adaptação ao meio liquido adultos

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revista educaoNataO PaRa adULtOS: a adaPtaO aO MeIO aQUtIcO FUNdaMeNtada NO aPReNdIZadO daS HaBILIdadeS MOtORaS aQUtIcaS BSIcaS adult sWim: adaptation to aquatiC enVironment based on learning oF basiC motor sKillsEster Francisca Mendes Bscolo1, Leandro Moraes Santos2, Sonia Lima de Oliveira3

ReSUMO: Antes de aprender qualquer tcnica especfica de nado, necessrio explorar a gua, os efeitos desta sobre o corpo e descobrir quais so as possibilidades de movimento neste meio. Entretanto, h uma tendncia para que alunos, pais e alguns profissionais extremamente preocupados com resultados rpidos no que se refere execuo da tcnica dos quatro estilos, menosprezem as atividades desenvolvidas na etapa de adaptao ao meio aqutico. Os resultados obtidos a partir de um trabalho com uma base de adaptao fraca so facilmente observveis: inabilidade para flutuao, medo de nadar em piscina funda, execuo mecnica dos estilos de nado, entre outros. Para uma boa adaptao, essencial que os alunos adquiram habilidades aquticas bsicas: relaxamento; controle da respirao; flutuao; controle corporal; deslizes, deslocamentos variados, saltos e rolamentos; propulso aqutica rudimentar. Estas atividades fornecem toda a base de conhecimento para o desenvolvimento posterior de habilidades especficas, tais como as tcnicas dos quatro estilos de nado. O mtodo de ensino aqui sugerido parte dos seguintes princpios: I) nadar consiste em deslocar-se independentemente na gua, utilizando qualquer forma de movimento que resulte em propulso; II) o desempenho dos estilos de nado so uma evoluo das habilidades que o indivduo adquire ao longo do processo de aprendizagem. Palavras-chave: Processo ensino-aprendizagem da natao. Natao para adultos. Adaptao ao meio aqutico. abstraCt: Before learning any specific technique of swimming it is necessary to explore the water, its effects of this on the body and find out what are the possibilities of movement in this medium. Whatever, there is a tendency for apprentices, parents and some teachers, extremely anxious concerned with fast results about the four stroke technics, overlook the activities in the stage of adaptation to the aquatic environment. The result obtained from a job with a weak basis for adaption are easily observable: fear of swimming in deep water pool, inability for fluctuation,

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Professora do curso de Educao Fsica UnG, Coordenadora do Laboratrio Multidisciplinar de Educao Fsica UnG, emendes@prof. ung.br Leandro Moraes Santos, Aluno do curso de Bacharelado em Educao Fsica UnG Sonia Lima de Oliveira, Licenciada em Educao Fsica pela UnG

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revista educaomechanic performance of the swimming strokes, among others. For good adaptation, it is essential to acquire basic skills: relaxation, breath control, fluctuation, body control, front and back sliding, variated displacements, vault and rolling, rudimentar acquatic propulsion. These activities provide the whole of knowledge basis for specific skills development, as the four swimming strokes technics. The teaching method here suggested is based on the following principles: I) to swim comprise the independent body displacement on water using any kind of movement that results in propulsion; II) the swimming strokes performance is the evolution of all habilities that the individual got during the learning process. Keywords: Teaching-learning process for swimming . Adult Swim. Acquatic adaptation.

Introduo A adaptao ao meio aqutico caracteriza-se pelo aspecto geral no s da gua como um novo ambiente, mas tambm pelo convvio com professores e outros aprendizes. Relaciona-se aos aspectos de relaxamento muscular, equilbrio, respirao e a propulso, que so fundamentais para o aprendizado posterior das tcnicas de nado. (Catteau e Garoff, 1988). A literatura aponta que atravs da aquisio das habilidades aquticas bsicas podem ainda ser alcanados os seguintes objetivos: familiarizao do sujeito com o meio aqutico (Catteau & Garoff, 1988); autonomia no meio aqutico (Catteau & Garoff, 1988); criao de bases para posteriormente aprender habilidades motoras aquticas especficas (Langerdorfer & Bruya, 1995). Segundo Palmer (1990) necessrio reconhecer que quando se entra em uma piscina pela primeira vez, h contato com um ambiente estranho e que, por isso a primeira preocupao deve ser ensinar, atravs de atividades ldicas, algumas atividades bsicas de locomoo na gua antes de ensinar os quatro estilos formais. O processo ensino-

-aprendizagem proposto por este autor contm itens como exerccios de confiana, flutuao, impulso e deslize, respirao geral, propulso de membros inferiores, propulso de membros superiores, coordenao de membros inferiores e superiores, respirao lateral e frontal e nado completo. Para Barbosa (2001), que prope uma adaptao do modelo de desenvolvimento motor de Gallahue (1982, 1986, 2001), o sucesso do aprimoramento das habilidades motoras aquticas especficas depender da prvia aquisio de habilidades motoras bsicas: equilbrio, propulso, manipulao e respirao. A pirmide de desenvolvimento de movimentos natatrios proposta por Barbosa (2001) formada pelos seguintes itens, a partir da base: movimentos reflexos natatrios, habilidades aquticas bsicas, tcnicas de nado rudimentar, aperfeioamento dos estilos e especializao tcnica. O autor enfatiza a diferenciao entre os componentes da Natao (equilbrio, respirao e deslocamento) e as condies comuns destes no meio terrestre. Na gua h algumas alteraes, como posio na horizontal (a cabea fica na horizontal e a viso na vertical), contrariamente a

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revista educaoposio terrestre, em que se tem a cabea na vertical e a viso na horizontal, faz com que as sensaes do tnus muscular e de sustentao sejam modificadas. Tambm com base em pressupostos desenvolvimentistas, Freudenhein, Gama e Carracedo (2003) apresentam trs fases de ensino da Natao: fase de movimentos fundamentais, fase de combinao de movimentos fundamentais e fase de movimentos culturalmente determinados. Outro aspecto importante dessa proposta diz respeito ao reconhecimento de que alm de demandas motoras, aspectos afetivo-sociais e cognitivos tambm compem as habilidades do nadar. A viso holstica do ser humano tambm adotada na proposta de Fernandes e Lobo da Costa (2006), dentro da qual o ensino da natao precisa ser organizado de forma a se considerar que as caractersticas internas do indivduo mudam (ex.: experincia prvia e experincia adquirida), assim como os fatores externos relacionados execuo de habilidades aquticas (ex.: resistncia da gua e proximidade com outros alunos). Apesar da diversidade de mtodos de ensino encontrados na literatura, observa-se por parte de professores, resistncia em abandonar o mtodo de ensino tradicional, que busca aperfeioar os movimentos tcnicos dos nados, de forma sistemtica, considerada ensino por partes, em que se realizam exerccios corretivos em um processo ensino-aprendizagem que respeita a complexidade e a coordenao dos movimentos (Moiss, 2006, p. 65). Na metodologia para o ensino de habilidades bsicas aqui apresentadas, consideramos importante que a conduta do professor de Natao esteja baseada em pressupostos tericos da aprendizagem motora, pois conhecer as caractersticas do executante em cada um dos diferentes estgios da aprendizagem de movimento, considerar a ateno, a memria, os processos neurofisiolgicos de controle dos movimentos e as estratgias para motivar a aprendizagem, so fatores que permitem determinar corretamente a progresso de atividades no ensino de habilidades motoras aquticas. a aprendizagem de movimentos As habilidades motoras podem ser vistas em termos das caractersticas que distinguem o nvel de proficincia demonstrada por um indivduo que a executa (Schmidt & Wrisberg, 2001). Os diferentes nveis de execuo da habilidade foram separados por Fitts & Possner (1967, citado por Magill, 2001) em trs estgios de aprendizagem motora, denominados cognitivo, associativo e autnomo. O tempo para que cada indivduo passe pelos trs estgios varivel em funo de fatores como experincia prvia, individualidade biolgica, quantidade e frequncia de prtica. Uma vez que este trabalho trata da aprendizagem de habilidades bsicas da Natao, faremos um enfoque somente aos dois primeiros estgios. No estgio cognitivo, o aluno apresenta uma grande quantidade e variedade de erros e nem sempre tem o conhecimento de que o erro aconteceu. Nessa etapa da aprendizagem, todas as informaes so novas e, portanto, no h nada armazenado na memria

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revista educaoque possa ser utilizado. Por isso o indivduo precisa pensar muito sobre o movimento que deve executar e precisa receber feedback extrnseco com muita frequncia, quer seja sobre o erro cometido ou sobre os procedimentos para uma execuo correta A demanda de ateno necessria para executar as tarefas solicitadas pelo professor ainda muito alta e por isso a execuo lenta. Em decorrncia da prtica, no estgio associativo algumas informaes sobre o movimento comeam a ser armazenadas na memria, permitindo que a demanda de ateno para executar a tarefa seja menor e que o movimento possa ser executado mais rapidamente e com mais eficincia. Os acertos passam a ser mais frequentes e a dependncia de feedback extrnseco diminui. A capacidade para ouvir informaes sem interromper a execuo tambm aparece neste estgio. Isto ocorre porque o indivduo comea a associar aquilo que ele v e ouve sobre a tarefa com aquilo que ele realmente executa. Porm, o aluno ainda no desenvolveu totalmente sua ateno seletiva, isto , ainda no capaz de saber quais so os aspectos realmente importantes da habilidade para que a execuo seja eficiente. Uma estratgia de ensino capaz de minimizar este problema a utilizao de dicas de aprendizagem (ex: para o nado costas: sai dedo, entra dedinho). Por meio delas, o professor pode despertar a ateno seletiva a partir da novidade (Magill, 2000; Ladewig, 2000, Ladewig, Cidade & Ladewig, 2001). Assim como prestar ateno no detalhe certo do movimento ou em algum estmulo externo e importante resulta em um bom desempenho, prestar ateno em um detalhe ou estmulo externo desnecessrio faz com que o desempenho seja ruim. Ento, a seleo de dicas de aprendizagem adequadas deve levar em conta as caractersticas especficas de cada aluno, de cada tarefa e tambm do ambiente de aprendizagem. possvel inferir que ocorreu aprendizagem atravs da observao de mudanas relativamente permanentes na qualidade do movimento (Schmidt & Wrisberg, 2001). Isto significa que, em consequncia da prtica, a habilidade passa a ser executada com mais eficincia do que em um dado momento anterior e a partir da o padro de movimento passa a ser constante, at que uma nova modificao resultante de um salto de qualidade acontea. Boa parte do sucesso do processo de aprendizagem deve-se motivao do aluno para a prtica. Schmidt e Wrisberg (2001) afirmam que para ser motivante, toda a situao de aprendizagem deve ter uma meta, isto , o aluno deve ser motivado a continuar tentando alcanar um determinado objetivo, que pode estar focado no processo ou no resultado da ao. A meta de processo aquela que est relacionada ao como realizar a habilidade. O aprendiz instrudo a focar a ateno em detalhes do movimento, tais como posicionamento dos membros e articulaes, amplitude de movimento, etc. Este tipo de meta motivador, auxilia na diminuio dos erros e promove aumento do uso de feedback intrnseco. Por isso, o tipo de meta mais indicada para indivduos que se encontram no estgio cognitivo da aprendizagem. Com a meta de resultado, o indivduo orientado a

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revista educaofocar a ateno apenas no produto final de sua ao. Quando indivduos do estgio cognitivo utilizam este tipo de meta, eles tendem a produzir qualquer forma de movimento que proporcione o resultado desejado e esta estratgia para cumprir a meta desejada pode gerar vcios de execuo, difceis de corrigir posteriormente. Por outro lado, os indivduos do estgio associativo so beneficiados quando os dois tipos de meta so utilizados alternadamente. as habilidades motoras aquticas bsicas como elemento essencial para o aprendizado das tcnicas de nado O mtodo de ensino aqui sugerido baseia-se em pressupostos tericos do desenvolvimento motor, da aprendizagem motora, da hidrodinmica e do Mtodo Halliwick e parte dos seguintes princpios: I) nadar consiste em deslocar-se independentemente na gua, utilizando qualquer forma de movimento que resulte em propulso; II) os estilos de nado so uma evoluo das habilidades que o indivduo adquire ao longo do processo de aprendizagem (Fernandes e Lobo da Costa, 2006). adaptao ao meio aqutico So objetivos gerais da primeira etapa do aprendizado: a) permitir que o aluno descubra as possibilidades de movimento do corpo na gua; b) conhea e explore os prprios limites de movimento; c) encontre o prazer de nadar. Os objetivos especficos esto baseados na aquisio das seguintes habilidades bsicas: relaxamento; controle da respirao; flutuao; controle corporal; deslizes, deslocamentos variados, saltos e rolamentos; propulso de membros inferiores e de membros superiores. As estratgias de ensino proporcionam a explorao de uma grande variedade de movimentos sem preocupao com tcnica ou rendimento. Os materiais auxiliares de flutuao so utilizados somente em casos de extrema necessidade, isto , em casos em que as condies fsicas do aluno no permitem a flutuao sem estes materiais (ex.: alunos com densidade corporal muito alta e/ ou portadores de deficincia fsica). Alunos sem limitaes de ordem fsica devem ser estimulados a fazer as atividades sem material auxiliar. A fim de motivar o aprendizado, favorecer a integrao do aluno com a gua, com o professor e com os colegas de aula, as atividades so desenvolvidas em duplas formadas por um aluno e um auxiliar, ou por dois alunos. Quando os alunos trabalham em duplas, podem ter a viso da execuo do outro. Alm disto, as sensaes provocadas pela adaptao com o novo ambiente e com os novos movimentos so compartilhadas entre iguais, minimizando a impresso de erro na execuo. as habilidades aquticas bsicaS controle da respirao No ambiente terrestre, normalmente inspiramos e expiramos pelo nariz. No meio aqutico, a respirao mista: a inspirao

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revista educaodeve ser feita sempre pela boca, impedindo a inalao de gotas de gua acumuladas nas vias nasais; a expirao pode ser feita pelo nariz, pela boca ou por ambos ao mesmo tempo. Para iniciar a adaptao ao controle da respirao em meio aqutico necessrio promover a adaptao do aluno sensao do contato do rosto com a gua. Inicialmente, o aluno molha o rosto com as mos, depois faz a imerso apenas do queixo, queixo e boca, queixo boca e nariz, e por ltimo a imerso completa do rosto. Para promover maior independncia do aluno na gua o uso de culos de natao no deve ser estimulado, exceto nos casos de alunos que utilizem lentes corretivas nos culos de natao ou lentes de contato. Flutuao Para o ensino da flutuao, indispensvel considerar alguns princpios da mecnica dos fluidos:a) Princpio de Arquimedes: o peso do volume de gua deslocado igual ao peso do corpo que flutua nela. Por exemplo, um corpo que tem 50 kg de massa e um peso de 500N, desloca tambm 500N de gua. b) Empuxo ou fora de flutuao: quando um corpo est imerso em um lquido em repouso, sofre um empuxo para cima igual ao volume por ele deslocado. Em outras palavras, na gua, o empuxo empurra o corpo para cima, da mesma forma que em meio terrestre, a fora da gravidade puxa o corpo para baixo.

A flutuao um fenmeno fsico, de-

pendente da densidade do corpo que est imerso na gua. Tudo o que tem densidade menor do que a densidade da gua flutua e tudo o que tem densidade maior do que da gua afunda. Desta forma, a composio corporal interfere bastante na capacidade individual para flutuar. O corpo humano composto basicamente de ossos, msculos e gordura. Ossos e msculos so mais densos do que a gua; portanto, pessoas com estrutura ssea grande e/ou grande quantidade de massa muscular e baixa porcentagem de gordura corporal apresentam maior dificuldade para flutuar. Por outro lado, a densidade relativa da gordura menor do que a da gua faz com que pessoas obesas flutuem com maior facilidade. Kreighbaum & Barthels (1996) indicam algumas estratgias que podem ser utilizadas para facilitar a flutuao: Aumentar a rea de contato do corpo com a gua: em posio horizontal com pernas e braos afastados flutua-se mais do que com as pernas unidas e os braos junto ao corpo. Manter oxignio nos pulmes: como a densidade relativa do ar menor do que a da gua, ao encher os pulmes de ar, a densidade relativa do corpo diminui flutua-se com maior facilidade. Relaxar a musculatura: a tenso muscular aumenta a densidade do corpo, fazendo com que ele afunde mais rpido. Em geral, o iniciante tem a tendncia de considerar que est flutuando somente quando, em decbito dorsal, sua cabea e seus ps encontram-se no nvel da superfcie da gua. No entanto, a flutuao consiste em manter qualquer parte do corpo na superf-

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revista educaocie da gua. Logicamente, mais confortvel flutuar com o rosto fora da gua, mas nada impede que consideremos que uma pessoa em posio grupada e apenas com o dorso fora da gua esteja flutuando. Relaxamento O relaxamento corporal depende da confiana em si mesmo e do conhecimento do ambiente aqutico. Para alcanar esse objetivo, as atividades so desenvolvidas em duplas, proporcionando suporte fsico e ajudando o aluno a adquirir controle corporal sem a ajuda de qualquer material de flutuao. Na medida em que a quantidade de prtica da mesma habilidade aumenta, a ajuda oferecida pelo professor ou pelo colega diminui gradualmente. equilbrio O equilbrio depende da forma e da densidade corporal, sendo obtido quando h igualdade e colinearidade entre a fora de flutuao e a fora peso (KREIGHBAUN & BARTHELS, 1996). Enquanto nas atividades terrestres consideram-se o Centro de Gravidade (CG) e o Centro de Presso (COP) como referncias para o controle do equilbrio esttico e dinmico, em meio aqutico a referncia sempre o Metacentro4, isto , o ponto que determina a estabilidade de um corpo flutuante e cuja localizao varia em funo do tamanho, da forma e da posio assumida pelo corpo. A realizao de exerccios que envolvam4

mudana da posio corporal em torno dos eixos horizontal e vertical, movimentos unilaterais de membros superiores que alterem a localizao do Metacentro, a formao de marolas e turbulncias prximas ao corpo de quem flutua, so condies nas quais o aluno estimulado a interpretar as informaes de seu sistema vestibular, alternando adequadamente contrao e relaxamento muscular do tronco e dos membros para manter-se em equilbrio dinmico. Propulso Durante a realizao das atividades de propulso de membros superiores e membros inferiores, o aluno estimulado a compreender as diferentes foras que interferem na propulso do corpo dentro da gua: atrito, resistncia frontal e esteira. A propulso pode ser resultante da movimentao de membros inferiores, membros superiores ou da combinao de ambos. Pode-se ainda obter propulso a partir do impulso na borda da piscina, em atividades de deslize. Para o deslize frontal, a posio hidrodinmica (em decbito ventral, membros inferiores unidos e estendidos, membros superiores no prolongamento do corpo e queixo junto ao peito) a que oferece melhores condies para vencer as foras de resistncia da gua. Entretanto, alm do deslize nesta posio, o aluno orientado a experimentar outras posies corporais e voltar sua ateno para as caractersticas do deslize em cada posio experimentada. Durante o processo de aprendizagem

Termo que tem origem na Engenharia Naval. Calcula-se o Metacentro transversal e o Metacentro longitudinal para determinar a estabilidade de uma embarcao.

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revista educaodas habilidades aquticas bsicas, os movimentos a serem executados so apresentados sem um padro fixo de execuo. Inicia-se o processo estabelecendo uma meta que dever ser gradativamente alterada na medida em que ocorre a melhora do desempenho. Cada aprendiz possui diferentes tipos de experincias motoras anteriores, diferentes nveis de motivao e ritmos de aprendizagem. Dessa forma, a observao clara dos aspectos relacionados execuo das habilidades e ao alcance das metas, o fornecimento de feedback e a avaliao do progresso da aprendizagem so feitos individualmente com base no alcance de metas de curto prazo, relacionadas forma de execuo de cada habilidade. O produto, nesse caso, visto como consequncia da aprendizagem. ReFeRNcIaS BIBLIOGRFIcaS ASSOCIATION OF SWIMMING THERAPY. Natao para deficientes. 2. ed. So Paulo: Manole, 2000. BARBOSA, T. As habilidades motoras aquticas bsicas. Revista digital, Buenos Aires, ano 6, n. 33, 2001. Disponvel em: . Acesso em: Dia ms. Ano. CATTEAU, R.; GAROFF, G. O ensino da natao. 3. ed. So Paulo: Manole, 1988. FERNANDES, J.R.P.; LOBO DA COSTA, P.H. Pedagogia da natao: um mergulho para alm dos quatro estilos. Revista Brasileira de educao Fsica e esporte, So Paulo, v. 20, n.1, p.5-14, 2006. FREUDENHEIN, A. M. Fundamentos para a elaborao de programas de ensino do nadar para crianas. Revista Mackenzie de educao Fsica e esporte, So Paulo, v. 2, n. 2, p.61-69, 2003. KREIGHBAUN, E.; BARTHELS, K. M. Biomechanics: a qualitative aproach for studying human movement. 4. ed. Boston: Allyn and Bacon, 1996. LADEWIG, M. A importncia da ateno na aprendizagem de habilidades motoras. Revista Paulista de Educao Fsica, So Paulo, v. 3, p. 62 71, 2000. Suplemento. LADEWIG, I.; CIDADE. R. E.; LADEWIG, M. J. Dicas de aprendizagem visando melhorar a ateno seletiva em crianas. In.: TEIXEIRA, L. A. (ed.). avanos em comportamento Motor. Rio claro: Movimento, 2001. LANGERDORFER, S. J.; BRUYA, L. D. Aquatic readiness: developing water competence in young children Champaign: Human Kinetics Publishers, 1995. MAGILL, R. A. aprendizagem Motora: conceitos e aplicaes. So Paulo: Edgard Blcher, 2000. MOISS M. P. Ensino da natao: expectativas de pais e alunos. Revista Mackenzie de educao Fsica e esporte, So Paulo, v. 5, n. 2, 2006. PALMER, M.L. a cincia do ensino da natao. So Paulo: Manole,1990. SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. aprendizagem e Performance Motora uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. Porto Alegre: Art Med, 2001.

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revista educaoa edUcaO cOMO FatO SOcIaL: UMa aNLISe SOBRe O PeNSaMeNtO PedaGGIcO de dURKHeIMSidnei Ferreira de Vares*

Resumo: O presente trabalho tem como propsito discutir os conceitos de educao e socializao na obra de Durkheim, objetivando compreender a relao estabelecida entre ambos, haja vista que o referido autor procurou aproxim-los ao longo de seus trabalhos, tomando-os, por vezes, como sinnimos. Nesse sentido, a anlise das obras Educao e Sociologia e Educao Moral, ambas publicadas aps sua morte, nos ajudar a compreender a viso do mestre francs acerca da funo social da educao e a importncia desta para sua teoria sociolgica. Palavras-chave: Educao moral. Socializao. Pedagogia. Indivduo. Integrao social. abstract: The present study aims to discuss the concepts of education and socialization in the work of Durkheim, in order to comprehend the relationship established between them, considering that the author tried to approach them throughout their work, taking them sometimes as synonyms. In that sense, the analysis of the work Education and Sociology, as well as Moral Education, both being published post mortem, will be valuable for the understanding of the vision of the French master regarding social function of education and its importance to his sociological theory. Keywords: Moral education. Socialization. Pedagogy. Individual. Social integration.

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Doutorando em Educao pela FEUSP; Mestre em Educao pela FEUSP; Professor dos cursos de Filosofia e Histria do UniFAI e do Curso de Pedagogia do UniSantAnna. e-mail: [email protected]

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