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Episódios engraçados das crianças da Escola Atuação Ademar Batista Pereira & Esther Cristina Pereira

Ademar Batista Pereira & Esther Cristina Pereira · horário do intervalo, são eles quem às vezes acabam nos ensinando muitas coisas. Ao completar 20 anos da Escola Atuação, reunimos

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Page 1: Ademar Batista Pereira & Esther Cristina Pereira · horário do intervalo, são eles quem às vezes acabam nos ensinando muitas coisas. Ao completar 20 anos da Escola Atuação, reunimos

A convivência com os alunos, familiares e colaboradores no dia a dia da escola nos permite vivenciar muitas situações, das mais corriqueiras

até as mais inusitadas.

Com os pequenos e sua espontaneidade, revivemos também a criança que existe dentro de nós. Seja em sala de aula, no refeitório ou no horário do intervalo, são eles quem às vezes

acabam nos ensinando muitas coisas.

Ao completar 20 anos da Escola Atuação, reunimos alguns desses episódios e os apresentamos neste livro, numa linguagem leve e divertida. Quem ilustra as “pérolas” contadas aqui também são os nossos alunos, transformando

tudo numa grande brincadeira!

Para os pequenos, o ambiente escolar é uma novidade. É a fase de aprender que a professora não é tia, que existem outros idiomas além do Português, que existe horário para fazer as refeições e mais uma infinidade

de normas e regras.

É na escola que muitos deles passam a conviver com outras crianças, que precisam aprender a pedir o que querem e a se comunicar. Mas até pegarem o jeitinho, acabam fazendo algumas

confusões.

Para quem acredita que educar não é nada fácil, estas “pérolas” mostram que o dia a dia na escola também pode ser uma experiência leve e divertida. São alguns desses momentos que fazem nossa rotina valer a pena e que compartilhamos neste livro.

ADEMAR BATISTA PEREIRA tem habilitação em Ciências e Matemática, com pós-graduação em Gestão, Administração e

Psicologia do Trabalho.

ESTHER CRISTINA PEREIRA é psicopedagoga com MBA em

Gestão pela PUCPR.

São casados há mais de 30 anos, têm dois filhos e dirigem a Escola Atuação, com duas sedes

em Curitiba.

Episódios engraçados das criançasda Escola Atuação

Ademar Batista Pereira & Esther Cristina Pereira

PÉROLAS INFANTIS - EPISÓ

DIOS ENGRAÇADO

S DAS CRIANÇAS DA ESCOLA ATUAÇÃO

2014

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A convivência com os alunos, familiares e colaboradores no dia a dia da escola nos permite vivenciar muitas situações, das mais corriqueiras

até as mais inusitadas.

Com os pequenos e sua espontaneidade, revivemos também a criança que existe dentro de nós. Seja em sala de aula, no refeitório ou no horário do intervalo, são eles quem às vezes

acabam nos ensinando muitas coisas.

Ao completar 20 anos da Escola Atuação, reunimos alguns desses episódios e os apresentamos neste livro, numa linguagem leve e divertida. Quem ilustra as “pérolas” contadas aqui também são os nossos alunos, transformando

tudo numa grande brincadeira!

Para os pequenos, o ambiente escolar é uma novidade. É a fase de aprender que a professora não é tia, que existem outros idiomas além do Português, que existe horário para fazer as refeições e mais uma infinidade

de normas e regras.

É na escola que muitos deles passam a conviver com outras crianças, que precisam aprender a pedir o que querem e a se comunicar. Mas até pegarem o jeitinho, acabam fazendo algumas

confusões.

Para quem acredita que educar não é nada fácil, estas “pérolas” mostram que o dia a dia na escola também pode ser uma experiência leve e divertida. São alguns desses momentos que fazem nossa rotina valer a pena e que compartilhamos neste livro.

ADEMAR BATISTA PEREIRA tem habilitação em Ciências e Matemática, com pós-graduação em Gestão, Administração e

Psicologia do Trabalho.

ESTHER CRISTINA PEREIRA é psicopedagoga com MBA em

Gestão pela PUCPR.

São casados há mais de 30 anos, têm dois filhos e dirigem a Escola Atuação, com duas sedes

em Curitiba.

Episódios engraçados das criançasda Escola Atuação

Ademar Batista Pereira & Esther Cristina Pereira

PÉROLAS INFANTIS - EPISÓ

DIOS ENGRAÇADO

S DAS CRIANÇAS DA ESCOLA ATUAÇÃO

2014

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Ademar Batista Pereira e Esther Cristina Pereira,

1ª ediçãoEditora InventaCuritiba / 2014

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Ficha técnica

Coordenação editorial: Ademar Batista Pereira e Esther Cristina Pereira

Organização: Carolina Pereira Frizon e Cléo Mann Pereira

Revisão: Marília Bobato e Adriana Brum

Impressão: Artes Gráficas e editora Belton Ltda

ISBN: 978-85-65266-03-1

Capa, projeto gráfico: Editora Inventa

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou

transmitida de nenhuma forma ou meio sem permissão expressa e por

escrito da Editora e dos autores.

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Este trabalho é dedicado com muito

carinho a todas as crianças que

estudaram e estudam na Escola Atuação.

Dedicatória

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Agradecemos a toda a equipe de

professores e coordenadores da Escola

Atuação que colaboraram com as

“pérolas” que constam neste livro.

Agradecimentos

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Quero fazer minha lição!

Não tem carne!

O que os olhos não veem, a boca não sente

Tomou o quê?

E professora tem casa?

Português, pra quê?

De chocolate, ué?!

Tira isso do meu nariz!

Fome de piano!

Quem manda aqui?

Sorvete para todos os gostos!

Cada um come o pão que quer

Detalhes

Eu sabia!

Viagem dos sonhos

O que você quer ser quando crescer?

Elogios de criança

Inocente

Gosto compatível

Desenho de criança

Fora da casinha

Nome certo

Homens x Mulheres

Sem sentido

Quem mudou meu quadro?

Desejo de desmaio

Para sempre em 3 dimensões!

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SUMÁRIO

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Cores ou colors?

Aula aonde?

O segredo do coelho

Quer um café?

Remédio para autoestima

Feminina

Minha vida em videogame

Mães diferentes

Sons do mal

Letras proporcionais

Bule ou bullying?

Ouvindo da barriga

Para você nunca esquecer

Música que dá medo

Adivinha

Aprendendo as vogais

Imaginação de criança

Quem é quem?

Cadê a porta que tava aqui?

Choro diferente

Desculpas de criança

Caiu na mídia

Tudo igual!

Agilidade de pensamento

Composição do ar

Xadrez comestível

Que arroz é esse?

E se falar palavrão?

Meu professor, meu dicionário

O professor falou, tá falado!

Teacher?

Atenção para a saída!

Sujeito e prejudicado

Onde?

Não quero ir pra escola!

E que tal depois?

Presente para o coelho

Palavras ao vento

Gibi alto-falante

Compressa ou com pressa?

Pôr do sol

Namorada do esquilo

O melhor picolé de todos!

Aula de ginástica

Dia de judô!

Agulha de Lego

Condenado

Bebê melancia

Com que letra?

Confusão com adjetivos

Meu meio de transporte

Entendendo a escola

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Pérolas

A maioria das joias é feita a partir de metais preciosos e pedras encontradas no solo. No entanto, as pérolas são encontradas dentro de uma criatura viva, resultado de um processo biológico.

Deve ser por isso que, quando as crianças dizem ou fazem algo engraçado, dizemos que são pérolas. Somente com sua pureza e doçura poderiam produzir sorrisos tão singelos em nós.

As ostras produzem as pérolas para se proteger. Quando uma substância estranha desliza para dentro dela, causando irritação, ela produz a pérola, para que isso não a incomode mais.

As crianças inconscientemente são capazes de nos fazer esquecer em alguns momentos coisas que nos incomodam e machucam. Com seus gestos e palavras, nos trazem alegrias e sorrisos, criando pérolas em nós.

Ademar Batista Pereira / Esther Cristina Pereira

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Os nossos alunos do Período Integral jantam na escola no fim da tarde. Para a organização do refeitório, as monitoras passam nas salas chamando as turmas aos

poucos, começando sempre pelos menores. Nos primeiros dias de aula, como temos vários alunos novos do 1º ano, ainda é um pouco confuso. Ao ouvirem: “Quem vai jantar?”, precisam que a professora os oriente, dizendo quem vai ou não, além de relembrar quais são as regras e combinados no refeitório. Com o passar do tempo, se acostumam ao ritmo. A professora mal chega à porta e eles já sabem que está na hora de ir jantar. Os alunos de uma das turmas do 1º ano estavam empolgados com uma atividade que estavam realizando quando uma monitora chegou à porta para dar um recado e um dos alunos disse: - Ah não, por favor. Não quero saber de janta agora! Precisa ver o suspiro de alívio que deu quando viu que não estava na hora. Caímos na gargalhada!

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Quero fazer minha lição!

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Essa história de que as crianças se entendem não é bem verdade. Às vezes, observamos nas turminhas do Maternal e mesmo os que ainda estão aprendendo a falar que eles conseguem identificar

entre resmungos o que querem dizer. Nesse caso, acho que o dito funciona. Por outro lado, certo dia estava almoçando e me diverti com a discussão de uma aluna do 4º ano com outra do 1º. No refeitório temos o hábito de colocar dois alunos como ajudantes todos os dias. Eles servem o suco, a refeição e a sobremesa, auxiliando no processo. No dia da discussão em questão, tínhamos no cardápio: salada, arroz, feijão, bisteca, couve refogada e batata assada. Tudo começou quando a aluna do 1º ano ergueu a mão, pois queria refeição. A aluna do 4º ano, que era a ajudante, perguntou: - O que você quer? - Arroz, feijão, batata e carne - ela respondeu. A aluna mais velha, sem pensar, disse: - Não tem carne, só bisteca. - Ah... Mas eu queria carne. - Não tem. Tem bisteca, quer? - Não. Pode ser só o arroz com feijão e a batata. Um tempo passou e a criança ao lado da menina do 1º ano recebeu seu prato, com bisteca. A pequena questionou: - Você disse que não tinha carne! - Tá vendo, isso aí é bisteca!

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Não tem carne!

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Existem algumas crianças que são comédia mesmo! Essa ajudante do refeitório é uma delas! No mesmo dia da discussão de bisteca ou carne, ela aprontou mais uma.

Um dos alunos pediu repetição, porém ainda não havia comido toda a salada. Lá foi a ajudante e exigiu que ele comesse, caso contrário não repetiria. O pequeno enrolou, enrolou... E comeu só a alface, deixando um pouquinho da cenoura ralada e ergueu a mão novamente para tentar repetir. A ajudante, muito esperta, disse: - Você não comeu toda a cenoura! - Mas eu não gosto de cenoura - ele respondeu. Foi então que ela deu a solução para o problema: - Fecha bem os olhos, tampa o nariz e coloca tudo na boca de uma vez só. Mastiga rapidinho e engole. Nem vai sentir!

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O que os olhos não veem,

a boca não sente

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Tomou o quê?

Se tem alguém que tem o dom de criar palavras e ainda dar significado a elas são as crianças! Aqui na escola tem dias que nos desdobramos em três, trocamos as sílabas,

falamos com outra entonação... E parece que nada vai fazer a gente entender o que elas estão falando. Certa vez, um aluno do Maternal II foi pegar algo na mochila para mostrar para a professora. Mas, ao voltar, não achou. E começou a chorar: - Eu quero meu vermífaro! Quero meu vermífaro! A professora, assim como eu e você, não fazia ideia do que era! Olhou na mochila se tinha alguma coisa de diferente, procurou na agenda se tinha algo escrito... nada. Começou então, a adivinhar: - É o nome do seu brinquedo? É de comer? É o nome do seu cheirinho? Quem te deu? Me mostra um igual. A resposta era sempre não, ou quando era diferente, não ajudava a chegar a lugar nenhum. Até que, cansada de tentar acalmar, o trouxe para a coordenação. Foi a mesma sessão! E não descobrimos nada... Depois de muito tentar, ele finalmente disse: - É que a minha mãe me dá o vermífaro pra tirar os bichinhos da minha barriga! Se eu não tomar, vou continuar com eles! Descobrimos! O vermífaro dele é o nosso vermífugo!

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E professora tem casa?

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Para as crianças pequenas entenderem que a professora também é gente, é bem complicado. São várias as situações que temos que explicar para que eles; conforme

vão crescendo, vão compreendendo. Eles se surpreendem quando descobrem que a “profe” também tem mãe e pai. Ou ainda ficam tentando saber por que a mãe precisa trabalhar, se a única coisa que a profe faz é cuidar deles? Ela nem trabalha! E por aí vai... Na semana do acantonamento, o dia que os alunos da Educação Infantil dormem na escola, uma das pequenas do Jardim I estava ansiosa! Até que fui até lá e perguntei: - O que vai acontecer que você está assim tão feliz? Sabe o que ela me respondeu? - É que sexta-feira eu vou dormir aqui, na casa da minha “profe” !

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A fase dos “porquês” nunca é fácil. Exige paciência de quem escuta, para nunca deixar sem resposta, e discernimento de quem responde, para pensar sempre duas vezes e

responder com coerência. Enquanto as crianças estão no momento da curiosidade, que alegria! Tudo que gira ao seu redor é motivo para virar uma perguntinha aqui, outra acolá. O problema é quando a curiosidade vai enriquecendo as informações e então, as perguntas se tornam desafios. Os pequenos, espertos que são, usam aquilo que já sabem para conseguir as respostas que querem, dando um nó em nós, adultos, muitas vezes. Foi o que aconteceu com uma das coordenadoras. Seu filho, quando chegou ao 1º ano, estava cismado com as aulas de Português. Não gostava de jeito nenhum! Sempre que tinha que colocar os materiais da disciplina na mochila, reclamava. Até que um dia, o incômodo foi tanto, que ele questionou: - Mãe, pra que eu tenho de aprender Português? Eu tenho aulas de Inglês para aprender a falar em Inglês. Mas ,e Português, que eu já sei falar?

Português, pra quê?

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Chegando perto da Páscoa, começa também a euforia dos pequenos! Os preparativos são tantos que não tem como não se contagiar: deixar uma cenoura para o coelho;

entregar a chupeta, mamadeira e fralda; enfeitar as cascas dos ovos de galinha; preparar as orelhas de coelhinho; entre tantas outras atividades! Em um dia de visita do coelhinho, fui às salas dos Maternais perguntar quem iria entregar seus pertences e conversar para ver como estavam os preparativos para o grande dia que estava chegando! E os pequenos, todos animados, começaram a me contar quais ovos iriam pedir ao coelhinho: - Eu quero o Kinder Ovo! - Disse um menino loirinho. - Eu quero da Barbie! - Disse a menina que estava ao lado. Os demais, não entendi bem, pois começaram a falar todos ao mesmo tempo! Só um dos meninos não disse em nenhum momento qual ovo queria ganhar. Então perguntei: - E você, João? Qual ovo você quer? E com a maior simplicidade ele me respondeu: - Ovo de chocolate!

De chocolate, ué?!

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Tira isso do meu nariz!

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Não sei o que é pior: criança escandalosa ou mãe desesperada! Quando junta as duas coisas então, é loucura na certa! Uma das coordenadoras estava com

seu filho voltando da escola, quando no carro ele começou gritar: - Mãe! Tira, mãe! Tira! - Tira o quê, filho? – Ela perguntou. - Um tijolo do meu nariz! Tira! - Mas, filho, não tem nenhum tijolo aqui dentro carro! - Mããããe! Tá aqui, no meu nariiiiiz! A mãe parou o carro e começou a procurar o que estava incomodando. Quando ela desceu, o pequeno disse que o tijolo tinha caído, mas que estava ali sim, a mãe já estava preocupada, achando que o menino estava imaginando coisas, quando ele disse: - Achei mãe! Achei, tá ali. Ela se abaixou no banco para pegar o pontinho que ele estava apontando. Sabe o que era o tal “um tijolo”? Uma lantejoula.

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Tem dias que estamos com uma fome daquelas! As crianças também. Principalmente nos dias que saem da natação.Teve um dia em que um aluno, ao sair com o pai pelo portão, disse:

-Ô pai! Hoje eu tô com uma fome de piano! Eu já tinha ouvido fome de leão, mas fome de piano, para mim, ainda era novidade. No outro dia, o pai contou que quando chegou em casa, fez primeiro um sanduíche de queijo e presunto. O pequeno comeu, mas disse: - Pai, ainda tô com fome de piano! Lá foi o pai, fez uma sopa de legumes, bem gostosa! Ele comeu duas pratadas e disse: - Paiê! Ainda estou com fome de piano! O pai cortou banana, esquentou com achocolatado, colocou sorvete e cobertura. E o pequeno comeu tudo, enquanto o pai sorriu satisfeito. Até que, quando acabou, o menino falou: - Humm pai, tava uma delícia! Mas eu queria mesmo um pouquinho de piano. O pai, cansado, respondeu: - Desisto, filho! O que você quer, afinal? O menino levou o pai até a cozinha, e pegou na última prateleira, um saco de pinhão. E ainda disse: - Fome de piano, pai.

Fome de piano!

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Quando a professora fala alguma coisa, convencer os alunos do contrário fica difícil... Para eles é verdade absoluta e os pais algumas vezes precisam de muitos argumentos para

conseguir retomar a mesma informação de outra maneira. É claro que isso é mais comum com os menores, quando ainda não questionam e argumentam o que ela diz, apenas repetindo, pois “a profe disse!”. O problema foi quando uma pequena do Jardim II estava em casa discutindo com a mãe, pois algo que a menina queria não era apropriado para o momento. Tudo normal, mas a mãe contou que quando ficou brava a filha disse: - Não tá esquecendo de nada, não? Quem manda aqui sou eu! - Como assim, filha?E então ela respondeu: - Ué mãe, a minha profe sempre me diz que “quem manda aqui sou eu”!

Quem manda aqui?

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Sorvete para todos os gostos!

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O dia que resolvemos fazer buffet de sorvete pra Educação Infantil foi uma festa só! Compramos todos os sabores de sorvete e as crianças trouxeram as caldas, doces e

guloseimas para contribuir na delícia. Organizamos as turmas de duas em duas e nos dividimos para servir. Duas coordenadoras ficaram servindo os sabores de sorvete e duas, completando com as guloseimas. Os pequenos vinham cada um com seu potinho e colher, pedindo o que queriam. Lá pela sexta turma, já tinha sorvete por todos os lados, camisetas sujas e guloseimas misturadas. Morremos de rir quando um aluno do Jardim II chegou para pedir. - Que sorvete você quer? - Eu quero creme, morango e passarinhos ao rum.

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Cada um come o pão que quer

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Que gosto não se discute, estamos cansados de saber. Ainda mais na escola, onde cada aluno, cada família, possui segredos e manias que enriquecem suas culinárias.

Adaptar tantos gostos a poucas opções é fácil. Na escola, temos um cardápio semanal que as famílias e alunos têm acesso, podendo no dia a dia escolher entre uma ou outra coisa que preferem. O problema é encontrar um consenso diante de várias opções, como por exemplo, no dia que as “profes” do Jardim II fizeram um café para os alunos. Tinha tanta coisa que ficava até difícil escolher! Então elas fizeram uma fila e cada aluno ia passando dizendo o que desejava. Um aluno quis bolo de chocolate e pão com requeijão. Outra menina quis só pão, sem nada. A risada foi grande quando o aluno disse bem alto: - Profe, profe, eu quero pão com Margarete!

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Detalhes

As crianças, em sua maioria, são extremamente detalhistas. Talvez seja pelo fato de não terem tantas preocupações como nós, adultos, e com isso conseguirem observar as

coisas simples com mais tempo e cuidado. Há momentos em que eles percebem algumas coisas que nós mal conseguimos acreditar, e o mais engraçado é que a lembrança do detalhe vem quando menos se espera. Uma vez, quando uma turma do 1º ano saiu fazer um trabalho de campo, todos os alunos tiraram os casacos e os deixaram no ônibus conforme a orientação da professora, pois estava esquentando. Na volta, ela solicitou que pegassem os casacos novamente, para que ninguém esquecesse nada no ônibus. Claro que, se tratando de 1º ano, ficou um casaco sem dono no banco. E um aluno vinha trazendo para a professora. Ela já estava prestes a perguntar quem tinha esquecido o casaco, quando ele disse: - Oh profe, esse casaco é seu. Foi aí que ela se deu conta que realmente não tinha pego seu casaco. E questionou como ele sabia que o casaco era dela. Sabe os detalhes que eu falava no começo? Vieram na resposta. Ele respondeu: - Ué, profe. Nesse casaco tem o seu cheiro!

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eu sabia

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Os diretores da nossa escola desenvolveram um projeto que, quando o funcionário completa cinco anos de escola, ganha uma viagem como reconhecimento e

agradecimento do seu trabalho. Nesse período, o professor que está viajando é substituído por um monitor, que ministra suas aulas. A maioria dos alunos já está acostumada a esse processo. Mas, mesmo assim, quando chega a vez do seu professor viajar, é comum que sintam falta (principalmente as turmas da Educação Infantil). Este ano, no grupo que viajou, foi junto uma professora de Maternal II. Ela contou que, no dia em que voltou, os alunos a receberam com muita alegria, beijos e abraços. No entanto, havia alguns do Período Integral que ainda estavam dormindo... Após a entrada, ela foi até a sala do soninho para acordá-los. Um deles, ao levantar, olhou para a professora, sorriu, olhou para o colega que acordava ao seu lado e disse: - Eu te disse que ela ia voltar!

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Viagem dos sonhos

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A professora de um dos 2ºs anos estava trabalhando com os alunos o Caderno dos Sonhos. Nesse caderno, eles escolhem e discutem sobre um tema e em seguida cada aluno registra seu

sonho no caderno. O tema do dia era: viajar! Primeiro, a professora os deixou contarem os lugares que já conheciam, quais meios de transporte já haviam usado nas viagens e o que mais gostaram! Depois, em uma roda, cada um deveria pensar o lugar que mais tem vontade de conhecer e falar para a turma. E eles foram falando: - Disney! - Rio de Janeiro! - Beto Carrero! - Pantanal! E assim sucessivamente, até que na vez de um dos meninos ele disse: - Porto de Galinhas! O menino que estava na sequência, pensou, pensou e por fim falou: - Porto de Cachorros! Foi a maior risada! A professora explicou a ele que Porto de Galinhas era um lugar e que devia pensar em outro, que ela logo o chamaria. Todos continuaram falando seus lugares, até que ela chamou o garoto novamente. - Pronto? Já pensou? - Já pensei, profe! Eu queria mesmo Porto de Cachorros. Mas já que não dá, pode ser Porto de Cavalos mesmo!

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O que você quer ser quando crescer?

Sonhar é sempre prazeroso, ainda mais quando se é criança! Entramos em um mundo mágico em que podemos escolher tudo e nada vai nos atrapalhar! As professoras instigam

momentos como esse, procurando desenvolver a imaginação e o faz-de-conta, tão prazerosos de vivenciar! Em um desses momentos, a professora de uma turma de Jardim I estava trabalhando o que eles gostariam de ser quando crescessem. Claro que, ao fazer essa pergunta, eles da mesma forma que você, pensam direto nas profissões. Foi quando entrei na sala e comecei a questionar o que estavam desenhando. Eles diziam: - Quando crescer eu quero ser astronauta! - Eu quero ser professora! - E eu, bombeiro. Perguntei a uma pequena que não se manifestou o que ela iria ser e ela me respondeu: - Eu vou ser mãe!

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As crianças, quando gostam de alguém, são sempre muito sinceras! E, às vezes, parece que nem todos os elogios do mundo serão suficientes para expressar o que estão sentindo.

Trazem flores, chocolates e vivem dizendo: “Profe, você é linda! Profe, te amo!” Uma graça de ver! A autoestima das professoras deve ser ótima! Teve um dia que uma aluna do Jardim I olhava e olhava a sua professora. Reparando em tudo que ela fazia! Quase mal piscava quando ela estava explicando o dever, até que uma hora, a professora resolveu perguntar o que ela estava olhando tanto... A pequena suspirou e respondeu: - Ai, profe! É que você, com esse cabelo liso e essas pulseiras, fica tão chiqueira!

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Inocente

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Criança, quando apronta, é tudo igual... Quase não consegue disfarçar e já vai se entregando. Às vezes, quando vamos à sala, perguntar alguma coisa ou dar um recado, tem

alguns que já vão dizendo: “Não fui eu!”, sem nem ao menos saber do que se trata. A assistente financeira da escola contou que quando estavam com a família reunida, tomando café, uma sobrinha estava prestando atenção na conversa, mas sem participar... Um dos familiares que estava procurando seu remédio e não achava então perguntou: - Eu tinha deixado meu Prelone aqui! Quem tomou? A menina mais que depressa respondeu: - Não fui eu! Ó, eu estou tomando café com leite!

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Gosto compatível

Que criança é detalhista eu já falei, mas tem vezes que os detalhes são tão pequenos e para eles fazem uma diferença tão grande, que ficamos tentando contornar.

A professora de uma das turmas do Jardim II chamou os alunos para fazerem a higiene. Para sua surpresa, um dos alunos começou a chorar, pois não queria fazer. Sabe o que aconteceu? É que a avó dele trocou a escova e comprou uma nova, mas não o avisou. Lá foi a professora tentar convencê-lo a usar e de nada adiantou... Para tudo ele tinha um argumento. O melhor foi o último. A professora disse: - Mas essa escova é do Homem-Aranha! Olha como é linda... Usa essa! Ele respondeu: - Não, profe. Aquela escova foi feita pra mim. Era do tamanho certo, cabia na minha boca e escovava meus dentes. Essa aí não, ela tirou a outra daí, escondeu e ficou no lugar dela!

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Desenho de criança

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A imaginação das crianças rola solta. Quando estão desenhando, então, nem se fala! Começam com um simples traço que vai se transformando em uma grande história.

Vemos cada coisa que nos surpreendemos com a criatividade e capricho dos alunos, pois desenhar é uma das atividades que eles mais gostam! A professora do 1º ano estava realizando, com a turma, uma atividade na qual deveriam desenhar o que mais gostaram de ver em seu trabalho de campo, que foi no Jardim Botânico. Conforme iam terminando, ela chamava e eles, além de mostrar à turma, diziam o que haviam desenhado para que ela registrasse. - Eu desenhei o caminho dos sentidos. - E eu, o bosque onde a gente lanchou. Cada um dizia uma coisa, até que um deles, ao mostrar, disse: - Olha, aqui é o forno onde estavam as árvores e flores.

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Fora da casinha

Sabe outra coisa que as crianças são? Metódicas. Quando ensinamos e cobramos que aquela coisa é daquele jeito, coitado de quem vier e fizer de um jeito diferente. Vai

ouvir: “Mas a profe disse...” ou “A profe não faz assim...”. Foi o que aconteceu com uma turma do 1º ano. Eles estavam copiando a agenda, e o “Dever de Casa” eles escreviam sempre embaixo de um carimbo de casinha que a professora tinha. Quando a professora estava carimbando, ocorreu um imprevisto e ela precisou sair e uma monitora ficou em sala. Ela orientou que eles continuassem copiando a agenda que a professora já voltava. E como eram obedientes, fizeram. Uma das alunas ficou incomodada com o local que eles estavam copiando o “Dever de Casa” e disse: - Não, não, profe. Não é assim, você não tá vendo que eles tão tudo fora da casinha?

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Nome certo

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Nunca gostei de apelidos. Na verdade, de pessoas até nem ligo tanto, mas sempre fui ensinada e procurei ensinar a meus filhos o nome certo de cada coisa.

A mesma regra se aplica às partes do corpo. Desde pequenos, ensinei os nomes “vagina” e “pênis” e assim que chamávamos aqui em casa. Porém, como eu imaginava, ao irem à escola, os novos nomes começaram a surgir. Tinha de tudo! Perereca, carinha, piriquita, pipi, pipizinho, bilauzinho, pintinho... Eu fico me perguntando de onde tiram tanta coisa! Cada vez que eles vinham falando um nome diferente do que eu havia ensinado, eu corrigia e explicava o nome certo. Isso aconteceu várias vezes, até que eles se acostumaram e não trocavam mais. Certo dia, estávamos na casa da minha mãe e minha filha estava no quarto brincando, quando de repente ela deu um grito e veio para a sala correndo! - Mãe! Mãe! Tem uma vagina verde na parede do quarto da vó!

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Homens x Mulheres

Que existe uma rixa entre homens e mulheres, todos sabem, mas são raros os momentos em que admitimos isso. Fico me perguntando em que fase essa competição começa de

fato. Quando crianças, passamos por várias fases. Tem o momento em que ainda estamos reconhecendo o outro como diferente, depois quando somos todos amigos, quando meninas brincam só com meninas e meninos só com meninos, ou ainda quando o interesse pelo outro começa a despertar. Não sei o que acontece em alguma dessas fases que surge a tal competição que eu estava falando. Talvez seja cada vez mais cedo! Percebi isso quando, em uma das aulas de Grandes Conceitos de Matemática, o professor estava explicando sobre as medidas de tempo. Ele disse: - Na realidade, quem aperfeiçoou os relógios não foram os homens... Antes que ele pudesse completar a frase, dizendo que foram as civilizações, uma menina do 2º ano que estava sentadinha bem na frente, disse: - Ah, eu sabia! Foram as mulheres!

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Sem sentido

Na escola, temos uma aula mensal que chamamos de Grandes Conceitos. Ela ocorre com os alunos de 1º ao 5º ano e é ministrada por um professor especialista na

disciplina referente. Em uma dessas aulas, de Ciências, para o 1º ano, a professora estava explicando sobre os cinco sentidos. No fim da aula, ela sugeriu que, para eles testarem os sentidos, era para realizarem algumas coisas de rotina, tirando um dos sentidos. Como por exemplo, escovar os dentes de olho fechado. Ela questionou:- Será que vão acertar os dentes ou bater na bochecha se não estiverem olhando no espelho? Então, um aluno lá no fundo levantou a mão e disse: - Mas, profe, eu sou japonês! Eu faço tudo de olho fechado!

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Quem mudou meu quadro?

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O 1º ano é feito de diversas fases que acabam se tornando grandes desafios para os alunos. Um deles é a passagem da letra caixa alta para a letra cursiva.

Procuramos de diversas maneiras prepará-los e acalmá-los para esse momento, mas mesmo assim, como toda novidade, gera ansiedade nos pequenos. Certo dia, um aluno chorou em casa, pois não queria mais ir à escola. A mãe estranhou, afinal ele é um aluno participativo, caprichoso e dedicado em suas atividades. Muitas vezes inclusive, prefere fazer lições a brincar! Então, questionou o filho, tentando entender o que aconteceu. Ele respondeu: - É que ontem, mãe, quando eu cheguei na sala, o quadro tava todo encursivado!

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Desejo de desmaio

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Quem já desmaiou sabe que não é nada de muito especial. Mas quem nunca desmaiou tem uma pontinha de curiosidade de saber como é... O que você sente? O que você lembra ou não

lembra? Quanto tempo ficou desmaiado? E por aí vai... Essa mesma pontinha se repete com as crianças. Acho que em alguns momentos difíceis como apresentação de trabalhos, provas ou quando caem na Educação Física, os alunos torcem para desmaiar, para poder fugir dessas situações! Uma vez, uma das alunas do 2º ano não parava de perguntar sobre desmaio... “Mas, profe! Como é desmaiar?”; “Se eu virar de ponta cabeça, eu desmaio?”; “E se eu correr sem parar?”. Era tanta pergunta que a professora já estava até cansando! Até que em algum momento, a aluna questionou: - Hum, e a Branca de Neve, professora? Por que ela desmaiou? A professora não sabia o que responder, então disse apenas: - Acho que tinha veneno na semente da maçã. Mais tarde nesse mesmo dia, uma das frutas que havia no lanche era maçã! Quando ela menos esperava, a aluna caiu no chão, de olhos fechados! Todos ficaram olhando, mas ninguém demonstrou reações. Então ela foi abrindo o olho, se levantando e disse: - Ai, profe, acho que desmaiei!

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Para sempre em

3 dimensões!

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Quando lançou o cinema em 3D foi a maior onda! Todo mundo queria assistir, não importava muito o filme, o que importava era ver as três dimensões.

Pense as crianças! Ainda mais que a maioria dos filmes que tinha a opção 3D eram desenhos, já que as animações começaram a ser produzidas primeiro. Adeus, 2D! Uma das professoras de nossa escola contou que quando levou seu filho, ele estava todo animado! Repetiu várias vezes quanto tempo faltava e na hora que começou, nem piscava! Saiu de lá com um sorriso de orelha a orelha e quando olhou para a mãe, a primeira coisa que disse foi: - Sabe, mãe, se você fosse um filme, eu ia querer te ver pra sempre em 3D!

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Normalmente, os pequenos fazem confusão para entender porque falamos as palavras de um jeito diferente em outra língua, no caso da escola, em Inglês.

É comum que, depois que a teacher sai da sala, eles ainda misturem e continuem falando em Inglês mesmo com a profe. Foi o que aconteceu uns dias atrás, quando os alunos do Jardim I estavam aprendendo as colors. Mais tarde, com a professora regente, estavam fazendo uma lição no caderno e cada um escolhia uma cor de tinta para pintar. - Que cor você quer? - A professora perguntou. - Azul. Preto. Laranja. - Cada aluno ia dizendo a cor que gostaria. Foi então que uma das meninas escolheu a cor para o seu registro. - Profe, profe! Já sei que cor eu quero! - Qual? - Pink choque!

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Cores ou colors?

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Aula aonde?

O processo de compreender as diferenças para os alunos pequenos é bastante delicado. Eles precisam de um referencial para que possam compreender algumas

situações. Por exemplo, até certa idade a aula de Ginástica e Educação Física é a mesma coisa para eles. Ou ainda, os locais onde acontecem essas aulas: quadra, quadra pequena, ginásio, área coberta... Eles escolhem um dos nomes e esse se aplica para todos os demais. Um dos conteúdos que os alunos do Jardim II estavam trabalhando era o reconhecimento dos espaços. As professoras começaram pelas partes da escola. Passearam relembrando os nomes e quais atividades fazemos em cada espaço. Claro que até acertarem os das aulas especiais, foram alguns dias conversando e trabalhando. Até que em uma das aulas, a professora estava tentando fazê-los lembrar: - E como é nome do lugar onde temos aula com o professor de Educação Física? - Hum... na quadra! - Disse um menino. - Não. - Na quadrinha? - Disse uma menina. - Não. - A professora respondeu novamente. Até que um dos meninos disse, animado: - Então eu já sei! Só pode ser no Genésio!

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O segredo do Coelho

O professor, no início da aula, após o feriado de Páscoa, perguntou aos alunos: - E aí turma, como foram de Páscoa?

Os alunos começaram a compartilhar suas experiências. Um deles, chega bem pertinho do professor e fala baixinho em seu ouvido, afinal era um segredo. - Professor, descobri uma coisa sobre o coelho. Ele deixou pegadas na parede lá da minha casa. Mas não eram pegadas de verdade, eram adesivos! - É mesmo? - O professor disse. - Sim, eram adesivos... Descobri o segredo do coelho. O professor já achou que o aluno não estava acreditando mais em Coelhinho da Páscoa. Meio triste e ao mesmo tempo preocupado que o que ele falasse pudesse acabar com a magia para os colegas também, ele perguntou: - E qual é o segredo? O professor viu que estava enganado quando o aluno respondeu: - Ele cola adesivos na parede, para não sujar a parede da mamãe.

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Quer um café?

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Criança não tem papas na língua. Às vezes, passamos cada uma por eles dizerem o que pensam que ficamos tentando desconversar... A verdade é que eles são sempre sinceros

com seus desejos e vontades. O problema é quando o local ou momento não é apropriado. Uma das turmas de Jardim II estava tendo aniversário em sala. Acontece que no dia da comemoração, dois parentes podem participar juntamente com a professora e os alunos. Entre os salgadinhos e docinhos, tinha um pastel que parecia estar delicioso, de tanta vontade que eles comiam! Até que um dos alunos perguntou: - Profe, tem ketchup? - Não tem, amor. - Ah, e maionese? - Também não... - Credo, profe! Mas esse aniversário não tem nada! Consegue imaginar onde a professora queria se enfiar, de tanta vergonha!?

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Remédio para autoestima

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Como já mencionei algumas vezes, as crianças são sempre sinceras. Deve ser por isso que as verdades que elas nos dizem podem nos deixar bem e felizes, ou meio preocupados...

Esses dias, uma verdade como essas funcionou como remédio para autoestima de um dos professores. Ele nos contou que estava no ginásio, dando suas aulas de Educação Física normalmente. Quando uma das aulas terminou, foi ao almoxarifado guardar os materiais e, enquanto isso, a turma seguinte entrou. A professora regente estava os organizando sentados para esperar, quando o professor, lá do almoxarifado, ouviu uma aluna dizendo: - Oba, profe! Hoje tem aula com o lindo!

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Feminina

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É comum que, quando crianças, os pequenos assimilem que para dizer o masculino ou feminino de alguma palavra, basta substituir e colocar o O ou A. Aí sai de tudo, né...

Esses dias, as turmas tiveram de produzir alguns trabalhos para o Circuito de Artes, com o tema: Profissões. Enquanto eu estava passando pelas salas, eles contavam animados tudo o que tinham feito nos trabalhos. A profissão da turma do Jardim II era garçom. Eles teriam de produzir artes sobre um restaurante e esse profissional. Quando cheguei lá, eles contaram tudo que tinha dentro do restaurante, menos sobre o garçom! Então perguntei: - Mas quem trabalha no restaurante? - O garçom! - Eles responderam. - Quem mais? - Eu disse. - O cozinheiro. Resolvi perguntar uma última vez, para ver o que mais eles sabiam e lembravam. - E quem mais trabalha com o garçom no restaurante? Eles pensaram... E então uma menina respondeu: - É a garçona!

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As crianças estão cada vez mais conectadas às mídias e aos jogos digitais. Fica difícil em alguns momentos desligá-los de tanta informação e fazê-los pensar e analisar coisas

que não tenham relação ao mundo virtual. Eles vivem sua vida como se fosse um videogame. Um exemplo disso aconteceu quando um aluno do 1º ano veio até a coordenação realizar sua atividade, pois em sala estava só bagunçando. Orientamos e retomamos, e lá foi ele copiar o cabeçalho e exercício. Eu já estava entretida com outra coisa, quando de repente, ao terminar de copiar a linha, o ouvi dizer: - Yes! Passei de fase!

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Minha vida em videogame

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Mães diferentes

Nenhuma mãe é igual. Cada uma, com seu jeitinho, consegue deixar sua marca registrada na escola. Sabemos, por exemplo, quais são as mães que se o filho cortar um

pedacinho na unha, vão querer buscar na hora. Ou também aquelas que cada dia contam de onde surgiu um galo diferente e dando risada! Tem mãe que gosta de conferir a lição todo dia... Ou ainda, aquelas que pedem para os filhos arrumarem o material e deixam que eles cumpram essa tarefa sozinhos... O fato é que todas são diferentes. Esses dias, estava acompanhando a lição de um aluno do 1º ano na coordenação. Enquanto copiava a atividade, ele falava sem parar... Comentava de tudo que lembrava! Até que uma hora ele disse: - Profe, sabia que a minha mãe é diferente? Ela escreve com a letra cursiva! Ela não escreve igual eu que é em, em... - E não completou a frase mais. - Em caixa alta? - Eu perguntei. - Não. Essa letra é em Português. Aquela letra que ela escreve em cursiva, é de outra língua. - Ele me respondeu.

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As aulas de Música são uma ótima oportunidade para aperfeiçoar a audição dos alunos. É uma graça quando eles descobrem os novos sons de cada instrumento e

como produzi-los! Ficam encantados com as melodias que nunca tinham ouvido. A professora de Música estava apresentando o som de alguns instrumentos, sem mostrar quais eram. Os alunos do 1º ano estavam adorando conhecê-los e tentar adivinhar. - Esse é o violoncelo - A professora disse. Uma das alunas deu um grande suspiro de surpresa e falou: - Nossaaaa! É um violino do mal!

Sons do mal

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Letras proporcionais

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Compreender grandezas diretamente e inversamente proporcionais rende boas discussões de Matemática e exige atenção e esforço dos alunos de 4º e 5º anos.

Mesmo as relações mais simples precisam de exemplos reais e atividades concretas para que atinjam os objetivos. Por outro lado, a habilidade para estabelecer essas relações, eles já têm desde cedo. Quem me provou isso foi um aluno do 1º ano. Aquele mesmo que estava fazendo a lição na coordenação. Durante a cópia de uma palavra, ao invés de escrever a letra V, escreveu U. Então chamei sua atenção para o erro, mostrando que ali era a letra V. Ele me respondeu: - Ahhh... É o V.... É que a minha profe é gordinha. Aí ela faz o V gordinho e fica parecendo um U.

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Bule ou bullying?

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Trabalhar com a alfabetização é sempre prazeroso. Descobrir os sons, reconhecer as sílabas, formar palavras. Esse processo é uma construção mágica para os alunos! Em alguns

momentos, é difícil, mas colher os resultados é maravilhoso. Os alunos do 1º ano estavam aprendendo a família silábica do L. Durante uma atividade, procuravam as sílabas LA – LE – LI – LO e LU entre as palavras. Uma aluna encontrou “bule” e a professora anotou na lista que estavam fazendo. Mas um aluno perguntou: - O que é bule, profe? Antes que a professora pudesse, outro aluno respondeu: - É aquele negócio que coloca café ou chá pra tomar... - Ah... Uma menina que estava no fundo levantou a mão rapidinho e disse: - Claro que não! Né, profe, que bule é quando você fala uma coisa ruim sobre alguém?

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Ouvindo da barriga

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Entender como as crianças nascem, como vão parar na barriga da mamãe e de onde elas vieram é complexo para os alunos a cada faixa etária. Fico me perguntando o que

será que eles imaginam ao ver a professora grávida? Que eles viajam nas ideias, a gente já sabe. Mas nunca paramos pra pensar até que ponto vão... Os alunos do 2º ano estavam tendo aula normal. A professora deles está grávida na escola. Um aluno ficou olhando, olhando para ela falar, e então levantou a mão e disse: - Ai, profe... Seu filho vai ser mesmo muito sortudo! - Por quê? - A professora perguntou. - Ué, ele não vai precisar vir à escola! Vai nascer inteligente já, de tudo que ouve você falar aí da barriga.

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Quando damos algumas propostas aos alunos, esperamos que eles acompanhem nossa escolha e sigam nossa linha de pensamento. Claro que, como tudo com as crianças, não

acontecem como esperávamos. Cada um reflete sobre o que dizemos e desenvolve a proposta da maneira como compreendem e relacionam. Era o último dia de um aluno em nossa escola. Ele e a família iriam mudar de cidade. A professora do 1º ano combinou então que todos os alunos deveriam fazer desenhos para esse aluno. Disse que era pra desenharem e escreverem algo para que ele nunca os esquecesse. Um dos alunos desenhou ele e seu amigo de mãos dadas e escreveu em cima seu nome e Geografia, História e Ciência. Então, a professora foi até ele e questionou por que havia escrito essas palavras. Ele disse: - Ué, profe, quando estamos copiando no caderno você sempre diz para eu não esquecer de colocar se é Geografia, História e Ciências. Aí eu coloquei aí pra ele também nunca esquecer.

Para você nunca

esquecer

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A Educação Infantil tem em sua grade de horários a aula de Musicalização. Nesse momento, fazem uma roda com a professora e aprendem novas músicas e gestos. Conhecem

também alguns instrumentos, tudo trabalhado ludicamente. Eles adoram essa aula! Ficam felizes da vida quando a professora ensina música nova e também ficam pedindo para repetirem as antigas. Um dia, uma aluna do Jardim I chegou toda animada e disse: - Professora você canta aquela música que me dá medo? - Que música que te dá medo? - Aquela, professora! Que o anjo do mal arranca o coração da menina! A professora pensou, pensou e não sabia de que música ela estava falando... Então perguntou de novo: - Qual música, querida? - Aquelaaaa, profe! Nessa rua, nessa rua tem um bosque. Que se chama, que se chama solidão. Dentro dele, dentro dele mora um anjo, que roubou, que roubou meu coração.

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Música que dá medo

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Adivinha

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É prazeroso quando as crianças começam a dizer as primeiras palavras. Nos divertimos enquanto eles aprendem e tentam imitar os sons, trocando a letra em alguns momentos.

Um aluno do Maternal II estava paradinho na porta do banheiro e chamou a professora. - Profe... Ô, profe... Eu tô mingano! - Você tá o quê? - A professora perguntou. - Mingano. Ele respondeu. Enquanto a professora tentava adivinhar, ele começou a ficar nervoso e chorar... - Brincando? - Ela tentou. - Não, profe, mingano! - Brigando? - Ela perguntou. E a resposta foi a mesma: - Nãoooo... MIN-GA-NO. - Ele disse devagarinho. As lágrimas escorriam enquanto ela chamou outra professora e, juntas faziam várias tentativas procurando compreender o que ele estava dizendo. Então ele não aguentou mais e o xixi começou a correr entre as pernas. Ele apenas suspirou: - Agora não dá mais profe, tá vendo já ô mingano!

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Se não for a parte mais gostosa do Jardim II, com certeza é uma delas. Os primeiros passos para o caminhar da alfabetização devem ser trabalhados ludicamente,

procurando dar significado para as crianças daquilo que elas estão aprendendo. E quando isso acontece... Ah! Daí eles lembram como conheceram o A, E, I, O, U por muito tempo... Visitamos cada uma das turmas, a fim de perceber como estava a organização e o momento, além de testar pra ver se eles realmente tinham aprendido. Em uma das turmas, começamos perguntando: - O que vocês estão comendo que começa com E? Eles responderam em coro: - Empadão! - Muito bem... E com o que fizeram a omelete? - Com ovo! - (Mais uma vez em coro) - Ovo? E com que letra começa ovo? - OOOO! Só que uma voz no fundo, destoou do coro... - Qual letra? - U - o menino respondeu. Estranhei... Mesmo ouvindo todos os amigos dizerem outra letra, ele insistia no U! Resolvi questionar: - U? Como que ovo começa com U? - É “U” sim! “U ovo.”

Aprendendo as vogais

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É incrível como as crianças são capazes de irem além da realidade em vários momentos. Criam situações, modificam coisas simples e, se dermos corda, inventam histórias e

relatam as que já conhecem. As turmas do Ensino Fundamental foram ao Museu Oscar Niemeyer. Durante a exposição, houve um momento em que tudo ficou bem escuro e a guia continuou dando sua explicação. Um dos alunos perguntou várias vezes a professora o que iria acontecer naquele momento. - Professora, o que estamos esperando? - E agora, profe, o que vamos fazer? - O que vai acontecer? A professora respondeu apenas que aguardasse, que já veria. Então ele virou para o colega que estava ao seu lado e cochichou baixinho: - Acho que isso é uma pegadinha! Daqui a pouco vamos aparecer na televisão!

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Imaginação de criança

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Quem é quem?

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Você sabia que todo ano no Brasil nascem 51 mil gêmeos?! Bastante, né... Porém, a chance de uma mulher engravidar naturalmente de dois bebês de uma só vez é de uma para

cada 80 gestações! E por incrível que pareça, só nos 1º anos de uma de nossas sedes, temos quatro pares de gêmeos. Consegue imaginar a confusão?! Claro que para ajudar, são todos idênticos... Volta e meia trocamos ao chamar ou temos de ficar esperando chegar mais perto, ou virar de frente! Mesmo as professoras, às vezes, na correria, acabam trocando. Uma das duplas estava no corredor e a professora regente pediu um favor, falando rapidamente com o aluno. Ele olhou para ela, mas não correspondeu o chamado... Como ela estava com pressa, disse: - Venha aqui rapidinho! - Popi, eu não sou teu! Eu não sou! - Como assim não sou teu? - Popi, não sou eu! E a professora não entendia, até que apareceu o gêmeo da turma dela e disse: - Popi, eu tô aqui.

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Em nossa escola, as portas são azuis e possuem uma janelinha de vidro na parte superior para que quem precise olhar não tenha de necessariamente atrapalhar a aula.

No entanto, a porta da sala onde é a mecanografia é cortada ao meio, para que, quando preciso, funcionários e alunos possam solicitar fotocópias e impressões sem ter que entrar na sala. A mecanografia fica no segundo piso do prédio administrativo, ao lado da coordenação. As professoras dos alunos pequenos tinham o costume de ensiná-los onde ficava, para que se precisassem de algo urgente, eles pudessem ir até lá. E isso acontecia com frequência. Volta e meia passavam em frente a nossa sala dois pequenos de mãos dadas com bilhetinhos na mão. Ou os maiores mesmo. O fato é que quando a mecanografia trocou de lugar, levou um tempo até que todos se habituassem. Precisamos reorganizar o local, em função de uma outra sala que ficava embaixo. E acabou que a nova mecanografia ficou localizada atrás da secretaria. Ou seja, para subir onde era o antigo local, você passa bem na frente do novo. É claro que mesmo assim, muitos não viram. Aí apareciam em nossa sala com aquela carinha de ponto de interrogação. Uma das alunas que estava procurando, olhou, olhou e nada. Então, simplesmente perguntou indignada: - Aonde vocês levaram a porta cortada no meio?

Cadê a porta que tava aqui?

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Leva um tempo até que os alunos da Educação Infantil consigam aprender a lidar com as emoções e verbalizar o que estão sentindo. Enquanto esse trabalho ainda está em

desenvolvimento, eles usam o choro. O que é natural e adequado para a faixa etária que estão vivendo. O problema é quando mesmo depois de resolvido o problema ou a situação que estava incomodando, as lágrimas continuam caindo... Foi o que aconteceu com um aluno do Jardim I! Ele procurava, procurava sua sacolinha de higiene e nada de conseguir achar... Adivinha como ele resolveu a situação? Chorando, claro! E lá foi a profe... Sempre solícita, acalmou, conversou, descobriu o motivo do choro e encontrou a sacolinha. Problema resolvido para todos, menos para o pequeno que continuava chorando. A professora perguntou: - Pronto? Já parou de chorar? Meio secando as lágrimas, ele resmungou que sim. Só que a outra colega, talvez incomodada com a situação, disse: - Profêêê! Ele ainda tá chorando! Claro que ao ser descoberto o choro aumentou e com mais lágrimas e a voz mais alta, se defendeu: - Não tô chorando mais, não! Não tem mais molho no meu olho!

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Choro diferente

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Desculpas de criança

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Se pais de crianças até 10 anos têm histórias e mais histórias para contar, imagine nós na escola, que convivemos com várias crianças por muitos dias! Já estamos tão acostumados a escutar tanta coisa, que na maioria das

vezes nem nos surpreendemos mais, só nos tira umas risadas... É uma capacidade de criar desculpas, como se tudo servisse como argumento. E acho que no fundo, para eles, até serve mesmo. Estávamos em dias de provas e foi a vez de uma professora do 3º ano escutar uma desculpa daquelas! Os alunos estavam fazendo a avaliação de Ciências e tinha uma questão que estava praticamente dada, de tão fácil! A professora passava de um lado da mesa... Passava do outro... E um dos alunos ainda tinha deixado a tal questão em branco. E era a única que ele não respondia! Os demais foram terminando as provas e entregando. E a professora não se conformava! Sabe como é a professora, né? Consigo até imaginar ela lembrando tudo o que havia dito, explicado, as experiências que fizeram, atividades que resolveram... E ele ia deixar justo aquela em branco? Chegou uma hora em que a ansiedade não cabia mais e ela perguntou: - Não vai responder essa aqui? Consegue adivinhar o que ele disse, né? - Profe, eu não lembro! E ela nervosa: - Como não lembra? Conhece o ditado? Pergunta o que quer, ouve o que não quer. Então, foi tipo isso que ele respondeu: - É que minha mente sai da minha cabeça! Aí eu não consigo me lembrar!

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Nossos alunos do Período Integral jantam na escola todos os dias. No entanto, os que são do meio período e da Educação Infantil também podem optar por incluir o

jantar em sua mensalidade. Por esse motivo, temos vários alunos da Educação Infantil que jantam na escola. Os que são do Período Integral já são bem independentes. Sabem os lugares que podem sentar, qual o número que têm de erguer na mão se desejam suco, sobremesa... Como já fazem parte da organização da hora do almoço, para eles fica mais fácil. Os alunos do meio período levam mais tempo até se adaptar, perguntando muitas vezes até lembrar de todo o funcionamento. Dia desses, tinha no jantar uma sopa com linguiça calabresa. Logo que recebeu o prato, um aluno do meio período do Jardim I levantou a mão. A professora foi até ele e entregou a colher, mas ele continuou com a mão erguida. Até que a professora perguntou o que ele precisava e ele respondeu: - Essa linguiça é Friboi?

Caiu na mídia

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No Maternal I temos gêmeos idênticos! Se para nós, adultos, é fácil confundir, imagine para os colegas, que têm dois anos?!

São dois meninos. O nome de um deles começa com “Tha” e do outro começa com “Thi”. Sabe quais os apelidos? Tata e Titi. Então, na sala vira um festival de Titi Tata que chega a dar um nó! Uma das alunas da sala chamou a professora para que a ajudasse a resolver uma situação: - Profe! O Titi Tata quer pegar meu brinquedo! A professora tentou explicar, dizendo que o nome dele não era Titi Tata, que aquele era um deles, qual era seu nome e qual era seu apelido. A pequena olhou para ela como quem tentasse entender... Olhou para um, olhou para o outro, olhou mais uma vez e então disse: - Mas, profe, é tudo igual!

Tudo igual!

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Filtrar o que os alunos aprendem com a mídia é cada vez mais difícil! A verdade é que eles têm acesso a uma quantidade de informação muito grande e muito rápido, na maioria das

vezes mais rápido do que o nosso movimento de conscientizar sobre o que é certo e errado. Um exemplo disso são as músicas. Cada vez é mais comum letras de música com um palavreado que, na minha opinião, não dizem respeito a crianças e eles sabem de cor! Podem até não saber o que exatamente estão cantando, mas uma noção eles têm... E cantam! Por esse motivo, proibimos qualquer música desse tipo. E quando eles questionam ou argumentam que ouvem em casa, só dizemos que na escola não é permitido e esse posicionamento é o suficiente. Hoje essa situação já está mais tranquila, eles compreendem e se policiam para não cantar na escola. Porém, não podemos cobrar esse mesmo discernimento de alunos da Educação Infantil, mas eles sabem da regra! Certo dia, uma aluna de Maternal I estava no escorregador, cantando um funk que era moda na época. Quando a professora ouviu, perguntou mais que depressa: - O que você tá cantando? E a aluna, mais rápida ainda, respondeu: - Borboletinha, tá na cozinha...

Agilidade de pensamento

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Trabalhar Ciências com os alunos do Ensino Fundamental é muito prazeroso! As possibilidades que temos com experiências, pesquisas, hipóteses e comprovação,

enriquecem as aulas, fazendo com que os alunos possam criar seu conhecimento a partir de uma vivência. E é claro que eles adoram! No 1º bimestre, os alunos do 4º ano estavam aprendendo sobre a existência do ar. A professora fez uma experiência com bexiga, discutiu com eles o assunto e, na aula seguinte, estava retomando o que haviam visto. Os alunos fizeram vários questionamentos, sobre a composição do ar, sobre seus elementos e inclusive sobre o vapor de água, porque não podia ser visto a todo momento. Até que uma aluna levantou a mão e perguntou: - E a magia? A professora se virou para ela: - Magia? Que magia? Ela respondeu: - Ué?! Não nos dizem que a magia está sempre no ar?

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Composição do ar

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Às vezes fico me perguntando qual a dificuldade do jogo de xadrez. Existem por aí uma porção de adultos que, se você perguntar, não sabem! Ou nunca aprenderam ou acharam

difícil ou não tiveram interesse em aprender (para falar a verdade, eu também não sei!). Será que são as peças? Ou será que são as regras? Ou o raciocínio de pensar a jogada do outro, antes que ele a faça? Ou a paciência? Não sei... O que eu sei é que as crianças aqui da escola aprendem! E sabe que parece que nem fazem esforço?! Estava observando uma aula de xadrez do 1º ano do Período Integral e mesmo eles, que ainda estão no processo, estavam super bem! Conheciam as peças, estavam treinando algumas jogadas em dupla, sabiam o básico! Era o que eu achava, até que um aluno disse: - Profe! Olha, profe! Capturei o bisco dela com meu pinhão!

Xadrez comestível

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Quando os alunos são novos no Período Integral, até conhecer um por um, saber o que come e o que não come (ou como come), descobrir suas manias, vai mais ou

menos um mês inteiro! É um período de adaptação para o aluno e também para a escola. E até chegar lá, é uma sessão de: “Quer assim?”; “Quer assado?”; “E sem feijão?”; “E só o tomate?”; “Ah, só mais duas colheradas”, e por aí vai... Tinha um aluno que não comia feijão de jeito nenhum! As monitoras já estavam acostumadas e já davam só o arroz branco. A família já havia sido informada e disse que em casa ele também não comia! Uma das coordenadoras almoçou perto dele e não se conformou de ver aquele prato sem feijão. Foi com jeitinho, conversando, até que o convenceu de experimentar pelo menos o arroz com caldinho, o que pra um começo já estava muito bom! Foi toda orgulhosa, pegou o prato e serviu só o caldinho em cima do arroz, contente com o progresso. Surpresa foi, quando colocou o prato na frente dele, ele começou a chorar dizendo: - Eu não quero esse arroz! Esse arroz tá sujoooo!

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Que arroz é esse?

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Quando as crianças começam a falar é sempre uma delícia! Eles ainda trocam algumas letras, falam meias palavras e temos de cuidar para corrigir e incentivar ao invés de não

ficar achando tudo lindo... Às vezes, as coisas saem tão trocadas que mal dá pra saber como as professoras ou até eles mesmos se entendem. Foi o que aconteceu numa sala do Maternal II. Um aluno que estava mais agitadinho ficou repetindo para os colegas: - Cala a boca! Calem a boca! A professora, assustada, chamou a atenção e explicou que devemos tratar todos com respeito, que não podemos falar dessa maneira, nem falar palavrão. Um outro colega, que estava ouvindo tudo muito atento, disse: - Né, profe, que não pode falar palavrão? Ele fica dizendo pé na boca, pé na boca! Ainda se virou para o amigo e disse: - Não pode falar palavrão, tá? Antes que a professora pudesse dizer qualquer coisa, ele respondeu: - É, meu pai disse que se eu falar palavrão fico sem bidio gueimi. Consigo até imaginar a professora, disfarçando para não rir na frente deles!

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E se falar palavrão?

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Que professores de Língua Portuguesa usam palavras cultas, todo mundo já sabe! Eles têm um costume, que infelizmente a maioria de nós não tem, de utilizar palavras

raras no cotidiano em um diálogo informal, por exemplo. E claro que para incentivar os alunos a ampliar o seu vocabulário, nada melhor do que usá-las em suas aulas. Criando vários pontinhos de interrogação na cabeça dos alunos, os obrigando a olhar no dicionário durante a aula ou, pelo menos, perguntar ao professor do que se trata. Até aí, tudo bem. O que nós jamais imaginamos era a confusão que uma situação como essa podia causar! Os alunos do 7º ano tinham de entregar alguns trabalhos de Português em uma determinada data. Quando chegou o dia marcado, alguns esqueceram de trazê-los. Então o professor disse: - Os retardatários podem entregar na próxima semana, mas perderão um ponto pelo atraso. No dia seguinte, uma das coordenadoras procurou esse mesmo professor, dizendo que a mãe de uma aluna tinha telefonado para a escola reclamando que sua filha havia sido xingada de retardada.

Meu professor, meu dicionário

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Já parou pra pensar o trabalho que o professor tem até chegar o dia da avaliação? Primeiro, ele recebe da escola a grade curricular. Em cima do que está estipulado, prepara

para a série um planejamento, pesquisando e criando diferentes maneiras de apresentar o conteúdo, procurando de alguma forma atingir os objetivos. Atividades dinâmicas, experiências, leituras... Todas escolhidas a dedo, para garantir a compreensão. Aí vem a aplicação! Novos ajustes são feitos, retomadas e imprevistos, diante das particularidades de cada turma. Novas atividades são elaboradas, procurando atingir a todos os alunos. Para só depois do conteúdo dado, retomado e corrigido, elaborar a avaliação e aplicá-la. Bastante coisa, não é mesmo? Por isso que alguns professores ficam tão indignados quando leem algumas coisas nas avaliações... Não sei se foi indignação ao certo o que um dos professores de Língua Portuguesa de nossa escola sentiu ao corrigir as avaliações do 7º ano. Nos exercícios de gramática, tinha uma questão assim: “Por que nunca devemos usar as expressões como ‘subir para cima’ ou ‘descer para baixo’?”. A resposta de uma das alunas foi: “Porque você disse para não usar”.

O professor falou,

tá falado!

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Explicar a um aluno porque algumas palavras são de um jeito em Português e de outro em Inglês, eu já disse que é difícil (ainda mais para o Maternal!).

Agora fazer entender que não pode chamar de tia, porque a tia é irmã da mãe e quem cuida deles na escola é a professora, já não parece tão complicado, não é? Mas e se tiver de dizer que só uma, de todas as professoras, não é nem profe, nem tia, ela é teacher?! As aulas se resumem a: “Profe, não, teacher!”, “É teacher, amor, teacher!” E, enquanto isso, eles ficam olhando com aquele rostinho que não conseguimos adivinhar se estão entendendo ou não... Mas, em algum lugar entre o Maternal e Jardim I, eles aprendem! E passam a chamar os professores de Inglês de teacher. Ou pelo menos tentam... Durante a aula de Inglês do Maternal II, lá ia a professora explicar novamente como chamá-la, até que uma coleguinha corrigiu a outra: - Não é profe, ela é a pitcher!

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Teacher?

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Quando ligamos o microfone no horário de saída da aula, costumamos pedir a atenção dos professores e alunos para que escutem ao serem chamados. E os pequenos,

diferente dos mais velhos, levam isso bem a sério! Talvez porque não vejam a hora de ir embora, ou ainda porque gostam de ouvir seu nome pela caixinha de som. O fato é que cada vez que alguém é chamado, eles ficam animados, avisando o colega. Um aluno do Maternal II estava atento a tudo que chamava, não conversava, nem brincava, só escutando os nomes. Até que chamamos “Guilherme do Jardim I, Guilherme do Jardim I”. Como havia um Guilherme na sala, ele foi dizendo: - Gui! Gui! Tchau! Chamou você, chamou você! E a professora explicou que não, que eles eram do Maternal II e estavam chamando um aluno do Jardim I. Mas ele respondeu: - Não, profe! É o Guilherme e o Jardim I!

Atenção para a saída!

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Numa turma de 8º ano, o professor estava corrigindo as avaliações bimestrais e deparou-se com a questão:1- Leia a frase abaixo e depois responda às perguntas

propostas. “O motorista capotou o ônibus lotado de passageiros.” a) Identifique o sujeito e o predicado. Um dos alunos respondeu assim: “O sujeito é o motorista e os prejudicados são os passageiros, porque o ônibus estava lotado”.

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Sujeito e prejudicado

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Usar metáforas com criança pequena nunca dá certo. Eles levam tudo ao pé da letra e acabamos criando mais confusões do que se fazendo compreender. Tivemos um

exemplo clássico! Um aluno do Jardim I estava parado na porta e a professora chamando os alunos para que participassem da atividade. E nada de ele vir... Até que uma hora depois de tanto chamar ela disse: - Venha fazer a atividade! O que você tá fazendo aí na Conchinchina? Mal nós sabemos que lugar é esse, imagine ele! Então ele respondeu: - Não tô lá com a chinchila, profe! Tô aqui na portinha, ó!

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Onde?

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Desculpas para não ir pra escola é o que as crianças mais inventam. Elas vão criando tentativas até que percebam a importância de estudar e vão deixando as desculpas de

lado. Mas nem sempre, vai que cola, né? Claro que, como bons amolecedores de coração, os pequenos optam por escolher o assunto que as mães mais se preocupam: dores de cabeça, dores de barriga, “acho que estou com febre”, e coisas do tipo. Porém, essas desculpas são mais comuns entre os alunos do Ensino Fundamental ou, no máximo, do Jardim II. Os pequenos são mais diretos, “mãe, não quero ir pra escola! Quero ficar em casa!”. Por isso, a nossa surpresa quando a mãe de um aluno do Maternal II relatou que em casa ele havia colado adesivos vermelhos em seu corpo e disse: - Mãe! Fala pra profe que não vou hoje porque estou com catapora!

Não quero ir pra escola!

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A gente sabe que cuidar de criança não é fácil. Que eles são apaixonantes, são. Mas, gostar de criança não é o suficiente para realizar esse trabalho. A maior virtude que

aprendemos a ter é: paciência! Esses dias, a monitora do 1º ano estava com eles na quadra, organizando as agendas dentro das mochilas, arrumando os cabelos, colocando casaco. Toda aquela rotina que seguimos perto do momento da saída. E, enquanto olhava uma coisa, pensava em outra e fazia uma terceira, um pequeno ao lado dela falava sem parar. Contou o que ia fazer no fim de semana, perguntou se ela gostava de arrumar cabelo, se faltava muito para a saída. Depois contou que tinha ganhado um brinquedo novo, falou sobre a picada que tinha levado do pernilongo, pediu uma pomada pra coceira. Perguntou quantos dias faltavam pro feriado, mostrou dois colegas que estavam correndo, pediu pra mexer no cabelo dela e ainda pegou a escova que ela estava usando. Daí para mais. Até que, a essa altura do campeonato, ela não aguentou mais e disse: - Para de falar só um pouquinho!!! Você vai me enlouquecer!!! Ele ficou olhando assustado pra ela, e então respondeu: - Tá, profe, depois que você enlouquecer, pode me levar ao banheiro?

E que tal depois?

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Quando vai chegando a Páscoa, aproveitamos a adoração das crianças por chocolate e o símbolo que o coelhinho da Páscoa representa para eles para fazer alguns combinados.

As professoras trabalham com os alunos da Educação Infantil que eles já estão crescendo, não precisam mais de mamadeira e chupeta! Incentivam que entreguem esses pertences ao coelho, para que recebam em troca um delicioso ovo de chocolate! Em alguns casos, funciona... Em outros, depois que a Páscoa passa, algumas mães têm de comprar chupetas substitutas ou ainda eles nem querem trazer. Teve um aluno do Maternal II que encontrou a solução para o seu problema! Quando saiu da escola, depois da conversa com a profe, disse para a mãe: - Mãe! Precisamos ir ao mercado comprar uma chupeta para dar pro coelhinho! A minha eu não vou dar!

Presente para o Coelho

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Palavras ao vento

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A escola estava uma loucura com os preparativos para a Páscoa! Para nossa sorte, a data caiu junto com o fechamento do bimestre. Consegue imaginar como estava

a sala da coordenação? Boletins e relatórios para todo lado, ovos de Páscoa, cesta com as mamadeiras e chupetas deixadas pelos alunos, caixa com a fantasia do coelho, saquinhos de doação para famílias carentes... Uma bagunça! No meio da nossa organização-desorganizada, surge uma professora do Jardim I com um pequeno que não parava de desobedecer na sala. Deixou-o conosco para ter uma daquelas conversas sérias. Comecei, é claro, perguntando por que ele estava ali e o que achava que havia feito de errado. Depois que respondeu, soltei o verbo! Falei, expliquei, tudo e mais um pouco, sem dar tempo de ele respirar. Enquanto falava, fiquei impressionada com os olhos vidrados que ele estava me olhando, acreditando que estava realmente compreendendo (doce ilusão!). Quando terminei, finalmente perguntei: - E agora? O que você tem para me dizer? E ele, com os mesmos olhos vidrados, respondeu: - Que coelhão grande que você tem! Foi então que eu vi, a caixa com a fantasia de coelho estava bem atrás de mim!

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Gibi alto-falante

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Com o 1º ano, realizamos diferentes dinâmicas para incentivar o hábito de leitura. Fazemos história em sequência, trabalhamos personagens literários, leitura

em voz alta. Mas o momento que eles mais gostam, com certeza, é a leitura livre de gibis. No entanto, temos de tomar um pouco de cuidado, pois, às vezes, eles se prendem tanto às imagens que acabam não realizando as tentativas de leitura dos balões. Para que isso não ocorra, a professora do 1ª ano chamou os alunos em sua mesa e pediu que lessem alguns quadrinhos em voz alta para os colegas. Assim, o aluno estava lendo todo animado, até que no meio da história, apareceram notas musicais e ele parou de ler. A professora pediu que ele imitasse o som que imaginava e quando ele começou, os colegas caíram na risada e o deixaram envergonhado. - Isso, é assim mesmo. Parem de rir do colega!, disse a professora ordenando que o aluno continuasse a leitura. - Não dá, profe! - Por que não? - Porque acabou a pilha da minha boca!

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Compressa ou com pressa?

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Quem trabalha em escola sabe: o gelo é um santo remédio para machucados leves, acidentes em esportes, trombadas em brincadeiras ou raladas

repentinas. Nesses casos, aqui na escola, a primeira pergunta dos professores ou monitores é sempre a mesma: “Quer fazer uma compressa de gelinho?”. Sucesso na certa! Enquanto o gelo derrete, podemos analisar a gravidade do machucado e tomar as próximas providências. O engraçado é que, às vezes, os alunos mal sabem de onde surgiu aquele vermelhinho, mas é só colocar uma compressa de gelo e a dor já passa. Em outros momentos, é preciso segurar a onda, senão toda hora encontramos os pequenos indo e vindo buscar gelinho para um colega que se machucou. Eles adoram! Ou quer dizer, era o que achávamos... Certo dia, veio uma pequena com o joelho machucado, que ela tinha batido enquanto brincava. A monitora já tinha tentado acalmar de tudo quanto é jeito e ela não queria fazer a compressa com o gelinho. Quando veio para a sala da coordenação, explicamos, conversamos, tentando fazê-la entender que ia ser melhor e iria ajudar a passar a dor. Até que ela se rendeu: - Tá bom, pode fazer. Mas não faz com pressa, não, faz bem devagarzinho!

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Pôr do sol

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A professora de Inglês estava passando quando encontrou alguns alunos parados na escada. Deu “oi” a eles e foi dar sua aula. Passados alguns instantes, ela olhou pela porta e

os três continuavam parados na escada, no mesmo lugar. Chegou mais perto para ver o que estavam fazendo e já ia perguntar, quando ouviu um cochichando com o outro: - Olha, o sol já está se fondo!

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Namorada do esquilo

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Sabe como é criança, né? Sempre inventa um jeitinho de aprimorar as coisas da maneira que lhe convém. Foi o que aconteceu com a turma do Jardim II.

No final da manhã, a turma estava assistindo um desenho quando apareceu um bichinho diferente. Um dos alunos perguntou o que era, e a professora respondeu que era um esquilo. Mas uma das meninas disse que “não era não!”. Então, a professora resolveu explicar as características do esquilo, o habitat em que vive, como identificar o animal e por aí vai... Mas, a aluna continuou dizendo que não era um esquilo! Até que a professora resolveu perguntar: - Então, me diga! Por que não é um esquilo? - É uma menina, profe! É uma esquilosa.

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O melhor picolé

de todos!

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No verão, nada melhor do que um picolé bem gelado, principalmente nos dias de calor insuportável em Curitiba! Parece que nem toda a água e os ventiladores da escola

são suficientes para refrescar de verdade. As crianças precisam ficar sentadas prestando atenção na aula, lutando contra a moleza e o suor. Que peninha! Para melhorar a situação, resolvemos que uma tarde com picolés seria uma boa pedida! Encomendamos, preparamos os espaços e chamamos as turmas, para que cada aluno e professor pudesse saborear um delicioso picolé de maracujá. Huuum... Quando chegaram os pequenos da Educação Infantil, foi a maior alegria! Os picolés derreteram, eles se lambuzaram e se deliciaram, enquanto aproveitavam devagarzinho. Entre lambanças e sorrisos, escutamos lá do outro lado, uma pequena chamando: - Qué mais! Qué mais! - Mais? Mais o quê? - Qué mais picolé! Demos risada do jeitinho dela pedindo, uma graça! Até que alguém perguntou: - Outro picolé? Do quê? Ela pensou, pensou, e, por fim, respondeu: - Picolé de sorvete!

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Aula de ginástica

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As aulas de ginástica são uma das preferidas dos alunos! Principalmente os pequenos, que aprendem vários movimentos, que eles chamam de acrobacias! Tiram os tênis,

pulam nos colchonetes e se divertem enquanto o professor explica como deve ser cada uma das posições durante a execução. A professora do Maternal II buscou sua turma no ginásio após a aula de ginástica e veio conversando com eles, perguntando quem havia se comportado, o que haviam realizado e se tinham gostado da aula. E você conhece as respostas em coro de Maternal, né? - Quem se comportou na aula hoje? - Eeeeeuuu! - Gostaram da aula de ginástica? - Siiiiim! - E o que vocês fizeram? Cada um respondeu uma coisa e não dava bem para entender o que era. Então, a professora escolheu um dos alunos e perguntou: - Me conta, amor, o que vocês fizeram na aula hoje? - A gente fez combolhota!

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Dia de judô

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Nos dias de aula de judô e dança, a movimentação que as crianças fazem na escola é impressionante! Principalmente os alunos de Educação Infantil, que ainda não conseguem

trocar de roupa sozinhos. Vira uma sessão de: “De quem é essa calça?”, “Fulano, cadê sua faixa?”, “Guardem o casaco na mochila!”. E por aí vai... Na aula de judô, depois de trocar todos os alunos, a professora do Jardim II estava prestes a levá-los para a aula, quando chega um atrasado. - Profe! Profe, me espera! Eu não sei onde está meu kimono de “ajudô!” Lá vai ela pegar a mochila, trocar mais um e levar a turma apressada para a aula! Ao chegar lá, um aluno não havia trazido seu uniforme de judô e o professor perguntou: - Por que não trouxe seu kimono? - É que eu tenho medo de “guinomo.”

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Agulha de Lego

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Que criatividade de criança não tem limite, a gente já sabe! Mas tem horas que eles abusam da nossa capacidade de acreditar nas coisas que eles inventam.

Foi o que aconteceu quando a monitora deu Lego para o Jardim I brincar no horário livre. Eles adoram esse momento, principalmente para criar objetos e situações de faz de conta! Porém, existem alguns combinados que devem ser seguidos, como dividir as pecinhas com os colegas e não fazer objetos inadequados, por exemplo. Claro que um dos alunos acabou fazendo uma arma com seu Lego e, ao ser chamada sua atenção pela monitora, disse: - Não é uma arma, profê! É uma agulha! - Ah, é mesmo?! E o barulho? - Ué? É que ela caiu no chão!

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Condenado

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O processo de visitar a coordenação da escola passa por diferentes fases. Quando pequenos, os alunos gostam de vir medir a febre, ganhar colo, fazer um curativo.

Já quando crescem, as coisas mudam um pouco. Talvez por associarem que quando aprontam vão conversar na coordenação, toda vez que os chamamos, mesmo quando por um bom motivo, os alunos ficam um pouco receosos. Tudo bem, isso faz parte da adaptação. Porém, em um dia de correria, apareceu um pequeno em nossa porta meio sem saber o que estava procurando, já que era aluno novo. Quando nos percebeu olhando para ele, perguntou, meio sem graça: - Aqui que é a condenação?

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Bebê melancia

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Desde muito pequenos, procuramos trabalhar com as crianças a importância da alimentação saudável e o hábito de comer frutas.

As professoras praticam a degustação, mostrando quais frutas podemos comer com casca, com semente. E conhece professora, né? Viajam e contam histórias para estimular os pequenos: “Sabia que, se comer frutas, você fica forte e saudável?”, ou ainda, “Veja a Magali, como come melancia! Por isso é tão inteligente!”. Imagine, então, a minha surpresa ao ver uma pequena chorando porque havia comido melancia! Tentei por várias vezes explicar que isso era uma coisa boa, que não havia motivo de choro! Não adiantava! O sentimento era tão forte que ela mal conseguia falar. Até que, entre lágrimas e soluços, ela choramingou: - Eu não quero um bebê melanciaaaaa! Foi, então, que eu entendi que ela havia engolido as sementes!

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Com que letra?

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Aprender a ler e escrever é sempre uma fase de descobertas! A cada novo aprendizado, as crianças ficam realizadas contando as palavras e frases que conseguem

identificar. Ainda mais quando os sons são difíceis de pronunciar. Aí sim, as vitórias são mais comemoradas! No dia em que a profe ensinou o H, as crianças saíram contando tudo que aprenderam: - Mãe, o H do meu nome Henrique! - Como foi o seu dia hoje, pai? Sabia que “hoje” começa com H? Eis que vem um pequeno correndo, ansioso e orgulhoso: - Mããããe! Manhê! Hoje aprendi uma letra nova!!! - É mesmo, filho?! Qual? - O H! Quer ver como eu sei? H de “agaveta”.

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Confusão com adjetivos

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As crianças, ao aprenderem a expressar seus sentimentos, adoram relacioná-los com as situações que os fazem senti-los daquela forma. Só que, às vezes, ocorrem algumas

confusões com as palavras que usam. Foi o que aconteceu com um aluno do Jardim II. Ao chegar à sala, como de costume, deu um abraço apertado em sua professora e, ao soltá-la, exclamou: - Profe, você tem um cheiro tão lindo! Eu amo esse cheirinho lindo que só você tem! A professora ficou tão encantada que nem quis corrigi-lo, só o abraçou novamente e sorriu, porém, ficou um pouco preocupada com as trocas. Mais tarde, esse mesmo aluno se machucou, acabou batendo a perna na mesa da sala e, quando a profe foi socorrê-lo, ele disse: - Aiiii, profe! Tá doendo muito alto!

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Os alunos do 1º ano estavam aprendendo sobre gráficos: como realizar pesquisa e como representá-la dessa maneira. A cada dia, a professora criava um novo

questionário para ser trabalhado em Matemática. O tema era: Como você vem para a escola? Listou com os alunos as possibilidades e foi perguntando, pedindo que erguessem a mão na sua resposta, sendo que só podiam escolher uma. O mesmo procedimento de todas as aulas. Porém, ao terminar o gráfico, a soma não batia... Ela recontou várias vezes e percebeu que alguma coisa estava errada! Até que a solução foi uma só: confirmar a contagem aluno por aluno para encontrar o erro. E descobriu! Um dos alunos não havia levantado a mão em nenhuma das opções. - Ah! Então foi por isso que estava dando errado! Por que não levantou a mão? - Ué, profe! Eu não venho de nada disso! - Ah, não? Nem a pé, nem de carro, nem de ônibus, nem de condução, nem de táxi, nem de bicicleta? - Não. - E vem como, então? - Eu venho de mãe!

Meu meio de transporte

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Já parou para pensar como é para uma criança entender o processo escolar? Principalmente quando eles são pequenos: “Ainda no Maternal, tenho que me separar da minha mãe e passar um tempo enorme em um

espaço muito maior que eu, com tanta gente andando pra lá e pra cá”. Quando eles entendem o que é a escola, que devem ir cinco vezes por semana para aprender coisas novas, conhecer novos amigos e todo o andamento, precisam entender também que após um tempo vão mudar de sala, de amigos e de professora, e toda a adaptação recomeça. Durante a Educação Infantil, os pequenos estão numa fase de descobertas e reconhecimento do novo, como se cada aprender fosse uma grande novidade! Mas, nunca paramos para perguntar ou pensar o que será que se passa nas cabecinhas enquanto absorvem tanta coisa ao seu redor... Temos uma aluna no Jardim II, que está conosco desde o Maternal I. Ela estava sentada, quieta (o que não é de seu perfil), olhando para o nada. Quando percebeu que a professora estava lhe observando, disse: - Profe! Sabe que eu já sei como funciona a escola? Os monitores dão bronca nas crianças, a Leni e a Rô (coordenadoras do Integral) dão bronca nos monitores. Aí as coordenadoras dão broncas na Leni e na Rô e por último, a Cris e o Ademar (diretores) dão bronca na coordenação.

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Entendendoa escola

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A convivência com os alunos, familiares e colaboradores no dia a dia da escola nos permite vivenciar muitas situações, das mais corriqueiras

até as mais inusitadas.

Com os pequenos e sua espontaneidade, revivemos também a criança que existe dentro de nós. Seja em sala de aula, no refeitório ou no horário do intervalo, são eles quem às vezes

acabam nos ensinando muitas coisas.

Ao completar 20 anos da Escola Atuação, reunimos alguns desses episódios e os apresentamos neste livro, numa linguagem leve e divertida. Quem ilustra as “pérolas” contadas aqui também são os nossos alunos, transformando

tudo numa grande brincadeira!

Para os pequenos, o ambiente escolar é uma novidade. É a fase de aprender que a professora não é tia, que existem outros idiomas além do Português, que existe horário para fazer as refeições e mais uma infinidade

de normas e regras.

É na escola que muitos deles passam a conviver com outras crianças, que precisam aprender a pedir o que querem e a se comunicar. Mas até pegarem o jeitinho, acabam fazendo algumas

confusões.

Para quem acredita que educar não é nada fácil, estas “pérolas” mostram que o dia a dia na escola também pode ser uma experiência leve e divertida. São alguns desses momentos que fazem nossa rotina valer a pena e que compartilhamos neste livro.

ADEMAR BATISTA PEREIRA tem habilitação em Ciências e Matemática, com pós-graduação em Gestão, Administração e

Psicologia do Trabalho.

ESTHER CRISTINA PEREIRA é psicopedagoga com MBA em

Gestão pela PUCPR.

São casados há mais de 30 anos, têm dois filhos e dirigem a Escola Atuação, com duas sedes

em Curitiba.

Episódios engraçados das criançasda Escola Atuação

Ademar Batista Pereira & Esther Cristina Pereira

PÉROLAS INFANTIS - EPISÓ

DIOS ENGRAÇADO

S DAS CRIANÇAS DA ESCOLA ATUAÇÃO

2014

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A convivência com os alunos, familiares e colaboradores no dia a dia da escola nos permite vivenciar muitas situações, das mais corriqueiras

até as mais inusitadas.

Com os pequenos e sua espontaneidade, revivemos também a criança que existe dentro de nós. Seja em sala de aula, no refeitório ou no horário do intervalo, são eles quem às vezes

acabam nos ensinando muitas coisas.

Ao completar 20 anos da Escola Atuação, reunimos alguns desses episódios e os apresentamos neste livro, numa linguagem leve e divertida. Quem ilustra as “pérolas” contadas aqui também são os nossos alunos, transformando

tudo numa grande brincadeira!

Para os pequenos, o ambiente escolar é uma novidade. É a fase de aprender que a professora não é tia, que existem outros idiomas além do Português, que existe horário para fazer as refeições e mais uma infinidade

de normas e regras.

É na escola que muitos deles passam a conviver com outras crianças, que precisam aprender a pedir o que querem e a se comunicar. Mas até pegarem o jeitinho, acabam fazendo algumas

confusões.

Para quem acredita que educar não é nada fácil, estas “pérolas” mostram que o dia a dia na escola também pode ser uma experiência leve e divertida. São alguns desses momentos que fazem nossa rotina valer a pena e que compartilhamos neste livro.

ADEMAR BATISTA PEREIRA tem habilitação em Ciências e Matemática, com pós-graduação em Gestão, Administração e

Psicologia do Trabalho.

ESTHER CRISTINA PEREIRA é psicopedagoga com MBA em

Gestão pela PUCPR.

São casados há mais de 30 anos, têm dois filhos e dirigem a Escola Atuação, com duas sedes

em Curitiba.

Episódios engraçados das criançasda Escola Atuação

Ademar Batista Pereira & Esther Cristina Pereira

PÉROLAS INFANTIS - EPISÓ

DIOS ENGRAÇADO

S DAS CRIANÇAS DA ESCOLA ATUAÇÃO

2014