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Joana da Mota Amorim A DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO E O USO DE SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra com vista à obtenção do grau de mestre em Biocinética. Orientador: Professor Doutor Carlos Fontes Ribeiro Coimbra, 2017

A DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO E O USO DE ... - … Amorim... · exercício físico e o uso de suplementação nutricional nos utentes de ginásios e health clubs da cidade

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Joana da Mota Amorim

A DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO E O USO DE

SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL

Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Ciências do Desporto e

Educação Física da Universidade de Coimbra

com vista à obtenção do grau de mestre em

Biocinética.

Orientador: Professor Doutor Carlos Fontes

Ribeiro

Coimbra, 2017

Amorim, J (2017). A dependência ao exercício físico e o uso de suplementação nutricional.

Dissertação de Mestrado para a obtenção do grau de Mestre em Biocinética. Faculdade de

Ciências do Desporto e Educação Física - Universidade de Coimbra. Coimbra, Portugal.

“Sometimes I've believed as many as six

impossible things before breakfast.”

White Queen, Through the Looking-Glass,

and What Alice Found There (1871)

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela paciência, pelo amor e, principalmente, por me relembrarem todos

os dias que tudo é possível se não desistirmos. Sem vocês e o vosso esforço imensurável, todo

o meu percurso académico nunca passaria de uma utopia.

À minha irmã, pelo tough love, pelo exemplo que sempre foi na minha vida e por me

ter mostrado um mundo em que é possível acreditar em coisas impossíveis.

Ao Jota, por que sem ele tudo isto era para lá de impossível.

Ao professor Doutor Fontes Ribeiro, na qualidade de orientador, pelo apoio prestado

na elaboração desta dissertação.

Aos estabelecimentos que me autorizaram a aplicar os questionários, cuja colaboração

foi imprescindível para a existência deste estudo. À Secção de Cultura Física da Associação

Académica de Coimbra, ao ginásio Faculdades do Corpo e aos health clubs Phive, um muito

obrigado!

A todos os participantes deste estudo, um grande bem-haja pela vossa envolvência e

disponibilidade para me ajudarem a realizar este estudo.

A todos, da forma mais sincera, obrigada!

I

LISTA DE ABREVIATURAS

% …………………………………………………………………………………. Percentagem

ρ ………………………………………………………………………… Nível de significância

DSM-V ………………………… Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 1994

DSM-V ………………………… Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 2013

EDE-21 ……………………………………………….. Escala-21 de Dependência de Exercício

BCAA’s ………………………………………………….. Aminoácidos de Cadeia Ramificada

SPSS …………………………………………………… Statistical Package for Social Sciences

II

RESUMO

O exercício físico demonstrou-se ao longo dos anos como uma forma essencial de

manter a saúde física e psicológica. No entanto, o exercício físico pode surgir em contornos

menos saudáveis, demonstrando-se em alguns casos como uma adição comportamental. A

dependência ao exercício é categorizada em primária e secundária, sendo que a dependência ao

exercício primária ocorre quando o foco principal do sujeito é o exercício, ao revés da

secundária, em que o comportamento exacerbado surge como um meio para atingir outro

objectivo, muitas vezes relacionado com distúrbios alimentares. Face ao aumento do recurso a

suplementação nutricional procurada pelos praticantes de exercício, surgem dúvidas relativas à

sua eficácia e se a toma dos mesmos está relacionada com a dependência ao exercício. O foco

deste estudo prendeu-se na tentativa de verificar se existia relação entre a dependência ao

exercício físico e o uso de suplementação nutricional nos utentes de ginásios e health clubs da

cidade de Coimbra.

Neste estudo participaram 112 sujeitos, com idades entre 18 e 59 anos e que praticavam

exercício físico há, pelo menos, três meses. Foram utilizados dois questionários, sendo um sobre

suplementação nutricional e descrição da amostra, e a Escada de Dependência ao Exercício-21.

Verificou-se que o suplemento a que mais recorreram foi a proteína (57%) e o menos utilizado

os estimulantes energéticos (7%).

Demonstrou-se também uma relação significativa entre o uso de suplementação e a

existência de dependência ao exercício. No entanto, não se verificou que a idade, profissão e

habilitações literárias tivessem uma relação significativa com a prevalência da dependência ao

exercício e com o recurso a suplementação, sendo só apurada uma diferença significativa entre

género no uso de suplementação e na existência de dependência ao exercício, em que o género

masculino se mostrou mais propenso a estar em risco de dependência e como utilizador mais

frequente de suplementos.

Palavras-chave: dependência ao exercício, suplementação nutricional, EDE-21.

III

ABSTRACT

Physical exercise has been shown over the years as an essential way of maintaining

physical and psychological health. However, physical exercise may arise in less healthy

contours, demonstrating in some cases as a behavioral addition. Exercise dependence is

categorized into primary and secondary; primary dependence occurs when the major focus of

the subject is exercise itself, and secondary dependence is the opposite, in which exacerbated

behavior emerges as a way to achieve another goal, often related to eating disorders. In view of

the increased use of nutritional supplementation sought by exercise practitioners, doubts about

its efficacy arise and whether use of it is related to exercise dependence. The focus of this study

was to verify if there was a relationship between the dependence on physical exercise and the

use of nutritional supplementation in the users of gymnasiums and health clubs in the city of

Coimbra.

In this study participated 112 subjects, aged between 18 and 59 years, and practicing

physical exercise for at least three months. Two questionnaires were used, one on nutritional

supplementation and description of the sample, and the Exercise Dependence Scale-21. It was

found that the most favored supplement was protein (57%) and the least one was energy

enhancer (7%).

There was also a significant relationship between the use of supplementation and the

existence of exercise dependence. However, it was not verified that age, profession and literacy

had a significant relation with the prevalence of exercise dependence and with the use of

supplementation, and only a significant difference was found between gender in the use of

supplementation and in the existence of dependence on the exercise, in which the male gender

was more likely to be at risk of dependence and as a more frequent user of supplements.

Keywords: exercise dependence, nutritional supplementation, EDS-21.

IV

ÍNDICE GERAL

Agradecimentos ………………………………………………………………………………..I

Lista de Abreviaturas ……………………………………………………………………….....II

Resumo …………………………………………………………………………………….....III

Abstract ……………………………………………………………………………………....IV

Índice Geral …………………………………………………………………………………...V

Índice de Tabelas …………………………………………………………………………..VIII

INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………….1

CAPÍTULO I: REVISÃO DA LITERATURA……………………………………….……….2

1.1. Exercício Físico: Definição, Benefícios e Riscos……………………….……...…3

1.1.1. Definição……………………………………………………………...…3

1.1.2. Benefícios e riscos....………………………………………………….....3

1.2. Dependência ao Exercício…………………………………………………………4

1.2.1. Definição……………………………………………………………...…4

1.2.2. Diagnóstico……………………………….……………………………...5

1.2.3. Motivos………………………………….……………………………….6

1.2.4. Consequências………………………………………………...…………8

1.3. Suplementação e Exercício Físico………………………………………………....8

1.3.1. Suplementação…………………………………………………………...8

1.3.2. Suplementação e dependência ao exercício físico………………………10

CAPÍTULO II: OBJECTIVOS………………………………………………………………..11

2.1. Objetivo geral do estudo……………………………………….…………………12

2.2. Objetivos específicos do estudo……………………………….…………….……12

2.3. Formulação do problema…………………………………………………………13

2.4. Formulação de hipóteses………………………………………………………….13

CAPÍTULO III: METODOLOGIA…………………………………………………………...15

3.1. Descrição da amostra……………………………………………………………..16

3.2. Desenho do estudo………………………………………………………………..16

3.2.1. Escala de dependência ao exercício-21…………………………………17

3.2.2. Questionário de suplementação…………………………………………19

3.3. Tratamento estatístico dos dados…………………………………………………19

V

CAPÍTULO IV: RESULTADOS……………………………………………...……………...21

4.1. Variável “idade” ………………………………………………………………….22

4.2. Variável “género” ……………………………………………………………..…22

4.3. Variável “habilitações literárias” ……………………………………………...…22

4.4. Variável “profissão” …………………………………………………………..…22

4.5. Variável “curso” …………………………………………………………………23

4.6. Variável “suplementação” …………………………………………………….…23

4.7. Dependência ao exercício físico em função da idade………………………….…24

4.8. Dependência ao exercício físico em função do género……………………………24

4.9. Dependência ao exercício físico em função das habilitações literárias………..…25

4.10. Dependência ao exercício físico em função da profissão……………………..…25

4.11. Suplementação em função da idade……………………………………….……26

4.12. Suplementação em função do género…………………………………………...26

4.13. Suplementação em função das habilitações literárias………………………..….26

4.14. Suplementação em função da profissão……………………………………....…26

4.15. Dependência ao exercício físico e o uso de suplementação………………….…26

CAPÍTULO V: DISCUSSÃO……………………………………………………………...…28

CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES……………………………………………………………..30

CAPÍTULO VII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………..…32

ANEXO 1……………………………………………………………………………………..38

ANEXO 2……………………………………………………………………………………..40

ANEXO 3……………………………………………………………………………………..41

ANEXO 4…………………………………………………………………………………..…42

ANEXO 5…………………………………………………………………………………..…43

ANEXO 6…………………………………………………………………………….…….…45

ANEXO 7…………………………………………………………………………………..…46

ANEXO 8……………………………………………………………………………………..47

ANEXO 9……………………………………………………………………………………..48

ANEXO 10……………………………………………………………………………………49

ANEXO 11……………………………………………………………………………………50

ANEXO 12……………………………………………………………………………………51

VI

ANEXO 13……………………………………………………………………………………52

ANEXO 14……………………………………………………………………………………53

ANEXO 15……………………………………………………………………………………54

ANEXO 16……………………………………………………………………………………55

ANEXO 17……………………………………………………………………………………56

ANEXO 18……………………………………………………………………………………57

VII

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Associação entre as questões e os critérios aos quais fazem correspondência. …17

Tabela 2. Descrição das variáveis. ………………………………………………………....20

Tabela 3. Medidas de tendência central da variável “idade”. ……………………………...22

Tabela 4. Medidas de dispersão da variável “idade”. …………………………………...…22

Tabela 5. Descrição da variável “suplementação”. ………………………………………...23

Tabela 6. Descrição da variável “score categorizado”. …………………………………….24

Tabela 7. Descrição da média da variável “existência de dependência ao exercício físico”

em função da variável “género”……....……………………………………………………..25

VIII

INTRODUÇÃO

A saúde e o bem-estar são campos essenciais para uma maior qualidade de vida do ser

humano. Face à evolução da sociedade e da ciência, assistiu-se a uma maior relevância dada ao

papel do exercício físico no quotidiano, uma vez que a regularidade do mesmo é tida como um

dos pilares fundamentais da saúde e bem-estar do ser humano. Os efeitos benéficos do exercício

físico vão desde a saúde mental, promovendo melhorias na depressão; à saúde no foro social,

tendo em conta o carácter coletivo muito forte que o exercício físico comporta; bem como à

saúde física, cujos imensos benefícios estão largamente comprovados pela comunidade

científica.

Os motivos que levam alguém a exercitar-se podem ir desde a procura pela melhoria da

condição física, a imagem corporal pretendida, mitigar e solucionar certos problemas de saúde

ou apenas pela prática de um desporto. O avanço na informação permitiu que o exercício

chegasse agora a um patamar de quase “obrigatoriedade” na vida de cada indivíduo, tendo-se

tornado uma atividade a que muitos recorrem como um evento social. O culto do saudável e da

forma física pode obter contornos menos desejados, em que os seus praticantes têm

comportamentos exacerbados face ao exercício. Surge assim o limiar entre o que é o exercício

físico saudável e prejudicial, em que a prática desportiva se torna excessiva, com efeitos

adversos a nível físico, mental e social. Os indivíduos que vivem o exercício de forma intensa

e desmedida deparam-se com bastantes consequências negativas, seja por lesão músculo-

esquelética, seja pelo deterioramento da vida socio-afetiva. O termo dependência ao exercício

surge para tentar compreender esta problemática e solucioná-la.

Paralelamente a este fenómeno, observa-se um aumento do recurso à suplementação

nutricional, publicitada como um meio para obter resultados instantâneos, cujos benefícios e

riscos são ainda um tópico que a literatura científica não abordou profundamente, o que dificulta

o discernimento face à suplementação e a informação disponível. O acesso à suplementação é

simples, uma vez que se tem assistido a um aumento exponencial deste mercado, surgindo cada

vez mais estabelecimentos físicos e online que disponibilizam estes produtos e permitem a fácil

obtenção dos mesmos.

Existe uma lacuna extensiva na literatura sobre a relação entre a dependência ao

exercício físico e esta nova tendência na forma como a nutrição desportiva é feita. O presente

estudo surge na tentativa de compreender a relação entre os dois fenómenos.

1

CAPÍTULO I:

REVISÃO DA LITERATURA

2

1.1. EXERCÍCIO FÍSICO: DEFINIÇÃO, BENEFÍCIOS E RISCOS.

1.1.1. DEFINIÇÃO

Ao longo dos anos, os termos exercício físico e atividade física foram vulgarmente

associados e tidos como sinónimos. No entanto, podemos considerar atividade física como um

todo e exercício físico como um ramo do mesmo (Nieman, 2011). O Colégio Americano de

Medicina Desportiva entende atividade física como qualquer movimento produzido por

contrações musculares que levem a um aumento do dispêndio calórico, enquanto que exercício

físico é a construção planeada, estruturada e de forma repetitiva de vários movimentos corporais

(ACSM, 2013). O exercício físico assume desde uma vertente de lazer até à alta competição,

tendo sempre em comum componentes como a intensidade, duração e frequência do mesmo.

Um bom equilíbrio entre estes componentes possibilita melhorias na saúde e performance física

do praticante, sendo que cada caso deve ser analisado individualmente, de acordo com as

características do praticante e objetivos pessoais.

1.1.2. BENEFÍCIOS E RISCOS

O exercício físico teve uma evolução gradual na forma como é percecionado pela

sociedade e pela comunidade científica. Apesar de ser um tópico abordado em várias gerações,

assiste-se a uma evolução na forma como o exercício físico é estudado e visto a nível social,

em que o aumento da informação sobre os vários benefícios do exercício potencia a prática e

recomendação do mesmo. Nieman (2011) considera a saúde como um estado abrangente que

engloba três campos intimamente interligados: a saúde física, a saúde mental e a saúde social.

O exercício físico demonstra-se como uma ferramenta capaz de atuar nas três dimensões da

saúde, melhorando assim o bem-estar geral do ser humano.

Os benefícios do exercício regular englobam, a um nível físico, um aumento

exponencial da saúde cardiovascular e músculo-esquelética. A promoção de maior força

muscular, coordenação e equilíbrio são, como todos os restantes benefícios, transversais a todas

as gerações, no entanto estas três capacidades demonstram-se essenciais nos idosos, uma vez

que o decréscimo de quedas potencia uma maior autonomia (Fattore et al., 2014; Pate et al.,

1995). Numa sociedade cada vez mais sedentária, o exercício mostra-se eficaz no combate à

obesidade e dos vários fatores que a promovem, como o aumento de peso, a hipertensão arterial

3

e a hipertrigliceridemia, reduzindo assim a síndrome metabólica. O rendimento e a eficiência a

nível académico também sofrem melhorias a considerar, uma vez que o exercício tem efeitos

positivos na cognição, verificando-se também um aumento da neuroplasticidade (Hillman et

al., 2008).

A literatura sugere também o exercício físico como tratamento da depressão clínica,

uma vez que se mostra eficaz a reduzir a ansiedade e a melhorar os estados de humor,

potenciado pela libertação de endorfina, o que acaba por proporcionar um maior conforto

mental. O treino aeróbio e de resistência pode também levar à elevação da autoestima e

perceção física dos sujeitos. (Fox, 1999) A qualidade do sono é um dos fatores que aumenta

com o exercício e, a longo prazo, o treino aeróbio moderado contribui para alterações na

imunologia do ser humano, com melhorias na resposta anti-inflamatória e diminuição do

cortisol (Passos et al., 2014).

Embora os vastos benefícios, o exercício físico também comporta alguns riscos. A

prescrição e prática do exercício deve ser sempre acompanhada por uma estratificação de risco

de forma a evitar complicações possíveis e tomar medidas de proteção para minimizar a

prevalência de ocorrências. As lesões músculo-esqueléticas assumem-se como os riscos mais

comuns, embora os problemas cardíacos são também um risco presente e a ter em conta (Copley

e Lindberg, 1999).

1.2. DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO

1.2.1. DEFINIÇÃO

A literatura já demonstrou a essencialidade da prática do exercício físico regular para a

melhoria da condição física e capacidades funcionais. No entanto, esta prática pode assumir

contornos excessivos e com consequências negativas físicas, mentais e sociais. Apesar de haver

um incremento significativo na exploração deste tópico, a comunidade científica não chega a

consenso sobre o termo e definição a ser utilizado. Cook et al. (2011) refere que os vários termos

utilizados para esta problemática demonstram a possibilidade patológica da mesma e a maior

dificuldade para estudar e compreender o fenómeno, uma vez que as várias terminologias

utilizadas por diferentes grupos de investigação provocam um entrave na pesquisa e conexão

da informação.

4

Hausenblas e Symons Downs (2002a) adotam a designação “dependência ao exercício” para

referenciarem este comportamento aditivo, comportamento esse que resulta da ânsia pela

prática de exercício, levando a uma compulsividade e exagero com efeitos fisiológicos e

psicológicos. Fattore et al. (2014) utiliza também o termo “dependência ao exercício”,

descrevendo-o como um padrão de exercício desajustado com resultados clínicos negativos.

Adams (2009) indica a dependência ao exercício como uma condição em que o indivíduo opta

pelo exercício desmesurado ao invés da saúde e bem-estar.

Embora esta nomenclatura assuma uma maior presença na literatura (Coverley Veale, 1987;

Rosa, 2003), observa-se também um uso recorrente ao termo adição ao exercício. Goodman

(1990) e Freimuth et al. (2011) empregam esta terminologia com base no Manual Diagnóstico

e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV, versão antiga deste manual) (American

Psychiatric Association, 1994).

A taxa de prevalência entre praticantes é tida como desconhecida ou não assume valores

concordantes entre grupos de investigação (Egorov e Szabó, 2013; Palmeira e Matos, 2006;

Fattore et al., 2014), indo de encontro à mesma problemática encontrada face à designação deste

fenómeno.

1.2.2. DIAGNÓSTICO

As ferramentas referidas por Monók et al. (2012) como as mais utilizadas para o

diagnóstico da dependência ao exercício são dois questionários: o Inventário da Adição ao

Exercício (Exercise Addiction Inventory; IAE) e a Escala-21 de Dependência ao Exercício

(Exercise Dependence Scale; EDE-21).

Terry et al. (2004) produziram um questionário de seis questões com resposta numa

escala de Likert de cinco pontos, assumindo seis componentes da dependência: conflito, que

pode traduzir-se em conflitos do sujeito dependente com outras pessoas, com outras atividades

como o trabalho e lazer, e conflito com si mesmo; sintomas de abstinência, em que se observam

efeitos físicos e psicológicos quando a atividade aditiva é reduzia ou cessada; tolerância,

observando-se um aumento da atividade para alcançar os efeitos pretendidos; alteração de

humor, onde o sujeito perceciona modificações do estado de espírito motivadas pela prática da

atividade; saliência, na qual a atividade aditiva assume o papel mais importante na vida do

5

sujeito; e recaída, quando o sujeito volta ao mesmo padrão comportamental face à dependência,

mesmo após uma pausa na mesma.

Hausenblas e Symons Downs (2002b) formularam um questionário com vinte e uma

questões, utilizando também uma escala de Likert mas de seis pontos, baseando-se nos critérios

propostos pelo DSM-IV para apurar a existência de dependência a substâncias: tolerância, que

pode ser observada de duas formas distintas, em que o sujeito aumenta a quantidade de exercício

para colmatar as suas necessidades exacerbadas ou o indivíduo sente menos efeitos com a

mesma quantidade de exercício; abstinência, onde são sentidos sintomas como ansiedade ou o

exercício é utilizado como meio para atenuar ou precaver esses mesmos indícios; efeito de

intenção, em que o período e quantidade de exercício físico excede o inicialmente pretendido;

falta de controlo, observado através de uma vontade constante ou tentativas falhadas de

diminuir ou conter o exercício; tempo, quando o indivíduo dispensa mais tempo na atividade

aditiva; diminuições noutras atividades, assistindo-se a uma redução ou até afastamento da

participação em atividades recreativas, sociais e ocupacionais causada pelo exercício;

continuação, em que o sujeito continua com o exercício mesmo estando a par de existência de

problemas do foro físico ou psicológico constantes, cuja possível origem ou agravamento seja

o exercício físico (American Psychiatric Association, 1994).

Com a atualização do DSM em 2013 (DSM-V), foi acrescentado ao manual a adição ao

jogo, abrindo portas para uma nova compreensão e diagnóstico de adições comportamentais

(American Psychiatric Association, 2013). Embora só seja mencionado no DSM-V a adição ao

jogo, é referido por Cook et al. (2014) que outros comportamentos também têm potencial

aditivo, como a excessividade em relação à internet, sexo e shopping, por exemplo, incluindo

o exercício físico exacerbado neste grupo de comportamentos aditivos.

1.2.3. MOTIVOS

Para um maior entendimento sobre os motivos que conduzem à dependência ao

exercício há que debruçar sobre os tipos de dependência ao exercício descritos pela literatura:

dependência primária e secundária. Os motivos inerentes ao surgimento da dependência

diferenciam-se pelo foco principal do indivíduo: estamos perante uma adição ao exercício

primária quando o foco principal é o exercício físico, enquanto numa adição ao exercício

6

secundária a dependência coexiste ou se torna uma consequência de outro distúrbio como, por

exemplo, do foro alimentar (Berczik et al., 2012).

Coverley Veale (1987) refere que na dependência ao exercício primária o exercício é,

por si só, o maior foco dos indivíduos, sendo a alimentação e controlo de massa corporal um

meio para atingir um aumento exponencial na performance. A clarificação dos objetivos

pessoais dos sujeitos face à prática de exercício físico indica-nos a que tipo de dependência

assistimos e permite uma melhor resolução da problemática. Caso o exercício seja indicado

como uma forma de perder peso, equilibrar a ingestão calórica ou compensar excessos na

alimentação (Holland et al., 2014), estamos presentes uma dependência ao exercício secundária,

em que a presença de um distúrbio alimentar é comum. Dada a ligação intrínseca entre

dependência ao exercício e distúrbios alimentares, é questionada a existência de dependência

primária ao exercício (Veale, 1995; Keski-Rahkonen, 2001).

A procura pela estética idealizada assistiu a um aumento exponencial nos últimos anos,

sendo um dos grandes motivos que levam as pessoas a adotarem uma forma de estar mais activa,

recorrendo ao exercício físico e a uma alimentação mais regrada. Os benefícios de um estilo de

vida saudável e mais ativo fisicamente deverão ser enfatizados em detrimento de padrões de

beleza e aparência física (Vartanian et al., 2011), possibilitando um auxílio para indivíduos com

dependência ao exercício secundária.

A natureza aditiva do exercício físico pode demonstrar-se na prática de lazer ou na alta

competição, em que os motivos que levam a comportamentos exacerbados diferem de pessoa

para pessoa. A literatura revista aponta, como marcadores de previsão de uma possível adição

ao exercício, a dismorfia corporal, em que os sujeitos têm uma perceção da imagem corporal

distorcida, em que a extensão vai desde a procura da perda de peso até ao aumento da massa

muscular em grande quantidade. Nos casos em que o medo de ser considerado demasiado

magro ou fraco, aliados a má autoestima e complexos de inferioridade, estão muito presentes

nos atletas, a dependência pode ocorrer aquando a obtenção de ganhos musculares, em que os

indivíduos aumentam a autoestima e ficam dependentes da sensação obtida pelo seu aspeto

(Hurst et al., 2000), levando assim a uma maior toma de suplementação para manter a aparência

e, consequentemente, uma melhor apreciação de si mesmos. A busca pela imagem corporal

pretendida ou o narcisismo são ainda fatores considerados como motivos para a dependência

(Bruno et al., 2014; Hale et al., 2010).

7

Pasman e Thompson (1988) referem a predominância de espelhos nos ginásios e salas

de halterofilismo como um facto que possibilita um aumento da consciencialização dos

indivíduos sobre a própria imagem corporal, comparativamente a praticantes de outras

modalidades, bem como uma ansiedade física social, em que a observação e avaliação do físico

por parte de outras pessoas provoca um aumento da ansiedade nos sujeitos, proposto também

como fator de risco para a dependência (Chen, 2016).

1.2.4. CONSEQUÊNCIAS

A literatura é consensual na aceitação do impacto negativo que a dependência ao

exercício apresenta (Szabo, 1995), em que a prática excessiva potencia um detrimento na saúde

física, social e psicológica (Adams, 2009). São descritas como consequências as lesões

músculo-esqueléticas, desde tensão muscular a fratura óssea, o isolamento da sociedade e um

decréscimo na qualidade das interações sociais, bem como uma diminuição no rendimento

profissional (Fattore et al., 2014). Aquando a abstinência da prática regular de exercício, assiste-

se a um aumento do estado de espírito negativo e depressivo, maior irritabilidade, fadiga e

ansiedade, diminuição do apetite e da qualidade do sono, assistindo-se a um aumento de

insónias (Baekeland, 1970; Landolfi, 2013; Antunes et al., 2016). Os dependentes ao exercício

demonstram também uma menor colaboração com os fisioterapeutas aquando o tratamento de

lesões, refutando os conselhos e instruções dadas pelos profissionais de saúde, não cumprindo

as recomendações e passos do tratamento, bem como um retorno à prática de exercício sem a

devida recuperação física (Adams e Kirkby, 1997).

1.3. SUPLEMENTAÇÃO E EXERCÍCIO FÍSICO

1.3.1. SUPLEMENTAÇÃO

A nutrição apresenta-se como outro dos pilares essenciais para a saúde e bem-estar do

ser humano, um dos fundamentos cruciais para o sucesso do exercício físico, seja a obter uma

melhor performance como a alcançar os resultados pretendidos mais rapidamente. Face ao

boom que o exercício físico para fins maioritariamente estéticos obteve nos últimos anos, surgiu

também a subcultura da toma de suplementação nutricional. Os suplementos alimentares são,

na sua essência, produtos utilizados para colmatar falhas nutricionais ou fisiológicas, em que a

sua utilização se prende principalmente na possível ajuda ergogénica proveniente destas

8

substâncias, com o argumento da melhora de performance física e maior rapidez a atingir

objectivos como emagrecimento ou aumento de massa magra (Kreider et al., 2010). O seu

recurso pelos atletas deriva de motivos como a compensação de dietas nutricionalmente fracas,

a colmatação de necessidades extraordinárias provocadas pelo exercício e os efeitos

ergogénicos (Burke e Read, 1993).

A proteína é um dos suplementos mais utilizados, com o objectivo de promover força e

funcionalidade muscular, bem como aumento do tamanho do mesmo, no entanto a literatura

mostra-se ineficaz no consenso dos resultados relativos a este suplemento (Wolfe, 2000). Já a

creatina é tida por Buford et al. (2017) como um suplemento seguro, com resultados a nível de

aumento de força e capacidade anaeróbica, sendo este resultado concordante com Kreider

(1999), que refere também o auxílio da creatina no aumento da massa magra durante o treino

de resistência, independentemente do nível atlético do utilizador. Os aminoácidos de cadeia

ramificada (BCAA’s) e a taurina possibilitam reduções no nível de dor e danos a nível muscular

(Ra et al., 2013), enquanto o ginseng não se evidencia clinicamente como capaz de reduzir a

fadiga muscular (Bach et al., 2016).

Embora haja um aumento exponencial no interesse da comunidade científica por este

tema, a informação disponível escasseia e muitos atletas acabam por recorrer à suplementação

sem saberem se necessitam ou se vai de acordo com os objetivos que têm, impulsionados pela

publicidade e marketing. Os resultados são inexistentes ou não homogéneos entre a comunidade

científica (Campbell et al., 2004; Coletta et al., 2013; Williams, 2004) e alguns dos suplementos

disponíveis no mercado podem conter substâncias dopantes, pelo que os atletas não devem

recorrer a suplementos cujos ingredientes desconheçam ou caso façam uma alimentação que vá

de encontro com as suas necessidades (Maughan et al., 2007). Outra situação a ter em conta são

os possíveis efeitos secundários de todos estes suplementos nutricionais. Silva et al. (2014)

reporta sintomas como agressividade, dores de cabeça, acne e insónia como alguns dos efeitos

adversos possíveis de ocorrerem. Fazendo uma pesquisa por websites em que é possível adquirir

suplementos alimentares, é possível obter uma ideia geral das preferências da população

portuguesa, que se centram em proteína e caseína, creatina, aminoácidos (desde aminoácidos

de cadeia ramificada a carnitina), mass gainers, estimulantes energéticos, bebidas isotónicas e

energéticas e variadas vitaminas e minerais.

9

1.3.2. SUPLEMENTAÇÃO E DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO

Este campo da nutrição desportiva é agora um dos mais propagandeados e procurados

por parte de praticantes de exercício, sejam eles de alta competição ou apenas de lazer, que

procuram a melhoria da performance e resultados rápidos, sem se questionarem se o que estão

a tomar é aconselhado para a sua realidade, o seu corpo e as suas necessidades nutritivas. O

recurso a suplementação pode-se tornar perigoso uma vez que, interligado com a busca de

resultados a curto prazo, acrescenta-se o fraco conhecimento do produto, o que leva a consumos

desnecessários. A publicidade excessiva e enganosa e a falta de procura por informação viável

tornam-se também fatores de risco, uma vez que os sujeitos não possuem, na sua maioria,

conhecimento suficiente de nutrição e uso dos produtos, bem como a composição exata e

fidedignidade dos suplementos. A literatura científica acaba também por contribuir como fator

de risco para possível perigo, dada a lacuna substancial sobre este campo da nutrição, os seus

benefícios e riscos. A lacuna de informação estende-se também a uma possível ligação da

suplementação com a dependência ao exercício. Embora a dependência seja um tópico já

abordado, não há conhecimento se os indivíduos dependentes ao exercício recorrem ou não

frequentemente a suplementação, abrindo assim uma oportunidade para a compreensão destes

fenómenos e a sua relação.

10

CAPÍTULO II:

OBJETIVOS

11

2.1.OBJECTIVO GERAL DO ESTUDO

A lacuna observada na literatura correspondente a uma possível conexão entre a

dependência ao exercício físico e a utilização de suplementação nutricional remete a uma

curiosidade e necessidade natural de querer estudar e compreender aprofundadamente estes

fenómenos.

É então pretendido, com este estudo, verificar a existência de uma relação entre a

dependência ao exercício físico e o uso de suplementação por utentes de ginásios e health clubs

da cidade de Coimbra, o que permitirá entender a ligação dos indivíduos com a dependência,

bem como compreender a interação com os suplementos. Esta verificação será feita através do

questionário EDE-21 e de um questionário de suplementação nutricional, em que os sujeitos

deverão praticar exercício físico há, pelo menos, três meses.

2.2. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS DO ESTUDO

1. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “idade”.

2. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “género”.

3. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “habilitações literárias”.

4. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “profissão”.

5. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação”

em função da variável “idade”.

6. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação”

em função da variável “género”.

7. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação”

em função da variável “habilitações literárias”.

8. Verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação”

em função da variável “profissão”.

9. Verificar se há relação estatisticamente significativa entre a variável “existência de

dependência ao exercício físico” e a variável “suplementação”.

12

2.3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

1. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “idade”?

2. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “género”?

3. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “habilitações literárias”?

4. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “profissão”?

5. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação” em

função da variável “idade”?

6. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação” em

função da variável “género”?

7. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação” em

função da variável “habilitações literárias”?

8. Será que há diferenças estatisticamente significativas na variável “suplementação” em

função da variável “profissão?”

9. Será que há relação estatisticamente significativa entre a variável “existência de

dependência ao exercício físico” e a variável “suplementação”?

2.4. FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES

1. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “idade”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “idade”.

2. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “género”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “género”.

13

3. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “habilitações

literárias”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “habilitações

literárias”.

4. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “profissão”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “profissão”.

5. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “idade”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “idade”.

6. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “género”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “género”.

7. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “habilitações literárias”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “habilitações literárias”.

8. Hipótese nula (H0): Não há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “profissão”.

Hipótese alternativa (H1): Há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “profissão”.

9. Hipótese nula (H0): Não há relação estatisticamente significativa entre a variável

“existência de dependência ao exercício físico” e a variável “suplementação”.

Hipótese alternativa (H1): Há relação estatisticamente significativa entre a variável

“existência de dependência ao exercício físico” e a variável “suplementação”.

14

CAPÍTULO III:

METODOLOGIA

15

3.1. DESCRIÇÃO DA AMOSTRA

A amostra do presente estudo é composta por 112 sujeitos, dos quais 71 sujeitos são do

género masculino, contabilizando 63,4% da amostra, e 41 sujeitos do género feminino,

correspondendo a 36,6% da amostra. A idade média da amostra é de 27,44 anos ± 7,338 anos,

estando estes valores compreendidos entre os 18 e os 59 anos, em que a idade observada mais

frequentemente é a de 23 anos. Todos os sujeitos que responderam aos questionários, praticam

exercício há, pelo menos, três meses e são utentes de ginásios e health clubs da cidade de

Coimbra.

3.2. DESENHO DO ESTUDO

Inicialmente foi elaborada uma lista de ginásios e health clubs existentes na cidade de

Coimbra, em que foram fornecidas cartas informativas, de forma presencial, aos responsáveis

e diretores técnicos desses espaços, em que estava descrito o projeto e objetivos do mesmo e

solicitava a colaboração neste estudo, colaboração essa que passava pela permissão da aplicação

de questionários aos seus clientes, explicando também como seria obtida a confidencialidade

dos inquéritos para salvaguardar os seus frequentadores. Para a realização deste estudo foram

inicialmente fornecidos aos utentes dos ginásios consentimentos informados com toda a

explicação do estudo, garantindo o anonimato dos questionários (tanto na recolha dos dados

como no tratamento e aplicação dos mesmos), e com referência ao carácter voluntário da

participação, a possibilidade de desistência do mesmo em qualquer momento e a ausência de

prejuízo para a vida e continuação da permanência no ginásio frequentado, com menção

também da aprovação da comissão de ética da Administração Regional de Saúde do Centro. Os

questionários foram aplicados antes ou após o exercício físico (dependendo da disponibilidade

dos participantes) e sempre com a presença do investigador.

Os questionários utilizados foram a EDE-21, formulada por Hausenblas e Symons

Downs (2002b) com tradução e validação para a língua portuguesa por Palmeira (2003),

composta por 21 itens para a determinação de dependência ao exercício, seguindo os critérios

de diagnóstic propostos no DSM-IV, e um questionário relacionado com suplementação

nutricional, de forma a inteirar os hábitos do consumo destes produtos e a obter uma descrição

da amostra a nível de faixa etária, género, habilitações literárias, e profissão (em que, caso

16

estudante, foi questionado qual o curso). Ambos os questionários foram realizados de forma

aleatória, num só momento e encontram-se anexados no final deste estudo (anexo 1 e 2).

3.2.1 ESCALA-21 DA DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO

O questionário para averiguar a existência de dependência ao exercício físico nesta

amostra foi a Escala-21 da Dependência ao Exercício. Embora na mais recente versão revista

do DSM (DSM-V) tenha sido incorporado a adição ao jogo, abrindo assim portas para adições

comportamentais como o exercício físico, a EDE-21 foi formulada a partir do DSM-IV e os

sete critérios para o diagnóstico de dependência a substâncias (American Psychiatric

Association, 1994), em que o sujeito é considerado em risco de dependência se manifestar três

ou mais dos critérios propostos.

O questionário é composto por 21 questões, cuja respostas utilizam uma escala de Likert

de 6 pontos, em que 1 corresponde a “nunca” e 6 corresponde a “sempre”, sendo que cada

pergunta remete para um dos sete critérios de diagnóstico propostos. A tabela seguinte

demonstra quais questões estão associadas a cada um dos critérios.

Tabela 1: Associação entre as questões e os critérios aos quais fazem correspondência.

CRITÉRIOS QUESTÕES

Tolerância

3 - “Eu aumento continuamente a intensidade do meu exercício para

conseguir os efeitos/benefícios desejados”

10 - “Eu aumento continuamente a frequência (número de vezes por

semana) do meu exercício para conseguir os efeitos/benefícios

desejados”

17 - “Eu aumento continuamente a duração (em tempo) do meu

exercício para conseguir os efeitos/benefícios desejados”.

Abstinência

1 – “Eu faço exercício para evitar sentir-me irritado/a”

8 – “Eu faço exercício para evitar que me sinta ansioso/a”

15 - “Eu faço exercício para evitar sentir-me tenso/a”.

Efeito de

intenção

7 - “Eu faço exercício mais tempo do que eu tinha previsto ou

intencionado”

17

14 - “Eu faço exercício durante mais tempo do que eu quereria”

21 - “Eu faço exercício mais tempo do que o prescrito”

Falta de

controlo

4 - “Eu sou incapaz de reduzir o tempo de exercício”

11 - “Eu não sou capaz de reduzir a frequência do exercício que faço”

18 – “Eu sou incapaz de reduzir a intensidade do exercício que faço”.

Tempo

6 - “Eu gasto muito tempo a fazer exercício”

13 - “Eu passo a maior parte do meu tempo livre a praticar exercício”

20 - “Uma grande parte do meu tempo é gasto na prática do exercício”.

Redução de

outras

atividades

5 - “Eu prefiro fazer exercício, do que perder tempo com a família ou

amigos”

12 - “Eu penso no exercício quando deveria estar concentrado no

trabalho/na escola”

19 - “Eu opto por fazer exercício de tal modo que, fico afastado de gastar

tempo com família/amigos”

Continuação

2 - “Eu faço exercício apesar de problemas físicos recorrentes (que

podem voltar a aparecer) ”

9 - “Eu faço exercício quando estou lesionado/a”

16 - “Eu faço exercício apesar dos problemas físicos existentes e

persistentes”.

Estas questões e sintomas pretendem classificar os sujeitos segundo a sua prevalência da

dependência do exercício físico, dividindo-os em três grupos diferentes. Para avaliar a

prevalência da dependência ao exercício físico, foi criada uma divisão na amostra que classifica

os sujeitos em três grupos distintos: sujeitos não dependentes e sem sintomas de dependência;

sujeitos não dependentes com sintomas de dependência e sujeitos em risco de dependência ao

exercício. Foi criado um score categorizado para possibilitar o tratamento estatístico dos dados,

cujos intervalos são:

- 1 a 2,4 (inclusive), correspondendo a indivíduos não dependentes e não sintomáticos;

- 2,5 a 4,4 (inclusive), correspondendo a indivíduos não dependentes sintomáticos;

- 4,5 a 6 (inclusive), correspondendo a indivíduos em risco de dependência ao exercício.

18

3.2.2. QUESTIONÁRIO DE SUPLEMENTAÇÃO

O questionário sobre suplementação aplicado neste estudo inquiriu os participantes do

mesmo sobre a toma de suplementos nos últimos três meses (em que apenas assinalavam as

opções que se aplicavam à sua realidade), a sua idade, género, habilitações literárias (com as

opções: 1º ciclo do ensino básico; 2º ciclo do ensino básico; 3º ciclo do ensino básico; ensino

secundário; licenciatura; mestrado e doutoramento), e a sua profissão (em que, caso fossem

estudantes, qual o curso). Este questionário permitiu analisar a amostra e os hábitos do uso de

suplementação.

As opções de suplementação possíveis eram: proteína e/ou caseína; creatina;

aminoácidos (BCAA’s ou aminoácidos de cadeia ramificada, glutamina, arginina, leucina,

carnitina); ácidos gordos (CLA ou ácido linoleico conjugado, ómega 3, óleo de peixe);

estimulantes energéticos (taurina, ginseng, excluindo o café e chá), mass gainers (dextrose,

maltodextrina, hidratos de carbono em formulação para ganho de capacidade física);

multivitamínicos, vitaminas e/ou minerais; bebidas energéticas como Redbull e Monster;

bebidas isotónicas como Isostar e Gatorade; e ainda um campo descrito como “outros”, em que

possibilitava o inquirido de acrescentar um outro suplemento que não tivesse descrito no

questionário. O questionário de suplementação encontra-se no final deste estudo, no Anexo 2.

3.3. TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS

Após o preenchimento dos questionários, os dados obtidos foram inseridos numa base

de dados, de forma a processar, analisar e discutir os dados e resultados conseguidos. Todos os

dados foram tratados utilizando o programa SPSS, na versão 22.0 para Windows, e os

resultados obtidos com o mesmo encontram-se em anexo no final deste estudo.

Este estudo tem as variáveis “idade”, “género”, “habilitações literárias”, “profissão”,

“curso”. Do questionário de suplementação, surgem as variáveis “proteína e/ou caseína”,

“creatina”, “aminoácidos”, “ácidos gordos”, “estimulantes energéticos”, “mass gainers”,

“multivitamínicos”, “bebidas energéticas”, “bebidas isotónicas”, que, para fins estatísticos,

foram agregadas numa só variável denominada por “suplementação”. Já relativamente à EDE-

21, cada uma das 21 perguntas é uma variável, posteriormente agregadas numa só variável

“existência de dependência ao exercício”, uma vez que o score conjunto das questões é que nos

permitem diagnosticar o risco de dependência dos sujeitos.

19

Na tabela seguinte podemos verificar uma descrição das variáveis, o que permite de

antemão saber os dados que podemos obter das mesmas e que testes estatísticos podem ser

utilizados.

Tabela 2. Descrição das variáveis.

Tipo

Variável

Idade Género Habilitações

literárias Profissão

Suplementação

(e variáveis

constituintes)

Existência da

dependência

ao exercício

(e variáveis

constituintes)

Qualitativa X X X

Quantitativa X X X

Nas variáveis quantitativas podem ser calculadas todas as medidas de tendência central

(média, moda e mediana) e medidas de dispersão (desvio padrão, variância e amplitude). Já nas

variáveis qualitativas (género, habilitações literárias e profissão) só pode ser calculada a moda

enquanto medida de tendência central, não sendo possível calcular as restantes medidas de

tendência central nem as medidas de dispersão.

Uma vez que a amostra é superior a 30 (n>30), os testes utilizados para a resolução dos

problemas formulados no Capítulo II foram testes paramétricos, tais como o teste ANOVA e o

teste t-student independente para verificar se há diferenças entre as variáveis. Para relacionar a

variável “existência de dependência ao exercício” e a variável “suplementação” foi utilizado o

coeficiente de correlação de Pearson.

Todos os outputs do SPSS utilizados no tratamento estatístico encontram-se no final

desta dissertação, a partir do anexo 3.

20

CAPÍTULO IV:

RESULTADOS

21

4.1. VARIÁVEL “IDADE”

Todos os 112 sujeitos responderam à questão “idade”. Uma vez que esta variável é uma

variável quantitativa, é possível calcular as medidas de tendência central (média, moda e

mediana) e as medidas de dispersão (desvio padrão, variância e amplitude). As idades dos

sujeitos da amostra compreendem-se entre os 18 e 59 anos.

Tabela 3: Medidas de tendência central da variável "idade".

n Média (anos) Mediana (anos) Moda (anos)

Idade 112 27,44 26 23

Tabela 4: Medidas de dispersão da variável “idade”.

n Desvio padrão (anos) Variância (anos2) Amplitude (anos)

Idade 112 7,38 53,852 41

4.2. VARIÁVEL “GÉNERO”

Todos os 112 sujeitos responderam à questão “género”. Fazem parte da amostra 41

sujeitos do género feminino, correspondendo a 36,6% da amostra, e 71 sujeitos do género

masculino, equivalente a 63,4%. Uma vez que esta variável é qualitativa, apenas podemos

calcular a moda enquanto medida de tendência central, sendo a moda o género masculino.

4.3. VARIÁVEL “HABILITAÇÕES LITERÁRIAS”

Todos os 112 sujeitos responderam à questão “Habilitações Literárias”. A amostra

possui um sujeito com o 1º Ciclo do Ensino Básico (0,9%), 0 sujeitos com o 2º Ciclo do Ensino

Básico (0%), 7 sujeitos com o 3º Ciclo do Ensino Básico (6,3%), 44 sujeitos com o Ensino

Secundário (39,3%), 41 sujeitos com Licenciatura (36,6%), 13 sujeitos com Mestrado (11,6%)

e 6 sujeitos com Doutoramento (5,4%). Apenas é possível calcular a moda, sendo que esta

apresenta-se com o valor de “ensino secundário”.

4.4. VARIÁVEL “PROFISSÃO”

Todos os 112 sujeitos responderam a esta questão. No total foram apresentadas pelos

sujeitos 41 profissões diferentes, sendo a moda a única medida de tendência central que

22

podemos calcular, assumindo o valor de “Estudante”, com 42 sujeitos, em que esta profissão

compreende um total de 37,5% da amostra. De relevar que a segunda profissão mais descrita

foi “Operador de loja/lojista”, com 13 sujeitos, apresentando uma fatia de 11,6% da amostra.

4.5. VARIÁVEL CURSO

Nesta variável qualitativa o sujeito só respondia o curso caso fosse estudante ou caso

tivesse outra profissão que não “estudante” mas que estivesse efetivamente a estudar no ensino

superior (licenciatura, segunda licenciatura, mestrado ou até doutoramento). Uma vez que os

sujeitos cuja opção não se aplicasse não respondiam, optou-se por assumir como resposta “não

aplicável”. Assim, a opção de resposta mais frequente foi “Não aplicável”, com 68 sujeitos,

correspondendo a 60,7% da amostra. Dois sujeitos cuja profissão é diferente de “estudante”

colocaram também o seu curso, uma vez que se aplicava.

4.6. VARIÁVEL SUPLEMENTAÇÃO

O questionário de suplementação inquiriu os sujeitos sobre a que suplementos

recorriam. De forma a ser possível quantificar a variedade de suplementação tomada pela

amostra, consideramos esta variável quantitativa, em que cada um dos suplementos descritos,

aquando assinalado pelos sujeitos foi quantificado para ser possível a obtenção da média de

suplementos recorridos. Os oito suplementos mencionados foram conjugados numa variável,

denominada por “suplementação”.

Tabela 5: Descrição da variável “suplementação”.

Suplemento Utiliza Não Utiliza

n % n %

Proteína e/ou Caseína 57 50,9 55 49,1

Creatina 32 28,6 80 71,4

Aminoácidos 21 18,8 91 81,3

Ácidos Gordos 13 11,6 99 88,4

Estimulantes Energéticos 7 6,3 105 93,8

Mass Gainers 18 16,1 94 83,9

Multivitamínicos 25 22,3 87 77,7

23

Bebidas energéticas 34 30,4 78 69,6

Bebidas isotónicas 15 13,4 97 86,6

Todos os 112 sujeitos responderam. O suplemento mais utilizado é a proteína e/ou

caseína com 57 sujeitos (50,9%) da amostra a afirmar recorrer à mesma, enquanto os menos

utilizados são os estimulantes energéticos, com 7 sujeitos a afirmarem o seu uso (6,3%).

4.7. DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO EM FUNÇÃO DA IDADE

Após ser criado um score categorizado para verificar a existência da dependência ao

exercício físico, é possível verificar através da tabela 6 a constituição da amostra: 36 sujeitos

são não dependentes e não sintomáticos, correspondendo a 32.1% da amostra; 73 sujeitos são

não dependentes sintomáticos, correspondendo a 65,2% e 3 sujeitos estão em risco de

dependência, compreendendo 2,7% da amostra.

Tabela 6: Descrição da variável “score categorizado”.

n %

Score

categorizado

Não Dependentes Não Sintomáticos 36 32,1

Não Dependentes Sintomáticos 73 65,2

Em risco de dependência 3 2,7

Total 112 100

Foi utilizado o teste ANOVA para verificar se há diferenças estatisticamente

significativas na variável “existência de dependência ao exercício físico” em função da variável

“idade”. Como o valor obtido de ρ = 0,160 é maior do 0,05 (ρ >0,05), aceita-se H0 ou hipótese

nula, não há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de dependência

ao exercício físico” em função da variável “idade”.

4.8. DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO EM FUNÇÃO DO GÉNERO

Foi utilizado o teste t-student independente para verificar se há diferenças

estatisticamente significativas na variável “existência de dependência ao exercício físico” em

função da variável género. A tabela 7 mostra-nos que o valor médio de prevalência da

24

dependência ao exercício físico no género feminino é de 2,33, enquanto que a média no género

masculino é de 3,08, mostrando-se ligeiramente superior à média dos sujeitos femininos deste

estudo.

Tabela 7: Descrição da média da variável “existência da dependência ao exercício físico” em

função da variável “género”.

Género n Média

Feminino 41 2,33

Masculino 71 3,08

Para verificar se há diferenças estatisticamente significativas entre género foi utilizado

o teste t-student para amostras independentes, assumindo um ρ = 0,018 e, sendo menor do que

0,05 (ρ <0,05), aceita-se H1 ou hipótese alternativa, o que significa que, no presente estudo, há

diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de dependência ao exercício

físico” em função da variável “género”.

4.9. DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO EM FUNÇÃO DAS HABILITAÇÕES

LITERÁRIAS

Para verificar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de

dependência ao exercício físico” em função da variável “habilitações literárias” foi utilizado o

teste de ANOVA. O teste assumiu um valor de ρ = 1,88 e, sendo maior do que 0,05 (ρ >0,05),

aceita-se H0 ou hipótese nula, em que não há diferenças estatisticamente significativas na

variável “existência de dependência ao exercício físico” em função da variável “habilitações

literárias”.

4.10. DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO EM FUNÇÃO DA PROFISSÃO

Para averiguar se há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência

dependência ao exercício físico” em função da variável “profissão”, foi utilizado o teste de

ANOVA. O valor obtido foi de ρ = 0,201 e, como ρ >0,05, aceita-se H0 ou hipótese nula, sendo

que não há diferenças estatisticamente significativas na variável “existência de dependência ao

exercício físico” em função da variável “profissão”.

25

4.11. SUPLEMENTAÇÃO EM FUNÇÃO DA IDADE

Para averiguar se há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “idade”, foi utilizado o teste de ANOVA. O valor

obtido foi de ρ = 0,914 e, como ρ >0,05, aceita-se H0, não há diferenças estatisticamente

significativas na variável “suplementação” em função da variável “idade”.

4.12. SUPLEMENTAÇÃO EM FUNÇÃO DO GÉNERO

Para averiguar se há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “género”, foi utilizado o teste de t-student

independente. O valor obtido foi de ρ = 0,00 e, como ρ <0,05, aceita-se H1 – há diferenças

estatisticamente significativas na variável “suplementação” em função da variável “género”.

4.13. SUPLEMENTAÇÃO EM FUNÇÃO DAS HABILITAÇÕES LITERÁRIAS

Para averiguar se há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “habilitações literárias”, foi utilizado o teste de

ANOVA. O valor obtido foi de ρ = 0,128 e, como ρ >0,05, aceita-se H0 – não há diferenças

estatisticamente significativas na variável “suplementação” em função da variável “habilitações

literárias”.

4.14. SUPLEMENTAÇÃO EM FUNÇÃO DA PROFISSÃO

Para averiguar se há diferenças estatisticamente significativas na variável

“suplementação” em função da variável “profissão”, foi utilizado o teste de ANOVA. O valor

obtido foi de ρ = 0,493 e, como ρ >0,05, aceita-se H0 – não há diferenças estatisticamente

significativas na variável “suplementação” em função da variável “profissão”.

4.15. DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO FÍSICO E O USO DE SUPLEMENTAÇÃO

De forma a possibilitar a análise da possível relação destas duas variáveis, foi criada

uma variável “suplementação” que agrupa todos os suplementos utilizados, dando assim um

número de quantos suplementos utiliza cada sujeito. Para verificar se há relação

estatisticamente significativa entre a variável “prevalência da dependência ao exercício físico”

e a variável “suplementação”, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. O valor de

26

correlação de Pearson obtido foi de 0,48, sendo um valor possível pois encontra-se dentro dos

valores [-1;1]. Este valor é positivo, o que demonstra que à medida que aumenta o score

categorizado da prevalência da dependência, também aumenta o número de suplementos a que

se recorre. O valor obtido de ρ foi de 0,00, e, como ρ <0,05, aceita-se H1 ou hipótese alternativa,

há relação estatisticamente significativa entre as variáveis “prevalência da dependência ao

exercício” e “suplementação”.

27

CAPÍTULO V:

DISCUSSÃO

28

Posteriormente à recolha e demonstração dos resultados obtidos neste estudo, podemos

analisar e discutir os mesmos, recorrendo à literatura revista para uma melhor compreensão dos

dados conseguidos.

O objectivo deste estudo prendia-se na verificação da existência de dependência ao

exercício em utentes de ginásios e health clubs da cidade de Coimbra e também qual a sua

relação com a suplementação, se recorriam à mesma ou não, tentando perceber se, quanto maior

o risco para a dependência, maior a utilização de suplementos. Foram utilizados dois

questionários para a obtenção de dados, em que um questiona os sujeitos sobre o recurso à

suplementação, e a Escala de Dependência ao Exercício-21, com a nomenclatura original

“Exercise Dependence Scale-21”, criada por Hausenblas e Symons Downs (2002c), cujos

critérios de diagnóstico do DSM-IV estiveram no pilar da formulação do questionário.

Recorrendo à EDE-21, a amostra foi distinta entre sujeitos não dependentes e não sintomáticos,

sujeitos não dependentes e sintomáticos e sujeitos em risco de dependência.

Os resultados deste estudo demonstram que não há diferenças entre o uso de

suplementação e a faixa etária, profissão e habilitações literárias. O mesmo se verifica

relativamente à existência de dependência ao exercício físico: não há diferenças

estatisticamente significativas em função da idade, profissão e habilitações literárias. No

entanto, é de referir que os resultados demonstram diferenças estatisticamente significativas na

existência da dependência ao exercício em função do género, tal como o uso de suplementação

apresenta diferenças entre o género masculino e feminino, sendo o género masculino

demonstrado como maior utilizador de suplementos e com maior risco de dependência ao

exercício.

Uma vez que a ligação entre a dependência ao exercício físico e o uso de suplementação

nutricional ainda não foi explorada em grande detalhe pela comunidade científica, a literatura

não disponibiliza possíveis resultados referentes a esta conexão. É apenas exequível supor quê,

com base na tendência observada em Portugal relativamente à adesão ao exercício e fitness e

ao aumento exponencial do recurso à suplementação face as estratégias de marketing adotadas,

quanto maior seja a adição ao exercício, maior seja o recurso à suplementação com a ideia de

melhorar a performance física

29

CAPÍTULO VI:

CONCLUSÕES

30

O presente estudo teve como objetivo compreender melhor como dois fenómenos como

a dependência ao exercício e o uso de suplementação interagem. A dependência ao exercício

demonstrou-se como um tópico que causa alguma discórdia na comunidade científica, em que

as discrepâncias entre estudos relativos à adição ao exercício físico vão desde a terminologia

utilizada para referir esta epidémica (Szabó et al., 2015) à metodologia utilizada para

diagnosticar e determinar a existência de dependência (Márquez e Vega, 2015), diferenças essas

que se tornam visíveis nos resultados dos vários artigos disponíveis sobre o tema.

Relativamente à idade dos sujeitos com dependência ao exercício, Szabó (2000) teoriza

que, quanto maior a idade, maior é a prevalência a esta adição, enquanto outro grupo de

investigação não encontrou diferenças na dependência entre sujeitos de diferentes faixas etárias

(Hale et al., 2010). O presente estudo não encontrou diferenças estatisticamente significativas

nas diferentes faixas etárias, indo de encontro com o que foi teorizado por Hale.

No que concerne à diferença entre géneros, a literatura demonstra resultados díspares e

contraditórios (Szabó et al., 2013), sendo conjeturado por Modolo et al. (2011) que, apesar de

não verificarem diferenças entre géneros, existe uma maior incidência de distúrbios alimentares

entre as mulheres, levando assim a uma motivação diferente para se exercitarem. Verificou-se

neste estudo diferenças entre género tanto no risco da dependência ao exercício bem como no

recurso à suplementação, em que o género masculino se mostrou com maior risco de

dependência ao exercício. Uma vez que não foi apurado entre a amostra o tipo de dependência

ao exercício (primário ou secundário), não é possível equiparar estes resultados aos de Modolo.

Neste estudo ficou demonstrado que há uma correlação entre a dependência ao exercício

físico e o uso de suplementação. Os resultados demonstrados neste estudo, em que não se

verificaram diferenças no uso de suplementação em função da idade, profissão e habilitações

literárias, não podem ser comparados com outros grupos de investigação, uma vez que não foi

encontrada literatura sobre a matéria. O mesmo acontece com o uso de suplementação em

função do género, em que se verificou haverem diferenças significativas, com o género

masculino a ser mais propenso a recorrer a esta forma de nutrição. No entanto, a amostra deste

estudo é muito reduzida, pelo que se aconselha uma amostra maior para conseguir obter

resultados mais fidedignos e aproximados da realidade. Outra proposta seria utilizar outra

ferramenta para quantificar o uso de suplementação, uma vez que a literatura não apresenta

nenhum instrumento para a obtenção de dados.

31

CAPÍTULO VII:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

32

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37

ANEXO 1

ESCALA-21 DE DEPENDÊNCIA AO EXERCÍCIO

Hausenblas & Symons Downs (2002)

Instruções: Usando a escala seguinte, por favor, responda às seguintes questões o

mais corretamente possível. As questões referem-se a opiniões e comportamentos

atuais na prática de exercício físico que ocorreram nos últimos 3 meses. Por favor,

coloque a sua resposta, escolhendo uma pontuação de acordo com o quadro

seguinte, no espaço em branco, após cada questão.

1 2 3 4 5 6

Nunca Sempre

1. Eu faço exercício para evitar sentir-me irritado/irritada.

2. Eu faço exercício apesar de problemas físicos recorrentes (que podem voltar a

aparecer).

3. Eu aumento continuamente a intensidade do meu exercício para conseguir os

efeitos/benefícios desejados.

4. Eu sou incapaz de reduzir o tempo de exercício.

5. Eu prefiro fazer exercício, do que perder tempo com a família ou amigos.

6. Eu gasto muito tempo a fazer exercício.

7. Eu faço exercício mais tempo do que eu tinha previsto ou intencionado.

8. Eu faço exercício para evitar que me sinta ansioso/ansiosa.

9. Eu faço exercício quando estou lesionado/lesionada.

10. Eu aumento continuamente a frequência (número de vezes por semana) do meu

exercício para conseguir os efeitos/benefícios desejados.

11. Eu não sou capaz de reduzir a frequência do exercício que faço.

12. Eu penso no exercício quando deveria estar concentrado no trabalho/na escola.

13. Eu passo a maior parte do meu tempo livre a praticar exercício.

14. Eu faço exercício durante mais tempo do que eu quereria.

15. Eu faço exercício para evitar sentir-me tenso/tensa.

38

16. Eu faço exercício apesar dos problemas físicos existentes e persistentes.

17. Eu aumento continuamente a duração (em tempo) do meu exercício para conseguir

os efeitos/benefícios desejados.

18. Eu sou incapaz de reduzir a intensidade do exercício que faço.

19. Eu opto por fazer exercício de tal modo que, fico afastado de gastar tempo com

família/amigos.

20. Uma grande parte do meu tempo é gasto na prática do exercício.

21. Eu faço exercício mais tempo do que o prescrito.

39

ANEXO 2

SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL

Este questionário tem como objectivo recolher informações sobre o uso de suplementos nutricionais por parte dos

praticantes de exercício físico. Por favor, responda às seguintes questões, colocando uma cruz (x) nas opções que

se aplicam a si.

Idade: ________ Género: Feminino Masculino

Habilitações Literárias:

1º Ciclo do Ensino Básico 2º Ciclo do Ensino Básico 3º Ciclo do Ensino Básico

Ensino Secundário Licenciatura Mestrado Doutoramento

Profissão:__________________________________________________________________

Caso seja estudante, qual o curso:_______________________________________________

Selecione qual ou quais as opções a que recorreu nos últimos três meses com uma cruz (x), sublinhando

o ou os suplementos em específico:

Caso tenha qualquer dúvida, não hesite em perguntar por favor.

Obrigada pela sua participação!

Proteína e/ou Caseína

Creatina

Aminoácidos (BCAA’s - Aminoácidos de Cadeia Ramificada, Glutamina, Arginina, Leucina, Carnitina)

Ácidos Gordos (CLA - Ácido Linoleico Conjugado, Ómega 3, Óleo de Peixe)

Estimulantes Energéticos (Taurina, Ginseng, excepto café ou chá)

“Mass gainers” (Dextrose, Maltodextrina, Hidratos de Carbono em formulação para ganho de capacidade física)

Multivitamínicos, vitaminas e/ou minerais

Bebidas energéticas (ex.: Redbull, Monster)

Bebidas isotónicas (ex.: Isostar, Gatorade)

Outros: ______________________________________________________

40

ANEXO 3

Idade

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido 18 6 5,4 5,4 5,4

19 9 8,0 8,0 13,4

20 3 2,7 2,7 16,1

21 3 2,7 2,7 18,8

22 7 6,3 6,3 25,0

23 11 9,8 9,8 34,8

24 6 5,4 5,4 40,2

25 9 8,0 8,0 48,2

26 6 5,4 5,4 53,6

27 3 2,7 2,7 56,3

28 6 5,4 5,4 61,6

29 6 5,4 5,4 67,0

30 5 4,5 4,5 71,4

31 6 5,4 5,4 76,8

32 4 3,6 3,6 80,4

33 1 ,9 ,9 81,3

34 5 4,5 4,5 85,7

35 3 2,7 2,7 88,4

36 2 1,8 1,8 90,2

37 1 ,9 ,9 91,1

38 2 1,8 1,8 92,9

40 2 1,8 1,8 94,6

41 4 3,6 3,6 98,2

56 1 ,9 ,9 99,1

59 1 ,9 ,9 100,0

Total 112 100,0 100,0

41

ANEXO 4

Género

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido Feminino 41 36,6 36,6 36,6

Masculino 71 63,4 63,4 100,0

Total 112 100,0 100,0

Habilitações Literárias

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido 1ºCiclo EB 1 ,9 ,9 ,9

3º Ciclo EB 7 6,3 6,3 7,1

Ensino Sec 44 39,3 39,3 46,4

Licenciatura 41 36,6 36,6 83,0

Mestrado 13 11,6 11,6 94,6

Doutoramento 6 5,4 5,4 100,0

Total 112 100,0 100,0

42

ANEXO 5

Profissão

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido Estudante 42 37,5 37,5 37,5

Operador de loja/Lojista 13 11,6 11,6 49,1

Bombeiro 1 ,9 ,9 50,0

Tradutor/a 1 ,9 ,9 50,9

Bancário 1 ,9 ,9 51,8

Técnico de Radiologia 1 ,9 ,9 52,7

Militar 3 2,7 2,7 55,4

Médico Dentista 1 ,9 ,9 56,3

Fisioterapeuta 1 ,9 ,9 57,1

Segurança 4 3,6 3,6 60,7

Secretária 2 1,8 1,8 62,5

Investigador/a 3 2,7 2,7 65,2

Recepcionista 1 ,9 ,9 66,1

Administrativo 1 ,9 ,9 67,0

Empresário 3 2,7 2,7 69,6

Enfermeiro 2 1,8 1,8 71,4

Biólogo 1 ,9 ,9 72,3

Economista 1 ,9 ,9 73,2

Farmacêutico 1 ,9 ,9 74,1

Empregado de mesa/café 3 2,7 2,7 76,8

Motorista 1 ,9 ,9 77,7

Historiador 1 ,9 ,9 78,6

Advogado/a 1 ,9 ,9 79,5

Engenheiro Informático 4 3,6 3,6 83,0

Técnico de Logística 1 ,9 ,9 83,9

Polícia 1 ,9 ,9 84,8

Engenheiro Químico 2 1,8 1,8 86,6

Técnico de Segurança e

Higiene no Trabalho 1 ,9 ,9 87,5

Gestor/a Hoteleiro/a 1 ,9 ,9 88,4

Delegado de Farmácia 2 1,8 1,8 90,2

43

Engenheiro de Gestão

Industrial 1 ,9 ,9 91,1

Personal Trainer 1 ,9 ,9 92,0

Instrutor de Condução 1 ,9 ,9 92,9

Jornalista 1 ,9 ,9 93,8

Professor/a 1 ,9 ,9 94,6

Cabeleireiro/a 1 ,9 ,9 95,5

Operário/a Fabril 1 ,9 ,9 96,4

Assistente Call-Center 1 ,9 ,9 97,3

Funcionário/a Público 1 ,9 ,9 98,2

Distribuidor 1 ,9 ,9 99,1

Geólogo/a 1 ,9 ,9 100,0

Total 112 100,0 100,0

44

ANEXO 6

Curso

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido Línguas Modernas 2 1,8 1,8 1,8

Engenharia Mecânica 3 2,7 2,7 4,5

Medicina Dentária 1 ,9 ,9 5,4

Matemática 1 ,9 ,9 6,3

História 1 ,9 ,9 7,1

Engenharia Civil 2 1,8 1,8 8,9

Gestão 1 ,9 ,9 9,8

Ciências da Educação 2 1,8 1,8 11,6

Medicina 3 2,7 2,7 14,3

Psicologia 1 ,9 ,9 15,2

Física 1 ,9 ,9 16,1

Direito 8 7,1 7,1 23,2

Jornalismo 1 ,9 ,9 24,1

Contabilidade 1 ,9 ,9 25,0

Antropologia 1 ,9 ,9 25,9

Biologia 2 1,8 1,8 27,7

Economia 1 ,9 ,9 28,6

Turismo 1 ,9 ,9 29,5

Engenharia Ambiental 1 ,9 ,9 30,4

Sociologia 1 ,9 ,9 31,3

Arquitectura 1 ,9 ,9 32,1

Serviço Social 1 ,9 ,9 33,0

História da Arte 1 ,9 ,9 33,9

Treino Desportivo 2 1,8 1,8 35,7

Não Aplicável 68 60,7 60,7 96,4

Comunicação Organizacional 1 ,9 ,9 97,3

Engenharia Informática 1 ,9 ,9 98,2

Enfermagem 1 ,9 ,9 99,1

Ciências do Desporto 1 ,9 ,9 100,0

Total 112 100,0 100,0

45

ANEXO 7

Proteína/Caseína

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 55 49,1 49,1 49,1

1,00 57 50,9 50,9 100,0

Total 112 100,0 100,0

Creatina

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 80 71,4 71,4 71,4

1,00 32 28,6 28,6 100,0

Total 112 100,0 100,0

Aminoácidos

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 91 81,3 81,3 81,3

1,00 21 18,8 18,8 100,0

Total 112 100,0 100,0

Ácidos Gordos

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 99 88,4 88,4 88,4

1,00 13 11,6 11,6 100,0

Total 112 100,0 100,0

46

ANEXO 8

Estimulantes Energéticos

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 105 93,8 93,8 93,8

1,00 7 6,3 6,3 100,0

Total 112 100,0 100,0

Mass Gainers

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 94 83,9 83,9 83,9

1,00 18 16,1 16,1 100,0

Total 112 100,0 100,0

Multivitaminicos

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 87 77,7 77,7 77,7

1,00 25 22,3 22,3 100,0

Total 112 100,0 100,0

Bebidas Energéticas

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 78 69,6 69,6 69,6

1,00 34 30,4 30,4 100,0

Total 112 100,0 100,0

47

ANEXO 9

Bebidas isotónicas

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido ,00 97 86,6 86,6 86,6

1,00 15 13,4 13,4 100,0

Total 112 100,0 100,0

Suplementação

Frequência Porcentagem

Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido 0 23 20,5 20,5 20,5

1 27 24,1 24,1 44,6

2 26 23,2 23,2 67,9

3 18 16,1 16,1 83,9

4 8 7,1 7,1 91,1

5 6 5,4 5,4 96,4

6 1 ,9 ,9 97,3

7 3 2,7 2,7 100,0

Total 112 100,0 100,0

48

ANEXO 10

ANOVA

Existência de Dependência ao Exercício

Soma dos

Quadrados df

Quadrado

Médio Z Sig.

Entre Grupos 18,985 24 ,791 1,347 ,160

Nos grupos 51,082 87 ,587

Total 70,067 111

49

ANEXO 11

50

ANEXO 12

51

ANEXO 13

52

ANEXO 14

ANOVA

Suplementação

Soma dos

Quadrados df

Quadrado

Médio Z Sig.

Entre Grupos 45,370 24 1,890 ,612 ,914

Nos grupos 268,594 87 3,087

Total 313,964 111

53

ANEXO 15

54

ANEXO 16

Descritivos

Suplementação

N Média

Desvio

Padrão

Erro

Padrão

Intervalo de confiança

de 95% para média

Mínimo Máximo

Limite

inferior

Limite

superior

1ºCiclo EB 1 1,00 . . . . 1 1

3º Ciclo EB 7 2,00 1,915 ,724 ,23 3,77 0 5

Ensino Sec 44 2,05 1,778 ,268 1,50 2,59 0 7

Licenciatura 41 2,37 1,685 ,263 1,83 2,90 0 7

Mestrado 13 1,15 1,144 ,317 ,46 1,84 0 3

Doutoramento 6 ,83 ,753 ,307 ,04 1,62 0 2

Total 112 1,98 1,682 ,159 1,67 2,30 0 7

ANOVA

Suplementação

Soma dos

Quadrados df Quadrado Médio Z Sig.

Entre Grupos 24,017 5 4,803 1,756 ,128

Nos grupos 289,947 106 2,735

Total 313,964 111

55

ANEXO 17

56

ANEXO 18

ANOVA

Suplementação

Soma dos

Quadrados df

Quadrado

Médio Z Sig.

Entre Grupos 112,983 40 2,825 ,998 ,493

Nos grupos 200,982 71 2,831

Total 313,964 111

Estatísticas descritivas

Média Desvio Padrão N

Existência de Dependência

ao Exercício 2,8040 ,79450 112

Suplementação 1,98 1,682 112

Correlações

Existência de

Dependência ao

Exercício Suplementação

Existência de Dependência

ao Exercício

Correlação de Pearson 1 ,480**

Sig. (2 extremidades) ,000

N 112 112

Suplementação Correlação de Pearson ,480** 1

Sig. (2 extremidades) ,000

N 112 112

**. A correlação é significativa no nível 0,01 (2 extremidades).

57