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7/23/2019 Acórdão STJ 1.pdf http://slidepdf.com/reader/full/acordao-stj-1pdf 1/13  Superior Tribunal de Justiça AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.462.484 - PR (2014/0149988-1)  RELATORA  : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES  AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL  ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL  AGRAVADO : ARIADNE MOLAS DE SOUZA  ADVOGADO : JOÃO ONÉSIMO DE MELLO E OUTRO(S) INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL INTERES. : ANDREIA ALEXSANDRA MOLAS TOPPI EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE TERCEIRO. IMÓVEL PENHORADO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE, DIANTE DO  ACERVO FÁTICO DOS  AUTOS, RECONHECEU O IMÓVEL COMO BEM DE FAMÍLIA. REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. PRECEDENTES DO STJ.  AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. I. Consoante a  jurisprudência pacífica nesta Corte, "a finalidade da Lei 8.009/90 não é proteger o devedor contra suas dívidas, tornando seus bens impenhoráveis, mas, sim, reitera-se, a proteção da entidade familiar no seu conceito mais amplo" (STJ, REsp 1.126.173/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJe de 12/04/2013). II. No caso concreto, a Corte a quo , diante do contexto fático-probatório dos autos, reconheceu o imóvel como sendo bem de família, porquanto: a) o imóvel penhorado era efetivamente utilizado como residência, pelas terceiras embargantes, que detinham 66,66% da sua propriedade; b) uma das embargantes  – ARIADNE MOLAS DE SOUZA – não possuía qualquer outro imóvel de sua titularidade. III. Nesses termos, os argumentos utilizados pela parte recorrente, relativos à não configuração do imóvel como bem de família, somente poderiam ter sua procedência verificada mediante o necessário reexame de matéria fática, não cabendo a esta Corte, a fim de alcançar conclusão diversa, reavaliar o conjunto probatório dos autos, em conformidade com a Súmula 7/STJ. Nesse sentido: STJ,  AgRg no  AREsp 692.728/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe de 06/08/2015; AgRg no  AREsp 506.878/PE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 28/05/2014; AgRg no REsp 1.226.033/SC, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, DJe de 1º/03/2011. IV.  Agravo Regimental improvido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Documento: 1451926 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 23/10/2015 Página 1 de 13

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 Superior Tribunal de Justiça 

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.462.484 - PR (2014/0149988-1) RELATORA   : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES

 AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL AGRAVADO :  ARIADNE MOLAS DE SOUZA ADVOGADO : JOÃO ONÉSIMO DE MELLO E OUTRO(S)INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALINTERES. :  ANDREIA ALEXSANDRA MOLAS TOPPI

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE TERCEIRO. IMÓVELPENHORADO. ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE ORIGEM QUE, DIANTE DO  ACERVOFÁTICO DOS AUTOS, RECONHECEU O IMÓVEL COMO BEM DE FAMÍLIA. REEXAME

DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. PRECEDENTES DO

STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.I. Consoante a  jurisprudência pacífica nesta Corte, "a finalidade da Lei nº 8.009/90 não éproteger o devedor contra suas dívidas, tornando seus bens impenhoráveis, mas, sim,reitera-se, a proteção da entidade familiar no seu conceito mais amplo" (STJ, REsp1.126.173/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, DJede 12/04/2013).II. No caso concreto, a Corte a quo, diante do contexto fático-probatório dos autos,

reconheceu o imóvel como sendo bem de família, porquanto: a) o imóvel penhorado eraefetivamente utilizado como residência, pelas terceiras embargantes, que detinham66,66% da sua propriedade; b) uma das embargantes  – ARIADNE MOLAS DE SOUZA –não possuía qualquer outro imóvel de sua titularidade.III. Nesses termos, os argumentos utilizados pela parte recorrente, relativos à nãoconfiguração do imóvel como bem de família, somente poderiam ter sua procedênciaverificada mediante o necessário reexame de matéria fática, não cabendo a esta Corte, afim de alcançar conclusão diversa, reavaliar o conjunto probatório dos autos, emconformidade com a Súmula 7/STJ. Nesse sentido: STJ,  AgRg no  AREsp 692.728/SP,Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe de 06/08/2015; AgRg no AREsp 506.878/PE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de28/05/2014; AgRg no REsp 1.226.033/SC, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO,PRIMEIRA TURMA, DJe de 1º/03/2011.IV.  Agravo Regimental improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima

indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra.

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 Superior Tribunal de Justiça 

Ministra Relatora.Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Og Fernandes

(Presidente) e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Brasília (DF), 13 de outubro de 2015 (data do  julgamento)

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃESRelatora

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 Superior Tribunal de Justiça 

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.462.484 - PR (2014/0149988-1) 

RELATÓRIO

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES:  Trata-se de Agravo Regimental,

interposto pela FAZENDA NACIONAL, contra decisão de minha lavra, in verbis:

"Trata-se de Recurso Especial, interposto pela FAZENDA NACIONAL,

com base na alínea a  do permissivo constitucional, contra acórdão

do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado:

'EMBARGOS DE TERCEIRO. PENHORA. IMÓVEL BEM DE

FAMÍLIA. É impenhorável o imóvel de propriedade dasembargantes, no qual elas residem. Aplicação do art. 1º da Lei

8.009/90' (fl. 274e).

Opostos Embargos de Declaração, foram rejeitados (fls. 293/298e).

 Alega-se, nas razões do Recurso Especial, violação ao art. 535, II, do

CPC e ao art. 1º da Lei 8.009/90. Sustenta a Fazenda Nacional,

inicialmente, a existência de omissão não suprida em sede de

Embargos Declaratórios. Destaca, de outra parte, ser 'incontroverso

que o devedor não utiliza o imóvel como sua residência, assim como

não há qualquer elemento que indique que o referido bem concorre

de alguma forma para a subsistência do recorrido e de sua família'

(fls. 316e).

 Apresentadas as contrarrazões (fls. 322/334e), foi o Recurso

Especial admitido pelo Tribunal de origem (fl. 342e).

 A irresignação não merece prosperar.

Em relação ao art. 535, II, do CPC, não existe a omissão

apontada, uma vez que o voto condutor do acórdão recorrido

apreciou, fundamentadamente, todas as questões necessárias

à solução da controvérsia, dando-lhes, contudo, solução jurídica diversa da pretendida pela recorrente.

Vale ressaltar, ainda, que não se pode confundir decisão

contrária ao interesse da parte com ausência de

fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional. Nesse

sentido: STJ, AgRg no AREsp 408.492/PR, Rel. Ministro MAURO

CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 24/10/2013;

STJ, AgRg no AREsp 406.332/MS, Rel. Ministro HUMBERTO

MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 14/11/2013; STJ, AgRg no

REsp 1360762/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDATURMA, DJe de 25/09/2013.

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 Superior Tribunal de Justiça 

De outra parte, no que tange à caracterização do imóvel

penhorado como bem de família, manifestou-se o Tribunal a

quo, sobre o tema, nos seguintes termos, in verbis:

'Trata-se de embargos de terceiro opostos por Ariadne Molas

de Souza e Andreia Alexsandra Molas Toppi contra a União, emrazão de penhora levada a efeito em imóvel de sua propriedade

nos autos de Execução Fiscal n. 2007.70.02.003040-7.

'Cuida-se de embargos de terceiro ajuizados por Ariadne

Molas de Souza e Andreia  Alexsandra Molas Toppi emrazão de penhora levada a efeito em imóvel de sua

propriedade nos autos de Execução Fiscal n.

2007.70.02.003040-7.

 Alegam que o referido imóvel, descrito na Matrícula n.18.997 do 2º Ofício de Registro de Imóveis desta cidade,

é de sua propriedade, além de sua mãe, Deborah Ormay

Molas, na proporção de 33,33% cada.

Requerem, em suma, seja declarada a nulidade da

penhora do imóvel, pelos seguintes motivos: a) a

embargante Andreia era menor púbere à época da

penhora, b) não foram as embargantes intimadas da

constrição realizada, c) O bem penhorado é indivisível, o

que não permite seja levado a hasta pública.

Requererem, ainda, antecipação de efeitos da tutela para

fins de suspender leilão designado nos autos da

Execução Fiscal.

O pedido de antecipação de tutela foi negado no evento

3.

 A Fazenda Nacional apresentou impugnação no evento

11, refutando os argumentos expendidos na inicial.

Foi realizada audiência de instrução (evento 32), onde

foram ouvidas testemunhas arroladas pelas embargantes,

além de Deborah Ormay Molas, ouvida na condição detestemunha do Juízo.O Ministério Público manifestou-se no evento 43,

favorável à pretensão das embargantes.'

Sobreveio sentença que julgou procedente em parte o pedido

para determinar que seja reservada a cota parte das

embargantes, na hipótese da arrematação do bem.  A parte

embargante foi condenada ao pagamento de honorários

advocatícios, fixados em R$ 500,00.

 Apela a parte embargante, repisando os argumentos da inicial

quanto ao mérito.

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 Superior Tribunal de Justiça 

(...)

O magistrado prolator da sentença reconheceu que as

embargantes residem no imóvel objeto da penhora. Entendeu,

porém, que o imóvel não é bem de família, ' posto que o núcleofamiliar a que  pertencem possui outro bem de natureza

residencial '.

Tenho que assiste razão ao ilustre representante do Ministério

Público Federal que emitiu parecer na origem. Transcrevo emparte os seus fundamentos:

'Inicialmente, o quê decidido na execução fiscal é

irrelevante, pois as embargantes não são partes do

 processo de execução fiscal e as decisões lá  proferidas

não  podem ser opostas contra as embargantes,

estranhas que são à referida relação processual.

Portanto,  podem as embargantes discutir a legalidade da

 penhora que sobre seu imóvel incide, pois contra elas não

há decisão transitada em julgado.  

No mérito, a penhora é nula. A s emba rgan t e s a legam,

sem im p ug nação po r par te d a Un ião Federal , d e que o

im óve l ébem d e fam íli a. A in s tru ção r elev o u que, de

fa to , as emba rgan t e s r es i dem no imóve l c om sua mãe.

O art. 1º da Le i nº 8.009/901 é expresso, e ao ca so em

ques tão não s e ap l i ca nenhuma das ex c eções doart.

3º, t ampou co ex is te a má-fépr ev is ta no art. 4º .'  

Há, ainda, uma circunstância relevante a ser

considerada: as embargantes são proprietárias de 66,66%do imóvel e não são responsáveis pelas obrigações

tributárias da executada.

Cumpre assinalar que a embargante Ariadne Molas de

Souza não é proprietária de nenhum outro imóvel. E o

fato de a embargante Andréia Molas Toppi ser

proprietária de 50% de outro imóvel não afasta o seu

direito de postular a desconstituição da penhora sobre oimóvel em que reside.

A hipótese dos autos atrai a incidência da proteção

prevista na Lei 8.009/90.

Os embargos de terceiro devem ser julgados procedentes para

que seja desconstituída a penhora incidente sobre o imóvel

matrícula nº 18.997 do 2º Ofício de Registro de Imóveis de Fozdo Iguaçu.

(...)" (fls. 270/272e).

Depreende-se, do excerto, que a reforma do acórdão

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impugnado exigiria, por certo, revolvimento do quadro

fático-probatório dos autos, providência veada pelo Súmula 7

do Superior Tribunal de Justiça.

Nesse sentido:

'AGRAVO REGIMENTAL NO  AG RAVO (ART. 544 DO CPC) -

EXECUÇÃO DE SENTENÇA - DECISÃO MONOCRÁTICA

NEGANDO PROVIMENTO  AO RECLAMO. IRRESIGNAÇÃO DO

DEMANDANTE.1. Violação do art. 535 do Código de Processo Civil não

configurada. É clara e suficiente a fundamentação adotada pelo

Tribunal de origem para o deslinde da controvérsia,

revelando-se desnecessário ao magistrado rebater cada um

dos argumentos declinados pela parte.2. A análise dos fundamentos que ensejaram o

reconhecimento de que o bem penhorado enquadra-se

no conceito de bem de família, exige o reexame

probatório dos autos, inviável por esta via especial, ante

o óbice do enunciado da Súmula 7 desta Corte.

3. Agravo regimental desprovido' (STJ,  AgRg no  AR Esp68.875/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, DJede 20/04/2015).

'AGRAVO REGIMENTAL NO  AG RAVO EM RECURSO

ESPECIAL. PENHORA. BEM DE FAMÍLIA. VULNERAÇÃO DO

 ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. DECISÃO DEVIDAMENTEFUNDAMENTADA.  ACÓRDÃO FUNDADO EM FATOS E

PROVAS. SÚM. 7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO

COMPROVADO. AG RAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Inexistência de maltrato ao art. 535 do CPC quando o

acórdão recorrido, ainda que de forma sucinta, aprecia comclareza as questões essenciais ao julgamento da lide.

2. A tese defendida no recurso especial, em quedemonstrado o intuito de desconstituir a índole do bem

de família, demanda o reexame do conjunto

fático-probatório dos autos, vedado pelo enunciado n. 7

da Súmula do STJ.3. Não há falar em conhecimento do recurso pela alínea "c" do

permissivo constitucional, pois este Tribunal Superior entende

que julgados fundados em fatos e provas (Súm. 7/STJ) ou emsintonia com a jurisprudência desta Corte (Súm. 83/STJ) não

apresentam os requisitos necessários à demonstração da

divergência jurisprudencial.

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 Superior Tribunal de Justiça 

reconhecer a incidência da norma protetiva sobre o segundo

imóvel do executada, uma vez que a legislação aplicável exige

como requisito a comprovação de existência de um único bem

de propriedade do devedor.Em suma, a Executada possui dois imóveis e a Fazenda

Nacional não consegue penhorar nenhum deles.  A equivocada

interpretação da Lei 8.009/90 perpetrada pelo acórdão recorrido não

pode prosperar, pois se trata de uma proteção excessiva ao

patrimônio do devedor tributário, que vai além do regime legal, emmanifesto prejuízo à coletividade, representado pela impossibilidade

de recuperação do crédito público.

(...)" (fls. 376/377e).

Por fim, requer "a reconsideração da decisão agravada ou,alternativamente, a remessa do presente recurso à Turma, para o seu regularprocessamento, na forma regimental, a fim de que seja dado provimento ao agravo emrecurso especial da Fazenda Nacional, nos termos da fundamentação acima declinada"(fls. 376/377e).

É o relatório.

 

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.462.484 - PR (2014/0149988-1) 

VOTO

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES (Relatora):  A decisão agravada não

merece censura.Cinge-se a controvérsia a analisar o enquadramento, ou não, do bem,

objeto da penhora, como bem de família.Com efeito, consoante a jurisprudência pacífica nesta Corte, "a finalidade da

Lei nº 8.009/90 não é proteger o devedor contra suas dívidas, tornando seus bensimpenhoráveis, mas, sim, reitera-se, a proteção da entidade familiar no seu conceito maisamplo" (STJ, REsp 1.126.173/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,

TERCEIRA TURMA, DJe de 12/04/2013).In casu, o Tribunal de origem, ao analisar a controvérsia, assim consignou:

"O magistrado prolator da sentença reconheceu que as embargantes

residem no imóvel objeto da penhora. Entendeu, porém, que o imóvel

não é bem de família, 'posto que o núcleo familiar a que pertencem

possui outro bem de natureza residencial'.

Tenho que assiste razão ao ilustre representante do

Ministério Público Federal que emitiu parecer na origem.

Transcrevo em parte os seus fundamentos:

'Inicialmente, o quê decidido na execução fiscal é irrelevante,pois as embargantes não são partes do processo de execução

fiscal e as decisões lá proferidas não podem ser opostas contra

as embargantes, estranhas que são à referida relação

processual. Portanto, podem asembargantes discutir a

legalidade da penhora que sobre seu imóvel incide, pois contra

elas não há decisão transitada em  julgado.

No mérito, a penhora é nula. As embargantes alegam, sem

impugnação por parte da União Federal, de que o imóvel

é bem de família. A instrução relevou que, de fato, as

embargantes residem no imóvel com sua mãe. O art. 1º

da Lei nº 8.009/901 é expresso, e ao caso em questão não

se aplica nenhuma das exceções do art. 3º, tampouco

existe a má-fé prevista no art. 4º.'

Há, ainda, uma circunstância relevante a ser considerada: as

embargantes são proprietárias de 66,66% do imóvel e não são

responsáveis pelas obrigações tributárias da executada.

Cumpre assinalar que a embargante Ariadne Molas de Souza

não é proprietária de nenhum outro imóvel. E o fato de a

embargante Andréia Molas Toppi ser proprietária de 50% deoutro imóvel não afasta o seu direito de postular a

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 Superior Tribunal de Justiça 

desconstituição da penhora sobre o imóvel em que reside.

A hipótese dos autos atrai a incidência da proteção prevista

na Lei 8.009/90.

Os embargos de terceiro devem ser julgados procedentes para queseja desconstituída a penhora incidente sobre o imóvel matrícula nº

18.997 do 2º Ofício de Registro de Imóveis de Foz do Iguaçu.

(...)" (fls. 271/272e).

Partindo-se da moldura fática delineada pela Corte a quo, constata-se,

portanto, que: a) o imóvel penhorado era utilizado como residência, pelas terceirasembargantes, que detinham 66,66% da sua propriedade; e b) uma das embargantes  – ARIADNE MOLAS DE SOUZA – não possuía qualquer outro imóvel de sua titularidade.

  Assim, considerando a fundamentação do acórdão objeto do RecursoEspecial, os argumentos utilizados pela parte recorrente, relativos à não configuração dobem de família, somente poderiam ter sua procedência verificada mediante o necessárioreexame de matéria fática, não cabendo a esta Corte, a fim de alcançar conclusãodiversa, reavaliar o conjunto probatório dos autos, em conformidade com a Súmula7/STJ.

Outra não é a doutrina do jurista Roberto Rosas:

"O exame do recurso especial deve limitar-se à matéria jurídica.  Arazão dessa diretriz deriva da natureza excepcional dessa

postulação, deixando-se às instâncias inferiores o amplo exame da

prova. Objetiva-se, assim, impedir que as Cortes Superiores entrem

em limites destinados a outros graus. Em verdade, as postulações

são apreciadas amplamente em primeiro grau, e vão,

paulatinamente, sendo restringidas para evitar a abertura em outros

graus. Acertadamente, a doutrina e a jurisprudência do Supremo

Tribunal abominaram a abertura da prova ao reexame pela Corte

Maior. Entretanto, tal orientação propiciou a restrição do recurso

extraordinário, e por qualquer referência à prova, não conhece do

recurso" (in Direito Sumular - Comentários às Súmulas do SupremoTribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, 6ª Edição

ampliada e revista, Editora Revista dos Tribunais, p. 305).

 A propósito:

"PROCESSO CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. AGRAVO REGIMENTAL.

IMPENHORABILIDADE RECONHECIDA PELAS INSTÂNCIAS

ORDINÁRIAS. SÚMULA 7 DO STJ.1. A análise dos fundamentos que ensejaram o

reconhecimento de que o bem penhorado enquadra-se no

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conceito de bem de família, exige o reexame probatório dos

autos, inviável por esta via especial, ante o óbice do

enunciado da Súmula 7 do STJ.

2. Agravo regimental não provido" (STJ,  AgRg no  AR Esp692.728/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,DJe de 06/08/2015).

"PROCESSO CIVIL. PENHORA. BEM DE FAMÍLIA. EXISTÊNCIA DEOUTRO IMÓVEL COM FINALIDADE RESIDENCIAL. FALTA DE

PREQUESTIONAMENTO. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 07/STJ.

1. O Tribunal de origem não se manifestou sobre a existência de

outro imóvel com finalidade residencial, tampouco foram opostos

embargos declaratórios para suprir eventual omissão. Portanto, à

falta do necessário prequestionamento, incide o óbice da Súmula282/STF.

2. A alteração das conclusões adotadas pela Corte de origem

quanto à natureza do bem penhorado, tal como colocada a

questão nas razões recursais, demandaria, necessariamente,

novo exame do acervo fático-probatório constante dos autos,

providência vedada em recurso especial, conforme o óbice

previsto na Súmula 7/STJ.

3. Agravo Regimental não provido" (STJ,  AgRg no  AR Esp506.878/PE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJede 28/05/2014).

"AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE

TERCEIRO. IMÓVEL PENHORADO. BEM DE FAMÍLIA.INCARACTERIZAÇÃO.  ALEGAÇÃO EM SENTIDO CONTRÁRIO.REEXAME DE PROVA. SÚMULA Nº 7/STJ.

1. Reconhecido no acórdão impugnado que o imóvel sobre o

qual recaiu a penhora não é utilizado como residência da

família, nem há comprovação da sua locação e de que a renda

auferida era destinada à manutenção da família, a alegação emsentido contrário, a motivar insurgência especial, requisita

exame do acervo fáctico-probatório, vedado na instância

excepcional.

2. "A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso

especial." (Súmula do STJ, Enunciado nº 7).

3. Agravo regimental improvido" (STJ,  AgRg no REsp 1.226.033/SC,

Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, DJe de

1º/03/2011).

 Assim, não tendo a parte agravante logrado êxito em infirmar os

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 Superior Tribunal de Justiça 

fundamentos que nortearam a decisão ora agravada, impõe-se a sua manutenção, emtodos os seus termos.

Pelo exposto, nego provimento ao Agravo Regimental.

É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEGUNDA TURMA

  AgRg no

Número Registro: 2014/0149988-1 REsp 1.462.484 / PR

 Números Origem: 200770020030407 50038167620124047002 78615320084047002 PR-200770020030407PR-50038167620124047002 TRF4-00078615320084047002

PAUTA: 13/10/2015 JULGADO: 13/10/2015

Relatora

Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES

Presidente da SessãoExmo. Sr. Ministro OG FERNANDES

Subprocurador-Geral da RepúblicaExmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS ALPINO BIGONHA

SecretáriaBela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE   : FAZENDA NACIONAL

ADVOGADO   : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONALRECORRIDO   : ARIADNE MOLAS DE SOUZAADVOGADO   : JOÃO ONÉSIMO DE MELLO E OUTRO(S)INTERES.   : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALINTERES.   : ANDREIA ALEXSANDRA MOLAS TOPPI

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Dívida Ativa

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE   : FAZENDA NACIONALADVOGADO   : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONALAGRAVADO   : ARIADNE MOLAS DE SOUZA

ADVOGADO   : JOÃO ONÉSIMO DE MELLO E OUTRO(S)INTERES.   : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALINTERES.   : ANDREIA ALEXSANDRA MOLAS TOPPI

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe nasessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos dovoto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Og Fernandes (Presidente) eMauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.

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