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MEMÓRIA DE EVENTO CIENTÍFICO-PROFISSIONAL Perspectivas em Gestão & Conhecimento, João Pessoa, v. 2, Número Especial, p. 27-39, out. 2012. http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc . ISSN: 2236-417X. Publicação sob Licença . A COMPETÊNCIA INFORMACIONAL E SUA INFLUÊNCIA NA PERCEPÇÃO DE VARIÁVEIS ORGANIZACIONAIS ESTRATÉGICAS EM IES PRIVADAS 1 Joubert Roberto Ferreira Fidelis Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Professor do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, Brasil. E-mail: [email protected] Ricardo Rodrigues Barbosa Doutor em Administração de Empresas pela Columbia University, Estados Unidos da América. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. E-mail: [email protected] Resumo Atuando em um contexto extremamente dinâmico e de competição acirrada, as instituições de ensino superior (IES) necessitam de informações que lhes permitam compreender as fortes mudanças ocorridas em seus ambientes nos últimos anos, assim como as tendências que prevalecem no seu setor. Neste sentido, o presente trabalho apresenta o resultado de uma pesquisa cujo objetivo foi explorar o relacionamento entre a competência informacional e a percepção dos ambientes organizacionais por parte de gestores de IES privadas. É um estudo qualitativo, realizado a partir da aplicação de um questionário a nove coordenadores de cursos de uma IES privada. O estudo identificou variáveis internas e externas percebidas pelos gestores desta IES como fatores de pressão em suas atividades e confrontou as variáveis percebidas com as variáveis de um ambiente padrão em que eles atuam. Identificou ainda os conhecimentos e habilidades que estes gestores consideram mais importantes para lidar com essas variáveis. O estudo confirma a complexidade informacional dos ambientes em que atuam estes gestores e realça a importância de programas formais de capacitação e conscientização sobre o papel da informação nas organizações. Palavras-chave: Competência informacional. Necessidade Informacional. Estratégia Organizacional. Instituições Privadas de Ensino Superior. 1 INTRODUÇÃO No ambiente de extrema competição empresarial em que vivemos neste início de séc. XXI, não basta à organização se constituir e se estabelecer em determinado mercado para ter a garantia de sucesso empresarial. A dinâmica do atual ambiente de negócios exige que as organizações estejam atentas a uma ampla gama de sinais. Esses sinais podem indicar necessidades de mudanças nos cenários em que atuam e exigir adaptações que lhes permitam obter um melhor desempenho e, consequentemente, prolongar suas operações ao longo do tempo. A busca e percepção destes sinais só serão possíveis a partir de uma definição de 1 Artigo originado do trabalho apresentado sob mesmo título no GT 4: “Gestão da Informação e do Conhecimento nas Organizações” do XII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, realizado no período de 23 a 26 de outubro de 2011, em Brasília, Distrito Federal, Brasil.

A Competência Informacional e Sua Influência Em Instituicoes de Ensino Superiores - 12771-22578-1-Pb

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MEMRIA DE EVENTO CIENTFICO-PROFISSIONAL Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012. http://peri odi cos.ufpb.br/ojs2/i ndex.php/pgc. ISSN: 2236-417X. Publi cao sob Li cena. A COMPETNCIA INFORMACIONAL E SUA INFLUNCIA NA PERCEPO DE VARIVEIS ORGANIZACIONAIS ESTRATGICAS EM IES PRIVADAS1

Joubert Roberto Ferreira Fidelis Doutorando em Cincia da Informao pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Professor do Centro Universitrio do Leste de Minas Gerais, Brasil. E-mail: [email protected] Ricardo Rodrigues Barbosa Doutor em Administrao de Empresas pela Columbia University, Estados Unidos da Amrica. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. E-mail: [email protected] Resumo Atuandoemumcontextoextremamentedi nmicoedecompeti oacirrada, asi nsti tui esdeensi no superi or (IES) necessi tam de i nformaes que l hes permi tam compreender as fortes mudanas ocorri das emseusambi entesnosl ti mosanos,assi mcomoastendnci asquepreval ecemnoseusetor.Neste senti do,opresentetrabal hoapresentaoresul tadodeumapesqui sacujoobjeti vofoi expl oraro rel aci onamentoentreacompetnci ai nformaci onal eapercepodosambi entesorgani zaci onaispor partedegestoresdeIESpri vadas.umestudoquali tati vo,reali zadoaparti rdaapli caodeum questi onri oanovecoordenadoresdecursosdeumaIESpri vada.Oestudoi denti ficouvariveis i nternaseexternaspercebi daspel osgestoresdesta IEScomofatoresdepressoemsuasati vi dadese confrontouasvariveispercebi dascomasvari vei sdeumambi entepadroemqueel esatuam. Identi ficou ai nda os conheci mentos e habi li dades que estes gestores consi deram mais i mportantes para li darcomessasvari vei s.Oestudoconfi rmaacompl exi dadei nformaci onal dosambi entesemque atuamestesgestoresereal aai mportnciadeprogramasformaisdecapaci taoeconsci enti zao sobre o papelda i nformao nas organi zaes. Palavras-chave:Competnci ai nformaci onal .Necessi dadeInformaci onal .Estratgi aOrgani zaci onal . Insti tuies Pri vadas de Ensi no Superi or. 1INTRODUO No ambiente de extrema competio empresarial em que vivemos neste incio de sc. XXI, no basta organizao se constituir e se estabelecer em determinado mercado para ter a garantiadesucessoempresarial.Adinmicadoatualambientedenegciosexigequeas organizaesestejamatentasaumaamplagamadesinais.Essessinaispodemindicar necessidades de mudanas nos cenrios em que atuam e exigir adaptaes que lhes permitam obter ummelhor desempenhoe,consequentemente,prolongarsuasoperaesao longodo tempo.Abuscaepercepodestessinai ssseropossveisapartirdeumadefiniode 1Arti goori gi nadodotrabal hoapresentadosobmesmot tul onoGT4:GestodaInformaoedo Conheci mentonasOrgani zaesdoXIIEncontroNaci onal dePesquisaemCi nci adaInformao, reali zado no perodo de 23 a 26 de outubro de 2011, emBrasli a, Distri to Federal , Brasi l . Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 28 necessidades informacionais bem estruturada e de acordo com as variveis que influenciam a organizao.Para as Instituies de Ensino Superior (IES) privadas no Brasil o ambiente de negcios no diferente dos demais ambientes de negcio. O ambiente em que as IESatuam, outrora relativamente tranquilo, atualmente bastante turbulento e sujeito a crises peridicas. Estas crisestmmudadoprofundamentealgumasdesuaspremissasbsicasdefuncionamento, criandobarreirasedificuldadesparaatuaodestasinstituies,umavezqueelasquase sempreexigemrevisesemudanasemseusplanos.Defato,osurgimentodenovas instituies que perceberam na educao um servio a ser prestado e consequentementeuma importantefontedereceita,temexigidoumanovaposturadasinstituiesdeensino tradicionais. O novo cenrio em que as IES atuam fez surgir a necessidade de uma constante anlise do ambiente organizacional e a adoo de um posicionamento competi tivo que proporcione a essas empresasuma posio deliderana.Umalideranaquepodeseralcanadaquandose criaumavantagemcompetitiva,quepodeserconquistada,porexemplo,pelareduode custosoupelodesenvolvimentode umadiferenciao.Paraalcanar esteobjetivo preciso aindadesenvolveracapacidadede prevero futurodosetor.Ouseja,umaorganizaono tem possibilidade de sucesso sem uma viso articulada das oportunidades e dos desafios que ir enfrentar (PORTER, 1999; PRAHALAD; HAMEL, 2005).Para desenvolver esta viso estratgica essencial que os gestores destas instituies desenvolvam a habilidade que Dudziak (2003), Miranda (2004), Doyle (1995), Lloyde (2006) e outroschamamdeCompetnciaInformacional.Defato,essacompetnciaquelhes permitirsentirnecessidade,percebera disponibilidade,obter e processara informao ea partir dela dar sentido ao ambiente em que atuam. Umgestorcomcompetnciaparalidarcomainformaotemmaiorcapacidadede compreender o ambiente em que atua e as variveis que o afetam podendo, assim, traar os caminhosmaisadequadosaserempercorridosporsuasinstituies,atravsdeumplano estratgico de ao. Neste sentido, importante ressaltar que a gesto estratgica pressupe flexibilidade,nfasenainformao,conhecimentocomorecursocrticoeintegraode processos, pessoas e recursos. 2ESTRATGIA ORGANIZACIONAL: QUESTES BSICAS Odesenvolvimento eaampliao dosambientesde negciosaumentaramde forma considervel o nmero de variveis que afetam o cotidiano das organizaes. Algumas destas variveissoevidenteseafetamdeformadiretaasoperaes;outras,svezesnemto evidentes, podem provocar impactos ainda maiores. Para Tavares (2005), tanto a evoluo dos conceitoscomoasprticasrelacionadasaoplanejamentoegestoestratgicaesto intimamentevinculadoscomaintensificaodoritmoedacomplexidadedasmudanas ambientais. Paraseformularumaestratgiaorganizacionalprecisoumapercepoclaradas mudanasemseucontexto deatuaoedecomoaestratgiaaser estabelecidaest ligada aos objetivos da organizao, possibilitando um trabalho coordenado e colaborativo dentro da mesma.De maneira geral, alguma percepo dos eventos que afetam a organizao sempre ocorre.Noentanto,algunspercebemoseventoseseadaptamsmudanascommaior rapidez,outrosprecisamdemaistempo.Estadiferenanacapacidadedepercebere interpretar mudanas do ambiente organizacional externo fundamental parase determinar as organizaes que sobrevivero e que podem chegar liderana e aquelas que sucumbiro. Para Gaj (1987), so quatro as categorias de organizaes. Existem aquelas que captam asideiasestratgicascommuitafacilidade,masqueasesquecemdepressa.Elasse Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 29 caracterizam por perceber as necessidades de mudanas, mas no conseguem incorpor-las s suas operaes. A segunda categoria composta por empresas que absorvem lentamente as novas ideias, porm no as esquecem facilmente.Estas organi zaes normalmente percebem e incorporam as novas ideias, mas de forma parcial e aos poucos.O perigo aqui est na perda de capacidade competitiva e de mercados, uma vez que concorrentes mais agressivos podem absorver importantes fatias de seu mercado.Um terceiro grupo composto por organizaes queabsorvemasmudanas,noimportandoavelocidade,deformaaberta,incorporando amplamente e no esquecendo. Esta uma exigncia para as empresas que desejam integrar ogrupodasverdadeirasvencedoras.Estecomportamentonecessrioparasemantera lideranaeainiciativaempreendedoranecessriasparaodesenvolvimentoorganizacional, noimportandooseutamanho ouidade.Porfim, existemasorganizaesquerecebemas novasideiascomdificuldadeeesquecemcomfacilidade.Nestegrupoestoinclusasas empresasconcordatriasealgumasestatais.Normalmente estasempresaspossuemcomo caracterstica adicional a falta de flexibilidade, Apesardehaverumaconcordnciageneralizadadequevivemosummomentode intensas econstantesmudanas,nohconsensosobreamelhorformadelidarcom elas. Acredita-se queumadasprincipaisrazes estejanaformacomocadagestor percebee lida com a informao.

3A INFORMAO E A COMPREENSO DE CENRIOS COMPETITIVOS ParaChoo(1998),asorganizaesusamainformaoparatrspropsitos estratgicos bsicos: criar sentido para compreenso de seus ambientes de negcios, construir conhecimento para desenvolver novas competncias e para tomar decises sobre osrumos a seremseguidospelaorganizao.Assim,apartirdaconexodestestrsmodosdeusara informaoparaconstituirumaredemaiordeprocessosquecontinuamentegeram significado, aprendizado e aes, emerge o conhecimento organizacional.A informao pode ser entendida aqui no s como o combustvel, mas tambm como o cimento que move e que une os processos organizacionais. ainformaoquepermiteaosgestoresconheceraorganizao,seusprincpios, objetivoseoperaes.Desenvolveresteconhecimentooprimeiropassoparase compreender o cenrio em que a organizao atua.A compreenso deste cenrio exige ainda que estejamos dispostos a aceitar o inesperado, a partir da percepo de sinais vitais captados neste imenso mar de informao no qual estamos mergulhados. ParaSchwartz(2006,p.37),referindo-sepercepodosrumosdeuma organizao, importantequeestejamosdispostosaencorajaranossaprpria imaginao, novidadeeatmesmoosensodeabsurdo,assimcomoonossosensoderealismo.Para compreender a realidade que cerca uma organizao importante que a mente seja mantida abertaeemconstanteestadodealerta.Paraosgestores,precisoaindaacreditarna existncia de eventos que contradizem suas crenas e valores. A resistncia validade desses eventospodefazercomqueinformaesvitaissejamdesprezadas,influenciando negativamente o futuro da organizao. O nvel de resistncia ou de assimilao das evidncias quesoreveladaspeloacessoinformaovariamdeindivduoparaindivduo.Eesta variao um fator determinante para o sucesso ou insucesso das aes implementadas por eles.ParaMiranda(2006),aavaliaodarelevnciacognitivaeemocionaldoindivduo, assimcomoosatributosobjetivosquedeterminamapertinnciadainformaoemcerta situao problemtica so determinantes da atividade de busca e uso da informao. Por isso, a percepo sobre o que constitui soluo para um dado problema visto de forma diferente pordiferentespessoasegrupos.Logo,adeterminaoderelevnciaoupertinnciaum Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 30 elemento subjetivo, cognitivo e situacional, enquanto as atitudes de um usurio em relao informaosofrutodaeducao,treinamento,experinciaeprefernciapessoal.Assim, percebe-se que a busca das informaes necessrias compreenso de um dado cenrio em que atua uma organizao depende fundamentalmente do modelo mental prevalecente e da disposio dos indivduos de question-lo ou reiter-lo.No entanto, a capacidade dos gestores em perceber e buscar essas informaes pode ser melhorada a partir de treinamentos e outras aes formais de educao. Para Goad (2002), ns nascemos com pouca habilidade para a tomada de deciso, mas esta uma habilidade que podeseraprendida.Noentanto,atmesmoadecisodeseadotaraesformaisde educao e treinamento emerge da percepo dessa necessidade que s ocorrer a partir do acesso informao que ilumine tal situao. Acredita-se que um gestor com ideias arraigadas e com um modelo mental consolidado dificilmente perceber a necessidade de se capacitar e capacitar a sua equipe para lidar com o insumo bsico do sc. XXI: a informao. 4COMPETNCIA INFORMACIONAL: CONCEITOS E ABORDAGENS Atuamosemambientescadavezmaiscomplexosedinmicos,quetmexigido grandesesforosdasorganizaesparasemanterematuantesesustentveis.Estes ambientes,repletosdeinformaoquecirculadeformacadavezmaisrpida,constituem ambientesdegrandedesafioparaosprofissionaisdainformaoeparaosgestoresdas organizaes.Aexplosoinformacional,ocorridanosculoXX,introduziunocotidianode profissionaisdasmaisdiversasreasjornais,livros,relatrios,rdio,televiso,satlites, computadores,redeseserviosonline,quediariamentealimentamonossofluxode informao.Maisrecentemente,acomputaoemnuvemeaconexoInternetvia notebooks wireless, tablets e smartphonestornou o acesso informao ainda mais intenso, ampliando o desafio profissional de se lidar com a informao.ParaMarchiori(2002),estacomplexidadeeestaabundnciafazemcomque,aos profissionaisdeinformaotradicionais,comobibliotecrios,arquivistaseanalistasde sistema,seagreguemoutroscomoos educadores,web designers,engenheirosdecontedo, profissionaisdemarketing,administradoreseeconomistas.Todosestesprofissionais dependemfundamentalmentedeinformaodequalidadepararealizaremsuasatividades.Tercapacidadededefinirsuasnecessidades,busc-las,incorpor-laseaplic-lasdeforma eficaz faz a diferena entre o sucesso e o fracasso. ParaTarapanoff(2002),nocontextodasociedadeemrede,oprofissionalda informaodependedastecnologiasparadisponibilizar,criareanalisarinformaese conhecimentos.Aautoraafirmaaindaque,osgestoresdainformaoprecisamser visionrios, estrategistas, ter capacidade de perceber as necessidades informacionais e serem facilitadoresnacaptaoeusoprodutivodosrecursosinformacionaisnecessrios organizao.Ser altamente capaz para lidar com a informao constitui talvez o maior desafio para os gestores dos tempos atuais. Perceber, tratar e usar a informao no uma exigncia atual, massima intensidadeque esta exignciaatingiu.Sem dvida, omonitoramentodos ambientes organizacionais exige dos gestores um alto nvel de competncia informacional (CI). Originadanalnguainglesa,informationliteracy,segundoDudziak(2003),estaexpresso surgiupelaprimeiravezem1974emumrelatriointituladoTheinformationservice environmentrelationshipsandpriorities,deautoriadobibliotecrioamericanoPaul Zurkowski.Naliteraturaemportugus,noexisteumatraduonicaparaestaexpresso inglesa.Emportugusencontramosasexpressesalfabetizaoinformacional,letramento, literacia,flunciainformacionalecompetnciaeminformao.Nestetrabalhoassume-se Competncia Informacional como a traduo mais adequada, principalmente por ele tratar do assunto no mbito dos ambientes de trabalho. Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 31 Para Miranda (2004, p. 115), um conceito muito utilizado o que define competncia comoumconjuntodeconhecimentos,habilidadeseatitudescorrelacionadosqueafetade maneira importanteaatividadedealgum. Assim,acompetnciaprofissionaldizrespeitoa conhecimentos,habilidadeseatitudesnombitodotrabalho,asquaispermitemo cumprimento da misso de uma organizao. Nesse contexto, a competncia organizacional oucompetnciaessencial(PRAHALAD;HAMEL,1990)seoriginaesesustentanas competnciasprofissionais.ConformeMiranda(2004,p. 118),competnciainformacional constituioconjuntodascompetnciasprofissionais,organizacionaisecompetncias-chave quepossamestarligadasaoperfildeumprofissionaldainformaooudeumaatividade baseada intensivamente em informao.JparaDudziak(2003,p.28),competnciainformacionalpodeserdefinidacomo processo contnuo de internalizao de fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades necessriocompreensoeinteraopermanentecomouniversoinformacionalesua dinmica, de modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida. Competncia informacional , para, para Doyle (1995, p. 1), a habilidade para acessar, avaliar e usar informao de uma variedadede fontes de forma a utiliz-la para de maneira eficienteeefetivanasoluodeproblemasetomadadedeciso.Definiosemelhante apresentadaporLloyd(2006,p.570),paraquemacompetnciainformacionalpodeser definida como a habilidade de saber o que h em um cenrio e a partir da, traar um sentido a partirdocontatoeexperinciacomainformao.Todasestasdefinies,apesardesuas variaes, convergem para a obteno de resultados a partir do uso da informao.ParaDudziak(2003),acompetnciainformacionaltemcomoobjetivoformar indivduosquesejamcapazesdedeterminarassuasnecessidadesinformacionaispara suportarumatomadadedeciso inteligente.Estes indivduosdeveroainda, sercapazesde manusear, de forma efetiva, fontes eficazes de informao. O que implica a familiarizao com mdias variadas como jornais, revistas e Internet, alm das pessoas e recuperar informaes a partirde interfaces variadasutilizandotecnologiasde informao. Devemainda sercapazes deavaliarinformaescriticamenteincorporando-asaoseuprpriosistemadevalorese conhecimento.Almdeutilizarecomunicarainformao,gerandonovasinformaese criandonovasnecessidades,manipulandotextosdigitais,imagens,dados,ferramentasde apresentaoeredao eporfim,consideraras implicaesdasaes edosconhecimentos por eles gerados.Cumprindoestesobjetivos,aorganizao vertantoosseus processosde negcios como os gerenciais afetados diretamente. ASociedadedaInformao,umambientedeoportunidadesepromessas,,para Campello(2003),oespaomaisabrangente porondetrafega omovimentodacompetncia informacional.Nesteambiente,segundoodocumento2020Vision,citadopelaautora,a tecnologiasetornao instrumentoquepermitetrataraabundncia informacional existente, potencializandooacesso informaoeconectandoas pessoasaosprocessos. ParaDudziak (2003, p. 30), a concepo de competncia informacional vai alm da concepo tecnolgica. Conformeessaautora,trs outrasconcepesse destacam:aconcepoda informao que comnfasenatecnologiadainformaopriorizaaabordagemdopontodevistados sistemas,comoaprendizadodemecanismos debuscae usode informaesemambientes eletrnicos;aconcepocognitiva,querelacionaacompetnciainformacionalbuscade informaes para construo do conhecimento; e por ltimo, a concepo da inteligncia, que dnfaseaoaprendizadoaolongoda vida.Estaconcepopresumea incorporao deum estado permanente de mudana, a prpria essncia do aprendizado como fenmeno social. Estesargumentosfundamentamaconvicodequeacompetnciainformacional exige do indivduo a capacidade de lidar com as tecnologias da sociedade da informao para a obtenode informaesqueseroutilizadasparacompreensodoscenrios emquesuas Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 32 organizaesatuamequeganharosignificadoquandoutilizadas,contribuindoparaum contnuo aprendizado ao longo da vida. 5A COMPETNCIA INFORMACIONAL NOS AMBIENTES DE TRABALHO A competncia informacional um conceito que vem sendo discutido na educao h muitosanos;noentanto,nosambientesdetrabalhoaindaumconceitoembrionrio. Aparentementeasorganizaestmsepreocupadomaisemdesenvolverashabil idades necessriasparaquesuasequipespossamlidarcomasferramentasdeTI.H,noentanto, sinaisdequeessasituaoestejacomeandoamudar.Defato,paraBruce(1999,p. 34), novasdescriesparaaCompetnciaInformacional,quepodemserdevalorparaosetor empresarial,estocomeandoaaparecercomoresultadodepesquisasqualitativassobre como os profissionais utilizam efetivamente a informao. Mas, Lloyd (2003) ressalta que h umafalta depesquisas baseadasemevidnciassobrea transferncia da competncia informacional apartirdocontexto educacionalparaocontextode trabalho,oquegera implicaes para nossa compreenso do processo. Segundo OSullivan (2002), no se pode afirmar que a competncia informacional seja umconceitoreconhecidamenterelevanteparaomundocorporativo.Paraaautora,se procurarmosestaexpressonosmecanismosdebuscaenasbasesdedadosdeartigos, excluindo biblioteca e educao, sero encontrados pouqussimos contedos. No entanto, ela afirmaque existemalguns indicadoresdequeestasejaumacompetnciareconhecidacomo um importante facilitador para os trabalhadores do conhecimento. ParaGoad(2002),nemtodasaspessoasestoprontasparalidarconscientemente comainformao.EsteautorcitaBreivik (1992),segundoa qual,hoje emdiaa maioriadas pessoas informacionalmente incompetente,oque impactanegativamente osnegcios ea sociedade emgeral.Entenderprocessos e decisesapartirdainformaoqueossustentam exigeesforoecapacidadequenosocomunsentreaspessoas.Deformageralselida melhor com aquilo que se v ou sente.Apesar de ser um fenmeno abstrato e intangvel, a informao tornou-se um recurso primordial ao desenvolvimento de qualquer organizao.Ter competncia para lidar com este recurso e assim proporcionar um melhor desempenho organizacional a habilidade que todo profissionaltemquebuscarnosdiasdehoje.Entenderoscontextosdeatuaoeusara informao para determinar o caminho a ser seguido a habilidade necessria que definir o sucesso ou no da organizao. 6O AMBIENTE DE NEGCIOS DAS IES PRIVADAS

Atuando em um ambiente cada vez mais competitivo, a alta direo e particularmente, osgestoresdasIESprivadasbrasileirasnecessitamcadavezmaisampliarseucampode percepoeatuaoparaalmdasquestesdidtico-pedaggicas.Assim,elesprecisam desenvolver a habilidade de conduzir suas instituies ou unidades acadmicas fazendo uso de ferramentasdegestonormalmenteutilizadas,atento,pelascorporaes.AFigura1 representa esquematicamente oscontextos interno e externo deatuaode gestoresde IES privadas.

Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 33 Figura 1 Contexto de atuao do gestor de uma IES pri vada Fonte:Autori a prpria Nestecenrio,apercepodoambienteeoplanejamentodeaes estratgicasse tornaram exigncias paraumamelhor definiodosrumosaseremseguidos.Estadefinio temqueocorrercomamximaeficincia,apesardaintensificaodoritmoeda complexidadedasmudanasambientais.Essacomplexidadetrazconsigo enormesdesafios paraosadministradores.ConformePrahaladeHamel(2005),umdessesdesafios conscientizaraequipedequeasuacontribuioessencialparaconcretizarasintenes estratgicas da organizao. Esses autores afirmam ainda que o esprito competitivo no ser disseminadoemtodososnveisdeumaempresa,anoserquecadamembrodaequipe acorde diariamente plenamente consciente do que constitui o melhor desempenho do mundo emseutrabalho.Essaconscinciapermitirquecadaumcompreendaoseupapelnaluta cotidiana para se alcanar os objetivos estabelecidos pela alta gerncia. A alta gerncia ento responsvel pela identificao dos principais desafios na gerao dos recursos e por disseminar o discernimento sobre o papel de cada um na luta pelo sucesso da organizao. A Figura 1 sintetiza o contexto de atuao das IES privadas brasileiras, onde cada vez maior a necessidade de se compreender as variveis que influenciam as suas atividades.Este crescentenmerodevariveisfazaumentaraimportnciadaatuaodecadaumdos gestores destas organizaes. Isso se aplica especialmente aos coordenadores de cursos, uma vezqueoestabelecimentoeaexecuodeestratgiasnopodemficarapenassoba responsabilidade das reitorias e das diretorias ligadas diretamente a elas. De fato, todos esses profissionais precisam ter em mente um conjunto de tendncias e premissas relevantes sobre os rumos dos cursos que coordenam. preciso saber quem ou no seu concorrente, o que desejamosseusclientes-alunosequaissoastecnologiasviveiseasinviveisaserem adotadaspeloscursos.precisoaindadominarquestesbsicassobreeconomia,finanas, projees estatsticas, prospeco de oportunidades e busca de alternativas. Ambiente Externo Mercado/concorrncia EconomiaINEP ENADE Comunidade Regional Parceiros Cursos Demandados Desenvolvimento Tecnolgico Legislaoetc, etc, etc. Ambiente Interno Folha de Pagamento Evaso N de alunos Idade do Corpo Discente Integralizao curricular Receita N de for mandosHoras docentes Avaliao Institucional Perfil dos Docentes etc, etc, etc.Histrico de IngressantesO Gestor precisa de Competncia Informacional Para Perceber e Obt er Informao Que Permit e Uma Anlise Ambiental Que Viabiliza Pl anejamento Estratgico Tomada de Deciso Que sust enta Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 34 Este ambiente normalmente fortemente sustentado por sistemas digitais e dentre os sistemas institucionaisdisponveishojeparaestesgestores, comumencontrar:ambientes virtuaisdeaprendizagemparaapoioaoensinopresencial;mdulosdeBusinessIntelligence ondesofeitasanlisesdiversascomoasituaofinanceiradocurso,oseuperfilde integralizao,perfildocorpodocenteediscente;sistemasdecontroledegradehorria; e sistemas acadmicos para se controlar matrcula, registros acadmicos como faltas e notas e a situaofinanceiradosalunos.Ouseja,ogestoraltamentedemandadoatomarsuas decisescombasenasinformaesobtidasnossistemasdisponveis,oquefazcrescera importncia do domnio dos ambientes digitais.

7A COMPETNCIA INFORMACIONAL EM UMA IES PRIVADA

Estecontextofoiofatogeradorparaarealizaodeumestudoqualitativosobrea CompetnciaInformacionalemumaIESprivada,filantrpica,tradici onal.Agestodessa instituio, com 45 anos de atuao, tem passado por uma srie de mudanas em funo das novas exignciasde seuambientedenegcios.Senumpassado,relativamenterecente,ela eraanicaIESdaregioemqueestlocalizada,nosltimosanoselaganhouvrios concorrentesehojesofretodotipodepressoaqueestosujeitasoutrasorganizaes prestadoras de servios.O estudo foi realizado com nove de seus gestores acadmicos, sendo uma assessora da Pr-Reitoria Acadmica e oito coordenadores de cursos da instituio. Todos os gestores que participaramdapesquisaexercemestafunohmaisdetrsanos.NestaIES,os coordenadoresdecursos participamativamentedesuasaesde planejamento.Assim, eles so convidados a opinar sobre as aes de marketing, ajudam a identificar o perfil de provveis candidatosaocurso,realizamanlisesde desempenhofinanceiro e deoutros indicadoresde gestocomoevaso,perfildocorpodocente,novasdemandastecnolgicasdoscursose mudanas na legislao, dentre outros. Como parte da presente pesquisa, solicitou-se aos gestores que listassem trs variveis internasetrsvariveis externasque influenciavamcommaiorintensidadeasuaatividade como gestor acadmico.As questes foram abertas, uma vez que o objetivo era identificar a capacidadedepercepodoambientedenegciospelogestor,seminduzi-loapartirdas percepes dos pesquisadores. Esta uma questo importante, pois um gestor com alto nvel deCIpercebe osprocessosqueeletratasobaticadainformao.Assim, ele capazde gerenciarefetivamenteociclodeusodainformao,incluindoapercepo,acoleta,a organizao,oprocessamentoemanutenodainformao(MARCHAND;KETTINGER; ROLLINS, 2004).Umavezidentificadasasvariveisinternaseexternas,osgestoresapontaramtrs habilidades ou conhecimentos que, conforme seu entendimento, poderiam contribuir para se lidar melhor com as variveis destacadas por eles. Como o trabalho de um gestor acadmico totalmentebaseadoeminformao,estaperguntatevecomoobjetivoidentificarseos gestores enxergavam a necessidade e os caminhos para melhor se capacitarem para o uso da informao e dastecnologiasda informaocomoumaformade melhorarasuacapacidade decisria.Como se pode observar na Tabela 1, duas variveis de presso internas se destacaram: asdemandasadministrativas,incluindo-seaquiofluxodedocumentoscominformaes demandadasaeles,apontadaspor89%dosentrevistados;easaesrelativasgesto acadmica,apontadaspor78%dosgestores,ondeesto inclusasasatividadesdeanlisedo perfil dos alunos, evaso, gesto de perfil docente e horas docentes entre outras. Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 35 Tabela 1 -Nvei s de percepo por gestores de uma IES pri vada das variveis estratgi cas que demanda i nformao em seu contexto de atuao Contexto de AtuaoVariveis percebidas Nvel de Percepo(%) Probl emas ou fatores que consti tuem vari veis de presso i nternas Demandas admi nistrati vas do curso/ Burocracia/ Fl uxo de documentos 89 Gesto acadmi ca/ Num de al unos / Horas docentes 78 Sobrecarga de ati vi dades (Fal ta de tempo) 33 Gesto dos recursos fi nancei ros33 Defi ci ncia na Comunicao22 Perfil/ moti vao docente / Perfi lDiscente22 Probl emas ou fatores que consti tuem vari veis de presso externas Mercado/Concorrnci a78 Ambi ente de atuao (Ensi no mdi o, val ori zao da educao, educao conti nuada)67 Necessi dade de i ntegrao com as enti dades de classe / parcei ros44 Exi gncias do MEC33 Rel aci onamento com a mdi a22 Demandas soci ais11 Publi cao ci entfi ca11 Habili dades ou conheci mentos necessri os para li dar com estas variveis Desenvol vi mento gerenci al78 Capaci dade de pl anejar as aes com foco estratgi co33 Mai or capaci dade de di vul gao das potenciali dades (Trabal har mel hor a mdi a)22 Mai ordomni osobreal egi slaoepol ti caspbli cassobre educao superi or22 Mel horar rel aci onamento c/ o pbl ico al vo / comuni cao22 Mel horar a capaci dade de comuni cao22 Constante busca por Inovao e mel horia da capaci dade pedaggi ca22 "A sol uo no depende de mi m"11 Mai or domni o de ferramentas de TI11 Fonte: Dados da pesquisa Comamudanadopapelexercidopeloscoordenadoresnosltimosanosnesta instituio,almdaspreocupaescomosprojetosdidtico-pedaggicosdeseuscursos,a elestambmsodemandadasatodoinstanteaproduoderelatrioscominformaes sobrediversosaspectosadministrativos,comoestudossobreevaso,composiodacarga horriadocente,anlisesdedesempenhofinanceiro,etc.Almdisso,elesaindatmque dedicar tempo ao atendimento das demandas dos alunos. Como a instituio passou por uma fasedereestruturaoestastarefastmconsumidodeformaimportanteotempodestes gestoresquenopossuemmaisumasecretrialigadadiretamenteaeles.AIESpossuium grupo de secretrias que so alocadas a tarefas especficas, quando necessrio. Com relao s variveis de presso externas, o mercado/concorrncia a varivel que maisdedestaca,percebidapor78%dosentrevistados,seguidopelocomportamentodo ambientedeatuao,preocupaode67%dosentrevistadosepelasdemandaspor integrao com entidades de classe e com parceiros, percebidas por 44% deles. As exigncias do Ministrio da Educao (MEC) foram destacadas por apenas 33% dos gestores. InformaessobreeventosexternossonormalmenteasquemaisafetamasIES, principalmente porque esses eventos independem da sua vontade. Assim, preciso monitorar oambienteotempotodoparaobterinformaesqueoajudeaentend-loetomaras decisesnecessriasparaseadaptarssuasexigncias.Asconstantesmudanasnos instrumentos deavaliaoporpartedoInstitutoNacionaldeEstudos ePesquisa(INEP), por Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 36 exemplo, tm exigido um grande esforo das IES privadas preocupadas com os indicadores de qualidadeestabelecidospeloMEC.Esta,pormumavarivelquestemgrandeimpacto sobrearotinadeumcoordenar decurso quandoele estprestesareceberavisitadeuma comisso de avaliao ou em ano que os alunos do curso sero submetidos prova doExame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE). Com relao aos conhecimentos e habilidades necessrias para lidar melhor com estas variveis, 78% dos gestores declararam que precisam desenvolver suas habilidades gerenciais.Nesteitemforamapontados melhorcapacidadede liderana, motivao,negociao,gesto de pessoas e gesto do tempo dentre outras.J a capacidade de planejar com foco estratgico foiapontadapor33%dosgestores.UmmaiordomniodeferramentasdeTItambmfoi apontadoporapenasumgestor.Neste ponto,cabeaindaressaltararespostadeum gestor quedeclarounoperceberqueamelhoriadesuashabilidadeseconhecimentospodelhe ajudar a lidar com as variveis que o pressionam em suas atividades. Esta uma resposta que precisaseranalisadacommaiscuidado,mascertamenteseestegestorpercebesseoseu ambienteapartirdainformaoquegeradaporsuasaeseleteriaummelhor discernimento de suas necessidades. Este tipo de resposta demonstra de forma ntida a falta de percepo sobre o papel da informaonaconduodosprocessosorganizacionais.Demodogeral,osgestoresno pensamsuasatividadesdo pontode vistada informao.Acapacidade deplanejarasaes comfocoestratgico,porexemplo,spossvelapartirdeummelhorentendimentodo ambiente emquea organizaoatua.Este entendimento, queacontecea partir doacessoa fontes de informaes geis e confiveis, levar consequentemente a uma melhor tomada de deciso.As necessidadesde lidarmelhorcomamdia,comalegislao ecomacomunicao com os alunos, so indicativos da percepo do papel da informao em suas atividades. Cada um destes itens foi apontado por 22% dos gestores. A falta de destaque a este item pode ser resultadodaexistnciadeequipeespecializadanoassuntodentrodaIES.Assim,coma sobrecarga provocada por outras atividades, os gestores acabam por delegar esta atividade ao Departamento de Marketing que tambm responsvel pela comunicao institucional.

8CONCLUSES Apesar das limitaes da pesquisa, realizada com gestores de apenas uma IES privada, oestudoconfirmaacomplexidadedoambienteinformacionalemqueatuamosgestores acadmicosnestasinstituies.Nesseambiente,ahabilidadeemlidarcomainformao, obtidadediversasfontes,necessariamentegeiseconfiveis,torna-sefundamentalpor algumasrazesbsicas.Issoocorre,emprimeirolugar,porqueoscoordenadoresso continuamentedesafiadosabuscarmelhoresresultadosparaosseuscursos.Emsegundo lugar,porqueasuacapacidadedepercepoeanlise,desenvolvidaapartirdas informaesaquetmacesso,quesuportaroassuasaesdeplanejamentoea consequentetomadadedeciso.Eporfim,apesardodomniodasferramentasdeTIno teremtidogrande destaquecomoumahabilidade necessria, precisoconsideraro grande volumedeinformaocomasquaisestesgestoreslidamnodia-a-diaeanecessidade crescentederespostasrpidas.Defato,esseumcontextoemqueosmeiosdigitais constituem importantes ferramentas para se lidar com as informaes. Ograndedesafionestecasodesenvolverestashabilidadesemcoordenadoresde cursos,quenormalmentesoespecialistasnasreasdoscursosquecoordenamcomo pedagogia, nutrio ou direito e que no necessariamente receberam formao para lidar com questes financeiras, compreenderem ambientes de negcios e/ou determinar a estratgia a ser seguida.Assim, para que estes gestores no se sintam impotentes, diante das mudanas Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 37 emseusambientes, fundamentalqueosdesafiosaseremperseguidossejamnitidamente definidos e que os mesmos sejam capacitados para lidar com a informao e a sua aplicao. OsresultadosdapesquisadestacamanecessidadedeosgestoresdasIESprivadas compreenderemaimportnciadodesenvolvimentodehabilidadesquepermitama compreensoeinteraopermanentecomouniversoinformacionaldeseusambientes. Habilidadesestasquelhespermitiroacessar,avaliareusarinformaoapartirdeuma variedadedefontes.Equesetornaromaiseficientesapartirdousodetecnologiasde informaoquepermitamdisponibilizar,criareanalisaras informaes eosconhecimentos demandados por suas atividades (DUDZIAK, 2003; DOYLE, 1995; TARAPANOFF, 2002).A percepo de um dos gestores de que o desenvolvimento de suas habilidades no o ajudaralidarcomas variveisinerentessuaatividadeea percepo deapenasumoutro gestor sobreanecessidadededesenvolverahabilidadedelidarcomferramentas deTI,so sinaisdequeestudosmaisaprofundadossonecessrios.Pois,percepescomoestas indicamfaltadeconscinciasobreoambienteemqueatuamepodemlev-losaum comportamento inadequado s necessidades das IES em que exercem suas funes. Osconceitosaquidiscutidos,sobreagestoestratgicaesobrecompetncia informacional demonstram a importncia da capacitao dos gestores das IES privadas para o desenvolvimento de atitudes que lhes permitam utilizar a informao na percepo e soluo dosproblemasinstitucionais.Estacapacitaopodeedeveserdesenvolvidaapartirde programasformaisdetreinamentoedeconscientizaodopapeldainformaoemseu cotidiano (BREIVIK, 1992 apud GOAD, 2002).A partir do desenvolvimento da CI estes gestores sero capazes de usar a informao paracriarsentido emelhorcompreensodeseusnegcioseserocapazesdedesenvolver conhecimento para tomar decises sobre os rumos a serem seguidos pelas unidades a que so responsveis.Sassim elesserocapazesdepreverofuturo ede incorporarmudanasde forma aberta para obter uma vantagem competitiva consistente que os levem a uma posio deliderana(CAMPELLO,2003;CHOO,1998;DUDZIAK,2003;GAJ,1987;LLOYD,2006; PORTER, 1999; PRAHALAD; HAMEL, 2005).EstesgestoresdevemaindacompreenderqueosrecursosdeTIfacilitamoacesso, melhorandootratamentoeadisponibilizaodeinformaes.Elestambmmelhoramos processos e maximizam o grau de efetividade.No entanto, no basta fazer um uso adequado das tecnologias disponveis se no mantiverem a mente aberta s diversas possibilidades que podem servislumbradas. precisoaprenderaolongodavida paraquesepossaadequaras decises s demandas da sociedade e s necessidades organizacionais. Porfim,precisoconsiderarque,somentecomodesenvolvimentodesuas competnciasparalidarcomainformao,estesgestoresterocondiesadequadaspara compreender o cenrio em que atuam e, a partir da, determinar suas necessidades e avaliar criticamenteas informaes obtidas e suas fontes.Poderoaindamelhorarsuaspercepes sobre as implicaes de suas decises nas diversas dimenses de seu ambiente. Joubert Roberto Ferreira Fidel is;Ricardo Rodrigues Barbosa Perspecti vas em Gesto & Conheci mento, Joo Pessoa, v. 2, Nmero Especi al , p. 27-39, out. 2012 38 THE INFORMATION LITERACY ANDITSINFLUENCE ON THE PERCEPTION OF ORGANIZATIONAL STRATEGIC VARIABLESIN PRIVATE HIGHER EDUCATION INSTITUTIONS Abstract Operatinginacontextofextremelydynami candtoughcompeti tion,suchinsti tutionsneedinformation toenablethemtounderstandthestrongchangesintheirenvironmentsinrecentyears,aswellas prevailingtrendsinyourindustry.Inthissense,thispaperpresentstheresul tsofastudyaimedat exploringtherelationshipbetweeninformationliteracyandtheperceptionoforganizational environmentsbymanagersofprivateinsti tutionsofhighereducation(HEI).Itisaquali tativestudy, conducted from the appli cation of a questionnaireto nine coursecoordinators of a privateHEI.The study identifiedinternalandexternalvariablesperceivedbythemanagersofHEIaspushfactorsintheir activiti esandconfrontedtheperceivedvariableswiththevariablesofastandardenvi ronmentinwhich theyoperate.Italsoidentifiedtheknowl edgeandskillstheyconsidermosti mportantformanagersto deal wi th these variables.The studyconfirmsthe informationalcomplexi ty ofthe environments inwhich thesemanagersworkandhighlightstheimportanceofformaltrainingprogramsandawarenessabout the rol e of information in organizations. Keywords:InformationLiteracy.InformationNeeds.OrganizationalStrategy.PrivateHigherEducation Institutions. Artigo recebido em 02/04/2012 e aceito para publicao em 15/08/2012 REFERNCIAS BAWDEN,D.Informationanddigitalliteracies;areviewofconcepts.Journalof Documentation, v. 57, n. 2, p. 218-259, 2001.BREIVIK, P. Education in the Information Age.New Directions for Higher Education, v. 78, p. 5-13, 1992.CAMPELLO,B.Omovimentodacompetnciainformaci onal:umaperspectivaparao letramento informacional. Cincia da Informao, Braslia, v. 32, n. 3, p. 28-37. dez 2003.CHOO,C.W.Theknowingorganization-Howorganizationsuseinformationtoconstruct meaning, create knowledge and make decisions. New York: Oxford University Press, 1998. DOYLE, C. S. Information literacy in an Information Society. Emergency Librarian, v. 22, Issue 4, p. 30-33, 1995.DUDZIAK,E. A.Informationliteracy: princpios, filosofia eprtica.CinciadaInformao, Braslia, v. 32, n. 1, p. 23-35, Jan./abr. 2003.GAJ, L. Administrao estratgica. 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