85
ANÁLISE GENÉTICA E COMPARAÇÃO DE MODELOS POR INFERÊNCIA BAYESIANA E FREQUENTISTA EM CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO DE BOVINOS DA RAÇA TABAPUÃ DO ESTADO DA BAHIA Bárbara Machado Campos 2013

ANÁLISE GENÉTICA E COMPARAÇÃO DE MODELOS POR … · Prof. Dr. Paulo Roberto Antunes de Mello Affonso – UESB Data de realização: 22 de fevereiro de 2013. ii ... Aos meus irmãos

  • Upload
    lethu

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • ANLISE GENTICA E COMPARAO DE MODELOS

    POR INFERNCIA BAYESIANA E FREQUENTISTA EM

    CARACTERSTICAS DE CRESCIMENTO DE BOVINOS

    DA RAA TABAPU DO ESTADO DA BAHIA

    Brbara Machado Campos

    2013

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ZOOTECNIA

    ANLISE GENTICA E COMPARAO DE MODELOS

    POR INFERNCIA BAYESIANA E FREQUENTISTA EM

    CARACTERSTICAS DE CRESCIMENTO DE BOVINOS

    DA RAA TABAPU DO ESTADO DA BAHIA

    Autor: Brbara Machado Campos

    Orientador: Paulo Luiz Souza Carneiro

    ITAPETINGA

    BAHIA BRASIL

    Fevereiro de 2013

  • BRBARA MACHADO CAMPOS

    ANLISE GENTICA E COMPARAO DE MODELOS POR

    INFERNCIA BAYESIANA E FREQUENTISTA EM

    CARACTERSTICAS DE CRESCIMENTO DE BOVINOS DA

    RAA TABAPU DO ESTADO DA BAHIA

    Dissertao apresentada, como parte das

    exigncias para obteno do ttulo de

    MESTRE EM ZOOTECNIA, no

    Programa de Ps-Graduao em

    Zootecnia da Universidade Estadual do

    Sudoeste da Bahia.

    Orientador: Prof. DSc. Paulo Luiz Souza Carneiro

    Co-orientadores: Prof. DSc. Fabyano Fonseca e Silva

    Prof. DSc. Carlos Henrique Mendes Malhado

    ITAPETINGA

    BAHIA BRASIL

    Fevereiro de 2013

  • Ficha Catalogrfica Preparada pela Biblioteca da UESB, Campus de Itapetinga

    Campos, Brbara Machado.

    C21 Anlise gentica e comparao de modelos por inferncia bayesiana e

    frequentista em caractersticas de crescimento de bovinos da raa Tabapu

    no Estado da Bahia/Brbara Machado Campos.- Jequi, 2013.

    84 f: il.; 30cm. (Anexos)

    Dissertao (Mestrado-Programa de ps-graduao em Zootecnia) -

    Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2013. Orientador: Prof. Dr.

    Paulo Luiz Souza Carneiro.

    1. Zootecnia Ganho gentico em bovinos de raa tabapu 2. Criao de

    bovinos Interferncia bayesiana 3. Criao de bovinos Metodologia

    REML I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia II. Ttulo.

    CDD 636.0824

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ZOOTECNIA PPZ

    rea de Concentrao: Produo de Ruminantes

    DECLARAO DE APROVAO

    Ttulo: Anlise gentica e comparao de modelos por inferncia

    bayesiana e frequentista em caractersticas de crescimento de bovinos da

    raa Tabapu do estado da Bahia.

    Autor (a): Brbara Machado Campos

    Orientador (a): Prof. DSc. Paulo Luiz Souza Carneiro

    Co-orientador (a): Prof. DSc. Carlos Henrique Mendes Malhado

    Prof. DSc. Fabyano Fonseca e Silva

    Aprovada como parte das exigncias para obteno do Ttulo de MESTRE

    EM ZOOTECNIA, REA DE CONCENTRAO: PRODUO DE

    RUMINANTES, pela Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Paulo Luiz Souza Carneiro UESB

    Orientador

    Orientador

    Prof. Dr. Amauri Arias Wenceslau UESC

    Prof. Dr. Paulo Roberto Antunes de Mello Affonso UESB

    Data de realizao: 22 de fevereiro de 2013.

  • ii

    Acreditar...

    Tudo tem seu tempo determinado e h tempo para

    todo o propsito debaixo do cu. Esperei no Senhor, me

    animei e me fortaleci, pois Deus meu refgio e

    fortaleza, socorro bem presente na angstia.

    No temi mal algum, porque Ele sempre esteve

    comigo desde a minha mocidade; por Ele tenho sido

    sustentada desde o ventre.

    Tive esperana e aguardei em silncio o trabalhar de

    Deus.

    Lancei meu po sobre as guas na esperana de que

    depois o acharias, pois o cajado de meu Deus me

    sustentava.

    Bblia Sagrada

  • iii

    Aos meus pais Jakson Cavalcante Campos e Joselita

    Machado dos Santos, por tudo aquilo que sou;

    Aos meus irmos Bruno Machado Campos e Bianca

    Machado Campos, pela cumplicidade e amizade;

    minha famlia como um todo, em especial, quela

    que estendeu a mo para mim e para minha famlia no

    momento em que mais precisvamos. Esta conquista

    devo tambm a vocs!

    Ao professor orientador Paulo Luiz Souza Carneiro,

    pela pacincia, generosidade, amizade e pelo exemplo

    profissional.

    Dedico e ofereo

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    vida concedida por Deus;

    Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB e ao Curso de Ps-

    Graduao em Zootecnia;

    Ao professor DSc. Paulo Luiz Souza Carneiro, pela orientao, oportunidades,

    otimismo e apoio para realizao deste trabalho;

    Ao professor DSc. Carlos Henrique Mendes Malhado, pela ajuda constante

    durante toda a realizao da pesquisa;

    Ao professor DSc. Fabyano Fonseca e Silva, pela disponibilidade em receber-me

    no Departamento de Estatstica da Universidade Federal de Viosa, para que pudesse

    aprender e realizar minhas anlises;

    Aos amigos, Diego Pagung Ambrosini e Aracele Prates, pela ajuda e

    conhecimento concedidos;

    Aos amigos de mestrado, Lgia Lins (pelos conselhos e amizade), Marcela

    Ramos (pelo companheirismo e afeto), Vanius, Henrique, Jlio Jaat, Eva Clcia, Jos

    Lauro, Jarbas Correa, Fernando, Mrio, Andrea, pelos momentos de estudo, risos e

    pelas conversas compartilhadas da vida;

    s amigas, Carla (pelos momentos to descontrados) e Lorena Muniz, por toda

    ajuda desde minha chegada Jequi e pela sua amizade sincera e aconchegante

    presentes at hoje;

    Ao prncipe amigo, Vanderley, pelo carinho, companheirismo e, principalmente,

    por doar-me a sua famlia to amada e querida!

    s minhas primas queridas, Marina Borges, Marlia Borges, Mnica Borges,

    Cristiane, Rosimira Amaral, Rosimeire Amaral, Euclsio Amaral e sua esposa (pelo

    apoio me dado em Jequi);

    s minhas tias, em especial, Maria Borges, Ins Machado, Rosalva Machado,

    Eunice Bahia, Rosalia Amaral e Zizi;

    s minhas avs, Rosimira Borges e Dair Arajo (in memorian);

    FAPESB, pela concesso da bolsa, permitindo minha permanncia no

    programa de Ps-Graduao.

  • v

    BIOGRAFIA

    BRBARA MACHADO CAMPOS, filha de Jakson Cavalcante Campos e

    Joselita Machado dos Santos, nasceu em Salvador, Bahia, no dia 28 de julho de 1987.

    Em 2005, concluiu o ensino mdio no colgio Centro Integrado de Educao

    Navarro de Brito CIENB.

    Em 2010, graduou-se em Zootecnia (Bacharelado) pela Universidade Federal do

    Recncavo da Bahia UFRB, Campus de Cruz das Almas BA.

    Em maro de 2011, iniciou o curso de Ps-Graduao em Zootecnia Mestrado

    em Zootecnia, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, rea de

    Concentrao em Produo de Ruminantes, dedicando-se rea de Gentica e

    Melhoramento Animal.

  • vi

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS................................................................................................. vii

    LISTA DE TABELAS................................................................................................. ix

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................

    xi

    RESUMO ....................................................................................................................

    xii

    ABSTRACT................................................................................................................ xiii

    1 INTRODUO GERAL......................................................................................

    2 OBJETIVO GERAL..............................................................................................

    2.1.Objetivos especficos...................................................................................

    01

    03

    03

    I REFERENCIAL TERICO..................................................................................

    1.Introduo.......................................................................................................

    04

    04

    1.1.Mtodo da mxima verossimilhana restrita REML................................. 04

    1.2. Mtodo bayesiano.......................................................................................

    1.2.1.Teorema de Bayes................................................................................

    1.3.Mtodos de simulao de Monte Carlo via cadeias de Markov

    (MCMC)......................................................................................................................

    1.3.1.Algortmo de amostragem de Gibbs (Gibbs Sampling).......................

    1.4.Distribuio a priori.....................................................................................

    1.5.Distribuio a posteriori...............................................................................

    1.6.Diagnstico de convergncia.......................................................................

    05

    06

    08

    08

    09

    10

    11

    1.7.Fator de Bayes..................................................................................... 12

    1.8.Critrio de informao da deviance (DIC)................................................... 13

    II MATERIAL E MTODOS................................................................................. 14

    III- RESULTADOS E DISCUSSO......................................................................... 23

    IV- CONCLUSES................................................................................................... 56

    V- REFERNCIAS.................................................................................................... 57

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    FIGURA 1. Mdias, desvio padro e grficos de trao dos componentes de (co)

    varincia versus ciclos Cadeia de Markov, do peso P205 dias para

    varincia gentica aditiva (A), covarincia entre o efeito gentico e

    materno (B), varincia materna (C), varincia do efeito permanente (D),

    varincia ambiental (E), varincia fenotpica (F).....................................

    24

    FIGURA 2. Mdias, desvio padro e grficos de trao dos componentes de (co)

    varincia versus ciclos Cadeia de Markov, do P365 dias para varincia

    gentica aditiva (A), covarincia entre o efeito gentico e materno (B),

    varincia materna (C), varincia do efeito permanente (D), varincia

    ambiental (E), varincia fenotpica (F).....................................................

    25

    FIGURA 3. Mdias, desvio padro e grficos de trao dos componentes de (co)

    varincia versus ciclos Cadeia de Markov para P550 dias para varincia

    gentica aditiva (A), varincia ambiental (B), varincia fenotpica

    (F)...............................................................................................................

    26

    FIGURA 4. Distribuio das densidades posteriores mdias do peso aos 205 dias

    para Va= varincia gentica aditiva, Cam= covarincia entre o efeito

    gentico e materno, Vm= varincia materna, Vep= varincia do efeito

    permanente, Ve= varincia ambiental, Vp= varincia fenotpica, ha=

    herdabilidade direta, hm= herdabilidade materna e rGam= correlao

    entre o efeito gentico e materno...............................................................

    27

    FIGURA 5. Distribuio das densidades posteriores mdias do peso aos 365 dias

    para Va= varincia gentica aditiva, Cam= covarincia entre o efeito

    gentico e materno, Vm= varincia materna, Vep= varincia do efeito

    permanente, Ve= varincia ambiental, Vp= varincia fenotpica, ha=

    herdabilidade direta, hm= herdabilidade materna e rGam= correlao

    entre o efeito gentico e materno...............................................................

    28

    FIGURA 6. Distribuio das densidades posteriores mdias do peso aos 550 dias

    para Va= varincia gentica aditiva, Ve= varincia ambiental, Vp=

    varincia fenotpica, ha= herdabilidade direta...........................................

    29

  • viii

    FIGURA 7. Proporo dos componentes de varincia: va= varincia aditiva direta;

    vm= varincia materna; vep= varincia do efeito permanente e ve=

    varincia residual do Modelo 1; va= varincias aditiva direta; vm=

    varincia meterna e ve= varincia residualdo Modelo 2 e va= varincia

    adititva direta e ve= varincia residual d Modelo 3 para caractersticas

    de pesos aos 205, 365 e 550 dias de idade................................................

    32

    FIGURA 8. Tendncia gentica para a caracterstica P205 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana...............................................................................

    46

    FIGURA 9. Tendncia gentica para a caracterstica P365 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana.................................................................................

    47

    FIGURA 10. Tendncia gentica para a caracterstica P550 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana.................................................................................

    48

    FIGURA11. Tendncia materna para a caracterstica P205 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana.................................................................................

    49

    FIGURA 12. Tendncia materna para a caracterstica P365 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana.................................................................................

    50

    FIGURA 13. Tendncia fenotpica para a caracterstica P205 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana.................................................................................

    51

    FIGURA 14. Tendncia fenotpica para a caracterstica P365 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana................................................................................

    52

    FIGURA 15. Tendncia fenotpica para a caracterstica P550 em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia, perodo de 1975 a 2010, por meio da

    inferncia bayesiana.................................................................................

    53

  • ix

    LISTA DE TABELAS

    Pgina

    TABELA 1. Nmero de observaes e nmero de grupos contemporneos (GC)

    para os pesos ajustados aos 205 (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias

    de idade em bovinos da raa Tabapu no estado da Bahia.................

    14

    TABELA 2. Definio do nmero total de iteraes, descarte e salvamento para as

    caractersticas de crescimento aps teste de convergncia pelo critrio

    de Raftery e Lewis...................................................................................

    20

    TABELA 3. Estatsticas descritivas para os pesos ajustados aos 205 (P205), 365

    (P365) e 550 (P550) dias de idade em bovinos da raa Tabapu do

    estado da Bahia.......................................................................................

    23

    TABELA 4. Valores de FB - Fator de Bayes e DIC Critrio de Informao da

    Deviance para os pesos P205, P365 e P550 dias de idade de animais

    da raa Tabapu do estado da Bahia......................................................

    30

    TABELA 5.

    Estimativas dos componentes de (co) varincia, herdabilidades diretas

    e maternas dos pesos ajustados aos 205 (P205), 365 (P365) e 550

    (P550) dias de idade para os diferentes tipos de modelos estatsticos

    em bovinos da raa Tabapu no estado da Bahia.................................

    34

    TABELA 6. Correlaes de ranking entre os valores genticos dos animais para os

    modelos M1 e M3....................................................................................

    36

    TABELA 7. Posicionamento dos 10 melhores animais no arquivo geral em funo

    dos modelos utilizados...........................................................................

    37

    TABELA 8. Estimativas dos componentes de (co) varincia dos pesos ajustados aos

    205 (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias de idade, em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia pelo mtodo bayesiano..............................

    38

    TABELA 9. Estimativas dos parmetros genticos dos pesos ajustados aos 205

    (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias de idade, em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia pelo mtodo frequentista............................

    40

    TABELA 10. Estimativas dos parmetros genticos dos pesos ajustados aos 205

    (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias de idade, em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia pelo mtodo bayesiano...........................

    44

  • x

    TABELA 11. Equaes de regresso para os efeitos gentico, materno e fenotpico

    para os pesos aos 205 (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias de idade,

    utilizando duas metodologias para estimao dos valores genticos:

    GIBBS3F90 e MTDFREML em bovinos da raa Tabapu no estado da

    Bahia..........................................................................................................

    54

    TABELA 12. Estimativas das correlaes de Pearson dos valores genticos entre os

    mtodos REML e Bayesiano em caractersticas de crescimento de

    animais da raa Tabapu do estado da Bahia......................................

    55

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABCZ - Associao Brasileira de Criadores de Zebu

    MTDFREML - Multiple Trait Derivate-Free Restricted Maximum Likelihood (Mxima

    Verossimilhana Restrita para caractersticas mltiplas)

    REML- Restricted Maximum Likelihood (Mtodo da Mxima Verossimilhana

    Restrita)

    GIBBS3F90 Gibbs Fortran

    FB- Factor de Bayes (Fator de Bayes)

    DIC- Deviance Information Criterion (Critrio de Informao do Desvio)

    BLUP - Best Linear Unbiased Prediction (Melhor Preditor Linear no viesado)

    MCMC- Markov Chain Monte Carlo (Cadeia de Markov Monte Carlo)

    P205 peso padronizado aos 205 dias de idade

    P365 - peso padronizado aos 365 dias de idade

    P550 - peso padronizado aos 550 dias de idade

    M1 efeito gentico aditivo direto e materno, efeito de ambiente permanente e residual

    (modelo completo).

    M2 efeito gentico aditivo direto e materno e residual.

    M3- efeito gentico aditivo direto e residual

  • xii

    RESUMO

    CAMPOS, B.M. Anlise gentica e comparao de modelos por inferncia

    bayesiana e frequentista em caractersticas de crescimento de bovinos da raa

    Tabapu do estado da Bahia. Itapetinga, BA: UESB, 2012. (84 p.) (Dissertao

    Mestrado em Zootecnia, rea de concentrao em Produo de Ruminantes).*

    Objetivou-se estimar componentes de (co) varincia, parmetros genticos e

    valores genticos para os pesos ajustados aos 205 (P205), 365 (P365), 550 (P550) dias

    de idade, pelos mtodos de Mxima Verossimilhana Restrita (REML) e bayesiano, a

    fim de avaliar as propriedades das estimativas obtidas por ambas as metodologias, alm

    de comparar modelos com os efeitos diretos e maternos em animais de raa Tabapu no

    estado da Bahia, criados a pasto. Foram utilizadas informaes de 45.281 animais no

    perodo entre 1975 a 2010, provenientes do controle de desenvolvimento ponderal da

    Associao Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). O modelo utilizado para

    comparao das metodologias considerou para os pesos aos 205 e 365 dias de idade os

    efeitos aleatrios genticos diretos e maternos e de ambiente permanente, alm do efeito

    de grupo contemporneo (GC) e a covarivel idade da vaca ao parto (efeito linear e

    quadrtico). Para P550, foram considerados os mesmos efeitos, porm, apenas no se

    considerou o efeito gentico materno. As estimativas das tendncias genticas, maternas e fenotpicas para as caractersticas foram obtidas pela regresso linear ponderada da

    mdia da varivel dependente (valores genticos e pesos observados) sobre o ano de

    nascimento. As herdabilidades diretas foram iguais a 0,41 0,04 (P205); 0,56 0,06

    (P365) e 0,32 0,02 (P550) pelo mtodo REML e 0,33 0,03 (P205); 0,43 0,04

    (P365) e 0,32 0,02 (P550) pelo mtodo bayesiano. As herdabilidades maternas foram:

    0,15 0,02 (P205) e 0,14 0,02 (P365) e 0,17 0,03 (P205) e 0,18 0,03 (P365),

    pelas metodologias REML e bayesiana, respectivamente. As correlaes genticas entre

    os efeitos aditivos diretos e maternos foram consideradas altas e negativas para ambos

    os mtodos. Os resultados obtidos para as tendncias genticas diretas indicam ganhos

    genticos ao longo dos anos das caractersticas de crescimento. Entretanto, ficou

    evidenciada uma perda significativa para as tendncias maternas de at 9,4 kg para

    (P205) e 7,4 kg para (P365). O progresso fenotpico observado para o peso aos 205 dias

    revela melhoria com o decorrer dos anos, sendo verificados ganhos fenotpicos anuais

    significativos. Em relao aos critrios de modelos, apresentou os melhores resultados

    aquele que considerou o efeito materno e de ambiente permanente. Os resultados

    demonstram que o mtodo bayesiano proporciona estimativas semelhantes s

    disponibilizadas pela metodologia de mxima verossimilhana restrita, tanto para os

    componentes de (co) varincia quanto para os valores genticos e que os efeitos

    maternos devem ser includos nas anlises de avaliao gentica em animais da raa

    Tabapu do estado da Bahia.

    Palavras-chave: ganho gentico, inferncia bayesiana, parmetros genticos, reml,

    tabapu

    *Orientador: Paulo Luiz Souza Carneiro, D.Sc., UESB e Co-orientadores: Carlos Henrique Malhado,

    D.Sc., UESB e Fabyano Fonsceca e Silva, D.Sc., UFV.

  • xiii

    ABSTRACT

    CAMPOS, B.M. frequentist and bayesian approach in genetic analysis and

    comparison of models for growth traits in cattle Tabapu the state of Bahia.

    Itapetinga-BA: UESB, 2013. 84f. (Dissertation Master's Degree in Animal Science,

    Area of Concentration in Ruminant Production).*

    The goal of this study was estimate (co) variance components, genetic

    parameters and genetic values for the weights adjusted to 205 (P205), 365 (P365), 550

    (P550) days of age, by the method of Restricted Maximum Likelihood (REML) and

    bayesian method, in order to evaluate properties of estimates obtained by both

    methodologies and compare models with direct and maternal effects in animals of

    Tabapu breed in Bahia State raised on pasture. The model used for methodology

    comparison considered that, for the weights at 205 and 365 days of age, effects are

    random, direct and maternal, beyond the effect of contemporary group (CG), and the

    covariate cow age at calving (linear and quadratic effect). For P550 were considered the

    same effects, however, was not considered the maternal genetic effect. Estimates of

    genetic, maternal and phenotypic trend for all traits were obtained by linear regression

    weighted of average of the dependent variable (genetic values and observed weights) on

    the year of birth. The direct heritabilities were equals to 0.41 0.04 (P205), 0.56 0.06

    (P365) and 0.32 0.02 (P550) by REML method and 0.33 0.03 ( P205), 0.43 0.04

    (P365) and 0.32 0.02 (P550) by Bayesian method. The maternal heritabilities were

    0.15 0.02 (P205) and 0.14 0.02 (P365) and 0.17 0.03 (P205) and 0.18 0.03

    (P365), by the REML and Bayesian methodologies, respectively. Genetic correlations

    between the additive direct and maternal effects were considered high and negative for

    both methods. The results obtained for the genetic direct trends indicate genetic gains

    over the years of growth traits. However, was evidenced a significant loss for maternal

    trends up to 9.4 kg (P205) and 7.4 kg (P365) during the 35 year of study. The

    phenotypic progress observed for (P205) shows improvement over the course of years,

    being found phenotypic gains significants annually. Concerning the criteria of models,

    which showed the best results was the who considered the maternal effect and

    permanent environment. The results demonstrate that the Bayesian method provides

    estimations methodologies similar to that provided by the restricted maximum

    likelihood method, both for the (co)variance and for the genetic values, and that

    maternal effects must be included in the analysis for genetic evaluation of animals breed

    Tabapu in the Bahia State.

    Keywords: genetic gains, bayesian inference, genetic parameters, reml, tabapu

    _________________________

    *Adviser: Paulo Luiz Souza Carneiro, D.Sc., UESB and Co-advisor: Carlos Henrique Mendes Malhado,

    D.Sc., UESB and Fabyano Fonsceca e Silva, D.Sc., UFV.

  • 1

    1 INTRODUO GERAL

    O Brasil possui um dos maiores rebanhos comerciais de bovinos do mundo,

    sendo que a maioria dos animais destinada produo de carne. Este comrcio faz

    parte de uma das mais importantes cadeias produtivas do pas, responsvel pela maioria

    das exportaes nacionais com predominncia de animais de raas zebunas, que

    compem cerca de 80% do rebanho bovino.

    As melhorias nas reas de gentica, nutrio, sanidade e manejo tm contribudo

    para um aumento na eficincia produtiva das propriedades rurais. No entanto, algumas

    regies do pas, como o Nordeste, tm ainda baixa produtividade, devido s limitaes

    edafoclimticas e poucos trabalhos de pesquisa, principalmente na rea de

    melhoramento. Dessa forma, torna-se necessrio um conjunto de aes, com

    investimentos em melhoramento gentico e ambiental, para obteno de um produto de

    qualidade com menor custo possvel, visando aumentar a eficincia produtiva.

    Em um programa de melhoramento gentico animal, um dos objetivos mais

    importantes identificar gentipos que apresentem desempenho favorvel nos

    ambientes escolhidos para criao e indicar os acasalamentos, aumentando a

    produtividade de forma permanente e cumulativa atravs do ganho gentico. Assim, a

    eficincia da seleo depende da correta identificao e utilizao de animais

    geneticamente superiores para as caractersticas economicamente importantes, tais

    como as de desenvolvimento ponderal.

    Na prtica, a identificao dos gentipos superiores particularmente difcil,

    porque o mrito gentico de um animal no mensurvel diretamente, mas predito

    mediante outras informaes, como as medidas das caractersticas e as informaes

    sobre a genealogia. Basicamente, deve-se selecionar indivduos que sero utilizados

    como pais da prxima gerao, escolher o sistema de acasalamento e introduzir novo

    material gentico (variabilidade gentica). Estas alternativas tm por objetivo aumentar

    a frequncia dos genes desejveis e obter combinaes gnicas favorveis.

    Depois de implantado, o programa de melhoramento deve ser periodicamente

    avaliado e acompanhado. Uma das maneiras de realizar um acompanhamento por

  • 2

    meio do conhecimento de parmetros genticos e de estimativas de mudana gentica,

    importantes para nortear os programas de melhoramento e orientar tomadas de decises

    futuras.

    Para a obteno dos parmetros e valores genticos dos animais, necessrio

    estimar os componentes de varincia da populao. A obteno dessas estimativas

    acuradas essencial para identificar um mtodo estatstico adequado e que melhor

    reflita o comportamento biolgico das caractersticas em estudo. Nesse contexto, vrios

    procedimentos de estimao dos componentes de varincia j foram propostos para

    aplicao no melhoramento animal.

    O mtodo da mxima verossimilhana restrita tem sido comumente escolhido

    pelos melhoristas para estimao dos componentes de varincia e predio dos valores

    genticos atravs do programa MTDFREML. O uso dos mtodos frequentista permite

    somente obter estimativas pontuais da varincia gentica. No entanto, a inferncia

    bayesiana aparece como uma alternativa de grande flexibilidade, pois sua aplicao em

    anlises genticas permite a obteno de densidades posteriores dos parmetros

    estudados em uma amostra determinada e pode ser utilizada tanto em pequenos ou

    grandes conjuntos de dados e, tambm, em modelos mais complexos, no sendo

    necessrio o conhecimento da distribuio inicial do parmetro que se deseja estimar.

    Por sua vez, a escola frequentista gera um valor estimado e um intervalo de confiana,

    podendo oferecer distribuies apenas quando se repetir, por infinitas vezes, o

    experimento.

    O aumento na preciso das estimativas proporcional ao nmero de parmetros

    considerados nas anlises. Quanto maior o nmero de parmetros, maior ser a

    complexidade dos modelos e, assim, a inferncia bayesiana vem como metodologia

    alternativa para anlise dos dados em melhoramento animal. Avaliar as diferenas entre

    modelos de fundamental importncia para que se possa realizar estimativas adequadas

    e usar essas informaes nas avaliaes genticas. Com o avano de processamento dos

    atuais computadores e o desenvolvimento de novos softwares, modelos mais complexos

    puderam ser simultaneamente ajustados aos dados em diversas anlises.

    Objetivou-se neste estudo comparar parmetros genticos e tendncias genticas,

    maternas e fenotpicas, utilizando o mtodo da mxima verossimilhana restrita livre de

    derivadas, via MTDFREML, e o mtodo bayesiano, via GIBBS3F90, e identificar o

  • 3

    melhor ajuste de modelo em caractersticas produtivas de animais da raa Tabapu do

    estado da Bahia.

    2 OBJETIVO GERAL

    Utilizar a metodologia bayesiana e frequentista em avaliao gentica e

    comparar modelos em caractersticas de desenvolvimento ponderal de bovinos da raa

    Tabapu do estado da Bahia.

    2.1 Objetivos especficos

    Estimar os parmetros genticos para os pesos ajustados aos 205, 365 e 550 dias

    de idade, para a raa Tabapu do estado da Bahia, e compar-los por meio da inferncia

    e bayesiana e frequentista;

    Estimar tendncias genticas, maternas e fenotpicas para as caractersticas

    citadas da raa Tabapu, em diferentes perodos, por meio da inferncia bayesiana e

    frenquentista;

    Estimar os coeficientes de correlaes genticas entre os mtodos frequentista e

    bayesiano para as caractersticas citadas da raa Tabapu;

    Utilizar critrios de modelagem para comparao de modelos, a fim de

    identificar o melhor ajuste de representao dos dados;

    Correlacionar a classificao dos animais para o modelo com efeito materno e sem

    o efeito materno.

  • 4

    I - REFERENCIAL TERICO

    1 INTRODUO

    1.1 Mtodo da mxima verossimilhana restrita REML

    No melhoramento animal, os mtodos utilizados na estimao de componentes

    de (co)varincia e parmetros genticos so imprescindveis nas avaliaes genticas.

    Esses mtodos tm sido cada vez mais importantes na pecuria de corte com a

    utilizao de valores genticos na seleo de reprodutores e matrizes. No entanto, os

    componentes de varincia, necessrios para a obteno dos valores genticos, precisam

    ser estimados de forma acurada para que as diferenas entre o valor predito e o

    verdadeiro sejam minimizadas (FARIA et al., 2008).

    Dessa maneira, a aplicao de mtodos que possibilitem maximizar a acurcia

    das estimativas dos componentes de varincia de extrema importncia. A partir da

    dcada de 80, as avaliaes genticas comearam a ser realizadas utilizando-se a teoria

    dos modelos mistos Henderson (1973), para a obteno do melhor preditor linear no

    viesado (best linear unbiased prediction BLUP). Essa metodologia tem como

    principal caracterstica a estimao dos efeitos fixos e dos efeitos aleatrios. Isso

    possibilitou a realizao de avaliaes genticas em grande escala, considerando

    informaes de animais em rebanhos, regies e mesmo pases diferentes.

    Porm, essa metodologia pressupe que os componentes de varincia sejam

    conhecidos, o que raramente ocorre na prtica. Quando tais componentes so

    desconhecidos, utiliza-se como estratgia de anlise a substituio dos valores

    paramtricos dos componentes de varincia por estimativas de mxima verossimilhana

    restrita (REML), com procedimentos que permitem obter o BLUP.

    Atualmente, a Mxima Verossimilhana Restrita REML Partteson &

    Thompson (1971) o mtodo de escolha para estimao dos componentes de varincia

    pela disponibilidade de programas computacionais como Multiple Trait Derivate-Free

    Restricted Maximum Likelihood - MTDFREML (Boldaman et al., 1995). Essa

    metodologia tem como principal caracterstica a estimao dos efeitos fixos e dos

    efeitos aleatrios de maneira que a funo densidade de probabilidade das observaes

  • 5

    dada pela soma das funes densidade de probabilidade de cada parte. Alm disso,

    permite a incluso das informaes da matriz de parentesco, possibilitando a realizao

    de avaliaes genticas em grande escala (ALBUQUERQUE et al., 2011) e avaliao

    para caractersticas mltiplas em modelos com dois ou mais fatores aleatrios

    (BARBOSA, 2007).

    Os resultados da estimao de componentes de varincia por este mtodo so

    pontuais, ou seja, o valor do parmetro que se quer estimar um valor fixo determinado

    e no permitem que outras inferncias sejam realizadas. Alm disso, propicia apenas

    intervalos de confiana, aproximados para os componentes de varincia, atravs do uso

    de aproximaes de tendncia normalidade (GIANOLA et al., 1990).

    1.2 Mtodo bayesiano

    A teoria bayesiana baseia-se nos mtodos de probabilidade dos trabalhos

    desenvolvidos pelo padre Thomas Bayes (1763), atravs do teorema de BAYES. Porm,

    somente a partir do incio da dcada de 80 que a inferncia bayesiana reapareceu,

    motivada pelo desenvolvimento computacional.

    Os mtodos bayesianos baseiam-se no ajustamento de um modelo probabilstico

    a um conjunto de observaes, resumindo os resultados numa distribuio de

    probabilidade atribuda aos parmetros do modelo (inferncia) ou a dados no

    observados (predio). Em outras palavras, ela baseia-se no conhecimento da

    distribuio a priori dos parmetros genticos e possibilita a construo de medidas de

    credibilidade exatas para as estimativas dos parmetros genticos em uma amostra

    determinada. O grau de credibilidade depende do estado inicial do conhecimento de

    quem define essa probabilidade, refletindo-se numa distribuio a priori de

    probabilidade.

    Num modelo bayesiano, todos os dados desconhecidos so tratados como

    variveis aleatrias, no existindo distino fundamental entre variveis e parmetros

    (BLASCO, 2001; TORRES et al., 2007). Este modelo consiste na distribuio conjunta

    de todos os dados conhecidos e desconhecidos. Ento, condicionando os parmetros em

    relao s observaes (dados), obtemos a distribuio posterior dos parmetros e dos

    dados desconhecidos. Esta distribuio posterior o resultado da inferncia bayesiana

  • 6

    que, em geral, no pode ser obtida de uma forma exata, devido s integraes

    envolvidas.

    1.2.1 Teorema de Bayes

    A inferncia bayesiana visa descrever a incerteza sobre o verdadeiro valor de

    alguns parmetros, utilizando a probabilidade como uma medida desta incerteza. Isso

    possvel graas ao Teorema de Bayes, o qual consiste em uma informao a priori, a

    respeito dos parmetros de uma funo de verossimilhana dos dados, e do clculo da

    distribuio e probabilidade a posteriori, para os parmetros que se apresentam dentro

    de certos limites.

    O teorema de Bayes uma forma matemtica de resumir toda a informao

    disponvel sobre um determinado evento, com a finalidade de realizar a melhor deciso

    possvel. A incerteza acerca dos parmetros expressa atravs de uma funo

    densidade de probabilidade para estes parmetros, dadas as observaes, p(|y). Pela

    definio de probabilidade condicional:

    Em que:

    a distribuio posterior dos parmetros, dadas as observaes;

    a distribuio conjunta dos parmetros e das observaes;

    a distribuio marginal das observaes.

    De acordo com a teoria das probabilidades, sabe-se que:

  • 7

    Em que:

    a distribuio das observaes, dados os parmetros (verosimilhana);

    a distribuio a priori dos parmetros.

    Pelo teorema de Bayes (1763):

    Dessa forma, a densidade posterior dos parmetros pode ser calculada

    atravs da verossimilhana , a distribuio a priori dos parmetros e a

    distribuio marginal das observaes .

    Como a distribuio marginal das observaes constante (no depende dos

    parmetros ), a densidade a posteriori pode ser dada por:

    A densidade posterior dos parmetros proporcional ao produto da densidade a

    priori e a funo de verosimilhana. A distribuio a priori construda com base na

    credibilidade acerca dos parmetros ou a partir de resultados experimentais

    antecedentes. A verosimilhana a funo densidade de probabilidade das observaes,

    dados os parmetros desconhecidos.

    De acordo com Resende (2000), a ideia do teorema de Bayes combinar a

    informao a priori com a informao proveniente dos dados amostrais, ou seja,

    combinar a distribuio a priori e a funo de verossimilhana, originando a

    distribuio a posteriori e tentar medir o grau de incerteza que se tem sobre a ocorrncia

    de um determinado evento amostral. A funo de verossimilhana formaliza a

    contribuio dos dados amostrais para o conhecimento sobre o vetor do parmetro, visto

    que a mesma conecta a distribuio a priori distribuio a posteriori.

  • 8

    1.3 Mtodo de simulao de Monte Carlo via cadeias de Markov (MCMC)

    um mtodo de simulao estocstica que permite, na anlise bayesiana, a

    estimao de integrais mltiplas que, muitas vezes, requerem a utilizao de mtodos

    numricos no praticveis (SORENSEN, 1996). A ideia bsica na simulao de cadeias

    de Markov gerar um processo Markoviano no espao paramtrico at convergir numa

    distribuio estacionria, neste caso, a distribuio marginal posterior. Esta

    considerada uma amostra aproximada da distribuio alvo definida. A partir desta

    distribuio posterior, pode-se obter estimativas dos parmetros, como, por exemplo, a

    mdia, a mediana, a moda, o desvio-padro e percentis.

    Os mtodos MCMC so computacionalmente intensivos, nos quais uma cadeia

    estocstica dos valores dos parmetros gerada. Aps um nmero conveniente de

    iteraes, chamado burn in, os valores desta cadeia assume-se serem amostras de uma

    distribuio de probabilidade especfica. Essas cadeias podem ser construdas de vrias

    formas, nomeadamente atravs dos mtodos de amostragem de Gibbs, que um mtodo

    de amostragem, cuja finalidade gerar nmeros aleatrios para avaliao de integrais

    (RESENDE, 2000).

    1.3.1 Algortmo de amostragem de Gibbs (Gibbs Sampling)

    A amostragem de Gibbs (Gibbs Sampler) um procedimento de integrao

    numrica (simulao estocstica), usada na estimao das distribuies conjunta e

    marginal de todos os parmetros do modelo, por meio da reamostragem de todas as

    distribuies condicionais da cadeia de Markov (BLASCO, 2001). uma tcnica

    indireta que utiliza processos de aproximao, por meio de amostragem, para gerar

    variveis aleatrias, ou seja, valores esperados para cada parmetro desconhecido no

    modelo. O ciclo para a gerao de cada parmetro , ento, repetido, atualizando, dessa

    forma, as distribuies condicionais. A amostragem converge para uma distribuio

    estacionria (em equilbrio) e os valores amostrados, aps a convergncia, so

    considerados amostras aleatrias da distribuio a posteriori (TASSELL & VLECK,

    1995). medida que o nmero de iteraes aumenta, a cadeia aproxima-se da condio

  • 9

    de equilbrio. Estas distribuies so usadas para estimar os valores dos parmetros

    (COSTA, 2008).

    Normalmente, a amostragem inicial baseada na distribuio a priori fornecida

    e ocorre fora da distribuio real dos parmetros. Por isso, um nmero significativo de

    iteraes deve ser descartado antes da retirada das amostras a serem consideradas na

    inferncia. Este perodo de descarte inicial chamado de burn-in e tem por objetivo

    fazer com que o amostrador distancie-se da priori e atinja uma distribuio estacionria

    do parmetro (TASSELL & VLECK, 1995). Tal descarte impossibilita dependncia das

    amostras, uma vez que naturalmente as amostras sucessivas so correlacionadas entre si

    (RESENDE, 2000).

    Dessa forma, num processo de Amostragem de Gibbs, o nmero total de

    iteraes determinado a partir do nmero de iteraes, necessrias para a

    convergncia, do nmero de iteraes descartadas entre cada amostra utilizada nos

    clculos e do nmero total de amostras que se deseja para as aproximaes de Monte

    Carlo.

    1.4 Distribuio a priori

    A informao inicial ou priori o tipo de informao que existe antes de se

    realizar um experimento. Normalmente, provm de conhecimentos acumulados acerca

    de experimentos j realizados (RIBEIRO, 2001).

    Como j foi dito anteriormente, a informao a priori sobre os parmetros

    traduzida pela distribuio a priori, a informao amostral pela funo de

    verossimilhana e pela aplicao do teorema de Bayes, dando origem distribuio a

    posteriori, como sendo a expresso completa do conhecimento total sobre o parmetro

    proveniente das duas fontes de informao. Esta ltima mostra como as credibilidades a

    priori so modificadas pela informao proveniente dos dados. Em geral, quanto maior

    for o afastamento entre a distribuio a posteriori e a funo de verossimilhana, maior

    o valor da informao a priori. O papel da informao a priori , desde logo, bastante

    decisivo em todo este processo. A quantidade e a qualidade deste tipo de informao

  • 10

    contribuiro com maior ou menor impacto por parte da distribuio a priori, para a

    determinao da distribuio a posteriori.

    Segundo Nascimento (2011), basicamente, distinguem-se trs situaes, tais

    como: a priori no informativa, a priori pouca informativa (vaga) e a informao a

    priori substancial (informativa). A priori no informativa quando, em determinadas

    situaes, a informao a priori inexistente, ou seja, quando nada se sabe acerca do

    parmetro, considera-se que h ignorncia a priori. A priori pouca informativa

    quando se verifica que a informao amostral de tal forma dominante que a

    distribuio a posteriori, ou seja, praticamente proporcional funo de

    verossimilhana, diz-se que existe informao a priori vaga. E por fim, a priori

    informativa quando se tem total conhecimento do parmetro que se quer estudar.

    De acordo com Resende (2000), a distribuio a priori tem importncia maior

    quando a quantidade (n) de dados experimentais atuais pequena. O autor ainda

    ressalva que, quando se atribui probabilidade zero a priori, significa atribuir zero

    tambm a posteriori, pois, neste caso, sendo a posteriori = a priori x verossimilhana,

    no haver verossimilhana que faa a posteriori diferente de zero.

    A informao a priori pode ser derivada de consideraes tericas ou de anlises

    prvias obtidas em outros experimentos com o mesmo objetivo. Sua influncia sobre a

    distribuio a posteriori se dar por meio da funo de verossimilhana, que conecta a

    priori posteriori, usando, para isso, os dados do experimento e, tambm, considerando

    a expresso de incerteza do pesquisador na distribuio inicial fornecida (RESENDE,

    2000).

    De maneira geral a distribuio a priori o fator que diferencia os resultados

    entre a abordagem clssica e a abordagem bayesiana. De fato, o principal alvo de

    crticas para muitos estatsticos clssicos, que alegam que a informao a priori um

    processo arbitrrio e subjetivo, j que duas anlises com diferentes priores podem ter

    diferentes concluses sobre um mesmo parmetro desconhecido. Por outro lado,

    argumenta que, no contexto bayesiano, a informao a priori realmente subjetiva,

    porm, no arbitrria, e que diferentes graus de incerteza no impedem que duas

    anlises perante os mesmos parmetros tenham a mesma evidncia final (OLIVEIRA,

    2009).

  • 11

    1.5 Distribuio a posteriori

    uma distribuio que descreve completamente a incerteza sobre o parmetro

    aps a observao dos dados, levando em conta a distribuio a priori atravs do

    Teorema de Bayes. Isso representa uma distino importante entre a Inferncia clssica

    e a Bayesiana, visto que, na abordagem clssica, a incerteza sobre o parmetro

    descrita via o clculo exato ou estimao (o que mais comum) do erro padro de um

    estimador pontual (NASCIMENTO, 2009). a partir dela que so feitas as inferncias

    sobre os parmetros e suas devidas interpretaes.

    1.6 Diagnsticos de Convergncia

    A maior dificuldade encontrada atualmente a respeito da convergncia das

    cadeias de Gibbs. Teoricamente, uma cadeia de Markov converge para sua distribuio

    de equilbrio, porm, na prtica, certificar a convergncia de uma cadeia, gerada por um

    Amostrador de Gibbs, no tarefa fcil (WANG et al., 1994). Para que se possa obter

    maior preciso nas anlises, necessrio seguir alguns pr-requisitos para a

    implementao de algoritmo.

    Magnabosco (1997) sugere conhecer as distribuies iniciais, ou seja, a

    especificao dos parmetros que iro determinar a forma das distribuies iniciais para

    cada parmetro estudado, com base no tipo de informao, sendo informativa, no

    informativa ou pouco informativa. Em seguida, deve-se proceder ao descarte amostral

    (burn-in) antes que as amostras produzidas pelo processo iterativo possam ser

    consideradas amostras das distribuies posteriores. Dessa maneira, alm do descarte,

    deve-se proceder tambm o salvamento das amostras (thin), que nada mais que o

    intervalo de utilizao amostral. Sua finalidade evitar a utilizao de amostras

    correlacionadas no processo iterativo. Aps estes dois ltimos passos, possvel obter a

    quantidade total de ciclos gerados no processo iterativo, sendo este intimamente

    relacionado com a convergncia das distribuies posteriores dos parmetros. A

    validade dessas distribuies verificada atravs do erro de Monte Carlo (SORENSEN

    et al., 1994).

  • 12

    De acordo com Tassel & Vleck (1996), o erro de Monte Carlo trata-se de uma

    estatstica associada ao erro de estimao de determinado parmetro, devido ao nmero

    de amostras utilizadas na cadeia, ele estimado atravs do clculo da varincia das

    amostras retiradas para cada componente de (co)varincia e dividindo-se essa varincia

    pelo nmero de amostras. Assim, a raiz quadrada desse valor uma aproximao de

    desvio-padro do erro associado ao tamanho da cadeia de Gibbs.

    Os mtodos, comumente utilizados para diagnosticar a convergncia, so

    aqueles propostos por: Geweke (1992), que se baseia na igualdade de mdias da

    primeira e ltima parte da cadeia; e Raftery & Lewis (1992), que estima quantas

    iteraes so necessrias para que o Amostrador de Gibbs apresente convergncia

    distribuio estacionria, sugerindo tamanho descarte da amostra (burn-in) e salvamento

    de amostras (thin).

    1.7 Fator de Bayes

    Um ponto fundamental nas anlises a escolha do modelo a ser utilizado,

    especialmente, quando preciso decidir entre duas ou mais alternativas. Na inferncia

    Bayesiana, a escolha do modelo , em geral, baseada na distribuio marginal dos

    registros, buscando o modelo que melhor prediz o que foi de fato observado nos dados.

    Normalmente, avalia-se o desempenho global do modelo no ajuste de todos os registros,

    entretanto, em alguns casos, pode ser interessante avaliar o modelo com respeito a um

    subconjunto de observaes, de interesse diferenciado.

    De acordo Cardoso (2008), o Fator de Bayes (FB) uma medida global de ajuste

    dada pela razo entre distribuies marginais dos dados:

    Sejam duas hipteses, H0 sob o modelo M0, conhecida como hiptese nula, e H1

    sob o modelo M1, conhecida como hiptese alternativa:

    As densidades de probabilidades pr(Y|H0) e pr(Y|H1) so as distribuies

    preditivas sob modelo M0 e o modelo M1, respectivamente. Ento:

    H0: hiptese sob modelo M0, e

    H1: hiptese sob o modelo M1.

    Atravs do clculo do FB, possvel verificar qual modelo ajusta-se melhor aos

    dados. O FB definido como:

  • 13

    No h necessidade de os modelos serem aninhados como no teste da razo da

    verossimilhana, mas preciso que todas as especificaes de priores sejam prprias

    para que as comparaes sejam vlidas. Assim, vrias interpretaes acerca deste

    critrio de modelagem, atravs de tabelas de calibragem, so empregadas como, por

    exemplo, a de Kass & Raftery (1995) e a deviance (desvio) do modelo i, baseado no

    estimador dos Fatores de Bayes, que pode ser obtida por (-2 log L) e, neste caso,

    menores valores indicam um melhor ajuste, isto , um menor desvio do modelo

    hipottico de ajuste perfeito (CARDOSO, 2008).

    1.8 Critrio de informao da deviance (DIC)

    O DIC um critrio particularmente usual nos problemas bayesianos de seleo

    de modelos para os quais as amostras da distribuio a posteriori dos parmetros dos

    modelos foram obtidas por simulao de Monte Carlo em Cadeia de Markov (MCMC)

    (CARDOSO, 2008). A finalidade compensar o modelo com menores

    efeitos/parmetros. composto por uma medida de ajuste global a mdia a posteriori

    da deviance - e uma penalizao por complexidade do modelo (nmero efetivo de

    parmetros, pD) a diferena entre a mdia a posteriori da deviance e a deviance,

    baseada na mdia a posteriori dos parmetros do modelo. De acordo com Spiesgelhalter

    et al. (2002), o DIC representado da seguinte maneira:

    Em que,

    o desvio calculado na mdia a posteriori da deviance;

    a penalizao por complexidade do modelo (nmero efetivo de parmetros no

    modelo);

    : diferena de parmetros.

  • 14

    Uma maneira simples de compreenso para identificar o modelo de melhor ajuste

    analisar menores valores de DIC, pois estes so considerados mais adequados, pois

    apresentam ajuste ponderado pelo grau de complexidade.

    II - MATERIAL E MTODOS

    Os dados utilizados foram provenientes de animais do controle de

    desenvolvimento ponderal da raa Tabapu, da Associao Brasileira de Criadores de

    Zebu (ABCZ), criados no estado da Bahia. Foram utilizadas informaes de pedigree de

    bovinos, nascidos no perodo de 1975 a 2010, dados dos pesos ajustados aos 205

    (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias de idade (Tabela 1).

    Tabela 1. Nmero de observaes e nmero de grupos contemporneos (GC) para os

    pesos ajustados aos 205 (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias de idade em

    bovinos da raa Tabapu, no estado da Bahia.

    Caractersticas (Kg) N de observaes N de GC P205 19379 2700

    P365 13887 2084

    P550 12015 1611

    Para edio do banco de dados, anlise descritiva e remoo dos outliers, foi

    utilizado o programa Statistical Analysis Software (SAS).

    3 Softwares para estimao dos componentes de (co)varincia e valores genticos

    Os componentes de (co)varincia, os valores genticos, os parmetros genticos e

    as solues para os efeitos fixos e aleatrios foram estimados atravs do modelo uni-

    caracterstico pelo mtodo REML e bayesiano, utilizando os softwares (MTDFREML-

    Multiple Trait Derivativ Free Restricted Maximum Likelihood), descrito por Boldman et

    al. (1995) e (GIBBS3F90) por Misztal (2012), respectivamente.

  • 15

    3.1 Efeitos fixos

    Para todas as caractersticas estudadas via REML, os efeitos fixos considerados no

    modelo de anlise foram: o grupo de contemporneos e a idade da vaca ao parto (linear

    e quadrtica) como covarivel. Pelo mtodo bayesiano, todos os efeitos so

    considerados como aleatrios.

    3.2 Grupo de contemporneos (GC)

    Com o intuito de agrupar os animais que foram submetidos s condies de

    desenvolvimento semelhantes, foram formados os grupos de contemporneos. As fontes

    de variao consideradas foram: sexo ( ), ano ( , poca de nascimento ( ,

    regime alimentar ( , condio de criao ( , fazenda ( e nmero da fazenda ( ).

    Grupos de contemporneos com menos de trs animais foram excludos das

    anlises.

    Composio dos grupos de contemporneos (GC):

    GC205 = + informaes do peso aos 205 dias

    GC365 = + informaes do peso aos 365 dias

    GC550 = + informaes do peso aos 550 dias

    3.3 Efeitos aleatrios

    Levou-se em considerao, para os pesos P205 e P365, modelos que incluram os

    efeitos aleatrios genticos aditivos (direto e materno), efeito de ambiente permanente

    materno, a covarivel idade da vaca ao parto (efeitos linear e quadrtico). Para o P550,

    apenas o efeito gentico aditivo direto foi considerado como aleatrio.

  • 16

    3.4 Modelagem dos parmetros genticos

    O modelo empregado para a metodologia de REML pode ser descrito na forma

    matricial da seguinte maneira:

    Em que:

    = vetor das variveis dependentes (P205, P365 e P550);

    = vetor de efeitos fixos no modelo, associados matriz de incidncia ;

    = vetor dos efeitos aleatrios de valor gentico aditivo direto do animal, associado

    com a matriz de incidncia Z;

    = vetor dos efeitos genticos maternos, associados com a matriz de incidncia ;

    = vetor dos efeitos aleatrios de ambiente permanente da vaca, associado com a

    matriz de incidncia ;

    = vetor dos efeitos residuais.

    As distribuies e matriz de varincia e (co)varincia dos efeitos aleatrios foram

    assim definidas:

    Em que: a= varincia gentica aditiva direta; m= varincia gentica aditiva

    materna; am= covarincia gentica entre os efeitos aditivos direto e materno; A=

    matriz de parentesco; ep= varincia do ambientes permanente materno; e= varincia

    residual; IV, IN= matrizes identidade de ordens; V= nmero de vacas (mes dos

    animais com dados) e N= nmero total de animais com dados.

  • 17

    Sob o enfoque bayesiano, o modelo adotado seguiu as seguintes pressuposies,

    assumindo que a distribuio dos dados (b,a,c,e) normal multivariada:

    Em que: a, m, pm e e so componentes de varincia gentico aditivo

    direto, materno, de ambiente permanente e residual; A a matriz de numeradores do

    coeficiente de parentesco e I a matriz identidade de ordem igual ao nmero de animais

    com observaes.

    Na anlise bayesiana, os efeitos inclusos no modelo so considerados variveis

    aleatrias. Para o valor de b, assumiu priori informativa com base em valores

    referenciais de bibliografias para a raa em estudo.

    3.5 Estimativa de herdabilidade direta

    O coeficiente de herdabilidade a frao da varincia fenotpica, que devida

    ao aditiva dos genes, ou seja:

    Em que:

    Em que,

    = varincia gentica aditiva;

    = varincia gentica materna;

    = varincia do efeito permanente de ambiente materno

    = varincia residual

    Para as caractersticas nas quais foram consideradas o efeito materno, a frmula de

    clculo :

  • 18

    3.6 Tendncias genticas, maternas e fenotpicas

    As estimativas das tendncias genticas, fenotpicas e maternas para as

    caractersticas avaliadas foram obtidas pela regresso linear ponderada da mdia da

    varivel dependente (valores genticos e pesos observados) sobre o ano de nascimento,

    obtidas pelo procedimento PROC REG SAS (SAS, 2002), a partir dos arquivos de sada

    (MTDF78/MTDFRUN/MTDFREML) e do POSTGIBBS_SAMPLES/POSTGIBBSF9

    (GIBBS3F90), utilizando-se a seguinte equao:

    Em que: = valor gentico para as caractersticas avaliadas do ano de

    nascimento; = intercepto; = coeficiente angular da reta; = ano de nascimento; =

    erro aleatrio.

    3.7 Critrio de Convergncia para o MTDFREML

    Para o mtodo frequentista, empregou-se o procedimento Simplex para localizar o

    mnimo de -2 log L, em que L logaritmo da funo de verossimilhana restrita.

    Considerou-se a convergncia atingida, quando a varincia dos parmetros a serem

    estimados no Simplex fosse menor que 10-6

    e, para assegurar que este valor

    corresponderia ao mximo global de log, o programa era reiniciado, utilizando-se como

    valores iniciais as estimativas da anlise anterior, at o momento em que o resultado do

    -2 log da funo da verossimilhana no se alterava mais nas ltimas trs anlises.

  • 19

    3.8 Critrio de Convergncia para o (GIBBS3F90)

    De acordo com Faria et al. (2007), o processo iterativo realizado pelos mtodo

    MCMC teve fim apenas quando o nmero mximo de iteraes se estabeleceu ou o

    critrio de convergncia foi alcanado. Na prtica, admite-se convergncia da cadeia

    quando o processo estocstico alcana um estado de estacionariedade (equilbrio),

    significando que as condicionais completas esto prximas das distribuies marginais

    a posteriori, o que pode ser verificado com a utilizao de diferentes critrios

    (NOGUEIRA et al., 2004).

    Por meio de mtodos Monte Carlo via Cadeias de Markov (MCMC), usando o

    Amostrador de Gibbs, rodou-se uma amostra piloto com uma cadeia total de 100.000

    ciclos, um perodo de descarte (burn-in) de 10.000 e um (1) de intervalo de salvamento

    (thinning) para todas as caractersticas.

    Para definir a quantidade ideal de iteraes necessrias para que o Amostrador de

    Gibbs apresentasse convergncia distribuio estacionria, foi utilizado o critrio de

    Raftery & Lewis nas amostras pilotos. O mtodo fornece estimativas do nmero de

    iteraes que devem ser computadas (total), o nmero de iteraes iniciais que devem

    ser descartadas (burn-in) e da distncia mnima de uma iterao outra para se obter a

    subamostra, aproximadamente independente (thin) (RAFTERY & LEWIS,1992).

    A convergncia da cadeia de Gibbs para as amostras sugeridas pelo teste de

    Raftery & Lewis foi verificada com base no arquivo de sada (postgibbs_samples),

    gerado pelo programa POSTGIBBSF90 (MISZTAL, 2012) e testada atravs do critrio

    de Geweke. Tal critrio um diagnstico de convergncia para Cadeias de Markov,

    baseados no teste de igualdade de mdias da primeira e ltima parte da cadeia de

    Markov (geralmente dos primeiros 10% e dos ltimos 50%). A convergncia do

    algoritmo foi verificada a um nvel de significncia de 5% para o teste, sob a hiptese

    nula Ho. Neste caso, o teste considera Ho como convergncia da cadeia, ou seja, no se

    deseja rejeitar Ho, portanto, quanto maiores os valores de p-valor (acima de 0,05) mais

    prximos da convergncia est a cadeia (GEWEKE ,1992).

    importante frisar que o mtodo de Geweke no deve ser aplicado sozinho,

    devendo ser combinado com outro mtodo, pois seu resultado favorvel convergncia

    uma condio necessria, mas no suficiente para garantir a convergncia. Dessa

  • 20

    maneira, o emprego de grfico de trao (editados em Excel) para a visualizao do

    critrio de Geweke, a fim de acompanhar a convergncia, interessante, uma vez que

    espera-se que o grfico de trao se adapte dentro de uma amplitude de valores

    aceitveis, quando atingirem estacionariedade.

    Os testes de Raftery & Lewis e de Geweke foram realizados pelo o pacote

    estatstico do software R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2008) - Bayesiam Output

    Analysis - BOA (SMITH, 2007).

    A qualidade da amostra fundamental para se realizar inferncia, por isso, o erro

    de Monte Carlo deve tambm ser averiguado. Trata-se do erro da estimao do

    parmetro em virtude do nmero de amostras usadas na cadeia de Gibbs. Ele estimado

    atravs do clculo da varincia das amostras retiradas para cada componente de

    (co)varincia e posterior diviso dessa varincia pelo nmero de amostras. Assim, a raiz

    quadrada desse valor uma aproximao do desvio-padro do erro associado com o

    tamanho da cadeia de Gibbs.

    Segundo Sorense et al. (1994), o erro de Monte Carlo permite verificar a acurcia

    das estimativas mdias das distribuies posteriori. Porm, necessrio definir o

    tamanho da cadeia de Gibbs, porque ele est intimamente relacionado com a

    convergncia das distribuies a posteriori dos parmetros. Esse erro decorre do

    nmero de amostras usadas da cadeia de Gibbs, sendo, portanto, inversamente

    proporcional ao tamanho da cadeia. Atravs dele possvel analisar as oscilaes das

    estimativas em volta da mdia a posteriori de cada componente (GEWEKE, 1992).

    Alm dos testes de convergncia verificados, o pacote estatstico (BOA) tambm

    forneceu os valores do intervalo de mxima densidade a posteriori (HPD) ou

    simplesmente intervalo de credibilidade (IC) a 95% para os componentes de

    (co)varincia.

    Tabela 2. Definio do nmero total de iteraes, descarte e salvamento para os pesos

    ajustados aos 205 (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias de idade aps teste de

    convergncia pelo critrio Raftery e Lewis.

    Caractersticas Cadeia Total Burn-in Thin Total de amostras

    P205 300.000 30.000 3 90.000

    P365 500.000 50.000 5 90.000

    P550 100.000 10.000 1 90.000

  • 21

    O estimador Kernel (disponvel do software SAS, 2002) foi usado para gerar os

    grficos da distribuio posterior dos componentes de varincia com base na sada

    (postgibbs_samples) do programa (POSTGIBBSF90). Esta mesma sada tambm foi

    trabalhada em Excel para calcular as estimativas dos parmetros genticos.

    3.9 Seleo do Modelo

    A comparao de modelos serve para a escolha daquele que melhor descreve o

    fenmeno. Para isso, foram adotados dois critrios de seleo, o Critrio de Informao

    da Deviance (DIC) e o Fator de Bayes (FB).

    Diversas so as interpretaes para diagnosticar o modelo de melhor ajuste,

    quando se trata da utilizao do FB. Na maioria das vezes, o uso de tabelas de

    calibragem para os possveis valores da razo das probabilidades posteriores marginais

    de dois modelos mais comum. A partir destes valores possvel montar intervalos e,

    nestes, pode-se identificar o melhor modelo, sendo ele subdividido em quatro

    categorias: insignificante, significante, forte ou muito forte.

    Outra forma mais prtica de avaliao de melhor ajuste se d atravs da deviance

    (desvio) do modelo baseado no estimador do FB, que pode ser obtido pelo valor de -2

    log L do modelo, que nada mais do que o valor do logaritmo da funo de

    verossimilhana. Neste caso, menores valores indicam um melhor ajuste, isto , um

    menor desvio do modelo hipottico de ajuste perfeito.

    O Critrio de Informao da Deviance (DIC) tambm um mtodo de

    comparao de modelos, cuja principal finalidade compensar o modelo com menores

    efeitos/parmetros. Ele sugere que comparaes entre modelos sejam baseadas na

    distribuio a posteriori da deviance (desvio) de cada modelo, ou seja, a diferena entre

    a mdia a posteriori da deviance e a deviance, baseada na mdia a posteriori dos

    parmetros do modelo. Dessa maneira, o desvio obtido usando o mtodo de Monte

    Carlo em Cadeia de Markov.

    Segundo Spiegelhalter et al. (2002), o DIC uma medida de complexidade do

    modelo, em que valores menores podem ser considerados mais adequados, pois

    apresentam ajuste ponderado pelo grau de complexidade.

  • 22

    Os valores de DIC foram obtidos diretamente atravs do programa GIBBS3F90,

    logo aps o trmino do processo iterativo. Por sua vez, os valores FB foram obtidos

    atravs do programa POSTGIBBSF90, aps a gerao das distribuies a posteriori. As

    interpretaes dos dados seguiram os trabalhos de Spiegelhalter et al. (2002) e Cardoso

    (2008), nos quais menores valores tanto para o DIC quanto para FB so os mais

    indicados, pois sugerem melhor ajustamento dos modelos.

    Os modelos utilizados foram:

    Modelo 1 (M1): efeito gentico aditivo direto e materno, efeito de ambiente

    permanente e residual (modelo completo);

    Modelo 2 (M2): efeito gentico aditivo direto e materno e residual;

    Modelo 3 (M3): efeito gentico aditivo direto e residual.

    Os modelos propostos so representados, matricialmente, das seguintes formas:

    M1: ;

    M2: ;

    M3:

    Em que:

    = vetor de observaes da varivel dependente (P205, P365 e P550);

    = vetor de efeitos fixos no modelo, associados a y atravs da matriz de

    incidncia de ;

    = vetor dos efeitos aleatrios de valor gentico aditivo direto do animal,

    associados a atravs da matriz de incidncia ;

    = vetor dos efeitos aleatrios de valor gentico aditivo materno, associados a

    atravs da matriz de incidncia ;

    = vetor dos efeitos aleatrios de ambiente permanente da vaca, associados a

    atravs da matriz de incidncia ;

    = vetor dos efeitos residuais.

  • 23

    3.10 Correlaes

    Os valores genticos dos animais, para os pesos aos 205, 365 e 550 dias de idade,

    foram estimados pelo programa MTDFREML e GIBBS3F90 e correlacionados a partir

    do programa SAS (2002), utilizado o procedimento CORR PEARSON para todos os

    animais do pedigree.

    Os modelos comparados foram: M1 e M3.

    Em relao aos valores de DEPs, as comparaes foram feitas visualmente,

    verificando se os 10 melhores animais em um modelo foram os mesmos presentes no

    outro.

    Foram tambm estimadas as correlaes de Spearman entre as DEPs dos modelos

    escolhidos, estimados atravs do mtodo bayesiano, a partir do programa SAS (2002),

    utilizando o procedimento CORR SPEARMAN. Foram selecionados todos os animais

    do pedigree, 10, 5 e 1% dos melhores animais, para todas as caractersticas de

    crescimento.

    III - RESULTADOS E DISCUSSO

    As mdias dos pesos (Tabela 3) para as trs caractersticas de crescimento P205

    (175,91 29,51); P365 (230,62 38,88) e P550 (299,55 58,25) esto prximas aos

    observados por Ribeiro et al. (2009) em Tabapu no estado de So Paulo: P205 ( 172,53

    21,55); P365 ( 221,94 29,82) e P550 (281,25 37,86) e por Ferraz Filho et al.

    (2002) de outras regies brasileiras: P205 (170,30 24,51); P365(222,40 36,29) e

    P550 (286,45 55,41).

    Tabela 3. Estatsticas descritivas para os pesos ajustados aos 205 (P205), 365 (P365) e

    550 (P550) dias de idade em bovinos da raa Tabapu do estado da Bahia.

    Caractersticas (Kg) Mdia DP Moda Mediana CV%

    P205 175,91 29,51 178,00 176,00 16,77

    P365 230,62 38,88 230,00 288,00 16,86

    P550 299,55 58,25 285,00 295,00 19,44 DP= desvio padro; CV%= coeficiente de variao.

  • 24

    Constatou-se convergncia pelo critrio de Geweke (p>0,05), com 300.000

    amostras para P205; 500.000 P365 e 100.000 P550. A convergncia foi corroborada

    pelos grficos de trao (Figuras 1, Figuras 2 e Figuras 3), que descreveram uma

    amplitude de valores favorveis, em torno da mdia, quando atingiram a

    estacionariedade.

    Figura 1. Mdias, desvio padro e grficos de trao dos componentes de (co)varincia

    versus ciclos Cadeia de Markov do peso P205 dias para varincia gentica

    aditiva (A), covarincia entre o efeito gentico e materno (B), varincia

    materna (C), varincia do efeito permanente (D), varincia ambiental (E),

    varincia fenotpica (F).

  • 25

    Figura 2. Mdias, desvio padro e grficos de trao dos componentes de (co)varincia

    versus ciclos Cadeia de Markov do P365 dias para varincia gentica aditiva

    (A), covarincia entre o efeito gentico e materno (B), varincia materna (C),

    varincia do efeito permanente (D), varincia ambiental (E), varincia

    fenotpica (F).

  • 26

    Figura 3. Mdias, desvio padro e grficos de trao dos componentes de (co)varincia

    versus ciclos Cadeia de Markov para P550 dias para varincia gentica aditiva

    (A), varincia ambiental (B), varincia fenotpica (C).

    Para o nmero total de iteraes, definidas aps testes de convergncia, foi

    possvel observar que as densidades marginais posteriores apresentaram tendncia

    normalidade, sob modelo univariado (Figuras 4), (Figuras 5) e (Figuras 6). Dessa

    maneira, as mdias dos componentes de (co)varincia e de parmetros genticos foram

    usadas como valores das estimativas.

    De acordo com Carlin & Louis (2000), valores semelhantes so esperados para

    uma densidade posteriori marginal, que segue uma distribuio normal. Madureira et al.

    (2009), utilizando a inferncia bayesiana na predio de valores genticos para bovinos,

    afirmam que tamanhos amostrais, relativamente menores, apresentam distribuies a

    posteriori para os componentes de varincia mais assimtricas e, consequentemente, as

    respectivas mdias so diferentes das modas.

    Lin et al. (2001) avaliaram o comportamento das distribuies marginais

    posteriores, utilizando dados de pequenas populaes, e obtiveram simetria na

    distribuio posterior dos parmetros com menor variao. Neste estudo, os valores

    entre mdias e modas apresentaram pouca diferena, assim, a pouca assimetria dos

    componentes de varincia (Figura 4) optou-se por usar a mdia.

  • 27

    Figura 4. Distribuio das densidades posteriores mdias do peso aos 205 dias para

    Va= varincia gentica aditiva, Cam= covarincia entre o efeito gentico e

    materno, Vm= varincia materna, Vep= varincia do efeito permanente, Ve=

    varincia ambiental, Vp= varincia fenotpica, ha= herdabilidade direta, hm=

    herdabilidade materna e rGam= correlao entre o efeito gentico e materno.

  • 28

    Figura 5. Distribuio das densidades posteriores mdias do peso aos 365 dias para

    Va= varincia gentica aditiva, Cam= covarincia entre o efeito gentico e

    materno, Vm= varincia materna, Vep= varincia do efeito permanente, Ve=

    varincia ambiental, Vp= varincia fenotpica, ha= herdabilidade direta, hm=

    herdabilidade materna e rGam= correlao entre o efeito gentico e materno.

  • 29

    Magnabosco et al. (2003), em estudos com a raa Nelore, observaram que as

    densidades marginais posteriores apresentaram mais estabilidade e, consequentemente,

    tendncia normalidade, quando o tamanho da cadeia amostral foi de 200.000 ciclos.

    Figura 6. Distribuio das densidades posteriores mdias do peso aos 550 dias para

    Va= varincia gentica aditiva, Ve= varincia ambiental, Vp= varincia

    fenotpica, ha= herdabilidade direta.

    A maior parte dos trabalhos referentes incluso ou no dos efeitos maternos

    abordam mudanas nos valores das estimativas dos componentes de (co)varincia e dos

    parmetros genticos. Entretanto, um ponto fundamental nas anlises a escolha do

    modelo mais apropriado a ser utilizado, especialmente, quando preciso decidir entre

    duas ou mais alternativas.

    De acordo com Barbosa (2007), o modelo uma representao matemtica da

    medida de uma caracterstica qualquer e, por definio, jamais perfeito. Assim, ao

    selecionarmos modelos, preciso ter em mente que no existem modelos verdadeiros,

    mas aqueles aproximados da realidade.

    Observaram-se menores valores de -2 log L do Fator de Bayes e do Critrio de

    Informao da Deviance para as trs caractersticas, quando considerou o M1 (modelo

  • 30

    completo), o qual levou em considerao os efeito maternos e de ambiente permanente

    (Tabela 4).

    Tabela 4. Valores de FB - Fator de Bayes e DIC Critrio de Informao da Deviance

    para os pesos P205, P365 e P550 dias de idade de animais da raa Tabapu do

    estado da Bahia.

    -2 log (FB) DIC

    P205

    M1 167629,6 174550,0

    M2 170493,8 176623,1

    M3 168362,5 174810,9

    P365

    M1 117341,2 120242,7

    M2 119715,0 122478,9

    M3 117353,8 120693,6

    P550

    M1 124804,8 128037,2

    M2 128249,6 132052,9

    M3 125206,6 128941,4 M1= modelo padro, M2= modelo sem efeito permanente e M3= modelo apenas com efeito gentico

    aditivo.

    Em relao ao desenvolvimento do bezerro, o efeito materno est estreitamente

    ligado ao ganho de peso, aos diferentes ambientes que cada vaca pode oferecer para sua

    cria, durante o perodo de gestao e aleitamento, a produo de leite e a habilidade

    materna. Camplo et al. (2001), estudando animais da raa Tabapu em anlise com

    efeito materno, encontraram valores de verossimilhana (-2 log L), por REML, menores

    com a incluso dos efeitos maternos nos modelos. Esse resultado foi acentuado

    principalmente em idades padro aos 120 e 240 dias de idade e pouca influncia

    materna aos 420 dias de idade.

    Observaram-se valores crescentes para os efeitos maternos includos no modelo

    completo (Tabela 5): m= 111,07 (P205); m= 167,89 (P365) e m= 377,89 (P550) e

    ep= 99,5 (P205); ep= 143,50 (P365) e ep= 139,38 (P550). Com isso evidencia-se

    a importncia desses efeitos at mesmo na fase de ps-desmama, na qual, geralmente,

    os pesos so mais influenciados pelos genes do prprio animal.

    Segundo Meyer (1992), quando se considera os efeitos maternos nos modelos, as

    varincias do efeito gentico direto diminuem, por causa da varincia gentica materna

    e de ambiente permanente. Em contrapartida, o conhecimento destes efeitos,

  • 31

    principalmente nos pesos pr e ps-desmama, fundamental na avaliao gentica do

    rebanho, j que h tendncia de antagonismo entre os efeitos gentico direto e materno.

    Ferreira et al. (1999) tambm defendem a ideia de incluir os efeitos maternos

    nos modelos com base na separao da frao gentica da ambiental e determinao da

    importncia relativa dos efeitos aditivos genticos direto e materno, necessrios quando

    se pretende formular planos de melhoramento animal, principalmente na fase pr-

    desmama (FERNANDES et al., 2002).

    Baldi et al. (2007), verificando a significncia dos efeitos aleatrios com base no

    teste de razo de verossimilhana, em cinco diferentes modelos, concluram que houve

    reduo significativa do -2 log L, quando os efeitos aleatrios aditivo materno e de

    ambiente permanente materno foram includos no modelo na raa Canchim. Concluram

    tambm que o peso obtido at desmama mais influenciado pelos efeitos maternos que

    pelos genes para crescimento do prprio animal e obtiveram herdabilidades direta e

    maternas de at 0,21 e 0,09, respectivamente.

    As propores do efeito materno e de ambiente permanente mantiveram-se

    praticamente iguais para todas as caractersticas, inclusive para o peso aos 550 dias de

    idade (Figura 7A), sugerindo que, mesmo para esta idade, a influncia materna foi

    importante e no pode ser excluda do modelo.

  • 32

    Figura 7. Proporo dos componentes de varincia: va= varincia aditiva direta; vm=

    varincia materna; vep= varincia do efeito permanente e ve= varincia

    residual do Modelo 1; va= varincia aditiva direta; vm= varincia materna e

    ve= varincia residual do Modelo 2 e va= varincia aditiva direta e ve=

    varincia residual do Modelo 3 para as caractersticas de pesos aos 205, 365 e

    550 dias de idade.

  • 33

    Resultados semelhantes tambm foram descritos por Meyer (1993), ao afirmar

    que a influncia dos efeitos maternos sobre os pesos ps desmama consequncia de

    pesos anteriores a esta idade. Cucco (2008), trabalhando com animais da raa Pardo

    Suo, observou baixa influncia do efeito permanente nos pesos ps-desmama,

    encontrando para a= 412,72; m= 284,34 para P365 e a=374,01; m= 289,66 para

    P550, valores muito menores comparados com o M1 (Tabela 5).

    possvel notar que, quando o efeito permanente no foi includo nos modelos,

    a varincia gentica materna aumentou e, dessa maneira, superestimou a herdabilidade

    materna para os pesos aos 205 e 365 dias (Tabela 5). Por outro lado, o valor da

    herdabilidade direta foi semelhante para todos os pesos, quando comparada com a do

    modelo M1. Resultado semelhante foi encontrado no trabalho realizado por Jacinto et

    al. (2005), com animais da raa Tabapu no Nordeste, para peso aos 205 dias de idade.

    Estes autores encontraram varincia materna de 71,69 e herdabilidade materna de 0,14 e

    no consideraram a covarincia gentica-materno entre os efeitos direto e materno.

    Ribeiro et al. (2001), considerando a covarincia gentico-materna entre os

    efeitos direto e materno, e incluindo apenas o efeito materno, em bovinos Nelore,

    encontraram herdabilidades maternas de 0,36 e 0,44 para P365 e P550, respectivamente.

    Muitos autores sugerem pelos menos um dos efeitos (permanente ou materno) no

    modelo, tornando-o menos complexo e facilitando as anlises das estimativas. Porm, a

    ausncia de um pode superestimar o outro e vice-versa.

    Dessa maneira, torna-se importante a separao destes efeitos em diferentes

    idades do animal, proporcionando melhor distribuio das estimativas dos parmetros,

    no mascarando a diferena deste efeito entre os animais, alm de reduzir o efeito

    residual.

    Fernandes & Ferreira (2000), atravs da metodologia REML, mostraram que,

    quando pelo menos um efeito (materno ou permanente) foi includo no modelo, no

    houve diferena significativa, quando comparados ao modelo completo, sendo o valor

    de -2 log L igual a 34374,97 para todos os modelos. No entanto, observaram diferenas

    nas estimativas de varincia do efeito permanente e materno, quando ambos os efeitos

    foram includos separadamente e concluram que os modelos mostraram-se mais

    semelhantes.

  • 34

    O mesmo foi observado por Scarpati & Lbo (1999) que, ao considerarem os

    efeitos maternos de origem gentica e de ambente, simultaneamente no modelo, no

    observaram diferena significativa ao compar-los com o modelo que contemplava o

    efeito materno. Esses autores sugeriram como mais adequado o modelo com a ausncia

    do efeito permanente, obtendo herdabilidade direta de 0,20 e herdabilidade materna de

    0,13 do peso ao nascimento, em animais da raa Nelore.

    Tabela 5. Estimativas dos componentes de (co)varincia, herdabilidades diretas e

    maternas dos pesos ajustados aos 205 (P205), 365 (P365) e 550 (P550) dias

    de idade para os diferentes tipos de modelos estatsticos em bovinos da raa

    Tabapu no estado da Bahia.

    Modelos P205

    a m ep e p hd hm

    M1 246,86 111,07 99,5 278,15 735,58 0,33 0,15

    M2 251,89 239,63 ---- 289,99 781,51 0,32 0,30

    M3 250,27 ---- ---- 350,64 600,92 0,41 ----

    P365

    a m ep e p hd hm

    M1 511,88 167,89 143,50 340,18 1163,45 0,43 0,14

    M2 549,85 400,84 ---- 340,01 1290,71 0,42 0,31

    M3 306,82 ---- ---- 537,08 843,90 0,36 ----

    P550

    a m ep e p hd hm

    M1 1018,39 377,89 139,38 762,44 2298,11 0,44 0,16

    M2 1072,33 579,58 ---- 756,46 2408,38 0,44 0,24

    M3 531,95 ---- ----- 1126,01 1657,97 0,32 ---- M1= modelo animal padro, M2= modelo animal sem efeito permanente e M3= modelo animal apenas

    com efeito gentico aditivo.

    a = varincia gentica aditiva direta; m = varincia gentica aditiva materna; ep = varincia de

    ambiente permanente; e = varincia residual; p = varincia fenotpica; hd = herdabilidade direta; hm

    = herdabilidade materna.

    Para o modelo que apenas contemplou o efeito gentico direto (M3), as

    varincias residuais foram consideravelmente superestimadas, enquanto que as

    varincias genticas aditivas e fenotpicas reduziram (Tabela 5). Isso aconteceu devido

    ao direcionamento dos efeitos gentico materno e permanente para o efeito residual e

    pode ser facilmente observado na Figura 9. Mesmo assim, as estimativas das

    herdabilidades genticas aditiva foram semelhantes em todos os modelos para as trs

    caractersticas em estudo. Muitos autores no recomendam o modelo que contempla

    somente o efeito gentico aditivo direto, pois, na maioria dos casos, este apresenta

  • 35

    diferenas significativas dos demais modelos, que incluem os efeitos maternos, alm da

    superestimao dos componentes de (co)varincia e parmetros genticos. Essa

    afirmao pode ser encontrada em diversos trabalhos como, por exemplo, os de Cyrillo

    et al. (2004); Scarpati & Lbo (1999).

    A utilizao de modelo que inclui somente o efeito gentico aditivo ocasiona

    valores genticos exagerados e viciados, trazendo maiores diferenas, e deve ser evitada

    sua utilizao (JACINTO et al., 2005). Alm disso, sabido que o bezerro, mesmo

    depois da desmama, pode sofrer influncia dos efeitos maternos e de ambiente

    permanente e essa afirmativa pde ser observada em todas as caractersticas no presente

    estudo, para o modelo completo.

    A observao dos valores de FB e DIC permitiu discriminar com clareza o ajuste

    dos modelos. Estudos que contemplem essas duas metodologias, via inferncia

    Bayesiana, so bastante escassos no melhoramento de bovino de corte. Ainda com base

    na comparao de modelos, as correlaes de Spearman podem ser utilizadas em

    relao classificao dos animais pelo valor gentico, obtido dentro de cada modelo.

    As correlaes obtidas entre as classificaes dos animais avaliados pelo valor gentico

    direto, utilizando os modelos M1 e M3, via inferncia bayesiana, foram altas quando

    considerou todos os animais contidos no pedigree para P205, P365 e P550 (0,83; 0,87 e

    0,89 %, respectivamente) (Tabela 6).

    Estes resultados so conflitantes com os de Fernandes & Ferreira (2000), que

    encontraram semelhana de 10% para a caracterstica ganho de peso desmama entre

    os mesmos modelos utilizados neste trabalho. Tal similaridade, principalmente para o

    P205, no era esperada, pois, para este peso, a dependncia materna maior em relao

    aos pesos P365 e P550. Esta afirmativa pode ser justificada pelo pequeno acrscimo no

    valor da correlao para os pesos subsequentes ao P205. O modelo M1, alm de incluir

    o efeito aditivo direto e residual contemplava tambm o efeito materno e de ambiente

    permanente. O modelo M3 contemplou somente os efeitos aditivos diretos e residuais.

    Em contrapartida, possvel observar considervel proximidade dos valores FB e DIC

    entre estes dois modelos, o que no observado entre os modelos M1 e M2,

    reafirmando, mais uma vez, a confiabilidade dos critrios de comparao de modelos e

    semelhana entre os modelos M1 e M3.

  • 36

    Verificou-se que quanto maior a presso de seleo considerada, menor foi a

    correlao entre os modelos M1 e M3, para os pesos aos 205, 365 e 550 dias de idade.

    O decrscimo para o P550 no foi to acentuado, talvez porque nessa idade os efeitos

    maternos agem com menor intensidade (Tabela 6). Isso facilmente observado nas

    idades subsequentes ao P205: para 10% dos melhores animais (0,49) P365 e (0,62)

    P550; para 5% dos melhores (0,41) P365 e (0,59) P550; e para 1% dos melhores

    animais (0,11) P365 e (0,51) P550. Para os pesos aos 205 e 365, quando 1% dos

    animais foi selecionado, as correlaes no foram significativas, apresentando valores

    de -0,10 e 0,11, respectivamente. Para o ganho de peso ps-desmama, Fernandes &

    Ferreira (2000) encontraram 80% de semelhana entre o modelo que inclua os efeitos

    maternos e outro que no os considerava.

    Tabela 6. Correlaes de ranking entre os valores genticos dos animais para os

    modelos M1 e M3.

    P205 P365 P550

    Classe de

    animais

    Correlao

    de ranking

    Correlao

    de ranking

    Correlao

    de ranking

    N M1 M3 N M1 M3 N M1 M3

    Todos os

    animais do

    pedigree

    19379 0,83 13887 0,87 12015 0,89

    10% melhores

    animais

    1939 0,39 1387 0,49 1201 0,62

    5% melhores

    animais

    970 0,29 694 0,41 601 0,59

    1% melhores

    animais

    194 -0,10 n.s

    139 0,11 n.s

    120 0,51

    n.s No significativo; M1= modelo l e M3= modelo animal apenas com efeito gentico aditivo.

    A classificao dos 10 melhores animais em funo dos valores genticos, para os

    P205, 365 e 550, mostrou-se semelhante, principalmente quando os modelos M1 e M3,

    para os pesos 365 e 550, foram comparados (Tabela 7).

    Com base no posicionamento dos melhores animais para o P205, a mudana mais

    expressiva ocorreu com o animal B, que, no M1, encontra-se na 16652 posio e, no

    M3, ocupa a 2 posio. Este distanciamento pode ser justificado mais uma vez pela

    influncia dos efeitos maternos que, para o M3, no foram considerados. J para o P365

    e P550, possvel visualizar, em relao ao posicionamento dos dez primeiros melhores

  • 37

    animais, similaridade dos modelos, sendo que o nico animal que aparece em todos os

    pesos o animal A, ocupando a mesma posio nas idades, exceto para o modelo M1

    no P550, em que se apresenta na 9 posio.

    Tabela 7. Posicionamento dos 10 melhores animais no arquivo geral em funo dos

    modelos utilizados pela metodologia bayesiana.

    P205 P365 P550

    ANIMAL M1 M3 M1 M3 M1 M3

    A 1 1 1 1 9 1 B 16652 2 16 2 1 2 C 19364 3 19 3 3 3 D 5 4 2 4 18 4 E 393 5 28 5 37 5 F 430 6 9 6 7 6 G 725 7 33 7 109 7 H 949 8 14 8 6 8 I 887 9 3 9 15 9 J 1338 10 98 10 2 10

    M1= modelo animal padro e M3= modelo animal apenas com efeito gentico aditivo.

    Em melhoramento animal, o conhecimento de estimativas de parmetros

    genticos de caractersticas de importncia econmica pr-requisito para o

    estabelecimento de um programa de seleo. Na obteno de referenciais genticos que

    auxiliem a escolha de animais, so utilizadas informaes quantitativas de prognies,

    para conferir preciso s estimativas.

    De acordo com Marques (1994), o uso intensivo de valores estimados em gado de

    corte deve orientar o servio de touros melhoradores na indstria pecuria. Cada touro

    contribui com metade (50%) dos genes do bezerro e o seu componente de varincia

    (a) estima 25% da variao gentica aditiva.

    A variao gentica fator preponderante para que