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ATUALIZAÇÃO JURISPRUDENCIAL – Direito Processual Civil – Fábio Menna 1 ATUALIZAÇÃO JURISPRUDENCIAL Disciplina: Direito Processual Civil Prof. Fábio Menna Aula nº 02 MATERIAL DO PROFESSOR DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. É inviável o conhecimento de apelação interposta contra decisão que resolva incidentalmente a questão da alienação parental. O referido equívoco, na hipótese, impede a aplicação do princípio da fungibilidade recursal, o qual se norteia pela ausência de erro grosseiro e de má-fé do recorrente, desde que respeitada a tempestividade do recurso cabível. Por sua vez, pode-se dizer que haverá erro grosseiro sempre que não houver dúvida objetiva, ou, em outras palavras, quando (i) a lei for expressa ou suficientemente clara quanto ao cabimento de determinado recurso e (ii) inexistirem dúvidas ou posições divergentes na doutrina e na jurisprudência sobre qual o recurso cabível para impugnar determinada decisão. Assim, não se admite a interposição de um recurso por outro se a dúvida decorre única e exclusivamente da interpretação feita pelo próprio recorrente do texto legal, ou seja, se se tratar de uma dúvida de caráter subjetivo. Nesse contexto, não obstante o fato de a Lei 12.318/2010 não indicar, expressamente, o recurso cabível contra a decisão proferida em incidente de alienação parental, os arts. 162, § 2º, e 522, do CPC o fazem, revelando-se, por todo o exposto, subjetiva – e não objetiva – eventual dúvida do recorrente. Por fim, no caso de fundada dúvida – até mesmo para afastar qualquer indício de má-fé – a opção deverá ser pelo agravo, cujo prazo para interposição é menor que o da apelação, e que não tem, em regra, efeito suspensivo. REsp 1.330.172-MS , Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/3/2014. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO CONTRA DECISÃO QUE NEGA SEGUIMENTO AO RESP DE MANEIRA GENÉRICA. Os embargos de declaração opostos em face de decisão do Tribunal de origem que nega seguimento a recurso especial podem, excepcionalmente, interromper o prazo recursal quando a decisão embargada for tão genérica que sequer permita a interposição de agravo (art. 544 do CPC). Tratando-se de decisão do Tribunal de origem que nega seguimento ao recurso especial, o STJ tem entendido que os embargos de declaração não interrompem o prazo para a interposição do agravo previsto no art. 544 do CPC. Entretanto, essa não deve ser a solução quando a decisão embargada é excessivamente deficitária, tendo em vista que, nesse caso, os embargos não serão destinados a veicular matéria de recurso nem visarão procrastinar o desfecho da causa. EAREsp 275.615-SP, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 13/3/2014. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. REUNIÃO DE PROCESSOS CONEXOS. O magistrado não pode, com fundamento no art. 105 do CPC, determinara extinção do processo e condicionar o ajuizamento de nova demanda à formação de litisconsórcio. A reunião dos processos constitui uma discricionariedade do órgão julgador por conveniência da justiça. Nesse sentido, conforme art. 105 do CPC, verificada a conexão, o juiz pode ordenar ao cartório que proceda à reunião dos processos em grupos de litigantes, mas não pode impor à parte que assim o faça, sob pena de vulnerar o princípio do livre acesso à jurisdição. Ademais, cumpre esclarecer que o instituto da conexão não se confunde com o do litisconsórcio necessário, uma vez que este último decorre da natureza da relação jurídica ou da lei e, portanto, afeta a própria legitimidade processual, sendo, portanto, cogente a sua formação (art. 47 do CPC), o que evidentemente não se compatibiliza com a facultatividade estampada no art. 105 do CPC ("pode ordenar").AgRg no AREsp 410.980-SE , Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/2/2014.

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    ATUALIZAO JURISPRUDENCIAL Disciplina: Direito Processual Civil Prof. Fbio Menna Aula n 02

    MATERIAL DO PROFESSOR

    DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INAPLICABILIDADE DO PRINCPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL. invivel o conhecimento de apelao interposta contra deciso que resolva incidentalmente a questo da alienao parental. O referido equvoco, na hiptese, impede a aplicao do princpio da fungibilidade recursal, o qual se norteia pela ausncia de erro grosseiro e de m-f do recorrente, desde que respeitada a tempestividade do recurso cabvel. Por sua vez, pode-se dizer que haver erro grosseiro sempre que no houver dvida objetiva, ou, em outras palavras, quando (i) a lei for expressa ou suficientemente clara quanto ao cabimento de determinado recurso e (ii) inexistirem dvidas ou posies divergentes na doutrina e na jurisprudncia sobre qual o recurso cabvel para impugnar determinada deciso. Assim, no se admite a interposio de um recurso por outro se a dvida decorre nica e exclusivamente da interpretao feita pelo prprio recorrente do texto legal, ou seja, se se tratar de uma dvida de carter subjetivo. Nesse contexto, no obstante o fato de a Lei 12.318/2010 no indicar, expressamente, o recurso cabvel contra a deciso proferida em incidente de alienao parental, os arts. 162, 2, e 522, do CPC o fazem, revelando-se, por todo o exposto, subjetiva e no objetiva eventual dvida do recorrente. Por fim, no caso de fundada dvida at mesmo para afastar qualquer indcio de m-f a opo dever ser pelo agravo, cujo prazo para interposio menor que o da apelao, e que no tem, em regra, efeito suspensivo. REsp 1.330.172-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/3/2014. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAO CONTRA DECISO QUE NEGA SEGUIMENTO AO RESP DE MANEIRA GENRICA. Os embargos de declarao opostos em face de deciso do Tribunal de origem que nega seguimento a recurso especial podem, excepcionalmente, interromper o prazo recursal quando a deciso embargada for to genrica que sequer permita a interposio de agravo (art. 544 do CPC). Tratando-se de deciso do Tribunal de origem que nega seguimento ao recurso especial, o STJ tem entendido que os embargos de declarao no interrompem o prazo para a interposio do agravo previsto no art. 544 do CPC. Entretanto, essa no deve ser a soluo quando a deciso embargada excessivamente deficitria, tendo em vista que, nesse caso, os embargos no sero destinados a veicular matria de recurso nem visaro procrastinar o desfecho da causa. EAREsp 275.615-SP, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 13/3/2014. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. REUNIO DE PROCESSOS CONEXOS. O magistrado no pode, com fundamento no art. 105 do CPC, determinara extino do processo e condicionar o ajuizamento de nova demanda formao de litisconsrcio. A reunio dos processos constitui uma discricionariedade do rgo julgador por convenincia da justia. Nesse sentido, conforme art. 105 do CPC, verificada a conexo, o juiz pode ordenar ao cartrio que proceda reunio dos processos em grupos de litigantes, mas no pode impor parte que assim o faa, sob pena de vulnerar o princpio do livre acesso jurisdio. Ademais, cumpre esclarecer que o instituto da conexo no se confunde com o do litisconsrcio necessrio, uma vez que este ltimo decorre da natureza da relao jurdica ou da lei e, portanto, afeta a prpria legitimidade processual, sendo, portanto, cogente a sua formao (art. 47 do CPC), o que evidentemente no se compatibiliza com a facultatividade estampada no art. 105 do CPC ("pode ordenar").AgRg no AREsp 410.980-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/2/2014.

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    DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. NECESSIDADE DE DEPSITO DOS VALORES VENCIDOS E INCONTROVERSOS EM AO DE CONSIGNAO EM PAGAMENTO. Em ao de consignao em pagamento, ainda que cumulada com revisional de contrato, inadequado o depsito to somente das prestaes que forem vencendo no decorrer do processo, sem o recolhimento do montante incontroverso e vencido. De fato, assim como possui o credor a possibilidade de exigir o cumprimento da obrigao, tambm facultado ao devedor tornar-se livre do vnculo obrigacional, constituindo a consignao em pagamento forma vlida de extino da obrigao, a teor do art. 334 do CC. O depsito em consignao tem fora de pagamento, e a correspondente ao tem por finalidade ver atendido o direito material do devedor de liberar-se da obrigao e obter quitao. Em razo disso, o provimento jurisdicional ter carter eminentemente declaratrio de que o depsito oferecido liberou o autor da obrigao relativa relao jurdica material. A consignao em pagamento serve para prevenir a mora, libertando o devedor do cumprimento da prestao a que se vinculou, todavia para que tenha fora de pagamento, conforme disposto no art. 336 do CC, necessrio que concorram, em relao a pessoas, objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais no vlido o pagamento. Assim, a consignao em pagamento s cabvel pelo depsito da coisa ou quantia de vida, no sendo possvel ao devedor faz-lo por objeto ou montante diverso daquele a que se obrigou. Nesse sentido, o art. 313 do CC estabelece que o credor no obrigado a receber prestao diversa da que lhe devida, ainda que mais valiosa, e o art. 314 do mesmo diploma prescreve que, ainda que a obrigao tenha por objeto prestao divisvel, no pode o credor ser obrigado a receber nem o devedor a pagar por partes, se assim no se ajustou. Ademais, o art. 337 do CC tambm estabelece que cessa a mora apenas com o depsito da quantia devida, tendo efeito a partir de sua efetivao, por isso mesmo necessrio o depsito do valor integral da dvida, incluindo eventuais encargos. Cabe ressaltar que, a teor do art. 893, I, do CPC, o depsito da quantia ou coisa devida pressuposto processual objetivo, pois se cuida de exigncia formal para o recebimento da petio inicial da ao de consignao em pagamento. REsp 1.170.188-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomo, julgado em 25/2/2014.