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Metodologia da Pesquisa Educacional – IBB046 Abordagens de Pesquisas e métodos Universidade Federal do Amazonas Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Biologia Área de Ensino Prof°. Me. Saulo C. Seiffert Santos 2012 1

Abordagens de pesquisas e métodos de ensino

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Page 1: Abordagens de pesquisas e métodos de ensino

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Metodologia da Pesquisa Educacional – IBB046

Abordagens de Pesquisas e métodos

Universidade Federal do AmazonasInstituto de Ciências Biológicas

Departamento de BiologiaÁrea de Ensino

Prof°. Me. Saulo C. Seiffert Santos2012

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Roteiro

Dinâmica

Revisão

Validade da pesquisa

Pesquisa Quantitativa

Pesquisa Qualitativa

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Dinâmica

Tabuleiro de xadrez mutilado (SINGH, 2008)Seria possível cobrir todas as casas do xadrez mutilado com 31 peças de dominó?• Tente preencher com trinta

uma peças.• Qual foi a explicação que

você elaboraram?– O mesmo procedimento de

verificação pode abrir espaço para analisar de formas diferentes!

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Revisão - A pesquisa se desenha?

Problema de pesquisa

(novidade)

Pesquisa reconhecimento

Preparação de um projeto

Elaboração do corpo conceitual

Elaboração do procedimento metodológico

Aplicação do planejamento

Registro das informações

Analise das informações

Discussão e elaboração de

relatório

Submeter aos pares de

profissionais

Divulgação do trabalho e crítica

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Revisão - PositivismoEvolução do positivismo:• positivismo clássico: os fatos são percebidos por

teorias, e submete a imaginação à observação, e busca prever;

• Empiriocriticismo;• Neopositivismo ou Positivismo lógico;O Círculo de Viena que incluía alguns dos mais conhecidos pesquisadores nas áreas das ciências naturais (Otto Neurath, M. Schlick, R. Carnap etc.), preocupava-se antes de tudo com as funções da filosofia. O emprego do termo “variável” permitiu medir as relações entre os fenômenos e estabelecer generalizações. Os conceitos operacionalizados formavam as proposições que permitiam formular as teorias.Não podia existir qualquer tipo de conhecimento elaborado a priori (antes da experiência).

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Revisão - Fenomenologia• Intencionalidade é da consciência que sempre está

dirigida a um objeto;• princípio que não existe objeto sem sujeito;• intencionalidade: se apresenta a consciência de

estar orientada para um objeto.• Não é possível nenhum tipo de conhecimento se o

entendimento não se sente atraído por algo, concretamente por um objeto (Triviños, 2009, p. 45).

• A intencionalidade de algo é “puramente descritivo, uma peculiaridade íntima de algumas vivências”.

• A fenomenologia descreve os fatos, não explica e nem analisa. Seu principal objeto é o mundo vivido, ou seja, os sujeitos de forma isolada.

• A fenomenologia não leva em consideração a historicidade, mas descreve um pouco mais os fatos e exalta a interpretação do mundo intencionalmente.

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Revisão - Marxismo• Karl Marx (1818-1883), ao fundar a doutrina marxista

na década de 1840, revolucionou o pensamento filosófico.

• O marxismo compreende três aspectos principais: – o materialismo dialético, – o materialismo histórico – e a economia política.

• tendência dentro do materialismo filosófico;• A partir das ideias de Helgel desenvolveu o conceito de

alienação ; • ponto de vista dialético da compreensão da realidade. • Desenvolveu-as dentro de sua concepção materialista

do mundo, ao invés de vinculá-las ao espírito absoluto hegeliano (Triviños, 2009, p. 50).

• Substitui-se o idealismo hegeliano por um realismo materialista: a matéria é o princípio fundamental e a consciência, produto da matéria.

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Revisão - Posições filosóficas

Conhecimento possível neutro

Idealista – empiristaMétodos empíricos-

lógicos

Conhecimento possível subjetivo

Idealista – subjetivista

Métodos subjetivos-indutista

Conhecimento possível social

Idealista – materialista

Métodos dialéticos

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Pesquisa Quantitativa e Pesquisa Qualitativa

• Ciências– Pesquisa qualitativa: Ciências Sociais e Humanas– Pesquisa quantitativa: Ciências Naturais

e também nas Sociais

• Orientação da pesquisa– Pesquisa qualitativa: compreensão, descoberta– Pesquisa quantitativa: relação causa-efeito

• Formas de raciocínio– Pesquisa qualitativa: indutivo– Pesquisa quantitativa: dedutivo

• O problema e as hipóteses– Pesquisa qualitativa: o problema é revisto durante o estudo e não há hipóteses

a priori– Pesquisa quantitativa: problema e hipóteses definidos a priori. As hipóteses são

testadas.

O ferro conduz eletricidadeO ferro é metalO ouro conduz eletricidadeO ouro é metalO cobre conduz eletricidadeO cobre é metalLogo os metais conduzem eletricidade.

Todo metal conduz eletricidade. O mercúrio é um metal. Logo, o mercúrio conduz eletricidade.

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• Relação pesquisador-sujeito– Pesquisa qualitativa: envolvimento, não-neutralidade– Pesquisa quantitativa: objetividade, neutralidade

• Os dados– Pesquisa qualitativa: fenômenos não-quantificáveis– Pesquisa quantitativa: variáveis quantificáveis passíveis de

mensuração

• Instrumentos de coleta de dados– Pesquisa qualitativa: observação participante, entrevista não-

diretiva, história de vida, análise de conteúdo– Pesquisa quantitativa: testes, observação simples, questionário.

• Análise dos dados– Pesquisa qualitativa: busca a essência dos fenômenos.

Interpretação de acordo com o contexto– Pesquisa quantitativa: métodos estatísticos e comparação com

ouros estudos

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Pesquisas exploratórias Geralmente a primeira etapa de uma pesquisa mais ampla. Tem o objetivo de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato, com vistas à elaboração de problemas mais precisos e hipóteses para estudos posteriores.

Pesquisas descritivasConsiste na descrição de caraterísticas de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

Pesquisas explicativasTêm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Tenta explicar a razão das coisas, o porquê. Tipo mais delicado e complexo pois aumenta consideravelmente o risco de se cometer erros.

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Tipos de pesquisas

experimentalnão-experimental

bibliográficahistórica

levantamentoparticipante ou pesquisa-ação

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Organização do Projeto de Pesquisa

Tema

Delimitação do tema

Problema de Pesquisa

Questões Orientadoras –

Hipótese Justificativa

Objetivos (Geral e

Específico)

Referencial Teórico

Procedimento Metodológico

Considerações Cronograma

Referências

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Organização do Artigo

Título

Resumo

Palavras-chaves

Introdução

Procedimento metodológicoResultados

Discussão

Considerações

Referências

Síntese teórica,problema de pesquisa, justificativa,objetivo da pesquisa e hipóteses)

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Como Pesquisar:

1) Escolha do Tema;2) Revisão de Literatura, Justificativa,3) Formulação do problema,4) Determinação de objetivos,5) Metodologia,6) Coleta de Dados,7) Tabulação de Dados,8) Análise e Discussão dos Resultados,9) Conclusão da análise dos resultados,10) Redação e11) Apresentação do Trabalho Científico

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O problema

IntroduçãoFaz uma introdução ao tema da pesquisa. É adequado citar os autores mais importantes, mostrando o “estado da arte”.

Problema de pesquisa: não pode ser problema de engenharia ou valor (como se faz?), deve ser científico. Para isso, necessita envolver variáveis que possam ser testáveis.

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Objetivos• O que se pretende com o desenvolvimento da

pesquisa e quais resultados se procura alcançar;Justificativa• Consiste na apresentação das razões de ordem

teórica e/ ou prática que justificam a realização da pesquisa;

Delimitação• Restrição do campo de interesse.

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Revisão de literatura

• É de extrema importância, irá familiarizar o leitor com outros estudos;

• Demonstra a necessidade da realização do estudo, assim como, a obtenção de resultados expressivos por outros autores.

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Modelo de estudo; Descrição da amostra: seleção dos sujeitos;• Instrumentos: Indicação de testes, questionários, entrevistas,

observações a serem utilizados;• Procedimento da coleta de dados: como, quando e por quem

foram aplicados os instrumentos; • Tratamento de dados: explicitação estatística utilizada ou

outros modos de interpretação de dados – abordado no Referencias teórico;

• Limitação do estudo: aspectos indesejáveis que influenciarão os resultados e não são controláveis;

Metodologia

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Resultados e Discussão

• Tabelas e figuras: devem conter título e numeração;

• Ênfase nos resultados mais significativos, apontar divergências e convergências com a literatura.

• Obras e autores: citação simples, sobrenome dos autores seguido do ano. Ex: (JACOBS,1932); (ARY, JACOBS & RAZAVIER, 1972)

Regression95% confid.

IDADE_ME vs. ESTATURA (Casewise MD deletion)

ESTATURA = 83,043 + 5,7031 * IDADE_ME

Correlation: r = ,92320

IDADE_ME

ES

TAT

UR

A

80

100

120

140

160

180

200

2 4 6 8 10 12 14 16 18

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• Mais de três autores, sobrenome do primeiro, seguido da expressão “et al.” e ano;

• Quando mencionado um autor que está sendo citado na obra consultada, deve-se indicar o primeiro autor, seguido da expressão “apud” ou “citado por” e finalmente o autor e ano da obra atual. Ex: COOPER apud MCARDLE,1986);

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Referências Bibliográficas:

Todos e, somente, os autores citados no texto devem aparecer nas referências bibliográficas e vice-versa. Material consultado sem alusão no texto não é referenciado, podendo, no entanto, aparecer em outra seção sob o título bibliografia suplementar.A sequência deverá obedecer a ordem alfabética dos sobrenomes dos autores. As referências variam em função do número de autores e da fonte utilizada. (ABNT – NBR 6023/2002)

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Validade de uma Pesquisa

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Critérios de validação da pesquisa:

Internos Fidedignidade Coerência lógica Consistência Objetividade Originalidade

Externos Comparabilidade Divulgação Crítica (verificação, replicação) Reconhecimento pela comunidade científica

Controle das variáveis que ameaçam a validade (tanto interna quanto externa)

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Atitude (vigilância e abertura): Suspeitar das verdades pré-estabelecidas de senso comum

Capacidade de “suspender” suas próprias opiniões, convicções e preconceitos para ouvir o outro sem julgá-lo (ser X dever ser)

Ter consciência da teoria e das hipóteses ou pressupostos que está utilizando, assim como das limitações da pesquisa

Prestar atenção aos seus próprios envolvimentos pessoais, políticos e/ou ideológicos no tema da pesquisa

Estar aberto(a) para aceitar resultados que contrariem suas hipóteses e/ou suas convicções pessoais

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Ética: Observância da legislação (Constituição, ECA etc.), dos

códigos de conduta profissional específicos, conforme a área, e dos princípios éticos gerais da atividade científica

Informação clara e precisa aos pesquisados sobre objetivos, responsabilidade institucional, usos e formas de divulgação da pesquisa

Consentimento para a realização da pesquisa

Garantia de anonimato individual aos pesquisados

Ausência de danos para os pesquisados

Relação de equidade, respeito e não-julgamento para com as pessoas pesquisadas

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VARIÁVEIS• Elementos aos quais podem ser atribuídos diferentes valores.

Também chamadas de conceitos ou constructos.•

DEFINIÇÕES OPERACIONAIS• Atribui significado a uma variável ou constructo especificando as

operações necessárias para medi-la.y = a + bx. y=dependentes; x=independentes.

• VARIÁVEIS INDEPENDENTES: aquela (s) que influencia(m) outras variáveis.• VARIÁVEIS DEPENDENTES: aquela(s) que é (são) influenciada(s) pela variável

independente.•VARIÁVEIS DE CONTROLE: controla ou mantém constante aspectos que não

se deseja que influenciam no estudo. •VARIÁVEIS MODERADORAS (ou categóricas): variáveis secundárias divididas

em pelo menos duas categorias ou grupos.VARIAVEIS MEDIDAS, CATEGÓRICAS E MANIPULADAS (KERLINGER, 1980).

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HIPÓTESEÉ um enunciado das relações entre duas ou mais variáveis. Devem implicar a verificação empírica das relações enunciadas.

• Semelhantes aos problemas. Os problemas são sentenças interrogativas e as hipóteses sentenças afirmativas. A diferença entre os dois é que as hipóteses tendem a ser mais específicas que os problemas para facilitar a verificação empírica.

• Problema: Privação na infância pode levar à deficiência mental?

• Hipótese: Se privação afetiva nos primeiros anos de vida então deficiência mental na vida adulta ( Se ..., então ...)

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AMOSTRAGEM

Universo ou população: Conjunto definido de elementos com características comuns.

Amostra: Subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população.

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TIPOS DE AMOSTRAGEM

Probabilista (aleatória): Todos os elementos da população tem a mesma probabilidade (chance) de serem escolhidos para comporem a amostra.

Não-probabilista (não-aleatória): As probabilidades dos elementos da população serem selecionados não são as mesmas.

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Variável/estímulo experimental

• O conjunto de materiais, eventos, situações e/ou metodologias que serão aplicados aos grupos experimentais

• Como exemplos de variável/estímulo experimental temos:– A aplicação de uma sequência didática– A utilização de um recurso tecnológico como

recurso educacional– O estudo de um texto

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Observação, teste ou medição

• Método utilizado para se obter os dados– Entrevistas, filmagens,

testes de papel e lápis, testes computacionais

• O pré-teste é considerado uma observação

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Tipos de validade

• De conteúdo: quando o conteúdo presente no instrumento contempla uma vasta gama dos conteúdos/conhecimento que está sendo medido

• Concorrente: quando um instrumento obtém resultados que se relacionam aos resultados obtidos por outro instrumento que já tenha sido validado

• Preditiva: quando o pesquisador utiliza os resultados obtidos com esse instrumento para fazer predições sobre os respondentes e estas predições são confirmadas

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Validade interna - variáveis a controlar

• Variáveis que possuem impacto e que se não controladas podem produzir efeitos confundidos com o efeito do estímulo experimental:1. História: são os eventos ocorridos entre a

primeira e segunda observação ou entre o estímulo experimental e uma observação

2. Maturação: processos internos aos sujeitos, que são função do transcorrer do tempo

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Validade interna – variáveis a controlar

3. Testagem: efeitos da aplicação de um teste sobre os escores de uma segunda aplicação

4. Instrumentação: mudanças nos instrumentos de medida, nos observadores e nos encarregados da atribuição das notas

5. Regressão estatística: fenômeno que ocorre quando grupos tenham sido selecionados com base em seus escores extremos

6. Vieses de seleção: causados por seleção diferencial de sujeitos para a comparação de grupos

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Validade interna – variáveis a controlar

7. Mortalidade diferencial: causada pela perda de respondentes por parte dos grupos comparados

8. Interação seleção-maturação e outras interações: ocorrem quando um dos grupos (de controle ou experimental) está sujeito a uma maturação ou a uma evolução significativamente maior do que a do outro grupo

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Validade externa – variáveis a controlar

• Devem ser controladas as variáveis que ameaçam a generalização do experimento:1. Efeito reativo: o pré-teste pode aumentar ou

diminuir a sensibilidade ou a capacidade de resposta dos sujeitos à variável experimental

2. Interação entre os vieses decorrentes da seleção e a variável experimental: pode ocorrer que os efeitos demonstrados sejam válidos apenas para a população onde foram selecionados o grupo de controle e o experimental

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Validade externa – variáveis a controlar

3. Interferência de tratamentos múltiplos: pois os efeitos dos tratamentos anteriores não podem ser cancelados

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PESQUISA QUANTITATIVA

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A pesquisa quantitativa: características

• Baseia-se na experimentação, onde os delineamentos podem ser:– Pré-experimentais: pouco controle; quase nenhum

valor científico– Experimentais: grande controle e valor científico– Quase-experimentais: similares aos experimentais,

mas sem o mesmo controle experimental

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A pesquisa quantitativa: características

• Faz uso intensivo de técnicas estatísticas, correlacionando as variáveis e verificando o impacto e a validade do experimento:– Essas técnicas devem ser

adequadas ao tipo de delineamento adotado

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O instrumento de coleta de dados

• Deve ser:– Válido: o instrumento consegue medir aquilo a

que se propõem?• Alguns tipos de validade: de conteúdo, concorrente e

preditiva

– Fidedigno: qual é o erro proveniente do uso do instrumento de coleta de dados e o quão estável é esse instrumento?

• Um instrumento não pode ser válido se não for fidedigno

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O instrumento de coleta de dados

• Nas pesquisas quantitativas:– A fidedignidade é

resolvida por meio da estatística

– A validade deve ser alcançada por meio do maior número possível de critérios de validade

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Alguns Delineamentos

• Pré-experimental– Pré-teste e pós-teste aplicados a um grupo

O1 X O2 A validade interna está ameaçada por:

História, maturação, testagem, instrumentação, regressão estatística e interação de seleção e maturação

A validade externa está ameaçada por: Reatividade, interação de testagem e X, e a interação

de seleção e X

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Alguns Delineamentos

• Experimental– Pré-teste e pós-teste a grupos experimentais e de

controle (D4)

O1 X O2AO3 O4A

A validade interna está “assegurada” A validade externa está ameaçada pela interação

entre X e alguma outra variável: Os efeitos observados de X podem ser específicos aos

grupos aquecidos pelo pré-teste

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Alguns Delineamentos

• Quase-experimental– Delineamento com grupo de controle (não-

equivalente )O1 X O2

O3 O4

É utilizado quando não é possível o D4 Está suscetível às mesmas fraquezas que D4 e

ainda à interação de seleção e maturação (validade interna)

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Alguns delineamentos e as validades

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PESQUISA QUALITATIVA

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ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA EM CIÊNCIAS SOCIAIS: Busca descrever e analisar a cultura e o comportamento de indivíduos e grupos do ponto de vista dos pesquisados. Preocupação essencial é captar o significado que as pessoas dão aos fenômenos estudados.

CULTURA: sistema de valores, crenças, hábitos, atitudes e representações

SIGNIFICADOS: explícitos e implícitos (latentes)

Parte de uma visão “holística” (pressupõe interrelação indivíduo/sociedade e entre os vários aspectos da vida social). Observa as pessoas e o seu contexto como uma totalidade.

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CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVA (cont.)

É flexível e interativa (não se limita a um conjunto de questões predefinidas, constrói-se parcialmente no processo e na relação com os pesquisados)

Aproxima “sujeito” e “objeto”, enfatizando o diálogo entre diferentes tipos de conhecimento

A subjetividade e o envolvimento pessoal do observador, desde que controlados, podem ser instrumentos úteis para a pesquisa (intuição, empatia, imaginação, sensibilidade, experiência pessoal)

Pode combinar diferentes técnicas e também estar associada a pesquisas quantitativas

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Alguns tipos de pesquisa qualitativa:

1. Etnografia

2. História de vida

3. Estudo de caso

4. Pesquisa documental

5. Pesquisa-ação

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Técnicas de pesquisa qualitativa:

estruturada semi-estruturada aberta

Entrevista

Observação

Grupo focal

Levantamento documental textos fotografias, filmes, desenhos

participante não-participante

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Entrevista aberta (não-estruturada)

Características: Essencial para histórias de vida e sempre que se queira conhecer em profundidade valores, normas e representações de um grupo.

Preocupação maior com o que o(a) entrevistado(a) pensa do que com o que ele ou ela sabe.

Vantagens: Maior liberdade ao pesquisado maior profundidade das respostas

Alta flexibilidade: roteiro aberto permite introduzir novas questões durante o processo

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Entrevista aberta (cont.)

Limitação: Entrevistas diferentes respondem a diferentes questões Dificuldade de sistematizar e analisar o material

Critérios de seleção: Diversificação dos entrevistados, de acordo com os objetivos da pesquisa

Exemplos: Pesquisa Elemento suspeito (2003) – entrevistas com jovens de favelas e com comandantes de batalhões das Zonas Norte e Sul do Rio de Janeiro, sobre abordagem policial na cidade.

O Brasil no estudo multipaíses da OMS sobre violência doméstica e saúde da mulher (2002) – histórias de vida de mulheres vítimas de violência conjugal

Gravar? Tomar nota?

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Entrevista estruturadaCaracterísticas Roteiro de questões previamente construído, mas com possibilidade de alteração da ordem

Vantagens: Maior facilidade de comparar, sistematizar e analisar o material Possibilidade de utilizar múltiplos entrevistadores; replicabilidade das entrevistas

Limitação: Menor flexibilidade pontos importantes podem ficar de fora

Exemplo:Pesquisa Mulheres policiais – entrevistas com mulheres policiais militares do Estado do Rio de Janeiro.

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Observação participante /etnografiaCaracterísticas “Mergulho” do(a) pesquisador(a) no grupo estudado e na sua cultura, essencial para conhecer interrelações entre discursos, comportamentos, interações não-verbais e contextos

Vantagens: Profundidade, abrangência temática, flexibilidade

Limitações: Tempo e custo da pesquisa Aceitação pelo grupo Perfil específico de pesquisador(a); técnica de difícil ensino Dificuldade de replicação e de comparação

Exemplo:Tiras, gansos e trutas: Cotidiano e reforma na polícia civil, de Guaracy Mingardi (1990) pesquisador tornou-se investigador da Polícia Civil de São Paulo

Impor-tância do diário de campo

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Observação estruturadaCaracterísticas: Observador não-participante Forma de registro predeterminada Contexto natural ou artificial

Vantagens: Pode gerar também dados quantitativos Pode ser repetida para monitorar mudanças no tempo

Limitações: Foco da observação deve ser bem definido pontos importantes podem ficar de fora

Exemplo:Policiamento comunitário de Copacabana (1995) pesquisadores acompanharam rondas de policiais militares nos quarteirões do bairro, utilizando fichas pré-estruturadas para registro de observações

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Grupo focalCaracterísticas: Discussão entre participantes de um grupo convidado/convocado segundo determinados critérios e com roteiro pré-estabelecido Também utilizado como técnica auxiliar para pesquisas quantitativas Vantagens: Rapidez de geração das informações Pode ser repetido para monitorar mudanças no tempo

Limitações: Contexto de interação artificial Exige treino específico dos moderadores/observadores

Exemplo:Pesquisa Elemento suspeito – grupos de jovens: negros, universitários, de favelas, da Zona Oeste

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Pesquisa documentalCaracterísticas: Levantamento e análise de material escrito (mídia, documentos institucionais, diários, obras literárias, cartas etc.) ou visual (fotografias, filmes, obras pictóricas etc.) Também utilizada como técnica auxiliar Vantagens: Permite estudar pessoas e contextos às quais não se tem acesso físico Durabilidade das informações e possibilidade de reanálises Permite comparações no tempo longo

Limitações: Documentos têm viés de quem os produziu (não-pesquisador) Representações diretas só das camadas sociais letradas Dificuldade de captar comportamentos não-verbais

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1. Fase exploratória:

Delimitação do objeto e definição do método de estudo Busca do referencial teórico e do “estado das artes” Elaboração do projeto de pesquisa

2. Trabalho de campo (coleta de dados) 3. Processamento (tabulação ou transcrição) e

sistematização dos dados

4. Análise

Etapas de uma pesquisa (quanti ou quali):

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As perguntas da pesquisa foram claramente formuladas?

O método de pesquisa escolhido é consistente com o objetivo e as perguntas?

Os pressupostos foram bem explicitados?

A posição teórica e as expectativas do pesquisador foram explicitadas?

Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos metodológicos?

Os procedimentos metodológicos são bem documentados?

Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos analíticos?

Os procedimentos analíticos são bem documentados?

Checklist para controle de qualidade:

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O detalhamento da análise leva em conta resultados não- esperados e contrários ao esperado?

A discussão dos resultados leva em conta possíveis alternativas de interpretação?

Os resultados são congruentes com as expectativas teóricas?

Explicitou-se a teoria que pode ser derivada dos dados e utilizada em outros contextos?

Os resultados são acessíveis, tanto para a comunidade acadêmica quanto para os usuários no campo?

Os resultados estimulam ações – básicas e aplicadas – futuras?

Controle de qualidade (cont.)

(GÜNTHER, Hartmut, 2006)

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Atividade • Visite a Revista eletrônica Investigação em Ensino de Ciências

(URL: http://www.if.ufrgs.br/ienci/?go=artigos&idEdicao=52)• Responda as perguntas da página 64 da apostila com base na

leitura – dos resumos dos artigos encontrados no volume 17, número 1 ou

volume 16, número 2. São seis artigos.– Três pôsteres de pesquisa (bloco E).

• Leia os textos 2 a 6 da apostila para próxima aula.• Enviar para o e-mail: [email protected], até a terça-

feira. Caso queira os slides solicite solicite por e-mail.• Sala do prof°. Saulo Seiffert: Bloco B, sala B.15. Horário de

atendimento toda terça-feira e quinta-feira das 14-18 horas (agende de preferência por e-mail).

Obrigado e Bom final de semana!

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Algumas BibliografiasDURHAM, Eunice. A pesquisa antropológica com populaçoes urbanas: problemas e perspectivas. In: A aventura antropológica. Teoría e pesquisa. Rio de Janeiro, Ed. Paz e Terra, 1986, p. 17-37.

FALCÃO, Márcia Thereza Couto. Pesquisa qualitativa: potencialidades e limites. São Paulo, Escola de Enfermagem/USP, 2003. [disponível em http://www.ee.usp.br/pesquisa/documentos/pesqui%20quali%20EEUSP.ppt]

GODÓI, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 2, mar./abr. 1995, p. 57-63. [disponível em http://www.rae.com.br/artigos/3317.pdf]

GODÓI, Arilda Schmidt. Pesquisa qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, v. 35, n. 3, mai./jun. 1995, p. 20-29. [disponível em http://www.rae.com.br/redirect.cfm?ID=461]

GÜNTHER, Hartmut. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol. 22, n. 2, maio/ago. 2006, p. 201-210. [disponível em http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a10v22n2.pdf]

LAMY FILHO, Fernando. Pesquisa Qualitativa. Slides de aula da disciplina Abordagens Metodológicas da Pesquisa em Saúde. São Luís, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva/UFMA, s/data. [disponível em http://www.pgsc.ufma.br/arquivos/pesquisaqualitativa.pdf]

Page 65: Abordagens de pesquisas e métodos de ensino

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MAGNANI, José Guilherme Cantor. Quando o campo é a cidade: fazendo antropologia na metrópole. In: MAGNANI, J. G. C. e TORRES, Lilian de L. (orgs.). Na metrópote – Textos de Antropologia Urbanai. São Paulo, Edusp, 1996. [disponível em http://www.n-a-u.org/QUANDOOCAMPOCAPI.pdf]

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MINAYO, Maria Cecilia de S. e SANCHES, Odécio. Quantitativo-Qualitativo: Oposição ou Complementaridade? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 9 (3): 239-262, jul/set, 1993. [disponível em http://www.scielo.br/pdf/csp/v9n3/02.pdf]

WOLFFENBÜTTEL, Cristina Rolim. Pesquisa qualitativa e quantitativa: dois paradigmas. Caminhos do Conhecimento [online]. vol. 1, no. 1, 2008. [disponível em: http://www.fasev.edu.br/revista?q=node/25]

Algumas Bibliografias (cont.)