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OAB2010 Direito Civil 2a Fase

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Direito Civil

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Prova Prático-Profissional – 2ª Fase

Direito CivilExame 2010.1  

Observações sobre a prova Prático-profissional:

Na prova prático-profissional, o candidato deverá redigir 1 (uma) peçaprofissional e responder a 5 (cinco) questões abertas, elaboradas sob aforma de situações-problema, compreendendo a área de opção escolhida.

Esta coletânea compreende apenas as questões aplicadas no 1º Exame de2010, em 25/07/2010, acompanhadas de padrões de resposta elaboradospelo próprio CESPE/UnB.

Os padrões de resposta do CESPE podem contemplar apenas uma

estrutura de fundamentação básica, uma orientação ao examinador ouexemplo de resposta. Lembramos que apenas uma fundamentaçãocorreta não garante a totalidade dos pontos de cada questão. A respostadeverá ter uma boa apresentação, com uma estrutura textual decente ecorreção gramatical. Deverá ainda ser consistente e demonstrar o domíniodo raciocínio jurídico, que será avaliado pela adequação da resposta aoproblema, pela técnica profissional demonstrada e pela capacidade deinterpretação e exposição das ideias.

Os candidatos têm à sua disposição 150 linhas (30 linhas por página em 5páginas) para elaborar a peça profissional, e 30 linhas para responder acada uma das questões abertas. O tempo de prova é de 5 horas.

Finalmente, é importante observar uma alteração que foi introduzida noexame 2009.2 e que continua em vigor: durante a realização da provaprático-profissional será permitida, exclusivamente, a consulta àlegislação, sem qualquer anotação ou comentário, referente à áreade opção do examinando. Anteriormente, era prevista a consultatambém a livros de doutrina e a repertórios jurisprudenciais. 

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 1

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Peça Profissional

Júlia ajuizou ação sob o rito ordinário, distribuída à 34.ª Vara de Família de SãoPaulo – SP, com o objetivo de ver declarada a existência de união estável que alegater mantido, de 1989 a 2005, com Jonas, já falecido. Arrolou a autora, no polopassivo da lide, o nome dos herdeiros de Jonas, que, devidamente citados,apresentaram contestação no prazo legal.

Preliminarmente, os réus alegaram que:

* o pedido seria juridicamente impossível, sob o argumento de que Jonas, apesarde não viver mais com sua esposa havia vinte anos, ainda era casado com ela, mãe

dos réus, quando falecera, algo que inviabilizaria a declaração da união estável, porser inaceitável admiti-la com pessoa casada;

* a autora não teria interesse de agir, sob o argumento de que Jonas não deixarapensão de qualquer origem, sendo inútil a ela a simples declaração;

* o pedido encontraria óbice na coisa julgada, sob o fundamento de que, emoportunidade anterior, a autora ajuizara, contra os réus, ação possessória na qual,alegando ter sido companheira do falecido, pretendia ser mantida na posse deimóvel pertencente ao último, tendo sido o julgamento dessa ação desfavorável aela, sob a fundamentação de que não teria ocorrido a união estável;

* haveria litispendência, sob o argumento de que já tramitava, na 1.ª Vara deÓrfãos e Sucessões de São Paulo – SP, ação de inventário dos bens deixados pelofalecido, devendo necessariamente ser discutido naquela sede qualquer temarelativo a interesse do espólio, visto que o juízo do inventário atrai os processos emque o espólio é réu.

No mérito, os réus aduziram que Jonas era homem dado a vários relacionamentose, apesar de ter convivido com a autora sob o mesmo teto, tinha uma namoradaem cidade vizinha, com a qual se encontrava, regularmente, uma vez por semana,no período da tarde.

Considerando as matérias suscitadas na defesa, o juiz conferiu à autora, medianteintimação feita em 21/9/20XX (segunda-feira), prazo para manifestação.

Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a)contratado(a) por Júlia, redija a peça processual cabível em face das alegaçõesapresentadas na contestação. Date o documento no último dia de prazo.

Padrão de Resposta

Deve-se redigir uma réplica, com argumentos jurídicos capazes de levar à rejeição

das alegações aduzidas pelos réus em contestação.A PEÇA

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 2

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Réplica endereçada ao juiz da 34.ª Vara de Família de São Paulo – SP.

Data: 1.º de outubro de 20XX (CPC, art. 327).

Relato da situação fática.

PRELIMINARES:

A separação de fato entre o falecido e sua esposa, ocorrida há mais de vinte anos,não serve de óbice à possibilidade jurídica do pedido (Código Civil, art. 1.723, §1.º), verificando-se a possibilidade jurídica do pedido quando este é admitido peloordenamento jurídico, ou não é vedado.

Estabelece o Código Civil:

 “Art. 1.521. Não podem casar:

(...)

VI − as pessoas casadas;

(...)

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem ea mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecidacom o objetivo de constituição de família.

§ 1.º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art.1.521, não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada seachar separada de fato ou judicialmente.” 

Existe interesse de agir mesmo na simples declaração da união estável sem quehaja pensão. A convivência duradoura entre duas pessoas é um fato, sendo a uniãoestável um conceito jurídico que poderá ou não definir tal relação. A lei prevê apossibilidade de ser declarada a existência de relação jurídica (CPC, art. 4.º, I).Ademais, considerando-se que há ação de inventário em curso, o falecido deixoubens, podendo algum deles ter sido adquirido na constância da união estável.

Não ocorre litispendência, pois os elementos das ações não são coincidentes. Paraque ocorra a litispendência, deverá ser repetida ação em curso. De fato, uma açãoé idêntica a outra quando ambas têm as mesmas partes, a mesma causa de pedir eo mesmo pedido (CPC, art. 301, §§ 1.º e 2.º).

A atração exercida pelo inventário não se põe de tal modo a determinar que opedido de reconhecimento da união estável de quem não é herdeira precisenecessariamente ser processado nos autos do inventário. O reconhecimento deunião estável é de competência da vara de família. Foi respeitada a competência doforo, visto que a ação declaratória foi proposta no foro do domicílio do autor daherança (CPC, art. 96).

Não ocorre, na hipótese, coisa julgada, pois o pedido é diferente nas duas ações.Ademais, os fundamentos de uma sentença não transitam em julgado de modo aimpedir novo pronunciamento judicial acerca da matéria já discutida em momento

anterior (CPC, art. 301, §§ 1.º e 3.º).MÉRITO

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 3

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A existência de relacionamento não estável não serve de empecilho aoreconhecimento da união estável da autora com o falecido, visto que, conformeinformação da própria contestação, o suposto relacionamento não tinha os atributosde união estável nos termos da lei civil, de acordo com o que dispõe o art. 1.723 do

Código Civil: “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com oobjetivo de constituição de família.” 

REQUERIMENTO FINAL

Deve ser requerida ao juiz a rejeição das preliminares alegadas, da causa deextinção do processo, com a procedência do pedido inicial.

Observação para a correção: atribuir pontuação integral às respostas em que esteja

expresso o conteúdo do dispositivo legal, ainda que não seja citado,expressamente, o número do artigo.

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 4

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Questões Abertas – Situações-problema:

Questão 1

Paula ajuizou, contra Luciana, ação de rescisão de contrato de locação, requerendoa condenação da ré ao pagamento de aluguéis atrasados e multa contratual, combase no art. 62, I e II, b, da Lei n.º 8.245/1991, tendo o juiz da 1.ª Vara Cível deFlorianópolis julgado improcedente o pedido. Ao apreciar a apelação interposta porPaula, o Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, por unanimidade, proveuo pedido de reforma, para decretar a rescisão do contrato de locação e determinaro pagamento dos aluguéis atrasados, e, por maioria de votos, deu provimento à

apelação para condenar a ré na multa contratual. Acrescente-se que a decisão nãopadece de qualquer vício.

Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, amedida judicial cabível para a defesa dos interesses de Luciana, a ser exercida noprazo de quinze dias, contados da publicação do acórdão, declinando a pretensão aser deduzida.

Padrão de Resposta:

Cabe a interposição de embargos infringentes, haja vista que houve a reforma dasentença por maioria de votos. Assim estabelece o art. 530 do CPC:

 “Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado,em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente açãorescisória. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objetoda divergência.” 

A matéria objeto do recurso consistirá na condenação da multa ― matéria objetoda divergência ―, ou seja, deverá a recorrente sustentar que assiste razão aorelator do voto vencido, de forma que a multa deve ser excluída da condenação.

Saliente-se que não cabe, no prazo de 15 dias contados da publicação do acórdão,nenhum outro recurso, pois o prazo para eventuais RE ou REsp ficará sobrestadoquando cabíveis embargos infringentes (art. 498 do CPC).

Observação para a correção: atribuir pontuação integral às respostas em que estejaexpresso o conteúdo do dispositivo legal, ainda que não seja citado,expressamente, o número do artigo.

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 5

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Questão 2 

Cristina, solteira, comerciante, sem filhos, ajuizou ação de reivindicação dedeterminado imóvel contra Fábio, divorciado, servidor público, pai de duas filhas —Leila, com dezenove anos de idade, e Lúcia, com vinte e um anos de idade.

Apresentada a contestação, ocorreu o falecimento de Fábio.

Nessa situação hipotética, que atitude deverá adotar o(a) advogado(a) de Fábio?Fundamente sua resposta.

Padrão de Resposta:

Em caso de morte da parte, suspende-se o processo (CPC, art. 265, I). Assim, o(a)advogado(a), na hipótese, deverá comunicar ao juiz o falecimento da parte,

  juntando a certidão de óbito e requerendo a suspensão do processo, a fim deprovidenciar a habilitação das filhas do falecido, que deverão sucedê-lo noprocesso, conforme estabelecem os artigos 265, I, e 1.055 do CPC:

 “Art. 265. Suspende-se o processo:

I − pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu

representante legal ou de seu procurador;(...)

Art. 1.055. A habilitação tem lugar quando, por falecimento de qualquer das partes,os interessados houverem de suceder-lhe no processo.” 

Há necessidade de comunicação do fato ao juiz, como ensina a doutrina: “1. Fato  jurídico. A suspensão do processo dá-se pela tão só ocorrência de um dos fatos  jurídicos nomeados na norma comentada e, portanto, independe qualquer outramedida. O fato deve ser comunicado ao juízo para as providências cabíveis e inícioda contagem dos prazos processuais.” (Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade

Nery. Código de Processo Civil comentado. 10 ed., São Paulo: RT, 2007, p. 500).Além disso, as filhas do falecido são suas sucessoras legítimas, conforme arts.1.784 e 1.829, I, ambos do Código Civil:

 “Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiroslegítimos e testamentários.

(...)

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I − aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se

casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separaçãoobrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhãoparcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares.” 

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Observação para a correção: atribuir pontuação integral às respostas em que estejaexpresso o conteúdo do dispositivo legal, ainda que não seja citado,expressamente, o número do artigo.

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Questão 3 

Pablo sagrou-se vencedor em demanda ajuizada contra a fazenda pública, que foicondenada a pagar-lhe o valor de R$ 200.000,00, a título de indenização.

Ao requerer a execução do julgado, o advogado de Pablo juntou aos autos ocontrato de prestação de serviços e pediu que do valor devido ao seu cliente fossedescontado o percentual de 15% atinente aos honorários contratados, com aexpedição de dois precatórios.

O juiz indeferiu o pedido, por meio da seguinte decisão interlocutória:

 “Vistos (...)

Indefiro a expedição de precatório relativo aos honorários contratuais, que deverãoser executados por meios próprios.

Expeça-se precatório quanto ao crédito do autor e quanto aos honorários dasucumbência.” 

Em face dessa situação hipotética, informe a medida judicial adequada paraimpugnar a decisão do juiz, apresente os fundamentos de direito que respaldam apretensão de expedição de precatório em separado para pagamento dos honorárioscontratados e indique a única hipótese de indeferimento do pagamento vindicado.

Padrão de Resposta:

Medida judicial: agravo de instrumento.

A decisão ora agravada violou o disposto no art. 22, caput e § 4.º, no art. 23 e noart. 24, caput e § .º, da Lei 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados), umavez que é direito do advogado receber os honorários contratuais, exigindo-os epleiteando-os no processo próprio em que atuou, bem como requerer a suaexecução e a expedição de precatório a eles correspondentes.

Os comandos inseridos nos referidos artigos asseguram, de fato, o direito doprofissional do direito inscrito nos respectivos quadros a receber os honoráriosconvencionados (contratuais) nos próprios autos da demanda judicial, por meio deexecução específica em nome próprio de direito autônomo desse profissional.Vejam-se os dispositivos pertinentes:

 “Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direitoaos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos desucumbência.

(...)

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§ 4.º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes deexpedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar quelhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida peloconstituinte, salvo se este provar que já os pagou.

Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência,pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentençanesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedidoem seu favor.

Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito queos estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência,concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.

§ 1.º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da açãoem que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.” 

Vê-se que as regras estabelecidas no estatuto da OAB são de clareza meridiana noque toca às demandas em que a execução é de obrigação de dar quantia certa,porque possível a retenção dos valores devidos a títulos de honorários no momentodo levantamento ou da requisição de precatório, desde que apresentado o contratode honorários tempestivamente.

Veja-se que tal artigo não dá ao juiz o poder de indeferir a expedição de precatóriose os requisitos tiverem sido cumpridos, como sói ocorrer in casu.

A regra especificada no § 4.º do art. 22 do Estatuto da Advocacia é impositiva nosentido de que deve o juiz determinar o pagamento dos honorários advocatíciosquando o advogado juntar aos autos o seu contrato de honorários, excepcionadasapenas a hipótese de ser provado anterior pagamento e a prevista no § 5.º domesmo art. 22, não cogitadas no caso em exame.

A esse respeito, vejam-se os seguintes precedentes:

  “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. HONORÁRIOSADVOCATÍCIOS. JUNTADA DO CONTRATO ANTES DA EXPEDIÇÃO DOSPRECATÓRIOS.

LEVANTAMENTO NÃO CONDICIONADO À EXIGÊNCIA DO ART. 34 DO DL N.º3.365/41. DIREITO AUTÔNOMO DO ADVOGADO. ART. 23 DA LEI N.º 8.906/94.

I − De acordo com o ditame do § 4.º do art. 22 da Lei n.º 8.906/94: "Se oadvogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se omandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejampagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvose este provar que já os pagou".

II − A exigência inserta no art. 34 do DL n.º 3.365/41, de que o expropriadodemonstre a propriedade do bem objeto da desapropriação para o fim de levantar averba indenizatória, não obsta que se levante do montante do valor devido aquantia destinada ao pagamento dos honorários advocatícios, por se tratar de

direito autônomo, pertencente ao advogado (cf. art. 23 da Lei n.º 8.906/94).

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 9

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Precedentes: REsp n.º 409.757/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 13/09/2004;REsp n.º 124.715/SP, Rel. Min. João Otávio De Noronha, DJ de 09/02/2004; REspn.º 295.987/SP, Relator Ministro José Delgado, DJ de 02/04/2001; e REsp n.º114468/SP, Relator Ministro Milton Luiz Pereira, DJ de 01/02/1999.

III − Recurso especial provido. (REsp 659.409/SP, Rel. Ministro Francisco Falcão,Primeira Turma, julgado em 06.12.2005, DJ 06.03.2006 p. 177)” 

 “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EMBARGOSDE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.CONTRATO DE HONORÁRIOS JUNTADO AOS AUTOS. ART. 22, § 4.º, DA LEI N.º8.906/94. INCIDÊNCIA APENAS NAS HIPÓTESES EM QUE EXISTA DEPÓSITOJUDICIAL OU PRECATÓRIO A SER EXPEDIDO NOS AUTOS.

IMPOSSIBILIDADE DE SE DETERMINAR RETENÇÃO DO VALOR CONTRATADO EMCONTRACHEQUES. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.

1. Conforme previsto no art. 535 do CPC, os embargos de declaração têm comoobjetivo sanar eventual obscuridade, contradição ou omissão existentes na decisãorecorrida. Não ocorre omissão no acórdão recorrido quando o Tribunal de origempronuncia-se de forma clara sobre a questão posta nos autos, assentando-se emfundamentos suficientes para embasar a decisão.

2. A regra contida no art. 22, § 4.º, da Lei 8.906/94 – que permite ao advogado,apresentando o respectivo contrato, requerer ao juiz da causa o pagamento,diretamente a ele, dos honorários contratados – é aplicável apenas nos casos emque exista depósito judicial ou precatório a ser expedido nos autos. Não permite

que o juiz determine o desconto de tais valores nos contracheques dos constituintesque firmaram acordo no curso do processo.

3. Recurso especial improvido. (REsp 737.440/BA, Rel. Ministro Arnaldo EstevesLima, Quinta Turma, julgado em 09.08.2005, DJ 19.09.2005 p. 377)” 

Dessa forma, é inconteste o direito dos agravantes de ter a retenção dos honoráriospactuados no contrato de prestação de serviços advocatícios entabulado entresestes na própria ação de execução, devendo ser pago diretamente o valor devido,deduzido da quantia a ser recebida pelo contratante do referido serviço.

Observação para a correção: atribuir pontuação integral às respostas em que esteja

expresso o conteúdo do dispositivo legal, ainda que não seja citado,expressamente, o número do artigo.

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Questão 4 

Sueli, pessoa solteira e sem filhos, adquiriu, mediante financiamento, móveis emuma grande loja de departamentos. Paga em dia a última parcela do financiamento,Sueli faleceu, vítima de acidente automobilístico. Seu pai, Lúcio, viúvo, passou areceber cobrança da referida loja contra Sueli. Sabedor da retidão do caráter dafilha, Lúcio procurou e achou os comprovantes de pagamento e quitação da dívida eos levou até a loja. Contudo, tempos depois, recebeu a comunicação de que onome de Sueli havia sido indevidamente negativado.

Em face dessa situação hipotética, indique, de forma fundamentada, a providência  judicial que deverá ser tomada para a compensação do prejuízo sofrido, assim

como a legitimação para tanto.

Padrão de Resposta:

O pai da falecida poderá ingressar com ação de indenização por danos morais c/ccom obrigação de fazer para a retirada do nome da filha do cadastro deinadimplentes, com pedido de antecipação de tutela contra a referida loja, hajavista estar sendo atingido o bom nome da família. Tal ação deve ser ajuizada pelo

pai, em nome próprio, e não em nome da falecida, de acordo com o parágrafoúnico do art. 20 do Código Civil:

  “Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou àmanutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra,ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão serproibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lheatingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a finscomerciais.

Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas pararequerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.” 

Eis o entendimento da doutrina: “Mas, a se admitir uma eventual reparação dodano moral, consequente do atentado à memória dos mortos, a legitimação doexercício da ação reparatória reconhecida em favor daqueles legitimados para ainiciativa da ação penal privada, não seria decorrência de um direito hereditário, jáque morto o ofendido cuja memória é maculada, não haveria sucessão possível emum pretenso direito nascido posteriormente à abertura da sucessão; seria, assim,uma ação de indenização fundada em direito próprio, no que são igualmentemolestados, ainda que de maneira indireta, os sentimentos de dor e estima de seusfamiliares, pelas ofensas desrespeitosas à memória do ente querido” (Yussef Said

Cahali. Dano moral. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2 ed., pág. 700).

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Observação para a correção: atribuir pontuação integral às respostas em que estejaexpresso o conteúdo do dispositivo legal, ainda que não seja citado,expressamente, o número do artigo.

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Questão 5 

Edson vendeu veículo de sua propriedade a Bruna, estipulando que o pagamentodeveria ser feito a Tânia. Trinta dias depois da aquisição, o motor do referidoveículo fundiu. Edson, embora conhecesse o vício, não o informou a Bruna e, ainda,vendeu o veículo pelo preço de mercado. Desejando resolver a situação, Bruna, quedepende do automóvel para o desenvolvimento de suas atividades comerciais,procurou auxílio de profissional da advocacia, para informar-se a respeito de seusdireitos.

Em face dessa situação hipotética, indique, com a devida fundamentação legal, a(s)medida(s) judicial(is) cabível(is) e a(s) pretensão(ões) que pode(m) ser(em)

deduzida(s), a parte legítima para figurar no polo passivo da demanda e o prazopara ajuizamento.

Padrão de Resposta:

Como se trata de caso clássico de vício redibitório, a adquirente do veículo poderejeitar o produto ou pedir abatimento do preço da coisa. Da mesma forma, como o

alienante era sabedor do vício que maculava o veículo, ele deverá restituir o valorpago e mais perdas e danos ou sujeitar-se à redução do preço. Como se trata devício oculto, a compradora tem o prazo de 180 dias, a contar do descobrimento dovício, para o ajuizamento da ação de rescisão ou da ação quanti minoris comperdas e danos e lucros cessantes, que deverá ser proposta contra o alienante, enão contra quem recebeu o valor.

Fundamento nos artigos 441 (ação redibitória), 442 (ação quanti minoris) e 445, §1.º (prazo de 180 dias), todos do Código Civil.

Observação para a correção: atribuir pontuação integral às respostas em que esteja

expresso o conteúdo do dispositivo legal, ainda que não seja citado,expressamente, o número do artigo.

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 13

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Prova Prático-Profissional – 2ª Fase

Direito Civil

Exame 2010.2  

Observações sobre a prova Prático-profissional:

Na prova prático-profissional, o candidato deverá redigir 1 (uma) peçaprofissional e responder a 5 (cinco) questões abertas, elaboradas sob a

forma de situações-problema, compreendendo a área de opção escolhida.

Esta coletânea compreende apenas as questões aplicadas no 2º Exame de2010, em 14/11/2010, acompanhadas de padrões de resposta elaboradospela própria FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Os padrões de resposta da FGV podem contemplar apenas uma estruturade fundamentação básica, uma orientação ao examinador ou exemplo deresposta. Lembramos que apenas uma fundamentação correta nãogarante a totalidade dos pontos de cada questão. A resposta deverá teruma boa apresentação, com uma estrutura textual decente e correçãogramatical. Deverá ainda ser consistente e demonstrar o domínio doraciocínio jurídico, que será avaliado pela adequação da resposta aoproblema, pela técnica profissional demonstrada e pela capacidade deinterpretação e exposição das ideias.

Os candidatos têm à sua disposição 150 linhas (30 linhas por página em 5páginas) para elaborar a peça profissional, e 30 linhas para responder a

cada uma das questões abertas. O tempo de prova é de 5 horas.

Finalmente, é importante observar uma alteração que foi introduzida noexame 2009.2 e que continua em vigor: durante a realização da provaprático-profissional será permitida, exclusivamente, a consulta àlegislação, sem qualquer anotação ou comentário, referente à áreade opção do examinando. Anteriormente, era prevista a consultatambém a livros de doutrina e a repertórios jurisprudenciais. 

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 14

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Peça Prático-profissional

Em janeiro de 2005, Antonio da Silva Júnior, 7 anos, voltava da escola para casa,caminhando por uma estrada de terra da região rural onde morava, quando foi

atingindo pelo coice de um cavalo que estava em um terreno à margem da estrada.O golpe causa sérios danos à saúde do menino, cujo tratamento se revela longo ecustoso. Em ação de reparação por danos patrimoniais e morais, movida em janeirode 2009 contra o proprietário do cavalo, o juiz profere sentença julgandoimprocedente a demanda, ao argumento de que Walter Costa, proprietário doanimal, “empregou o cuidado devido, pois mantinha o cavalo amarrado a umaárvore no terreno, evidenciando-se a ausência de culpa, especialmente em umazona rural onde é comum a existência de cavalos”. Além disso, o juiz argumentaque já teria ocorrido a prescrição trienal da ação de reparação, quer no que tangeaos danos morais, quer no que tange aos danos patrimoniais, já que a lesão

ocorreu em 2005 e a ação somente foi proposta em 2009.’ Como advogadocontratado pela mãe da vítima, Isabel da Silva, elabore a peça processual cabível.

Padrão de resposta

Além dos aspectos fundamentais do recurso de apelação (requisitos objetivos esubjetivos, bem como observância das formalidades do Art. 514 do CPC), ocandidato deve prever, corretamente, a representação do incapaz na petição deinterposição e nas razões do recurso. Deve dirigir o recurso ao juízo competente,mencionar o nome das partes e descrever os fatos.

Não deve atribuir valor a causa ou protestar pela produção de provas, eis que nãose trata de uma petição inicial. Não deve requerer a citação, pelos mesmosmotivos, mas a intimação para, querendo, apresentar as contra-razões. Tambémnão é cabível a menção à revelia do apelado, caso não responda ao recurso.

Igualmente, devem ser explorados os pontos de direito substancial. Assim, deveesclarecer que a responsabilidade por fato do animal é objetiva no CC de 2002, queeliminou a excludente relativa ao emprego do “cuidado devido” pelo proprietário oudetentor (Art. 936), de modo que a ausência de culpa é irrelevante para acaracterização da responsabilidade do réu no caso concreto. Quanto à prescrição, o

candidato deve esclarecer que não corre contra os absolutamente incapazes (Art.198, I) do CC. Tais circunstâncias devem ser explicadas na peça recursal,observados os fatos descritos no enunciado e indicados os dispositivos legaispertinentes. Não basta repetir as mesmas palavras do enunciado ou apenas indicaro dispositivo legal sem qualquer fundamento ou justificação para sua aplicação. Aidéia é que o candidato demonstre capacidade de argumentação, conhecimento dodireito pátrio e concatenação de idéias.

Deve formular adequadamente os pedidos, solicitando o conhecimento eprovimento, mencionando danos materiais e morais, justificadamente, pedindo ainversão do ônus da sucumbência, fixação de honorários, intimação do Ministério

Público.

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 15

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DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS

Item 01 Observar requisitos de admissibilidade daapelação: adequação (0,25), preparo

(0,25), tempestividade (0,25) e cabimento(0,25)

0 / 0,25 / 0,5 / 0,75 /1,0

Item 02 Abordar corretamente a legitimidade e arepresentação do incapaz. Fundamentar.

0 / 0,25 / 0,5

Item 03 Mencionar a responsabilidade civil objetiva -Art. 936 do Código Civil. Fundamentar.

0 / 0,25 / 0,5

Item 04 Afirmar que não corre a prescrição contra oincapaz - Art. 198, I do Código Civil.Fundamentar.

0 / 0,5 / 1,0

Item 05 Mencionar o cabimento de danos materiaise morais.

Fundamentar e justificar.

0 / 0,5 / 1,0

Item 06 Formular corretamente os pedidos: requerero conhecimento do recurso (0,25); oprovimento do recurso para reforma dasentença (0,25); o provimento do recursopara que seja proferido novo julgamentoenfrentando mérito pela procedência dopedido (0,25); a inversão do ônus desucumbência e fixação de honorários (0,25)

0 / 0,25 / 0,5 / 0,75 /1,0

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 16

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Questão 1

Em março de 2008, Pedro entrou em uma loja de eletrodomésticos e adquiriu, parauso pessoal, um forno de micro-ondas. Ao ligar o forno pela primeira vez, o

aparelho explodiu e causou sérios danos à sua integridade física. Desconhecedor deseus direitos, Pedro demorou mais de dois anos para propor ação de reparaçãocontra a fabricante do produto, o que somente ocorreu em junho de 2010. Em suasentença, o juiz de primeiro grau acolheu o argumento da fabricante, julgandoimprocedente a demanda com base no Art. 26 do Código de Defesa do Consumidor,segundo o qual “o direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constataçãocaduca em: (...) II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e deprodutos duráveis.” Afirmou, ademais, que o autor não fez prova do defeito técnicodo aparelho. Com base nas normas do Código de Defesa do Consumidor, analise osfundamentos da sentença.

Padrão de respostaO candidato deve esclarecer, inicialmente, que se trata de fato do produto, e nãode vício do produto. O prazo aplicável não é, portanto, o do Art. 26 do CDC, mas odo Art. 27, ou seja, cinco anos. O candidato deve, ainda, explorar a questãoatinente à responsabilidade civil (Art. 12, caput e parágrafo 3º) e falar do institutoda inversão do ônus da prova em favor do consumidor, nos termos do Art. 6º,inciso VIII do CDC.

Dessa forma, deve ser capaz de identificar e examinar criticamente esses doisfundamentos, e apresentar as razões legais que indicam a incorreção da decisão

 judicial. Ressalta-se que não basta a simples menção a um ou mais dispositivos doCDC. É necessário demonstrar a sua aplicabilidade, fundamentando analiticamentea resposta.

DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS

Item 01 Dizer que se trata de fato do produto – Arts. 12,caput e § 3º, e 27 CDC – prazo cinco anos.Fundamentar e justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Item 02 Falar da inversão do ônus da prova – Art. 6, VIII

CDC. Fundamentar e justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 17

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Questão 2

Lúcio, viúvo, sem herdeiros necessários, fez disposição de última vontade no anode 2007. Por esse negócio jurídico atribuía à sua sobrinha, Amanda, a propriedade

sobre bem imóvel na cidade de Aracajú/SE, gravando-o, contudo, com cláusula deinalienabilidade vitalícia. Em 2009, após o falecimento de seu tio, Amanda aceita etorna-se titular desse direito patrimonial por meio daquela disposição, que foiregistrada no ofício do registro de imóveis competente. Ocorre que agora, em2010, há necessidade de Amanda alienar esse imóvel, tendo em vista ter recebidouma excelente proposta de compra do referido bem. Diante disso, como advogadode Amanda, responda se isso é possível e, em caso positivo, quais as medidas

 judiciais cabíveis? Justifique e fundamente sua resposta.

Padrão de resposta

O candidato deve responder que é possível a alienação mediante pedido deautorização judicial de subrogação, fundamentado pela parte, e desde que oproduto da venda seja e convertido em outros bens sobre os quais incidirão asrestrições apostas aos primeiros, na forma do artigo 1911, caput e parágrafo únicodo Código Civil, que deve ser combinado com o artigo 1112 do Código de ProcessoCivil, que dispõe acerca de procedimento específico para esta finalidade, elencadona modalidade "jurisdição voluntária".

O candidato deve demonstrar a capacidade de compreender o objetivo da questãoe fazer a correlação entre o direito material e o direito processual, identificando oinstituto no Código Civil e referindo o respectivo procedimento na Lei Adjetiva.

Item 01 É possível a alienação mediante autorização judicialde subrogação - Art. 1911 e parágrafo único doCódigo Civil. Fundamentar e justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Item 02 Explicar o procedimento - Art. 1112 e seguintes doCPC. Jurisdição voluntária. O produto da venda seráconvertido em outros bens sobre os quais incidirão asrestrições apostas aos primeiros.

0 / 0,25 / 0,5

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 18

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Questão 3

Gerson está sendo executado judicialmente por Francisco, tendo sido penhoradoum imóvel de sua propriedade. Helena, esposa de Gerson, casada pelo regime da

separação total de bens, pretende a aquisição do bem penhorado, sem que oimóvel seja submeti do à hasta pública. É juridicamente possível esta pretensão?Em caso negativo, fundamente sua resposta. Em caso positivo, identifique osrequisitos exigidos pela lei para que o ato judicial seja considerado perfeito eacabado. Considere que não há outros pretendentes ao bem penhorado.

Padrão de resposta

Trata-se do instituto da Adjudicação, previsto no CPC, no artigo 685-A. O candidatodeverá responder que Helena pode adjudicar o imóvel penhorado, o que éfundamentado no § 2º do artigo 685-A. Para que o ato judicial seja perfeito eacabado, necessário a lavratura e assinatura do auto pelo juiz, pelo adjudicante,pelo escrivão e pelo executado, expedindo-se a respectiva carta, que conterá adescrição do imóvel, com remissão à matrícula e registros, acompanhada de cópiado auto de adjudicação e a prova de quitação do imposto de transmissão, na formado artigo 685-B e seu parágrafo único.

Incorretas as respostas que apontaram a alternativa da alienação por iniciativa doparticular, na forma do Art. 685-C, ou mesmo a alienação antecipada do bempenhorado, com base no Art. 670, incisos I e II.

De igual modo, a menção a possibilidade de alienação de bens entre cônjuges, emrazão do regime de bens, sem levar em consideração a existência da penhora e de

suas restrições, não conduz à resposta adequada, por não enfrentar o cerne dacontrovérsia.

Inadequado, ainda, o uso de embargos de terceiro ou de meios de intervenção deterceiros, por inadequação aos termos do enunciado.

Importante ressaltar que com a revogação do instituto da Remição (antesregulamentada pelos artigos 787 a 790 do CPC), com o advento da Lei nº11.382/06, a matéria passou a ser regulamentada pelo Art. 685-A, § 2º.

Ressalta-se que a simples referência a dispositivos legais, sem indicação dosfundamentos teóricos e legais que embasam o raciocínio não é suficiente para

viabilizar a conquista dos pontos da questão, até mesmo porque, em uma provadiscursiva, é preciso examinar a capacidade de raciocínio jurídico do candidato,bem como sua capacidade de compreensão do problema e de apresentação desoluções viáveis e razoáveis.

Item 01 Indicar a adjudicação – Art. 685-A como a medidacabível. Fundamentar e justificar o seu cabimento nocaso concreto.

0 / 0,25 / 0,5

Item 02 Identificar, citar e explicar os requisitos para que o

ato seja perfeito – Art. 685-B. Fundamentar e justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 19

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Questão 4

Jonas celebrou contrato de locação de imóvel residencial urbano com Vera. Dois

anos depois de pactuada a locação, Jonas ingressa com Ação Revisional de Aluguelargumentando que o valor pago nas prestações estaria muito acima do praticadopelo mercado, o que estaria gerando desequilíbrio no contrato de locação. A açãofoi proposta sob o rito sumário e o autor não requereu a fixação de aluguelprovisório. Foi designada audiência, mas não foi possível o acordo entre as partes.Considere que você é o (a) advogado (a) de Vera. Descreva qual a medida cabívela fim de defender os interesses de Vera após a conciliação infrutífera, apontando oprazo legal para fazê-lo e os argumentos que serão invocados.

Padrão de resposta

O candidato deve explicar que a medida judicial cabível é a contestação (e nãogenericamente a resposta) e o prazo para apresentá-la é na própria audiência, apósa conciliação infrutífera (Art. 68, I e IV da Lei nº 8.245/91 e Art. 278 do CPC).Quanto aos argumentos mínimos, deverá informar, em preliminar, a carência daação, tendo em vista que a referida Lei de Locações aduz que as ações que visem àrevisão judicial de aluguel somente poderão ser propostas depois de transcorrido otriênio da vigência do contrato (Art. 19 da Lei nº 8.245/91). Por ser uma condiçãoespecífica da ação, a sua não observância leva à extinção do processo semresolução do mérito, na forma do Art. 267, inciso VI do CPC.

Estão incorretas respostas que afirmam haver prazo subsidiário para apresentação

de contestação, eis que a vontade do legislador foi a de utilizar a sistemática doprocedimento sumário, deixando claro que o ato deve ser praticado em audiência.Igualmente equivocada a resposta no sentido de que o juiz deve julgar o pedidoimprocedente, na medida em que, havendo condição específica para o regularexercício do direito de ação ou condição de procedibilidade, deva ela ser examinadana condição de questão preliminar própria, gerando, como consequência, a extinçãodo feito. Logo, não foi considerada correta a resposta que adentrou o mérito (valordo aluguel) sem enfrentar a preliminar insuperável.

DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS

Item 01 Contestação na própria audiência - Art. 68, I e IV daLei nº 8.245/91 e Art. 278 do CPC. Fundamentar e

 justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Item 02 Carência de ação. 3 anos de vigência do contrato.Falta de condição da ação. Extinção do processo semresolução de mérito - Art. 267 do CPC. Fundamentare justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 20

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Questão 5

Marlon, famoso jogador de futebol, é contratado para ser o garoto propaganda daGuaraluz, fabricante de guaraná natural. O contrato de prestação de serviços tem

prazo de três anos, fixando-se uma remuneração anual de R$ 50.000,00. Contém,além disso, cláusula de exclusividade, que impede Marlon de atuar como garoto-propaganda de qualquer concorrente da Guaraluz, e cláusula que estipula o valorde R$ 10.000,00 para o descumprimento contratual, não prevendo direito aindenização suplementar.

Durante o primeiro ano de vigência do contrato, Marlon recebe proposta para setornar garotopropaganda da Guaratudo, sociedade do mesmo ramo da Guaraluz,que oferece expressamente o dobro do valor anual pago pela ‘concorrente’.

Marlon aceita a proposta da Guaratudo, descumprindo a cláusula de exclusividadecontida no seu contrato anterior. Pelo descumprimento, Marlon paga à Guaraluz omontante de R$ 10.000,00, estipulado. Como advogado consultado pela Guaraluz,responda:

I. Se o prejuízo da Guaraluz for superior a R$ 10.000,00, será possível obter, deMarlon, judicialmente, a reparação integral do dano sofrido?

II. Além do valor pago por Marlon, a Guaraluz tem direito a receber algumaindenização por parte da Guaratudo?

Padrão de resposta

I. Não é possível a majoração da cláusula penal, ainda que o credor prove prejuízo

superior ao valor estipulado, pois não houve convenção acerca de indenizaçãosuplementar, na forma do Art. 416, parágrafo único do Código Civil.

II. A Guaratudo deve indenização à Guaraluz no valor que seria devido por doisanos de contato, tendo em vista a prática de aliciamento descrita no código Civil(Art. 608), observados os princípios da boa fé objetiva, da função social do contratoe ainda da responsabilidade contratual de terceiro.

DISTRIBUIÇÃO DE PONTOS

Item 01 Não é possível a majoração da cláusula penal - Art.416, parágrafo único do CC. Fundamentar e

 justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Item 02 Indenização por dois anos de contrato - Art. 608 doCC. Fundamentar e justificar.

0 / 0,25 / 0,5

Prova prático-profissional de Direito Civil – Exame OAB 2010 21