Upload
carolina-bassi-de-moura
View
373
Download
2
Embed Size (px)
Citation preview
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 1/15
,
A HISTORIA DA ARTE DO,
SECULO XX
ldelas e movimentos
Autor: Lucio Agra
Edigao: 2a EdigaoAno:2006
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 2/15
I
viventes dos heroicos tempos, Albers eVan der Rohe dao aulas,
produzem e Influenciarn. Em Nova York, a epitome do International
Stylee erigida: a edificio Seagram, modelo ~emuitos predios serne-
lhantes a o redor do rnundo, da Europa a India . A farnosa "cidade
radiosa ' imaginada par LeCorbusier parece mats proxima da realiza-
t; ;aoem projetos como Brasf lia, Os ace rvos sao montados e0 rnerca-
do parece explodir em dernandas continuas. Os Estados Unidos con-
ve rtern -se no venice dessa reva lorizacao e ocorr e uma inversao nos
interesses clos artistas, antes enderecados 1 1 Europa.
As regras do mercado de arte passam a ditar a evolucao dos
movirnentos desde as anos 40. Pollock e filrnado e fotografado
para a capa da revista Life. Os quadros de Albers ganham extre-
ma valorizacao, a ss im como as obra s de Ca lde r, Moore , Kandinsky
e Mondrian. Pic asso converte-se em urn superstar, pos icao que
Andy Wharol, ja na arte pop, sabe explorar muito bern.
Uma outra caracteristica e que os movimentos prograrnaticos
sao raros. Muito ernbora viessem a surglr manifestos, mesmo nas
decadas fina is do secu lo XX, e le s nao fora rn tao cons tantes quanta
nos anos 20. 0 papel dos criticos, nesse sentido, e relevante, pols
serao eles a ditar as tcndencias. em urn fluxo sernelhante ao cia
moda. P op , O p , Minima lismo e tc . sao multo ma is confluenc ia s en-
tre procedimentos sernelhantes que urn inte nto de prcduzir urna
a rte a finada com certos pontes de vista. Somente grupos Isoiados ,
como 0 Pluxus, se prop oern a urn trabalho coletivo, se bem que,
nesse c aso, em funcao ciaacao perforrnatica. No proximo capitulo
verernos que esses artlstas, mais nornes como Beuys e Nam June
Paik, e as brasileircs Lygia Clark e Hello Oitic ica darao 0 tom da
arte d a s u lt ir na s d e ca d as e prepararao 0 caminho para ur n desert-
volvimento em direcao as tecnologias que marcam a virada do
scc u.o e urna nova concepcso (10 hornern e seu corpo na arte
conternporsnea.
15 6
CAPITULO 8
Moderno, pos-rnoderno, conternporaneof
Introducdo
o lei.tor deve ter notado a ornissao de certos names que
d.everiam. ser menc ionac1os no capi tu lo anterior: names como as
de Franc is Bacon ou Yves Klein, por exemplo. Na perspect iva de
urna concepcao dlac ron ica categorica , e le s deve riarn figura r en-
tr e os irnportan te s c rladore s da a rte do pes-guerra (OLI seja, <LllOS
40, 50 e 60). Porern, nao s6 alguns artistas que despontam nessa
epoca continuam seu tra balho tornando novcs rumos, como tam-
bern as nornes citados representarn uma sensibi.Idade que eu
di ria e star rna is a finada com 0 "conternporaneo" elm nome que
eu prefiro).
Nesse ponte e necessa rio abri r um parentese para cornentar
este que e um dos debates mais frequentes das ultimas decadas do
seculo XX, conhecido genericarnente como "pos-moderno" . .Nao sepode d izer que tenha havido urn momenta exc lusive , datadc, a par-
t ir do qua l se proc lama essa tendenc ia . Ta rnpouco, ta lvez , seja pos-
sivel dizer que se trata propriamente de uma tcndencia - no senti-
do dos movimentos mode rn istas -, pa is a 16gicaque esta embut ida
157
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 3/15
neste debate e a da absolu ta ausencia de tendenc ias ou rnovi rnen-
tos. E c la ro que a pr6pr ia preocupacao de nao deslgnar uma pos tura
j a e , por 5i56, uma pos tura
Alguns prefer iram falar de um fen6meno "pos-rnode rno"
que, n a f al ta de ur n nome rnelhor, designaria ur n certo conjunto
de traces que passarn a dorninar a cena artistica Seriam eles,basicamenre, a busca - ou a f al ta - de urn est ilo; a consequen-
te mesc1a de rmiltiplas r eferencias tr azid as de antes e duran te a
modernidade (ecletisrno): a tendencia em direcao a uma ex-
pressao individual e a progressiva perda cia nocao do coletivo e
do progr amatico'. Todos esses aspecto s, porem , podem ser vis-
lOS na pr6pria modernidacle. lembremos que artistas como
Schwitters e Schlemmer, na Alemanha, EI Lissltzki na Russia, e
depois Calder, Moore, ou ainda os c it ados Bacon e Klein tracarn
caminhos mu lto peculiares que d if icilmente poderiarn ser r eclu-
zldos a u rn p rog rama. Talvez 0 maior exemplo disso se]a a de
Pablo Picasso.
Aquestao do est ilo, por out re l ado, e urn pouco rnais espinho-
sa: dependendo do angulo - e a modernidade tern sido, scrnpre, amul tip li cidade de f ingulos - pode tomar rurnos inesperados. Embo-
ra se chamasse De Stijl, 0 Neoplasticismo queria romper com todo 0
particular na ar te em prol de uma arquitetura/p intur ald esign que
tivesse 0 mesmo padrao standard da industria (0 mesmo podendo
ser dito sobre a Bauhaus) '. Naturalmente que a vanguards c ia arqul-
tetu ra e do design combatia 0 ornamento pelo seu apelo justamente
ao eclet ico, do qua l urn dos mais consurnados exernplos scr ia 0 tipo
de edi fi cacao que se conhecia no Brasi l antes do Moderni sruo , jus ta -
mente "neoclassico ecletico" . Como se sabe, a mistur a de varias
tendencias pocle nao passar de um reflexo, cle urna ausencia de
, Esre diagnosuco e feilo. principal mente. pelo sociologo arnerlcano Fredric
Jameson que, nos "nos 70 e 80 logrou por em circulacuo 3 substlincia
t eo ri ca do problema. Mas, n a v er dad e, Jameson0
Iuz [ la ," crjtirar muitosdos aspectos que identillca na un e de seu tempo. Parudoxalrnente, fai tul-
vez 0 uutor mais invocado pelos c1efensores desta mesrnu "nova" esteticu,
1 F. curiosa que t enha sido publlcado, [ us tarn en te n a epoca do auge dodebat e sobre p6s-l11odernisma. nOS anos 80, lim livre de um ex-uluno,
Howard Dearsryne, no qU:11 ele question" a lese de que haver-a um "es-
t ilo Bauhaus" (IJlside The Bauhaus NY, R izzoli , 1986) .
158
':
reper t6rio que permi ti ss e uma selet iv idade no gosto. Mas se a lgu-
mas pessoas - e nao eram poucas - tlnham gr ande.'; dificu ldades
com a s ex igencias da arte moderna, esse. p roced imento de gosto
reacionario sat isfazia perfeitamente suas dernandas. Nesse sentido,
alguns absurdos for am perpetrados - e depo is esquecidos, como
todas as modas - tais como a rep lica, quase fo togr afica, do estilo
de a lguns pin tores c lassi cos au arqui te tos de seguncla linha Umdos caminhos que rnarcar n essa tendencia vem do livre de Robert
Venturi Aprendendo com Las Vegas3, no qua l 0 arquiteto pretende
desenvo lver a tese de que a arqu ltetu ra mais criativa produzida
entao ter ia como paramet ro a exces so kitsch cia cidade americana
celebre po r seus cassino s, sua jogatin a e seu mau gosto atro z. Fi-
nalrnente, se 0 problema e visto pelo ungulo da mult lp llc ldade de
recursos, certamente sera grande a I is ta de artistas que militaram
em varias linguagens simultaneamente (case novamente de
Schw!tt ers e Schlemmer , que forarn pin tores, e scul tores, a rqui te -
tos, artistas graficos, coreografos etc.), 0que, novamente, demons-
t ra nao se r esse urn t raco novo na art e conte rnporanea.
Quem rnais acertou na raiz do problema talvez tenha sido
o brasi le iro Haroldo de Campos , no seu texto "Poesia e modernida -de: cia morte ciaarte a constelacao, 0 poema pos-utopico". Contra-
pondo-se ao conceito de pos-rnoderno de Jameson, Haroldo susren-
ta que 0 terrno adequado seria "pos-utopico", poisse ha urn aspecto
c lasvanguardas que hoje nao mais vigora, est e se rl a a expec ta tiva
de urn futuro redentor, contido na nocao de utopia'. Seguindo a
perspectiva ja esbocada pelo ruexicano Octavio Paz em Os fi-
lbos do barrtr, 0 poeta e en safsta brasileiro aproxirn a-se cia vi-
sao compartilhada par Andreas Huyssen, segundo a quai nao se
poderia falar p rop riamen te de urn "pos-rnoderno", mas antes de
um desenvo lvimen to da propria modernidade, urna ex ten sao ,
por assirn dizer".
, Disponlvel em portugues [lela Cosac & Nalfy,
• In: CAMPOS, Haroldo de. 0 arco-iris branco. Rio de Janeiro: Imago. 1997.
S Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Is.d.l.
o HUYSSF.N, Andreas. After the great divide. Mussucnus se tt s: Cambr idge Uni -
versity Press.
159
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 4/15
Conv ir ia no tar ainda que os br asileiro s fo ram pioneiro s no
debate que jii se desenhava, nos anos 60, embora com sentido
dlverso, nas idetas do crftico Mario Pedrosa.'
Os anos 80 assi st ir iam ao auge c ia discussao , a rios rna rcados
por uma rendenc ia cornpor ta rnenta l que se contrapunha a postura
contracultural dos 60-70, em pro! do indiv idualismo e do cu lto aosucesso. t a er a yuppie, politicamente marcada pelas figu ras de
lfderes rnundiais como Ronald Reagan e Margaret Thatcher. Ao
mesrno tempo, essa epoca viu nascer urn fen6meno curioso:
esgotado por sua tradicional tendencia endogena, 0meio acaderni-
co americano voltou-se, um tanto atrasado, para a crftica francesa do
pos-estruturalisrno (principalmente Foucault), 0 que gerou preocu-
p a co e s com conceitos como 0 de genera (feminismo,
hornossexualismo), temas supostarnente ausentes ciaarte ate entao.
Se 0 debate roma esse c on to rn o e m f un ca o d as peculiarida-
des americanas, n a Europa a co isa muda de figu ra. jur gen Haber-
mas, filosofo Jigado a ja t radicional escola de Frankfurt , cri tica 0
" ir raciona li srno" pos-moderno, a seu ver urna per igosa retomada
de nocoes nostalgicas que sustentararn a autoritarismo em seu pais".
Como voce pode ver, de repente 0 debate estetico pass a a
ceder seu lugar a uma discussao conteudist ica, por vezes sociol6gi-
ca. No final dos anos 80, a debate corneca a esfriar: a proposta
"pos- rnodcrni st a" na a rqui te tura sai de mcda, os mesmos arqui tc -
tos que a c le fendem vol ta rn-se para novas poss ib il idades. Eo caso
de Philipp Johnson - que ja tinha sido, nos anos 60 e 70 um
divulgador do International Style- e que proclama 0 fim da ar-
quitetura moderns com data r narcada: a implo sao do conjun to
arquitetonlco de Prutt-Igoe, no inicio dos anos 70, urn grupo de
predios-modelo onde nlnguern queria morar e que virara urn imenso
"elefante branco". Com 0 l un do pos -rnoderno, johnson vol tou-se
para a nova gerac;:ao, chamada de "Desconstrutivtstas" (Prank Gehry,
1 PEDROSA, Mario. Arte Ambiental, Arte Pos-Moderna, Helio Oiticica. In:
Acadiimicos e modernos - textos escotbidos. v. 3. Sao Paulo: Edusp, 1998.
o texto roi, orlginalrnenre, publicado no iorn:1i Corrcic daManb«, elll 1966.
" Problema adrruruvelmente discurido por SANTAELLA, Lucia P6s-mocler-
nismo: alguns pingos nos iis . In: Cul tura das mid ias, Sao Paulo: Raz·.oSocial c Experirncruo (cds. poster-ores),
160
.,Daniel Libeskind - au to r do p rojeto do Museu judaico em Berlim
- Rem Koolhas, Bernard Tschumi) , Novos mater ials e tecnicas de
construcao permi ti ra rn que , pela pri rnei ra vez , s e quest ionasse 0
. maierdogma da arquirerura, a casa como "abrigo". Os predios des-
ses arquitctos sao rnais do que casas DU museus sao reflexoes
sobre 0 proprio ate de habitat, sobre a instabilidade e 0 acaso.
Nascida no momenta de grandes quest ionamentos produzidos naFisica com a Teoria do Caos e os avancos da Biologia, Biotecnologia
e Fisica Quantica, 0 Desconstrut ivisrno tambern trazia para a arqui-
t etura as especulacoes de urn grande fil6sofo frances do pos-Estru-
turallsrno, Jacques Derrida.
Essa tendencia ji se desenhara em urn proje to , unico em seu
tempo Canas 70 ) que foi a construcao do Cen tre Georges Pornpi-
dou, 0 Beaubourg, em Paris . Rogers e Piano conceberarn u rn r nu -
seu-maqulna que, COmO o bse rva D ecio P ig na tari, in verte e ao rnes-
mo tempo co rnplernenta a concepcao da "maqu ina de morar" de Le
Corbusier : "Aqui nao faz mais sent ido a velha oposicao ent re ' arqui-
terura organica' e 'arquitetura funcional?", Misturando interior e ex-
terior de forma diversa cia que normalmente era feita no
international Style,0Beaubourg e urn meta-ed tflclo que ex ibe a
estrutura que norrnalmenre e ocultada, Esse concerto se espraia-
ate hoje - em muitas construcoes da ultima decada do seculo.
F igur a 22 - Rer izo P iano e Ri ch ar d Roge rs . C en tr o Cu lt ur al G eo rg es Pornpi dou,
o Beaubou.rg, 1977 - imagem de abertura do site do rmrseu <hIIP:! !
www.centrepompidou.fr/Pompidou/ Accueil. nsf/IUnnet/Open Form>
" I'IGNATAR1, Declo. Semio ti ca da arte e da arqui te tura . Op cit. p. 131.
161
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 5/15
Certamente os aspectos que eontaram como determinantes
defini tivos do dec linio da ide la de p6s-mode rno foram poli tlcos e ,
tecnol6gicos. Do prirneiro aspecto vem a quecla do Muro de Berlim,
em 1989, precipitando a de rrocada dos imperios do "soc la li smo
real" (Alernanha Orienta l, Paises do Leste e a propria Russia"). Do
aspecto tecnol6gico ressalta 0 s ur gim en to c ia informatica pessoal edornestlca, 0 PC (Personal Computer) , 0 desenvolvimento da
Interne t, a partir de 1994 (World Wide Web), e aquilo que clai
de corre e que hoje co nhe cerncs com 0 nome infeliz de
"globaliza~a.o" .
A rnudanca politica foi importante por determiner 0 declinio
cia ultima da s grandes utopias, ainda nascida no seculo XIX: a
socialismo. Segue-se a consequente descoberta de urn irnenso
tesouro a rt ls tico mant ido nos poroes das di tadura s por decadas, A
vangua rds russa , a vanguards tcheca , po lonesa , hungara , servia;
rornena , e slcvena e tc . pa ssa ra rn a intere ssar ao Oc idente. ]a a
tecnologia absorveu e incorporou nurne rosos proced irnentos da
vangua rds h ist6rica , a cornecar pela tecnlca da colagem (0 "cut
and paste ",0 cortar e colar) que hoje faz parte de qualquer siste-ma ope racional de computador. Ma is a inda , novas gene ros hfbri -
des como 0 "videoclipe" passararn a "antropofagizar" todo 0 re-
pert6r io da Mode rnidade , desde 0 c inema pione iro de Georges
Melles ate 0 Surrealismo, a Dada, 0 Futurismo, a arte concreta,
enfim, nao hfi. lirnltes r iessa linguagem. Alern disso, a facilidade
cia reprodw;ao/transmissao de dados em escala planetaria e os
recursos criativos dos prograrnas engendrararn todas as condicces
para a mul tipltcacao dos in te re sse s em torno dos va rios fenorne -
nos da arte moderna, Este manual, em sl mesrno, poderla
exemplificar Isso. ,
Dentro desse quadro, 0 terrno "contemporaneo" voltou a tel"
irnportancia, ja que passa rnos a vlve r 0 que Haro ldo de Campos
chamou de "poe tics c iaagor idade '' , na qual todos a s psssados con-vivem em uma especie de presente continuo, no e spaco
hipermidiatico da rede,
' " Ver cap. 4, now 10.
162
" · , _ 1'. ,
oBrasil no "underground"
Enquanto a dlscussao sabre 0 pos-moderntsmo ia esquen-
lando na Europa enos Estados Unidcs, aqui se vivla 0 lango
interregno da Di t atu ra Militar. Mas, se imaginarmos que isso fo i 0
fim da p ro du ca o a rt is ti ca , e st ar ta rn os cometendo 0 r ne sm o e rr o
- corrigido pelos romanticos - de considcrar a Idade Media
como a Idade das Trevas, Na verdade, muito ernbora a cerisura e
a repressao tenham recrudescido - sobretudo a partir cia edicao
do Ato In st itu ci on al n . 5 (AI~5) em 1968 - aarte sobreviveu
clandesrinarnente transmudando ate rnesmo essa circunstancra em
U 1 11 trace peculiar
Conforme vimos no capitulo anter ior, com 0 advento do Go.l-
pe Militar, em 1964, as coisas tornararn-se rnais dificeis para os
grupos de vangua rds . A c isao estendia- se pelo proprio tec ido cul -
tural transforrnado, baslcarnente em duas faccoes: a militante , liga-
c ia ao Cent ro Popular de Cultu ra da UNE, scgula uma orientacao
que a flnava -se com a polft lc a zdanovista (de Zdanov , princ ipal
ideologo cultural do sta linismo). Isto se traduzia em urna tenta tive
de simpllf icacao cia linguagem artistica com a propcsito de atingir
um publico semi-a lfabe tizado e mesmo ana lfabe to. A imi tacao es-
tereotipada da cultura popular par vczes tornava-se constrangcdo-
r a, como foi a caso da serie "Violao de Rua", fo lhe tos em formato
de cordel com versos simplorios que incitavarn a conscientizacao
popular . Plntores "prtmiuvlstas" eram vaior izados e a mustca retro-
cedia a tonalidade, no maximo adrnitlndo uma bossa nova despida
de influencias jazzlsticas e proxima ao samba-cancao. Sobressala a
f igura de Geraldo Vandre, cantor de protesto, cuja obra, paradoxa]-
mente , a lcancou repercussao pelos meios de rnassa, na perspecti-
va do luc re das emissora s de televisao e gravadoras que explora-
vam 0 filao dos Iestivais da cancao, em meio ao crescimento do
mercado fonogrdfico".
Sensiveis a essa situacao, a lguns artlstas [ovens, COIllO Caeta-no Veloso, Gilberte Gil, a banda Os Mutantes, Torquato Neto, Tom
!! Ver, :l esse respeito 0 ex cel en te l iv ro d e MELLO. ZUZl Hcmem de. A erados [estiunis. 500 Paulo: Ed. 34, 2003.
163
--}
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 6/15
Ze e outros, perceblarn que a rnuslca passava a ser urn dos motos
da cr iacao art ist lca daque le rnornento . 0 exemplo internac iona l
contribuia, com os Beatles - a essa altura a mais popular banda
pop do mundo - aproximando-se cada vez rna is do
exper imentali smo e da cultura ori enta l. Ao mesmo tempo, novos
nomes como ]immi Hendrix e J anis ;oplin surgiarn no cenario in-
ternacional, tarnbern eles impulsionadas par festivals. 0 Surrealismo
beat inflltrava-se novamente, criando 0 conceito de contracultura,
visceralrnente anti-stablishment, Politi.camente, 0 rnundo via 05
avances da ciencia, por meio da corrida espacial, confrontarern-se
com urn estado de guerra per rnanente s irnboli zado pelo in te rrni -
navel confl ito no Vietna, reflexo da Guerra F ri a: E , no rnundo lat i-
no-americano, 0 cheque produzido por urna revolucao que ci a cer-
to, em Cuba, renova as esperancas no sentido da criacao de u rna
nova correlacao de forcas internacional.
Nesse confuse ceriar io, misto de utopia e desesperanca, o s
hippiesreeditavam 0 culto ao mundo oriental, a s drogas aiuclno-
genas , ao exper imental ismo exi st encial, retomando velhas pra ti-
cas caracterist icas da rnodernidade, so que agora em dirnensao pla-
netar la , com milha res de pessoas, em shows ao ar l ivre.
Desse ambiente cultural surge 0 que f icou conhecido como
Tropicalismo, nome derivaclo de uma instalacao do artista plastico
Hello Oiticica charnada Tropicalia, exposta no Museu de Arte Mo-
derna do Rio deJaneiro, em 1967. A essa a ltura 0 grupo neoconcreto
se esfacelara, ja que sua maior llderanca, 0 poeta Ferreira Gullar,
fizera a opcao pelo engajarnento artfstico no CPC. Esse faro propi-
ciou urn rearran]o dos grupos artisticos que faria com que Helie
Oit ic ica e Lygia Cla rk passas se rn a sirnbolizar a arte que se esten-
dell ate rneados dos anos 70.
o Tropicalismo" jii nasce sob 0 signo do cruzarnenro de in-
f lu en ci as e d a ruptura com as estritas categorias erudite/popular,
II Par a a histor ia e an;ilise do Trop icul lsrno, ver FAVARETTO, Cels o,
Tropicatisnic, alegori«, alegrta. Sao Pau lo ; A te ll e Editorial e CALADO, Carlos ,
Tropicalismo, Sao Paulo: E d. 3 4. V al e t ar nb er n c on su lt ur VEtOSO, Caetano.
veraade Iropicat, Sao Pll ll lo; Cia. das Letras.
16 4
sofisticado/ kitsch. Assodados a compos i tores anter iormente l iga-
dos armisica de vanguarda, como Rogerio Duprat, Damiano Cozzella
e JUlio Medaglia, os tropicalistas tinham ainda urn teorico principal,
poe ta I igado aos exper imentos da poesia concreta , 0 piauiense
Torquato Neto. Por sua proveniencra nordest ina, esses art ls tas ram-
bern comecavarn 0 l en to processo de reversao da central idade do
eixo Rio-Sao Paulo que a inda se desenvolver ia durante as decadas
posteriores.
Tornando a ti rudes desa fi adoras como a mtstura de generos e
associacao de instru mentes eletricos e acust icos , 0S tropicalistas
reeditararn a tradicional relacao confl ltuosa com 0 publico que C3-
racterizou a vanguarda. Mas, ao contrario desta, nao atingiam ape-
nas uma audiencia rest ri ta , poi s s eva li am de e lementos presentes
na cultura de rnas sas e na cul rura popular .
Em lima epoca de discussoes em tome da Teoria c ia Inforrna-
~ao e da Cornunicacao e da Cibernetica, a analise dos meios de
comurucacao dernonst rava que l ima grande sofi st icacao podia
se r encontrada na forma rna i s rel es de ent re tenimento popular . AFigura de apresentadores de tel evis ao egresses do radio e do ci rco
como Chacrlnha, tornava-se a maxima representacao de idea ls de
vanguards. "Ell vim para confundir e nao para expli ca r" , Torquato
Neto valia-se da tecnica apreendida no Dada, incluindo em suas
letras-montagern fragmentos da fal a do corid lano rnisturando 0
"gros se e 0 fino" (Decio Pignatari)":
At ingidos em che io pela reacao conservadora, a direi ta e 11
esquerda , os t ropical ist as experlmenta ra rn um suces so de escan-
dalo que , no entanto , ja se rnosrrava consistente nas artes plast i-
cas com os c it ados Helio Oi tic ica e Lygia Clark, al ern de Rubens
Gerschmann, jovem art is ta que incorporava 0 mundo dos baixos
repertories , do noticiario sensacionalis ta e cia mercacloria em seu
trabalho,
'; Declo Pignatarl, alias, foi urn codificador fundumerua: do periodo com 0
conceuo de "produssu rno" , I 'IGNATARI, Dec lo . Coruracon.unicacac S;1O
I'"ulo; Perspecttvu, 1972. (Colecao Debates).
] 6 5
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 7/15
o primeiro a rt is ta de uma esfera nao-popular a sa ir em defe-
sa do s Tropicalistas foi Augusto de Campos, percebendo quea
i de ia de "re tornar a l inha evolutiva da mus ica popular" deixada hi
a lguns anos na bossa -nova, faz ia sentido , pai s aport ava novos s ig-
nos que conectavam a vanguards com 0 consumo de rnassas . Du-
ran te os anos 60, Augusto p rocu rou tr azer para seu trabalho umaperspectiva cada vez rnais plast ica, 0 que fica marcante principal-
mente a par ti r da colaboracao com 0 tarnbern concretista Waldemar
Corde iro na cri acao dos "popcre tos" , poernas -car taz e objetos mar-
cades por urn lade pelo nexo com a arte pop e por outro pelo
recurso a uma profunda consc ienc ia pol it ica. Ja no inicio dos anos
60 , a poesia concreta passar a a se proclamar "partlcipan te", mas,
como virnos, sem perder a noca« da articulacao entre forma e
conteudo revolucionarios.
Os "popcretos", por ern, afastavam- se da assep ssia da arte
con creta anterior, incorporando 0 recor te , a colagern, os objetos
maqufnicos. 0 prosseguimento dessas pesquisas levaria Waldemar
Cordei ro ao desenvolvirnento, j ii nos anos 70, da arte por compu-
tador , ou "ar teonica" como pas sou a des igna-l a 14. Pioneiro nesseesforco , Cordei ro demonst rou que estava a f rente de seu tempo,
pre figurando a multirnidia, as experiencias com videotexto (leva-
das a cabo nos anos 70 pelo pr6prio Augusto de Campos, mais
Julio Plaza, Paulo Leminski e outros) e Holografia (Moises Baumstein,
alern dos ja citados Augusto e Plaza !4·A). 0 sur to trop icalista foi
rap ido e durou ate 0 esfacelamento do grupo em consequencia c ia
pesada repressao que se aba teu no pais apes 1968. Asa lt erna tlvas
transformam-se , a . pa rt ir desse per fodo, com a esquerda par tindo
para a a<;:aoclandestina de guerrilha e a contracultura optando pelo
ass irn ehamado "desbunde", numa apreensao tardia do fenorneno
hippie internacional. Tratava- se de um paradoxo , na medida em
que 0 exper imentalismo avancava 1 ft fora e aqu i a r epressao e 0
autoritarlsmo vigoravarn.
" Urn recerue e multo bom apanhado da obra de Cordeiro encontra-se no
cauilogo v/atdemar Cordeiro e 'Ifotografia, exposlcao com c ura do ri a d e
Helo uise Costa, apresentada no Centro Cultural Maria Antonla, 2002. 0
volume saiu em co-edlcao cia US" com" Editora Cosac & Nai fy .
, •. • Lamenravelrnente fulec ldc em 2003.
166
'-.~~)
" : ~ t ·~~.'"'-.:~x,~:i~:-
. , f ~ "'~.'~..~'.~
'/
Em urn mov imento semelhante ao que ocor re na Europa dos
anos 30, os grupos de vanguarda se reart icularn e algumas divergen-
clas sao postas de lade em pro I de urna atitude unitaria de resistencia.
Com 0Tropicalismo consolidado - nao obstante seus principais !ide-
res , as compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil estarem exilados,
juntamente com out ros membros como Jorge Mautner - t ern iniciouma fase conhecida como underground.
A contracul tura do underground - ou ud igrudi, como fi-
COli conhe cida, a partir da ironia de Glauber Rocha - cruza,
como 0 Tropical ismo, var las fontes. Ainda em 1968, no c inema,
urn novo cisma estava oco rrendo com 0 lancarnen to do filme 0
bandido da luz uermelba, de Rogerio Sganzerla, pioneiro na
Incorporacao de reeursos de nar ra tividade absolu tamente anar-
qu icos, d iv ersos da alegoria encon trada car acter tsticamen te no
Cinema Novo. Ji i Terra em transe de Glauber Rocha des locava a
perspectiva do campo para a cidade e da mera dcruincia social
para uma reflexao poetico -filosof ica do s rumos da po !ftica lati-
no-americana .
Reunindo referencias mul tipl as como Orson Welles (Ct'da-
dao Kane, A marca da maldade) e Godard (Acossado, Pierrot le
fou) ao mundo da Boca do Lixo de Sao Paulo, da imprensa mar-
rom, do c inema popular , da chanchada , Sganzer la const ru ir ia 0
proto tipo do f ilme conside raclo por jai ro Ferrei ra como "cinema
de invencao?".
Associado a Julio Bressane (Matou a Familia e foi ao cine-
ma, 0 Anjo nasceu), Sganzer la v ida a fundar , no inicio dos anos
70, a produtora Bel-Air, na qua l far ia a lguns f ilmes ext rema mente
cnigmaticos como Sem essa aranba e 0 abismu (ou somas todos
de Mu), nos quais se cr uzam figuras freqUentes da telev isao po -
pular , des prograrnas de audit6r io (como Ze Boni tinho) , rni srura-
dos a referencias eruditas, pop Qimmi Hendrix) e a figuras dosubmundo como jose Moj ica Mar ins, a Ze do Caixao. Este ult imo,
II FERREIRA, jatro. Cinema de inuencac, Sao Paulo: Max Lirnonud. Acabu de
s ai r u rn a nova versao desse precioso Iivro.
167
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 8/15
cul tuado como genlo do c inema bruta li sta e lns tint ivo, pas sa a se r
tarnbem reverenciado pel a g ru po do underground. ~".
No Rio de Janeiro e em Sao Paulo , muit ip licavam-se as iniciatl-
vas que Dec io Pignatar i d iscut iu em seu texto "Teor ia da Guerr ilha
Artistica?". Em Sao Paulo , Jose Agrip ino de Pau la escrev ia ur na
literatura "pop" com se u romance Panamerica, a g ru po noigan-dres associava-se aos a rt ist as do Tropica li smo e seus desdobra -
mcntos, os cineastas "marginais" filmavarn sern parar.
Tarnbern no Rio , [van Cardoso, [overn c ineast a, a ssociado a
Torquato Neto , filmava em Super 8, naquela epoca urna bitola
barata e accssivel, com resultados pre carlos, mas, ao rnesrno
t empo, int ensamente inventivos. Wally Salornao, poe ta baiano,
ligado aos tropicalistas, p ub lic aria u rn re la te de urna prisao por
porte de drogas em Me segura qu 'eu. VOLI dar um troco (lose
Alvaro Ed, 1972'7) e , assimilando a influencia do Ezra Pound
ernpresar !o c las a rt es , organizar ia a revis ta Nauilouca que teve
a pen as ti m n urn ero e , em seu Formato de album, rneio catalogo,
meio rev ista, reun iu os nomes importan tes da arte de r csisten-
cia naquele memento: os irrnaos Campos e Decio Pignatari, os
baianos Rog er ro Duarte (re spo ns av e l pelos layouts do
Tropicalismo, de in sp iracao pop ) e Duda Machado , 0 piauierise
Torquato Neto, os artistas graficos Oscar Ramos e Luciano
F igue iredo, Hel ie Oi ti ci ca , Lygia C la rk , 0 j ovem poe ta Chacal ,
en tre ou tros. Desse f ermen to inlcial desenvolver -se- ia a assim
c h ar na da L it er at ur a Margina l, que ter ia contornos diferentes nas
duas p rincipais cldades do pais e seria mar cada pela multiplica-
< ;aode revis ta s de vida cur ta .
Enrr ementes, Helie Oiticica avancava em algumas das p ro-
postas que 0 tornariarn verdadeiro iniciaclor cia arte performatica,
marca do corneco c los 70. Desde a decada anter ior l igac lo ao samba
e ~Icultura popular (como passista cia Escola de Samba Mangueira,
Ii. I'IGNATAIH, Decio. C0l1lraCOlnt.mica9ao. 5:;0 Paulo: Per sp ect lv a , 1971
(esgotado).
IlRepublicndo nos anos 1980, p el a B ru si li en se. no vol ume Gigolo de Bibel6s
(esgcrado). Wally Salornao Ialeceu em 2 003.
168
em urna epoca que tal a ti tude nao t inha qua lquer prest lg io), Hel ie
apreendeu, em sua obra, elementos fundamentais do mundo do
samba; alern clisso f un di u t ra ce s cia arte construtiva europeia e do
universo das favelas e des morros, A sfntese mais perfeita desse
processo, s ern duvida, vern dos Parangoles, a lnda em meaclos dos
anos 60. Os parangoles (nome que deriv a de UI11~ gfria dos morros
cariocas) erarn capas au "fantas ias" para serern ves tidas e f ru l da s
como obras , anulando a idcia de me r a c o nt er n pl ac a o. Ao mesmo
tempo, ainda nos anos 60, Oiticica desenvolveu a ideia dos
Penetrdueis, do qua l Tropicalia e urn exemplo.
Figura 23 - Helie Olucica. Tropicdlia, 1967. Col . Proje ro riO.
Tropicdlia foi urn teste importante para rodo 0 trabalho
poster ior de Hel lo Olt ic ica, na busca c las relacces COIll 0 espsco
e no abanclono da superficie bid imensional da tela. Nos "pene-
16 9
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 9/15
tr avels" enos "parango les'' esta consubstanciada toda a sua con-
cep~ao de arte "a.mb iental", urna arte lnserid a no propr io fluxo
~a v~da, _conf~~d1I1do-se com ela. Nao a toa torna-se a fonte de
msprracao basica do movimento tropicalista, que Ihe deve 0
nome.
Esse projeto amplia-se ate lugar es publicos como em Cdes
de Caca, grandes areas de lazer Inventive que reproduzem em
escala maie r, a pesqui sa que corneca ra, a inda no infcio dos anos 60
com as Nucleos. Nesses , a pin tura abandona def in it ivameme a su-
per ffci e . b i~ il11ensional do quadro , em urna extraordinaria
reapropri acao das exper ienc ias a rqUitetonicas de Theo Van Does -
~urg nos anos 20. Assumidarnenre lnf luenciado tanto por este a r-
ti sta como, ~or Kurt Schwit te rs , I Iondr ian e Malevi tch, pcde-se dl-
z~r que Hel lo tenha s ido talvez 0 rnals bem-sucedido art is ta brasl-
leiro no processo de antropofagia dessa tradicao construtivista alern
naturalmente, da propria arte concreta. '
.Urn dos a~~ect?s rnals marcantes do per fodo e 0 culto amarglOahdade , [a ass inala do no ambiguo bandido de Sganzerl a.
Caetano Veloso ter ia s ido exi lado por causa da rna interpreracaode urn t raba lho de Hello Oi ti cica que consis ti a em urn es tandar te
;on~ a tnscricao "seja marginal, seja heroi". Aludindo duplameme
a . cl andest in idade e ao abandono das c lasses populares , Hello to-
rnava como fon te desse tr abalho a od isseia do famoso band iclo
Cara de Cav.:lo, morro pela pollcia em urna ruidosa cacada Na
mesma ocas rao ele t ambem far ia es sa homenagem com OUCrodos
seus experimentos '" :os Bolides, objetos para serern sentidos ou
mampuJados. 0 epitafio do bandido morto e fei to em urna catxa,
evocando em suas cores a crueza da violencia. Ja a cinematogra-
f ia de Sganzer la , Bressar ie e Ivan Cardoso ref le ti ri a esse tema em
flagr an te convergencla com a estetica brutal de urn jo se MojicaManns.
Tal~bem Lygla Clark dcsde logo se interessa pelo espaco
(como VI~lOS, no capftulo anter ior, com seus Bicbos), mas avanca
em direcao ao.corpo e suas relacces com outros corpos e com 0
arnbiente, por interrnedio de praticas artfs ticas que visavarn rnobi-
' " Ou , como 1-10 preferla dlzcr , suus "lnvencces'.
170
J
lizar 0 que Hello Oiticica charnou de "estados de invencao" , Os
objetos relacionais reconfigurarn herancas imediatas (caso de Max
Bi ll) e remoras da ar te rnoderna, t ransfer indo ao espec tador a at iv i-
clade criadora, em lim rnovirnento precursor dos proprios happenings
europeus e americanos. Posterlormente, dedicando-se a terapia, 0
trabalho de Clark jarna is perde 0 vinculo com a inves tlgacao ar ti s-tica sendo talvez dificil estabelecer as Iimites entre 0 ps icoiog .c c e
o artlstico.
o periodo do undergroul7destende-se pelos prirneiros anos cia
decada de 70, concomitante a consolldacao da arte conceitual, Mas
seus personagens viveram uma situacao limite que multas vezes can-
duziu a morte (case de Torquato Neto , que se suic ida em 1972) ou a
Ioucura. Com 0 esfacelamento final do que resrava da Tropicalia, os
nlI1l0S individuais se acentuararn e, se na esfera do consume, 0 rock
voltava a desaparecer sob a mare cia rnusica oflcial, nas artes prepara-
va-se nova transformacao que se iniciaria nos anos 80
Aperformance e a instalacao, duas novas denominacoes ar-
t is ticas surgldas a partir do aparecimento da arte "conceitual", aca-
bam por chegar ao Brasil, mesmo sob censura Aqui tinharnos asexperimentos pionelros de Flavio de Carvalho, ja referidos anterior-
mente (ver capitulo 6) e os desclobramentos das pesquisas de Helie
Oi ti cica e Lygia Clark. Essa nova tendencia, co III0 em OLltrOS rai-
ses, tambern traz consigo as consideracoes sobre 0 suport e c la
obr a, afirrn ando alguns clos questionamentos abertos por seus
antecesso res. Em 1972 Ant.6n io Manuel expos-se a si mesrno no
trabalho "Corpobra". AIgllI1Sarios rnais tarde - coadjuvados even -
tualrnenre pela ernergen te linguagem clo VIdeo - artistas como
Ivald Granato, Jose Roberto Aguilar (Sao Paulo) Anna-Bella Geiger,
Paulo Herkenhoff (Rio) e muitos outros farao da presence f isi ca 0
motor essenc ia l de sua cri acao . Inici almente com equipamentos
impo rrados - urna vez que nao estavarn comercialmente d ispo-
nlveis no Brasil - estes artistas logrararn abrir 0 carninho cia
videoar te bras lle ira. Mul to embora enf rentando a precar iedadetecnlca, os a rt ist as brasi lc lros est avam em perfei ta sintonia com a
que de mais avancado se produzia no exterior e tracavarn urn
caminho similar ao que conduziu os artisras do happening, do
Fluxus, a colaboracao com novas geracoes mais proxirnas da
:/~<
171
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 10/15
tecnologia como a que, em Nova York, agrupava-se em torno da
nova galeria TheKitchen. .
Essa tarnbem e urna epoca que amplia fo rmas e tecntca s pa ra
alern dos tradicionais territories artisticos, surgindo singularldades
como Paulo Bruscky em Pernambuco (pesquisando com arte xe-
rox); arnplia tarnbern 0 conceito de arte, incorporando a publicida-de, 0 design, 0 video (Arthur Matuck, Guto Lacaz,Aguilar) a televi-
sao (Tadeu Jungle, Walter Silveira) e0 show (com a rnesrno Aguilar ,
criador da prlrneira "Banda perforrnatica"). A "performance como
Iinguagem", atualmente, arnpliou 0 sell escopo na medida em que
se autonomiza e, inevitavelrnente, institucionaliza-se . Esta situada
como possibilidacle para qualquer artista, nao exclusivamente 0 an-
tigo pintor au escultor. Este transite configura-se a partir da rnudan-
ca e stet ic a e conceitua l que se ope ra na a rte da s ul ti rna sdecadas
A licac t ropica li sta permaneceu nao sornente nos desenvol -
v imentos u lteriore s de a lguns de seus a rt istas , como na influenc ia
que passou a exe rcer em geracoes futuras, Arnaldo Antunes, ja nos
anos 80, em plena revitalizacao do rock, tracou urn camlnho serne-
Ihante, em urn terreno rnultirnidia, reunindo novarnente sofistica-
yao formal e apelo popular. Da mesma forma, nos a nos 90, ChicoScience conseguiu 0 prodfgio de inverter definitivamente 0 circuito
pro-sul do Brasil, enquanto a plane 'arlzacao da cultura tornava pos-
sivel a redescoberta de urn tropicalista esquecido, Tom Ze, pelo
publico do pais e do exterior. Ho]e, com 0 prestigio que a rmisica
mode rna bra si lc ira passa a tel ' mundialmente, a te rnesmo em terr e-
nos de grande exigencla tecnologica como a musica ele tronica, tor-
na-se passive Ipensar que a ideia de Oswald de Andrade finalmente
se concretiza. A rnassa esta cornendo 0 bisccito fino.
Alguns traces internacionais da contempcraneidade
Vol tando aos nomes c itados no inicio, podemos ve r em sel ls
tr aba lhos a lguns dos tenus que a conremporane idade tern deba ri -
do constanrernente. Em Francis Bacon, analisado por Gilles Deleuzee rn seu Francis Bacon: logique de ta sensation'" pe rcebe -se urn
estranho usc da flgura que, ao rnesmo tempo, aporita para sua
172
Ii.~
anu lacao . .De leuze susten ta que Bacon nao pinta figura s, p inta,
antes, urna ernanacao, por asslrn dizer , energctica da Figura retra ta-
da que, na tu ra lmente. nao corre spondena jama is a urn re tr ato ftel .
Ta l procedlmento, e rnbora tendo nexos com 0 Exprcssionismo, ena verdade urn dialogo entre 0 plntor e seu objeto multo mais do
que uma anteposlcao de seu emocional sabre 0 rnesmo, 0 que
c on stltu i u ma su til diferenca.
Yves Klein concen tra -se em outre a specto, ma is fundamen-
tal, 0 da cor e sua texture. Pesquisa exaustivarnerite um mesmo
rom, como se quisesse penetrar na propria quimica do material.
Esse tipo de sensibilidade nasce cia esfera perforrnatica . como mui-
tos outros artistas de seu tempo. A exemplo de Pollock, Klein
corneca por se interessar no arremesso da tinta sobre a tela. Mas
entrega essa tarefa a artistas do corpo que fazern impressoes do
mesmo sabre a superficie branca, ao 50m de urna musica. Anos
depois, Kle in concen tra -se exc luslvamente na cor, abandonando a
performance. Essa, porern, deve-lhe urn dos Impulses iniciais, re-
glstrado em urna foro cuja veracidade e, ate hoje, que sticnada
"Saito no vazio" (1960) apresenta 0 proprio a rti sta pulando de um
muro em direcao 11rua, como se voasse. Esse trabalho tern sentidoinaugural e tanto se l iga a . htstoria do proprio a rt is ta como aquela
que configura a linguagem performatica.
A seu modo , eo que faz tarnbem 0 Ital iano Luc io Fontana, ao
produzlr quadros igualmente rnonocromaticos nos quais interfere
com urn dos maiores estigmas da pintura , a sua propria destruicao.
Fontana rasga talhos profundos em suas telas como que charnando a
atencao para 0 risco que a propria arte moderna tern de se sacralizar:
Al ia s, a s tendenc ia s que se formam a pa rt ir dos anos 70 procu-
ram urn caminho oposto 11 Furia "barroca" da arte pop 0
concei tua li smo e seus desdobrarnentos como a Land AI'! procurarn
discutir multo rnals 0 conceiro que articula a obra do que ref ie tir uma
pesquisa da linguagem. E 0 caso de Robert Smithson que construiu
ve rdade iros rnonurnentos ao e fe rne ro como a Spira! Jetty, imensaescultura na paisagern, que ho]e sobrevive apenas pelas fotografias.
Aqui lamb em estar iam os artistas de filiacao duchampiana,
como 0 ja c itado Joseph Kosuth (vide capitulo anter ior) , e , no case
brasile lro, Walterc io Calelas e Cildo Meireles. Operanclo com a re-
173
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 11/15
flexao propiciada pelo deslocarnento dos materials, esses artistas apon-
t am para a percepcao ester ica como ref lexao teori ca , surrupiando a
lugar da critica,
Na escultura , t ambern , encont ra rn-se exernplos que tanto sa-
tisfazem a heranca de Ducharnp quanta do proprio Dada e do
Mel·zcle Schwi tt ers. 0 caso mais notavel na Europa e 0 de Cesar,cledicado a desenvolver urn trabalho com sucata no qual nao se
opera propriamente com urna nova I igu ra ca o a pa rt ir de detritos
cia maquina, mas, antes , Limacornpleta abstracao espacial. Carras
prensados em ferros velho s sao apresentados como a escolha do
o rtisra. 0 deslocarnenro cia sucata para 0 espaco museologico re-
Forca , m als L im a vez, a p er sp ec ti va d uc ha m pi an a de que tucio, l ite-
ralmcnte, pocle se tornar arte.
Na Franca, Ben Vaultier transforma sua pequena lo]a, situada
em urn balneario, em urn irnenso bric-a-brac que evoca lrnediata-
mente a I ern bra nc a c ia Merzbau c« Kurt Schwitters. De ta l modo 0
t rabalho ganha autonornia que depot s e inteiramente transposto
para ur n museu e perr nanece como lim registro eloquente do pro-
ces so de acurnulacao ca6ti ca de obje tos a service c ia invencao ar-tisrica (ou anti-artistica, talvez).
Os aries 80 trariarn Limnovo retrocesso nessa tendencia, com
urna suposta revalorizacao do circuito mercaclo/gaierias/marchands/
c ri ti cos e que F icOL!conhecido como "rransvanguarda" , t ermo de
dincil definicao, cunhado pelo Italiano Achille Bonito Oliva. Trara-
va-se de urn retorno a pintura, baseado principalmenre em ten-
dencias COIllO0 Expressionisrno, 0 Expressionismo abstrato ou in-
formal e 0 " tachismo". A tendenc ia nao durou mul to e seus produ-
lOS forarn de dificil dlsccrnimento. A certa altura, todos os pintores
se p are cia m u ns com os ourros, nu ma u nifo rm id ade qu e pretend ia
r ev al or iz ar a pintura il maneira de artistas como Pollock, m as s er n 0
talcnto de genre como e le.
No Bras il, e ss a rendenc ia reve repercussao na celebre expo-sicao "C0I110 vai voce, Geracao 1980" , apresentada no Parque La]e,
no R io de Jane iro, em meados c ia decada. Em meio a Limaavalan-
che de pintores, algumas ou tr as vertentes se esbccararn, mas 0
tempo encarregou-se de fil trar 0 i nt eresse pelos t raba lhos . Os no-
17 4
:~
.',
1 :~~I ." •
. . . J ~ , ' I•~~I~'
i: . ,~ . I
.)
_ ..,-
,,~
',~ !
. _.l~
mes que ficam sao aqueles no s quais a in teligencia nao se desar-
ticula de um fazer, como e 0 caso, no Rio de Janeiro, de Jorge
Duar te , cuja obra discute permanenternente alguns dos leones vi-
suals da Arte Modema. Ou Leonilson, que incorpora a precariedade
dos materials e chama a atencao para urna gr ande descoberta clo
per iodo, a a rt e daque les ao qua is , a te entao , e ra negado 0 interes-se estetico, como 0 "louco" Arthur Bispo do Rosado, Em Sao Paulo,
em posicoes muito difer en tes, ve-se tanto a importancia cia obr a
de lim Alex Fleming (atualrnente residindo na Alemanha) ou de
urn Guro Lacaz que opera na tenue linha entre a cena e a arte
plastica, que e a performance. Tanto Lacaz como outros a rt is ta s
posteriores (Otavio Donasci , por exernplo) executam sell t rabalho
n20fronteira e le tronica do VIdeo e das tccnologias em geral , Este e1 . 1 1 1 1 caminho que dernonsr ra te r s ide 0 assim charnado "retorno apintura" mul to mai s urn movimento dos interesses comerciai s na
arte do que urn real esforco de pesqulsa da linguagem. No entan-
to , como nenhurn rne io de expressao desaparece completarnente
- ou entao e . t rans formado em seu propr io in te rior - a lguns a rt is-
tas logr ararn Limaponte curiosa e original que reune a pintura e
mate rl ai s indust ri all zados presentes no mundo comercial, como eo caso de Leda Catunda,
A bora do "happening" e da "performance"
o nome que talvez tenha maier i rnpacto nests area e 0 do
a le rnao Joseph Beuys . Um ex-combatente c ia epoca do naz is rno,
Beuys produziu um radica l encontro ar te -v ida em sua obra, pelo
continuo quest ionamento de s i mesrno. Usando mater ia ls inespe-
rados (no que poder ia se r t arnbern conside rado como Limare rnis-
s ao a Duchamp) tai s como cera de abe lha, gcrdura , fel tro, quadros
negros, borrachas etc., Beuys nao vi!:separacao entre 0 estado e 0
produto na obra de arte. Seus trabalhos sernpre resultararn de acoes
performaticas nas quais 0 aspecto polit ico nao se ausentava. Fosse
t rancando-se com urn lobo durante dias em urna sala (Coyote, 1974)
ou refazendo a propr ia nocao de vestua rio (Terrio de Feltro, 1970),
este alernao Singular conseguia quase sernpre por em risco a pro-
pria nocao de arte e a po litica a ela vincuiada em urn pais no qual
a cul tura desde sernpre est ivera em cri se .
175
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 12/15
"
."
A sornbra de Duchamp per rnanece pressentida na obra de
novos artlstas que surgern no inicio des 70, como Carolee Schneeman,
Marina Abrarnovic (por var ios anos com seu companheiro Ulay ) ,
Vito Acconci, Bruce Naumann, Gina Pane e outros; canfiguram 0
que, clu [ante certo tempo, flcau conhecido como body art, urna
opcao radi ca l e definitiva pel a crlacao plastlca usando 0 corpo comeventuais acr es cirnos de objetos, Passa a ter relevo a situacao (as-
pecro que remonta ao Dacia), 0 proce sso, a pr esenr ,: a. Mesmo a rti s-
tas cia cena, como Robert Wilson, vao dcsmembra-la e desconstrui-
la, reduzlndo-a a elementos plastlcos puros, multo distantes do tea-
tro convencional, baseado no texto verbal.
Alguns body artists ou performers quest iona rar n a p ropria
corporalidade, investindo contra a mesrna par interrnedio de acoes
de risco: Chris Burden pecic - e consegue - levar urn tiro de
revolver, Gina Pane corta-se em publico, Herman Nitsch procluz
r ituals s angui nol en to s com carcacas de an ima ls , S te la rc pendur a-s e
em ganchos presos a pele. Carac te rl sr ica espec if ica des anos 7020,
esta vertente se rnodifica para algo rnals proximo das tecnologias
como Reali ma is ev icl en te com a mesmo Stel ar c e s eus exoesquel et os
e braces elerronlcos nos anos 90.
J a nos Estados Unidos, desde os an as 60, lim coreano - e
nao um americano - passava a traduzir a melhor comprecnsao
clos aspectos planetar ios que acabariarn por caracrer izar a cultura
na virada clo milenio: Nan June Paik. A partir de sua colaboracao
com John Cage, Paik entendeu que 0 aeaso seria fundamental em
sua obra. Suas p ri mc ir as i nc urs oe s t om ar am como mater ial um des
leones ciasociedade eletrcnica: a televisao. Ao colocar lim gigan-
resco ima sobre 0 cinescopio de urn aparelho de TV no qual se
rransrnltia urn videoteipe do papa da teoria cia cornunicacao dos
meios de massa - Marshall Mcl.uhan - Paik dlscute a propria
natureza da linguagem televisual, ao deforrnar a Figura do genial
pensa dor ca nadense . .JlIntamente com Charlotte Moorman,
v io lonce ii sr a c la ssi ca aberta a mais radical experirnentacao, Paikorganizou performances memoravels, mu it as dela s transf orman-
clo-se em regisrros que faziarn parte fundamental cle seus trabalhos
IQ Para urna bo n cornpilacao a re spe uo , co nsu lte V f:R GIN E, L eu . B od y A ., -r
and Performance - The body as a /CIIl"u age. Milno: S i dr a, 2 00 0 .
176
i·
,',,'
,
em videoarte. Como vinha de formacao musical, na linhagern de John
Cage (com quem esrudara), Paik usa 0 principio do acaso e da
indeterminacao como agente fundamental de sua obra. Ao rnesmo tempo
cons rr ulu i ns ta la coes que rnodlf icavam tanto 0 aspecto original do
cinescopio de TV como 0 i nse ri am em varies cor.texros irnprovaveis
como 0 corpo de urn vloloncelo, por exernplo, transformando 0 rnes-
1110 em uma sequencia cle aparelhos unidos por uma estrutura de acri-
lice. No Brasil, 0 performer Otavio Donasci arnpliara e st e p roce sso , nos
aDOS80, mixando TV e personagern teatral, criando a "videocriatura".
T an to B eu vs como P ai k f iz e rarn parte do grupo Ptuxus ciae,
a partir de 196i - e sob influencia de grancles ret rospectivas
feitas sobre 0 rnovlmento Dada nos Estados Unidos - reuniu ar-
t is tas em torno de experiencias per fo rrnat ic as e happenings. Yoko
Ono, La'Monte Young (Estados Unidos) , Vol f Vostell , Joseph Beuys
(Alernanha) e 0 proprio P ai k, a le m de M aciuna s e A llan Kaprow,
pr oduzir ar n, du rante s os anos 60, numerosos evcn to s in te rnac ionai s
de anarquia art is ti ca , geralrnenre relacionados com a rnusica (Cage
era urn colaboradorimedlato). Pianos rnartelados com pregos ou
c1estrufclos, obras musicais tocadas com 0 corpo, discursos com esgares
e gritos, marcavarn eventos eferneros nos quals a principal caracte-
r ls ti ca era 0 protesto e a tentativa de reviver 0 cheque dadaista.
Fluxus foi Importanre tanto para as obras indiv idua ls dos a rti st as que
dele participaram, como tambern para a incorporacao definitiva das
idei as c le in st al acao e performancecottv: componcnre: fundamen-
tais da arte. Allan Kaprow, particularmente, tern irnportancia nesse
caso, porter sido 0 criador cia nocao cle happening. uma especie de
instauracao neo-surrealista (ou neodada) que nao deixa clare onde
t er rn in a a r ea li da de e oncle corneca a cena.
Em uma perspectiva semelhante, multo ernbora mais proxi-
mas cia atualidade, duas artistas, Barbara Kruger e Jenny Hol ier,
tern produzido significativas interferencias nos circuitos de co-
rnunicacao. Kruger opera, assim como Holzer, com enunciados
que se assernelham a slogans publici tarios . A diferenca e que a
primeira adota C0110 veiculo principal 0 otu-doori: a publlcidacle
graflca, enquanto a segunda atua principalme nte em displays e
lurninosos, Ambas, porern, questionam em seus trabalhos 0 pro-
prio lugar da arte, sua rnaterialidade, sua fisicalidade, e sua recep-
~ao por g randes audiericias como a Times Square em New York.
Esses ultirnos experirnentos convergern com a Sky-Art Carte produ-
zida em baloes ou na atmosfera), Laser-Art (l ima va ria cao, p ro je-
taela em predios , usarido este tipo cle luz) ou ainda ericonrram
177
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 13/15
,.,
seu melhor desenvolvimento na rede mundial de cornputadores,
onde hoje se fala em arte eletronica e digital. : :
Hi declarado de Joseph Beuys, 0 art ts ta brasi leiro Renata
Cohen avancou no sent ido da fusao ent re l inguagens, aproximan-
do os ter ritor ie s das a rt es plasti cas e do tea tro par meio da inter face
que se tornava comum a ambos; a performance. Surgindo em umageracao essencialmen te multimid ia - na qual 0 t ermo a inda nao
ga nh ara a sernantica que , p ost e rl o rmen te , 0 r el ac io n ar ia a urn apa-
rata especlf ico - empenhou-se na producao de espetaculos como
Magriue. 0 Espelbo Vivo (1985-88), Sturm Und Drang (993) e
Vil6n:a Sohre 0 Sol (livre ada ptacao cia"opera" de Alexei Krutchonik
e Velfm ir Khlebn ikov , origin al de 1914,1995) que 0 rnantinham
proximo de urn reatro p lasrico em que a palav ra tern u so abstrato,
fato que °aproxirna de outros encenadores como Gerald Thomas.
Com KA . ( texto em prosa poe tl ca de Vell rn ir Khlebnikov, t raducao
de Aurora Bernardini, 1997) e Dr. Faustus Liga a Luz(texto original
de Ger trude S te in , t raducao de Fabio Fonseca , 1998) 0 texto volta
a ter releva ncia e a articulacao entre tecnologias de ponta e mi-
tologias ancest ra is pas sa a ser buscada . Mor to prematuramente em
2003 (como ocorrera, anos antes com out ro [overn diretor e penoa-
dor, L U I S Galizia, como Renata u rn ad rn i rado r de Robert Wilson),chegou, nao obstante, a configurar 0 que Hans-Thies Lehmann vern
chamanclo de "pos-drar natico", pelo u sa de texros colhidos em
situacoes "nao art is ticas", tais como chats na Internet, organizados
na encenacao performatica Hiperpsique (2003). Em trabalhos como
a de R enate, a poesla, a performance e a tecno logia unem-se na
producao de misturas inovadoras.
A e-poetry, como contemporaneamente e conhecida a poe-
s ia que faz uso de meios dig irai s, te rn tornado mui tos dos e lemen-
to s da poesia de vanguarda deste secu lo (como, nos anos 80, f aria
sua antecessora a poesia em videotextc") e levado a rede e a
multirn idia u rn dos aspectos des quais mais se ressentia a poesia
ate entjio: a rnovimento.
Unindo, de cer ta forma , a lgumas destas ver tentes, os exper t-
men tcs com 0 corpo dos anos 70 e 80 retornam associ ado s a smfclias eletronlcas e cligi tais . A performance, inicialmente produ-
zid a no cir cuito de galerias, po r artistas in satisfeitos com a ex-
" vet PLAZA, Julio. videografia em videotexto. Suo Paulo: Hucilec: P~ra n
n ne n o co ntex te digital, vel' tambern MACHADO, Arlindo. Maquma e
ir llagi"1u1rio, Sa o Paulo: Edusp.
178
, . . IiII
'1
jI
i
i!
~I
II
y
J
pr essao plastica objetlva, g anha uma dirnensao rnaio r no s anos
80, associando-se sobretudo ao video, valendo-se de sua propr ie -
dade de registro com menor limitacao de tempo em relacao ao
filme. Resulta disso que ha urna intensa aproxirnacao entre art is tas
cia miis ica , sobre tudo da musics pop e performers. No Brasi l, nas
grandes capit a is , nota-se urna f requente colaboracao ent re [ovens
nomes cla musica, das a rt es plasticas e das artes ceriicas. Aperforma nee t ar nb e r n p as sa a incorpora r a rtlstas insatisfeitos com
as formas do tea tro e da danca t radicionai s."
Nos anos 90 , com a afirrnacao dos meios dlgitais e a expansao
cia rede rnundial de cornputadores , 0 a rti st as d a performance vi-
rarn-se inapelavelmeme forcados a questionar Lim dos principios
fu nd am en tals d ess a lin gu ag er n e que a j us ti fi ca va n a d ec ad a de 70:
a p resenca fisica. Desde os anos 80, com 0 video, a p resenca do
performer ioi posta em duvida Evoca-se, muito comumen te, a fi-
[;' Jrade um "ancora" de telejornal, surgido nessa epoca, com 0 nome
Max Headroom, u r n a persona sintetizada em cornpu tador, de exis-
t encia puramente e le tronica. Na decada seguinte, a s assim chama-
das novas tecnologias tarnbern contaminararn 0 universe das artes
do corpo e impoe-se 0 conceito de tecr.operforrnance, de tecnoarte
ou, C0110 alguns preferern chamar, artemldta." Formada no universo
da arre de vanguards novaiorquina dos anos 70, Laurie Andersonencarnou admiravclmente esse espirito, tornando-se ate rnesmo, por
algum tempo, urna pop star. De performances com oito ho ras c1 e
duracao como United Stales I-1VCl3rooklyn Academy of Music de
Nova York, feverei ro 1983) seu t raba lho t rans forma-se em shows
com bem- suced idas vendas de discos e um longa-rnetragern (Big
Science, 1982, Home of tbe Brave, 1986)".
A presenca convert e-se em te lepresenca, benef ic iando-se da
fac ilidade crescenre no uso de recursos de transmissao e recepcao
de som e imagem via rede. Mui tos art is tas, alern des ja rnenciona-
;!~ A SilU<'l.~:10 tS- udmiraveimcnte descr.tu par Renate Cohen em Performance como
Iitlljl4agcm. Sjo Paulo . Per spec tiva . (Cole cao Debates ). Reton-umos a que stao ,
no rexto CAGM, L; DONASCI , 0. " (H)ent rer dans le v if de l 'a rt / (He)Viewing
Live Art". In: Parachute, n . 116 , Canada, 2001.
l.l Te rrno e rnpregado pa r Ar li ndo Machado em "Ar te e rnidia: uproxirnncces
e distincoes" Gataxia. reviSla transdtscipitnar de CO11Wl ica,(:iio, semiotica,
CI.III. ra, n . 4 , Educ , 2002 e re to rnado per P ri sc il a Ar arnes em seu recent elivro Arte e midia. perspectiuas da estetica digital (Sao Paulo. Senne. 2005).
" A lgumas refer encias inrer es sames no rede: <ht!['l://ci1oc.electriqueJreeJrllaurie>.
A pesquisadora de performance Rose Lee Goldberg dedlcou urn livre es-
pec.almenre a artista (Lauria Anderson Nova York: Har ry N. Abrams, 2000) .
179
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 14/15
:.,,I
:~
dos e - poe t as , ded lca rn - se exc lu s tva rnen te a arte digital e a m e sm a '[ acomeca a ter sua his tori a contada , cobrindo urn per iodo que chega ' a'
u lt ra p as sa r 1 5 a n o s , a fi rm a n do -s e como um a d as mais promissoras'possibilidades inventivas do seculo XXI.21 Ao mesmo tempo, surpre- '
endenternente, alguns dos aspectos mais ancestrais da crlacao artis-
t ica, l igados aos mitos arquetlpicos, aos rituals de civil izacoes anti-
gas , acabarn por conectar-se ao contcmporanco, anulando definit i-varnente a ideia cleevolucao como linearidade, caracterfst ica ciaarte
e cuJtura industriais." A holografia - tecnica fotografica que teve rnui-
tos exper iment os poet ieos no Brasil - par ece, no f im dos 70 e inieio
dos 80, anunciar esta nova relacao com urn corpo que se ve, e
parece presente, mas nao pode ser tocado. Ao mesmo tempo, evoca
a ancestralidade da Imagern epifanica, lembrando as aparicoes desert-
t as em uma inf in idade de crencas e rel ig ices , No f im da rnesrna deca-
da, asprojecoes de poernas dos i rmaos Campos nos predios daAve-
n id a P au lista a po ntav am lim c am in ho im ate ria l p ara a propria palavra.
J o s e Wagner Garcia, Moyses Baurnstein e out ros e rnbara lharam as
relacoes arte/ciencia demonstrando que a criacao viria a incorporar 0
calculo tanto quanta este deveria atentar para 0 irnprevislvel.
Desde 0 inicio do novo milenio, expertrnenros reunindo artistas
via rede vern se rornando eada vez mais frequentes", autorizando a
expressao net-art, arte via.rede, hipermidiatica. Fala-se each vez rnenos
em suces sces l inea res e cada vez mais em redes multilineares.
Depois do debate sabre 0 ecletismo, ficou daro que tudo se
tratava de urn hiato que preparava 0 advento das assim charnadas "no-
vas tecnologias". Eo clrculo se fecha: 0 seculo XXinicia-se, na arte,
Iazendo uso de recursos da era industrial e finda avancando no terreno
do pes-industrial (eletrocletronica e mundo digital), Mas perrnanece a
nocao de que novas materials engendram novas farmas de criacao,
'II 1':". ~I relacfio erure performance e t cl ep resenca ver COHEN, Rena te.
"Performance e ieleprcsenca: cornunicucao interativa n;1S redes". Revista
Conciuiias, n, G, R io de J aneiro: ln stttuto de A rtes U ERJlFart:sp/E d, 7Le tr .i s, 2003 e "Ri to , r ecno logi a e novas med iacoes na cena cont er npor a-
neu brusileira" In; HILL; ! lOLLA (O rg .) M Il' - MClIlijcslCI,.i1O Internacional
de Performance Be lo Hor izon te , CEIA, 2005,
•. A sp ecto s d iscu tid os e m COHEN, Renato. Work in progress ,w cel lC COll -
tempordnea. Silo Paulo: Perspectiva, 1998, (Colecao Estudos).n Para chur upenas a lguns , :lOS quais esie autor reve acesso: "Muquinu Futurista"
com a participacao no evenro Global Bodies, produzido pelo ZKM deKurkshuhe,A lerna nh a, n o Itau Cu lt ur al , s e gu n do sernesrre de 1997; Constelacoes, mara-rona de 12 horns de teleper forrnance, SeseVila Mar iana, Sao Paulo, 2002; no
m csrn o an a, lim a d us u pres en taco es d o gruro Corpos Informaticos q ue v ernh " " Ig u ns " n os d e se n vo l ve n do urn c on ti nu o e p er sl st en te t ra ba lh o e m B ra si li a,
180
SITES
<http://wUJ1IJ ,musee-orsay/r>, 0 M usee D 'O rsay, em Paris, e mundia l -
mente reconhecido como 0 propr ietar io de urn dos maiores e
melhores acervos do Impresslorusmo. U voce encont ra rna is
imagen" dos art istas mencionados aqui.
<htlp. //www. juediscbes-musewn-bl3rU111.de>.Sile do Museu j udaico de
Berlirn, projeto de Daniel Libeski nd, inaugurado em 2001, com
claras ref'erencias ao Expressionismo.
<unuur.artincontexi.ccm», Site que contern d ados sabre varlos artistas
da vanguarda europeia.
< bllp://pfaneta.relTa,com 'br/arte/eopeox/sonora.btm». Parte do excelenre
site de Elson FH'j<:~,"pop box" , a cu i vo ce e nc on tr a v ar ie s arqu iv os
d e audio com o s p rinc ip ai s nome s da poe si a so no ri st a moderna .
<h l lP . / /Ww1 / J, li b ,u iowa ,e d l. l/ d ad a /i ll d ex ,h lm l> S it e mantido pela U ni-
versidade de Iowa, sede do Intemauonal Dada Archive. Muitos
documentos Oil-line , inclusive fac-similes de Jivros e revisras.<b/tp. l/www.kUI'I -schwilll3rs ,org/>, P ag in a m u lt o cornplera s ob re S ch wi t-
ters, incluindo VRMLs. Em alernao.
<11tp://www.studioeleo.com/ga llerie/scb iottters/scbuntters. b tml>. Pag i-
na de urna fa de Kurt Schwitters - em Ingles,II
181
5/13/2018 AGRA, Lucio-Historia-da-Arte-do-Seculo-XX-Capitulo-8 - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/agra-lucio-historia-da-arte-do-seculo-xx-capitulo-8 15/15
<hllp ./ lwww.l to l.com.brlmodabrasi llstepanova/ index.htm> .Tra ta -se de
urn text o que escrevi para 0 Moda Brasi l sobre as padronagens
de t ecido s da ar ti st a con st rut ivi st a rus sa v arva ra S te panov a.
<hllp./lwww.pucsp.brlpos/cos/b!ldelliei>. Pagina que resulta do prole-
[0"Maquina Futur ista" , apresen tado na rnosrra Arte e Tecno logia,
do Ttau Cul tur al de SP, em 1997. Conter n var ias informacocssobre as art istas das var iguar das russa e al erna dos anos 1920.
<bllp:/lwww.rollin.s.edl.lIForeiglJ_LangIRussianlluhokilubok.hlml>.
Luboks (gravuras populares russas) .
<iJllp./lwww.gelly.edull·esear·ciJ/roo!sldigiraIIUssUzkyl>. Sobre Lissftzki
do Getty Institute (excelcnte).
<bttpi/Zmax. 1 '1 1 111 /( ; . nortbuestern .edu/r-mden ner/drama/i ndex.btml>.
<bttp.r/mayatzousky.com/>. Site multo born sobre a vida e a obra de
Maiakovski.
<http://www.a-art.comlavantgardel>. Excelente site corn Iorues para a
ar te de vanguar da r ussa.
«b IIp:llwww.baubaus.c/ele71glishlba .. haus]919117la.j./e5119 J 9.blm >.
Pane do site do Bauhaus Archiv de Berlirn, que contern uma
ver sao em i ngles do Manifesto de Fundacao da Bauhaus.
<iJup./IWWlU.bu!.IiJal.ls-dessau.de!> Site da Bauhaus em Dessau, exis-
r ent e at e ho je .
<bll/;:/llIJww2.(,/ol.com.brlauguslodecampos>. Site da Biena l que d iscu tiu
a Ant ropolagi a on tern e ho je, c om 0 Manifesto.
<bllp:llwww.uol.com.brlaugf.lstoc/ecampos/>. Site do poeta Augusto de
Campos
<hll.p:llwww.lIoi.com.hrl/Jamldodecamposl>.Sile do poera Haroldo
de Campos.
<.hlljJ:llwww.al.lbr.com.iJl/casa/>.Do:: uma expos icao rea lizada 1\2 C~S<l
das Rosas , cha rnada "desexp(l)os(ign)i~ao", nasceu esre site con"
t endo rnu ito boa s Infor rna coe s so bre 0 coricretisrno.
<blljJ:llplallela.lerra .com. bl!arleIPopBoxlkam,:quaselbome. htm>. U 111
belo site dcdicado a ob ra d e Paulo Lerninski
<htlp./lwww.u/;1I.C01121>. Para se mante r a tual izacota) COIll a a-poetry,
<htrp:llwww.goldensiJowel·.gslasmusicas.html>. SUe do pro je to "Golden
Shower" de mus ica e le rroruca.
182
<http://www.itaucullural.org.brljndex.r:/m?cd~pagina=2006> , No site
do I ta u Cul tural vo ce e nconr ra a "Enc iclop edi a de Art e B ra si lei -
ra" , Recentemente foi f eit a a aquisicao de docur nentos ir npor -
tan tes de Hello Oit ic ica, a lguns d isponfve is on-line.
<b IIp:llwww.celltrepompidou.JrIPompidouIA ccue il.n sf /
tu nnetropenrorm», Site do Centro Georges Pompidou, 0
Beaubourg, a mais importance museu de ar te de Par is.
<bIlP/lwww.wehmuseum.hpg .t'g.com.br>. Site do pro je ro conduzido
pela pesqulsadora Naira Ciotti em Como das relacoes entre a
arte e a rede.
<bttp :/ lwww.Videocrea tures.comlweb/jrameJolos.b tm>. S ite do artista
Otavio Donasci
<http./lwww.zkm.de!>. Homepage do ZKM, OLl Cen tro de Arres e Midia
de Ka rl shuhe, na .Alerna nh a, uma da s rna is i rnpor tarues inst irui -
coes do genera no mundo.
<htlp:llwww.yhchal1g.coml>.Si/e da web-poeta coreana Young Hae
Chang, urn tr abalho de sir nplicidade extr ema e grande for ca.
<http.r/rbizome.org/>. 0 Rhizome e urn ponte de encontro dos artis-
t as do sec ulo XXI. Referend a ob rigator ia.
<http://www.recombo.art.br/>. Urna experienc ia sern . . lharne a anterior,
fei ta no Nordeste brasl le tro.
<hllp./lvv.arts.ucla.edu/prOjecls!currenl_evel1lsJrames;Jt.bt11'1>, Site du
fundamental web-a rt ls ta Vic to ria Vesna
<hup'//u.sers,rcn.comilaporta.illterportljWl.lrCi!Jody.blml>. Ourra orirna web-
artista, Tina La Porta
<bup.r/uruno.arteria S ..net/>. A revista Arteria e editada ha rnuitos anos
em Sao Paulo. Seu nurner o 8 foi feito especialment c para a web
e e urn work ill progress,
<iJtl.l)./lwww.vispoc:om/t?;iscIBrazi/ir.mDlgi{aIPo(Jlry.btm>.A rnais COIT_
plct a pagina de r eferenci a sobre a poesi a el etr oruca br asi lei ra,
publ ica da no ex te rior , po r urn brasi l ei ro, Jo rg e Lu is Antonio.
<bllp./lensemble. ua. com .au/enslogic/text/a merika.bt m>, Mark Amerika
e urn dos nomes f undamentals do hipertext o.
<bllp:llwww.al.tmuseum.l1ellw2vl.l>. Este e 0 site do gui a Multimedia
_ f rom \Vag,~er to virtual Reality, t arnb ern urn l ivro. Trat a- se de
uma otima hist6ria da rni dia eler ronica e digi tal . suas or igens e
seu estag io a tual .
183