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74227727 OAB2010 Direito Civil 2a Fase

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    Direito Civil

    2010.1 / 2010.2

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    Prova Prtico-Profissional 2 Fase

    Direito Civil

    Exame 2010.1

    Observaes sobre a prova Prtico-profissional:

    Na prova prtico-profissional, o candidato dever redigir 1 (uma) pea profissional e responder a 5 (cinco) questes abertas, elaboradas sob a forma de situaes-problema, compreendendo a rea de opo escolhida.

    Esta coletnea compreende apenas as questes aplicadas no 1 Exame de 2010, em 25/07/2010, acompanhadas de padres de resposta elaborados pelo prprio CESPE/UnB.

    Os padres de resposta do CESPE podem contemplar apenas uma estrutura de fundamentao bsica, uma orientao ao examinador ou exemplo de resposta. Lembramos que apenas uma fundamentao correta no garante a totalidade dos pontos de cada questo. A resposta dever ter uma boa apresentao, com uma estrutura textual decente e correo gramatical. Dever ainda ser consistente e demonstrar o domnio do raciocnio jurdico, que ser avaliado pela adequao da resposta ao problema, pela tcnica profissional demonstrada e pela capacidade de interpretao e exposio das ideias.

    Os candidatos tm sua disposio 150 linhas (30 linhas por pgina em 5 pginas) para elaborar a pea profissional, e 30 linhas para responder a cada uma das questes abertas. O tempo de prova de 5 horas.

    Finalmente, importante observar uma alterao que foi introduzida no exame 2009.2 e que continua em vigor: durante a realizao da prova prtico-profissional ser permitida, exclusivamente, a consulta legislao, sem qualquer anotao ou comentrio, referente rea de opo do examinando. Anteriormente, era prevista a consulta tambm a livros de doutrina e a repertrios jurisprudenciais.

    Prova prtico-profissional de Direito Civil Exame OAB 2010

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    Pea Profissional

    Jlia ajuizou ao sob o rito ordinrio, distribuda 34. Vara de Famlia de So Paulo SP, com o objetivo de ver declarada a existncia de unio estvel que alega ter mantido, de 1989 a 2005, com Jonas, j falecido. Arrolou a autora, no polo passivo da lide, o nome dos herdeiros de Jonas, que, devidamente citados, apresentaram contestao no prazo legal.

    Preliminarmente, os rus alegaram que:

    * o pedido seria juridicamente impossvel, sob o argumento de que Jonas, apesar de no viver mais com sua esposa havia vinte anos, ainda era casado com ela, me dos rus, quando falecera, algo que inviabilizaria a declarao da unio estvel, por ser inaceitvel admiti-la com pessoa casada;

    * a autora no teria interesse de agir, sob o argumento de que Jonas no deixara penso de qualquer origem, sendo intil a ela a simples declarao;

    * o pedido encontraria bice na coisa julgada, sob o fundamento de que, em oportunidade anterior, a autora ajuizara, contra os rus, ao possessria na qual, alegando ter sido companheira do falecido, pretendia ser mantida na posse de imvel pertencente ao ltimo, tendo sido o julgamento dessa ao desfavorvel a ela, sob a fundamentao de que no teria ocorrido a unio estvel;

    * haveria litispendncia, sob o argumento de que j tramitava, na 1. Vara de rfos e Sucesses de So Paulo SP, ao de inventrio dos bens deixados pelo falecido, devendo necessariamente ser discutido naquela sede qualquer tema relativo a interesse do esplio, visto que o juzo do inventrio atrai os processos em que o esplio ru.

    No mrito, os rus aduziram que Jonas era homem dado a vrios relacionamentos e, apesar de ter convivido com a autora sob o mesmo teto, tinha uma namorada em cidade vizinha, com a qual se encontrava, regularmente, uma vez por semana, no perodo da tarde.

    Considerando as matrias suscitadas na defesa, o juiz conferiu autora, mediante intimao feita em 21/9/20XX (segunda-feira), prazo para manifestao.

    Considerando a situao hipottica apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Jlia, redija a pea processual cabvel em face das alegaes apresentadas na contestao. Date o documento no ltimo dia de prazo.

    Padro de Resposta Deve-se redigir uma rplica, com argumentos jurdicos capazes de levar rejeio das alegaes aduzidas pelos rus em contestao.

    A PEA

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    Rplica endereada ao juiz da 34. Vara de Famlia de So Paulo SP.

    Data: 1. de outubro de 20XX (CPC, art. 327).

    Relato da situao ftica.

    PRELIMINARES:

    A separao de fato entre o falecido e sua esposa, ocorrida h mais de vinte anos, no serve de bice possibilidade jurdica do pedido (Cdigo Civil, art. 1.723, 1.), verificando-se a possibilidade jurdica do pedido quando este admitido pelo ordenamento jurdico, ou no vedado.

    Estabelece o Cdigo Civil:

    Art. 1.521. No podem casar:

    (...)

    VI as pessoas casadas;

    (...)

    Art. 1.723. reconhecida como entidade familiar a unio estvel entre o homem e a mulher, configurada na convivncia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituio de famlia.

    1. A unio estvel no se constituir se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521, no se aplicando a incidncia do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

    Existe interesse de agir mesmo na simples declarao da unio estvel sem que haja penso. A convivncia duradoura entre duas pessoas um fato, sendo a unio estvel um conceito jurdico que poder ou no definir tal relao. A lei prev a possibilidade de ser declarada a existncia de relao jurdica (CPC, art. 4., I). Ademais, considerando-se que h ao de inventrio em curso, o falecido deixou bens, podendo algum deles ter sido adquirido na constncia da unio estvel.

    No ocorre litispendncia, pois os elementos das aes no so coincidentes. Para que ocorra a litispendncia, dever ser repetida ao em curso. De fato, uma ao idntica a outra quando ambas tm as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido (CPC, art. 301, 1. e 2.).

    A atrao exercida pelo inventrio no se pe de tal modo a determinar que o pedido de reconhecimento da unio estvel de quem no herdeira precise necessariamente ser processado nos autos do inventrio. O reconhecimento de unio estvel de competncia da vara de famlia. Foi respeitada a competncia do foro, visto que a ao declaratria foi proposta no foro do domiclio do autor da herana (CPC, art. 96).

    No ocorre, na hiptese, coisa julgada, pois o pedido diferente nas duas aes. Ademais, os fundamentos de uma sentena no transitam em julgado de modo a impedir novo pronunciamento judicial acerca da matria j discutida em momento anterior (CPC, art. 301, 1. e 3.).

    MRITO

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    A existncia de relacionamento no estvel no serve de empecilho ao reconhecimento da unio estvel da autora com o falecido, visto que, conforme informao da prpria contestao, o suposto relacionamento no tinha os atributos de unio estvel nos termos da lei civil, de acordo com o que dispe o art. 1.723 do Cdigo Civil:

    reconhecida como entidade familiar a unio estvel entre o homem e a mulher, configurada na convivncia pblica, contnua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituio de famlia.

    REQUERIMENTO FINAL

    Deve ser requerida ao juiz a rejeio das preliminares alegadas, da causa de extino do processo, com a procedncia do pedido inicial.

    Observao para a correo: atribuir pontuao integral s respostas em que esteja expresso o contedo do dispositivo legal, ainda que no seja citado, expressamente, o nmero do artigo.

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    Questes Abertas Situaes-problema:

    Questo 1

    Paula ajuizou, contra Luciana, ao de resciso de contrato de locao, requerendo a condenao da r ao pagamento de aluguis atrasados e multa contratual, com base no art. 62, I e II, b, da Lei n. 8.245/1991, tendo o juiz da 1. Vara Cvel de Florianpolis julgado improcedente o pedido. Ao apreciar a apelao interposta por Paula, o Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina, por unanimidade, proveu o pedido de reforma, para decretar a resciso do contrato de locao e determinar o pagamento dos aluguis atrasados, e, por maioria de votos, deu provimento apelao para condenar a r na multa contratual. Acrescente-se que a deciso no padece de qualquer vcio.

    Em face dessa situao hipottica, indique, com a devida fundamentao legal, a medida judicial cabvel para a defesa dos interesses de Luciana, a ser exercida no prazo de quinze dias, contados da publicao do acrdo, declinando a pretenso a ser deduzida.

    Padro de Resposta:

    Cabe a interposio de embargos infringentes, haja vista que houve a reforma da sentena por maioria de votos. Assim estabelece o art. 530 do CPC:

    Cabem embargos infringentes quando o acrdo no unnime houver reformado, em grau de apelao, a sentena de mrito, ou houver julgado procedente ao rescisria. Se o desacordo for parcial, os embargos sero restritos matria objeto da divergncia.

    A matria objeto do recurso consistir na condenao da multa matria objeto da divergncia , ou seja, dever a recorrente sustentar que assiste razo ao relator do voto vencido, de forma que a multa deve ser excluda da condenao.

    Saliente-se que no cabe, no prazo de 15 dias contados da publicao do acrdo, nenhum outro recurso, pois o prazo para eventuais RE ou REsp ficar sobrestado quando cabveis embargos infringentes (art. 498 do CPC).

    Observao para a correo: atribuir pontuao integral s respostas em que esteja expresso o contedo do dispositivo legal, ainda que no seja citado, expressamente, o nmero do artigo.

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    Questo 2

    Cristina, solteira, comerciante, sem filhos, ajuizou ao de reivindicao de determinado imvel contra Fbio, divorciado, servidor pblico, pai de duas filhas Leila, com dezenove anos de idade, e Lcia, com vinte e um anos de idade.

    Apresentada a contestao, ocorreu o falecimento de Fbio.

    Nessa situao hipottica, que atitude dever adotar o(a) advogado(a) de Fbio? Fundamente sua resposta.

    Padro de Resposta:

    Em caso de morte da parte, suspende-se o processo (CPC, art. 265, I). Assim, o(a) advogado(a), na hiptese, dever comunicar ao juiz o falecimento da parte, juntando a certido de bito e requerendo a suspenso do processo, a fim de providenciar a habilitao das filhas do falecido, que devero suced-lo no processo, conforme estabelecem os artigos 265, I, e 1.055 do CPC:

    Art. 265. Suspende-se o processo:

    I pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;

    (...)

    Art. 1.055. A habilitao tem lugar quando, por falecimento de qualquer das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo.

    H necessidade de comunicao do fato ao juiz, como ensina a doutrina: 1. Fato jurdico. A suspenso do processo d-se pela to s ocorrncia de um dos fatos jurdicos nomeados na norma comentada e, portanto, independe qualquer outra medida. O fato deve ser comunicado ao juzo para as providncias cabveis e incio da contagem dos prazos processuais. (Nelson Nery Jnior e Rosa Maria de Andrade Nery. Cdigo de Processo Civil comentado. 10 ed., So Paulo: RT, 2007, p. 500).

    Alm disso, as filhas do falecido so suas sucessoras legtimas, conforme arts. 1.784 e 1.829, I, ambos do Cdigo Civil:

    Art. 1.784. Aberta a sucesso, a herana transmite-se, desde logo, aos herdeiros legtimos e testamentrios.

    (...)

    Art. 1.829. A sucesso legtima defere-se na ordem seguinte:

    I aos descendentes, em concorrncia com o cnjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunho universal, ou no da separao obrigatria de bens (art. 1.640, pargrafo nico); ou se, no regime da comunho parcial, o autor da herana no houver deixado bens particulares.

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    Observao para a correo: atribuir pontuao integral s respostas em que esteja expresso o contedo do dispositivo legal, ainda que no seja citado, expressamente, o nmero do artigo.

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    Questo 3

    Pablo sagrou-se vencedor em demanda ajuizada contra a fazenda pblica, que foi condenada a pagar-lhe o valor de R$ 200.000,00, a ttulo de indenizao.

    Ao requerer a execuo do julgado, o advogado de Pablo juntou aos autos o contrato de prestao de servios e pediu que do valor devido ao seu cliente fosse descontado o percentual de 15% atinente aos honorrios contratados, com a expedio de dois precatrios.

    O juiz indeferiu o pedido, por meio da seguinte deciso interlocutria:

    Vistos (...)

    Indefiro a expedio de precatrio relativo aos honorrios contratuais, que devero ser executados por meios prprios.

    Expea-se precatrio quanto ao crdito do autor e quanto aos honorrios da sucumbncia.

    Em face dessa situao hipottica, informe a medida judicial adequada para impugnar a deciso do juiz, apresente os fundamentos de direito que respaldam a pretenso de expedio de precatrio em separado para pagamento dos honorrios contratados e indique a nica hiptese de indeferimento do pagamento vindicado.

    Padro de Resposta:

    Medida judicial: agravo de instrumento.

    A deciso ora agravada violou o disposto no art. 22, caput e 4., no art. 23 e no art. 24, caput e ., da Lei 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados), uma vez que direito do advogado receber os honorrios contratuais, exigindo-os e pleiteando-os no processo prprio em que atuou, bem como requerer a sua execuo e a expedio de precatrio a eles correspondentes.

    Os comandos inseridos nos referidos artigos asseguram, de fato, o direito do profissional do direito inscrito nos respectivos quadros a receber os honorrios convencionados (contratuais) nos prprios autos da demanda judicial, por meio de execuo especfica em nome prprio de direito autnomo desse profissional. Vejam-se os dispositivos pertinentes:

    Art. 22. A prestao de servio profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos honorrios convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbncia.

    (...)

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    4. Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorrios antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatrio, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por deduo da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que j os pagou.

    Art. 23. Os honorrios includos na condenao, por arbitramento ou sucumbncia, pertencem ao advogado, tendo este direito autnomo para executar a sentena nesta parte, podendo requerer que o precatrio, quando necessrio, seja expedido em seu favor.

    Art. 24. A deciso judicial que fixar ou arbitrar honorrios e o contrato escrito que os estipular so ttulos executivos e constituem crdito privilegiado na falncia, concordata, concurso de credores, insolvncia civil e liquidao extrajudicial.

    1. A execuo dos honorrios pode ser promovida nos mesmos autos da ao em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.

    V-se que as regras estabelecidas no estatuto da OAB so de clareza meridiana no que toca s demandas em que a execuo de obrigao de dar quantia certa, porque possvel a reteno dos valores devidos a ttulos de honorrios no momento do levantamento ou da requisio de precatrio, desde que apresentado o contrato de honorrios tempestivamente.

    Veja-se que tal artigo no d ao juiz o poder de indeferir a expedio de precatrio se os requisitos tiverem sido cumpridos, como si ocorrer in casu.

    A regra especificada no 4. do art. 22 do Estatuto da Advocacia impositiva no sentido de que deve o juiz determinar o pagamento dos honorrios advocatcios quando o advogado juntar aos autos o seu contrato de honorrios, excepcionadas apenas a hiptese de ser provado anterior pagamento e a prevista no 5. do mesmo art. 22, no cogitadas no caso em exame.

    A esse respeito, vejam-se os seguintes precedentes:

    PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAO. HONORRIOS ADVOCATCIOS. JUNTADA DO CONTRATO ANTES DA EXPEDIO DOS PRECATRIOS.

    LEVANTAMENTO NO CONDICIONADO EXIGNCIA DO ART. 34 DO DL N. 3.365/41. DIREITO AUTNOMO DO ADVOGADO. ART. 23 DA LEI N. 8.906/94.

    I De acordo com o ditame do 4. do art. 22 da Lei n. 8.906/94: "Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorrios antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatrio, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos diretamente, por deduo da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar que j os pagou".

    II A exigncia inserta no art. 34 do DL n. 3.365/41, de que o expropriado demonstre a propriedade do bem objeto da desapropriao para o fim de levantar a verba indenizatria, no obsta que se levante do montante do valor devido a quantia destinada ao pagamento dos honorrios advocatcios, por se tratar de direito autnomo, pertencente ao advogado (cf. art. 23 da Lei n. 8.906/94).

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    Precedentes: REsp n. 409.757/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 13/09/2004; REsp n. 124.715/SP, Rel. Min. Joo Otvio De Noronha, DJ de 09/02/2004; REsp n. 295.987/SP, Relator Ministro Jos Delgado, DJ de 02/04/2001; e REsp n. 114468/SP, Relator Ministro Milton Luiz Pereira, DJ de 01/02/1999.

    III Recurso especial provido. (REsp 659.409/SP, Rel. Ministro Francisco Falco, Primeira Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 06.03.2006 p. 177)

    PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO FEDERAL. EMBARGOS DE DECLARAO. OMISSO. NO OCORRNCIA. HONORRIOS ADVOCATCIOS. CONTRATO DE HONORRIOS JUNTADO AOS AUTOS. ART. 22, 4., DA LEI N. 8.906/94. INCIDNCIA APENAS NAS HIPTESES EM QUE EXISTA DEPSITO JUDICIAL OU PRECATRIO A SER EXPEDIDO NOS AUTOS.

    IMPOSSIBILIDADE DE SE DETERMINAR RETENO DO VALOR CONTRATADO EM CONTRACHEQUES. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.

    1. Conforme previsto no art. 535 do CPC, os embargos de declarao tm como objetivo sanar eventual obscuridade, contradio ou omisso existentes na deciso recorrida. No ocorre omisso no acrdo recorrido quando o Tribunal de origem pronuncia-se de forma clara sobre a questo posta nos autos, assentando-se em fundamentos suficientes para embasar a deciso.

    2. A regra contida no art. 22, 4., da Lei 8.906/94 que permite ao advogado, apresentando o respectivo contrato, requerer ao juiz da causa o pagamento, diretamente a ele, dos honorrios contratados aplicvel apenas nos casos em que exista depsito judicial ou precatrio a ser expedido nos autos. No permite que o juiz determine o desconto de tais valores nos contracheques dos constituintes que firmaram acordo no curso do processo.

    3. Recurso especial improvido. (REsp 737.440/BA, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, julgado em 09.08.2005, DJ 19.09.2005 p. 377)

    Dessa forma, inconteste o direito dos agravantes de ter a reteno dos honorrios pactuados no contrato de prestao de servios advocatcios entabulado entres estes na prpria ao de execuo, devendo ser pago diretamente o valor devido, deduzido da quantia a ser recebida pelo contratante do referido servio.

    Observao para a correo: atribuir pontuao integral s respostas em que esteja expresso o contedo do dispositivo legal, ainda que no seja citado, expressamente, o nmero do artigo.

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    Questo 4

    Sueli, pessoa solteira e sem filhos, adquiriu, mediante financiamento, mveis em uma grande loja de departamentos. Paga em dia a ltima parcela do financiamento, Sueli faleceu, vtima de acidente automobilstico. Seu pai, Lcio, vivo, passou a receber cobrana da referida loja contra Sueli. Sabedor da retido do carter da filha, Lcio procurou e achou os comprovantes de pagamento e quitao da dvida e os levou at a loja. Contudo, tempos depois, recebeu a comunicao de que o nome de Sueli havia sido indevidamente negativado.

    Em face dessa situao hipottica, indique, de forma fundamentada, a providncia judicial que dever ser tomada para a compensao do prejuzo sofrido, assim como a legitimao para tanto.

    Padro de Resposta:

    O pai da falecida poder ingressar com ao de indenizao por danos morais c/c com obrigao de fazer para a retirada do nome da filha do cadastro de inadimplentes, com pedido de antecipao de tutela contra a referida loja, haja vista estar sendo atingido o bom nome da famlia. Tal ao deve ser ajuizada pelo pai, em nome prprio, e no em nome da falecida, de acordo com o pargrafo nico do art. 20 do Cdigo Civil:

    Salvo se autorizadas, ou se necessrias administrao da justia ou manuteno da ordem pblica, a divulgao de escritos, a transmisso da palavra, ou a publicao, a exposio ou a utilizao da imagem de uma pessoa podero ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuzo da indenizao que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

    Pargrafo nico. Em se tratando de morto ou de ausente, so partes legtimas para requerer essa proteo o cnjuge, os ascendentes ou os descendentes.

    Eis o entendimento da doutrina: Mas, a se admitir uma eventual reparao do dano moral, consequente do atentado memria dos mortos, a legitimao do exerccio da ao reparatria reconhecida em favor daqueles legitimados para a iniciativa da ao penal privada, no seria decorrncia de um direito hereditrio, j que morto o ofendido cuja memria maculada, no haveria sucesso possvel em um pretenso direito nascido posteriormente abertura da sucesso; seria, assim, uma ao de indenizao fundada em direito prprio, no que so igualmente molestados, ainda que de maneira indireta, os sentimentos de dor e estima de seus familiares, pelas ofensas desrespeitosas memria do ente querido (Yussef Said Cahali. Dano moral. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2 ed., pg. 700).

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    Observao para a correo: atribuir pontuao integral s respostas em que esteja expresso o contedo do dispositivo legal, ainda que no seja citado, expressamente, o nmero do artigo.

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    Questo 5

    Edson vendeu veculo de sua propriedade a Bruna, estipulando que o pagamento deveria ser feito a Tnia. Trinta dias depois da aquisio, o motor do referido veculo fundiu. Edson, embora conhecesse o vcio, no o informou a Bruna e, ainda, vendeu o veculo pelo preo de mercado. Desejando resolver a situao, Bruna, que depende do automvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais, procurou auxlio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seus direitos.

    Em face dessa situao hipottica, indique, com a devida fundamentao legal, a(s) medida(s) judicial(is) cabvel(is) e a(s) pretenso(es) que pode(m) ser(em) deduzida(s), a parte legtima para figurar no polo passivo da demanda e o prazo para ajuizamento.

    Padro de Resposta:

    Como se trata de caso clssico de vcio redibitrio, a adquirente do veculo pode rejeitar o produto ou pedir abatimento do preo da coisa. Da mesma forma, como o alienante era sabedor do vcio que maculava o veculo, ele dever restituir o valor pago e mais perdas e danos ou sujeitar-se reduo do preo. Como se trata de vcio oculto, a compradora tem o prazo de 180 dias, a contar do descobrimento do vcio, para o ajuizamento da ao de resciso ou da ao quanti minoris com perdas e danos e lucros cessantes, que dever ser proposta contra o alienante, e no contra quem recebeu o valor.

    Fundamento nos artigos 441 (ao redibitria), 442 (ao quanti minoris) e 445, 1. (prazo de 180 dias), todos do Cdigo Civil.

    Observao para a correo: atribuir pontuao integral s respostas em que esteja expresso o contedo do dispositivo legal, ainda que no seja citado, expressamente, o nmero do artigo.

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    Prova Prtico-Profissional 2 Fase

    Direito Civil

    Exame 2010.2

    Observaes sobre a prova Prtico-profissional:

    Na prova prtico-profissional, o candidato dever redigir 1 (uma) pea profissional e responder a 5 (cinco) questes abertas, elaboradas sob a forma de situaes-problema, compreendendo a rea de opo escolhida.

    Esta coletnea compreende apenas as questes aplicadas no 2 Exame de 2010, em 14/11/2010, acompanhadas de padres de resposta elaborados pela prpria FGV (Fundao Getlio Vargas).

    Os padres de resposta da FGV podem contemplar apenas uma estrutura de fundamentao bsica, uma orientao ao examinador ou exemplo de resposta. Lembramos que apenas uma fundamentao correta no garante a totalidade dos pontos de cada questo. A resposta dever ter uma boa apresentao, com uma estrutura textual decente e correo gramatical. Dever ainda ser consistente e demonstrar o domnio do raciocnio jurdico, que ser avaliado pela adequao da resposta ao problema, pela tcnica profissional demonstrada e pela capacidade de interpretao e exposio das ideias.

    Os candidatos tm sua disposio 150 linhas (30 linhas por pgina em 5 pginas) para elaborar a pea profissional, e 30 linhas para responder a cada uma das questes abertas. O tempo de prova de 5 horas.

    Finalmente, importante observar uma alterao que foi introduzida no exame 2009.2 e que continua em vigor: durante a realizao da prova prtico-profissional ser permitida, exclusivamente, a consulta legislao, sem qualquer anotao ou comentrio, referente rea de opo do examinando. Anteriormente, era prevista a consulta tambm a livros de doutrina e a repertrios jurisprudenciais.

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    Pea Prtico-profissional Em janeiro de 2005, Antonio da Silva Jnior, 7 anos, voltava da escola para casa, caminhando por uma estrada de terra da regio rural onde morava, quando foi atingindo pelo coice de um cavalo que estava em um terreno margem da estrada. O golpe causa srios danos sade do menino, cujo tratamento se revela longo e custoso. Em ao de reparao por danos patrimoniais e morais, movida em janeiro de 2009 contra o proprietrio do cavalo, o juiz profere sentena julgando improcedente a demanda, ao argumento de que Walter Costa, proprietrio do animal, empregou o cuidado devido, pois mantinha o cavalo amarrado a uma rvore no terreno, evidenciando-se a ausncia de culpa, especialmente em uma zona rural onde comum a existncia de cavalos. Alm disso, o juiz argumenta que j teria ocorrido a prescrio trienal da ao de reparao, quer no que tange aos danos morais, quer no que tange aos danos patrimoniais, j que a leso ocorreu em 2005 e a ao somente foi proposta em 2009. Como advogado contratado pela me da vtima, Isabel da Silva, elabore a pea processual cabvel.

    Padro de resposta Alm dos aspectos fundamentais do recurso de apelao (requisitos objetivos e subjetivos, bem como observncia das formalidades do Art. 514 do CPC), o candidato deve prever, corretamente, a representao do incapaz na petio de interposio e nas razes do recurso. Deve dirigir o recurso ao juzo competente, mencionar o nome das partes e descrever os fatos.

    No deve atribuir valor a causa ou protestar pela produo de provas, eis que no se trata de uma petio inicial. No deve requerer a citao, pelos mesmos motivos, mas a intimao para, querendo, apresentar as contra-razes. Tambm no cabvel a meno revelia do apelado, caso no responda ao recurso.

    Igualmente, devem ser explorados os pontos de direito substancial. Assim, deve esclarecer que a responsabilidade por fato do animal objetiva no CC de 2002, que eliminou a excludente relativa ao emprego do cuidado devido pelo proprietrio ou detentor (Art. 936), de modo que a ausncia de culpa irrelevante para a caracterizao da responsabilidade do ru no caso concreto. Quanto prescrio, o candidato deve esclarecer que no corre contra os absolutamente incapazes (Art. 198, I) do CC. Tais circunstncias devem ser explicadas na pea recursal, observados os fatos descritos no enunciado e indicados os dispositivos legais pertinentes. No basta repetir as mesmas palavras do enunciado ou apenas indicar o dispositivo legal sem qualquer fundamento ou justificao para sua aplicao. A idia que o candidato demonstre capacidade de argumentao, conhecimento do direito ptrio e concatenao de idias.

    Deve formular adequadamente os pedidos, solicitando o conhecimento e provimento, mencionando danos materiais e morais, justificadamente, pedindo a inverso do nus da sucumbncia, fixao de honorrios, intimao do Ministrio Pblico.

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    DISTRIBUIO DE PONTOS

    Item 01 Observar requisitos de admissibilidade da apelao: adequao (0,25), preparo (0,25), tempestividade (0,25) e cabimento (0,25)

    0 / 0,25 / 0,5 / 0,75 / 1,0

    Item 02 Abordar corretamente a legitimidade e a representao do incapaz. Fundamentar.

    0 / 0,25 / 0,5

    Item 03 Mencionar a responsabilidade civil objetiva - Art. 936 do Cdigo Civil. Fundamentar.

    0 / 0,25 / 0,5

    Item 04 Afirmar que no corre a prescrio contra o incapaz - Art. 198, I do Cdigo Civil. Fundamentar.

    0 / 0,5 / 1,0

    Item 05 Mencionar o cabimento de danos materiais e morais.

    Fundamentar e justificar.

    0 / 0,5 / 1,0

    Item 06 Formular corretamente os pedidos: requerer o conhecimento do recurso (0,25); o provimento do recurso para reforma da sentena (0,25); o provimento do recurso para que seja proferido novo julgamento enfrentando mrito pela procedncia do pedido (0,25); a inverso do nus de sucumbncia e fixao de honorrios (0,25)

    0 / 0,25 / 0,5 / 0,75 / 1,0

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    Questo 1 Em maro de 2008, Pedro entrou em uma loja de eletrodomsticos e adquiriu, para uso pessoal, um forno de micro-ondas. Ao ligar o forno pela primeira vez, o aparelho explodiu e causou srios danos sua integridade fsica. Desconhecedor de seus direitos, Pedro demorou mais de dois anos para propor ao de reparao contra a fabricante do produto, o que somente ocorreu em junho de 2010. Em sua sentena, o juiz de primeiro grau acolheu o argumento da fabricante, julgando improcedente a demanda com base no Art. 26 do Cdigo de Defesa do Consumidor, segundo o qual o direito de reclamar pelos vcios aparentes ou de fcil constatao caduca em: (...) II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de servio e de produtos durveis. Afirmou, ademais, que o autor no fez prova do defeito tcnico do aparelho. Com base nas normas do Cdigo de Defesa do Consumidor, analise os fundamentos da sentena.

    Padro de resposta

    O candidato deve esclarecer, inicialmente, que se trata de fato do produto, e no de vcio do produto. O prazo aplicvel no , portanto, o do Art. 26 do CDC, mas o do Art. 27, ou seja, cinco anos. O candidato deve, ainda, explorar a questo atinente responsabilidade civil (Art. 12, caput e pargrafo 3) e falar do instituto da inverso do nus da prova em favor do consumidor, nos termos do Art. 6, inciso VIII do CDC.

    Dessa forma, deve ser capaz de identificar e examinar criticamente esses dois fundamentos, e apresentar as razes legais que indicam a incorreo da deciso judicial. Ressalta-se que no basta a simples meno a um ou mais dispositivos do CDC. necessrio demonstrar a sua aplicabilidade, fundamentando analiticamente a resposta.

    DISTRIBUIO DE PONTOS

    Item 01 Dizer que se trata de fato do produto Arts. 12, caput e 3, e 27 CDC prazo cinco anos. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

    Item 02 Falar da inverso do nus da prova Art. 6, VIII CDC. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

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    Questo 2 Lcio, vivo, sem herdeiros necessrios, fez disposio de ltima vontade no ano de 2007. Por esse negcio jurdico atribua sua sobrinha, Amanda, a propriedade sobre bem imvel na cidade de Aracaj/SE, gravando-o, contudo, com clusula de inalienabilidade vitalcia. Em 2009, aps o falecimento de seu tio, Amanda aceita e torna-se titular desse direito patrimonial por meio daquela disposio, que foi registrada no ofcio do registro de imveis competente. Ocorre que agora, em 2010, h necessidade de Amanda alienar esse imvel, tendo em vista ter recebido uma excelente proposta de compra do referido bem. Diante disso, como advogado de Amanda, responda se isso possvel e, em caso positivo, quais as medidas judiciais cabveis? Justifique e fundamente sua resposta.

    Padro de resposta

    O candidato deve responder que possvel a alienao mediante pedido de autorizao judicial de subrogao, fundamentado pela parte, e desde que o produto da venda seja e convertido em outros bens sobre os quais incidiro as restries apostas aos primeiros, na forma do artigo 1911, caput e pargrafo nico do Cdigo Civil, que deve ser combinado com o artigo 1112 do Cdigo de Processo Civil, que dispe acerca de procedimento especfico para esta finalidade, elencado na modalidade "jurisdio voluntria".

    O candidato deve demonstrar a capacidade de compreender o objetivo da questo e fazer a correlao entre o direito material e o direito processual, identificando o instituto no Cdigo Civil e referindo o respectivo procedimento na Lei Adjetiva.

    Item 01 possvel a alienao mediante autorizao judicial de subrogao - Art. 1911 e pargrafo nico do Cdigo Civil. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

    Item 02 Explicar o procedimento - Art. 1112 e seguintes do CPC. Jurisdio voluntria. O produto da venda ser convertido em outros bens sobre os quais incidiro as restries apostas aos primeiros.

    0 / 0,25 / 0,5

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    Questo 3 Gerson est sendo executado judicialmente por Francisco, tendo sido penhorado um imvel de sua propriedade. Helena, esposa de Gerson, casada pelo regime da separao total de bens, pretende a aquisio do bem penhorado, sem que o imvel seja submeti do hasta pblica. juridicamente possvel esta pretenso? Em caso negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, identifique os requisitos exigidos pela lei para que o ato judicial seja considerado perfeito e acabado. Considere que no h outros pretendentes ao bem penhorado.

    Padro de resposta

    Trata-se do instituto da Adjudicao, previsto no CPC, no artigo 685-A. O candidato dever responder que Helena pode adjudicar o imvel penhorado, o que fundamentado no 2 do artigo 685-A. Para que o ato judicial seja perfeito e acabado, necessrio a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante, pelo escrivo e pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, que conter a descrio do imvel, com remisso matrcula e registros, acompanhada de cpia do auto de adjudicao e a prova de quitao do imposto de transmisso, na forma do artigo 685-B e seu pargrafo nico.

    Incorretas as respostas que apontaram a alternativa da alienao por iniciativa do particular, na forma do Art. 685-C, ou mesmo a alienao antecipada do bem penhorado, com base no Art. 670, incisos I e II.

    De igual modo, a meno a possibilidade de alienao de bens entre cnjuges, em razo do regime de bens, sem levar em considerao a existncia da penhora e de suas restries, no conduz resposta adequada, por no enfrentar o cerne da controvrsia.

    Inadequado, ainda, o uso de embargos de terceiro ou de meios de interveno de terceiros, por inadequao aos termos do enunciado.

    Importante ressaltar que com a revogao do instituto da Remio (antes regulamentada pelos artigos 787 a 790 do CPC), com o advento da Lei n 11.382/06, a matria passou a ser regulamentada pelo Art. 685-A, 2.

    Ressalta-se que a simples referncia a dispositivos legais, sem indicao dos fundamentos tericos e legais que embasam o raciocnio no suficiente para viabilizar a conquista dos pontos da questo, at mesmo porque, em uma prova discursiva, preciso examinar a capacidade de raciocnio jurdico do candidato, bem como sua capacidade de compreenso do problema e de apresentao de solues viveis e razoveis.

    Item 01 Indicar a adjudicao Art. 685-A como a medida cabvel. Fundamentar e justificar o seu cabimento no caso concreto.

    0 / 0,25 / 0,5

    Item 02 Identificar, citar e explicar os requisitos para que o ato seja perfeito Art. 685-B. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

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    Questo 4 Jonas celebrou contrato de locao de imvel residencial urbano com Vera. Dois anos depois de pactuada a locao, Jonas ingressa com Ao Revisional de Aluguel argumentando que o valor pago nas prestaes estaria muito acima do praticado pelo mercado, o que estaria gerando desequilbrio no contrato de locao. A ao foi proposta sob o rito sumrio e o autor no requereu a fixao de aluguel provisrio. Foi designada audincia, mas no foi possvel o acordo entre as partes. Considere que voc o (a) advogado (a) de Vera. Descreva qual a medida cabvel a fim de defender os interesses de Vera aps a conciliao infrutfera, apontando o prazo legal para faz-lo e os argumentos que sero invocados.

    Padro de resposta

    O candidato deve explicar que a medida judicial cabvel a contestao (e no genericamente a resposta) e o prazo para apresent-la na prpria audincia, aps a conciliao infrutfera (Art. 68, I e IV da Lei n 8.245/91 e Art. 278 do CPC). Quanto aos argumentos mnimos, dever informar, em preliminar, a carncia da ao, tendo em vista que a referida Lei de Locaes aduz que as aes que visem reviso judicial de aluguel somente podero ser propostas depois de transcorrido o trinio da vigncia do contrato (Art. 19 da Lei n 8.245/91). Por ser uma condio especfica da ao, a sua no observncia leva extino do processo sem resoluo do mrito, na forma do Art. 267, inciso VI do CPC.

    Esto incorretas respostas que afirmam haver prazo subsidirio para apresentao de contestao, eis que a vontade do legislador foi a de utilizar a sistemtica do procedimento sumrio, deixando claro que o ato deve ser praticado em audincia. Igualmente equivocada a resposta no sentido de que o juiz deve julgar o pedido improcedente, na medida em que, havendo condio especfica para o regular exerccio do direito de ao ou condio de procedibilidade, deva ela ser examinada na condio de questo preliminar prpria, gerando, como consequncia, a extino do feito. Logo, no foi considerada correta a resposta que adentrou o mrito (valor do aluguel) sem enfrentar a preliminar insupervel.

    DISTRIBUIO DE PONTOS

    Item 01 Contestao na prpria audincia - Art. 68, I e IV da Lei n 8.245/91 e Art. 278 do CPC. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

    Item 02 Carncia de ao. 3 anos de vigncia do contrato. Falta de condio da ao. Extino do processo sem resoluo de mrito - Art. 267 do CPC. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

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    Questo 5 Marlon, famoso jogador de futebol, contratado para ser o garoto propaganda da Guaraluz, fabricante de guaran natural. O contrato de prestao de servios tem prazo de trs anos, fixando-se uma remunerao anual de R$ 50.000,00. Contm, alm disso, clusula de exclusividade, que impede Marlon de atuar como garoto-propaganda de qualquer concorrente da Guaraluz, e clusula que estipula o valor de R$ 10.000,00 para o descumprimento contratual, no prevendo direito a indenizao suplementar.

    Durante o primeiro ano de vigncia do contrato, Marlon recebe proposta para se tornar garotopropaganda da Guaratudo, sociedade do mesmo ramo da Guaraluz, que oferece expressamente o dobro do valor anual pago pela concorrente.

    Marlon aceita a proposta da Guaratudo, descumprindo a clusula de exclusividade contida no seu contrato anterior. Pelo descumprimento, Marlon paga Guaraluz o montante de R$ 10.000,00, estipulado. Como advogado consultado pela Guaraluz, responda:

    I. Se o prejuzo da Guaraluz for superior a R$ 10.000,00, ser possvel obter, de Marlon, judicialmente, a reparao integral do dano sofrido?

    II. Alm do valor pago por Marlon, a Guaraluz tem direito a receber alguma indenizao por parte da Guaratudo?

    Padro de resposta

    I. No possvel a majorao da clusula penal, ainda que o credor prove prejuzo superior ao valor estipulado, pois no houve conveno acerca de indenizao suplementar, na forma do Art. 416, pargrafo nico do Cdigo Civil.

    II. A Guaratudo deve indenizao Guaraluz no valor que seria devido por dois anos de contato, tendo em vista a prtica de aliciamento descrita no cdigo Civil (Art. 608), observados os princpios da boa f objetiva, da funo social do contrato e ainda da responsabilidade contratual de terceiro.

    DISTRIBUIO DE PONTOS

    Item 01 No possvel a majorao da clusula penal - Art. 416, pargrafo nico do CC. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

    Item 02 Indenizao por dois anos de contrato - Art. 608 do CC. Fundamentar e justificar.

    0 / 0,25 / 0,5

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    Capa 2a Fase OAB 2010 1 - Direito CivilQuestes 2a Fase OAB 2010 1 e 2 - Direito CivilPea ProfissionalQuestes Abertas Situaes-problema:Questo 1 Questo 2Questo 3Questo 4Questo 5