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8 - DIREITO COLETIVO DO TRABALHO – AULA 8
SINDICALISMO E A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL
DO TRABALHO
1 – A CONVENÇÃO 87 DA OIT: Uma das mais importantes Convenções da OIT sobre matéria sindical, é
a 87, que versa sobre liberdade sindical e proteção do Direito Sindical. Data de 1948, foi ratificada por mais de
uma centena de membros da OIT. Dentre os mais importantes, podem ser citados: Alemanha – Bélgica –
Canadá – Dinamarca – Espanha – França – Itália – Japão – México – Portugal.
No Brasil, ainda que tenha sido encaminhada ao Congresso Nacional brasileiro mensagem recomendando
sua aprovação, a matéria ainda não foi objeto de apreciação pelo Senado, tendo sido aprovada na Câmara
dos Deputados em 1984.
A aprovação da Convenção 87 da OIT implicará em modificações na legislação brasileira, pois, embora a CF de 1988 tenha consagrado a autonomia sindical, manteve
a unicidade sindical, no art. 8º, inciso II, que consiste, por imposição legal, na criação de apenas uma entidade sindical, de determinada categoria, de qualquer grau, na mesma base territorial. Essa base territorial não poderá
ser inferior à área de um município.
Examinaremos as disposições da Convenção 87, no que diz respeito aos sindicatos, fazendo uma comparação da regra
internacional com as disposições da nossa legislação.
1.1 – A CONSTITUIÇÃO DE SINDICATOS: O art. 2º da Convenção em exame diz que trabalhadores e
empregadores, sem nenhuma distinção e sem autorização prévia, têm o direito de constituir as organizações que
julgarem convenientes, com a única ressalva de respeitar e observar os seus estatutos.
O art. 7º, refere que a personalidade jurídica das organizações sindicais, tanto de empregados como de empregadores não pode estar sujeita a condições cuja
natureza limite a liberdade de
constituição ou estejam subjugadas.
No nosso ordenamento jurídico, verificamos uma certa convergência de orientações, pois o art. 8º, caput e inciso I da CF adotam o princípio da liberdade de constituição.
No que diz respeito ao registro no órgão competente devemos entender como sendo o registro Civil de Pessoa Jurídica, pois, segundo o nosso ordenamento jurídico, a
pessoa jurídica só adquire personalidade com o registro no órgão competente.
1.2 – INGRESSO E SAÍDA DOS SINDICATOS: Pelo art. 2º da Convenção 87, empregados e empregadores têm o
direito de filiação às entidades sindicais.
No mesmo sentido, a CF brasileira no art. 5º XX e art. 8º, inciso V, adota o princípio do livre ingresso e
desligamento dos sindicatos.
1.3 – ENQUADRAMENTO SINDICAL: Se procedermos a uma interpretação extensiva do art. 2º da Convenção 87
concluiremos que não há limitação de enquadramento sindical pois, fala em “organização de sua própria
escolha”.
No nosso ordenamento jurídico ainda persiste o enquadramento sindical previsto na legislação
infraconstitucional, já que os sindicatos são enquadrados segundo a categoria econômica ou profissional (art. 8º, II,
III e IV – categoria - da CF)
Nesse aspecto, encontramos divergência entre a Convenção 87 e as normas brasileiras.
1.4 – ADMINISTRAÇÃO INTERNA:
Determina a Convenção 87 da OIT, no art. 3º e parágrafo 1, que as entidades sindicais de empregados e empregadores
têm o direito de redigir seus estatutos e regulamentos administrativos, assim como o direito de eleger livremente os
seus representantes, organizar a sua administração e suas atividades e, ainda, formular os seus programas de ação.
A nossa constituição vigente proíbe a intervenção e a interferência do Poder Público nas atividades de
administração das entidades sindicais (art. 8º caput).
Aqui, verificamos uma completa harmonia entre a regra internacional e as normas internas.
1.5 – CONSTITUIÇÃO DE ENTIDAS SUPERIORES:
A Convenção 87 da OIT dispõe no art. 5º que as organizações de trabalhadores e empregadores terão o direito
de constituir federações e confederações, e de a elas se filiarem.
No direito brasileiro, se analisarmos o art. 5º, caput da CF, verificamos uma plena harmonia entre a norma
interna e a internacional, uma vez que este dispositivo constitucional confere plena liberdade de associação,
inclusive em entidades sindicais.
1.6 – FILIAÇÃO A ORGANISMOS INTERNACIONAIS:
A norma internacional permite que as entidades sindicais se filiem a organismos internacionais (art. 5º da Convenção
87 da OIT).Internamente, não existe qualquer óbice neste sentido, pois não existe qualquer norma legal restringindo esse direito.
Assim, se verificam normas convergentes no âmbito interno e no internacional.
1.7 – UNICIDADE OU PLURALIDADE SINDICAL: De acordo com os artigos 2, 3 e 7, da Convenção 87, os
sindicatos devem ter a possibilidade de serem constituídos sem qualquer interferência ou intervenção do Estado.
Portanto, a OIT adota o sistema de pluralidade sindical.
No nosso direito sindical, tanto em norma constitucional como na legislação infraconstitucional se adota o sistema da unicidade sindical, por isso, o Brasil jamais pode ratificar a
Convenção 87 da OIT.
Por essa razão é que se diz que no Brasil não existe a liberdade sindical.
Tanto a CLT (art. 516), como a CF (art. 8º, inciso II), adotam a unicidade sindical.
Essa é sem dúvida uma das principais críticas relativas à organização sindical no Brasil que o impede de ratificar a
Convenção 87 da OIT.
1.8 – CONTRIBUIÇÃO SINDICAL COMPULSÓRIA:
Segundo o art. 2 da Convenção 87 da OIT, a única condição que empregados e empregadores devem observar, na
constituição de entidades sindicais, é a observância dos estatutos da entidade.
Donde se conclui que a única contribuição que será devida ao sindicato é aquela do associado.
Por outro lado, as Convenções 98 e 154 da OIT que versam sobre negociação coletiva, não preveem qualquer tipo de
contribuição decorrente do ato.
Portanto, não faz parte dos princípios de liberdade sindical e de negociação coletiva de trabalho,
previstos pela OIT, a obrigatoriedade de pagar qualquer tipo de contribuição às entidades sindicais, que
não seja a associativa.
No direito brasileiro, existe e se mantém a contribuição sindical obrigatória, tanto dos empregados como dos
empregadores e dos autônomos (arts. 578 a 591 da CLT), além da contribuição assistencial (estabelecida em norma coletiva) e da contribuição confederativa (art. 8º, inciso IV
da CF).
Dessa forma, estamos diante de mais uma disposição interna contrária aos princípios preconizados pela OIT.
1.9 – NEGOCIAÇÃO COLETIVA:
A OIT através da Convenção 87 prega a plena liberdade sindical. Portanto, a ideia é o fomento à negociação coletiva entre empregados e empregadores, na solução dos conflitos.
Também, pelas Convenções 98/49 e 154/81, a OIT propugna pela ampla liberdade de negociação sem
interferência estatal.O nosso direito interno prevê e estimula a negociação coletiva apenas com a limitação imposta pelo Poder
Normativo da Justiça do Trabalho.
Registre-se que o Brasil ratificou as Convenções 98 e 154 da OIT e, no ordenamento jurídico interno, é ideia geral
a adaptação das regras que tratam da negociação coletiva do princípio do direito à liberdade.
Há, entretanto, um entrave que continua sendo o Poder Normativo da Justiça do Trabalho, na solução dos
conflitos coletivos.
1.10 – PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO TRABALHO:
Esse poder conferido à Justiça do Trabalho, no Brasil, se opõe ao princípio de direito fundamental à liberdade.
Todas as regras da OIT que tratam da liberdade sindical e da negociação coletiva vedam a interferência do Estado
nessas atividades.
Porém, internamente, o Poder Normativo da Justiça do
Trabalho, que se mantém desde décadas, foi mantido na Emenda Constitucional nº 45, de 2004.
Portanto, o nosso ordenamento jurídico afronta com o
regramento internacional nesse mister.
1.11 – EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE:
A atividade e a dinâmica sindical relativamente à greve estão inseridas no contexto das regras internacionais, prevista na
Convenção 87 da OIT.
Pelas normas, internacionais e nacionais, deve haver limites formais e materiais para o exercício do direito de greve.
Estes limites estão previstos tanto interna como internacionalmente, portanto, em plena consonância
dos dois sistemas, havendo convergência entre os dois.
1.12 – CONCLUSÃO:
A Convenção 87 da OIT assegura a liberdade sindical nos planos coletivo, individual e institucional,
conferindo aos empregados e empregadores, salvo aos membros das forças armadas e da polícia (art. 9 da
Convenção), o direito de constituir, sem autorização prévia, organizações de sua livre escolha, assim como o de filiar-se, sob a condição única de observarem os seus
estatutos (art. 2 da Convenção).
12 – OUTRAS NORMAS INTERNACIONAIS (CONVENÇÕES DA OIT EM MATÉRIA SINDICAL):
135/71 – trata da proteção e facilidades para os representantes dos trabalhadores nas empresas;
141/ 76 – aplicável a todas as organizações representativas de trabalhadores rurais;
151/78 – dispõe sobre a sindicalização e negociação coletivas dos servidores públicos;
154/81 – trata do fomento à negociação coletiva. Aplicável a todos os ramos da atividade econômica.
12.1 – NORMAS INTERNACIONAIS DE DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
Registro sobre a OIT (1919 – Tratado de Versailles), suas convenções e recomendações.
Convenções são tratados internacionais sujeitos a ratificação dos países membros.
Recomendações são instrumentos opcionais, que tratam dos mesmos temas que as Convenções, e estabelecem orientações
para a política e a ação nacionais.
4- Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) – art. XXIII (4): “Todo homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus
interesses.”
12.2 - convenções e recomendações da OIT em matéria de direito coletivo do trabalho
1-Convenção 11 (1921) – Direito de Associação (Agricultura)
2-Convenção 87 (1948) – Liberdade sindical e proteção ao direito de sindicalização
3-Convenção 98 (1949) –Direito de sindicalização e negociação coletiva
4-Convenção 144 (1976) – Consultas Tripartites (Normas Internacionais do Trabalho)
12.3 -convenções e recomendações da OIT em matéria de direito coletivo do trabalho ratificadas pelo Brasil
Foram ratificadas pelo Brasil as Convenções 11 (1957), 98 (1952), 141 (1994), 144 (1994) e 154 (1992)