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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA ANA CATARINA E SILVA DOMINGUES A EMPATIA NA CONSULTA E A CAPACITAÇÃO DOS CONSULENTES ARTIGO CIENTÍFICO ÁREA CIENTÍFICA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE: PROFESSOR DOUTOR LUIZ MIGUEL SANTIAGO PROFESSOR DOUTOR CARLOS BRAZ SARAIVA FEVEREIRO 2015

A EMPATIA NA CONSULTA E A CAPACITAÇÃO … empatia na consulta e a capacitação dos consulentes 8 Resultados: Relativamente ao pré-teste para avaliar a fiabilidade da JSPPPE-VP,

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO

GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO

INTEGRADO EM MEDICINA

ANA CATARINA E SILVA DOMINGUES

A EMPATIA NA CONSULTA E A CAPACITAÇÃO DOS

CONSULENTES

ARTIGO CIENTÍFICO

ÁREA CIENTÍFICA DE MEDICINA GERAL E FAMILIAR

TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE:

PROFESSOR DOUTOR LUIZ MIGUEL SANTIAGO

PROFESSOR DOUTOR CARLOS BRAZ SARAIVA

FEVEREIRO 2015

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“Is it as important to know what kind of man has the disease,

as it is to know what kind of disease has the men.”

Sir William Osler

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

3

Índice

Abreviaturas ............................................................................................................................. 6

Resumo ...................................................................................................................................... 7

Abstract ..................................................................................................................................... 9

Introdução .............................................................................................................................. 11

Metodologia ............................................................................................................................. 14

1- Caracterização da Investigação .............................................................................. 14

2- Processo de tradução e verificação de fiabilidade do questionário JSPPPE

para a língua portuguesa ......................................................................................... 14

3- População e amostra ............................................................................................... 15

4- Instrumento de colheita de dados ........................................................................... 15

5- Critérios de inclusão ............................................................................................... 16

6- Recolha de dados .................................................................................................... 17

7- Procedimentos prévios à recolha de dados ............................................................. 17

8- Variáveis ................................................................................................................. 18

9- Análise estatística ................................................................................................... 18

Resultados........................................................................................................................................... 19

Parte 1

Caracterização geral da amostra estudada no pré-teste .................................................... 19

Testes não-paramétricos Mann-Whitney U e Kruskal-Wallis ......................................... 20

Resposta média às questões da JSPPPE entre os 2 tempos de aplicação ....................... 21

Teste-reteste ............................................................................................................................ 23

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4

Parte 2 - Resultados do estudo de campo

Caracterização geral da amostra ......................................................................................... 23

Resultados na distribuição da amostra em função do sexo ............................................. 25

Estatística descritiva de centralidade dos resultados da JSPPPE-VP ............................. 26

Classe de empatia por Percentil 75 ...................................................................................... 26

Pontuações obtidas com a JSPPPE ...................................................................................... 27

Resultados das respostas em valor absoluto e valor relativo para cada pergunta ......... 28

Questionário MCP-PT

Resultados da aplicação do MCP-PT em função da descrição de medidas centrais e

distribuição percentílica ....................................................................................................... 29

Classe de MCP-PT por Percentil 75 .................................................................................... 29

Parte 3

Caracterização geral dos que em simultâneo apresentam níveis baixos na JSPPPE e no

MCP ......................................................................................................................................... 30

Correlação de Pearson para a média da JSPPPE e do MCP-PT ..................................... 31

Discussão ............................................................................................................................................. 32

Conclusão ........................................................................................................................................... 40

Agradecimentos ................................................................................................................................. 41

Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 42

Anexos ................................................................................................................................................. 45

Anexo I- Pedido e autorização do autor da escala ........................................................ 45

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5

Anexo II- Questionário JSPPPE - Versão Original ..................................................... 47

Anexo III- Consentimento Informado .......................................................................... 48

Anexo IV- Questionário JSPPPE-VP ......................................................................... 49

Anexo V- Questionário JSPPPE-VP adaptado ............................................................. 50

Anexo VI- Questionário MCP-PT ............................................................................... 51

Anexo VII - Autorização da ARS do Centro ............................................................... 52

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Abreviaturas

ARS- Administração Regional de Saúde

CSP- Cuidados de Saúde Primários

JSPE- Jefferson Scale of Physician Empathy

JSPPPE- Jefferson Scale of Patient Perceptions of Physician Empathy

MCP- Medicina Centrada na Pessoa

MGF- Medicina Geral e Familiar

PT- Português

RMD- Relação médico-doente

USF- Unidade de Saúde Familiar

VP- Versão Portuguesa

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Resumo

Introdução: Apesar de ainda insuficientemente estudada, a empatia assume-se como um

elemento crucial quando se trata da relação médico-doente, existindo evidência da sua

associação a melhores resultados clínicos. A Medicina Centrada na Pessoa defende a prestação

de cuidados de saúde baseada numa partilha de poder entre o médico e o consulente, com vista

a uma maior capacitação deste último.

Objetivos: Validar para a língua portuguesa, a Jefferson Scale of Patient Perceptions of

Physician Empathy (JSPPPE), verificar a sua fiabilidade e estudar a correlação entre a relação

médico-doente empática e a capacitação do consulente.

Métodos: Foi efetuada uma tradução do questionário JSPPPE para português, segundo as

regras internacionalmente aceites para este género de tarefas. O pré-teste da JSPPPE foi apli-

cado a 46 consulentes, para validade de conteúdo, pela linguística e conhecimento de problemas

de perceção e verificação de fiabilidade.

Num estudo observacional, transversal, foram aplicados dois questionários, o JSPPPE e o

questionário MCP. A amostra englobou 167 utentes sendo entrevistados consulentes que saíam

da consulta com o médico de família, ou aguardavam por esta, na sala de espera da USF

Topázio, durante os meses de Agosto e Setembro de 2014. Registaram-se também os dados de

cada utente relativamente à idade, sexo, toma diária de medicamentos, grau de instrução e

atividade profissional.

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Resultados: Relativamente ao pré-teste para avaliar a fiabilidade da JSPPPE-VP, todas as 5

questões apresentaram um alfa de cronbach superior a 0,836, o que assegura boa fiabilidade. Já

no posterior estudo de campo, quanto às pontuações obtidas com a JSPPPE, o valor médio

global obtido foi de 6,2. Foram considerados melhores os resultados pertencentes ao percentil

igual ou superior ao P75. Sendo que 67,1% dos inquiridos, se encontraram abaixo desse limiar.

Quanto ao MCP-PT, a média da pontuação obtida foi de 2,42, sendo que 63,5% dos inquiridos,

se encontraram acima do percentil 75.

A correlação de Pearson encontrada (0,610) entre os resultados obtidos com a JSPPPE e os

obtidos com o MCP-PT, verifica uma associação linear positiva entre estes.

Discussão e conclusão: O presente estudo permitiu cumprir os passos necessários a uma

tradução fiável da JSPPPE. Concluiu-se que a exploração da perceção do doente sobre a

empatia médica é um elemento chave para se melhorar a medicina centrada na pessoa e, deste

modo, a capacitação dos consulentes. A associação positiva encontrada (correlação de Pearson)

é de magnitude suficiente para merecer exploração adicional.

Palavras-chave: “Empatia”, “Relação médico-doente”, “Medicina Centrada na Pessoa”,

“Perceção do doente”, “Capacitação do doente”

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Abstract

Background: Although still insufficiently studied, empathy is assumed as a crucial element

when it comes to the doctor-patient relationship and there is evidence of its association with

improved clinical outcomes. The Centered Medicine in Patient supports the delivery of

healthcare based on a sharing of power between the doctor and the user of consultation leading

to a greater empowerment of the latter.

Objectives: To validate to the Portuguese language, the Jefferson Scale of Patient Perceptions

of Physician Empathy (JSPPPE), verify its reliability and to study the correlation between the

empathic doctor-patient relationship and the empowerment of the user of consultation.

Methods: The JSPPPE questionnaire was translated to Portuguese, according to the

internationally accepted rules for this sort of task. The pre-test of the JSPPPE was applied to 46

users of consultations, to content validity, for linguistics, and knowledge of problems of

perception and verification of reliability.

In an observational, cross-sectional study, two questionnaires were applied, the JSPPPE and the

MCP questionnaire. The sample comprised 167 users: consultants that came from consultation

with the family doctor, or were waiting for it, were interviewed in the waiting room of USF

Topázio, during the months of August and September 2014. Data of each patient regarding to

age, sex, daily dose of medicines, education level and occupation were also collected.

Results: Regarding the pre-test to assess the reliability of JSPPPE-VP, all 5 questions present

an alpha’s cronbach higher than 0,836, which ensures good reliability. In the subsequent field

study, in the scores obtained with the JSPPPE the overall average value obtained was 6,2. The

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results belonging to the percentile equal to or greater than P75 were considered better. A total

of 67.1 % of respondents was found below this threshold.

As for the MCP-PT, the average score obtained was 2,42. A total of 63.5 % of respondents were

found above the 75th percentile.

The Pearson’s correlation found (0,610) between the results obtained with JSPPPE and MCP-

PT, shows a positive linear association between these.

Discussion and Conclusion: This study fulfilled the necessary steps to reliable translation of

JSPPPE. It was concluded that the exploration of the patient's perception about medical

empathy is a key element to improve the medicine centered on the person and, thus, the

empowerment of users of consultation. The positive association found (Pearson’s correlation)

is of sufficient magnitude to warrant further exploration.

Keywords:

“Empathy”, “Doctor-patient relationship”, “Centered Medicine in Patient”, “Perception of

patient”, “Empowerment of patient”

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Introdução

Muitos dos erros na prática clínica têm a sua origem numa falha na comunicação sendo a

comunicação eficaz fundamental e a essência da relação terapeûtica.1

A empatia merece grande destaque quando falamos na relação médico-doente.2 Este é um

conceito multidimensional que tem sido descrito como vago e traiçoeiro, com uma longa

história marcada pela ambiguidade e controvérsia.3 Hojat aprofundou este termo definindo-o

como “atributo predominantemente cognitivo (mais que emocional), envolvendo a

compreensão (mais que o sentir) das experiências, preocupações e perspetivas do doente, em

combinação com a capacidade para comunicar essa mesma compreensão”. De notar que, o

conceito de empatia, em contraposição ao de simpatia, não pressupõe a capacidade do médico

sentir o que o doente sente.3

A participação do doente na tomada de decisões emerge com força na primeira década do século

XXI como um desenvolvimento concreto da Medina Centrada na Pessoa (MCP). Esta, por sua

vez, surge a partir das contribuições de Engel (modelo biopsicossocial) e Mcwhinney.4 Sendo

o médico, em si, uma terapêutica, a forma de abordar o doente na consulta é fundamental para

o sucesso da relação médico-doente. Segundo Epstein e Street, as seis tarefas-chave de uma

entrevista centrada na pessoa são:

- A construção de uma relação de ajuda;

- O intercâmbio de informação;

- O cuidado com a resposta às ações;

- A gestão da incerteza;

- A tomada de decisões compartilhada;

- A potencialização do autocuidado da pessoa.4

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Os componentes da relação médico-doente que permitem um envolvimento empático

(comunicação, interação verbal, pistas não verbais) estão relacionados com a adesão dos

doentes ao tratamento, níveis mais elevados de satisfação com o médico e com o sistema de

saúde, melhor memória e compreensão da informação médica, e melhoria na qualidade de vida

e bem-estar psicológico, físico e social. 5

Existe, mesmo assim, uma escassez de investigação nesta área.

Uma das razões para tal era a falta de um instrumento válido e confiável para medir a perceção

do doente sobre a empatia médica.6 Hojat e colaboradores iniciaram no Jefferson Medical

College, em Philadelphia, o processo de validação do instrumento Jefferson Scale of Physician

Empathy (JSPE), que constituiu a primeira escala de empatia destinada especificamente ao

âmbito dos cuidados de saúde,7 cujas evidências psicométricas estão demonstradas.6

Ultimamente, a empatia tornou-se alvo de uma investigação mais aprofundada. Têm, assim,

surgido diversos estudos que mostram associações positivas entre empatia clínica e satisfação

e capacitação dos doentes.8 Por exemplo, num estudo com 710 doentes na Alemanha, a empatia

clínica foi positivamente associada a uma melhoria nos resultados relatados pelos pacientes.9 A

empatia clínica também levou a uma melhoria na capacitação dos doentes, e nos resultados por

eles relatados, num estudo de MGF na Escócia.10 Num interessante ensaio randomizado e

controlado de 719 consultas com doentes com “resfriado”, nos EUA, um aumento na empatia

percecionado pelos pacientes foi associado a uma redução na severidade e duração dos

sintomas.11 Em 2011, Hojat et al demonstraram que a empatia medida pela JSPE está associada

a melhores resultados clínicos em pacientes diabéticos.12 Mais recentemente, um estudo alemão

teve por objetivo analisar em doentes com traumatismos, se a perceção dos doentes sobre os

resultados do seu tratamento cirúrgico era melhor entre doentes que tinham uma relação de

grande empatia com os seus cirurgiões.13

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Perante estes fatos, e tendo a empatia uma importância inquestionável na comunicação médico-

doente, na prática clínica geral14, torna-se pertinente medi-la, e correlacioná-la com diferentes

fatores da MCP.

Neste contexto: Como avaliam os consulentes a empatia na relação com os seus médicos? O

objetivo primordial deste estudo consiste em validar para a língua portuguesa, a Jefferson Scale

of Patient Perceptions of Physician Empathy (JSPPPE), verificar a sua fiabilidade e estudar a

correlação entre a relação médico-doente empática e a capacitação do consulente.

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Metodologia

1 - Caracterização da investigação

Para a concretização deste projeto foi efetuado um estudo observacional e transversal, numa

amostra de conveniência, mas de tamanho representativo da população que em número médio

aflui a consulta numa semana de trabalho na USF Topázio.

Para esta investigação procedeu-se à aplicação de dois questionários, o JSPPPE, após processo

de tradução para português e de verificação de fiabilidade e o questionário MCP.

A entrevistadora foi a autora do trabalho e os entrevistados foram consulentes que num dado

lapso temporal se dirigiram à unidade de saúde, até ser perfeito o tamanho da amostra.

2- Processo de tradução e verificação de fiabilidade do questionário JSPPPE para a língua

portuguesa.

O autor da escala foi informado da realização do estudo, tendo sido pedida e concedida a

autorização (Anexo I). A tradução do questionário para a língua portuguesa envolveu diversos

colaboradores e foi efetuada segundo um método internacionalmente recomendado, primeiro

pela tradução da versão original inglesa para língua portuguesa, por dois tradutores

profissionais de língua nativa portuguesa, independentemente um do outro. Uma equipa

constituída por uma psicóloga, uma socióloga, uma enfermeira e três médicos efetuaram a

revisão da tradução, verificando-se que a construção portuguesa estava no exato espírito do

texto em inglês, criando assim a primeira versão portuguesa da JSPPPE. A retro-tradução foi

realizada por três doutorandos de medicina geral e familiar, residentes no estrangeiro.

A validação do questionário continuou com a aplicação de um pré-teste a um conjunto de 46

elementos para verificar e garantir a adequação das características aos indivíduos entrevistados.

Avaliou-se assim o conhecimento do tempo de preenchimento e a existência de dificuldades na

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perceção do questionário, quer a nível de clareza de perguntas, interpretação ou de linguagem

portuguesa, bem como o “lay-out”. Foi mantido o número de itens da versão original (Anexo

II), bem como a sua ordem de apresentação. Nenhum dos inquiridos na validação foi incluído

na fase de campo. O questionário era preenchido pelos utentes, à saída da consulta, e repetido

cerca de 5 minutos depois oralmente pela investigadora, para avaliar eventuais discrepâncias.

A recolha das respostas foi feita durante o mês de Julho de 2014, sendo entrevistados 23 utentes

da USF Topázio e 23 utentes do Centro de Saúde de Figueiró dos Vinhos.

3- População e amostra

Após a verificação da fiabilidade da escala em português foi realizado um estudo observacional,

transversal, aplicando o questionário a uma amostra populacional calculada para representar,

com um intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro de 5%, a população atendida

numa USF durante uma semana de trabalho, o que corresponde a um universo esperado de 625

consultas semanais. Foi determinado que a amostra teria de ter, pelo menos, 160 entrevistados,

utilizando a tecnologia acessível em http://www.vsai.pt/amostragem.php.

O estudo foi realizado na USF Topázio.

Foi estudada uma amostra de 167 indivíduos, utentes de ambos os géneros, que durante os

meses de Agosto e Setembro de 2014 se dirigiram à USF Topázio no período em que decorreu

o estudo.

4- Instrumento de colheita de dados

A JSPPPE (Anexo II) inclui 5 itens, respondidos numa escala do tipo Likert de 1 (discordo

totalmente) até 7 pontos (concordo totalmente). Este instrumento foi desenvolvido para medir

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a perceção dos doentes acerca da empatia dos seus médicos. Os tópicos são: 1- Consegue

compreender as coisas na minha perspetiva (ver as coisas como eu as vejo); 2- Pergunta acerca

do que está a acontecer na minha vida diária; 3- Parece preocupado acerca de mim e da minha

família; 4- Compreende as minhas emoções, sentimentos e preocupações; 5- É um médico que

me compreende. Os dados preliminares de apoio à confiabilidade e validade desta escala estão

relatados em capítulo próprio desta tese. A pontuação da escala é obtida somando a pontuação

de cada um dos 5 itens e dividindo pelo número total de itens.

Adicionalmente, foi aplicado o questionário MCP (Anexo VI), com fiabilidade já verificada

para Portugal, e que é constituído por 12 itens, focados em diferentes aspetos do método clínico

centrado na pessoa, sendo as respostas possíveis: “não”, “talvez” ou “sim”. A pontuação é feita

pela média dos valores de cada um dos objetivos da MCP - dos seis capítulos, sendo que para

cada um foi calculado como o valor médio de cada resposta.

Relativamente a cada utente foram ainda colhidos dados num total de 6 elementos: idade,

género, toma regular de medicamentos, nível de instrução, grupo de atividade profissional e

nome do atual médico de família (Anexo IV), e obtido o respetivo consentimento informado

por escrito (Anexo III).

5- Critérios de inclusão

O estudo incluiu utentes que se encontravam nos respetivos locais nos dias calendarizados para

a recolha de dados e que facultaram autorização para o preenchimento do mesmo, tendo já tido

pelo menos uma consulta com o atual médico de família.

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6- Recolha de dados

A recolha de dados decorreu nos meses de Agosto e Setembro de 2014.

O questionário foi aplicado pela investigadora do projeto, devidamente identificada como

estudante do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade de Coimbra, que abordava os

utentes, informando-os do assunto da investigação. Após obtenção do consentimento informado

por escrito (Anexo III), onde se garantia o anonimato dos utentes e se assegurava a

confidencialidade das respostas, seguia-se a leitura individualizada de todo o questionário a

cada entrevistado e o registo das respostas.

Foram entrevistados consulentes que saíam da consulta, ou aguardavam por esta, para efeitos

de ganho de tempo, sem que os médicos tivessem em tempo algum conhecimento da realização

do trabalho.

7- Procedimentos prévios à recolha de dados

O estudo teve aprovação pela Comissão de ética da ARS do Centro (Anexo VII), possibilitando

a sua aplicação e utilização para o estudo em curso.

A calendarização das datas para a aplicação dos questionários foi feita com a intenção de

diversificar o mais possível a população inquirida, para que incluísse utentes com consultas de

diversos médicos de família.

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8- Variáveis

As variáveis em estudo nesta investigação correspondem a:

- Género: variável nominal;

- Grupo etário: variável quantitativa discreta;

- Toma regular de medicação: variável nominal;

- Grau de formação académica: variável ordinal;

- Grupo de atividade profissional: variável ordinal.

9- Análise estatística

O tratamento estatístico dos dados colhidos foi efetuado com o auxílio do software SPSS,

Statistical Package for the Social Science - SPSS (versão 22.0). O teste x2 foi utilizado para

variáveis nominais. Quando a distribuição não era normal foram utilizados os testes não-

paramétricos Mann-Whitney U e Kruskal-Wallis. Definiu-se como estatisticamente

significativo o valor de p <0,05.

Foi feita a sua avaliação e interpretação através de métodos de estatística descritiva e análise

inferencial.

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Resultados

Parte 1

Caracterização geral da amostra estudada no pré-teste

A tabela I apresenta a caracterização da amostra total à qual foi aplicada o pré-teste, quanto à

faixa etária, género, toma regular de medicação, grau de formação académica e atividade

profissional.

A amostra é constituída por n= 44 utentes, com 77,3% (n=34) de indivíduos do sexo feminino.

Por faixa etária 47,7% (n= 21) dos consulentes, pertence ao grupo etário acima dos 65 anos.

Afirmam tomar medicação regularmente 77,3% (n=34) dos inquiridos. Arbitrariamente foram

definidos dois grupos: profissionalmente ativos, e não ativos: desempregados e reformados.

Declaram estar profissionalmente ativos 59,1% (n=26) dos inquiridos. Quanto ao grau de

formação académica, 18,2% (n=8) têm grau de formação académica baixo (sem escolaridade

ou formação académica até ao 9ºano); 68,2% (n=30) dos utentes grau de formação académica

média (entre o 9º e o 12º ano de escolaridade); e 13,6% (n=6) dos utentes, grau de formação

académica elevada (correspondente a ensino superior ou análogo).

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Tabela I- Descrição da amostra no pré-teste, para n=44 utentes.

Testes não-paramétricos Mann-Whitney U e Kruskal-Wallis

Conforme se observa na tabela II, verifica-se não existir diferença estatisticamente significativa

para as variáveis sexo, toma de medicamentos, grupo de instrução académica, e unidade de

saúde, segundo os testes de Mann-Whitney U. Não se verifica também haver diferença

estatisticamente significativa para a variável grupo etário, segundo o teste de Kruskal-Wallis.

N (%)

Faixa etária

≤ 35 anos

Entre 36 a 65 anos

Mais de 65 anos

6 (13,6)

17 (38,6)

21 (47,7)

Género

Masculino

Feminino

10 (22,7)

34 (77,3)

Toma regular de medicação

Sim

Não

34 (77,3)

10 (22,7)

Grau de Formação Académica

Baixo

Médio

Alto

8 (18,2)

30 (68,2)

6 (13,6)

Atividade profissional

Ativo

Não ativo

26 (59,1)

18 (40,9)

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Tabela II- Valor de p para as variáveis sexo, toma de medicamentos, instrução académica, e

unidade de saúde, segundo os testes Mann-Whitney U, e para a variável grupo etário, segundo

o teste de Kruskal-Wallis, para n=44 utentes.

Resposta média às questões do JSPPPE entre os 2 tempos de aplicação do questionário

A tabela III indica as respostas médias às 5 perguntas do questionário JSPPPE-VP, num

primeiro tempo por escrito (t1), e cerca de 5 minutos depois oralmente (t2).

Valor de p

Pergunta

Sexo Grupo

etário

Toma de

medicamentos

Instrução

Académica

Unidade

de Saúde

P1- Consegue

compreender as coisas

na minha perspetiva

(ver as coisas como eu

as vejo).

0,433

0,205

0,585

0,334

0,658

P2- Pergunta acerca do

que está a acontecer na

minha vida diária.

0,563

0,542

0,456

0,978

0,619

P3- Parece preocupado

acerca de mim e da

minha família.

0,454

0,478

0,690

0,590

0,522

P4- Compreende as

minhas emoções,

sentimentos e

preocupações.

0,792

0,301

0,830

0,450

0,740

P5- É um médico que

me compreende.

0,453

0,654

0,129

0,104

0,819

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

22

Como se pode observar a média das respostas foi sempre igual ou superior a 6, exceto na

pergunta P2-t1, que obteve a média mais baixa, de 5,95.

Verificou-se não haver diferença significativa entre as respostas por escrito e oral, com um

intervalo de cerca de 5 minutos, neste painel de 44 elementos, o qual não integrou a amostra do

presente estudo.

Tabela III - Respostas médias às 5 perguntas da JSPPPE, em 2 tempos, para um n=44

elementos.

Perguntas Média dp IC a

95%

p

P1-t1- Consegue compreender as coisas

na minha perspetiva

(ver as coisas como eu as vejo).

P2-t2- Consegue compreender as coisas

na minha perspetiva (ver as coisas como

eu as vejo).

6,50

6,34

0,88

1,10

6,2 a 6,8

6,0 a 6,7

0,164

P2- t1- Pergunta acerca do que está a

acontecer na minha vida diária.

P2-t2- Pergunta acerca do que está a

acontecer na minha vida diária.

5,95

6,00

1,50

1,50

5,5 a 6,4

5,6 a 6,4

0,160

P3-t1- Parece preocupado acerca de mim

e da minha família.

P3-t2- Parece preocupado acerca de mim

e da minha família.

6,27

6,20

1,30

1,40

5,9 a 6,7

5,8 a 6,6

0,372

P4-t1- Compreende as minhas emoções,

sentimentos e preocupações.

P4-t2- Compreende as minhas emoções,

sentimentos e preocupações.

6,45

6,45

0,93

0,95

6,2 a 6,7

6,2 a 6,7

1,000

P5-t1- É um médico que me compreende.

P5-t2- É um médico que me compreende.

6,50

6,50

0,90

0,90

5,2 a 6,8

5,2 a 6,8

1,000

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

23

Teste-reteste

No que diz respeito à consistência interna, todas as 5 questões apresentam um alfa de cronbach

superior a 0,836, o que assegura boa fiabilidade, tal como se pode verificar na tabela IV.

Q1 Q2 Q3 Q4 Q5

Alfa de

Cronbach

0,836 0,995 0,965 0,944 1,000

Tabela IV- Resultados de não-diferença entre 2 tempos de aplicação do questionário a

consulentes de MGF, utilizando o teste de Cronbach, para uma amostra de 44 elementos.

Parte 2 - Resultados do estudo de campo

Caracterização geral da amostra

Foi estudada uma amostra de n= 67 utentes.

A tabela V apresenta a caracterização dessa amostra quanto à faixa etária, género, toma regular

de medicação, grau de formação académica e atividade profissional.

A amostra é constituída por 69,5% (n=116) de indivíduos do sexo feminino. Por faixa etária

58,1% (n= 97) dos consulentes, tem uma idade compreendida entre os 36 e os 65 anos. Afirmam

tomar medicação regularmente 66,5% (n=111) dos inquiridos. Quanto ao grau de formação

académica, 50,3% (n=84) têm grau de formação académica baixo (sem escolaridade ou

formação académica até ao 9ºano); 20,4% (n=34) dos utentes grau de formação académica

média (entre o 9º e o 12º ano de escolaridade); e 29,3% (n=49) dos utentes grau de formação

académica elevada (correspondente a ensino superior ou análogo). No que concerne à atividade

profissional declaram estar ativos 60,5% (n= 101) dos inquiridos.

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24

Tabela V – Descrição geral da amostra estudada, para n=167 elementos.

N (%)

Faixa etária

≤ 35 anos

Entre 36 a 65 anos

Mais de 65 anos

30 (18)

97 (58,1)

40 (24)

Género

Masculino

Feminino

51 (30,5)

116 (69,5)

Toma regular de medicação

Sim

Não

111 (66,5)

56 (33,5)

Grau de Formação Académica

Baixo

Médio

Alto

84 (50,3)

34 (20,4)

49 (29,3)

Atividade profissional

Ativo

Não ativo

101 (60,5)

66 (39,5)

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25

Resultados na distribuição da amostra em função do sexo

A explicitação da amostra em estudo em função do género, pelas variáveis faixa etária, grupo

de atividade e toma regular de medicação é apresentada na tabela abaixo – tabela VI.

Na análise inferencial, verificou-se existir diferença estatisticamente significativa para a

variável faixa etária (p <0,001) sendo o grupo de elementos do sexo feminino com idade

compreendida entre 36 a 65 anos, o mais prevalente na amostra [73 (62,9%) vs 24 (47,1%)].

Também se verificou diferença estatisticamente significativa para a variável grupo de atividade

profissional (p=0,015), sendo o género feminino mais ativo que o masculino [77 (66,4%) vs 24

(47,1%)].

Para a variável toma regular de medicação não se verificou existir diferença estatisticamente

significativa.

Sexo

Masculino Feminino Total p

Faixa etária

Até 35 anos

Entre 36 a 65 anos

≥ 66 anos

Total

5 (9,8%)

24 (47,1%)

22 (43,1%)

51 (100%)

25 (21,6%)

73 (62,9%)

18 (15,5%)

116 (100%)

30 (18%)

97 (58,1%)

40 (24,0%)

167 (100%)

<0,001

Grupo atividade

Ativo

Não ativo

Total

24 (47,1%)

27 (52,9%)

51 (100%)

77 (66,4%)

39 (33,6%)

116 (100%)

101 (60,5%)

66 (39,5%)

167 (100%)

0,015

Medicação crónica

Sim

Não

Total

36 (70,6%)

15 (29,4%)

51 (100%)

75 (64,7%)

41 (35,3%)

116 (100%)

111 (66,5%)

56 (33,5%)

167 (100%)

0,286

Tabela VI- Distribuição da amostra em função do sexo, para n= 167 utentes.

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26

Estatística descritiva de centralidade dos resultados do JSPPPE-VP

Na Tabela VII são mostrados os resultados em função da distribuição quartílica do valor obtido

para este indicador. O valor médio global obtido com a JSPPPE foi de 6,2 (desvio-padrão de

0,84). Verifica-se que um total de 65 elementos (32,5%) estão no ou acima do percentil 75. Por

outro lado, 59 elementos (29,5%) encontram-se no ou abaixo do percentil 25.

Variável Valor

Média±dp 6,2±0,84

Mediana 6,5

Moda 7

Ic a 95% 6,1 a 6,3

P≤25 [5,8] n (%) 59 (29,5)

P>25 e ≤50 [6,5] n (%) 41 (20,5)

P>50 e ≤75 [7] n (%) 35 (17,5)

P≥75 [7] n (%) 65 (32,5)

Tabela VII: Estatística descritiva de centralidade dos resultados do JSPPPE-VP.

Classe de empatia por Percentil 75

Para maior aperto de qualidade e conhecimento exato da realidade, consideraram-se bons os

resultados pertencentes ao percentil igual ou superior ao P75. Sendo assim, 67,1% dos

inquiridos (n=112), encontram-se abaixo desse limiar, como se pode constatar na tabela VIII.

n %

≥P75 - Bom 55 32,9

<P75 112 67,1

Total 167 100

Tabela VIII- Classe de empatia por Percentil 75

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27

Pontuações obtidas com a JSPPPE

As médias, medianas, desvio-padrão e intervalo de confiança a 95%, das pontuações obtidas

com a JSPPPE, estão relatadas na tabela IX.

É de salientar o valor da média mais baixo, 5,9, obtido na pergunta P2- Pergunta acerca do que

está a acontecer na minha vida diária, e o valor mais alto, 6,4, obtido nas perguntas P1-

Consegue compreender as coisas na minha perspetiva (ver as coisas como eu as vejo) e P5- É

um médico que me compreende.

Média Mediana Dp IC a 95%

P1. Consegue compreender as

coisas na minha perspetiva (ver

as coisas como eu as vejo).

6,4

7

0,9

6,2 a 6,5

P2. Pergunta acerca do que está

a acontecer na minha vida diária.

5,9

6

1,3

5,7 a 6,1

P3. Parece preocupado acerca de

mim e da minha família.

6,3

7

1,1

6,2 a 6,5

P4. Compreende as minhas

emoções, sentimentos e

preocupações.

6,2

7

1,1

6,0 a 6,3

P5. É um médico que me

compreende.

6,4

7

0,9

6,3 a 6,6

Tabela IX - Médias, medianas, desvio-padrão e intervalo de confiança a 95%, para n=167

utentes.

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28

Resultados das respostas em valor absoluto e valor relativo para cada pergunta do

JSPPPE-PT

Na tabela X, é de notar que em todas as 5 perguntas, a pontuação mais atribuída pelos inquiridos

foi a máxima – 7 pontos, seguida dos 6 pontos, e depois dos 5 pontos. De salientar ainda que a

pergunta P3- Parece preocupado acerca de mim e da minha família, foi a que obteve um maior

número de pontuações máximas, 65,3% (n=109). Por sua vez, a pergunta que obteve menos

vezes a pontuação máxima foi a P2- Pergunta acerca do que está a acontecer na minha vida

diária, 44,3% (n=74).

Resposta (n

%)

Pergunta

1

2 3 4 5 6 7

P1.Consegue

compreender as coisas na

minha perspetiva (ver as

coisas como eu as vejo)

0

0

2

1,2

0

0

5

3

19

11,4

41

24,6

100

59,9

P2.Pergunta acerca do

que está a acontecer na

minha vida diária.

1

0,6

2

1,2

3

1,8

20

12

25

15

42

25,1

74

44,3

P3.Parece preocupado

acerca de mim e da

minha família.

0

0

3

1,8

0

0

8

4,8

23

13,8

24

14,4

109

65,3

P4. Compreende as

minhas emoções,

sentimentos e

preocupações.

1

0,6

0

0

2

1,2

9

5,4

27

16,2

42

25,1

86

51,5

P5. É um médico que me

compreende.

0

0

0

0

2

1,2

5

3

19

11,4

36

21,6

105

62,9

Tabela X- Resultados das respostas em valor absoluto e valor relativo para cada pergunta,

para n=167 utentes.

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29

Questionário MCP-PT

Resultados da aplicação do MCP-PT em função da descrição de medidas centrais e

distribuição percentílica

Nas Tabela XI e XII são expostos os resultados em função da média, mediana, intervalo de

confiança a 95% e distribuição percentílica.

A média global obtida com o MCP-PT foi de 2,42 (desvio-padrão de 0,12).

Um total de 122 utentes (61%) encontram-se no percentil igual ou superior a 50.

Média±dp Mediana Ic a 95% P25 P50 P75

MCP-PT 2,42±0,12 2,50 2,40 a 2,50 2,33 2,50 2,50

Tabela XI- Média, mediana, desvio padrão e intervalo de confiança a 95% e percentis.

Percentil n (%)

< P25 50 (25,0)

P25 a P50 28 (14,0)

≥ P 50 122 (61,0)

Tabela XII: Distribuição percentílica.

Classe de MCP-PT por Percentil 75

Novamente, como se apresenta na tabela XIII, para maior aperto de qualidade e conhecimento

exato da realidade, consideraram-se melhores os resultados pertencentes ao percentil igual ou

superior ao P75. Sendo assim, 63,5% dos inquiridos (n=106), encontram-se acima desse limiar.

n %

≥P75 - Bom 106 63,5

<P75 61 36,5

Total 167 100

Tabela XIII- Classe de MCP-PT por Percentil 75

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

30

Parte 3

Caracterização geral dos que em simultâneo apresentam níveis baixos no JSPPPE e no

MCP

A tabela XIV apresenta a caracterização geral dessa amostra, um total de 49 elementos, quanto

à faixa etária, género, toma regular de medicação, grau de formação académica e atividade

profissional.

A amostra é constituída por 75,5% (n=37) de indivíduos do sexo feminino. Por faixa etária

65,3% (n= 32) dos consulentes, tem uma idade compreendida entre os 36 e os 65 anos. Afirmam

tomar medicação regularmente 79,6% (n=39) dos inquiridos. Quanto ao grau de formação

académica, 8,2% (n=4) têm grau de formação académica baixo (sem escolaridade ou formação

académica até ao 9ºano); 59,1% (n=29) dos utentes grau de formação académica média (entre

o 9º e o 12º ano de escolaridade); e 32,7% (n=16) dos utentes grau de formação académica

elevada (correspondente a ensino superior ou análogo). No que concerne à atividade

profissional declaram estar ativos 61,2% (n= 20) dos inquiridos.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

31

Tabela XIV - Caracterização geral dos que em simultâneo apresentam níveis baixos nos

questionários, JSPPPE e MCP, para um n=49 utentes.

Correlação de Pearson para a média do JSPPPE-VP e do MCP-PT

A correlação de Pearson encontrada e expressa na tabela XV, 0,610, verifica uma associação

linear positiva entre os resultados obtidos com o JSPPPE-VP e os resultados obtidos com o

MCP-PT.

JSPPPE-VP MCP-PT

JSPPPE-VP Correlação de Pearson 1 0,610

p 0,00

n 167 167

MCP-PT Correlação de Pearson 0,610 1

p 0,00

n 167 167

Tabela XV- Correlação de Pearson para a média da JSPPPE-VP e do MCP-PT.

N (%)

Faixa etária

≤ 35 anos

Entre 36 a 65 anos

Mais de 65 anos

4 (8,2)

32 (65,3)

13 (26,5)

Género

Masculino

Feminino

12 (24,5)

37 (75,5)

Toma regular de medicação

Sim

Não

39 (79,6)

10 (20,4)

Grau de Formação

Académica

Baixo

Médio

Alto

4 (8,2)

29 (59.1)

16 (32,7)

Atividade profissional Ativo

Não ativo

30 (61,2)

19 (38,8)

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

32

Discussão

Muito se tem falado acerca da empatia na consulta médica, mas na verdade existem muito

poucos estudos e dados concretos acerca deste tema.

A cada vez maior utilização de meios complementares de diagnóstico e o permanente

desenvolvimento das tecnologias podem levar, com frequência, a que o médico se distancie da

interação com o doente. Por outro lado, cada vez mais, o médico é alvo de pressões provenientes

de exigência de reduções dos custos, diminuição dos tempos de consulta, entre outras de

natureza económica e organizacional.

A sábia máxima de Ambroise Paré que evoca “curar ocasionalmente, aliviar frequentemente,

consolar sempre”, talvez demonstre de maneira palpável, os contornos da empatia. A relação

médico-doente vai além do encontro situacional entre esses dois intérpretes, algo maior do que

fazer perguntas e exames físicos, receitar medicamentos e prescrever condutas. Estudos

sugerem que a RMD mescla habilidades técnicas e pessoais. Reformas curriculares que

reforcem positivamente o treino de habilidades voltadas para a consolidação da prática e a

vivência de uma RMD salutar podem ter como alicerce a empatia.15

O presente estudo abordou pela primeira vez em Portugal a perceção da empatia por parte do

próprio consulente, utilizando a escala JSPPPE. Teve como um dos principais objetivos o

desenvolvimento de uma tradução portuguesa do questionário JSPPPE, dado que acerca deste

instrumento não se conhecem publicações em Portugal.

A tradução do questionário JSPPPE e os posteriores procedimentos permitiram cumprir os

passos necessários à validação da tradução linguística deste instrumento. O estudo foi

autorizado pelo autor da escala (Anexo I). O outro instrumento utilizado, MCP-PT, foi já alvo

de tradução e validação para português, segundo dados de autor.16

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

33

Relativamente ao pré-teste, não foram encontradas dificuldades na compreensão das 5 frases

nomeadas. Contudo, a maioria dos utentes não compreendeu que teria de usar a escala de 1 a 7

para cada uma das frases nomeadas, e que teria de escrever o número correspondente no espaço

que antecede a frase. A alternativa passou por colocar a escala de 1 a 7 por baixo de cada frase,

como se pode constatar na versão final do questionário (Anexo V). A dificuldade foi deste modo

ultrapassada, sendo esta a única alteração que se efetuou em relação ao questionário original.

O tempo médio de preenchimento do questionário foi de 5 minutos, aproximadamente, sendo

que, para os indivíduos com formação académia alta, o tempo médio foi menor, de cerca de 3

minutos.

Já na fase seguinte, no estudo de campo, sempre que indispensável a investigadora procedeu à

leitura das questões e registo das respostas, com o objetivo de otimizar a população a abranger

pelo estudo, particularmente a tentativa de colmatar a impossibilidade de leitura dos

questionários por consulentes sem escolaridade, diminuição da acuidade visual, ou outras

causas justificativas, bem como, evitar a existência de dados por preencher e perguntas por

responder, e também diminuir o tempo de resposta pelo inquirido. Os critérios de aplicação do

estudo excluíram utentes que recorreram às unidades de saúde em situação de urgência de forma

a conseguir uma amostra populacional que pudesse ser o reflexo da relação médico-doente

desenvolvida na referida unidade de saúde pelo médico de família. Foram também

criteriosamente excluídos todos os utentes que independentemente da faixa etária, demostraram

incapacidade de compreensão de conceitos e expressão de opinião.

Nesta investigação foi colmatado o possível viés de informação ou comunicação, pois a

realização do estudo não foi anteriormente comunicada aos consulentes da possibilidade de

serem entrevistados. Os médicos também não foram informados da sua realização.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

34

Admitem-se vieses de perceção, de memória e de intenção no preenchimento do questionário.

Diversos fatores, aqui não estudados, como o tempo de espera para a efetivação da consulta,

podem ter influenciado os resultados. Ainda a leitura e preenchimento dos questionários pela

autora, em alguns casos, é um possível elemento causador de viés. Todavia apesar das

limitações, os objetivos propostos foram cumpridos.

Neste estudo participaram 167 consulentes, cuja caracterização geral da amostra revelou uma

maioria dos inquiridos do sexo feminino (69,5%), numa faixa etária entre os 36 e os 65 anos

(58,1%), de formação académica baixa (50,3%), profissionalmente ativos (60,5%) e com toma

regular de medicação (66,5%). Vale realçar, este último item, pela elevada percentagem que

afirma tomar medicação regularmente. Contudo, é de apontar a limitação na análise a esta

variável, já que não foram esclarecidas quais as justificações inerentes, e deste modo, numa

amostra populacional maioritariamente do género feminino, com elementos em idade fértil,

poderá fundamentar-se a toma de medicação crónica englobando tanto medicação para co-

morbilidades, como medicação anticoncecional.

Na análise inferencial, foi possível observar diferença estatisticamente significativa para a

variável faixa etária (p <0,001) sendo o grupo de elementos do sexo feminino com idade

compreendida entre 36 a 65 anos, o mais prevalente na amostra [73 (62,9%) vs 24 (47,1%)].

Também se verificou diferença estatisticamente significativa para a variável grupo de atividade

profissional (p=0,015), sendo o género feminino mais ativo que o masculino [77 (66,4%) vs 24

(47,1%)].

Como limitação do estudo salienta-se o facto de este trabalho ter sido aplicado a uma amostra

populacional de conveniência, ao invés de aleatória, tendo sido aplicado apenas a uma unidade

de saúde.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

35

Quanto à exploração da perceção da empatia pelos consulentes, apesar de estes usarem uma

escala com grande variação de resposta (1 a 7), a média geral e de cada item foi alta, variando

de 5,9 a 6,4. Sendo a escala JSPPPE unidimensional, um alto nível de consistência interna foi

esperado e encontrado, como reflexo de um coeficiente alpha de cronbach de magnitude

elevada.17

Por meio da aplicação futura da JSPPPE-VP no nosso país, a perceção da empatia pelos

consulentes portugueses poderá ser comparada de maneira consistente, a nível nacional e

internacional. Nacionalmente, a disseminação deste instrumento de avaliação a outros

contextos fomentará a comparação do nível de empatia percecionado pelos consulentes, em

Portugal.

A média global obtida com a JSPPPE foi de 6,2 (mediana= 6,5). Pode-se então concluir em

jeito de resposta à questão colocada na introdução: “Como avaliam os consulentes a empatia na

relação com os seus médicos?” que a avaliação é satisfatória, contudo, considerando-se

melhores os resultados respeitantes ao percentil igual ou superior ao P75, para maior aperto de

qualidade e conhecimento exato da realidade, apenas 32,9% (n=55) se encontram nesse nível.

Existem várias explicações para que os níveis de empatia não sejam tão altos.

Até há pouco tempo a educação no que respeita à empatia clínica ficou para trás relativamente

a outras áreas da prática clínica. Assim sendo, muitos médicos não receberam educação

suficiente para desenvolver ou melhorar as habilidades necessárias à MCP.18

É também possível que a empatia não seja adequadamente modelada, nem a sua aquisição

adequadamente reforçada durante o processo de educação. Finalmente, a educação sistemática

nesta área poderá ter-se desenvolvido lentamente porque a aquisição de competências nestes

domínios foi considerada como uma intuição, em vez de um conjunto de habilidades que pode

ser especificada, ensinada e instruída. 18

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

36

A pergunta P2 do JSPPPE - Pergunta acerca do que está a acontecer na minha vida diária,

obteve a menor pontuação média (5,9), numa ligeira discrepância em relação às restantes que

não parece fácil de explicar.

À partida poderá prender-se com algumas das limitações do estudo. Contudo a investigadora

pôde constatar que, na generalidade, este era um dos pontos em que os consulentes se

mostraram mais insatisfeitos, podendo então aqui encontrar-se já um elemento que é necessário

melhorar para que se estabeleça uma relação mais empática.

A ausência de um grupo de comparação introduz fragilidade metodológica, relembre-se

contudo, a originalidade relativa deste estudo.

Na caracterização geral dos que apresentaram em simultâneo pontuações baixas, num total de

49 elementos, nos questionários JSPPPE e MCP, estes consulentes são predominantemente do

sexo feminino (75,5%, n= 37) e com uma idade compreendida entre os 36 e os 65 anos (65,3%,

n=32), tal como na amostra global, contudo, apenas 8,2% (n=4) têm formação académica baixa,

o que pode indicar que uma menor formação estará também associada a uma menor exigência

por parte dos consulentes.

Foi encontrada uma correlação linear positiva entre a pontuação obtida na JSPPPE e as

respostas ao questionário MCP, de magnitude suficiente para motivar continuação de

investigação das tendências encontradas.

Pode então pensar-se que a exploração da perceção do paciente sobre a empatia médica é um

elemento chave para se melhorar a relação centrada na pessoa e, deste modo, a capacitação dos

consulentes. Assim, quanto mais empática for a RMD, maior é a capacitação do consulente,

cumprindo-se assim, outro dos objetivos deste trabalho.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

37

A investigação futura para a verificação da generalização dos achados deve incluir uma amostra

mais representativa, de diversas instituições. Para além disso torna-se pertinente aplicar esta

escala em diferentes especialidades e cenários de prática médica.

Deverá ser tido em atenção que os pacientes que têm uma opinião positiva sobre os seus

médicos estarão provavelmente mais inclinados, que outros, para responder a inquéritos sobre

os médicos, particularmente quando esta opinião é formada durante um período relativamente

longo de contacto com o seu médico. Isto pode gerar um viés de amostragem que pode limitar

a generalização dos resultados.6

Este trabalho mostra, também, a necessidade de dar mais ênfase e tempo ao ensino da consulta

empática na universidade, no ensino pós-graduado e na formação médica contínua.

Tal está em concordância com o estudo português, que visou contribuir para a validação da

JSPE-S, cujos resultados apoiam a ideia de que é possível ensinar atitudes face à empatia. Neste

estudo, a pontuação total da JSPE-S na sequência da frequência de uma disciplina de Psicologia

médica, sugere ser possível desenvolver a empatia (ou pelo menos, melhorar as atitudes face à

mesma).7 Outro estudo português, embora através de um questionário diferente, também

avaliou a empatia na RMD, obtendo pontuações médias altas. Contudo, obteve uma associação

peculiar, baixos níveis de formação foram correlacionados com baixos níveis de empatia, o que

não se encontra de acordo com a maioria dos estudos na literatura, 19 nem com o presente estudo.

Sendo o “clínico geral / médico de família” alguém com preocupações prioritárias a nível

preventivo, se outras razões não houvesse, esta seria mais que do que suficiente para que na sua

formação a aprendizagem de habilidades comunicacionais tivesse uma maior

representatividade. 20

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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A qualidade da RMD tem vindo a ser reconhecida como crucial. Deste modo, torna-se urgente

avaliar esta relação para que seja possível investir consistentemente nos aspetos identificados

como pobres e reforçar os pontos fortes.

José Nunes refere que sendo as emoções indissociáveis de qualquer relação terapêutica, então

é imprescindível conhecê-las para as poder moldar no sentido de minimizar as suas

consequências quando negativas para a relação terapêutica ou de as potenciar quando

positivas.20

Na abordagem das emoções na consulta, deve-se ter em conta que o médico e o doente: Têm

emoções na consulta; Exprimem emoções durante uma consulta; Interpretam mutuamente a

expressão das emoções; As emoções vividas na consulta afetam os resultados na mesma.

Realça-se também que é a associação entre perícias relacionais e informação que determinam

a adesão terapêutica. Segundo este autor, a MCP tem precisamente o objetivo de lidar com a

complexidade sem desprezar a lógica linear de explicação dos fenómenos, baseia a sua

intervenção na compreensão de um doente como um todo, com as suas experiências e

conhecimentos, numa tentativa de obter terreno de entendimento comum.20

Destaca ainda a consulta, que, embora seja o ato mais universal e mais antigo na prestação de

cuidados de saúde, é o de maior exigência técnica e de conhecimentos por parte do profissional,

começando pelo conhecimento, mais profundo e mais difícil, o auto-conhecimento.20

Realmente, o médico é antes de mais uma pessoa. Uma pessoa no seu contexto, com vivências

únicas, com aspirações. Tem uma vida familiar e social, tal com as pessoas com quem e para

quem trabalha. O mesmo acontece com o utente quer esteja doente quer esteja apenas em

atividade preventiva. 21

Vítor Ramos realça a importância da MCP e de se criar uma atmosfera de corresponsabilização,

visto ser o doente quem vai, ou não, concordar, aderir e cumprir o plano terapêutico acordado,

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salientado a importância da negociação e de se perceber as verdadeiras motivações, o que o

doente sente capaz de fazer e de mudar. Destaca ainda que atualmente nos CSP, os processos

de desenvolvimento pessoal e profissional contínuos estão intimamente ligados ao trabalho em

grupos dos médicos de família, incluídos em equipas multiprofissionais, designadamente, as

USF. Este progresso na organização potencia maior envolvimento, responsabilização,

interações criativas e inovações a vários níveis. 21

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Conclusões

A versão portuguesa da JSPPPE preservou as dimensões utilizadas na construção da escala

original, o que atesta a sua validade de constructo, permitindo assim a sua aplicação e

participação em estudos nacionais e internacionais no futuro.

Concluiu-se que quanto mais empática for a relação médico-doente, maior será a capacitação

do consulente.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Luiz Miguel Santiago por toda a disponibilidade, generosidade e orientação,

fundamentais a este trabalho.

Ao Professor Doutor Carlos Braz Saraiva, pela co-orientação.

A todas as pessoas que aceitaram participar de forma anónima e desinteressada neste estudo.

A todos os profissionais de saúde e funcionários das USF que aceitaram colaborar com este

estudo.

Aos meus pais Fátima e Jorge, e à minha irmã Beatriz por todo o ilimitado apoio e incentivo

que incansavelmente me dão.

Às minhas amigas Catarina, Mariana e Vânia por todo o apoio e incentivo.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Referências Bibliográficas

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Perceptions of Physician Empathy: Preliminary Psychometric Data. Croatian medical

journal 2007;48(1):81-86.

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Measurement, and Outcomes. 1st ed. Springer; Chapter 1; 3-15.

4. Gusso G, Lopes JMC org. (2012). Tratado de Medicina de Família e Comunidade:

princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed. Vol. I Seção II: 113-140.

5. Ogle, J., Bushnell, J. a, & Caputi, P. (2013). Empathy is related to clinical competence

in medical care. Medical Education, 47(8), 824–31.

6. Hojat, M., Louis, D. Z., Maxwell, K., Markham, F., Wender, R., & Gonnella, J. S.

(2010). Patient perceptions of physician empathy, satisfaction with physician,

interpersonal trust, and compliance. International Journal of Medical Education, 1, 83–

87.

7. Loureiro, J., Gonçalves-Pereira, M., Trancas, B., Caldas-De-Almeida, J. M., & Castro-

Caldas, A. (2011). Empatia na relação médico-doente evolução em alunos do primeiro

ano de medicina e contribuição para a validação da escala Jefferson em Portugal. Acta

Medica Portuguesa, 24, 431–442.

8. Dinesh, B., David, J., & Stewart, N. B. (2012). The Role of Empathy in Therapy and

the Physician- Patient Relationship, 252–257.

9. Neumann M, Wirtz M, Bollschweiler E, Mercer SW, Warm M, Wolf J, Pfaff H:

Determinants and patient-reported long-term outcomes of physician empathy in

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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oncology: a structural equation modelling approach. Patient Educ Couns 2007;69:63–

75.

10. Mercer SW, Neumann M, Wirtz M, Fitzpatrick B, Vojt G: General practitioner

empathy, patient enablement, and patient-reported outcomes in primary care in an area

of high socio-economic deprivation in Scotland – a pilot prospective study using

structural equation modeling. Patient Educ Couns 2008; 73:240–245.

11. Rakel D, Barrett B, Zhang Z, Hoeft T, Chewning B, Marchand L, Scheder J: Perception

of empathy in the therapeutic encounter: effects on the common cold. Patient Educ

Couns 2011;85:390–397.

12. Hojat M, Louis DZ, Markham FW, Wender R, Rabinowitz C, Gonnella JS: Physicians’

empathy and clinical outcomes for diabetic patients. Acad Med 2011;86:359–64.

13. Steinhausen, S., Ommen, O., Thüm, S., Lefering, R., Koehler, T., Neugebauer, E., &

Pfaff, H. (2014). Physician empathy and subjective evaluation of medical treatment

outcome in trauma surgery patients. Patient Education and Counseling, 95(1), 53–60.

14. Derksen, F., Bensing, J., & Lagro-janssen, A. (2013). Effectiveness of empathy in

general practice: a systematic review; 76–84.

15. Azevedo, R., & Donizete da Costa, F. (2009). Empatia, Relação Médico-paciente e

Formação em Medicina : um Olhar Qualitativo, 34(2), 261–269

16. Reis, Ana Filipa Pinho Pedro. Medicina Centrada no Paciente e Capacitação do

Consulente em Medicina Geral e Familiar, Tese de Mestrado Integrado em Medicina da

Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Setembro de 2014.

17. Hojat, M., Louis, D. Z., Maxwell, K., Markham, F. W., Wender, R. C., & Gonnella, J.

S. (2011). A Brief Instrument to Measure Patients ’ Overall Satisfaction With Primary

Care Physicians, 43(6).

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

44

18. Buckman, R., Tulsky, J. A., & Rodin, G. (2011). Analysis Empathic responses in

clinical practice : Intuition or tuition ?, 183(5), 569–571.

19. Macedo, A., Cavadas, L. F., Sousa, M., Pires, P., Santos, J. A., & Machado, A. (2011).

Empathy in Family Medicine, 527–532.

20. Nunes, José M. Mendes Lisboa, (2010). A comunicação em Contexto Clínico, 1–203.

21. Ramos, V. (2008). A consulta em 7 passos. Execução e análise crítica de consultas.13-

106.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Anexos

Anexo I - Pedido e autorização do autor da escala

With compliments,

Dear Professor Hojat:

I am a Professor at the Portuguese “Universidade da Beira Interior” in the Faculty of

Medicine, where I teach General Practice for three years. As part of a curriculum renewal,

medical empathy is now being teached.

We have come across the above with your "Jefferson Scale of Patient Perceptions".

The reason for this email is about our need to validate it into European Portuguese language

so asking your permission as well as counseling in such work.

Should we be authorized we shall proceed with Portuguese translation by two fluent

Portuguese and English doctors, then ask a set of sociologists, psychologists and family

doctors to confirm that such translation is in line with the English one and then translate it to

English by two different translators to verify semantic or sense differences.

We shall then proceed with the populational validation, applying it to a set of patients to

perceive the time length of fulfilling, the difficulties in answering the questionnaire and then

with the crohnback alfa and component analysis.

We shall follow a strategy of using it in consultations to teach students and also in clinical

setting to increase medical skills. Its use will also be made controlling its results with the PEI

and the Patient Centered Medicine Scales.

Waiting for your approval and assistance

Luiz Miguel Santiago

MD, PhD

Dear Luiz:

A copy of the Jefferson Scale of Patient Perception of Physician empathy and a relevant

article are attached. Good luck with your translation, Send me a copy of your translated

version for our file. Jefferson will remain the copyright holder of any translated version and

the Jefferson copyright sign must appear in copies of the translated version.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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(-:

Hojat

Mohammadreza Hojat, Ph.D.

Research Professor of Psychiatry and Human Behavior

Director of Jefferson Longitudinal Study

Center for Research in Medical Education and Health Care

Jefferson Medical College, Curtis Building

1015 Walnut Street, 3rd Floor, Suite 320

Philadelphia, PA 19107, USA

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Anexo II- Questionário Jefferson Scale of Patient Perceptions of Physician Empathy -

Versão Original

Jefferson Scale of Patient Perceptions

of Physician Empathy

Instructions: We would like to know the extent of your agreement or disagreement with each of the following

statements about your physician named below. Please use the following 7-point scale and write your rating

number from 1 to 7 on the underlined space before each statement (1 means that you Strongly Disagree, and 7

means you Strongly Agree with the statement, a higher number indicates more agreement).

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

Strongly Disagree Strongly Agree

Dr.(Name of the physician in here)_____ __________________________________________________________________________________

1. __ Can view things from my perspective (see things as I see them).

2. __ Asks about what is happening in my daily life.

3. __ Seems concerned about me and my family

4. __ Understands my emotions, feelings and concerns.

5. __ Is an understanding doctor. __________________________________________________________________________________

Jefferson Medical College, 2001. All rights reserved.

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Anexo III – Consentimento Informado

Caro Utente

Este questionário pretende estudar a qualidade da relação médico-doente na consulta.

O método irá consistir na aplicação deste questionário a uma amostra representativa da

população, realizada na USF Topázio e no Centro de Saúde de Figueiró dos Vinhos. Os

resultados serão discriminados por género, idade, grau de formação académica, sofrimento de

doença crónica e atividade ocupacional.

A participação é totalmente voluntária, podendo o utente interromper a realização do

inquérito a qualquer momento. As respostas dadas serão completamente confidenciais,

anónimas e sigilosas.

Ana Catarina e Silva Domingues

Aluna de Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de

Coimbra

____________________________________________________

Declaro que recebi a informação necessária, que estou esclarecido e que aceito participar

voluntariamente no estudo.

Data:

Assinatura do participante:

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Anexo IV – Questionário JSPPPE-VP

Julga-se que a qualidade da relação médico-doente é muito importante no resultado das consultas e na

qualidade da saúde. Para sabermos como avaliar as qualidades na consulta e no relacionamento consigo

do seu médico elaborámos trabalho para o qual pedimos a sua colaboração pelo preenchimento do

questionário abaixo. Ninguém conseguirá saber quem respondeu, como respondeu e o que respondeu.

Pode não o preencher e pode mesmo parar o preenchimento a meio.

Assim solicitamos e agradecemos a sua opinião quanto às perguntas abaixo.

Idade: Até 35 anos Entre 36 a 65 anos Mais de 65 anos

Género: Masculino Feminino

Toma medicamentos

regularmente Sim Não

Estudos: Sabe ler e escrever 1

9.º ano (4ª classe) 2

12.º ano (7º ano) 3

Superior 4

Atividade em que ocupa a

quase totalidade do tempo

e/ou em que ganha quase todo

o dinheiro mensal:

Agricultura 1

Comércio 2

Indústria 3

Serviços 4

Doméstica 5

Desempregado 6

Reformado 7

Estudante 8

Instruções:

Gostaríamos de saber o seu grau de concordância ou discordância com cada uma das seguintes frases

acerca do seu médico que abaixo nomeamos. Por favor use a escala em sete pontos e anote a sua

avaliação entre 1 e 7 escrevendo o número com que mais se identifica para cada frase no espaço antes

de cada frase.

Na escala 1 significa que esta em pleno desacordo e 7 que está em pleno acordo.

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

Discordo totalmente Concordo totalmente

Nome do médico: ________________________________________________

1 - __ Consegue compreender as coisas na minha perspectiva (ver as coisas como eu as vejo)

2 - __ Pergunta acerca do que está a acontecer na minha vida diária

3 - __ Parece preocupado acerca de mim e da minha família

4 - __ Compreende as minhas emoções, sentimentos e preocupações

5 - __ É um médico que me compreende

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A empatia na consulta e a capacitação dos consulentes

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Anexo V- Questionário JSPPPE-VP adaptado

Julga-se que a qualidade da relação médico-doente é muito importante no resultado das consultas e na

qualidade da saúde. Para sabermos como avaliar as qualidades na consulta e no relacionamento consigo do

seu médico elaborámos trabalho para o qual pedimos a sua colaboração pelo preenchimento do questionário

abaixo. Ninguém conseguirá saber quem respondeu, como respondeu e o que respondeu. Pode não o

preencher e pode mesmo parar o preenchimento a meio.

Assim solicitamos e agradecemos a sua opinião quanto às perguntas abaixo.

Idade: Até 35 anos Entre 36 a 65 anos Mais de 65 anos

Género: Masculino Feminino

Toma medicamentos

regularmente Sim Não

Estudos: Sabe ler e escrever 1

9.º ano (4ª classe) 2

12.º ano (7º ano) 3

Superior 4

Atividade em que ocupa a

quase totalidade do tempo e/ou

em que ganha quase todo o

dinheiro mensal:

Agricultura 1

Comércio 2

Indústria 3

Serviços 4

Doméstica 5

Desempregado 6

Reformado 7

Estudante 8

Instruções: Gostaríamos de saber o seu grau de concordância ou discordância com cada uma das

seguintes frases acerca do seu médico que abaixo nomeamos. Por favor use a escala em sete pontos e

anote a sua avaliação entre 1 e 7, fazendo um círculo no número com que mais se identifica para cada

frase.

Na escala 1 significa que esta em pleno desacordo e 7 que está em pleno acordo.

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

Discordo totalmente Concordo totalmente

Nome do médico: ________________________________________________

1 - Consegue compreender as coisas na minha perspectiva (ver as coisas como eu as vejo)

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

2 - Pergunta acerca do que está a acontecer na minha vida diária

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

3 - Parece preocupado acerca de mim e da minha família

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

4 - Compreende as minhas emoções, sentimentos e preocupações

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

5 - É um médico que me compreende

1-------2-------3-------4-------5-------6-------7

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Anexo VI- Questionário MCP-PT

Na consulta de hoje com o seu médico (assinale a resposta com que mais concorda):

Afirmação Resposta

1.1Pôde falar sobre o que sentia e sobre os motivos que o levaram à

consulta? Não Em parte Sim

1.2 Pôde falar sobre os seus receios e as suas esperanças quanto aos

seus problemas? Não Em parte Sim

2 Sentiu que o médico se interessa por si, pela sua família e pelas

suas condições de vida? Não Em parte Sim

3.1 Sentiu que o processo de tratamento será realizado em conjunto e

colaboração entre si e o seu médico? Não Em parte Sim

3.2 Entendeu os objetivos, métodos e possibilidades em relação ao

“tratamento” escolhido? Não Em parte Sim

4.1 Percebeu a importância de cumprir as indicações para um

“tratamento” correto e que dê resultados? Não Em parte Sim

4.2 Percebeu o que deve ser feito para evitar “piorar”? Não Em parte Sim

5 Aceitou fazer o que lhe foi proposto para “melhorar”? Não Em parte Sim

6.1Sentiu que o médico se mostrou interessado em ajudar a resolver

o seu problema? Não Em parte Sim

6.2 Compreendeu que o sucesso do tratamento depende de si como

doente e de outros profissionais que trabalham com o seu médico? Não Em parte Sim

6.3 A consulta com o seu médico durou o tempo necessário? Não Em parte Sim

6.4 Esta consulta com o seu médico aconteceu no momento certo? Não Em parte Sim

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Anexo VII – Autorização da ARS do Centro

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