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Aborto como Questão de Saúde Pública Análise situacional do aborto Leila Adesse [email protected]

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Aborto como Questão de Saúde Pública Análise situacional do aborto Leila Adesse [email protected]. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Aborto como Questão de Saúde Pública

Análise situacional do aborto

Leila Adesse

[email protected]

Page 2: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

O abortamento representa um grave problema de saúde pública e de justiça social em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil , e apresenta grande amplitude, com uma complexa cadeia de aspectos envolvendo questões legais, econômicas, sociais e psicológicas

Segundo o Dr. Ruy Laurenti (USP), quanto a diferença entre os termos ”aborto” e “abortamento” o o Centro Brasileiro de Classificação de Doenças – CBCD não chegou ainda a uma conclusão, apesar de intenso debate sobre o assunto. Adotaremos ambos os termos como sinônimos, significando uma interrupção da gravidez (espontânea ou induzida).

Page 3: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Estudos têm demonstrado que a incidência do abortamento continua elevada, com a maioria dos procedimentos sendo realizados sob condições inseguras.

Aborto inseguro é definido como um procedimento para interromper uma gravidez indesejada, realizado tanto por pessoas sem as habilidades necessárias e/ou em um ambiente que careça de mínimos padrões médicos (Aborto Inseguro, OMS, 1998).

Reflexão : o problema não é o aborto em si e sim como é realizado

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Estima-se que cerca de 20 milhões de abortos induzidos anualmente são considerados inseguros e 97% destes ocorrem em países em desenvolvimento, com um total estimado de 68 mil mortes de mulheres no mundo. Soma-se a estes efeitos negativos, um incontável número de mulheres com seqüelas graves que incluem a perda de útero, trompas ou ovários, a infertilidade, a anemia e a dor crônica (Grimes e cols., 2006)

A taxa de aborto inseguro na America Latina e Caribe são as mais altas do mundo, estimando-se a ocorrência de quase quarto milhões de aborto inseguros ano (Replogle, 2007).

No Brasil, uma pesquisa recente conduzida pelo Instituto do Coração (Incor) revelou que no período compreendido entre 1995 e 2007, a curetagem pos- abortamento foi a cirurgia mais comum no sistema publico de saúde com um total de 3.1 milhões de procedimentos. (Estadão, 2010)

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Apesar de sua importância e dos riscos à saúde da mulher que estão associados com algumas práticas de indução do aborto, os estudos sobre a magnitude do aborto têm sido obstaculizados por preconceitos políticos, religiosos e jurídicos em relação ao aborto, que certamente não têm contribuído para melhorar a atenção médico-hospitalar que seria necessária para a população feminina, além de dificultar o conhecimento do problema.

 

Page 6: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Esta apresentação está dividida em quatro partesEsta apresentação está dividida em quatro partes

1.1. Internações por aborto no SUSInternações por aborto no SUS

2.2. Estimativas de incidência do aborto induzidoEstimativas de incidência do aborto induzido

3.3. Desigualdades regionais e socioeconômicas das taxas Desigualdades regionais e socioeconômicas das taxas de fecundidade (uma importante condição de risco do de fecundidade (uma importante condição de risco do aborto induzido)aborto induzido)

4.4. Mortalidade materna em conseqüência do abortoMortalidade materna em conseqüência do aborto

5.5. Políticas Públicas e Ações no Setor Saúde Políticas Públicas e Ações no Setor Saúde

Page 7: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

1.1. Internações por aborto no SUSInternações por aborto no SUS

Page 8: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

0

50

100

150

200

250

300

350

400

ANO

No

. de

inte

rna

çõ

es

po

r A

bo

rto

(e

m m

ilha

res

)

Brasil 345 311 319 280 253 246 230 244 248 250 247 243 253 250

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Número de internações no SUS por abortamento

(em milhares)Brasil - 1992 a 2005

Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)

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Diferenças regionais no número de internações no SUS por abortamento

0

40000

80000

120000

160000

1992 21122 137300 140593 28459 17482

2005 25290 87911 96586 22751 17909

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-OesteNo

. de

inte

rna

çõ

es

po

r A

bo

rto

no

SU

S

Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)

Page 10: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

2. Estimativas de incidência do aborto induzido2. Estimativas de incidência do aborto induzido

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ESTIMATIVAS DO NÚMERO DE ABORTOS INDUZIDOS

Estas estimativas são utilizadas para suprir a deficiência de informações disponíveis que permita medir a incidência de abortamentos, principalmente em países onde o abortamento não é livre.

O método proposto pelo Instituto Alan Guttmacher, descrito a seguir, é aceito e utilizado internacionalmente, tendo se tornado uma referência freqüente em estudos sobre magnitude do aborto.

Os indicadores de incidência foram categorizados de maneira a permitir a comparação com os indicadores internacionais apresentados pela OMS no documento “Unsafe abortion - Global and regional estimates of the incidence of unsafe abortion and associated mortality in 2003” disponível em URL:

http://www.who.int/reproductive-health/publications/unsafeabortion_2003/ua_estimates03.pdf

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UMA PARTE DE NOSSO TRABALHO RECENTE ESTÁ PUBLICADA NA REVISTA RADIS 66 (FEVEREIRO DE 2008). HTTP://WWW.ENSP.FIOCRUZ.BR/RADIS/66/PDF/RADIS_66.PDF

Page 13: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

MÉTODO DE CÁLCULO PARA O BRASIL E PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

(proposto pelo Alan Guttmacher Institute)

Foram utilizados como fatores de correção um sub-registro de 12,5% e descontada uma proporção de 25% de abortos espontâneos. Assim a estimativa foi obtida aplicando-se a seguinte equação:

no.de internações por abortamento x 5 x 1,125 x 0,75 no.de internações por abortamento x 5 x 1,125 x 0,75 numero estimado de um milhão de abortos /anonumero estimado de um milhão de abortos /ano

FONTE DOS DADOS PRIMÁRIOS (número de internações)

Ministério da Saúde/SAS. SIH-SUS (www.datasus.gov.br)

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ESTIMATIVA DA RAZÃO DE ABORTOS INDUZIDOS POR 100 NASCIMENTOS VIVOS

USO DO INDICADOR Serve para padronizar a incidência de abortamentos em

função da natalidade, tendo em conta que em lugares onde o número de nascidos vivos é maior pode-se esperar um número maior de abortamentos. Assim podemos comparar o risco de abortamentos em municípios menores (Aracaju por exemplo) com municípios maiores (como São Paulo).

MÉTODO DE CÁLCULO Estimativa do número de abortos induzidos /pelo número de nascimentos vivos X 100

FONTES DOS DADOS PRIMÁRIOS Para estimativa do número de abortos induzidos: Ministério da Saúde/SAS. SIH-SUS (www.datasus.gov.br)Para o número de nascimentos vivos: taxas específicas de fecundidade por idade estimadas pelo IBGE.

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Série histórica da razão de abortos induzidospor 100 nascimentos vivos

Há uma redução clara da razão de abortos induzidos por 100 nascimentos vivos entre 1992 e 1996 e depois este estabiliza-se em torno de 30%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

% d

e ab

ort

os

ind

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vos

Brasil 43% 38% 39% 34% 31% 30% 28% 29% 29% 29% 29% 28% 29% 29%

1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

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A América do Sul em 2003 era a região com maior razão de aborto induzido (mais de 30 abortos por 100 nascidos vivos)

Fonte: WHO, Unsafe Abortion, 2007

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ESTIMATIVA DAS TAXAS ANUAIS DE ABORTO INDUZIDO POR 1000 MULHERES DE 15 A 44 ANOS USO DO INDICADOR

Também serve para padronizar a incidência de abortamentos em função da população feminina em idade reprodutiva, tendo em conta que em lugares onde o número de mulheres de 15 a 44 anos é maior pode-se esperar um número maior de abortamentos. Assim podemos comparar o risco de abortamentos independentemente do tamanho da população feminina em idade reprodutiva. Esta faixa etária foi escolhida para permitir a comparação internacional.

MÉTODO DE CÁLCULO Estimativa do número de abortos induzidos no grupo etário de mulheres de 15 a 44 anos / pelo número de mulheres no mesmo grupo etário x 1000

FONTES DOS DADOS PRIMÁRIOS Para estimativa do número de abortos induzidos:

Ministério da Saúde/SAS. SIH-SUS (www.datasus.gov.br) Para o número de mulheres por faixa etária: a população

feminina estimada pelo IBGE.

Page 18: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Incidência anual de aborto no mundo

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MAPA DO ABORTO NO BRASIL

Taxas anuais de aborto induzido por 1.000 mulheres de 15 a 44 anosBrasil por Microrregião (2005 a 2007)

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A distribuição das taxas de aborto induzido por 1.000 mulheres de 15 a 44 anos apresenta uma desigualdade marcante entre os Estados do Sul do país, onde a anticoncepção tem uma cobertura maior, e os Estados do Norte e Nordeste, onde uma proporção maior da população feminina não está protegida por medidas anticoncepcionais.

Enquanto a maior parte das microrregiões com taxas maiores que 30 abortos induzidos por mil mulheres de 15 a 44 anos (marrom escuro) localizam-se nas Regiões Norte e Nordeste, na Região Sul predominam as microrregiões com taxas inferiores a 20/1.000

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Diferenças regionais das taxas anuais de abortos induzidos por 100 mulheres de 15 a 49 anos (1992 e 2005)

0

1

2

3

4

5

6

Grandes Regiões

Tax

as a

nuai

s d

e a

bort

os in

duzi

dos

por

100

mul

here

s de

15

a 4

9 an

os

1992 3,55 5,41 3,39 1,97 2,78

2005 2,81 2,73 1,82 1,28 2,01

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Page 22: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

3 . Desigualdades regionais e socioeconômicas das taxas de fecundidade

(importante condição de risco do aborto induzido)

Page 23: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

TAXAS DE FECUNDIDADE TOTAL SEGUNDO AS GRANDES REGIÕES (NÚMERO DE FILHOS TIDOS POR MULHER AO COMPLETAR 50 ANOS)

0

1

2

3

4

Taxas de fecundidade total 3,2 2,7 2,1 2,2 2,3

Norte Nordeste Sudeste SulCentro-Oeste

Fonte: IBGE - Síntese de Indicadores Sociais – 2005

Page 24: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

TAXA DE FECUNDIDADE TOTAL, POR GRUPOS DE ANOS DE ESTUDO DAS MULHERES

Fonte: IBGE - Síntese de Indicadores Sociais – 2005

4,9

3,7

2,0

3,0

1,6

3,7

2,9

1,6

3,5

2,9

1,6

3,3

2,8

1,7

4,0

0,0

1,5

3,0

4,5

6,0

Até 3 anos 4 a 7 anos 8 anos ou mais

Grupos de anos de estudo das mulheres

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Page 25: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

4. Mortalidade materna

Page 26: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Taxas de mortalidade materna por 100.000 nascidos vivos segundo a causa, para tres grupos etnicos - Brasil, triênio 2002 a 2004

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

causas

taxa

s

Branca 3,2 8,7 1,3 6,1 38,2 3,0 10,6 1,6 8,2

Preta 9,4 25,3 2,7 12,6 77,9 5,7 18,1 2,3 10,9

Parda 5,2 13,4 1,2 7,6 47,6 4,0 11,9 1,0 8,8

Gravidez termina em

aborto

Edema proteinúria hipertensão

Relacionados com a

gravidez

Relacionados com

puerpério

Todas as causas

Assist mãe ligados feto cav amniót

Outras afecções

obstétricas

Doenças pelo HIV

Complicações trabalho de

parto

Page 27: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

ESTIMATIVAS DE RISCOS RELATIVOS PARA ESTAS CAUSAS ESPECÍFICAS, COMPARANDO MULHERES PRETAS COM MULHERES

BRANCAS

Mostra bem o risco adicional a que estão submetidas as mulheres pretas em todas as causas específicas de mortalidade materna, com destaque para a “Gravidez que termina em aborto” e para o grupo “Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério”, com aproximadamente o triplo de risco relativo.

Riscos relativos de mortalidade materna comparando Preta/branca

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

Causas

Ris

co R

elat

ivo

Preta/branca 3,0 2,9 2,1 2,1 2,0 1,9 1,7 1,4 1,3

Gravidez que termina em

aborto

Edema proteinúr transt hiperts grav part

Relacionados com a gravidez

Relac predominant

com puerpério

Todas as causas

Assist mãe ligados feto cav

amniót probl

Outras afecções obstétricas

NCOP

Doença pelo vírus da

imunodefic

Complicações do trabalho de

parto e do parto

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ESTIMATIVAS DAS TAXAS DE MORTALIDADE MATERNA EM CONSEQÜÊNCIA DE COMPLICAÇÕES DO ABORTAMENTO SEGUNDO O NÍVEL DE ESCOLARIDADE. BRAZIL - 2002 A 2005

Taxas de Mortalidade Materna em conseqüência de complicações do abortamento segundo o nível de escolaridade. Brazil - 2002 a 2005

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

Ano

óbito

s m

ater

nos/

100.

00 n

asci

dos

vivo

s

Menos de 4 anos de estudo 6,42 7,51 8,28 10,30

4 a 7 anos de estudo 3,20 5,28 4,97 5,07

8 ou + anos de estudo 1,87 2,67 2,79 2,32

2002 2003 2004 2005

Comparando estas taxas, observamos que mulheres com menos de 4 anos de estudo suportam um risco 4,4 vezes maior de Mortalidade Materna em conseqüência de complicações do abortamento que as mulheres que tiveram oito anos ou mais de estudo.

Page 29: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

MARCO JURÍDICO BRASILEIRO DO ABORTO

A Constituição federal Brasileira de 1988 é baseada nos princípios fundamentais da igualdade, da dignidade humana, da privacidade, da liberdade e define seu estado como laico e democrático. Garante, ainda, entre outros, o direito à vida, o direito à saúde e ao planejamento familiar.

O Código Penal Brasileiro de 1940 criminaliza a prática do aborto, mas permite sua realização em duas circunstâncias: em caso de risco de vida para a mãe ou em caso de gravidez em decorrência de estupro (Artigo 128, I e II).

Page 30: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

A tipificação do aborto como um delito em si não desestimula as mulheres de se submeterem ao aborto, mas pelo contrário, as incentiva a práticas de risco, como declarou o Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher das Nações Unidas (Comitê CEDAW), em suas Observações Conclusivas ao governo do Peru, em 8 de julho de 1998. COMITÊ CEDAW, Doc. UN Cedaw/C/1998/II/L.1/Add. 7, parágrafo 6, 1998

Page 31: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

A prática do aborto inseguro evidencia, especialmente, as diferenças sócio-econômicas, culturais e regionais, diante da mesma condição de ilegalidade: mulheres com maior condição financeira, têm acesso aos métodos e à clínicas clandestinas de maior higiene e cuidado; já as mulheres mais carentes, recorrem aos métodos mais perigosos, de menor precaução, resultando num alto índice de agravos a saúde. Recentemente, uma reportagem do programa “Fantástico” (2010)

A clandestinidade cria um ambiente ameaçador, de violência psicológica e de culpabilidade que leva muitas mulheres a apresentarem sintomas de depressão ansiedade, insônia; geralmente sentem-se constrangidas e/ou com medo de declarar seus abortamentos o que contribui para dificultar o calculo da magnitude do aborto no Brasil

Page 32: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

COMPROMISSOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ASSUMIDOS PELO GOVERNO BRASILEIRO

Cairo +5, 1999, parágrafo 63.iii :

“nas circunstâncias em que o aborto não é contra a lei, os sistemas de saúde devem treinar e equipar os profissionais de saúde e devem tomar outras medidas para assegurar que o aborto seja seguro e acessível. Medidas adicionais devem ser tomadas para proteger a saúde das mulheres.”

Page 33: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Políticas Públicas e Ações no Setor Saúde Políticas Públicas e Ações no Setor Saúde

Page 34: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

O ABORTO NO SETOR DA SAÚDE

Posição oficial do Ministério da Saúde brasileiro: o aborto inseguro é uma questão de saúde pública .

Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento, de 2005.

Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual Contra Mulheres e Adolescentes, de 2005.

Page 35: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Grupo Técnico: Área Técnica da Mulher, Ipas-Brasil, FEBRASGO, Cemicamp, Rede Feminista de Saúde, ABRASCO

Diretrizes Gerais: Mudança de Atitude dos profissionais de

Saúde Respeito e Autonomia Centrada na Mulher

Page 36: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

NORMA TECNICA DO MS: ATENÇÃO AO ABORTAMENTO

Atenção de Qualidade ao Abortamento e suas Complicações

com Referências Éticos, Legais e Bioéticos

PlanejamentoReprodutivo

Acolher, Orientare Informar

Integração com Serviços deAtenção à

Saúde da Mulher

Parceria com a Comunidade

Atenção Humanizada às Mulheres em

Abortamento

Marco Marco Conceitual:Conceitual:

Page 37: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

COMPROMISSOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ASSUMIDOS PELO GOVERNO BRASILEIRO

Cairo +10, 2004, :

Afirmou-se a confiança em um mundo

“no qual mulheres e meninas não

morram no parto e na gravidez; em que

elas tenham acesso ao aborto legal e

seguro; e aonde mulheres e homens

possam decidir livres e

responsavelmente sobre se e quando

ter filhos”.

Page 38: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

O ABORTO NO SETOR DA SAÚDE:

A prática clínica cotidiana, entretanto, pode, por vezes, distanciar-se das questões ético-sociais que envolvem o problema do aborto.

A condição de ilegalidade conferida pelo código penal brasileiro de 1940, salvo para as situações de estupro e risco de vida torna o acesso das mulheres ao atendimento ainda mais difícil.

Page 39: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

Considerações finais

Page 40: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

1. Após apresentação destes resultados em Congressos, Seminários e reuniões científicas, pesquisadores sugeriram que pode ter havido um aumento na utilização de misoprostol na indução do aborto, reduzindo a freqüência de complicações e conseqüentemente necessitando um número menor de internações, o que poderia explicar esta redução entre 1992 e 2005. Seria recomendável, por este motivo, aprofundar em estudos posteriores o impacto do uso do misoprostol na indução e na incidência do aborto no Brasil.

Page 41: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

2. Realizar pesquisas para conhecer as causas pelas quais as mulheres recorrem ao aborto em situação de clandestinidade, para o desenho de políticas apropriadas de prevenção da gravidez indesejada.

Page 42: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

4. O Comitê sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (Comitê CEDAW), em sua 29ª. Sessão, no período de 30 de junho a 18 de julho de 2003, ao examinar o relatório apresentado pelo Estado Brasileiro, emitiu os seus Comentários Conclusivos, recomendando que: “profundas medidas sejam tomadas para garantir o efetivo acesso das mulheres a serviços e informações com o cuidado da saúde, particularmente em relação à saúde sexual e reprodutiva, incluindo mulheres jovens, mulheres de grupos em desvantagem e mulheres rurais. Tais medidas são essenciais para reduzir a mortalidade materna e para prevenir o recurso ao aborto e proteger as mulheres de seus efeitos negativos à saúde(...)”

Page 43: Aborto como  Questão  de  Saúde Pública          Análise situacional do aborto Leila Adesse

5. Os dados revelam que a criminalização do aborto manteve a sua prática em condição de risco com impactos graves para a saúde e a vida das mulheres.

É recomendável o debate entre pesquisadores, defensores dos direitos humanos, sexuais e reprodutivos das mulheres, membros do Executivo, Legislativo e Judiciário, sobre a necessária mudança da lei sobre o aborto para retirar o tema da esfera penal.

Recomenda-se a busca de soluções eficazes no âmbito da saúde pública, sem interferência de dogmas religiosos, como atribuição do Estado laico e democrático

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Reflexão : o problema não é o aborto em si e sim como é realizado

Video – “ Vai pensando aí” ( ipas brasil)