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Álvaro Sebastião Teixeira Ribeiro - Meu PerCurso Na Contrução Do Espaço Curricular-A Investigação Filosófica Na Educação
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MEU PERCURSO NA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO CURRICULAR: A
INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA NA EDUCAÇÃO
ÁLVARO SEBASTIÃO TEIXEIRA RIBEIRO
TFP/UAB - TURMA O2
O espaço curricular: Investigação Filosófica na Educação insere-se no conjunto
do primeiro semestre do curso de Pedagogia, que tem por objetivo principal introduzir
o estudante de Pedagogia no espaço universitário. Neste momento existe uma
preocupação de contribuir para que o estudante reconheça este novo espaço do ponto
de vista acadêmico e afetivo. O conhecimento lhe é apresenta a partir do conhecimento
de si mesmo e suas possibilidades de novas construções. O conhecimento do ser,
particular, social e psicológico, recebe abordagens nos espaços curriculares de
Antropologia da Educação e Perspectiva do Desenvolvimento Humano. O Projeto 1
tem como objetivo principal o reconhecimento da universidade, do currículo e de suas
possibilidades. O pensar sobre seu próprio pensar, de forma investigativa e crítica, é
propiciado no espaço da Investigação Filosófica na Educação. Tudo isto é permeado
pelo re-conhecimento de si enquanto sujeito ativo no seu processo de aprendizagem,
através da Oficina Vivencial.
É neste contexto que se insere a Investigação Filosófica na Educação. Na
formação dos profissionais da educação no Brasil, têm sido privilegiada a Filosofia
como conhecimento já determinado pelas gerações passadas. É apresentada como
disciplinas de formação geral ou humanística e complementares à formação específica.
A principal destas disciplinas é a filosofia da educação, que apresentaria os conteúdos
fundantes do saber.
No entanto, não se percebe, na filosofia da educação, uma preocupação com a
experiência filosófica na educação, mas, ela apresenta-se como um corpo de
conhecimento que ampara a prática pedagógica. Podemos verificar que inexiste, na
educação, uma práxis investigativa filosófica, em outras palavras a construção de um
“ethos” filosófico, que permita uma experiência filosófica e, não apenas uma reflexão
a partir de um determinado conteúdo. Como afirma o Profº Dante Bessa, voluntário do
projeto de extensão Filosofia na Escola, “a falta desse ethos, no nosso entendimento,
deve-se a que, tradicionalmente a reflexão filosófica tem sido feita desde fora da
educação e de maneira disciplinar, separando filosofia e educação: refletir sobre e não
na educação, fazer inferências sobre a educação a partir da filosofia, trazer à superfície
os aspectos filosóficos que estão no fundo das práticas e teorias da educação”.
O espaço curricular da investigação filosófica na educação é construído a partir
da experiência do Projeto Filosofia na Escola, que tem se dedicado ao filosofar com as
crianças e nasce na busca de respostas para questões como: a filosofia da educação se
restringe à crítica da educação? Quem tem competência para fazer filosofia da
educação? Essa competência depende de uma formação técnica em filosofia ou não? O
ethos filosófico educacional depende exclusivamente da experiência com a disciplina
filosofia da educação ou haveria alternativas para desenvolver esse ethos com outras
experiências filosóficas na formação de profissionais em educação?
Nossas experiências educacionais nos têm mostrado que é possível e necessário
construir outros espaços “experênciais” para a construção de um ethos filosófico
educacional, que nos permita um espaço de investigação filosófica na educação que
potencialize a presença da filosofia na formação dos profissionais da educação.
Desta forma, o PerCurso, começa lá atrás, quando o espaço curricular em
questão começa a ser construído em uma perspectiva de ser um momento comunitário
de investigação filosófica. Teve como incentivo o conceito de comunidade de
investigação filosófica do Programa de Filosofia para Crianças, criado pelo Profº
Mathew Lippman,em 1969. Com a experiência em andamento percebemos que o
conceito de comunidade implicava questões que não nos parecia pertinente para o que
desejávamos. A mudança para investigação filosófica na educação tem como
pressuposto que a investigação filosófica e, não a comunidade, é o elemento central no
contexto da criação de um “ethos” filosófico na educação que gostaríamos de
construir. Desta forma temos “experiênciado” alterações na práxis pedagógica do
espaço curricular, com alterações no programa e na prática filosófica implementada.
Neste momento nos deparamos com mais um desafio. Como fazer filosofia no
ambiente virtual, através da EaD? Para desenvolvermos um programa adequado,
optamos pela manutenção da espinha dorsal do programa presencial. Pensamos ser
possível, ainda que com muitas dúvidas, cumprir com seus objetivos a partir da idéia
de que:
“se possa vivenciar a experiência do pensar como investigação reflexiva,
crítica e criativa, levando-se em conta conceitos problemáticos acerca da
prática filosófica e da prática educativa. Essa experiência deve envolver tanto
a problematização e reflexão de situações vividas como de leituras específicas,
além da produção coletiva e individual detextos (filosóficos) orais e
escritos”.(UAB-Programa do curso, fundamentação)
Para isto mantemos, com algumas adaptações o conteúdo programático do
curso. Conteúdo que nos parece de acordo com os objetivos gerais do curso de
Pedagogia desenvolvido pela FE-UnB:
1. De onde vim? (Educação, mundo, escola e experiência do pensar)
1.1. Da criança ao adulto e o caminho inverso;
1.1.1. Aprender, escola, disciplina, autoridade;
1.2. Ignorância e sabedoria; perguntar e calar.
2. Quem sou? (filosofia, subjetividade e experiência do pensar)
2.1. “Conhece-te a ti mesmo” – a experiência da pergunta e do diálogo desde
Platão;
2.2. “Penso, logo existo” - a experiência da dúvida, da análise e da reflexão
desde Descartes;
2.3. “A verdade é um batalhão de metáforas mortas” - a experiência da
criação desde Nietzsche;
2.4. A experiência do pensar desde Deleuze.
3. Para onde vou? (filosofia na educação: aspectos filosófico-pedagógicos)
3.1. Educação e escola;
3.2. Educação e subjetivação; ser e devir;
3.3. Ser e ser professor sendo;
3.3.1. Ensinar, escola, disciplina, autonomia.
Pode-se perceber que o conteúdo, na verdade não se configura como conteúdo,
mas como um percurso a ser seguido, procura colocar questões básicas na filosofia: De
onde vim? Quem sou? Para onde vou? A experiência se conduz na reflexão que estas
questões nos provocam com as seguintes características: o De onde vim? Procura
refletir sobre o estudante como partícipe do processo educacional que apresenta
“marcas” deste processo, mas, que é sujeito pensante dentro dele. Isto é apresentado a
partir de concepções sobre educação. Basicamente, utilizamos Paulo Freire e Moacir
Gadotti, para esta reflexão. No segundo momento do programa, vamos refletir sobre
Quem sou? Procura-se contrapor a visão pessoal sobre si mesmo e algumas visões
filosóficas nos colocadas ao longo da história. Neste momento utilizamo-nos de:
Platão, com a Apologia de Sócrates; Descarte, com seu Discurso do Método; Nietzche,
com fragmentos do seu livro Além do Bem e do Mal: prelúdio para uma filosofia do
futuro; Foucaul e Deleuze, procuram ser a voz da filosofia contemporânea, a partir de
uma visão pós-estruturalista e para alguns uma visão pós-moderna. Na terceira parte:
Para onde vou? Busca-se refletir sobre nossas perspectivas educacionais, enquanto
profissionais que somos ou seremos. Neste momento utilizaremos os autores Jacques
Rancière, com seu texto O Mestre Ignorante e Walter Kohan, com sua proposta do
devir criança.
Para cada momento do conteúdo estão sendo criados fóruns de discussão, para
conhecimento e aprofundamento do tema. Chats, também serão criados para
proporcionar a reflexão online entre os participantes da turma. Algumas atividades
estão sendo previstas, como seminários e ao final todos deverão apresentar um
pequeno ensaio sobre uma das questões apresentadas ao longo do curso.
Estamos tendo a oportunidade de vivenciarmos este programa presencialmente
e virtualmente. Não vimos muitos problemas para o desenvolvimento do conteúdo. No
entanto, ainda são apresentados muitos problemas no acesso e na manipulação dos
instrumentos, por parte dos estudantes, que mesmo dispondo de laboratório
apresentam muitas dificuldades no uso do ambiente. Quanto à organização do
ambiente apreender ainda são necessários a criação de espaços mais dinâmicos e que
possam ser usados coletivamente. O espaço do cafezinho, fórum livre, parece atender
razoavelmente esta necessidade. Maior número de chats, alguns para grupos menores
deverão ser criados. Ainda faltam espaços para links e vídeos sobre a temática. Talvez
o uso do Blog possa ser interessante. Pode-se criar blogs com a administração
compartilhada entre tutores e estudantes. Enfim, a experiência tem sido boa, mas ainda
nos traz algumas incertezas. A maior das incertezas é: temos estrutura para administrar
o número de turmas e de alunos previstos? Será que os tutores serão remunerados em
dia, para ir até o final do processo, ou eles também viverão a experiência de não
receber o definido em edital? Talvez, esta seja uma das perguntas, quantas mais
teremos. O que sabemos, pela experiência, é que é possível fazer EaD com bons
resultados e depois que começarmos não teremos como interromper o processo, é
muita responsabilidade.
Este é meu PerCurso, que ainda está se construindo. Espero que possamos, ao
final dele, sorrir de satisfação, como fazemos hoje ao final de cada turma presencial.