ter protector da rvore.

    2.3. A repetio do pronome pessoal Tu transformaesta segunda estrofe numa espcie de orao, evidenciandoo carcter singular do negrilho.

    3.1. O negrilho assume um papel protector (vv. 13-14) e espa-lha, sua volta, serenidade (vv. 11-12).

    4. O conceito de poesia apresentado caracteriza-se, entreoutros, por uma valorizao da sabedoria da terra (v. 4), poruma simplicidade potica inspirada na natureza (v. 10), peloideal de harmonia e serenidade (vv. 8-9).

    (respostas baseadas nos Cenrios de resposta da prova de ExameNacional do Ensino Secundrio de Portugus, 1.a fase, 1.a chamada, 2001)

    | Textos | 3

    Compreender [pg. 78]

    1. Porque os outros; mas tu no.

    2. Porque conjuno subordinativa causal.

    3. Sugestes: Ainda h esperana porque; Tudo podemudar porque, etc.

    4.1. Tu/ os outros.

    4.2. mas tu no(vv. 1, 4, 7, 10, 13)4.3. Os outros: dissimulao; falsidade/hipocrisia; medo;cedncia; calculismo. Tu: ousadia; denncia; aventura/risco;honestidade.

    6. Nos versos 11 e 12, a conjuno coordenativa etem umvalor adversativo (estabelece entre as duas oraes umaideia de contraste), podendo ser substituda pelas conjun-es coordenadas adversativas mas, porm, todavia, contu-doSobre os valores particulares de algumas conjunes coor-denativas, consulte-se Celso Cunha e Lindley Cintra, in ob.cit., pgs. 578 a 581.

    | Textos | 4

    Compreender [pgs. 81-82]

    1.1. O tema comum aos trs poemas anunciado pelos res-pectivos ttulos: o valor das palavras na poesia.

    2.1. cristal, punhal, incndio, orvalho.

    2.1.1. Cristalremete para transparncia; punhale incndiopara agresso, dor, destruio; orvalho conota leveza,frescura.

    Quando nos servimos do MODO INDICATIVO, consi-deramos o facto expresso pelo verbo como certo, real,seja no presente, seja no passado, seja no futuro. Aoempregarmos o MODO CONJUNTIVO, completamentediversa a nossa atitude. Encaramos, ento, a existnciaou no existncia do facto como uma coisa incerta,duvidosa, eventual ou, mesmo, irreal.

    Celso Cunha e Lindley Cintra,Nova Gramtica do Portugus Contemporneo(pgs. 463-464)

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    12/48

    Caderno do Professor | Resoluo das actividades do manual12

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    2.1.2. O carcter ambguo das palavras est em evidncianeste poema porque o sujeito potico apresenta um conjun-to de vocbulos que transportam consigo sentimentos diver-sos e, por vezes, at antagnicos.

    2.1.3. Comparao e metfora.

    2.2. Adjectivao, enumerao, personificao.

    2.3. A anttese luz/noiteremete, uma vez mais, para o carc-ter contraditrio da palavra potica.

    2.4. O adjectivo plidas, que sugere desmaiadas,tnues, remete para a morte das palavras que, mesmoquando enfraquecidas, trazem ainda boas memrias.

    2.5. Atravs destas interrogaes, o sujeito potico lanaum apelo para que as palavras sejam escutadas, cuidadas,protegidas.

    2.6. Tendo em conta que o poema nos chama a ateno para ofacto de as palavras poderem apresentar diferentes significa-dos, ele aproxima-se de uma definio (potica) de polissemia.

    3.1.1. A interrogao do primeiro verso, como alis todas asoutras do poema, dirige-se a um tu, destinatrio do discur-so, que se pode eventualmente identificar com um eu osujeito potico seria o eue o tu.

    3.1.2. Atravs desta interrogao, o sujeito potico pedecontas a um tu/eu acerca do que ter ele feito das pala-vras, fazendo-nos supor que o apelo por ele lanado nopoema anterior no teve eco.

    3.2.1. As vogais so de um azul () apaziguado e asconsoantes ardem entre o fulgor / das laranjas e o sol dos

    cavalos.3.2.2. Vogais e consoantes so opostas pois, enquanto queas primeiras so suaves e tranquilas, as segundas soquentes e fulgorosas; porm, s quando as juntamos pode-mos fazer palavras. Da o seu carcter complementar.

    4.1. agora vv. 1 e 15.

    4.2. Os tempos do passado so o pretrito perfeito (farta-ram-se, tive, gostaram) e o pretrito imperfeito (danavam,encontrava, fazia, sustentavam).

    4.3. No passado, as palavras gostaram do sujeito potico:

    andavam volta dele e aqueciam-no; no presente, estoariscas (v. 16), resmungam (v. 3), arreganham os dentes(v. 17), desobedecem-lhe e desrespeitam-no (cf. vv. 3-5).

    4.4. A relao das palavras com o sujeito potico mudou pro-vavelmente porque aquelas se fartaram da rdea que asprendia, do rigor e da simplicidade com que o sujeito poticoas usava (vv. 6-9). Em alternativa, o sujeito potico sugereque, se calhar, se tornou mais exigente e que agora s pro-cura as mais encabritadas.

    4.6. Atravs desta imagem (conjunto de metforas) o sujeitopotico refere que as palavras, que outrora eram o seu sus-tento quotidiano, hoje so muito menos dceis e mais dif-ceis de domar. Provavelmente, este facto deve-se tambm maior exigncia que o sujeito potico tem na seleco daspalavras (j s procuro as mais encabritadas).

    Actuar [pg. 82]

    1.1. Esta cano encontra-se no CD dos Trovante intituladoBaile no Bosque, da EMI-Valentim de Carvalho ou no CDPoesia Encantada, da mesma editora.

    2.2. Depois de ouvir o poeta, ser a vez de os alunos pratica-rem a leitura oral de alguns poemas. A brochura Leitura,do ME-DES (1999), prope a seguinte ficha de avaliaode leitura em voz alta:

    | Textos | 5

    Compreender [pg. 84]

    1.1. vv. 7-8: gua, fogo, lenha, vento, primavera, ptria, ex-lio; v. 10: navio; v.14: tempestade; v. 15: sangue; v. 16: amor,morte, navio; v. 17: chama; v. 19: rosa, cardo.

    1.2. Por exemplo, os pares gua/fogo, ptria/exlio,amor/morte, rosa/cardo. A liberdade gua, ptria, amorerosa mas, frequentemente, a luta por ela fogo e cardo,implica exlioe morte.

    2.1. Por exemplo versos 17-20.

    2.2. A relao sujeito potico-ptria-liberdade uma relao detudo ou nada: s existe ptria em liberdade e por elas o sujeitopotico est disposto a tudo ao exlio, ao cativeiro, morte.

    Hesitar Ter ritmo de leitura Usar o dedo ou outro guia Acrescentar

    Ler com expressividade

    Omitir Fazer leitura palavra a palavra Aglutinar slabas Respeitar a pontuao Ter problemas de dislexia Errar em pequenas palavras Fazer autocorreco.

    Para cada um destes pontos sero usados os parmetrosNunca, Raramente, Algumas vezes, Muitas vezes, Sempre.Nesta ficha haver, ainda, lugar para observaes eestratgias de remediao.

    Observao: Na 1.a estrofe, os versos 3 a 6 podem tersubentendido so como; nesse caso no haveria met-fora, mas apenas comparao: Algumas [so como] umpunhal, / [como] um incndio. / Outras [so como] orva-lho apenas.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    13/48

    Mdulo Textos expressivos e criativos e textos poticos2 13

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    Actuar [pg. 84]

    1. Para encontrar outros poetas portugueses, da segunda

    metade do sculo, que escreveram sobre o tema da liberda-de, consultar o site http://www.bib-camilo-castelobran-co.rcts.pt/librdd5.html e http://www.uc.pt/cd25a/ (Centro deDocumentao 25 de Abril, da Universidade de Coimbra).

    Oralidade [pg. 84]

    Texto a ler aos alunos:

    | Textos | 6

    Compreender [pg. 86]

    2.1. Sossegado/Calmo como os rabes; Ardente/Ardoro-so/Veemente como os Africanos; Robusto/Belo como osGregos; Ambicioso como os Romanos; Ardiloso como osOrientais; Apaixonado como os Latinos; Subtil como osEuropeus.

    2.2. Hipteses: incoerente; hipcrita; falso.

    3. nem anjo nem bruto refere a essncia humana do ho-mem com todos os seus defeitos mas tambm com as suasvirtudes.

    4.1. Recorda-te que tu s pe em pte hs-de tornar (cf.Gnesis, 3, 19).

    4.2. A forma verbal encontra-se no modo conjuntivo (Melevante), expressando um desejo do sujeito potico: que,depois da morte, ressuscite puro e imaculado.

    Poetas de expresso portuguesado sculo XX

    No vale a pena pisar [pg. 89]

    Tpicos de anlise

    Todo o poema uma longa metfora tal como o capim,que nasce espontaneamente da fora da terra, quando destrudo pelo fogo, renasce aps a primeira chuvada, tam-bm aqueles que so explorados guardam em si uma raiva

    calada, pronta a explodir a qualquer instante. A calma ilu-sria dos oprimidos explodir em fora logo que as condi-es sejam propcias.

    A poesia no se explica...

    No sei falar de literatura. No sei falar de poesia.

    Sobretudo no sei se a poesia tem alguma coisa aver com a literatura. Talvez esteja antes ou depoisda literatura. Sei que a poesia no se explica, apoesia implica, como costuma dizer a minha amigaSophia de Mello Breyner. Sei que a energia, comodiz o meu amigo Herberto Hlder, a essncia domundo e que os ritmos em que se exprime consti-tuem a forma do mundo. Sei, como o poeta russoMandelstam, que escrever um acontecimentocsmico. E que cada palavra um pedao de uni-verso. Ou como dizia Klebnikov: na natureza dapalavra viva, esconde-se a matria luminosa do uni-verso. Talvez tudo isto seja a poesia. Ou talvez ela

    no seja mais do que o primeiro verso, aquele quenos dado, como sempre dizia Miguel Torga, por-que os outros tm de ser conquistados. Talvez tudoesteja nesse primeiro verso, que o instante darevelao e da relao mgica com o mundo atra-vs da palavra potica. Talvez o poeta, afinal, noseja muito diferente daquele sujeito que vemos nastribos primitivas, de plumas na cabea, repetindopalavras mgicas enquanto dana e pula ao ritmode um tambor. O poeta esse feiticeiro. Dana compalavras ao som de um ritmo que s ele entende.Ou talvez o adivinho. Como j no pode ler nasvsceras das vtimas, procura decifrar os sinais dos

    tempos atravs de mltiplos sentidos ou do sem--sentido da palavra. De qualquer modo, como nassociedades primitivas, que tinham uma concepomgica do mundo, o poeta de hoje como essexam antigo que, atravs da repetio rtmica depalavras e imagens, convoca as foras benfazejas outenta exorcizar as foras malficas.

    A poesia , assim, antes de tudo, uma forma demedio. Um pressgio do Sul, como diz o meuamigo Jos Manuel Mendes.

    Uma encantada, encantatria e desesperada tenta-tiva de captar a essncia do mundo e de, atravs da

    palavra, mudar a vida, como queria Rimbaud. Umaforma de alquimia. Que procura o impossvel. Ouseja: o verso que no h.

    A poesia tambm a lngua. E para mim a lnguacomea em Cames, que tinha uma flauta mgica.

    A msica secreta da lngua. A arte e o ofcio da lnguae da linguagem. () O poeta, dizia Cioran, aqueleque leva a srio a linguagem. E o que levar a srioa linguagem? Eu creio que estar atento aos sinais.Os sinais mgicos da palavra. () ento que a poe-sia acontece. Isto o que sei de poesia. Talvez sejamuito pouco. Mas no sei se possvel saber mais.

    Manuel Alegre, texto escrito e lido durante uma sesso consagrada

    a Trinta Anos de Poesia na Faculdade de Letras da Universidade

    Catlica de Viseu, em Maio de 1965, in 30 anos de poesia,

    Publ. Dom Quixote, 1997 (texto com supresses)

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    14/48

    Caderno do Professor | Resoluo das actividades do manual14

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    Terra [pg. 90]

    A literatura cabo-verdiana: temtica

    H um conjunto de constantes na literatura de Cabo Verdeque derivam, inevitavelmente, do condicionamento geoeco-nmico a que as ilhas esto sujeitas: a seca e a fome, que provocam o desejo de evaso (horadi bai hora da partida); o sentimento colectivo de que a emigrao constitui anica soluo possvel e, paradoxalmente, a impossibilidadede partir, determinada pela situao financeira dos que aspi-ram emigrao; a saudade dos que partem (a ruptura dos laos que pren-

    dem o homem sua terra natal) e o desejo do regresso.A soluo da partida inevitvel mas provisria abando-nar as ilhas, atravessar a imensa fronteira lquida, procurarfixar-se numa regio de trabalho bem remunerado pararegressar o mais depressa possvel. a tragdia do xodo, aeterna dispora cabo-verdiana.

    Dois ritmos polarizam, assim, a vida colectiva: o ritmotelrico (vida ligada terra); o ritmo pelgico (das eternas partidas e regressos).

    Em relao ao crioulo cabo-verdiano, aconselha-se o site

    http://www.priberam.pt/dcvpo/ onde um dicionrio e umagramtica de crioulo podem ser consultados on-line.

    Tpicos de anlise v. 1 Nha: pron. pess. 2.a pessoa sing. fem. a senhora(tratamento corts usado apenas com as mulheres velhas oumuito respeitadas pelo falante); vv. 6 a 15 razes que provocam a partida seca, fome,morte; vv. 16 a 20 lugares mais desejados; o sonho de quemparte ou almeja partir; vv. 21 a 36 sentimento de quem fica: por um lado a resig-nao, por outro a esperana de que as coisas se alterem que venha a chuva e traga consigo a abundncia, a fartura; vv. 37 a 43 os dois ritmos que polarizam a vida das ilhas campos (telrico)/mares (pelgico); o ciclo do sonho/espe-rana, ciclo da terra, ciclo da vida: sonhos/que um diaesvaem-se/ mas surgem sempre.

    Esperana [pg. 91]

    Tpicos de anlise

    o ttulo a palavra-chave para decifrar o poema: Esperana,palavra que nunca aparece no poema embora todo ele reme-ta para esse sentimento; carcter simblico deste facto: o

    silncio a que os carrascos obrigam; tudo se passa no interior Eu sei o teu nome, mas no posso pronunci-lo (vv. 13 e 19);

    os quatro tercetos iniciais, construdos com base numarepetio anafrica ( como se algum) seguida de umaconstruo antittica: pisasse/risse; batesse/cantasse; cus-pisse/passasse indiferente; apunhalasse/abraasse; os lti-mos versos de cada um desses tercetos, isolados por um tra-vesso, constituem-se como uma espcie de prolongamentodo ttulo do poema. metforas de esperana (vv. 3, 6, 9, 12, 14-18, 20-21). a esperana de mudana concretizada no ltimo verso esperana= vento da certeza.

    Negra [pg. 92]Tpicos de anlise frica vista de fora (Gentes estranhas com seus olhos cheiosdoutros mundos) imagem falsa, oca e artificial (vv. 11-18); s os africanos do mesmo sangue, mesmos nervos, carne,alma, / sofrimento (vv. 21-22) conseguem perceber o sentido(verdadeiro) de frica ME, remetendo para o ttulo Negra.

    Os vnculos timorenses [pg. 93]

    Tpicos de anlise

    vv. 1 a 4 metfora de Timor aprisionado; vv. 5 e 6 esperana no ressurgimento futuro e desejado; vv. 7 a 10 identificao profunda com o povo timorenseatravs do smbolo da bandeira; sangue/pacto (v. Nota noManual); metfora da candeia acesa; vv. 13 a 18 identificao do sujeito potico com Timor: falapela voz de Timor expressando o desejo autodeterminao; vv. 19 a 24 apelo de que o sujeito potico se faz eco; v. 25 Timor fenece; espcie de grito de morte anunciada.

    L no gua Grande [pg. 94]

    Tpicos de anlise

    Num comentrio a este poema, o escritor e crtico literrioManuel Ferreira salienta os dois mundos em que se movemas crianas so-tomenses: o reino da aparncia e do real a mscara e o rosto. as quatro primeiras estrofes correspondem ao mundo daaparncia, mscara; na quinta estrofe a mscara cai e revela o rosto, isto , arealidade; gemidos cantados expresso que revela a verdadeira

    natureza dos cantos das crianas; valor expressivo dos adjectivos mudos e quedos, repor-tando-se realidade.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    15/48

    Mdulo Textos expressivos e criativos e textos poticos2 15

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    Cano [pg. 94]

    Tpicos de anlise

    Tema: A paz s se alcana quando se abdica do sonho/Amorte do sonho; abundncia de marcas da 1.a pessoa (pus, abri, chorarei, (o)meu, (as) minhas, meus); expresso dos sentimentos do sujeito lrico que esto nabase da sua deciso de matar o sonho solido (areiasdesertas), desiluso, cansao, tristeza...; 1.a quadra relao sonho/navio/mar/mos; valor simbli-co das mos atitude deliberada do sujeito potico; marcas do crime mos molhadas; cor que escorre dos

    dedos morte do sonho pelas suas prprias mos; 3.a quadra vento/noite/frio conjugao dos elementosnaturais que se aliam tristeza provocada pela morte do sonho; 4.a quadra hiprbole dos dois primeiros versos; o sofri-mento mata o sonho; 5.a quadra valor simblico do conector temporal depois;a ordem/a perfeio equivalem a ausncia de dor/ausnciade sonho.

    No meio do caminho [pg. 95]

    Tpicos de anliseSobre o poema No meio do caminho:

    Este poema pode simbolizar dignamente a poesia moder-nista brasileira e as reaces de entusiasmo ou de repulsaque provocou podem simbolizar as que sempre provoca a artede vanguarda; mas pode simbolizar igualmente a novidade, aimportncia da poesia drummondiana; na sua simplicidade,na sua brevidade, na sua ambiguidade, ele faz de um aparen-temente banal acidente de percurso um grande acontecimen-to obsessivo, dramtico, absurdo, e f-lo com uma espantosaeconomia lexical ( base dos lexemas inqualificados cami-

    nho e pedra, que naturalmente so investidos de grandeenergia simblica) e sem mais nfase que a da repetio.

    Arnaldo Saraiva, Um poeta universal, Nota introdutria aObras Completas de Carlos Drummond de Andrade, Obra Potica,

    1. vol., Publ. Europa-Amrica, s/d

    O futebol brasileiro evocado da Europa [pg. 95]

    Tpicos de anlise o futebol, smbolo de um pas (Brasil); bola/touro definio por oposio (vv. 1-2) e por seme-

    lhana (v. 8); aparente simplicidade da bola (vv. 3-4) versusa real dificul-dade em lidar com ela (vv. 7-8);

    relao bola/mulher/touro necessidade de tratar commalcia, astcia, ateno, carinho (vv. 11-12).

    [pgs. 96-97]

    I

    1. S. Leonardo, capito no seu posto de comando, vai sulcan-do as ondas da eternidade, proa dum navio de penedos, anavegar num doce mar de mosto, sem pressa de chegar aocais divino.

    2. O antecedente do advrbio L a expresso nominalcais divino.

    3. O conector Por isso traduz a ideia de consequncia,resultadoou efeito.

    4. Na primeira estrofe predomina o presente (, ruma, vai); nasegunda estrofe predomina o futuro (ter, sero, deixaro);na terceira estrofe volta a predominar o presente (se aproxi-ma, avana, gasta).

    5. Duas hipteses possveis: O poema poder ser dividido em trs partes lgicas, corres-pondendo cada uma delas a cada uma das estrofes. Assim,na primeira estrofe, vemos S. Leonardo, ancorado e feliz nocais humano, a iniciar a sua viagem em direco ao cais

    divino. Na segunda estrofe feita a anteviso (da o tempoverbal futuro) do que espera S. Leonardo quando chegar aoseu destino, no cais divino. Na terceira estrofe retoma-seo presente de S. Leonardo que, porque sabe o que o esperana bem-aventurana, avana, agora, devagar e sem pressanenhuma de l chegar. O poema pode dividir-se em duas partes: a viagem emdireco ao cais divino, na qual S. Leonardo se demora parapoder apreciar a paisagem (constituda pelas estrofes 1 e 3),e a anteviso de como ser o referido cais (estrofe 2).

    6.1. Locuo adverbial: sem pressa (v. 8); advrbios: deva-

    gar (v. 21) lentamente (v. 23).6.2. Os adjectivos so ancorado e feliz (v. 9).

    6.3. S. Leonardo no tem pressa de chegar ao seu destino (ocais divino) porque se sente feliz no cais humano ondetem tudo aquilo de que gosta e cujas sensaes agradveispretende prolongar o mais possvel j que sabe que no localpara onde vai no ter nada daquilo que tanto aprecia (Cf.vv. 10-11: num antecipado desengano).

    7. Entre outras, poderiam citar-se as seguintes passagens:socalcos e vinhedos, um navio de penedos, o cheiro a

    mosto, a terra e a rosmaninho.8.1. Nem vinhedos(a); Na menina dos olhos(b) deslum-brados.

    Ficha formativa

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    16/48

    16 Mdulo Textos dos mediaI3

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    | Textos | 1

    Antes de ler [pg. 101]2. No original, era esta a diviso:

    1. Introduo; 2. Cincia um estudo de tudo!;3. Como funciona a cincia; 4. e 5. Tecnologia a cincia em aco.

    Compreender [pg. 103]

    3.2. a. Contudo (l. 43); b. Em suma (l. 44).

    Funcionamento da lngua [pgs. 103-104]

    2. 1. A Terra () no haver mais. (ll. 1-4)2. A Histria () geraes futuras. (ll. 4-8)

    3. As ilhas () esto ameaados. (ll. 8-12)

    4. No entanto () conquistas tecnolgicas. (ll. 12-17)

    5. Tenho esperana () prpria vida. (ll. 17-19)

    | Textos | 2

    Antes de ler [pg. 105]

    1. Esta a primeira fase do trabalho a completar na per-gunta 7. da pgina 108, onde, recordando as noes de

    texto literrio e de texto no literrio, os alunos irocompletar uma grelha.

    Compreender [pgs. 107-108]

    1.1. O anncio apresenta-nos um quadro preto tpico dasescolas, onde est escrita uma frase com smbolos matem-ticos: A matemtica deve ser to fcil de percebercomo as palavras.

    1.2. A mensagem subjacente a este anncio, patente notexto que o acompanha, uma tentativa de desmistificar adificuldade da matemtica a matemtica no tem deser um problema. e pode ser divertida e acessvel atodos. Ora, o texto As origens da Matemtica mostra-noscomo esta disciplina entrou naturalmente nas nossas vidas eest presente, de forma muitas vezes inconsciente, em mui-tos gestos do nosso dia-a-dia. Por isso, ela to natural e to fcil de perceber como as palavras.

    2. Adio (l. 9), subtraco (l. 18), multiplicao (l. 41) e diviso(l. 45).

    3. O desenvolvimento das actividades comerciais (Cf. l. 14).

    4.1. A adio.

    4.2. Populao de Murray River: 5 = petchval petchval enea(4 + 1); populao de Kamilaroi: 7 = bulan bulan guliba (4 + 3)

    5. Os nmeros foram ordenados e agrupados em unidadescada vez maiores, geralmente pelo uso dos dedos de uma dasmos ou das duas (ll. 15-16); A diviso comeou quando10 se exprimiu como metade de um corpo (ll. 45-46).

    6. Partindo do princpio da contagem pelos dedos, metadedo corpo seriam dez dedos.

    7. Aula de Matemtica Atravs deste texto -nos dada uma viso subjectiva domundo (interior e exterior); o sujeito potico usa os conceitosmatemticos de uma forma muito pessoal que reflecte as

    suas ideias e sentimentos. D, sobretudo, importncia forma. Tem uma inteno esttica: predomina a funo potica.Utilizam-se recursos estilsticos e uma linguagem profunda-mente conotativa. A verdade da mensagem no uma preocupao funda-mental. um texto literrio.

    | Textos | 3Antes de ler [pg. 109]

    1.1. Neste cartoon, podemos observar uma personagemmasculina, sentada num sof em frente televiso, com arenfastiado. Numa mo tem o comando do aparelho e, naoutra, uma taa de pipocas. No cho, trs latas de refrige-rante vazias, pipocas espalhadas e o jornal abandonadoaberto na pgina que fornece informaes sobre os progra-mas de televiso. Na televiso reconhecemos a imagem doRambo. De dentro da casa algum pergunta se a guerra j

    comeou, ao que o homem responde que no, queixando-se que os programas de televiso nunca comeam horaprevista.

    1.2. Para alm de todos os esteretipos que o cartoonistaaqui pe em evidncia o fim do dia de muitas famlias por-tuguesas em que o homem se acomoda no sof, comandan-do a televiso enquanto a mulher arruma a cozinha, h umantima relao entre este cartoon e a resposta que L. Afonsod primeira pergunta da entrevista a guerra anunciada,com hora marcada para aparecer na televiso, numa totalinverso realidade/fico: no a realidade que passa a fic-

    o mas a fico que salta para a realidade. O pblicoespera pelo incio da guerra como quem espera por um filmeou uma srie que passa a determinada hora na televiso. E o

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    17/48

    Mdulo Textos dos media I3 17

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    que certo que este tipo de programa tem audincia:correu bem em termos de bilheteira (l. 16).

    Compreender [pgs. 112-113]

    1.1. b.; 1.2. a.; 1.3. b.; 1.4. a.; 1.5. b.; 1.6. b.

    2.1. b.

    2.2.1. O ttulo da entrevista uma frase do entrevistado (cf.uso da primeira pessoa do singular), que constitui uma esp-cie de tributo ao pai e quilo que o cartoonistaaprendeucom ele relativamente forma como se posiciona perante osacontecimentos.

    2.2.2. Na introduo faz-se uma espcie de sntese do con-

    tedo da entrevista, chamando particularmente a ateno doleitor para o facto de o cartoonistase inspirar naquilo que orodeia e para as suas constantes dvidas e inquietaes,que, como o ttulo j anunciava, Lus Afonso herdou do pai.

    2.3.1. O entrevistador adopta um tom formal, usando a 3.a

    pessoa quando se dirige directamente ao entrevistado.Nota-se que a entrevista foi bem preparada: o entrevistadorconhece bem o percurso do entrevistado e a sua obra, fazperguntas pertinentes (que muitos leitores gostariam, certa-mente, de fazer). No podemos dizer que o entrevistadortenha formulado juzos de valor sobre as respostas dadas ou

    tenha procurado influenciar de forma bvia o entrevistado.No entanto, nas duas primeiras perguntas, podemos entre-ver uma tomada de posio em relao aos factos.

    | Textos | 4

    Compreender [pg. 117]

    1.1. O erro ortogrfico encontra-se nos tapumes das obras,nos painis publicitrios, nas legendas televisivas, nos pla-

    cards, nas coisas da Cmara, nos autocarros, nos muros,nas faixas, etc.

    2. e 2.1. O maior erro, na opinio do autor, no reconhecer-mos o erro ortogrfico quando o vemos e este facto gravena medida em que o perpetua.

    3.1. Segundo o autor, os professores das disciplinas cientfi-cas deixaram de o corrigir, os das cincias sociais limi-tam-se a sublinh-lo e os docentes de Portugus nosabem que peso atribuir-lhe.

    4.1.Temeridade ousadia perante um perigo quase certo;

    audcia; acto ou dito irreflectido com possveis consequn-cias desagradveis ou perigosas; imprudncia.

    (in Grande Dicionrio Lngua Portuguesa, Porto Editora)

    4.2. O autor afirma que vai sendo um castigo ou umaimprudncia ser-se professor de Portugus pois estes pro-fessores so frequentemente colocados na posio derus e constantemente colocados em trabalhos e tormen-tos; os outros professores acusam-nos de serem respons-veis pela pobreza vocabular dos alunos e a redaco deactas e outros documentos encarada como uma obrigaodestes puristas da escrita.

    5.1. O autor faz esta afirmao porque os erros ortogrficosproliferam apesar dos esforos dos professores.

    Funcionamento da lngua [pgs. 117-119]

    1.1. O grupo nominal a que se refere nele o erro orto-

    grfico que s aparece na linha 22. Acrescente-se que oerro ortogrfico ainda antecipado por diversas elipses([ele] Est tambm; [ele] circula, etc.).

    1.2. Anforas: o/lo (ll. 24, 34, 35, 38 e 43); dele/deles (ll. 23, 26),ele (l. 36), lhe (l. 42).

    2.1. Hipteses possveis: as pessoas tinham-se excedidoum pouco; era uma pista onde a prova tinha decorrido.

    3.1. A ordem dos pargrafos : c., b., a., d..

    3.2. Para incorporar palavras novas, os lxicos das lnguasdispem basicamente de trs mecanismos distintos: a cons-truo de palavras, recorrendo a regras da prpria lngua(1); a reutilizao de palavras existentes, atribuindo-lhesnovos significados (2); a importao de palavras de outraslnguas (3).

    4.1. A ordem a seguinte: Ora, actualmente, lgico que,mas.

    4.2. Exemplos possveis: Assim; hoje em dia/nos nossosdias; logicamente; porm/todavia/contudo [colocados apsque carece: que carece, no entanto,...].

    4.3. O antecedente os lxicos. Trata-se de uma retomaanafrica pronominal.

    | Textos | 5

    Antes de ler [pg. 121]

    1.1. Na primeira foto vemos, destacado, um homem com artriste, preocupado. Embora no aparea em primeiro plano, ele que est destacado j que a mulher que se encontra sua frente (bem como o resto da foto) se apresenta desfoca-

    da. Esta forma de destaque poder indicar que o homemest desorientado, isolado em relao quilo que o rodeia,ignorado pelos outros figurantes da foto. Podemos situar a

    CPPORT14CP-02

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    18/48

    Caderno do Professor | Resoluo das actividades do manual18

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    foto em Lisboa pela placa atrs do homem. Na segunda foto,assistimos a uma cena dentro de um autocarro: uma mecom um beb ao colo, olhando-o com ar sereno e embeveci-do. Ao lado, uma outra criana observa a cena que se passatambm em Lisboa (no autocarro que se v ao fundo podeler-se Restelo).

    1.2. As mensagens so opostas pois enquanto que na pri-meira h uma mensagem de solido e isolamento, na segun-da a tnica posta na esperana das geraes futuras (quero beb que est ao colo da me e para quem ela sonha, cer-tamente, um futuro melhor do que o seu presente, quer nacriana que no os ignora e demonstra, at, uma certa curio-sidade em relao s duas outras personagens).

    Compreender [pgs. 123-124]

    1.1. Evidenciam incerteza, por si s, expresses como: Noestou bem seguro de que, talvez, Nem sei tambmse, creio que. Contribuem tambm para manifestar aincerteza do locutor a expresso E nesse caso aliada aouso da forma condicional faria e o recurso ao futuro (ser,poder ter-se tratado, poder ter, ter Trfaut querido() mostrar-nos) que no assume, aqui, uma ideia temporalde situar uma aco num tempo posterior ao tempo em que sesitua o acto de fala, antes expressa um facto dependente de

    uma hiptese, ou seja, introduz um valor modal: o ponto devista do sujeito locutor em relao quilo que dito.

    1.2. Reescrita possvel: Lisboetas. Estou seguro de que noincio do genrico do novo filme de Srgio Trfaut o gentlicosurgia no cran com capitular, e no assim, com caixa baixa,lisboetas. Sei tambm que a questo no ser de importn-cia relativa ou menor. Propositadamente optou-se por lisboe-tas com minscula. A letra pequena faz bastante diferenana leitura da mensagem.

    2.1. Se o ttulo tiver sido grafado com maiscula inicial, orealizador ter querido salientar que estes lisboetas, os

    imigrantes retratados no filme, so verdadeiros lisboetas,isto , cidados de Lisboa iguais a todos os outros; caso con-trrio, poderia tratar-se de uma chamada de ateno para oestatuto de menoridade destes imigrantes.

    2.2.1. Sendo intencional, o uso da maiscula no vocbuloOutro revela a preocupao do autor em evidenciar aimportncia destes cidados, de lhes conferir o estatuto deverdadeiros lisboetas.

    2.2.2. Por exemplo: em incio de frase, nos topnimos(Lisboa, frica, ) nos antropnimos (Srgio Trfaut),

    nos nomes relativos a meses do ano (Janeiro).3.1. Os novos lisboetas so os imigrantes que vm de todoo lado, em particular de frica e dos pases de Leste.

    3.2. A vida destes novos lisboetas no lhes pertence poistm que lidar com uma srie de problemas que, a maiorparte das vezes, no dependem deles nem da sua vontade.

    3.3. Atravs desta personificao, Lisboa, que representatodo o pas, identificada com os seus habitantes; so eles(os lisboetas/os portugueses) quem acolhe os imigrantes ouquem os ignora.

    3.4. A ausncia dos verdadeiros lisboetas do filme expli-cada pelo facto de eles se comportarem desse mesmo modoface ao Outro, isto , no dia-a-dia estes verdadeiros lis-boetas esto ausentes/invisveis em relao aos imigrantes.Por isso, segundo o autor deste texto de opinio, o realizadordeste filme esqueceu-os: como se eles no existissem.

    3.5. Atravs desta frase, o crtico chama a ateno do leitorpara o facto de no haver grandes diferenas entre ns e osimigrantes que recebemos: tirando os problemas de ordemburocrtica (legalizao, contratos de trabalho, etc.), todos nsestamos irmanados tanto nas dificuldades como nos sonhos.

    4.1. Por exemplo: clarividncia(l. 99) e distanciamento(ll. 99--100).

    4.2. Atravs daquilo que o crtico classifica como filmar aseco, isto , o realizador mantm em relao s persona-gens uma dose correcta de distanciamento.

    4.3. A opo pelos grandes planos justifica-se pela vontadedo realizador de no interpretar mas sim de mostrar, dedar a conhecer.

    5.1. Por exemplo: o uso do adjectivo valorativo em relaoao trabalho do realizador (enorme, imparcial, correcta, emo-cional, ).

    5.2. Referimo-nos a expresses do tipo: na minha opinio, ameu ver, em meu entender, parece-me que, acho que, pensoque, etc.

    Funcionamento da lngua [pgs. 124-125]

    1.1. Trata-se de um sujeito nulo subentendido [Ns].

    1.2. Oraes coordenadas: Ns agradecemos e eles retri-buem. Sujeitos: Ns/eles; Predicados: agradecemos/retri-buem.

    Observao: Os verbos agradecer e retribuir sotransitivos directos e indirectos, embora os respectivoscomplementos directo e indirecto no estejam expres-sos. Ser uma boa ocasio para explicar aos alunos quemesmo os complementos seleccionados pelo verbo (ou

    pelo nome) podem, em algumas circunstncias, ser supri-midos da superfcie lexical da frase.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    19/48

    Mdulo Textos dos media I3 19

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    1.3. Embora ambas remetam para aquelas pessoas queabandonam o seu pas de origem para se estabeleceremnum outro, emigranteremete para um movimento de dentropara fora (isto , aquele que deixa o seu pas) e imigranteimplica um movimento de fora para dentro (ou seja, aqueleque se instala num pas que originalmente no o seu).

    1.4. A palavra melhor, aqui, o comparativo de superiorida-de do adjectivo bom.

    2. OBRIGADO, Elaine.: deveria haver uma vrgula a isolar ovocativo. No fim da frase, poderia optar-se pelo ponto final,pelo ponto de exclamao ou, at, pelas reticncias, em fun-o da intencionalidade que se pretenda atribuir frase.

    Oficina de escrita [pg. 126]

    4. Proposta de resumo:Outrora pas de emigrantes, Portugal tornou-se, no scu-

    lo XXI, pas de acolhimento de diversos povos, oriundossobretudo de Leste. Por todo o lado e a todo o momento, osnovos lisboetas vo-se adaptando cultura portuguesa.

    [36 palavras]

    5. Proposta de resumo:A palavra instalao, originalmente significando pro-

    cedimentos e () tcnicas de exposio de obras de arteem espaos prprios, alargou o seu conceito, na segunda

    metade do sculo XX, abrangendo, hoje, uma multiplicidadede campos artsticos cujas fronteiras se diluram.

    Alm disso, havendo uma relao especfica entre a obrade arte e o espao em que inserida o site specific,qualquer instalao deve manter-se no espao para que foicriada. Transitrias por definio, as instalaes tornam-se,frequentemente, permanentes.

    [78 palavras]

    | Textos | 6

    Compreender [pg. 130]

    1.1. Trata-se do Campeonato do Mundo de Futebol.

    1.2. Este tema interessa ao secretrio-geral das NaesUnidas por se tratar de um dos poucos fenmenos que touniversal como (ou at mais universal do que) a prpriaONU. Da o facto de ele confessar, em relao a este fen-meno, um sentimento de inveja.

    2.1. Os conectores so: Em primeiro lugar, Em segundolugar, Em terceiro lugar e em quarto lugar.

    2.2. Os trs ltimos poderiam ser substitudos por conectoresdo tipo: De seguida, Depois, Seguidamente,Por ltimo, Finalmente, etc.

    2.3.1. em que todas as pessoas sabem qual a posioda sua equipa e o que ela fez para l chegar. // na fam-lia das naes houvesse mais competies deste gnero. de que todas as pessoas do planeta gostam muito defalar. // que houvesse mais conversas deste gnero nomundo em geral. em que todos esto sujeitos s mesmas regras, em quetodos os pases tm oportunidade de participar em condi-es de igualdade. // que tivssemos mais factores denivelamento como estes na esfera internacional. que ilustra os benefcios da polinizao cruzada entrepovos e pases. // todos compreendessem que a migra-o humana em geral pode dar origem a uma tripla vitria

    para os emigrantes, para os seus pases de origem e para associedades que os acolhem.

    2.3.2. As questes que preocupam Kofi Annan so, entreoutras, as seguintes: o respeito pelos direitos humanos; oaumento das taxas de sobrevivncia infantil e de matrculasno ensino secundrio; a obteno de melhores resultados aonvel do ndice de Desenvolvimento Humano; as emisses decarbono; as infeces pelo VIH; a necessidade de mais fac-tores de nivelamento entre pases, de trocas livres e justas;uma melhor compreenso da questo da migrao humanaem geral e das vantagens que este fenmeno pode trazer ao

    mundo.2.4. Por exemplo: Por fim..., Finalmente... Em suma,Em resumo, Em concluso.

    3.1. (): o Campeonato do Mundo um evento em queefectivamente se obtm resultados. No me refiro apenasaos golos que um pas marca; refiro-me tambm ao resulta-do mais importante de todos estar l, fazer parte da fam-lia das naes e dos povos, celebrar a nossa humanidadecomum. (ll. 138-146)

    3.2. O que Kofi Annan realmente inveja o facto de um

    evento deste tipo conseguir aquilo que a ONU no consegue:fazer com que todas as naes sejam uma famlia e quecelebrem juntas a sua humanidade comum. (ll.138-146)

    3.3. Nos dois ltimos perodos do texto, Kofi Annan revela--se o adepto comum: aquele que, na hora do jogo, vai tor-cer pela sua equipa (o Gana) e desejar que ela ganhe.

    4. As principais caractersticas da crnica esto aqui presen-tes: o texto parte de um facto da actualidade; um textocurto, pelo facto de ser publicado numa revista; subjectivo,pois expressa a opinio do seu autor; o foco narrativo cen-

    trado no emissor (1.a pessoa) e no referente (3.a pessoa); huma espcie de dilogo virtual com o leitor; o discurso directo e espontneo; predomina a funo emotiva.

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    20/48

    Caderno do Professor | Resoluo das actividades do manual20

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

    | Textos | 7

    Compreender [pg. 134]1. a. O tema o processo criativo que est na base de umacrnica.

    b. Por exemplo: Como nasce uma crnica/ O escritor procura da crnica.

    2.1.O animal (pacaa): pata, pescoo, cabea, cora-o, patas, chifres, olho, pele, macho, fmea,costas, cauda, coice, cornada, etc.; o texto (crni-ca): palavra, crnica, frase, perodo, romances,papel, bloco, pgina, esferogrfica, revista,livros, escritores, caneta, advrbio, adjectivo,imagem, etc.

    3. a. V; b. V; c. F; d. F; e. V; f. V.

    Funcionamento da lngua [pg. 135]

    1.1. Estou aqui (l. 1); [A crnica] continua acol (l. 48).Estes dois advrbios marcam a distncia entre o enunciador dodiscurso (eu) e o objecto a que se refere.

    1.2. O dectico isto apela ao saber compartilhado j quefaz parte de uma expresso que retrata um gesto que tem

    que ser conhecido pelo interlocutor no se deslocou nemisto significa no se deslocou nem um bocadinho.

    2.1. As expresses que conferem a este excerto coesosequencial/temporal so as seguintes: E ento (l. 10),De incio (l. 16), Depois (l. 19), altura de (ll. 23--24) e quando (l. 28).

    2.2.1. c. a crnica. (l. 30)

    2.3.1. [Eu] nunca tenho uma ideia: [eu] limito-me a aguardara primeira palavra, a que traz as restantes [palavras] consi-go. Umas vezes [a palavra] vem logo, outras [vezes] [a pala-vra] demora sculos.

    3.1. b. directivo.

    3.2. Hiptese possvel: No se importam de se debruarmais?

    |Pretextos|

    Tpicos de anlise do [pgs. 137-138]

    Neste texto, encontramos o autor procura de tema para

    uma crnica. E vai encontr-lo, como norma no que serefere s crnicas, numa cena do quotidiano: a festa de ani-versrio improvisada de uma menina pobre.

    variedade brasileira do portugus: assinalar as diferen-as encontradas em relao variedade europeia:

    a. forma escrita diferente: crnica, cotidianob. plano lexical: utilizao de variantes lexicais de diferentesorigens botequim, garom,

    c. planos morfolgico e sintctico:

    utilizao do determinante possessivo sem artigo: deseudisperso (l. 5); meucaf (l. 9); de seustrs anos(ll. 15-16); nossosolhos (l. 65)

    colocao do pronome tono antes do verbo: meassusta(l. 2); seafasta (l. 25); semune (l. 33); a seconvencer(ll. 62-63), etc.

    construo aspectual (utilizao do gerndio): estou

    adiando (l. 2); est olhando (l. 57); diferente utilizao das preposies: Visava aocircuns-tancial (l. 6); em torno mesa (l. 18; l. 32); parabns pravoc (l. 50).

    [pgs. 139-141]

    I

    1. Na origem desta crnica esteve uma notcia que a cronis-ta leu no jornal Pblicosobre palavras de difcil traduo.

    2. A presena da autora explcita quer atravs das marcasde primeira pessoa (pronomes pessoais me, eu; formasverbais na 1.a pessoa do singular leio, suspeito, gozei, etc. e na 1.a pessoa do plural olhamos, nos apercebemos); desalientar, ainda, a opo por verbos que exprimem uma opi-nio (parece-me, prefiro, opto) que configuram actos ilocut-rios assertivos, isto , actos que traduzem uma verdadeassumida pelo locutor.

    3. a. V; b. V; c. F (Atravs destas frases a cronista explicitaexactamente a opinio contrria: a saudade um sentimen-to que ela no aprecia particularmente. Os saudosistas, apri-

    sionados ao passado, dificilmente progridem e so infelizes.)d. V; e. F (O advrbio talvez introduz um tom de dvida nodiscurso.)

    II

    1.1. Embora a palavra saudade seja de difcil traduo, tra-duzi-la-emos.

    2.1. Traduzir determinadas palavras quase impossvel.

    3.1. Trata-se dos pronomes indefinidos muitos e outros.

    4.1. Por exemplo: Assim Desta forma; ao passo que enquanto que; claro que obviamente; se h muitos embora/ainda que haja; Ainda assim Mesmo assim.

    Ficha formativa

    Texto 2

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    21/48

    Mdulo Textos dos media I3 21

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    5.1. Predicativo do sujeito.

    5.2. Por exemplo: Nunca est feliz e vive preso ao passa-

    do. (oraes coordenadas copulativas).

    III

    1. Eis a notcia que surgiu no Pblico:

    Palavra saudade de difcil traduo

    A palavra portuguesa saudade foi considerada o stimovocbulo estrangeiro mais difcil de traduzir, segundo umavotao realizada por mil linguistas, levada a cabo pela agn-cia londrina de traduo e interpretao Today Translations.A mais votada foi ilunga, de uma lngua falada numa regio

    da Repblica Democrtica do Congo e que significa umapessoa que est disposta a perdoar qualquer abuso pela pri-meira vez, a tolerar uma segunda vez, mas nunca uma tercei-ra vez. Em segundo lugar ficou shlimazl, que a palavraem idiche (lngua falada por algumas comunidades de judeusoriundos da Europa central e oriental) para uma pessoa cro-

    nicamente sem sorte. A palavra japonesa "Naa", da reaKansai, foi a terceira mais difcil de traduzir e significa enfa-tizar declaraes ou concordar com algum. Apesar de asdefinies parecerem bastante precisas, o problema tentartransmitir as referncias locais associadas a tais palavras,afirma a presidente da Today Translations, Jurga Zilinkiene,que conduziu a sondagem.

    in Pblico, 25-06-2004 (adaptado)

    2. Proposta de resumo:

    Proveniente do grego (mythos narrativa, lenda), o mito uma crena, uma fbula, uma histria contada para aclararum conceito abstracto.

    Assim, tendo uma funo social inegvel, o mito garante a

    unidade do grupo, disciplinando e favorecendo os comporta-mentos e a solidariedade sociais.

    Em suma, ao contar histrias sagradas, povoadas de deu-ses e heris, os mitos explicam factos incompreendidos, atri-buindo-os actuao de entes sobrenaturais.

    [65 palavras]

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    22/48

    | Textos | 1

    Antes de ler [pg. 146]3. 1.a personagem: um homenzinho magro ll. 15-16,20-24, 29-30, 34-38; 2.a personagem: uma jovem loura ll. 41-46; 48-50; 3.a personagem: O velho, de barbabranca ll. 85-88.

    Compreender [pg. 148]

    1.1. O cenrio um mvel com dois tampos, prprio paracomputador e impressora (ll. 1-20).

    2.1. Primeiro, o espanto, a surpresa No foi esta a primei-

    ra vez que me vi assediado por personagens. ()Agora, uma personagem de doze centmetros de altura,magrita, a saltar ao alcance dos meus dedos que nunca metinha acontecido. (ll. 29-32)

    De seguida, algum medo disfarado primeiro do ho-menzinho ginasticado: O que pensei logo foi com esteposso eu bem. (...) E se ele estivesse armado? Pelo aspectono parecia. (ll. 33-39); depois receio de que a personagemfeminina lhe riscasse a secretria com os saltos. (ll. 46-47)Seguidamente, a vontade de interferir que acaba por con-trolar Sobreveio a tentao de lhe dar uma ajuda com osdedos. Mas resolvi no interferir. (ll. 63-66)

    Logo depois, algum enternecimento Eu comecei a enter-necer-me... (ll. 95-96)

    Ento, assaltado pela inquietao o que o leva a pedirajuda a um amigo Mas o receio de que pudessem surgirmais personagens inquietou-me. (ll. 98-99)

    Finalmente, decide aprisionar as personagens no texto.(ll. 146-148)

    2.2.2. O narrador no segue o primeiro conselho pois noquer arriscar-se a que as personagens, ao serem atiradaspela janela, causem algum dano aos utentes da via pblica;quanto ao segundo, no o segue por questes de humanida-

    de: por mais insignificantes que sejam, as personagenssempre so gente.

    3.1. toc, toc, (l. 92) o tique-tique dos saltos... (l. 53)

    3.2. As onomatopeias so palavras acusticamente formadascom o objectivo de imitar sons ou rudos.

    | Textos | 2

    Compreender [pg. 150]

    1.2. A descrio feita do geral para o particular, medidaque se vai percorrendo a casa uma grande casa (l. 1);uma sala grande (l. 11) muito fria e escura (ll. 13-14); o

    corredor enorme (l. 16). Cada um destes espaos descritotambm atravs dos objectos que os enchem A sala,cheia de vidros e quadros de gndolas e audes (ll. 7-8) ocorredor enorme, povoado de mesas, espelhos nas paredes() e armrios, muitos armrios (ll. 16-23). Finalmente, onarrador centra-se na roupa que guardada dentro dosarmrios.

    2.2. A repetio do adjectivo inteiro evidencia a duraotemporal foi uma vida inteira que a Graciete passoudebruada sobre o enorme bastidor de madeira.

    Funcionamento da lngua [pg. 151]

    1.1. e 1.2. A posio do adjectivo qualificativo tipicamente

    ps-nominal. O adjectivo anteposto ao nome deixa de desig-nar uma qualidade objectiva, passando a avaliativo (valor sub-jectivo): a casa no era apenas grande em tamanho (umacasa grande). esta mesma diferena de sentidos que pode-mos encontrar, por exemplo, em uma mulher grande/umagrande mulher; uma amiga velha/uma velha amiga.

    2.1. e 2.2. Os advrbios de tempo: nunca (quatro ocorrn-cias) e sempre (duas ocorrncias) remetem para umestado de permanncia, de inalterabilidade. Os advrbios demodo lentamente e cuidadosamente apontam para odesvelo e para o tempo que era dedicado a estas tarefas

    (inteis).2.3. O tempo verbal predominante o pretrito imperfeito doindicativo era, abria, dizia, assustava, acumula-va, servia, se enchia, desatavam tempo tpico dadescrio que sugere o aspecto durativo ou habitual e apontapara a repetio de uma aco no passado.

    3.1. A partida da Graciete para o Canad.

    3.2. A pontualidade da aco marcada pela expresso tem-poral Um dia e pelo recurso ao pretrito perfeito foi, arrumou-se, estremeceu, etc.

    Oficina de escrita [pg. 151]

    1.2. Eis os dois ltimos pargrafos do texto original:

    Hoje regresso casa, na urgncia do senhorio que me dtrs meses para a desfazer. Rasgo papis de uma vidainteira, olho para fotografias a spia, de gente de quem jnem recordo o nome, distribuo louas, quadros, jarras, sapa-tos, camisolas, casacos; h sempre um parente de um paren-te que me faz saber que isto ou aquilo lhe faria imenso

    jeito, ou um rosto que no reconheo mas que me bate porta e me enche a cara de beijos, pedindo apenas uma

    lembrana, eu era to amiga dela!S no consigo tocar nos armrios dos lenis. Recordo a

    Graciete, debruada no bastidor, ganhando rugas na cara e

    22 Mdulo Textos narrativos/descritivos I4

    PPortugus,Mdulos1a4Cadern

    odoProfessor

  • 5/22/2018 55111402 Livro Professor POR PROF 1 4

    23/48

    Mdulo Textos narrativos/descritivos I4 23

    P

    Portugus,

    Mdulos1a4CadernodoProfessor

    calos nos dedos medida que o linho se enchia de flores,grinaldas, aves do paraso e receio que as visitas, essesseres misteriosos que povoaram a minha infncia, no meperdoem por no ter sabido continuar a esperar por elas.

    | Textos | 3

    Antes de ler [pg. 153]

    1. Podem ser apontadas, por exemplo, a imprudncia, atemeridade, a desobedincia, a ambio.

    2. 1. anjo lhe faltava o essencial, a f, alm de uma

    educao um pouco mais esmerada(ll. 16-17)

    ; 2. anjo um sujeito mais cordato e delicado (l. 19), humilde, semsombra de arrogncia (l. 27); 3. anjo mais prtico e des-temido (l. 33), respeitoso e de poucas palavras (l. 34), oque lhe sobrava em disciplina, faltava-lhe em f (ll. 40-41);4. anjo um anjo alegre, at um pouco simplrio ()grande talento. (ll. 46-48).

    Compreender [pg. 155]

    1.1. b.

    1.2. a.

    2.1. Quando o primeiro anjo lhe desobedeceu, Deus numrpido gesto de enfado, descriou-o. Quando o segundo anjose recusou a voar sem asas, o Criador apiedou-se dele e dei-xou-o ir.

    2.2. A forma como Deus reage recusa dos dois anjosest directamente relacionada com a forma como cada umdeles a formula: enquanto que o segundo anjo se dirige aDeus respeitosamente, o primeiro anjo opta por esc