98
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE CURITIBA: UM ESTUDO DE CASO NA UTP CURITIBA 2008

A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE CURITIBA: UM

ESTUDO DE CASO NA UTP

CURITIBA

2008

Page 2: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

Leonardo Vieira da Rocha

A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE CURITIBA: UM

ESTUDO DE CASO NA UTP Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de MBA em Gestão da Comunicação Empresarial da Universidade TUIUTI do Paraná.

Orientadora: Profa. Rosilene Lehmkuhl

CURITIBA

2008�

Page 3: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família que

ofereceu seu tempo e apoio para que pudesse

realizar este trabalho. Aos meus amigos que

nunca me abandonaram mesmo nos momentos

difíceis. Aos meus professores e mestres que

estiveram ao meu lado me indicando o caminho

e principalmente a Deus.

Page 4: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, parentes, e amigos

pela indescritível paciência, pelas palavras

motivadoras e por serem eternos modelos

de vida a seguir. À Universidade Tuiuti que

me abriu as portas permitindo a realização

desta pesquisa, e a minha orientadora,

Professora Rosilene Lehmkuhl cujo

conhecimento iluminou e direcionou o

melhor caminho para este trabalho.

Page 5: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

EPÍGRAFE

Quem não se comunica, se trumbica.

Abelardo Barboza – O Chacrinha

Page 6: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

RESUMO

O presente trabalho aborda o tema da comunicação da responsabilidade social nas instituições de ensino superior, através do estudo de caso da Universidade Tuiuti do Paraná. O trabalho foi desenvolvido através do problema de pesquisa que foca a importância da comunicação integrada na relação entre gestores e públicos, internos e externos, na divulgação das ações, programas e projetos de responsabilidade social da Tuiuti; se existem falhas de comunicação que podem desequilibrar o conhecimento sobre responsabilidade social, por parte dos funcionários, alunos e professores e quais seriam as estratégias de comunicação mais propicias para sanar estas falhas. Através dos dados obtidos, foi possível chegar às considerações finais de que, na instituição alvo, existe sim um vão de conhecimento a ser preenchido, e um desequilíbrio entre o que a instituição transmite e o que os públicos percebem.

Palavras-chave: 1. Responsabilidade Social, 2. Comunicação; 3. Instituições

de Ensino Superior

Page 7: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

LISTA DE QUADROS

QAUDRO 1 – As Diferenças entre filantropia e Responsabilidade Social........16

QUADRO 2 – Tipos de Responsabilidade Empresarial.....................................23

QUADRO 3 – Classificação da Responsabilidade Social..................................26

QUADRO 4 – Critérios essenciais de Responsabilidade Social........................27

QUADRO 5 – Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial.....31

QUADRO 6 – Instrumentos da Comunicação Interna.......................................57

Page 8: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................09 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................................................... 12 1.1 A PERCEPÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................. 14

1.1.1 A Diferença entre Responsabilidade Social e outras ações ........... 15 1.2 HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL ...................................... 16 1.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL ............................................. 18 1.4 O INSTITUTO ETHOS ............................................................................... 19 1.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA OU EMPRESARIAL...... 21 1.4 TIPOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................................ 23

1.4.1 Responsabilidade Exigida .............................................................. 23 1.4.2 Responsabilidade Interna ............................................................... 23 1.4.3 Responsabilidade Econômica ........................................................ 24 1.4.4 Responsabilidade Legal ................................................................. 25 1.4.5 Responsabilidade Ética .................................................................. 25 1.4.6 Responsabilidade Discricionária ou Filantrópica: ........................... 25

1.5 CRITÉRIOS PARA A EMPRESA SOCIALMENTE RESPONSÁVEL .......... 27 1.6 GESTÃO SOCIAL PADRONIZADA: INSTRUMENTOS, NORMAS ECERTIFICAÇÕES ............................................................................................ 28

1.6.1 Norma AA 1000 de Responsabilidade Social ................................. 29 1.6.2 Padrão Normativo sa 8000 ............................................................. 29 1.6.3 Norma de Responsabilidade Social - nbr 16001/2004 ................... 29 1.6.4 Indicadores Ethos ........................................................................... 30

1.7 PROJETOS E PROGRAMAS DE R.S.: DA CRIAÇÃO À AÇÃO. ................ 32 1.7.1 Programa e Projeto ........................................................................ 32

2 COMUNICAÇÃO .......................................................................................... 39 2.1 BREVE HISTÓRICO DA COMUNICAÇÃO ................................................ 39

2.1.1 A Linguagem .................................................................................. 40 2.1.2 A Escrita ......................................................................................... 41

2.2 CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO ............................................................ 42 2.2.1 Conceito Etimológico ...................................................................... 42 2.2.2 Conceito Biológico .......................................................................... 42 2.2.3 Conceito Pedagógico ..................................................................... 42 2.2.4 Conceito Histórico .......................................................................... 43 2.2.5 Conceito Sociológico ...................................................................... 43 2.2.6 Conceito Antropológico .................................................................. 43 2.2.7 Conceito Psicológico ...................................................................... 43

2.3 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E SEUS INGREDIENTES ................ 45 2.4 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL .......................................................... 47 2.5 COMUNICAÇÃO INTEGRADA .................................................................. 50

2.5.1 Comunicação Interna ..................................................................... 51 2.5.2 Comunicação Mercadológica ......................................................... 53 2.5.3 Comunicação Institucional .............................................................. 54

Page 9: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

8

2.6 IMAGEM E IDENTIDADE ........................................................................... 55 2.7 INSTRUMENTOS DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA ............................... 57

2.7.1 Relações Públicas .......................................................................... 59 2.7.2 Assessoria de Imprensa ................................................................. 60

2.8 MARKETING SOCIAL ................................................................................ 60 2.9 TERCEIRO SETOR ................................................................................... 62 3 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - IES ........................................... 64 3.1 A CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR ..... 64 3.2 A RELAÇÃO: IES X RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................. 66 3.3 A RELAÇÃO: RESPONSABILIDADE SOCIAL X COMUNICAÇÃO ............ 69 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................. 74 CONCLUSÃO................................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 90 ANEXO 1 .......................................................................................................... 94 ANEXO 2 .......................................................................................................... 95 ANEXO 3 .......................................................................................................... 96

Page 10: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

9

INTRODUÇÃO

Cada vez mais se debate sobre as abordagens direcionadas às

questões ambientais e socioeconômicas, temas recorrentes à

Responsabilidade Social, dentro das empresas. Estas discussões tendem a ser

amplamente analisadas no âmbito da Academia, pois são dentro das

instituições de ensino superior – IES, que se encontram a grande massa

pensante e formadora de opinião, além da futura geração de profissionais

capazes de transformar o país. Mas em poucos momentos se discutiu sobre a

Responsabilidade Social inerente às instituições de ensino, pois como dizia

Paulo Freire, a mudança social deve estar intimamente ligada com a educação.

Além disso, são muitos os casos brasileiros, onde há uma incoerência entre o

diálogo e a realidade das ações sociais das universidades e IES.

Dentre alguns casos, podemos citar o equívoco de divulgar as atividades

de clínicas escolas e práticas jurídicas como ações de Responsabilidade

Social, pois de acordo com a portaria do Ministério da Educação nº1.886 de 30

de dezembro de 2004 e da Lei nº8.859 de 23 de março de 1994, que

transcorrem sobre o estágio profissional:

Art. 10º, Portaria 1886/94 - O estágio de prática acadêmicas, supervisionado pela instituição de ensino superior, será obrigatório e integrante do currículo pleno, em um total mínimo de 300 horas de atividades práticas simuladas e reais desenvolvidas pelo aluno sob controle e orientação do núcleo correspondente. (www.mec.org.br)

Outro exemplo são as freqüentes campanhas de doação de roupas e

alimentos, promovidas por grupos de alunos e professores. Este tipo de ação

tem base no assistencialismo emergencial e na ação social, o que não

apresenta os três princípios básicos da Responsabilidade Social: Necessidade,

compromisso e transformação, de acordo com Mara Regina De Sordi,

professora da Universidade de Campinas e mestre em educação em sua

palestra1.

1 Curso Responsabilidade Social das Instituições de Ensino Superior - ABMES, 2007, Curitiba. Responsabilidade

Social como valor agregado do projeto político pedagógico dos cursos de graduação: o confronto entre formar e

instruir.

Page 11: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

10

A autora aponta que um projeto de RS,deve suprir uma necessidade da

instituição e uma necessidade da comunidade, criar um compromisso entre IES

e a comunidade e transformar ambas.

Estas incongruências freqüentemente acontecem pela falta de

informações corretas sobre o verdadeiro conceito de Responsabilidade Social,

e principalmente, pela falta de um planejamento de comunicação adequado.

A comunicação é peça fundamental em qualquer gestão educacional

superior, pois está associada à imagem institucional e tem grande importância

para o processamento das funções de gestão com seus públicos. Desta forma

é correto afirmar de que comunicação social deve estar presente, através de

suas variadas estratégias e ferramentas, nas ações sociais desenvolvidas

pelas IES.

Ferramentas como o marketing social, a assessoria de imprensa e as

relações públicas, utilizadas na comunicação integrada, podem auxiliar a

transmitir a verdadeira identidade destas instituições, e podem, em muitos

casos, alterar positivamente a imagem que as IES possuem perante seus

públicos, internos e externos.

Assim, o presente trabalho aborda como tema de estudo a Comunicação

da Responsabilidade Social em Instituições de Ensino Superior de Curitiba,

focando o estudo de caso da Universidade Tuiuti do Paraná. A principal

questão a ser respondida reside em analisar se os stakeholders, isto é, todos

os públicos que de alguma forma tem interesse na questão, entendem o

significado correto de Responsabilidade Social e se os programas e projetos

estão sendo corretamente comunicados aos seus diversos públicos. Este

projeto pretende atingir os seguintes objetivos específicos:

• Apresentar o conceito de Responsabilidade Social e como a

Universidade Tuiuti está atuando em projetos sociais;

• Conceituar os processos da comunicação integrada, imagem e

identidade, relacionando-os com a Responsabilidade Social.

• Comparar se o que é entendido pelos gestores e diretores da

instituição é percebido da mesma forma pelos públicos internos e

externos.

Page 12: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

11

• Descobrir se a comunicação das Ações de Responsabilidade

Social da Universidade Tuiuti é eficaz ou não.

Este projeto é composto por quatro capítulos. O primeiro contextualiza os

principais conceitos relacionados à Responsabilidade Social, seus indicadores

e sua origem até o cenário atual.

O segundo capítulo trabalha a Comunicação, apresentando conceitos,

características, tipos e ferramentas. No terceiro capítulo, apresenta

sucintamente as Instituições de Ensino Superior, suas diferenças e sua relação

com a Responsabilidade Social e a Comunicação. No quarto e ultimo capítulo

encontra-se a metodologia, a pesquisa, o estudo de caso, os resultados

alcançados e a conclusão.

Este trabalho não pretende desenvolver um manual que indique como as

Instituições de Ensino Superior devam comunicar a Responsabilidade Social,

mas que pode servir como base para que a Universidade Tuiuti, além de outras

IES, tenha referência de como lidar com a divulgação correta de seus projetos

de Responsabilidade Social e possam encontrar o equilíbrio entre sua imagem

e sua identidade.

Page 13: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

12

1 RESPONSABILIDADE SOCIAL

A Responsabilidade Social (RS) se tornou quase um diferencial de

concorrência. Cada vez mais se fala em ações sociais por partes das empresas

como um movimento mundial. O que parecia uma moda adicionada pela

globalização, vem tornando-se, além de uma necessidade, uma grande

oportunidade para os negócios.

A empresa comprometida com seu papel social atrai consumidores,

além de estar investindo em um futuro melhor, para si e para a sociedade, pois

ser uma empresa socialmente responsável é “buscar estimular o

desenvolvimento das pessoas e fomentar a cidadania individual e coletiva”.

(MELO NETO e FROES, 2001, p. 27).

Para Duarte (1985), a Responsabilidade Social pode ser entendida por

mais de uma maneira. Dependendo da visão de quem a analisa, pode

representar a idéia de obrigação legal, pode também ser vista no sentido de ser

socialmente consciente; de mostrar um comportamento ético; ou ainda, como

uma contribuição caridosa.

Uma das definições que apresentam a idéia de união entre públicos vem

de Moreira (2002), quando o mesmo afirma que a Responsabilidade Social

refere-se ao comportamento ético como base de suas ações com todos os

públicos com os quais a organização interage: clientes, funcionários,

fornecedores, acionistas, governo, sociedade e meio-ambiente, ou seja, seus

stakeholders2.

Ashley et al. (2002, p. 6 ), apresenta uma definição mais ampla, que

define a “Responsabilidade Social como toda e qualquer ação que possa

contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade”.

Um ponto importante é que a Responsabilidade Social não pode ser

confundida com Responsabilidade Ambiental. Zarpelon (2006, p. 15) afirma

que:

2

O termo stakeholder surgiu na literatura de Administração, pela primeira vez, em um memorando interno do Instituto de Pesquisas de Stanford, em 1963. Esse termo foi usado para generalizar a noção de shareholders (acionistas) como um tipo de público com o qual os gestores de empresas precisavam oferecer respostas. (Freeman, 1984, p. 32).

Page 14: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

13

“A diferença é que o foco da Responsabilidade Social são as pessoas e o meio na qual essas pessoas estão inseridas, enquanto Responsabilidade Ambiental é o meio ambiente, entendendo-se que este meio esta relacionado com fatores bióticos a abióticos.” (ZARPELON, 2006 p. 15)

O mesmo autor pontua que:

“Responsabilidade Social é a responsabilidade assumida diante da sociedade, em relação à geração de empregos, pagamento de salários dignos, à arrecadação correta da carga tributária, ao aumento da qualidade de vida, à assimilação e transferência de tecnologia, ou qualquer outro fator que possa agregar benefício para a gestão e para a sociedade.” (ZARPELON, 2006 p. 15)

Corroborando com a afirmação de Zarpelon, tem-se a definição de Daft

(2005, p. 108) que diz que Responsabilidade Social “é a obrigação da

administração de fazer escolhas e tomar medidas que contribuirão para o bem

estar e os interesses da sociedade tanto quanto os da organização”.

Ambas as afirmações dizem respeito aos valores de uma empresa para

com a sociedade e para consigo mesma. Este ponto é de grande importância,

pois a RS esta primeiramente no que se refere às suas próprias

responsabilidades perante seus objetivos e obrigações, para em seguida se

comprometer com os problemas da sociedade.

A Responsabilidade Social é focada na cadeia de negócios e de relações

com os públicos internos e externos da empresa e engloba preocupações com

as necessidades da sociedade. As empresas devem incorporar aos seus

negócios o compromisso com a transformação social. (ETHOS, 2008)

De acordo com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade

Social, RS é:

”a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais“. (www.ethos.org.br.)

Page 15: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

14

1.1 A PERCEPÇÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Motivado pelo processo da globalização, o mundo entrou em um

contínuo crescimento das atividades econômicas. A interação econômica dos

países, incluindo o Brasil, iniciou uma busca pela maximização do lucro e

produtividade, mas que nas últimas décadas, vem dando atenção a outros

elementos.

Ribeiro e Lisboa (1999) afirmam que neste ambiente globalizado, onde

as organizações são concorrentes mundiais, e não mais apenas locais, os

gestores vem conduzindo suas decisões cada vez mais focadas nas

percepções de seus consumidores.

A idéia da qualidade, não mais como diferencial, mas como obrigação de

qualquer organização, fez com que os consumidores questionassem outros

aspectos na escolha por um produto ou serviço. Antes bastava “o que você

faz”; hoje se pergunta “como você faz”.

Dentre as questões mais focadas nos dias atuais, a gestão responsável

dos recursos utilizados pelas organizações tem, cada vez mais, atraído a

atenção dos clientes. Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de

Opinião Pública e Estatística - IBOPE e pelo Instituto ETHOS, em 2007, cada

vez mais o número de consumidores, que afirmam que o foco das empresas é

o lucro, diminui. “Praticamente metade dos consumidores brasileiros acham

que as empresas aqui instaladas realizam algum tipo de ação com benefício

social ou ambiental apenas como ação de marketing.” Afirma Nelson

Marangoni (2007), executivo do Ibope.

Segundo o Marangoni (2007), 31% acreditam que a sustentabilidade é

um item de valor agregado para a companhia, 18% vêem a produção social e

ambientalmente correta como parte da missão do negócio, e 13% afirmam que

a organização deve fazer algo pela comunidade. (Pesquisa na íntegra no

anexo X)

O Instituto Ethos, em parceria com o instituto Akatu, investiga

anualmente a percepção dos consumidores perante as empresas nas questões

de Responsabilidade Social, ética e cidadania.

Page 16: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

15

“O relatório divulgado indica que 77% dos brasileiros têm interesse em saber como as empresas tentam ser socialmente responsáveis, revelando estabilidade na comparação com os índices obtidos nas pesquisas anteriores. Além disso, dois em cada três brasileiros têm uma avaliação positiva sobre a contribuição das grandes empresas para o desenvolvimento da sociedade. A porcentagem de entrevistados que se encaixaram nesta categoria em 2007, 66,5%, sofreu um acréscimo de dez pontos percentuais em relação a 2006, que era de 57%.” (www.acguarulhos.com.br)

Essa pesquisa mostra uma sociedade mais consciente do papel das

organizações. Para que as atividades das empresas apresentem benefícios à

sociedade e que atentem aos malefícios que essas atividades possam

provocar ao meio ambiente natural ou a integridade física e social das pessoas.

Mas essa consciência não é nova. A idéia de Responsabilidade Social

vem desde o nascimento da sociedade como a conhecemos, e tem suas

definições galgadas nos primórdios das Ciências Sociais.

1.1.1 A diferença entre Responsabilidade Social e outras ações

Ainda é comum o entendimento errôneo do que é Responsabilidade

Social e do que não é, visto que várias organizações e indivíduos acabam

executando atividades de auxílio a problemas sociais, sem se tornarem de fato

ações de RS. Desta forma é necessário definir as diferenças principais entre

Responsabilidade Social e outras formas de ações assistencialistas.

a) Ação Social – Segundo a norma brasileira (NBR) nº 16001:2004,

ação social é uma atividade voluntária realizada pela organização em

diversas áreas, abrangendo atividades de prevenção e/ou pequenas

doações a pessoas ou instituições e que podem, ou não, terem

monitoração de recursos e serem estruturadas e planejadas.

(ZARPELON, 2006 p. 20) Exemplo de ação social: Campanhas de

vacinação.

b) Caridade - O conceito de caridade está diretamente ligado a questão

religiosa. A idéia básica nasceu com o cristianismo. Segundo

Zarpelon (2006) caridade é o auxilio aos carentes, sem o uso de

Page 17: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

16

planejamento. Quando o sentimento de amor e ajuda ao próximo

está acima da razão. Hoje, o termo solidariedade é mais presente na

sociedade, mas em sua origem está a idéia de caridade. (SILVA,

2008, p. 207) Exemplo de caridade: Doação de roupas e alimentos.

c) Filantropia - A filantropia é uma ação pontual externa na comunidade

que nasce de razões humanitárias. A principal diferença com a

Responsabilidade Social é que no filantropismo não existe a co-

relação de compromisso e de transformação da comunidade, e não

precisa, necessariamente, estar diretamente ligada com a gestão da

organização (www.ethos.org.br). Exemplos de filantropia: Construção

de canchas esportivas e pintura de escolas.

De todos os conceitos, o termo filantropia é o que mais se confunde com

a Responsabilidade Social. Melo Neto e Froes (2001) afirmam que as ações de

filantropia correspondem à dimensão inicial da Responsabilidade Social, visto a

própria origem dos conceitos. Mas as diferenças entre os dois termos são

muito específicas, Como mostra o quadro abaixo:

Quadro 1 – As diferenças entre Filantropia e Responsabilidade Social

Fonte: Melo Neto e Froes, 2001.

1.2 HISTÓRICO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

O termo Responsabilidade Social é uma dimensão derivada dos

primeiros estudos aplicados dentro das Ciências Sociais como a Sociologia, a

Economia e a Administração. Historicamente, não é possível datar com

precisão as aplicações do termo, mas é provável que os conceitos informais e

Page 18: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

17

subliminares possam ter seus primórdios na Revolução Francesa em 1789,

com a queda de uma monarquia despótica e autoritária. (ZARPELON, 2006)

Suas primeiras conotações públicas aconteceram nos anos 60, nos

Estados Unidos. Os boicotes a produtos e serviços de organizações que

apoiavam a Guerra do Vietnã foram o gatilho para discussões de cunho social,

em grande parte aos direitos dos trabalhadores, que viviam um cenário crítico

devido à grande depressão econômica.

Diversos estudiosos aprimoraram os conceitos através de estudos dos

fenômenos sociais, dentre eles os franceses Auguste Comte e Émile Durkheim,

os alemães Karl Marx e Max Weber além dos precursores da Administração

Henry Fayol e Frederick Winslow Taylor. Já em 1953, o americano Haward

Bowen aprimora os estudos anteriores e publica a obra “Responsabilities of the

Businessman”, considerada um marco na área.(ZARPELON, 2006)

Bowen (1957, apud Toldo, 2002) cita um caso que deu o início às

discussões públicas sobre Responsabilidade Social. Em 1919, na época da

Revolução Industrial, Henry Ford, presidente e acionista majoritário, foi

processado pelos demais acionistas, ao tomar decisões que contrariavam

interesses do grupo da empresa Ford, John e Horace Dodge.

Em 1916, Henry Ford, argumentando a realização de investimentos

sociais, decidiu não distribuir parte dos dividendos esperados, revertendo-os

para investimentos na capacidade de produção, aumento de salários e como

fundo de reserva para a redução esperada de receitas devido ao corte nos

preços dos carros.

A Suprema Corte de Michigan se posicionou a favor dos Dodges,

justificando que a corporação existe para o benefício de seus acionistas e que

diretores corporativos têm livre arbítrio apenas quanto aos meios de se

alcançar tal fim, não podendo usar os lucros para outros fins. A filantropia

corporativa e o investimento na imagem da corporação para atrair

consumidores poderiam ser realizados, na medida em que favorecessem os

lucros dos acionistas. (ASHLEY, 2002)

Para Tenório (2004), o conceito contemporâneo da

Responsabilidade Social Empresarial (RSE) também está associado ao

filantropismo e aos valores requeridos pela sociedade pós-industrial.

Page 19: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

18

“Abordagem da atuação social empresarial surgiu no século XX com o filantropismo. Em seguida, com o esgotamento do modelo industrial e o desenvolvimento da sociedade pós-industrial, o conceito evoluiu, passando a incorporar os anseios dos agentes sociais no plano de negócios das corporações (TENÓRIO, 2004. p. 13).

Desta forma entende-se que o filantropismo, como ação assistencialista,

não pode ser conceituado como Responsabilidade Social se não estiver

inserido no planejamento da organização, sem o comprometimento com as

necessidades da sociedade e sem a participação de agentes sociais, ou seja,

todas as pessoas que, de alguma forma, estejam envolvidas com o social.

Mas é a partir da década de 1970 que os trabalhos desenvolvidos a

respeito do tema ganham destaque. Conforme o mesmo autor, a partir desse

momento, inicia-se uma maior conscientização de indivíduos e a criação de

grupos dentro da sociedade dispostos a buscar soluções às questões oriundas

de grandes centros urbanos como poluição, a remoção de lixos tóxicos e

nucleares e a ascensão do consumismo.

Outro autor que corrobora as afirmações acima é Oliveira (2002) que

afirma que a partir desse momento, o tema começa a se popularizar nos EUA e

de certa forma, as ações geradas iniciam uma preparação do terreno para a

forma atual.

1.3 RESPONSABILIDADE SOCIAL NO BRASIL

De acordo com Zarpelon (2006), diversos especialistas colocam que a

disseminação dos conceitos sociais baseados nos pensamentos dos

estudiosos foi fortemente influenciada por Gilberto Freyre em 1936, com as

obras Casa Grande e Senzala. O período pós-ditadura influenciou o aumento

de instituições civis em prol da cidadania, que encontrou seu ápice de

crescimento na década de 90 com o surgimento das organizações não

governamentais.

O movimento de valorização da Responsabilidade Social ganhou forte

impulso na década de 90, através da ação dessas entidades não

governamentais. Em 1992, o Banco do Estado de São Paulo (BANESPA)

publica um relatório completo divulgando todas as suas ações sociais, e a partir

Page 20: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

19

de 1993, várias empresas de diferentes setores passam a divulgar o balanço

social anualmente.

O marco fundamental, que uniu empresariado, governo, sociedade e

meios de comunicação, nas questões sociais, só aconteceu em 1996, com o

trabalho do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), por

meio da campanha lançada por um dos seus fundadores, Herbert José de

Souza, o Betinho.

A campanha, intitulada Campanha Nacional da Ação da Cidadania

contra a Fome, a Miséria e pela Vida, com o apoio do Pensamento Nacional

das Bases Empresarias (PNBE), convocava a um maior engajamento social

por parte do empresariado através da elaboração e publicação de um Balanço

Social Brasileiro. Publicações que já existiam na frança (Bilan Social) e Estados

Unidos (Corporate Report).

Toldo (2000) coloca que a temática da Responsabilidade Social, mesmo

com um foco mais voltado para o Meio Ambiente, firmou-se no Brasil com a

ECO-92, sediada no Rio de Janeiro. Neste evento foi discutida a importância

da preservação dos recursos naturais e o bem-estar futuro do planeta.

Em 1998, cria-se o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade

Social pelo empresário Oded Grajew. O Instituto serve de ponte entre os

empresários e as causas sociais. Seu objetivo é disseminar a prática da

Responsabilidade Social Empresarial por meio de publicações, experiências,

programas e eventos para os interessados na temática, e hoje é referência

brasileira nesse tema.

1.4 O INSTITUTO ETHOS

A definição principal sobre o Instituto Ethos é dada pelo próprio site,

mídia principal de informações referentes às suas atividades:

“O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização não-governamental criada com a missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa. Idealizado por empresários e executivos oriundos do setor privado, o Instituto Ethos é um pólo de organização de conhecimento, troca de experiências e

Page 21: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

20

desenvolvimento de ferramentas que auxiliam as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seus compromissos com a Responsabilidade Corporativa. É hoje uma referência internacional no assunto e desenvolve projetos em parceria com diversas entidades no mundo todo.” (www.ethos.org.br)

O Instituto não é uma consultoria, mas um grupo de profissionais

voluntários que buscam orientar as empresas sem nenhuma cobrança ou

remuneração. Também não trabalha como entidade certificadora e não autoriza

profissionais ou empresas a trabalhar com Responsabilidade Social.

As atividades ofertadas pelo Instituto Ethos são ligadas a prestação de

informações em diagnóstico organizacional, estrutura e funcionamento de suas

atividades, princípios e valores ligados a Responsabilidade Social e à ética e

indicadores empresariais, financeiros e sociais, conforme exposto abaixo

integralmente:

• Ampliação do movimento de Responsabilidade Social

Empresarial. Sensibilização e engajamento de empresas em todo o

Brasil, articulação de parcerias, sensibilização da mídia para o tema

da RSE, coordenação da criação do comitê brasileiro do Pacto

Global da ONU etc.

• Aprofundamento de práticas em RSE. Indicadores Ethos de RSE –

incluindo versões para micro e pequenas empresas e para alguns

setores da economia –, Conferência Internacional anual, para mais

de 1.000 participantes, constituição de redes de interesse, promoção

da publicação de balanços sociais e de relatórios de sustentabilidade

e produção de publicações e manuais práticos.

• Influência sobre mercados e seus atores mais importantes, no

sentido de criar um ambiente favorável à prática da RSE.

Desenvolvimento de critérios de investimentos socialmente

responsáveis com fundos de pensão no Brasil, desenvolvimento de

programa de políticas públicas e RSE e participação em diversos

Page 22: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

21

conselhos governamentais para discussão da agenda pública

brasileira.

• Articulação do movimento de RSE com políticas públicas.

a) desenvolvimento de políticas para promover a RSE e desenvolver

marcos legais; b) promoção da participação das empresas na pauta

de políticas públicas do Instituto Ethos; c) fomento à participação

das empresas no controle da sociedade, por meio de

acompanhamento e cobrança das responsabilidades legais,

transparência governamental e conduta ética; d) divulgação da RSE

em espaços públicos e eventos; e) estruturação de processos de

consulta a membros e parceiros da companhia.

• Produção de informação. Pesquisa anual "Empresas e

Responsabilidade Social – Percepção e Tendências do

Consumidor", produção e divulgação de conteúdo e um site de

referência sobre o tema na internet, coleta e divulgação de dados e

casos das empresas e promoção de intercâmbios com entidades

internacionais líderes no tema da Responsabilidade Social.

(www.ethos.org.br)

1.5 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA OU EMPRESARIAL

No cenário de mercado, as empresas são a unidade básica do

desenvolvimento econômico. Para isto, é imprescindível que elas definam

adequadamente sua relação com a sociedade e com o meio ambiente.

O conceito que melhor define essa relação é o de Responsabilidade

Social Corporativa, (Corporate Social Responsability - CSR), definido pelo

World Business Council for Sustainable Development3 (WBCSD), como a

decisão da empresa de contribuir ao desenvolvimento sustentável, trabalhando

3

O Conselho Empresarial Mundial pelo Desenvolvimento Sustentável (em português) é uma associação global que une mais de 200 instituições empresariais que tratam de questões sobre desenvolvimento Sustentável.

Page 23: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

22

com seus empregados, suas famílias e a comunidade local, assim como com a

sociedade em seu conjunto, para melhorar sua qualidade de vida. (ALMEIDA,

2002).

De acordo com Oliveira (2002), Responsabilidade Social Corporativa

não significa a mesma coisa para todos. Para alguns representa a idéia de

obrigação legal, para outros significa um comportamento ético, outros

acreditam no sentido de socialmente consciente. Portanto, não existe ainda um

conceito formal de Responsabilidade Social, permanecendo diversos pontos de

vista particulares sobre o tema.

O conceito de Responsabilidade Social Corporativa tem um sentido mais

abrangente, pois trata do compromisso organizacional em relação à sociedade

e a vida humana como um todo. Segundo Melo Neto (2001), se a organização

obtém recursos da sociedade, é seu dever restituí-los. Essa restituição deve

ser voltada às necessidades oriundas de problemas sociais, ambientais e

econômicos.

Segundo o Tenório (2004), além do filantropismo, na década de 70

desenvolveram-se outros conceitos como Voluntariado Empresarial, Cidadania

Corporativa, Responsabilidade Social Corporativa e, atualmente,

Desenvolvimento Sustentável.

Para o mesmo autor, a Responsabilidade Social Corporativa surge de

um compromisso da organização com a sociedade, em que sua participação

vai além do lucro. O equilíbrio da empresa dentro do cenário em que ela esta

inserida depende de uma atuação responsável e ética em todas as frentes, em

harmonia com os fatores: ecológico, econômico e social, tornando-se o que

hoje se conceitua pelo “Triple Bottom Line”4, isto é, o desenvolvimento

sustentável dos negócios.

A visão clássica da Responsabilidade Social Corporativa assimila

princípios éticos, influenciando a forma de atuação das empresas e definindo

as principais responsabilidades das empresas em relação aos seus agentes.

4

O Triple Bottom Line é um conceito normalmente traduzido, com adaptações para o português, para tripolaridade. É a união formada pelos aspectos sociais, ambientais e econômicos, e é utilizado para refletir esses três fatores em uma organização.

Page 24: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

23

No Brasil, é grande a diferença das necessidades de aplicação de uma

Responsabilidade Social Corporativa em relação aos outros países. O apoio às

necessidades da sociedade deve ser ofertado pelo Estado. Nos países mais

desenvolvidos, esse apoio é visível, enquanto que no Brasil existe uma

deficiência em suprir as severas demandas sociais. Desta forma, transmite-se

para as empresas a atuação proativa de assistência.

1.4 TIPOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Schvarstein, citado por Souza (2006), considera a existência de dois tipos

de Responsabilidade Empresarial. A responsabilidade exigida e a

responsabilidade interna.

1.4.1 Responsabilidade Exigida

Foca o cumprimento das questões legais impostas. Uma empresa

é responsável quando trabalha dentro da lei, pois essa é a conduta de

postura mínima que se espera da organização. Nesse caso, a motivação

para ações é externa e a atitude é reativa, pois reage a uma oposição.

1.4.2 A Responsabilidade Interna

Focada na credibilidade inerente de se fazer o certo, mesmo sem

uma obrigação legal. Nesse caso a motivação vem de seus valores

éticos internos e se baseia em uma atitude pró-ativa. A

Responsabilidade Social surge da responsabilidade interna. As

diferenças entre os dois tipos podem ser observados no quadro abaixo:

Quadro 2 – Tipos de Responsabilidade Empresarial

Fonte: SOUZA, 2006. Adaptado de Schvarstein, 2004.

Page 25: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

24

DISCRICIONÁRIA

ÉTICA

LEGAL

ECONÔMICA

Com o aprofundamento dos estudos na área de RS, e os conceitos cada

vez mais específicos, de acordo com a área de atividade das organizações,

houve a necessidade de separar a responsabilidade de uma empresa por

objetivos e intenções.

Archie Carrol (apud DAFT, 2005, p. 112), apresenta um modelo

piramidal da Responsabilidade Social da empresa, que se divide em quatro

tipos: econômica, legal, ética e discricionária (ou filantrópica).

Figura 1 – Os tipos de Responsabilidade Social

Fonte: O autor. Adaptado de Daft, 2005

1.4.3 Responsabilidade econômica

Localiza-se na base da pirâmide, pois a empresa é uma

instituição comercial e, acima de tudo, unidade econômica base da

sociedade. O lucro é a maior razão pela qual as empresas existem. Ter

responsabilidade econômica significa produzir bens e serviços de que a

sociedade necessita, e quer, a um preço que possa garantir a

continuação das atividades da empresa, de forma a satisfazer suas

obrigações com os investidores e maximizar os lucros para seus

proprietários e acionistas, desde que se mantenha dentro do jogo

(CARROL, apud DAFT, 2005).

Page 26: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

25

1.4.4 Responsabilidade legal

Relacionada com a responsabilidade econômica, no sentido de

alcançar seus objetivos dentro da lei. Define o que a sociedade espera

em relação ao comportamento adequado da empresa. Ou seja, que

atendam às metas econômicas dentro da estrutura legal e das

exigências legais impostas. (CARROL, apud DAFT, 2005).

1.4.5 Responsabilidade ética

Inclui comportamentos ou atividades que a sociedade espera das

empresas, mas não são necessariamente codificados na lei e podem

não servir aos interesses econômicos diretos da corporação. Para serem

éticos, os responsáveis pela tomada de decisões das empresas devem

agir com eqüidade, justiça e imparcialidade, além de respeitar os direitos

individuais. (CARROL, apud DAFT, 2005).

1.4.6 Responsabilidade discricionária ou filantrópica:

É puramente voluntária e orientada pelo desejo da empresa em

contribuir com a sociedade, sem imposições econômicas, legislativas ou

éticas. “A atividade discricionária inclui as generosas contribuições

filantrópicas que não oferecem nenhum retorno para a empresa e não

são esperadas” (DAFT, 2005, p.114).

Zarpelon (2006) apresenta uma classificação da Responsabilidade

Social que também pode ser entendida como uma tipologia, visto que as

definições se assemelham em vários pontos. Na classificação deste autor a

Responsabilidade Social pode ser classificada quanto ao ambiente

organizacional (interno ou externo), quanto a formalidade (formal ou informal),

quanto à natureza (pública ou privada) e quanto à tangibilidade (tangível ou

intangível). O quadro abaixo exemplifica de forma objetiva cada uma das

classificações.

Page 27: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

26

QUADRO 3 – Classificação da Responsabilidade Social

CLASSIFICAÇÃO RELAÇÃO CARACTERIZAÇÃO

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

INTERNO Funcionários

Pagamento de salários dignos, pagamentos sem atrasos, ausência de trabalho forçado ou escravo, ausência de coerção e promoção de ambiente de trabalho saudável

EXTERNO Sociedade

Projetos sociais, desenvolvimento da comunidade, fomento de empregos, incremento do poder aquisitivo e melhoria da qualidade de vida

FORMALIDADE

FORMAL Documentos

Certificações de sistemas de gestão, padronização de trabalho voluntário, implementação de normas sociais, cumprimento de leis e educação socioambiental

INFORMAL Conhecimentos

Debates, palestras, campanhas informativas, disseminação de informações e ações não planejadas estrategicamente

NATUREZA

PÚBLICA Estado

Intervenção de órgãos e repartições com responsabilidade de elaboração, execução e fiscalização de leis e projetos sociais

PRIVADA Indivíduos / Corporações

Valores comprometidos com o comprometimento social, fomento e transferência destes valores à sociedade

TANGIBILIDADE

TANGÍVEL Mensurável

Qualquer ação ou atitude social capaz de ser mensurada por indicadores de desempenho.

INTANGÍVEL Não-Mensuráveis

Ações ou atitudes subjetivas que envolvam mudança de valores, mentalidades e comportamentos

Fonte: O autor. Adaptado de Zarpelon, 2006.

Page 28: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

27

1.5 CRITÉRIOS PARA A EMPRESA SOCIALMENTE RESPONSÁVEL

Como visto anteriormente, uma empresa socialmente responsável é

aquela que pratica ações compromissadas com as necessidades sociais como

retribuição aos recursos, naturais ou humanos, cedidos pela sociedade e pelo

planeta. Mas existem critérios básicos para que uma empresa inicie suas ações

na comunidade. Ela deve identificar valores internos, para somente depois

aplicá-los externamente.

O Instituto Ethos formulou em 2007, a publicação intitulada “Critérios

Essenciais de Responsabilidade Social e seus mecanismos de Indução

no Brasil, voltada à formulação de critérios estabelecidos em um consenso

mínimo pelas principais fontes de referências no assunto.

Quadro 4 - Critérios Essenciais de Responsabilidade Social: Fontes de Referências

Fonte: Critérios Essenciais de Responsabilidade Social Empresarial nas Relações de Mercado e seus Mecanismos de Indução no Brasil (2007, p. 12)

Page 29: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

28

De acordo com o próprio documento, o desenvolvimento desta

publicação contou com a consultoria técnica de seis especialistas e

participação de profissionais ligados ao empresariado, organizações não

governamentais e órgãos públicos.

Reunindo vinte e nove critérios essenciais divididos em sete áreas de

práticas sustentáveis, a metodologia apresenta uma matriz eficaz, com

mecanismos indutores que visam facilitar a mudança do comportamento

gerencial.

Para cada área, o documento lista temas importantes e instrumentos,

como legislações, auto-regulações (certificáveis e não - certificáveis) e práticas

em acordo com os indicadores Ethos. Segundo o próprio documento, além de

se compreender os critérios, deve-se saber como aplicá-los.

1.6 GESTÃO SOCIAL PADRONIZADA: INSTRUMENTOS, NORMAS E

CERTIFICAÇÕES

Diante a assimilação da Responsabilidade Social como gestão e fator

importante no processo decisório, e de conduta, no meio empresarial, houve

um crescimento considerável de ações e projetos para este fim. Desta forma,

houve a necessidade de se criterizar estas ações através de normas, padrões

e certificações, inclusive com fins de avaliação dos mesmos.

Muitas empresas definiram códigos de conduta ou códigos de ética, que

estabelecem princípios de conduta no relacionamento com trabalhadores,

comunidades locais, instituições públicas, consumidores, meio ambiente e

assim por diante. Em outros casos, foram adotados códigos elaborados por

organismos empresariais setoriais, por organizações não-governamentais ou

associações privadas, aos moldes de um Sistema de Gestão Social

Padronizado, (ZARPELON, 2006). Os principais sistemas de gestão social

foram desenvolvidos pela ISO5, pelo Instituto de Responsabilidade Social e

Ética e pelo Instituto Ethos.

5

ISO (Internacional Organization for Standardization), é uma organização mundial para normatização com a finalidade de desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o consenso dos diferentes países do mundo de forma a facilitar procedimentos.

Page 30: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

29

1.6.1 Norma AA 1000 de Responsabilidade Social

Criada para assistir organizações na definição de objetivos, metas,

na medição do progresso em relação a estas metas, na auditoria e

relato de desempenho e no estabelecimento de mecanismos de

feedback, compreendendo princípios e normas de processo.

Segundo Kraemer (2005) pelo processo de comprometimento da

organização para os stakeholders, a AA1000 vincula as questões

sociais e éticas à gestão estratégica e às operações da organização.

A AA 1000 Não é uma certificação e sim um instrumento de

verificação da mudança organizacional.

1.6.2 Padrão Normativo SA 8000

Com sua estruturação em 1997, é a primeira certificação

internacional de Responsabilidade Social auditável e credenciada

pela instituição inglesa Social Accountability International (SAI). A

norma SA 8000 é a mais difundida mundialmente no segmento de

Responsabilidade Social, podendo ser implementada por

organizações de qualquer porte e certifica o desempenho das

empresas em oito áreas: trabalho infantil, trabalho forçado, saúde e

segurança, liberdade de associação, discriminação, práticas

disciplinares, horário de trabalho e sistemas de gestão. (Zarpelon,

2006)

Adaptado pela Comissão de Estudos Especiais Temporários (CEET)

o padrão SA 8000 recebe uma revisão em 2001, resultado da

interação entre stakeholders e em 2004, por publicação da ABNT,

torna-se o padrão NBR 16001. (Zarpelon, 2006)

1.6.3 Norma de Responsabilidade Social - NBR 16001/2004

Em 30 de dezembro de 2004 a NBR 16001:2004, foi desenvolvida

pela ABNT em parceria com o INMETRO e o SEBRAE, e estabelece

Page 31: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

30

requisitos mínimos para um sistema de gestão em Responsabilidade

Social. Sua aplicação é voluntária e aborda aspectos como a

promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, a

transparência das atividades, além da promoção da diversidade e

combate ao racismo e o incentivo ao desenvolvimento profissional,

entre outros. Esta norma envolve todo o sistema de gestão

organizacional, servindo de referência para as empresas brasileiras

que queiram implantar, de forma sistêmica, um conjunto de técnicas

de gestão da Responsabilidade Social. (Zarpelon, 2006)

Conforme Soratto (2006), a NBR ISO 9001:2000 (Qualidade), a NBR

ISO 14001:1996 (Meio Ambiente) e a SA 8000:2001 (Responsabilidade Social),

são completamente compatíveis com a estrutura da NBR 16001:2004 no que

se refere a política, objetivos, planejamento, medição, análise e melhoria

contínua.

Zarpelon (2006) também menciona que o atendimento aos requisitos da

NBR 16001:2004, não significa que a empresa é socialmente responsável, mas

que tem implantado um sistema da gestão de Responsabilidade Social.

1.6.4 Indicadores Ethos

Mesmo não sendo uma ferramenta de certificação, os indicadores Ethos

são hoje um dos principais referenciais de auto-avaliação que promove a

intenção de melhoria das organizações, comparando-as com outras empresas

cadastradas em um banco de dados, em um processo de Benchmark.

De acordo com o próprio site:

“...são uma ferramenta de aprendizado e avaliação da gestão no que se refere à incorporação de práticas de Responsabilidade Social empresarial ao planejamento estratégico e ao monitoramento e desempenho geral da empresa. Trata-se de um instrumento de auto-avaliação e aprendizagem de uso essencialmente interno.”(www.ethos.org.br)

Page 32: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

31

O grande diferencial dos indicadores Ethos esta na formação de um

escopo de inúmeros requisitos divididos em sete seções: 1)Valores e

Transparência, 2) Comunidade Interna, 3) Meio Ambiente, 4) Fornecedores, 5)

Consumidores, 6) Comunidade e 7) Governo e Sociedade. Veja o quadro

abaixo:

Quadro 5 - Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial

Valores e Transparência

Auto-regulação e conduta Relações transparentes com a sociedade

- Compromissos éticos - Enraizamento na cultura organizacional - Diálogo com partes interessadas (stakeholders) - Relações com a concorrência - Balanço Social

Público interno

Diálogo e participação Respeito ao indivíduo Trabalho Decente

- Relações com os sindicatos - Gestão Participativa - Compromisso com o futuro das crianças - Valorização da diversidade - Política de Remuneração, Benefícios e Carreira - Cuidados com Saúde, Segurança e Condições de Trabalho - Compromisso com o Desenvolvimento - Profissional e a Empregabilidade - Comportamento Frente a Demissões - Preparação para aposentadoria

Meio ambiente

Gerenciamento do impacto ambiental Responsabilidade frente às gerações futuras

- Gerenciamento do impacto no meio ambiente e do Ciclo de Vida de Produtos e Serviços - Minimização de entradas e saídas - Comprometimento da empresa com a causa ambiental - Educação ambiental

FornecedoresSeleção, Avaliação e parceria com fornecedores

- Critérios de seleção e Avaliação de fornecedores - Trabalho infantil na cadeia produtiva - Relações com trabalhadores terceirizados - Apoio ao desenvolvimento de fornecedores

Consumidores/clientes Dimensão social do consumo

- Política de Comunicação Comercial - Excelência no atendimento - Conhecimento dos danos potenciais dos produtos e Serviços

Governo e sociedade

Transparência política Liderança social

- Contribuições para campanhas políticas - Práticas anticorrupção e propina - Liderança e influência social - Participação em projetos sociais governamentais

Fonte: Instituto Ethos de Responsabilidade Social Empresarial (2008).

Page 33: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

32

1.7 PROJETOS E PROGRAMAS DE R. S.: DA CRIAÇÃO À AÇÃO.

Antes de definir conceitos e critérios de projetos ligados a RS, são

necessárias algumas definições sobre os termos usados na caracterização de

um projeto.

1.7.1 Programa e Projeto

Segundo o “Guide to the PMBOK”, citado por Heldman (2005, p. 2) “um

projeto é um empreendimento temporário que tem por finalidade criar um

produto, serviço ou resultado único”. Enquanto um projeto tem tempo

determinado para sua finalização, as atividades de operação são permanentes

e assim, deve seguir as mesmas premissas de um projeto operacional

qualquer. Segundo o mesmo autor, quando vários projetos são administrados

pelas mesmas técnicas de modo coordenado, inclusive quando focam o

mesmo produto, serviço ou atividades, utiliza-se o termo Programa.

Um programa não tem definição de tempo. Ele existe enquanto os

projetos existirem. O programa envolve atividades de planejamento e projetos

envolvem a execução deste planejamento. Assim, uma empresa deve ter seus

projetos inseridos em um Programa. (Heldman, 2005)

Desta forma é correto afirmar que qualquer ação individual e única,

seguindo os critérios de Responsabilidade Social descritos acima, caracteriza-

se como um projeto Social e que quando este projeto se relaciona com outras

ações semelhantes, estas mesmas ações podem formar um Programa de

Responsabilidade Social.

Diversos autores apresentam elementos que devem constar em projetos

sociais. Zarpelon (2006), afirma que para o gerenciamento de projetos sociais,

alem de sua implantação coesa com o planejamento institucional e a gestão

empresarial, pode se utilizar os sistemas de gestão padronizados. O mesmo

autor também coloca o Instituto Ethos como base para se iniciar na área.

O Instituto Ethos (2008) disponibiliza em seu site, além dos indicadores

de Responsabilidade Social, várias publicações e manuais passo a passo de

implantação da Responsabilidade Social. As publicações são fruto de pesquisa

Page 34: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

33

e trabalho conjunto de diversos profissionais da área. Sendo assim, a utilização

dos critérios estabelecidos pelo Instituto Ethos na construção de projetos e

programas é amplamente aceito. Duas publicações disponíveis no site

apresentam-se como fundamentais nessa construção: Responsabilidade

Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas - Passo a Passo e

Critérios Essenciais de Responsabilidade Social e seus mecanismos de

Indução no Brasil.

Como introdução a estas publicações o site apresenta um texto inicial,

intitulado primeiros passos, que resume alguns dos pontos mais característicos

das publicações.

I – Primeiros Passos

a) Missão e Visão – As informações contidas na missão e na visão

identificarão as metas e objetivos da sua empresa, além de

transparecer os valores e a cultura organizacional. A missão e a

visão devem ser compartilhadas e assimiladas pelos stakeholders.

Quando se está em fase de construção da missão e da visão deve-

se iniciar esse compartilhamento em grupos pequenos para uma

avaliação e possível alteração das informações a serem inseridas.

No caso de uma empresa com missão e visão já estabelecidas,

deve-se compartilhá-las amplamente. A missão deve estar integrada

a visão e deve ser periodicamente revisada.

b) Identifique e articule valores éticos claros – Uma declaração de

valores baseado na ética auxilia a empresa a desenvolver relações

sólidas entre os stakeholders. Utilize esses valores na tomada de

decisões, na resolução de problemas, no desenvolvimento de

ambientes de trabalho e vincule estes valores a todos os aspectos e

setores da empresa.

Page 35: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

34

c) Crie sistemas de avaliação, obtenha feedback e Divulgue – Avalie

sua empresa e desenvolva um diagnóstico de suas atividades para

que seja possível estabelecer a situação em que ela se encontra.

Tanto das atividades internas como externas. Compartilhe a

avaliação com pessoas de confiança que possam dar um feedback

honesto e as inclua em um relatório anual. Em seguida divulgue

publicamente entre seus stakeholders.

II - Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas

Empresas - Passo a Passo

A publicação apresenta sete diretrizes essenciais para a implantação da

RS nas micro e pequenas empresas. Cada diretriz apresenta qual o passo a

ser dado para alcançar esse objetivo.

a) Adote valores e trabalhe com transparência – Na primeira diretriz,

é apresentado que a organização deve seguir uma conduta de valor

e princípios para atender as expectativas da sociedade, buscando a

coerência entre discurso e prática, para que se crie um bom

relacionamento entre todos os públicos envolvidos. Para alcançar

esta coerência é necessário transparência nas ações e decisões da

empresa. A criação da missão e da visão. A definição dos valores

éticos, a construção de um ambiente de trabalho cooperativo e

aberto,

b) Valorize empregados e colaboradores – A publicação afirma que

uma empresa que valoriza seus empregados valoriza a si mesma.

Esta valorização esta no que ela faz a mais do que o obrigatório e

exigido. Além do compromisso legal com as leis trabalhistas, a

construção de um contrato social* é o passo para a segunda diretriz.

Nesse contrato social encontram-se ações voltadas para o local de

trabalho, para a diversidade, para políticas de abuso, para o

Page 36: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

35

desenvolvimento profissional, para o trabalho e a família e para a

saúde e o bem estar.

c) Faça sempre mais pelo meio ambiente – A terceira diretriz

relembra os princípios da sustentabilidade. Reduzir as agressões ao

meio ambiente e promover a melhoria das condições ambientais,

para evitar desperdícios e a escassez no futuro. O passo para esta

diretriz consiste em definir políticas e planos de operação focados na

sustentabilidade, minimizar resíduos, prevenção da poluição,

consumo consciente de água e energia e fomentar projetos

ecológicos.

d) Envolva parceiros e fornecedores – O relacionamento entre uma

empresa e seus fornecedores, deve estar calçado em um diálogo de

parceria e de trabalho em conjunto, que impulsiona ambos para o

mesmo objetivo. O passo a ser dado nesta diretriz é o de formação

de parcerias comprometidas.

e) Proteja Clientes e consumidores – A quinta diretriz é vista como

uma das mais significativas e importantes porque envolve a

preocupação com o desenvolvimento de produtos e serviços que

não agridam a integridade física e emocional de quem os consume.

A qualidade e a segurança nos processos, que vão desde a

produção até a comercialização, devem estar sempre em evidência,

para a credibilidade e confiança na empresa. Sendo assim, o passo

a ser dado é o de promover a conscientização da utilização segura

dos produtos e serviços, oferecer informação correta e justa, ouvir as

manifestações do público e procurar outras alternativas que

envolvam maior segurança.

f) Promova sua Comunidade – O relacionamento de uma empresa

com seu entorno traz confiabilidade e reconhecimento. O

Page 37: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

36

entrosamento saudável entre grupos representativos, para buscar

soluções aos problemas comunitários é um dos valores que a

empresa deve estar comprometida. Para esse relacionamento dar

certo, o passo é identificar os problemas e necessidades, trabalhar

em conjunto, praticar a filantropia, investir no desenvolvimento da

cultura, da educação e no bem estar.

g) Comprometa-se Com o Bem Comum – Na última diretriz, a

publicação coloca o bem comum como o relacionamento positivo

com o poder público para o desenvolvimento de sua região e país.

Segundo o ultimo passo, a empresa deve cumprir com suas

obrigações legais de forma ética e transparente, combater a

corrupção, participar dos movimentos políticos e sociais e fomentar a

cidadania.

III - Critérios Essenciais de Responsabilidade Social e seus mecanismos

de Indução no Brasil.

A própria publicação afirma que:

“Os Critérios Essenciais reunidos nesta publicação representam uma referência para o estabelecimento de um consenso mínimo quanto às atuais demandas socioambientais que os principais atores da sociedade e do mercado estão formulando às empresas pelos mais diversos meios e que são fontes dos critérios – guias, diretrizes, indicadores, modelos de relatórios, questionários para avaliação e cadastro etc.” (DIRETORIA DO INSTITUTO ETHOS, p. 06, 2007)

Desta forma, é correto afirmar que os critérios apresentados nesta

publicação são um resumo essencial de todos os meios e fontes sobre o tema,

Responsabilidade Social Empresarial, e que podem ser utilizados como

referência para as empresas.

Da mesma forma que o guia passo a passo para as micro e pequenas

empresas dividiu o guia em sete diretrizes, a publicação dividiu toda informação

coletada em 29 critérios como padrão na prática da Responsabilidade Social.

São eles:

Page 38: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

37

I - Direitos Humanos

1 Respeito aos direitos humanos.

II - Direitos das Relações de Trabalho

2 Associação, sindicalização e negociação coletiva

3 Não-discriminação

4 Trabalho forçado

5 Trabalho infantil

6 Educação e desenvolvimento profissional.

7 Remuneração justa e respeito aos direitos das relações de trabalho.

8 Segurança, saúde e condições de trabalho.

III - Proteção das Relações de Consumo

9 Proteção à saúde e segurança

10 Acesso a informações adequadas e acesso a produtos/serviço

11 Consumo sustentável

12 Direito ao recurso e à reclamação

13 Respeito à privacidade

14 Educação do consumidor

IV - Meio Ambiente

15 Gestão dos impactos ambientais

16 Redução, reutilização e reciclagem

17 Educação e conscientização ambiental

18 Inovação e tecnologia

V - Ética e Transparência

19 Valores e princípios éticos

20 Concorrência

21 Divulgação informações

22 Cumprimento obrigações fiscais e legais

23 Campanhas Políticas

24 Combate à corrupção

Page 39: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

38

VI - Diálogo/Engajamento com Stakeholders

25 Desenvolvimento ambiental, social e econômico

26 Governo e Sociedade

27 Comunidade

28 Cadeia produtiva

VII - Governança Corporativa

29 Boas práticas de governança

Nas três publicações existem temas que se repetem. A construção de

valores éticos, da missão e visão, do comprometimento com o meio ambiente,

a preocupação com os recursos e o diálogo com os stakeholders (os públicos).

Sendo assim, qualquer uma das duas publicações apresentadas acima pode

ser utilizada no desenvolvimento de programas e projetos de Responsabilidade

Social Empresarial.

Page 40: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

39

2 COMUNICAÇÃO

2.1 BREVE HISTÓRICO DA COMUNICAÇÃO

Expedito Teles, citado por Sá (1978) apresenta que a comunicação existe

desde o mais simples organismo ao mais complexo sistema de sociedades, e

que comunicar-se é a capacidade dualística de doação e recepção.

O autor ainda afirma que esta capacidade difere apenas em intensidade,

quando analisadas todas as formas de matéria. Uma rocha, por exemplo, se

comunica à medida que suas partículas nucleares se atraem ou se repelem em

sua estrutura atômica. Assim, de acordo com o mesmo autor, a comunicação é

vida, mesmo em uma estrutura micro nuclear. (SÁ, 1978)

A comunicação não privilégio do ser humano, mas foi o ser humano que

a aperfeiçoou (IPANEMA, 1967).

De acordo com Jean Cloutier (1975) a história da comunicação pode

dividir-se em quatro episódios.

1) O primeiro episódio é o da exteriorização: O homem é o meio de

comunicação. Exprime-se pelo seu corpo, graças aos seus gestos e

à sua palavra, sem deixar de se referenciar ao seu meio ambiente

imediato.

2) O segundo episódio é o das linguagens: As mensagens são

transpostas. Os meios utilizados são o desenho e as pinturas, os

sons e, sobretudo a escrita fonética. O muro das cavernas constitui a

primeira biblioteca.

3) A amplificação caracteriza o terceiro episódio, que começa com a

implantação da imprensa e que conhece o seu apogeu com o

satélite. As mídias criam uma nova sociedade baseada na

comunicação de massa. A informação torna-se acessível a todos,

coletivamente.

Page 41: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

40

4) O quarto episódio caracteriza as mídias individuais. O acesso torna-

se individual, oferecendo liberdade de informação.

2.1.1 A linguagem

No início dos tempos os animais, entre eles os primeiros primatas, que

evoluiriam ao homo sapiums, já utilizavam formas de linguagem entre si

caracterizada por gritos, urros, grunhidos, rosnados, uivos, expressões

corporais e faciais que identificavam necessidades instintivas básicas como

comer, acasalar, lutar ou alertar para o perigo.

Segundo o Filósofo Francês Jean-Jacques Rousseau, citado por Becker

(2005) a linguagem nasceu quando o homem sentiu uma intensa necessidade

de comunicar suas emoções, reflexões ou idéias aos seus semelhantes, sendo

assim reconhecido como um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio.

Conforme o mesmo autor, a evolução do homem inicia os primeiros

passos no desenvolvimento da linguagem, da fala e da escrita em formas mais

complexas. A primeira destas formas a se desenvolver era a linguagem

onomatopéica, que significa imitar, de forma intencional, os sons dos animais e

da natureza (Becker, 2005).

Ainda na pré-história, os homens se comunicavam em suas próprias

linguagens para transmitir culturas e tradições, e já transformavam essa

linguagem em sinais visuais na forma de símbolos, o que Brasil, citado por Sá,

(1978) coloca como comunicação simbólica.

Giovannini (1987) aponta que a linguagem utilizada pelo homem pré-

histórico mesmo não articulada e simbólica, pretendia passar ou traduzir em

conceitos os elementos existentes no cotidiano de vida. Qual era o animal que

caçou o que ele visualizou na caçada, um local diferente entre outros.

O mesmo autor apresenta que, após estudos em chipanzés, criaram-se

teorias de que a comunicação simbólica evoluiu ao estágio inicial de expressão

de emoções não verbais, com ênfase na gesticulação, para as primeiras

expressões verbais. Ainda não existia fala, mas os sons estudados seguiam

padrões que, descobriu-se, eram compreendidos entre os símios da mesma

família. Apenas no período neolítico, quando o homem passou a uma posição

Page 42: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

41

de criador e agricultor é que houve uma modificação substancial no sistema de

comunicação oral, que os estudiosos definem como revolução neolítica

(GIOVANNINI, 1987).

Os veículos utilizados com fins de comunicação já na época pré-histórica

vão desde talhos em pedra, misturas de sangue, barro e plantas, fogo, fumaça,

peles de animais, cascas de arvores à instrumentos que produziam sons, como

tambores e chifres de animais. Com a chegada do período neolítico, o homem

iniciou suas primeiras relações sociais, e com isso, houve a necessidade de

aperfeiçoar estes instrumentos para melhorar a comunicação entre o grupo

(IPANEMA, 1967).

Mas foi a possibilidade de fixar informações, sem perdê-las com o

tempo, que possibilitou o nascimento da comunicação como a conhecemos.

Com a invenção da tinta 4000 anos antes de Cristo o processo da

comunicação evoluiu. A partir daí, segue-se a invenção do papiro e do

pergaminho pelos povos mediterrâneos, do papel pelos chineses e,

conseqüentemente, da escrita (IPANEMA, 1967).

2.1.2 A escrita

A passagem mais rápida da idade do bronze para formas de civilizações

mais avançadas aconteceu no oriente médio, mais precisamente na Palestina,

Egito e Mesopotâmia. Com o nascimento da vida sedentária, e a necessidade

de trabalho coletivo, surgem os primeiros agrupamentos estáveis. Neste

período surge a primeira escrita, trazida pelos sumérios.

Inicialmente criada como escrita ideográfica, na qual o objeto

representado expressava uma idéia, as primeiras escritas evoluíram para uma

escrita convencional fonética na ainda na Mesopotâmia, criada pelos

sacerdotes, que procurava representar cada som da fala humana.

(GIOVANNINI, 1987).

Quase na mesma época os egípcios antigos desenvolveram uma escrita

hieroglífica, mais complexa e formada por desenhos e símbolos. Segundo José

Tavares da Silva Filho (1998) o sistema egípcio foi o primeiro a reproduzir

Page 43: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

42

quase que totalmente a língua falada, refletindo realidades reais e abstratas. A

partir do século IX aparece o alfabeto grego com 24 letras incluindo as vogais.

2.2 CONCEITOS DE COMUNICAÇÃO

A diversidade da utilização do termo comunicação é ampla, assim como

seus campos de atuação. Por essa razão, requer uma análise da integração

dos conhecimentos provenientes de outras áreas.

Ao analisar cada fenômeno da comunicação, cada ciência e corrente

filosófica utiliza perspectivas próprias para definir conceitos de comunicação.

Arnaldo Beltrami (1976, p. 24) organizou alguns conceitos científicos baseados

na estrutura e nos campos de estudo.

2.2.1 Conceito Etimológico

Do latim “comunis” que significa comum. Comunicar é tornar comum.

Estabelecer comunhão, fazer participar da comunidade, compartilhar

através da troca de informações..

2.2.2 Conceito Biológico

Como atividade sensorial e nervosa. É o processo de exprimir e

transmitir o que se registra, ou o que se passa no sistema nervoso.

Coleta de informações referentes ao funcionamento biológico

colocadas a disposição para o processo de tomada de decisão em

que funcionam a memória, a inteligência e a vontade.

2.2.3 Conceito Pedagógico

Neste sentido comunicação é educação. É o processo de

transmissão de experiências e de ensinamentos. De acordo com

Dewey, citado por Beltrani (1976) “os homens vivem em comunidade

Page 44: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

43

por causa das coisas que tem em comum: a comunicação é o meio

pelo qual chegam a possuir coisas em comum.”

2.2.4 Conceito Histórico

Comunicação é a única forma de sobrevivência social e o próprio

fundamento da existência humana, através da cooperação e da

coexistência. É o instrumento de equilíbrio e de entendimento entre

os homens.

2.2.5 Conceito Sociológico

Comunicação é o instrumento que possibilita e determnina a

interação social, através da qual os seres vivos se encontram em

união com o mundo. É o processo decisivo da inserção social,

desencadeando ou limitando as interações sociais.

2.2.6 Conceito antropológico

Comunicação não é apenas o veículo de aquisição de cultura pelo

indivíduo, mas também o instrumento fornecedor de cultura. O

homem, como ser um animal sociável, exige relações com seus

semelhantes para comunicar sua cultura.

2.2.7 Conceito Psicológico

É o processo pelo qual o indivíduo transmite informações para

modificar o comportamento de outros. Para a psicologia comunicar é

gerar influencia e produzir certa reação na outra pessoa, com

intenção.

Mediante os conceitos organizados por Beltrani, o autor aponta um

conceito estrutural, que segundo ele, engloba os pontos comuns observados

Page 45: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

44

em todas as áreas de estudo. De que “comunicação é o processo de

transmissão e de recuperação de informações” (1976, p. 32).

Como observado acima, a comunicação nasceu de uma necessidade

básica de sobrevivência. Foi a partir dela que as pessoas puderam estabelecer

relações e desenvolver um entendimento das mensagens que eram

transmitidas ou evocadas.

Com o passar do tempo, a comunicação tornou-se indispensável para a

convivência em grupos e influenciou a troca de mensagens. O que antes era

interpessoal (pessoa-pessoa) passou a ser produzida para alcançar um grande

público, em diferentes localidades, mas mantendo como referência a mesma

capacidade de codificar imagens, mensagens e símbolos.

Como visto acima, a origem da palavra comunicação vem do latim

communis, ou seja, comum. Portanto, comunicar é, etimologicamente,

relacionar e tornar alguma coisa comum entre esses seres. Seja essa coisa

uma informação, uma experiência, uma sensação, uma emoção, etc. Assim,

pode-se pensar na comunicação em duas grandes definições:

“O processo em que comunicadores trocam propositadamente mensagens codificadas (gestos, palavras, imagens...), através de um canal, num determinado contexto, o que gera determinados efeitos...” (GILL E ADAMS, 1998 p. 41).

“... Atividade social, onde as pessoas, imersas numa determinada cultura, criam e trocam significados, respondendo, desta forma, à realidade que quotidianamente experimentam” (Gill e Adams, 1998 p. 41).

Bordenave (1986) define a comunicação como toda forma de relação de

troca de informações, consciente ou inconscientemente, através da linguagem

verbal, gestual ou corporal, onde se utilizam diferentes meios no auxilio para

que as mensagens sejam entendidas. O autor salienta que toda esta

comunicação é influenciada pela cultura em que vivemos e que através dos

seus valores e crenças forma-se o meio social, e ao nos comunicarmos

influenciamos o meio e somos influenciados por este.

Ao considerar o ser humano um ser social, entende-se a importância da

comunicação humana e o quanto é fundamental e para o convívio em

Page 46: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

45

sociedade, visto que, através das relações sociais há uma tendência maior na

aproximação das pessoas, um intercâmbio de culturas e a convivência com

diferentes hábitos de vida, tornando-se importante à sobrevivência individual e

coletiva. (BORDENAVE, 1986)

Um das definições mais antigas vem de Aristóteles. Em sua obra

“Retórica” o filósofo grego afirma que comunicação é o processo de persuadir

os outros. (BELTRANI, 1976)

De forma semelhante Lee Thayer aponta que existem vários conceitos

para comunicação, e que muitos se assemelham. Desta forma ele apresenta

quatro definições escolhidas por ele ao acaso:

“1. Comunicação é o processo mediante o qual duas ou mais pessoas se entendem. 2.Comunicação é a mútua troca de idéias, através de qualquer meio efetivo. 3. É a transmissão ou intercâmbio e pensamentos, opiniões ou informações, através da fala, da escrita ou de símbolos. 4. É a combinação de estímulos ambientais para produzir certo comportamento desejado por parte do organismo.” (THAYLER, 1979 p. 31)

Seguindo as linhas de pensamentos dos autores citados pode-se dizer

que a comunicação representa um processo de troca de informações ou

mensagens em um inter-relacionamento de pessoas ou organismos, através de

uma complexa rede de fatores diferentes, que buscam a interação de

conhecimentos, de informações e de emoções, pois se apresenta como uma

necessidade fundamental do ser humano.

2.3 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E SEUS INGREDIENTES

Se a comunicação é o processo pelo qual os seres humanos trocam

entre si informações, é necessária a intervenção de pelo menos, dois

indivíduos/organismos, (um que emita, outro que receba), algo a ser

transmitido, um meio de se transmitir a informação e o uso de uma linguagem

conhecida. Desta forma, para que haja comunicação, deve se existir

implicitamente os elementos do ato comunicativo: o emissor, o receptor, a

mensagem, o código e o canal. (BELTRAMI, 1976).

Page 47: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

46

Diversos autores apresentam outros elementos alem dos já citados.

Kotler (1998) apresenta um grupo de nove elementos definindo-os como

fundamentais para um modelo tradicional de comunicação:

• Emissor – Quem emite a mensagem para a outra parte.

• Codificação – Processo de transformar o pensamento em forma

simbólica.

• Mensagem – Conjunto de símbolos que o emissor transmite.

• Mídia (ou Canal) – Canais de Comunicação através dos quais a

mensagem passa do emissor ao receptor.

• Decodificação – Processo pelo qual o receptor confere significado aos

símbolos transmitidos pelo emissor

• Receptor – Parte que recebe a mensagem emitida pela outra parte.

• Resposta – Reações do receptor após ter sido exposto à mensagem.

• Feedback – Parte da resposta do receptor que retorna ao emissor.

• Ruído – Distorção ou estática não planejada durante o processo de

comunicação, que resulta em uma mensagem chegando ao receptor

diferentemente da forma como foi enviada pelo emissor.

Além desses elementos, diversos autores, entre eles Perez e Bairon

(2002 p. 19) consideram que “o contexto e a subjetividade trazem grande

complexidade a todo e qualquer processo de comunicação”. O contexto pode

também ser chamado de referente, pois indica o objeto ou a situação a que a

mensagem se refere. Nenhum ato comunicativo seria possível, na ausência de

qualquer desses elementos.

David K. Berlo (1997) apresenta a comunicação como um processo que

tem um começo, um fim, uma seqüência fixa de eventos, mas não estática. O

autor coloca que existem ingredientes do processo, e que eles agem uns sobre

os outros, cada um influenciando os demais. “Tudo aquilo que as pessoas

possam atribuir significado, pode ser e é usado como comunicação (BERLO

1999, p. 1).

De acordo com diversos autores, citados por Rodrigues (2001), dentre

eles Frade (1991); Chaffee e Berger (1989) e Costa (1992) os elementos e

Page 48: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

47

fatores relacionados ao processo de comunicação ainda podem ser analisados

mediante seu nível de sociedade, o tipo dos interlocutores e os objetivos gerais

e específicos.

2.4 A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Não é privilégio dos seres vivos a necessidade de se comunicar. Como

visto anteriormente, a comunicação existe em vários tipos de organizações

biológicas. E da mesma forma a comunicação é fundamental para

organizações não biológicas, mas sociais, como são as empresas.

De acordo com Kunsh (2003) as organizações têm de se comunicar

entre si. O sistema interno que move as organizações se viabiliza graças à

comunicação que existe internamente, caso contrário, morreria.

Lee o. Thayer ( 1976 p. 120) afirma que “as organizações funcionam

como seres vivos”. Segundo o mesmo autor:

“A comunicação que ocorre dentro dela [a organização] e a comunicação entre ela e o seu meio ambiente que definem a organização e determinam as condições da sua existência e a direção do seu movimento” (THAYER, 1976 p. 120)

Aceitando a premissa de Thayer, Francisco Gaudêncio Torquato do

Rego (1986 p. 16) conclui que “uma empresa se organiza, se desenvolve e

sobrevive graças ao sistema de comunicação que ela cria e mantêm”. O autor

também coloca que o processo comunicacional estrutura as ligações entre o

sistema interno e o sistema externo gerando condições para o aperfeiçoamento

organizacional.

A comunicação se tornou um dos principais fatores de sucesso das

estratégias organizacionais por preservar e realçar a imagem da empresa, e

principalmente por ser um fator indispensável e capaz de agregar valor na

busca constante pela competitividade, alinhando a empresa às exigências do

mercado (FIÚZA; KILIMNIK, 2004)

Um dos autores que sintetiza o conceito de comunicação empresarial e

sua ligação com a imagem da empresa é Roger Cahen. O autor aponta:

Page 49: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

48

“Comunicação Empresarial é uma atividade sistêmica, de caráter estratégico, ligados aos mais altos escalões da empresa e que tem por objetivos: criar – onde ainda não existir ou for neutra -, manter – onde já existir - ou, ainda, mudar para favorável – onde for negativa – a imagem da empresa junto a seus públicos prioritários” (CAHEN, 1990 p. 29).

Kunsh (2003, p. 149) esclarece que “Comunicação organizacional,

comunicação empresarial e comunicação corporativa são terminologias usadas

indistintamente no Brasil para designar todo o trabalho de comunicação levado

a efeito pelas organizações em geral.” Assim a autora aponta:

“A comunicação organizacional, como objeto de pesquisa, é a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos.” (KUNSH, 2003 p. 149)

A comunicação existe desde os tempos mais remotos, mas a

comunicação empresarial, ou organizacional, só ganhou importância com a

revolução industrial. A partir do século XVIII as organizações começaram a se

defrontar com a concorrência e com um público de consumidores mais

exigentes, não só com o produto, mas também com as empresas em si. Desta

forma, os administradores perceberam a necessidade de conquistar a

preferência de seus consumidores e se tornarem mais conhecidas. (AMARAL,

1999)

Da mesma forma Rego (1986), aponta o aparecimento das atividades de

comunicação dentro das organizações a partir da Revolução Industrial. Devido

à automatização e ao crescimento das indústrias, houve uma diminuição de

relações mais humanas nas indústrias. Com esta mudança, algumas pessoas

passaram a discutir a criação de revistas e jornais para os funcionários, a fim

de familiarizá-los com o novo ambiente e com a própria política da organização,

além de diminuir as distâncias físicas entre a administração central e a base

operária.

Mas a comunicação empresarial, como estudo, só começou a tomar

forma em 1906, quando o Jornalista americano Ive Lee decidiu deixar a

profissão de jornalista para abrir o primeiro escritório de relações públicas em

Nova York. Sua intenção era recuperar a credibilidade de um empresário

Page 50: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

49

chamado John D. Rockfeller, acusado de ser contra pequenas e médias

organizações devido a sua filosofia de “lucro a qualquer preço” que se

apresentava como uma ameaça (AMARAL,1999)

No Brasil, as empresas só adotam a comunicação como parte de suas

atividades anos depois de seu surgimento nos Estados Unidos e na Europa

devido ao atraso da industrialização brasileira, ocorrida em 1930.

Segundo Kunsch (1996), a partir da década de 50 o Brasil começou a

receber empresas multinacionais e estrangeiras, o que abriu mais mercado

para os profissionais de comunicação em uma organização, visto que estas

empresas valorizavam mais a existência de departamentos responsáveis pela

comunicação.

Uma evolução sucinta da comunicação empresarial brasileira é

apresentada por Bueno (2003) em cinco momentos.

• Antes de 1970 a 1980 – Atividades empresariais fragmentadas,

poucos departamentos responsáveis pelo relacionamento com

seus públicos, a comunicação era residual e praticada por

profissionais e outras áreas, foco na publicidade e propaganda,

separação entre institucional e mercadológico, fundação da

Associação Brasileira de Editores de Jornais e Revistas de

Empresa – ABERJE, implantação dos primeiros cursos de

comunicação.

• De 1980 a 1980 – Crescimento no número de profissionais,

aumento da valorização da comunicação nas empresas,

empresas criam seus departamentos de comunicação, as

universidades contribuem com literaturas e desenvolvimento de

massas críticas.

• De 1980 a 1990 – Comunicação empresarial passa a ser campo

de trabalho atraindo profissionais, nasce o jornalismo empresarial,

novas posturas das organizações, cresce o número de cursos e

se abrem cursos de pós graduação na área, , realização do I

Page 51: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

50

Congresso Brasileiro de Comunicação Empresarial, instituído o

Prêmio Contexto de Comunicação Empresarial, 1ª abertura

pública de um plano de comunicação empresarial (Rhodia – 1º

case brasileiro de sucesso).

• De 1990 a 2000 – Conceito de Comunicação Empresarial

refinado, função estratégica, não mais grupo de atividades para

se tornar processo integrado para orientação da empresa com

seus públicos, demanda de recursos para a área, formação de

uma cultura de comunicação e atendimento, adoção de atributos

como ética, transparência e cidadania.

• De 2000 em diante – Elemento importante do processo de

inteligência empresarial, novas tecnologias, novas mídias,

integração ao processo de gestão.

Como parte da gestão da empresa e assumindo uma função estratégica,

a comunicação empresarial assume desta forma uma integração com demais

departamentos/áreas/profissionais. Com isso, a antiga distinção da

comunicação institucional e da comunicação mercadológica deixa

definitivamente de existir e se associa ao negócio, à missão e à missão da

empresa, passando a assumir por inteiro a perspectiva da comunicação

integrada. (BUENO, 2003)

2.5 COMUNICAÇÃO INTEGRADA

“Entendemos por comunicação integrada uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas, permitindo uma atuação sinérgica. Pressupõe uma junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa, que formam o mix, o composto da comunicação organizacional.” (KUNSCH, 2003 p. 150)

Segundo a autora, a comunicação integrada, ou composto de

comunicação, deve se constituir de uma unidade harmoniosa de cada área,

Page 52: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

51

apesar de diferenças, com base numa política comum e bem definida,

seguindo os mesmos objetivos da empresa. O mix de comunicação possibilita

ações de comunicação mais estratégicas, mais táticas, mais pensadas e mais

eficazes.

Figura 2 - Composto de Comunicação

Fonte: KUNSCH, 2003. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. P. 151

Baseando-se no fluxograma estabelecido por Kunsch (2003) e pelas

teorias em seu livro “Planejamento de Relações Públicas na Assessoria de

Empresa”, segue mais detalhadamente cada elemento do Composto de

Comunicação.

2.5.1 Comunicação Interna

A comunicação interna engloba a comunicação administrativa. Enquanto

a comunicação administrativa reflete sobre o funcionamento da comunicação

Page 53: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

52

por meio de seus fluxos e níveis, a comunicação interna é um setor planejado

viabilizando a interação entre organização e funcionários.

A comunicação administrativa se processa dentro da organização, pelas

funções administrativas. É ela que permite visualizar todo o sistema

organizacional pelos seus fluxos e redes. Segundo Andrade (1966) citado por

Kunsch (2003, p. 153) é “o intercambio de informações dentro de uma empresa

ou repartição, tendo em vista sua maior eficiência e o melhor atendimento ao

público.”

De acordo com Redfield, citado por Kunsch (2003) a comunicação

administrativa se compõe de um comunicador (remetente), que transmite

(expede), mensagens (relatórios) a um destinatário (público) objetivando uma

resposta (reação).

Já a comunicação interna é mais ampla em seus objetivos. Funcionando

paralelamente à comunicação administrativa, mistura ferramentas da

comunicação institucional e da comunicação mercadológica para alcançar seus

objetivos. Ela apresenta estratégias delineadas no desenvolvimento de

programas de ação basicamente voltados para o público interno, ou seja, os

funcionários, e se fundamenta em políticas institucionais.

Ela busca a integração das atividades da empresa, melhora das

relações de trabalho, promoção de campanhas, divulgação de procedimentos,

e principalmente a participação de todos os níveis. Como definição temos:

“A comunicação interna é uma ferramenta estratégica para compatibilização dos interesses dos empregados e da empresa, através do estímulo ao diálogo, à troca de informações e de experiências e à participação de todos...”. (RHODIA 1985, citado por KUNSCH, 2003 p. 154)

De acordo com a autora, não se deve confundir a comunicação interna

com Endomarketing. De acordo com Saul F. Beckin (1995), citado por Kunsch

(2003, p. 154) o termo refere-se a:

“Ações de marketing voltadas para o público interno da empresa, com fim de promover, entre os seus funcionários e departamentos, valores destinados a servir o cliente. [...] para proporcionar melhorias substanciais na qualidade de produtos e serviços.(BEKIN, 1995 citado por KUNSCH, 2003 p. 154).

Page 54: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

53

Na visão de Medeiros Brum (1998) citada por Kunsch (2003) o

endomarketing é um conjunto de ações utilizadas por uma empresa, ou gestão,

com o objetivo de vender sua própria imagem a funcionários e familiares.

O que Kunsch afirma é que nas definições destes autores o funcionário

é visto como cliente interno, alguém que vai servir ao consumidor cliente da

organização, num espaço de mercado. E na verdade, é mais amplo do que

isso. O funcionário também é um ser humano e um cidadão que atua e interage

com outras pessoas em virtude da consecução dos objetivos gerais das

organizações.

A comunicação interna deve contribuir para o exercício da cidadania e

valorização do homem. Deve ser participativa e coerente entre discurso e

prática, pois não adianta o melhor plano de comunicação se os empregados

não forem respeitados em seus direitos e não forem considerados como

público número um entre os stakeholders.

Em sumo, a comunicação interna é o primeiro passo para uma

comunicação integrada eficaz, pois caracteriza o papel de estabelecer

confiança, possibilitando a co-criação e participação do público receptor,

contribui para um clima favorável no ambiente de trabalho, envolve as pessoas,

comprometendo-as. (KUNSCH, 2003)

2.5.2 Comunicação Mercadológica

“A comunicação mercadológica objetiva promover a troca de produtos e/ou serviços entre produtor e consumidor, [procurando] atender aos objetivos traçados pelo plano de marketing das organizações, cujo escopo fundamentalmente se orienta para a venda de mercadorias destinadas aos consumidores, num determinado espaço de tempo: apóia-se a publicidade comercial, na promoção de vendas e pode, também, utilizar-se, indiretamente, das clássicas atividades da comunicação institucional”. (REGO, 1985 citado por KUNSCH, 2003 p. 163)

Esta definição aponta a responsabilidade pela produção comunicativa

com vista para a divulgação publicitária. O vínculo visível com o Marketing

estabelece parâmetros e subsídios para a perfeita organização da

comunicação mercadológica. A utilização de ferramentas como a propaganda e

a promoção de vendas só poderá ser eficaz se abastecidas e fundamentadas

Page 55: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

54

por informações coletadas por pesquisas de mercado e em acordo com as

informações de responsáveis pela comunicação mercadológica. (KUNSCH,

2003).

De acordo com a autora a comunicação mercadológica ou de marketing

se encarrega de toda e qualquer ação integrada de instrumentos de

comunicação na conquista do consumidor e os públicos estabelecidos pela

área de marketing.

2.5.3 Comunicação Institucional

Segundo Kunsch (2003) a comunicação institucional é responsável

diretamente pela construção e manutenção de uma imagem e identidade forte

e positiva da organização. Este elemento do composto de comunicação

integrada esta ligado aos aspectos corporativos que fundamentam a

credibilidade da empresa perante a sociedade.

A definição mais objetiva de comunicação institucional é a de:

“um conjunto de procedimentos destinados a difundir informações de interesse público sobre as filosofias, as políticas, as práticas e os objetivos das organizações, de modo a tornar compreensíveis essas propostas.” (FONSECA, 1999 citado por KUNSCH, 2003 p. 164)

Ao apresentar os termos filosofias, políticas e práticas, Fonseca

estabelece uma ligação com Roger Cahen (2005), que apresenta estes

elementos numa pirâmide de cristal. O autor coloca estes elementos como

base para a comunicação empresarial, e da mesma forma se aplicam a

comunicação institucional, pois trata de como os públicos enxergam a

empresa.

Cahen (1990) propõe a imagem de uma pirâmide de cristal pelas bases

fortes e pela relação de visualização, tanto de cima para baixo quanto vice-

versa. Sua composição significa que no topo, as atividades da empresa são a

parte mais visível aos públicos, a primeira impressão, (imagem).

Page 56: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

55

ATIVIDADE

S

ATITUDES

POLÍTICAS

FILOSOFIAS

Figura 3 - Pirâmide de Cristal de Roger Cahen

Fonte: CAHEN, Comunicação Empresarial. 2005, p. 48

As atitudes são percebidas pelos públicos, pois devem ser coerentes

com a empresa (identidade). As políticas são conseqüências da filosofia da

empresa e são estabelecidas, formalmente ou não, e as filosofias são aquilo

em que a empresa acredita, (missão, sua visão e seus valores).

Quando uma empresa segue esta linha de forma positiva em suas

ações, a relação de seus públicos freqüentemente é positiva, pois todas estão

ligadas a um fator básico da comunicação institucional: Como ela é vista.

(Cahen, 2005)

2.6 IMAGEM E IDENTIDADE

Ao se discutir sobre a forma que os públicos vêem uma organização, é

preciso apresentar dois aspectos fundamentais da comunicação institucional:

Imagem e Identidade. Ambos os termos fazem parte do mundo corporativo,

mas normalmente são usadas indistintamente como sinônimas, mas na

verdade, são completamente opostas.

Page 57: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

56

De acordo com Kunsch (2003) a forma mais simples de se distinguir

imagem de identidade é afirmando que imagem é como os diversos públicos

enxergam a sua empresa, enquanto que identidade é o que a empresa faz e

diz. Em resumo, imagem é a forma que os outros percebem a empresa e

identidade é como a empresa gostaria de ser percebida.

Se a imagem tem relação com a percepção das pessoas, desta forma é

correto afirmar que esta relacionada com o imaginário. Essa percepção é

abstrata e de uma visão subjetiva. Pra formar essa visão, as pessoas utilizam

suas próprias idéias, crenças e sentimentos, e assim, formam uma imagem que

nem sempre condiz com a imagem que a empresa gostaria de ser vista.

“A imagem da empresa é um efeito de causas diversas: percepções, induções e deduções, projeções, experiências, sensações, emoções e vivências dos individuo que, de um modo ou outro – direta ou indiretamente – são associadas entre si (o que gera o significado da imagem) e com a empresa, que é seu elemento indutor e capitalizador.” (COSTA, 2001 citado por KUNSCH, 2003 p. 171)

Já a identidade reflete a real personalidade da organização. Como um

auto-retrato, que projeta a soma dos atributos efetivos de como ela é; quem ela

é; o que ela faz e como ela faz, e muito importante, o que ela diz. Joan Costa

(1999) citado por Kunsch (2003) afirma que a identidade refere-se aos valores

básicos (sua filosofia), suas características atribuídas, como comportamento e

atitudes, à sua comunicação (seus signos e elementos visuais), o que ela

simboliza (o que ela defende) e sua personalidade.

Rego (1996 p. 97) diz que:

“Por identidade, queremos dizer a natureza verdadeira, própria dos negócios, o perfil técnico e cultural da empresa. [...], portanto, deve-se entender pela soma das maneiras que uma organização escolhe para identificar-se perante seus públicos.”

A maior finalidade de uma comunicação integrada eficiente é cuidar da

imagem de uma organização e contribuir para a construção de sua identidade.

Page 58: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

57

2.7 INSTRUMENTOS DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA

Para cuidar e manter uma imagem corporativa, e para construir e

transmitir uma melhor identidade corporativa é necessário trabalhar com

ferramentas de comunicação específicas.

Dimensionando o diagrama de Kunsch, encontramos internos aos três

tipos de comunicação, (interna, mercadológica e institucional), instrumentos

que convergem para dar à organização a integração necessária para a

eficiência, não só da imagem e da identidade, mas da comunicação

empresarial como um todo. Cada um dos três tipos de comunicação trabalha

com instrumentos específicos.

Segundo Wey (1986) a comunicação interna pode incluir seis tipos de

instrumentos que atuam em seis áreas diferentes, (canais de comunicação,

eventos, campanhas, atividades lúdicas, convênios e pesquisa) e divididas em

quatro meios (oral, escrita, audiovisual e comunicação não verbal), como

mostra o quadro abaixo:

Quadro 6 – Instrumentos da Comunicação Interna

MEIOS

ÁREAS ORAL ESCRITA AUDIOVISUAL NÃO-VERBAL

Canais de Comunicação

Conversas Reuniões Discursos

Jornal Mural Revistas

Informativos Relatórios

TV Corporativa Rádio Corporativa Vídeo Institucional

Sites;

E-mails Hotlines

Eventos Seminários Palestras

Treinamentos Jantares

Concursos Teleconferências

Filmes Teatros

Exposições Visitas

Campanhas e Programas

Saúde Segurança

Doação de alimentos

Atividades Lúdicas

Esportes Ginástica Laboral

Churrascos

Convênios Hospitais Dentistas

Academias Cursos

Pesquisa Entrevistas Questionários Enquetes on-line Caixas de sugestões

Fonte: O autor. Baseado em WAY, O Processo de Relações Públicas, 1986.

Page 59: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

58

A comunicação oral satisfaz mais as necessidades de interação e

integração, pois faz uso do “face a face”, enquanto a comunicação escrita,

sendo mais formal e mais exata é utilizada para a transmissão de informações.

A comunicação audiovisual tem um alto nível de penetração junto aos

diversos públicos e permite um acesso rápido à informação e ao entendimento.

A comunicação não verbal efetua-se através da ação, do fazer, do

contacto físico, da expressão corporal e do gesto, sendo assim mais direta e

participativa do que a comunicação oral. A comunicação não verbal também se

encontra presente na comunicação oral, mas a integração é menor. (WEY,

1986)

Na comunicação mercadológica, os instrumentos mais praticados são a

propaganda, a promoção de vendas, marketing direto, merchandising e venda

pessoal. De acordo com Perez e Bairon (2002) as definições mais comuns

são:

• Propaganda - Toda e qualquer forma de divulgação de um

produto ou serviço, marca, empresa ou idéia, por meio de

canais/meios de comunicação (verbais, escritos, audiovisuais,

entre outros) com o intuito de informar e persuadir um

determinado alvo.

• Promoção de Vendas – Toda e qualquer ação objetivando a

redução ou giro de estoque, aumento de vendas ou lançamento

de novos produtos/serviços em um período de tempo

determinado.

• Marketing Direto – Ações estratégicas que utilizam técnicas de

comunicação que possibilitam a personalização da comunicação,

direcionando a um público alvo e obtendo respostas diretas e

mensuráveis.

• Merchandising - Relacionada com conceitos de propaganda e

promoção de vendas, mas com o diferencial de que a ação

Page 60: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

59

estratégica esta inserida em pontos de venda (mercados e lojas)

ou meios de comunicação (novelas e filmes). Em vários casos

não há a presença do vendedor, e sua promoção é feita

visualmente (balões, cartazes e adesivos) objetivando uma maior

visibilidade.

• Venda Pessoal - Ação de promover por meio da comunicação

direta com uma audiência qualificada de clientes. É a

apresentação oral, em um diálogo com um ou mais compradores

em perspectiva, com o propósito de realizar vendas.

Enquanto que na comunicação mercadológica, são utilizadas as

ferramentas de marketing, na comunicação institucional os instrumentos mais

fortes são a relações públicas, a assessoria de imprensa e o marketing social.

2.7.1 Relações Públicas

O grande responsável pela manutenção da imagem e identidade da

organização é a Relações Públicas. É dela a função de administrar

estrategicamente a comunicação das organizações com seus principais

públicos atuando em sinergia com todas as demais modalidades da

comunicação integrada. Para concretizar essa função, o trabalho de relações

públicas busca conhecer quem são os públicos da organização (internos e

externos), levando em conta o ambiente e suas variáveis (ameaças e

oportunidades) em todo âmbito social e organizacional. (KUNSCH, 2003)

A associação Brasileira de Relações Públicas define Relações Públicas

como:

“Esforço deliberado, planificado, coeso e contínuo da alta administração para estabelecer e manter uma compreensão mútua entre uma organização, pública ou privada, e o seu pessoal, assim como entre essa organização e todos os grupos aos quais está ligada, direta ou indiretamente”. (ABRP, citada por PEREZ E BAIRON, 2002 p. 49)

Page 61: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

60

Beltrami (1976, p. 42) conceitua como:

“... processo que busca levar o público a ter um conceito positivo e uma formação de imagem favorável a respeito de uma entidade ou de uma pessoa, divulgando atos e acontecimentos positivos dessa entidade ou pessoa.”

Desta forma a função de Relações Públicas se apresenta como

elemento multiplicador de informações e gestora dos relacionamentos

organizacionais com vista à manutenção dos interesses institucionais e

mercadológicos da organização.

2.7.2 Assessoria de Imprensa

De acordo com Kunsch (2003) a assessoria de imprensa pode ser

considerada uma das ferramentas essenciais no mercado da comunicação

empresarial no Brasil por tratar da mediação da imagem da organização com o

grande público.

Utilizando diversas mídias como a mídia impressa, eletrônica e internet e

comunicações de massa como a televisão, o rádio e o jornal, a assessoria de

imprensa foca a eficácia da relação sociedade e empresa, através de

estratégias de comunicação.

2.8 MARKETING SOCIAL

Para um maior aprofundamento dos conceitos de marketing social, é

necessária a definição de marketing.

Segundo Kotler (1998, p. 26) "é um processo social e gerencial pelo qual

indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação,

oferta e troca de produtos de valor com outros". Desta forma é correto afirmar

que marketing tende a satisfazer uma necessidade, tanto da empresa quanto

do consumidor, através de uma troca de valores, sejam eles produtos ou

serviços, com valores agregados ou não.

No marketing social, o principio é o mesmo, mas ao invés de um produto

ou serviço, o objeto a se trocar é uma idéia, causa ou atitude.

Page 62: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

61

Segundo Kunsch (2006, p. 175) “o termo marketing social vincula-se às

questões sociais”. Assuntos como saúde pública, meio ambiente, educação e

Responsabilidade Social se apresentam como as necessidades a serem

satisfeitas. Desta forma, o alvo principal é a sociedade e não o mercado, com

vistas ao interesse público no lugar do privado.

Kotler (1978, p.287) define o marketing social como:

(...) o projeto, a implementação e o controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma idéia social num grupo-alvo. Utiliza conceitos de segmentação de mercado, de pesquisa de consumidores, de configuração de idéias, de comunicações, de facilitação de incentivos e a teoria da troca, a fim de maximizar a reação do grupo-alvo.

Em ambas as colocações, os autores apontam o marketing social como

uma estratégia de mudanças comportamentais e de atitudes, que pode ser

utilizada em qualquer tipo de organização (pública, privada, lucrativa ou sem

fins lucrativos), desde que esta tenha uma meta final de transformação de

impactos sociais.

Recentemente, o conceito de Marketing Social aparece com mais

freqüência nos estudos sobre atuação social das empresas. Pringle e

Thompson (2000, p. 03) definem o termo como “uma ferramenta estratégica de

marketing e posicionamento que associa uma empresa ou marca a uma

questão ou causa social relevante em benefício mútuo.”

Melo Neto e Froes (2001), apresentam cinco estratégias na aplicação do

Marketing Social:

a) Marketing de filantropia: fundamenta-se na doação

feita pela instituição a uma entidade que será

beneficiada, normalmente esta doação se da pelo

intermédio de uma organização do terceiro setor.

b) Marketing de campanhas sociais: significa veicular

mensagens de interesse público através de

embalagens ou organizar promoções de vendas para

determinado percentual ou dia de vendas ser

Page 63: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

62

destinado a entidades, normalmente veiculados em

mídias de massa.

c) Marketing de patrocínio dos projetos sociais: o

patrocínio pode ter origem por terceiros, com as

empresas atuando em parceria no financiamento de

suas ações sociais ou por patrocínio próprio, em que

as empresas, através de institutos e fundações, criam

seus projetos e implementam-nos com recursos

próprios.

d) Marketing de relacionamento com base em ações

sociais: Trabalham com o pessoal da empresa para

orientar os clientes, como usuários de serviços sociais.

e) Marketing de promoção social do produto e da

marca: a empresa utiliza o nome de uma entidade ou

logotipo de uma campanha, agregando valor ao seu

negócio e gerando aumento de vendas ou aumento na

captação de novos consumidores.

O Marketing social pode ser aplicado unicamente pela empresa, na

construção de uma imagem mais responsável ou através de parcerias com

entidades do terceiro setor que necessitem de apoio para que possam oferecer

uma campanha em virtude de uma causa que afeta a sociedade.

2.9 TERCEIRO SETOR

Toda organização esta classificada em três setores, de acordo com suas

iniciativas e responsabilidades. O Estado (governo) se apresenta como o

primeiro setor, visto que suas responsabilidades pelas questões sociais se

afirmam pelo voto popular, é se constituem como obrigação. O segundo setor é

Page 64: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

63

o privado, onde cada organização é responsável por questões inerentes à suas

próprias responsabilidades individuais, sejam elas legais ou econômicas.

Silva (2008) aponta que, com a falta de ações e pela falência do Estado

perante as suas obrigações sociais, o setor privado se iniciou na tentativa de

resolver essas questões sociais. Com o tempo, as próprias organizações

privadas vislumbraram que estas ações não condiziam com a verdadeira

iniciativa de uma empresa com fins lucrativos, e assim, com o tempo, inúmeros

instituições foram criadas com o objetivo de gerar serviços de caráter público,

nascendo assim o terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por

organizações sem fins lucrativos e não governamentais, as chamadas ONGs.

Além das Ongs, instituições religiosas, clubes de serviços, entidades

beneficentes, centros sociais, organizações de voluntariado dentre outras, são

instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que

geram bens e serviços de caráter público, e desta forma, inseridas no terceiro

setor. (Silva, 2008)

O que caracteriza cada setor financeiramente é a aplicação de seus

recursos. No primeiro setor o dinheiro público é usado para fins públicos; no

segundo setor o dinheiro privado para fins privados, enquanto no terceiro setor,

usa-se o dinheiro público e privado exclusivamente para fins públicos.

(Almeida, 2002)

Mais forte que nos outros setores, devido a sua própria origem, as

instituições do terceiro setor integram, à sua concepção, o voluntariado, a

prática de valores, o auxílio ao próximo, o desenvolvimento das virtudes

sociais, o aprimoramento das aptidões e habilidades profissionais, a construção

da cidadania. as iniciativas beneficentes e o cooperativismo.

A influência do Terceiro Setor esta intimamente ligada ao marketing

social, inclusive porque parte do principio da mudança de atitudes e inovações

sociais, graças à militância de suas organizações. (Kotler, 1998)

Page 65: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

64

3 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - IES

3.1 A CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Em todas as sociedades, a humanidade tem se preocupado com a

organização social, política, econômica e cultural de seus povos, buscando a

sua transformação social. E em todas as épocas o maior veículo desta

estruturação social é o conhecimento. (Martins, 2002). De acordo com o

mesmo autor, as primeiras buscas brasileiras por este conhecimento se deram

nas primeiras escolas do ensino superior em 1808. Até o final do século XIX

existiam vinte e quatro estabelecimentos de ensino superior no Brasil, com

cerca de 10.000 estudantes.

Com o aumento cada vez maior na busca pelo ensino superior, a iniciativa

privada começa a criar suas próprias instituições de ensino superior - IES,

surgindo de iniciativa das elites locais e confessionais católicas, e desta forma,

cria-se uma distinção, público-privada, da transmissão do conhecimento.

(Martins, 2002).

Nos tempos atuais, a caracterização destas instituições pelo Ministério da

Educação – MEC simplifica o entendimento de seus processos e elementos

formadores. De acordo com o site www.mec.gov.br, as classificações foram

definidas pelo Decreto nº 3.860 de 9 de julho de 2001, da seguinte forma:

a. Universidades

b. Centros Universitários

c. Faculdades Integradas

d. Faculdades

e. Institutos e Escolas Superiores

f. Centros de Educação Tecnológica

A principal diferença esta que as universidades devem obedecer ao

princípio de indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão, de acordo com

o artigo 207 da Constituição Federal. Essa exigência não existe para as demais

IES de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996.

Page 66: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

65

Em relação à natureza administrativa, as IES seguem as seguintes

definições:

• Públicas – podem ser caracterizadas como federais,

estaduais e municipais; podendo ser de direito público ou

de direito privado.

• Privadas Comunitárias, Confessionais ou Filantrópicas –

quando não visam a lucros e são geridas por pessoas

físicas ou jurídicas de caráter comunitário.

• Particulares (empresariais). – Cunho de lucro financeiro

para o próprio desenvolvimento e sustentabilidade através

de mensalidades.

No portal do MEC, encontra-se um quadro explicativo da organização das

instituições de ensino superior, transcrito abaixo:

Figura 4 - Organograma da Organização Administrativa

Fonte: www.portal.mec.gov.br

Page 67: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

66

3.2 A RELAÇÃO: IES X RESPONSABILIDADE SOCIAL

Até poucos anos atrás, pensava-se que a Responsabilidade Social das

instituições de ensino superior consistia no cumprimento de três funções: o

ensino, que se exige de qualquer instituição, a pesquisa, exigida apenas das

universidades e a extensão, que decorre das anteriores e que consiste na

divulgação de conhecimento e das competências que as instituições produzem

para a sociedade, por meio de serviços associados às demais funções.

(Durham, 2005)

Mas da mesma forma, a IES deve estar conectada com a realidade do

entorno que a cerca, dos problemas do país e das questões sociais de sua

região. Na função de formar profissionais qualificados para as necessidades do

mercado, a IES também precisa formar cidadãos eticamente responsáveis com

a sociedade em que vive. Nesse sentido, A ênfase dada à Responsabilidade

Social das instituições de ensino superior particulares pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional e pela Lei n.º 10.861, de 14 de abril de 2004, que

trata do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), torna

esta atenção em uma quarta função. (Durham, 2005).

De acordo com o SINAES, apresentado por Adolfo Ignacio Calderon (2005,

p. 24) a Responsabilidade Social na educação superior deverá ser avaliada em

três quesitos: A transferência de conhecimento e importância social das ações

universitárias e impactos das atividades científicas, técnicas e culturais, para o

desenvolvimento regional e nacional; a natureza da relações com o setor

público, com o setor produtivo e com o mercado de trabalho e com as

instituições sociais, culturais e educativas de todos os níveis e as ações

voltadas ao desenvolvimento da democracia, à promoção da cidadania, à

atenção aos setores sociais excluídos, as políticas de ação afirmativa, dentre

outras.

De acordo com (Durham, 2005), a situação alterada, onde o Estado falha

na obrigação de resolver as questões sociais coloca a educação superior,

pública e privada, como novo responsável na função de “salvar” o país. Assim,

Durham (2005, p. 60), afirma que cabe às IES:

Page 68: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

67

1. Aplicação de políticas afirmativas para a promoção da

igualdade educacional, beneficiando os mais pobres e as

minorias étnicas.

2. Contribuir para a eliminação das desigualdades sociais

regionais.

3. Implantação de políticas públicas na área de saúde e

cultura, além da ciência e da tecnologia.

4. Promoção da diversidade cultural e da identidade, ação

e memória dos diferentes segmentos étnicos nacionais.

Calderon (2005) aponta que o compromisso social das instituições de

ensino superior, sempre esteve presente, ele apenas alterou sua nomenclatura

para Responsabilidade Social. Na década de sessenta, O tema já emergia

dentro das universidades européias e norte-americanas e apenas na última

década, a medida que se tornou um pilar de sustentação do terceiro setor

brasileiro, a Responsabilidade Social, tornou-se freqüente na educação

superior.

Calderon (2005, p. 15) aponta quatro questões chaves da

Responsabilidade Social dentro das Universidades.

1. Não é um assunto tão novo quanto aparenta;

2. Tem uma relação intrínseca com a extensão universitária;

3. É mais do que mero compromisso, é dever. Tornando-se parte

constitutiva da natureza e da essência da universidade;

4. Deve se traduzir em ações concretas que atendam as

necessidades da população que a financia.

O mesmo autor também aponta para o cuidado em se estabelecer a

relação educação superior e Responsabilidade Social, uma vez que, na visão

de amplos setores do cenário intelectual, a universidade não é uma empresa.

Page 69: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

68

Diante de inúmeros discursos responsavelmente sociais, faz se necessário que

a IES responda algumas questões, para entender em que posição se encontra.

1. Qual o entendimento da IES sobre Responsabilidade Social? O discurso

é apenas estratégia de marketing, ou realmente se adota como modelo

de gestão?

2. O investimento em Responsabilidade Social é uma prática real, séria e

consistente, dando veracidade a sua implantação?

3. Se for um modelo de gestão, até que ponto isso é praticado em todas as

suas atividades, com todos os seus atores, no âmbito interno e

externo?

4. Até que ponto são eliminadas, do mercado universitário, as práticas

negativas voltadas à exploração de seus trabalhadores?

5. Até que ponto o corpo docente participa nos programas de

Responsabilidade Social de maneira voluntária e ética, sem pressão ou

risco de perderem seus empregos?

6. As IES serão capazes de profissionalizar as atividades extensionistas,

deixando de lado o assistencialismo e o voluntarismo, para assumi-las

como práticas acadêmicas?

Percebe-se nos apontamentos acima, que tanto para fins de avaliação do

SINAES, quanto para a assimilação da Responsabilidade Social como parte da

estratégia de gestão, a Responsabilidade Social deve ser inerente a sua

atividade, ou seja, esteja ligada a prática de ensino, pesquisa e extensão.

.

Page 70: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

69

3.3 A RELAÇÃO: RESPONSABILIDADE SOCIAL X COMUNICAÇÃO

A empresa que adotar a Responsabilidade Social como postura tende a

querer evidenciar seus valores e sua imagem para seus públicos. Neste nível

de percepção, a comunicação torna-se indispensável. De acordo com Ruy

Martins Altenfelder Silva (2008), presidente da ABERJE - Associação Brasileira

de Comunicação Empresarial, a comunicação exerce um papel relevante e

estratégico no mundo contemporâneo onde os padrões de conduta valorizam

cada vez mais o ser humano, a sociedade e o meio-Ambiente.

O crescente desenvolvimento e expansão da Responsabilidade Social nas

organizações geram a necessidade de um relacionamento ético e transparente

entre os stakeholders. Desta forma, a atividade da comunicação é cada vez

mais desenvolvida para limitar implicações, derivadas das significativas

transformações promovidas pela gestão socialmente responsável. (PAIVA,

2008)

Paiva (2008) também afirma que a Responsabilidade Social não existe por

si só. Ela necessita de mecanismos de apoio na função de regular as relações

entre a empresa e os seus públicos. E como em qualquer relacionamento, é

necessária uma atitude de diálogo, de interlocução e, portanto, de

comunicação. O mesmo autor aponta que não basta à empresa ser

socialmente responsável, todos ao seu redor dever perceber e visualizar essa

imagem. A Responsabilidade Social não pode existir sem a percepção da

Responsabilidade Social. Como não existe percepção sem comunicação, pode-

se afirmar que, sem comunicação, a Responsabilidade Social não se realiza

integralmente.

Grunig, citado por Kunsch, (2003) defende o modelo de comunicação

simétrica de mão dupla, uma visão que privilegia o equilíbrio de interesses

entre organização e os públicos envolvidos. Neste modelo, a empresa, antes

de tomar uma decisão, analisa e negocia com a sociedade a profundidade dos

impactos das suas ações. Para o autor, quem pratica a comunicação neste

modelo, está mais próximo dos fundamentos de Responsabilidade Social.

Page 71: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

70

Paiva (2008) apresenta alguns argumentos que demonstram a importância

estratégica da comunicação na manutenção da Responsabilidade Social.

1. Espaços de intersecção: Para comunicar bem

qualquer ação de Responsabilidade Social, é necessário

integração e participação nas políticas e práticas da

organização.

2. Envolvimento com os fatos. O profissional de

comunicação deve participar da formulação dos projetos e

fazer a diferença na hora de implementar as ações, visto

que a comunicação oferece instrumentos valiosos para

dinamizar e estruturar o exercício da Responsabilidade

Social.

Nas organizações socialmente responsáveis, a comunicação passa a

ser exercida como fator de transparência e de diálogo perante a sociedade e

mobilização dos públicos interno (funcionários e gestores) e externo

(consumidores, fornecedores, acionistas e concorrentes).

Paiva (2008) acrescenta que o profissional de comunicação deve atentar

ao seu papel dentro do contexto da Responsabilidade Social. Assim o autor

apresenta quatro atitudes:

1. Coordenar o processo de formulação das

mensagens que deverão ser transmitidas aos públicos;

2. Desenvolver adequadamente os canais mais

adequados para cada tipo de mensagem e para cada

público;

3. Desenvolver mecanismos de feedback sobre a

eficácia da comunicação;

Page 72: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

71

4. Construir relacionamentos leais e duradouros entre a

organização e os seus stakeholders, por meio de

processos estruturados de diálogo.

Com a Responsabilidade Social, a atividade de comunicação nas

organizações passa a ser exercida com foco na transparência. Em resumo, a

aplicabilidade correta dos argumentos e das atitudes do profissional de

comunicação desenvolve uma melhor interação entre os stakeholders e busca

o equilíbrio entre a imagem e reputação. (PAIVA, 2008).

Diferentes entre si, a imagem é uma referência projetada e administrada

pela empresa e deve ser fortemente mediada pela comunicação. Enquanto a

reputação é a resultante de um processo que tem por base os valores e a

identidade da empresa, refletidos sobre a forma como ela se relaciona com o

meio ambiente e como trata seus stakeholders.

Portanto, as empresas devem se ocupar não só da construção da imagem,

mas cuidar principalmente da sua reputação. E desta forma, uma das melhores

estratégias é a utilização de estratégias de comunicação. (PAIVA,2008)

Page 73: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

72

METODOLOGIA

Este trabalho busca sustentação na pesquisa bibliográfica, já que se

encontra na questão de se levantar um estudo que se propõe a analisar e

buscar soluções a um determinado problema, baseando-se em fontes de dados

coletados por diversos autores secundários. (Marconi e Lakatos, 2001).

Segundo Marconi e Lakatos (2001, p. 43) “Toda pesquisa implica o

levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos

ou técnicas empregados.” Afirmam ainda que “... os dois processos pelos quais

se podem obter os dados são a documentação direta ou indireta.”.

De acordo com o perfil da pesquisa deste trabalho, e baseando-se na

afirmação acima, o processo mais aplicável é o da documentação direta. Ainda,

segundo Marconi e Lakatos, (2001, p. 43) a Documentação direta constitui “...

no levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem. Esses

dados podem ser conseguidos de duas maneiras: através da pesquisa de

campo ou da pesquisa de laboratório.”.

(BASTOS e KELLER, 2000 P. 55) Afirmam que a pesquisa de campo:

[...] visa dirimir dúvidas, ou obter informações e conhecimentos a respeito de problemas para as quais se procura resposta ou busca de confirmação para hipóteses levantadas e, finalmente, a descoberta de relações entre fenômenos ou os próprios fatos novos e suas respectivas explicações.

A pesquisa de campo também pode ser chamada de estudo de campo como

afirma GIL (2002 p. 52). Para o autor o estudo de campo:

[...] focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer atividade humana. A pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo.

De acordo com os autores acima, os processos se utilizam de técnicas

de observação direta intensiva e extensiva, isto é, direta por tratar de

observação e entrevista aliada às ferramentas extensivas como questionários,

formulários ou medidas de opinião. (Marconi e Lakatos, 2001).

Page 74: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

73

Baseado nisso, a presente pesquisa de campo se deu através de um

estudo na Universidade Tuiuti do Paraná, situada em Curitiba, capital do

Estado do Paraná. A pesquisa se deu em dois momentos. O primeiro se

apresenta como uma entrevista com dois responsáveis pela gestão da

instituição. O professor Afonso Celso Rangel Santos, Pró Reitor de

Planejamento e Avaliação e a professora Ana Margarida de Leão Taborda, Pró

Reitora de Promoção Humana. O objetivo era descobrir a percepção da

Responsabilidade Social por parte dos responsáveis pelas ações da Instituição

e comparar com o resultado obtido pela pesquisa com os alunos e funcionários.

A delimitação da amostra se deu através do levantamento do número de

alunos e funcionários da universidade, considerado o público interno. A

amostra é composta por 100 (cem) alunos e 70(setenta) funcionários, entre

professores e contratados, sem delimitação de sexo, idade ou posição social.

Como a pesquisa objetiva descobrir o conhecimento das ações de

Responsabilidade Social da universidade, a amostra não inclui os alunos dos

cursos de saúde e do curso de direito, pois estes cursos possuem em sua

grade curricular, os estágios obrigatórios, (clinicas escolas e núcleo de práticas

jurídicas), e por atuarem junto à comunidade, freqüentemente são percebidos

como praticas sociais.

Com o intuito de se buscar respostas claras e objetivas, optou-se pela

utilização de dois questionários como instrumento de coleta de dados da

referente pesquisa (anexo 1 e anexo 2). O instrumento foi elaborado com dez

perguntas de itens fechados (sim ou não), qualificando-a como pesquisa mista,

pois observa a amostra de forma quantitativa e qualitativa6 em ambas as

aplicações; fossem estas na entrevista com os gestores ou na entrevista com

os alunos e funcionários. O questionário aplicado com os alunos e funcionários

apresentava um espaço para a complementação de respostas abertas,

permitindo identificar nomes de projetos e meios de comunicação.

6 A pesquisa quantitativa utiliza técnicas de coleta, tratamento e análise de dados marcadamente quantitativos, com uso de medidas e procedimentos estatísticos, enquanto a pesquisa qualitativa procura dar respostas aos aspectos da realidade que não podem ser quantificados. (Marconi e Lakatos, 2001).

Page 75: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

74

Para a correta execução deste trabalho foram utilizadas pesquisas

bibliográficas, com uso de livros, artigos, periódicos e toda e qualquer fonte de

dados. O intuito foi identificar os conceitos de Responsabilidade Social,

comunicação e instituições de ensino superior e avaliar a importância da

comunicação integrada na divulgação das ações, projetos e programas da

Universidade Tuiuti do Paraná e no relacionamento destas ações com os

públicos interno e externo da universidade.

Após a devida aplicação do questionário e coleta dos dados obtidos,

realizou-se um agrupamento dos mesmos para sua organização. Com isso, foi

possível a criação de uma tabulação dos dados através de dois gráficos. O

primeiro gráfico (barras) apresenta o número total de respostas obtidas pelo

número de questionários aplicados. O segundo gráfico (pizza) apresenta este

mesmo número em valores percentuais.

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3.3.1 Entrevista

Segue abaixo um resumo dos pontos principais da entrevista cedida

pelos professores Afonso Celso Rangel Santos, Pró Reitor de Planejamento e

Avaliação e a professora Ana Margarida de Leão Taborda, Pró Reitora de

Promoção Humana.

De acordo com o professor Celso Rangel, as clínicas escolas, núcleos

jurídicos e demais ações sociais da Universidade Tuiuti podem e devem ser

consideradas como Responsabilidade Social, pois indicam uma forte

preocupação com a comunidade. Certo que este papel deveria ser do Estado,

o professor afirma veemente que nem sempre os autores, apontando inclusive

os conceitos apresentados nesta pesquisa, estão certos em separar o que é

Responsabilidade Social, e o que não é.

Rangel questiona:

“Não é Responsabilidade Social porque não temos registro ou por que você precisa fazer aquela ação (no caso da obrigatoriedade das clinicas)?” “Isso virou mais um bordão do que uma corrente

Page 76: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

75

ideológica: Se não for assim não é Responsabilidade Social?. Ah, para com isso! Num país onde as diferenças sociais são tremendas, qualquer coisa que você fizer para diminuir a diferença, é alguma coisa absolutamente responsável e social”

O professor acredita que a Tuiuti tem feito um grande trabalho social,

dentro e fora da instituição e que essa atitude já existia antes mesmo do tema

Responsabilidade Social virar palavra da “moda”. A professora Ana Margarida

Taborda já foi mais pontual, respondendo as questões propostas e explicando

cada uma delas na visão da reitoria de promoção humana.

Para a professora, a Tuiuti sempre teve a intenção de se tornar uma

empresa responsável, socialmente e ambientalmente, por isso foi criada a

reitoria da promoção humana. A professora afirma que a grande questão era

como instituir isso aos alunos e professores, de forma que eles pudessem

contribuir e se conscientizar desta atitude humana. A resposta veio em forma

de uma disciplina obrigatória em todos os cursos, chamada Estudos e Projetos

Interdisciplinares. Esta disciplina pode ofertar aos alunos e professores o

tempo que não existia antes para a prática e para o fomento da cidadania e da

Responsabilidade Social.

Entre os primeiros projetos oriundos desta disciplina estava o Fórum

permanente da Agenda 21, que se tornou o carro chefe das ações da Tuiuti,

por se tratar da primeira agenda 21 de uma universidade, em todo o país. Fora

da disciplina as ações apresentadas foram: Coral, Creche, Reciclagem de lixo,

Bolsas de estudo, além das ações dos cursos de saúde.

Baseando-se nas afirmações acima e pelo estudo dos autores, é

possível comentar alguns pontos. Se uma das ações da instituição foi inserir,

obrigatoriamente, uma disciplina que, de acordo com a própria professora, é

passível de reprovação, onde se encontra um dos princípios básicos da

Responsabilidade Social, o voluntariado. No quesito comunicação, é possível

debater que, se a disciplina de Estudos e Projetos Interdisciplinares veio como

resposta para a promoção humana na Tuiuti, e se encontra em todos os

cursos, porque os alunos não apresentaram este mesmo entendimento,

chegando a não citar em momento algum a disciplina?

Cabe uma releitura da percepção institucional perante os resultados que

se apresentam nesta pesquisa. A comparação com as perguntas do

Page 77: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

76

questionário será feita em cada analise dos gráficos. Sendo assim, baseado

nos dados colhidos chegou-se aos seguintes resultados:

Gráfico 1 - Questão 1

Analisando o gráfico um, observa-se que 86% dos pesquisados afirmam

saber o significado de Responsabilidade Social e apenas 14% respondeu que

não tem conhecimento do que se trata a RS.

Esta pergunta esta intimamente ligada com as questões 2 e 3, pois

dependendo das respostas obtidas, é possível entender se os entrevistados

que disseram sim à pesquisa, conhecem de fato o real significado da RS.

Page 78: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

77

Gráfico 2 - Questão 2

A questão dois apresenta um percentual de 68% de entrevistados que

consideram as ações de doação de alimentos, roupas e brinquedos como

Responsabilidade Social, e o percentual de 32% que não consideram.

Baseado nos autores apresentados neste trabalho, é correto afirmar que

ações de doação pretendem sanar uma necessidade imediata de uma

comunidade ou individuo, e está diretamente ligada com a caridade. Qualquer

doação, quando não acompanhada de planejamento e de um compromisso de

transformação por parte de quem doa, não pode ser entendida como

Responsabilidade Social, e sim como ação assitencialista.

Page 79: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

78

Gráfico 3 - Questão 3

Neste gráfico é possivel observar o mal entendimento da maioria dos

alunos e colaboradores da universidade Tuiuti. Este engano é muito comum em

várias instituições de ensino superior do Brasil. Quando algum curso tem por

obrigação a institucionalização de uma atividade na comunidade, com fins

principalmente didáticos e, consequentemente, de transfomação social e

focada no aprendizado prático de seus alunos; esta ação não é

responsabiliadade social.

De fato ela é uma ação social, como afirma o Pró Reitor, professor

Afonso Celso Rangel Santos, pois diminui as diferenças sociais e supre uma

necessidade da sociedade, mas não atende alguns critérios básicos da RS:

Planejamento, transformação e compromisso. Desta forma é plausivel que 77%

dos entrevistados tenham marcado sim e 23% tenham marcado não, nesta

pergunta.

Outro fator interessante encontrado durante a pesquisa, foi que alguns

alunos apontaram que não consideram as clínicas como RS devido à cobrança,

de carga horária ou de valores. Com base nos resultados dos gráficos 2 e 3, e

Page 80: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

79

analisando o gráfico 1, pode-se afirmar que a maioria dos entrevistados, não

conhece realmente o significado de Responsabilidade Social.

Gráfico 4 - Questão 4

Novamente existe uma ligação entre as questões. A pergunta quatro

tende a descobrir diretamente se os entrevistados tem algum conhecimento

das ações da Universidade. Comparando as respostas obtidas com os dados

dos gráficos 5 e 6, é possível apontar o real conhecimento das ações da Tuiuti.

No gráfico quatro, 64% dos entrevistados disseram que não tem

conhecimento das ações de Responsabilidade Social da Tuiuti e 36%

afirmaram conhecer.

Page 81: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

80

Gráfico 5 - Questão 5

A análise deste gráfico aponta para uma realidade interessante.

Independente de que os entrevistados não precisem necessariamente

conhecer o numero total de ações de Responsabilidade Social da Tuiuti, os

dados mostram que os mesmos tem muita pouca, ou quase nenhuma

informação sobre este assunto, visto que 99% das respostas foram negativas e

apenas 1% dos entrevistados afirmando que que conhecem todas as ações.

Page 82: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

81

Gráfico 6 - Questão 6

Quando questionados sobre os nomes dos projetos, 11% disseram

saber nomes específicos dos projetos. Neste índice, os dois nomes mais

lembrados foram “Rondon” e “Agenda 21”, seguidos por aqueles que

elencaram “clinica escola” como nome de projeto.

Aqui faz-se outra análise. Os dois nomes mais lebrados não são de

autoria da Universidade Tuiuti, e sim do primeiro setor, o governo. Esta

confusão é muito comum, devido à participação das Universidades em ambos

os projetos e é possivelmente explicada pela falta de divulgação e de

informações mais corretas sobre estes próprios projetos e da participação da

universidade.

O alto valor de entrevistados que não lembravam de nenhum nome,

89%, mostra que, na verdade, os resultados do gráfico quatro podem não

apresentar uma informação correta.

Page 83: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

82

Gráfico 7 - Questão 7

Na questão sete, a ligação encontra-se com a o índice de respostas

positivas da questão anterior. Para os 11% que responderam sim à pesquisa,

22% afirmou saber do que se tratava os projetos apontados. Dentre aqueles

que responderam a parte qualitativa da pesquisa, o assunto mais apontado foi

Saúde, sem muita distinção de que tema dentro da saúde, pois os

entrevistados se dividiam em vário tipos de atendimento. 78% dos

entrevistados responderam negativamente à esta questão.

Isso mostra que os cursos de saúde são os que mais se engajam em

projetos e programas de Responsabilidade Social, ou pelo menos é a

percepção dos alunos dos outros cursos.

Page 84: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

83

Gráfico 8 - Questão 8

Outro dado interessante. 92% dos entrevistados afirmaram nunca terem

participado de nenhuma das ações de Responsabilidade Social da Tuiuti. Mas

de acordo com a Professora Ama Margarida Taborda, todos os alunos

participam ou já participaram, através da disciplina de Estudos e Projetos

Interdisciplinares, que faz parte de cada curso da instituição. Isso mostra que

há uma falha acentuada de comunicação no que diz respeito ao entendimento

dos acadêmicos sobre as ações da Universidade.

Ao analisar a resposta dos funcionários, mesmo que somados aos 92%,

o gráfico mostra que existe a mesma falta de comunicação, inclusive

observando a questão de captação de funcionários para os projetos

institucionais de RS.

Dentre os 14% que responderam sim, os projetos mais citados foram o

Coral e a Agenda 21.

Page 85: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

84

Gráfico 9 - Questão 9

A questão nove pretendia descobrir se os resultados alcançados pelas

ações praticadas pela Tuiuti tiveram alguma divulgação.

3% afirmaram terem conhecimento dos resultados alcançados por estes

projetos, mas infelizmente, nenhum soube dizer qual era. E novamente um

valor percentual muito alto de entrevistados que responderam que não tem

conhecimento dos resultados, 97%.

Como apontado antes, a comunicação da RS pode contribuir para a

manutenção da imagem de uma instituição. Desta forma, divulgar os resultados

positivos alcançados por um projeto, alem de icentivar a continuidade do

projeto, tende a captar novos voluntários. Afinal, faz parte da Responsabilidade

Social planejar onde se quer chegar e quanto se quer transformar.

Page 86: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

85

Gráfico 10 - Questão 10

Na ultima questão, dentre os entrevistados, 28% afirmaram que

encontraram divulgação das ações da Universidade Tuiuti em algum meio de

comunicação. Quando questionados em qual meio de comunicação, a grande

maioria apontou terem visto no site institucional e em cartazes pendurados nos

murais da sede.

Mas 72% de entrevistados, não conseguiram lembrar de nenhuma mídia

ou local específico onde possam ter visto algo sobre as ações de RS da Tuiuti.

Esta questão não pretende mostrar que, obrigatoriamente, a

Responsabilidade Social deva ser divulgada como forma de marketing, mas

sim lembrar a importância dos funcionários e alunos terem conhecimento do

que a instituição esta fazendo.

Page 87: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

86

CONCLUSÃO

Na relação que envolve a Responsabilidade Social, a comunicação e

instituições de ensino superior, Calderon (2005) aponta a tendência de se

destacar à Responsabilidade Social no mercado através de estratégias de

marketing.

Com a concorrência entre as IES, na busca por uma imagem responsável,

objetivando inclusive novos alunos, é cada vez mais comum a utilização de

ferramentas de comunicação. Entre os pontos principais destacam-se a prática

de divulgar o balanço social, desenvolver propagandas na grande mídia e em

sites, com foco em atividades sociais, divulgar promoções em vestibulares e

publicar notícias de ações sociais em jornais e revistas especializadas.

A Responsabilidade Social é um conceito ainda muito novo e

conseqüentemente mal compreendido, principalmente pelas Instituições de

Ensino Superior. A partir da adoção crescente de práticas sociais pelas IES, é

possível enxergar que forma como as mesmas estão solidificando estas

praticas, comportamentos e definições sobre o assunto nem sempre são

corretas.

Conforme divulgado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de

Ensino Superior – ABMES, na publicação Responsabilidade Social, nº 2, ano 2,

muitas IES brasileiras, em sua grande maioria, atuam em projetos

assistencialistas, e as divulgam como Responsabilidade Social, não se

preocupando com a questão do compromisso e transformação da

sustentabilidade social do projeto. Não se pode negar a importância dessas

ações, principalmente no cenário de carência social que atualmente encontra-

se o país, mas ainda assim, de acordo com os autores citados, é uma

divulgação incorreta.

Pelo embasamento teórico aqui apresentado, fica clara a diferença entre

Responsabilidade Social e a pura ação social. Percebeu-se que o conceito de

Responsabilidade Social é mais abrangente e complexo do que a pura atuação

na comunidade e para a comunidade. A efetiva Responsabilidade Social deve

estar enraizada nos valores da organização.

Page 88: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

87

Da mesma forma, vários autores apontaram que a comunicação é parte

fundamental na gestão da Responsabilidade Social, pois mantém saudável o

relacionamento entre instituição e seus públicos.

Pelos resultados obtidos na pesquisa, é possível afirmar que a

comunicação é imprescindível no processo de gestão da Responsabilidade

Social. Pode-se afirmar que há uma lacuna entre o que se faz e o que se

percebe, quando colaboradores (funcionários e professores) e clientes (alunos)

não reconhecem, não identificam a primeira vista os projetos ou não os

relacionam corretamente como ações da própria instituição.

Desta forma, é correto afirmar que a comunicação integrada é necessária

para dialogar ou informar corretamente os stakeholders dos projetos sociais, do

que se tratam estes projetos e até mesmo para corrigir erros de informação e

conhecimento sobre a própria instituição.

Mesmo que o processo de planejamento da comunicação de RS não seja

parte da gestão institucional, há que se considerar, porém, que quanto mais

estratégica, mais eficiente a divulgação tende a ser.

A idéia principal em planejar a comunicação das ações de RS não é

apenas em divulgar fortemente os nomes dos projetos e programas, ou de

estabelecer estratégias de comunicação inovadoras, mas sim de equilibrar o

espaço entre o que os gestores e responsáveis pelas ações acreditam ser

Responsabilidade Social, e o que os demais públicos estão visualizando. E

este projeto mostra claramente que a comunicação integrada pode ser a chave

para este equilíbrio.

Conclui-se que este trabalho alcançou os objetivos principais:

1) Apresentou as ações da Universidade Tuiuti, elencadas na

entrevista realizada com os professores Afonso Celso Rangel

Santos e Ana Margarida de Leão Taborda.

2) Definiu os principais conceitos de RS e comunicação Integrada,

através do embasamento teórico

Page 89: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

88

3) Comparou a percepção dos gestores da instituição com a

percepção dos seus diversos públicos, descobrindo que a gestão

da comunicação da Responsabilidade Social da Universidade

Tuiuti, é ineficaz, de acordo com os dados obtidos pela pesquisa.

A análise dos resultados aqui apresentados pode servir de estímulo para

que a gestão da Universidade Tuiuti, e de outras Instituições de Ensino

Superior que atuem ou queiram atuar na área social, possam refletir e buscar a

melhor forma de comunicar a sua Responsabilidade Social.

Page 90: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

89

RECOMENDAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa não busca elencar soluções para melhorar a comunicação

das ações de RS da Universidade Tuiuti, pois seu objetivo principal era o de

diagnosticar e comparar, mas pela experiência adquirida neste trabalho, é

possível apresentar duas sugestões como recomendações finais.

A primeira recomendação é a conscientização de todos os stakeholders

da instituição, do significado completo de Responsabilidade Social, para que

não haja mais lacunas de percepção.

Esta conscientização deve ser trabalhada em dois momentos: o primeiro

seria trabalhar os conceitos definidos pelo instituto Ethos e utilizar as

ferramentas oferecidas pelo próprio site, para avaliar a Responsabilidade

Social da Universidade.

O segundo momento se apresenta no desenvolvimento de um

planejamento pontual de comunicação integrada, com ênfase nas ferramentas

de endomarketing (público interno) e marketing social (público externo).

Como um projeto de comunicação integrada envolve aspectos de uma

nova pesquisa mais abrangente, da analise completa da gestão institucional,

da coleta de todas as informações referentes aos programas e projetos e

principalmente de tempo hábil; não cabe a este trabalho apresentar um plano

especifico e delimitado. Cabe sim aos gestores e responsáveis pela

Responsabilidade Social trabalhem em conjunto com o departamento de

comunicação institucional para auxiliar no desenvolvimento e criação deste

plano.

Page 91: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

90

REFERÊNCIAS

Akatu e Ethos divulgam pesquisa sobre cidadão consumidor e RSE. Disponível em http://www.avozdocidadao.com.br/detailAgendaCidadania.asp?ID=1050.html. Acesso em: 11, mai. 2008.

ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

AMARAL, C. A história da Comunicação Empresarial no Brasil. São Paulo, 1999.

ASHLEY, P. A. et al. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.

BASTOS, C., KELLER, V. Aprendendo a aprender - Introdução à Metodologia Cientifica. Vozes. Rio de Janeiro, 2000.

BECKER, E. Linguagem, Corrupção e liberdade em Rousseau. São Paulo, Artigo disponível em http://www.unicamp.br/~jmarques/gip/AnaisColoquio2005/cd-pag-texto-26.htm. Acesso em 16 jun, 2008.

BELTRAMI, A. Comunicação constrói? Noções de comunicação social e educação. São Paulo: Shalom, 1976.

BERLO, D. K. O Processo da Comunicação. Introdução à teoria e a prática, 8ª ed., Martins Fontes: São Paulo. 1997.

BORDENAVE, J.E.D. O que é Comunicação. Nova cultural Brasiliense. Coleção Primeiros Passos. São Paulo. 1986.

BOWEN, H. R. Responsabilidades Sociais do Homem de Negócios. Rio de Janeiro: Editora. Civilização Brasileira, 1957.

BUENO, W.C. Comunicação Empresarial. Teoria e pesquisa. São Paulo: Manole, 2003

CAHEN, R. Comunicação Empresarial. A imagem como patrimônio da empresa e ferramenta de marketing. Tudo que seus gurus não lhe contaram sobre comunicação empresarial. São Paulo: Best Seller, 1990.

CALDERON, A. I. Responsabilidade Social: Desafios à gestão universitária. Estudos: Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior / Associação Brasileira de Mantenedora de Ensino superior. Ano 23, n. 34. Abril: Brasília, 2005.

Page 92: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

91

CLOUTIER, J. A era de EMEREC. Lisboa: Ministério da Educação e Investigação Científica - Instituto de tecnologia Educativa, 1975.

DA SILVA FILHO, J. T., De Ebla na Mesopotâmia - À virtualidade: uma trajetória para a preservação da imagem do mundo. Apresentado no VI Ciclo de Estudos em Ciência da Informação/CECI. Rio de Janeiro, 1998. Disponível em: http://www.forum.ufrj.br/biblioteca/escrita.html acesso em 15 jul. 2008.

DAFT, R. L. Administração. 6. ed. São Paulo: Thomson, 2005.

DORIA, F. A.; DORIA, P. Comunicação. Dos fundamentos à internet. Rio de Janeiro: Revan, 1999.

DUARTE, G. D.; DIAS, J. M. Responsabilidade Social: a empresa hoje. Rio de Janeiro: LTC, 1985.

DURHAM, E. A Responsabilidade Social das Instituições de Ensino Superior. Estudos: Revista da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior / Associação Brasileira de Mantenedora de Ensino superior. Ano 23, n. 34. Abril: Brasília, 2005.

FIÚZA, M. S. S.; KILIMNIK, Z.M. indicadores de mensuração da qualidade de comunicação. Estudo de caso em instituição de ensino superior. Revista administração on line, v. 5. N. 2, 2004. Disponível em: http://www.fecap.br/adm_online/art0502/art5021.pdf. Acesso em: 20 jun. 2008.

GIL. A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. Atlas.São Paulo, 2002

GIOVANNINI, G. Evolução na Comunicação. Do Sílex ao Silício. 3 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

HELDMAN, K. Gerência de Projetos: Guia para o exame oficial do PMI. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

IPANEMA, M. História da Comunicação. Brasília: Universidade de Brasília, 1967.

KOTLER, P. Princípios de Marketing. Rio de Janeiro: LTC, 1998.

KRAEMER, M. E. P. Responsabilidade Social: uma alavanca para a sustentabilidade. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/gestao/sustentabilidade.doc>. Acesso em 25 mai, 2008.

KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Summus, 2003.

MARCONI, M. A., LAKATOS, E. M. Metodologia do Trabalho Cientifico. Atlas. São Paulo, 2001.

Page 93: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

92

MARTINS, A. C. P. Ensino superior no Brasil: da descoberta aos dias atuais. Acta Cir. Bras., 2002, vol.17 suppl.3, p.04-06. ISSN 0102-8650. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/acb/v17s3/15255.pdf. Acesso em 31 out, 2008.

MELO NETO, F. P.; FROES, C. Responsabilidade Social e cidadania corporativa: O Caso Brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

MOREIRA, M. A. L. Mini-curso S/A 8000. Disponível em http://www.qualitas.eng.br/qualitas_minicurso_sa8000.html. Acesso em: 11, mai. 2008.

OLIVEIRA, A. L. SA 8000: O Modelo ISSO-9000 Aplicado à Responsabilidade. Social. Rio de Janeiro: Qualitymark. 2002.

PAIVA, C. A comunicação nas empresas socialmente responsáveis. Aberje. São Paulo, 2008. Seção Artigos. Disponível em: http://www.aberje.com.br/novo/acoes_artigos_mais.asp?id=170. Acesso em: 01 nov, 2008.

PAIVA, C. O papel da comunicação no processo de Responsabilidade Social empresarial. Cefet. São Paulo, 2008 Disponível em http://www.cefetpr.br/deptos/dacex/artigos.htm#3. Acesso em 21 jul. 2008

PEREZ, C.; BAIRON, S. Comunicação & Marketing. Teorias da Comunicação e novas mídias – Um estudo prático.São Paulo: Futura, 2002.

PESQUISA CONSUMIDOR QUER EMPRESAS RESPONSAVEIS. Disponível emhttp://www.aceguarulhos.com.br/content.php?m=20070906173312&m1=tonocchi. Acesso em 11, mai. 2008.

PRINGLE, H.; THOMPSON, M. Marketing Social. São Paulo: Makron Books, 2000.

REGO, F. G. T. Comunicação empresarial/comunicação institucional.Conceitos, estratégias, sistemas, estrutura, planejamentos e técnicas. São Paulo: Summus, 1986.

RIBEIRO, M. de L., LISBOA, L. P. Balanço Social. Revista Brasileira de Contabilidade – Ano XXVIII – n.º 115, Janeiro/Fevereiro de 1999.

RODRIGUES, A. I. Alguns contributos para uma reflexão sobre o estudo do turismo e da comunicação. Escola superior de tecnologia e gestão-Instituto Politécnico de Beja - área científica de turismo. Artigo de comunicação apresentado no VIII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional, Vila Real 29/06-01/07/2001. Disponível em http://pubol.ipbeja.pt/Artigos/ArtigoPolit%E9cnico.pdf. Acesso em 21 jul. 2008.

Page 94: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

93

SÁ, A. et al. Fundamentos Científicos da Comunicação. 3 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1978.

SILVA, C. N. Serviço Social, caridade e política de assistência social. Praia Vermelha. nº.12., PPGSS, Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.ess.ufrj.br/download/revistapv_12.pdf#page=202. Acesso em 18 mai, 2008.

SILVA, R. M. A. Comunicação e Responsabilidade Social. Aberje. São Paulo, 2008. Seção Artigos. Disponível em: http://www.aberje.com.br/novo/acoes_artigos_mais.asp?id=103. Acesso em: 01 nov, 2008.

SORATTO A. N. et al. Sistemas de gestão da Responsabilidade Social:desafios para a certificação NBR 16001. XXVI ENEGEP, 8 p. – Fortaleza, 2006. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/producaointelectual/obras_intelectuais/195_obraIntelectual.pdf. Acesso em: 25 mai, 2008.

SOUZA, A. C. C. Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável: A incorporação dos conceitos à Estratégia Empresarial. Rio de Janeiro, 2006 230 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Planejamento Energético), UFRJ, 2006. Disponível em: http://www.ppe.ufrj.br/ppe/production/tesis/sousacc.pdf. Acesso em 18 mai, 2008.

TENÓRIO, G. F. et al. Responsabilidade Social empresarial: teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

THAYER, L. Comunicação. Fundamentos e sistemas. São Paulo: Atlas, 1979.

TOLDO, M. Responsabilidade Social Empresarial. Prêmio Ethos Valor. Responsabilidade Social das empresas: a contribuição das universidades. São Paulo: Peirópolis, 2002. Disponível em www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/responsabilidade_micro_empresas_passo.pdf. Acesso em 12 mai. 2008.

WAY, H. O Processo de Relações Públicas, 2ª ed., S. Paulo, Summus, 1986.

ZARPELON, M. I. Gestão e Responsabilidade Social: NBR 16.001/AS 8.000: Implantação e prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.

_____www.ethos.org.br

_____www.uniethos.org.br/_Uniethos/Documents/criterios_essenciais_web.pdf 20 jul. 2008.

Page 95: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

94

ANEXO 1

QUESTIONÁRIO “A Comunicação da Responsabilidade Social em Instituições de Ensino Superior de

Curitiba.” Nome: ____________________________________Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade:____________Cargo/Aluno:__________________________________________

1. Você sabe o que significa Responsabilidade Social? ( ) Sim ( ) Não

2. Você considera doações de alimentos, roupas e brinquedos como ações de Responsabilidade Social ( ) Sim ( ) Não

3. Você considera os atendimentos oferecidos pelas clinicas escolas, empresas juniores e práticas jurídicas como Responsabilidade Social? ( ) Sim ( ) Não

4. Você tem conhecimento das ações de Responsabilidade Social da Tuiuti? ( ) Sim ( ) Não

5. Você sabe dizer quantos programas e projetos a Tuiuti têm? ( ) Sim ( ) Não

6. Você sabe o nome de todos os projetos? Se sim, cite dois: ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

7. Você sabe do que se tratam estes projetos? ( ) Sim ( ) Não ____________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

8. Você já participou de algum deles? Qual? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

9. Tem conhecimento dos resultados alcançados por estes projetos? Se sim, qual foi? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

10. Você já viu alguma divulgação de marketing sobre os projetos de Responsabilidade Social da Tuiuti? Se sim, onde? ( ) Sim ( ) Não ______________________________________________________________ ______________________________________________________________

Muito obrigado pela sua atenção!

Page 96: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

95

ANEXO 2

ENTREVISTA “ A Comunicação da Responsabilidade Social em Instituições de Ensino Superior de Curitiba.” Leonardo Vieira da Rocha Orientação: Prof. Rosilene Lehmkuhl

Stakeholder: _________________________________Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: _____ Cargo: __________________________________________________

1. O que significa Responsabilidade Social no seu entendimento?

2. Campanhas como doações de alimentos, roupas e brinquedos praticadas pela Universidade Tuiuti são ações de Responsabilidade Social? Por quê?

3. Os atendimentos oferecidos pelas clinicas escolas, empresas juniores e práticas jurídicas da Universidade Tuiuti são ações de Responsabilidade Social? Por quê?

4. Quais são as ações (programas e projetos) de Responsabilidade Social da Tuiuti?

5. Do que se trata cada projeto?

6. Quais foram os resultados alcançados pelos projetos?

7. A Tuiuti considera os atendimentos oferecidos pelas clinicas escolas, empresas juniores e práticas jurídicas como Responsabilidade Social?

8. Existe um planejamento para estas ações?

9. Existe uma estratégia de comunicação para a divulgação e promoção desses projetos?

10. Qual é o índice de participação dos stakeholders nos projetos e programas de Responsabilidade Social?

Page 97: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

96

ANEXO 3

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��� ����

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� �� ��� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ��

�� � � � � � � � � �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� �� ���

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � � � � � �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ��� ��

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ���

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� � ��� ���

�� � � � � � � ���� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ����� ���

�� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

���

��

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ��

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ��� ���

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� � ���

� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ����� ��

�� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

���

��

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ��

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ��� ���

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ��

Page 98: A COMUNICAÇÃO NA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/08/comunicacao-gestao... · Social como valor agregado do projeto político pedagógico

97

� � � � ������� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ���

�� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

���

��

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ��

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� ���

�� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� ��� ��

�� � � � � �� � � �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � � �� �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ��

� � � � � �� �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� �� �� ���

� � � � � �� �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ��

�� � � � � ������ � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ��� �� �� ���

�� � � � ��� �� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ����� ���

�� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � �� �

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

��

���

��

�� � � � � � � � � � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

�� � � � � � � � � � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� � ��

�� � � � � � � � � � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� � ��

�� � � � � � � � � � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

�� � � � � ������ �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ���

�� � � � � �� � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

� � � � � � � � � � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �

� � � � � �� � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��

�� � � � � ������ �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ���

�� � � � � � � � � � � �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ���� ��

�� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� �� ��