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Apostila de Ergonomia 02

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Ergonomia

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AULA 01

AULA 01

INTRODUO :O que Ergonomia?Histrico e Fases da ErgonomiaAbrangncia da Ergonomia

Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia j existia e era aplicada. Quando descobriu-se que uma pedra poderia ser afiada at ficar pontiaguada e transformar-se numa lana ou num machado, ali estava se aplicando a Ergonomia. Quando posicionavam-se galhos ou troncos de rvores sob rochas ou outros obstculos, como alavancas, ali estava a Ergonomia.

A Ergonomia, pois, a cincia aplicada a facilitar o trabalho executado pelo homem, sendo que interpreta-se aqui a palavra trabalho como algo muito abrangente, em todos os ramos e reas de atuao.

O nome Ergonomia deriva-se de duas palavras gregas: ERGOS (trabalho) e NOMOS (leis, normas e regras). portanto uma cincia que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a fim de organizar o trabalho, tornando este ltimo compatvel com as caractersticas fsicas e psquicas do ser humano.

Para que isto seja possvel, uma infinidade de outras cincias so usadas pela Ergonomia, para que o profissional que desenvolve projetos Ergonmicos obtenha os conhecimentos necessrios e suficientes e resolva uma srie de problemas identificados num ambiente de trabalho, ou no modo como o trabalho organizado e executado.

Exemplos: FISIOLOGIA E ANATOMIA ANTROPOMETRIA E BIOMECNICA HIGIENE DO TRABALHO E TOXICOLOGIA DOENAS OCUPACIONAIS FSICA Oficialmente, a Ergonomia nasceu em 1.949, derivada da poca da 2 Guerra Mundial. Durante a guerra, centenas de avies, tanques, submarinos e armas foram rapidamente desenvolvidas, bem como sistemas de comunicao mais avanados e radares. Ocorre que muitos destes equipamentos no estavam adaptados s caractersticas perceptivas daqueles que os operavam, provocando erros, acidentes e mortes.

Como cada soldado ou piloto morto representava problemas serssimos para as Foras Armadas, estudos e pesquisas foram iniciados por Engenheiros, Mdicos e Cientistas, a fim de que projetos fossem desenvolvidos para modificar comandos (alavancas, botes, pedais, etc.) e painis, alm do campo visual das mquinas de guerra. Iniciava-se, assim, a adaptao de tais equipamentos aos soldados que tinham que utiliz-los em condies crticas, ou seja, em combate.

Aps a guerra, diversos profissionais envolvidos em tais projetos reuniram-se na Inglaterra, para trocar idias sobre o assunto. Na mesma poca, a Marinha e a Fora Area dos Estados Unidos montam laboratrios de pesquisa de Ergonomia (l conhecida por Human Factors, ou Fatores Humanos), com os mesmos objetivos.

01Posteriormente, com o Programa de Corrida Espacial e a Guerra Fria entre URSS e os EUA, a Ergonomia ganha impressionante avano junto NASA. Com o enorme desenvolvimento tecnolgico divulgado por esta, a Ergonomia rapidamente se disseminou pelas indstrias de toda a Amrica do Norte e Europa.

Assim, percebe-se uma Primeira Fase da Ergonomia, referente s dimenses de objetos, ferramentas, painis de controle dos postos de trabalho usados por operrios. O objetivo dos cientistas, nesta fase, concetrava-se mais ao redimensionamento dos postos de trabalho, possibilitando um melhor alcance motor e visual aos trabalhadores.

Numa Segunda Fase, a Ergonomia passa a ampliar sua rea de atuao, confundindo-se com outras cincias, eis que fazendo uso destas. Assim, passa o Ergonomista a projetar postos de trabalho que isolam os trabalhadores do ambiente industrial agressivo, seja por agentes fsicos ( calor, frio, rudo, etc.), seja pela intoxicao por agentes qumicos (vapores, gases, particulado slido, etc.). O que se percebe uma abrangncia maior do Ergonomista nesta fase, adequando o ambiente e as dimenses do trabalho ao homem.

Em uma fase mais recente (Terceira Fase), poca da dcada de 80, a Ergonomia passa a atuar em outro ramo cientfico, mais relacionado com o processo COGNITIVO do ser humano, ou seja, estudando e elaborando sistemas de transmisso de informaes mais adequadas s capacidades mentais do homem, muito comuns junto informtica e ao controle automtico de processos industriais, atravs de SDCDs (Sistema Digital de Controle de Dados) . Tal fase intensificou sua atuao mais na regio da Europa, disseminando-se a seguir pelo resto do mundo.

Por fim, na atualidade, pesquisas mais recentes esto se desenvolvendo em relao PSICOPATOLOGIA DO TRABALHO e na ANLISE COLETIVA DO TRABALHO. Especificamente a Escola Francesa de Ergonomia interessou-se por tais cincias e as vem divulgando pelo mundo, inclusive no Brasil.

A primeira estuda as reaes PSICOSSOMTICAS dos trabalhadores e seu sofrimento frente situaes problemticas da rotina do trabalho, principalmente levando em considerao que muitas destas situaes no so previstas pela empresa, e muito menos aceitas por estas. J a Anlise Coletiva do Trabalho estabeleceu um importante dilogo entre o Ergonomista e grupos de trabalhadores, que passam a explicar livremente suas crticas, idias e sugestes relacionadas aos problemas que os fazem sofrer em seu trabalho, sem sofrer presses por parte das chefias, o que essencial .

Com o objetivo de resumir o que estudamos at aqui, vejamos um exemplo no qual possamos identificar as formas de atuao do Ergonomista, seus objetivos e as cincias das quais ele faz uso para identificar problemas e apontar solues. Lembramos, de incio, que o OBJETIVO PRINCIPAL do Ergonomista o de ADEQUAR O TRABALHO AO HOMEM, seja este trabalho de qualquer caracterstica, em qualquer rea de atuao. Portanto, qualquer agresso fsica ou psquica dever ser isolada ou eliminada em relao ao trabalhador.

Exemplo: Uma operria trabalha numa fbrica de rdios e toca-fitas para automveis, desenvolvendo seu trabalho numa linha de montagem, na qual uma srie de componentes eletro-eletrnicos deve ser posionada em um pequeno painel.

Seu trabalho feito na postura sentada, defronte uma bancada, na qual h caixas de diferentes tamanhos posicionadas esquerda da cadeira, em alturas variveis. Uma das caixas est frente da banqueta, servindo de apoio para os ps da operria.

02Numa anlise ergonmica preliminar, o profissional observa a operria desenvolvendo suas atividades em seu posto de trabalho e constata que a altura do tampo da bancada muito elevada, que h falta de espao para as pernas da operria, pois abaixo do tampo h cantoneiras de ao obstruindo a passagem das pernas, o que a faz girar as pernas para a direita, em relao ao tronco. Como h caixas com componentes sua esquerda, acentua-se a rotao da coluna vertebral da operria, quando esta deve alcanar alguma pea que ali se encontra.

Mas no s. Aps a montagem das peas num painel, este dever ser expedido por uma correia transportadora que se encontra ao fundo da bancada, o que obriga a operria a debruar-se sobre o tampo e retificar sua coluna vertebral, alm de estender por completo o brao e antebrao, passando estes por sobre as caixas com componentes.

Toda a situao acima agravada pelo fato da operria estar sentada numa banqueta industrial, cujo assento foi confeccionado em madeira e que no recebeu qualquer revestimento (espuma, por exemplo). Como a operria trabalha com as pernas fletidas e rotacionadas para a direita, sente uma forte presso na regio das ndegas, os ps ficam dormentes vrias vezes ao dia, h fortes dores na altura do pescoo, estendida at os braos. A dor nas costas considerada insuportvel.

Mas no acabaram os problemas! As bordas da bancada foram revestidas com perfilados de alumnio em L, de canto vivo, local onde a operria apoia os cotovelos, antebraos ou at mesmos os punhos, enquanto encaixa peas no painel.

Por fim, dada a inviabilidade de trabalhar sentada, a operria acaba por ver-se obrigada a ficar em postura de p, sentindo mais dores nas costas, pernas e ps.

Uma breve entrevista efetuada junto operria pelo Ergonomista, que est acompanhado pelo chefe do setor. A operria parece confusa, amendontrada e responde por monosslabos. Pergunta-se a respeito de uma ferida que claramente aparece na testa, pouco acima do superclio direito. Explica que, ao abaixar a cabea para apanhar um componente que estava numa caixa, que estava apoiada no piso da rea, bateu fortemente a cabea de encontro uma quina de uma das catoneiras que fazem parte da estrutura da bancada. O Chefe do Setor fz questo de comentar que a operria foi advertida para que trabalhasse com mais ateno, evitando acidentes.

Algumas medidas da bancada so tiradas, bem como algumas fotografias do local. O modelo da banqueta anotado. Vrias observaes so efetuadas com outras operrias do mesmo setor, constatando-se, basicamente, os mesmos problemas.

Pois bem, se o Ergonomista leva em considerao as caractersticas da 1 Fase da Ergonomia, o desenvolvimento de seu projeto teria como objetivo redimensionar o posto, eliminando a adoo de posturas inadequadas, possibilitando que a operria trabalhasse sentada em uma banqueta mais confortvel, com o devido espao para suas pernas, os ps apoiados numa altura compatvel, as caixas de componentes todas em altura de modo a facilitar o alcance motor, bem como a correia transportadora em igual situao.

Se levasse em considerao as caractersticas projetuais da 2 Fase da Ergonomia, j ampliaria a anlise Ergonmica para o ambiente no qual se encontra a operria, diagnosticando situaes crticas como a temperatura, o nvel de iluminamento, rudos, vibrao, entre outros.

Contudo, h muitos outros fatores presentes nas atividades e no local de trabalho da operria, que lhe tornam o trabalho mais cansativo e irritante. Observe na folha seguinte:

03- a cadncia na qual cada painel deve ser montado, ou seja, a velocidade com a qual a operria produz cada painel completo e sua produo no final de uma hora de atividade. Tal situao pr-determinada pela chefia do setor, que reporta-se direo da fbrica. Esta ltima define um nmero X de rdios a serem fabricados por dia. A operria que no conseguir adequar-se s exigncias da empresa demitida;

- o ritmo de trabalho. No exemplo, observa-se que o rtmo imposto pela empresa, determinando quantos rdios devem ser produzidos, o que resulta numa velocidade de produo. A situao claramente foge ao controle da operria, que apavora-se perante perspectiva de no corresponder ao rtmo que lhe imposto (ameaa de demisso);

- cobranas e exigncias absurdas feitas pela chefia do setor. O nmero de vezes que a operria vai ao banheiro documentado, por exemplo, bem como o nmero em que se desloca at o bebedouro. Sabe-se que as operrias procuram desesperadamente fugir ao rtmo alucinado que lhes imposto, adotando medidas paleativas como as acima exemplificadas. A operria que mais foge ser perseguida e advertida;

- quando a linha de montagem dos rdios foi projetada, muitos dados tcnicos no foram levados em considerao. Contudo, as operrias so obrigadas a trabalhar efetuando uma srie de improvisos. Veja:

Exemplos:

1) A quantidade de componentes inicialmente projetada para os rdios era uma, mas o modelo sofre modificaes tecnolgicas que alteram tal nmero. Assim, caixas e mais caixas vo sendo adicionadas cada bancada de trabalho, dificultando cada vez mais o alcance motor e visual das operrias.

2) Um grande nmero de fornecedores diferentes, que fabricam componentes do rdio diferentes uns dos outros, causam verdadeiro desespero s operrias, pois uma determinada pea (XKL-71C, por exemplo), que DEVERIA ser sempre igual (mesmo tamanho, mesma cor, etc.), apresenta discretas diferenas. Assim, o fornecedor A fabrica a pea XKL-71C na cor azul e o fornecedor B fabrica a mesma pea numa tonalidade de verde. Acostumadas a pegar sempre uma pea azul num determinado instante, as operrias ficam confusas ao no encontrar peas desta cor nas caixas, atrapalhando-se. Pior, podem pegar outra pea que tem a cor azul e tentar encaix-la no painel, quebrando seus contatos.

3) O tamanho das letras impressas no corpo das peas tambm varia, conforme o fornecedor. Assim, algumas tm a identificao facilitada, outras, dificultada.

- cada operria tem os segmentos corporais com dimenses particulares ( umas so mais baixas, outras so mais altas e uma pode estar grvida, etc.) . Contudo, a altura das bancadas fixa e o ritmo de trabalho o mesmo para todas, o que representa diversas incompatibilidades para as trabalhadoras;

- em reunies mensais efetuadas no Setor, o encarregado de cada equipe faz questo de apresentar um demonstrativo de produtividade, na qual detalha que Fulana de Tal a pior operria (ou a mais lenta, ou a que mais faltou naquele ms, etc.), humilhando a mesma perante suas colegas. Igualmente, caso uma das operrias tenha alcanado alguma marca melhor em relao sua performance anterior, ser elogiada e colocada como ... um exemplo a ser seguido ... pelas outras. Estas situaes produzem revolta e mdo nas trabalhadoras, o que as induz competio entre si e ausncia de amizade.

04- determinadas ferramentas ou equipamentos presentes no setor (motores, redutores, roletes, mancais, eixos, etc.) quebram antes do perodo de parada programada pela empresa, na qual a manuteno se daria. Nestas situaes, a produo interrompida, momento em que as operrias tambm interrompem por alguns minutos o trabalho. Contudo, quanto mais tempo ficar parada a linha de montagem, pior ser o retrno linha de produo, pois esta ter a sua velocidade aumentada para superar o atrazo.

Muitos outros exemplos ainda podem ser mencionados, levando-se em considerao apenas o caso desta operria e seu posto de trabalho. Como se pode observar, a anlise Ergonmica no restrita, mas muito ampla. No apenas devem ser levados em considerao os dados dimensionais do posto de trabalho e do ambiente sua volta, mas tambm como o trabalho organizado pela empresa. A relao que existe entre os diversos segmentos hierrquicos, o treinamento dos trabalhadores, preparando-os ao tipo de trabalho que devem enfrentar, a previso de falhas que podem ocorrer no sistema produtivo que independem da atuao dos trabalhadores, etc, tudo deve ser analisado.

PERGUNTAS SIMULADAS PARA A PROVA:

a - Qual o principal objetivo da Ergonomia ?b - Qual a importncia da Escola Francesa de Ergonomia ?c - Quais so as trs fases que mostram a evoluo da Ergonomia ?

GLOSSRIO:

PSICOSSOMTICA, Reao : reao apresentada no corpo (parte fsica do indivduo), derivada de distrbios em seu meio psquico. Normalmente as manifestaes se traduzem por gastrite, lcera, insnia e crises nervosas, tais como choro e irritao fcil. Palavra derivada de PSICO + SOMTICO.

COGNITIVO, Processo : processo no qual se d a aquisio de um conhecimento. Est diretamente relacionado transmisso de informaes e como estas chegam at o ser humano.

PARA SABER MAIS, LEIA:

LIVROS:

- ERGONOMIA NO BRASIL E NO MUNDO;Um quadro, uma fotografiaAutores: Anamaria de Moraes Marcelo Mrcio SoaresEditora : ABERGO - Associao Brasileira de Ergonomia

-ERGONOMIA - Projeto e ProduoAutor: Itiro IidaEditora : Edgard Blucher LtdaDisponvel na Livraria Cultura, tel. (011) 285-4033

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-TPICOS DE SADE DO TRABALHADORAutores: Frida Marina Fischer e colaboradoresEditora : HucitecDisponvel na Livraria Cultura, tel. (011) 285-4033

-PROGRAMA DE SADE DOS TRABALHADORESAutor: Danilo Fernandes Costa e outrosEditora: Hucitec

-POR DENTRO DO TRABALHO -ERGONOMIA, MTODO E TCNICAAutor: Wisner.A.Editora: FTD/OborDisponvel na Livraria Cultura, tel. (011) 285-4033

REVISTAS TCNICAS - ARTIGOS:

- Fico e Realidade do Trabalho Operrio- Revista Brasileira de Sade Ocupacional - RBSO n 68 disponvel na FUNDACENTRO

- Quando Homem e Mquina se Afinam Revista Sade Ocupacional e Segurana - Volume 18 - n 0l

- Artigos da RBSO n 29, que trata exclusivamente sobre a Ergonomia

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AULA 02

Noes Bsicas de Anatomia e FisiologiaIdentificao das Limitaes do Organismo Humano

Sabendo-se que a Ergonomia tem por objetivo adequar o trabalho s caractersticas do Homem, sejam fsicas, sejam psquicas, necessrio que o Ergonomista tenha conhecimentos mnimos de como nosso organismo funciona e quais so as limitaes do nosso corpo, para que possa desenvolver projetos que correspondam a tais caractersticas.

Na aula passada, verificamos um exemplo de como importante para o profissional de Segurana e Higiene do Trabalho conhecer as limitaes do corpo humano e como este pode se sobrecarregar, com o intuito de buscar solues para os problemas diagnosticados.

Naquele exemplo, verificamos que a operria, apesar de trabalhar numa postura sentada, sentia fortes dores nas costas, ombros, punho esquerdo, bem como sentia dormncia na parte inferior das pernas e ps. Feridas na altura dos joelhos e da cabea tambm foram constatadas. Comentou-se que as dimenses do posto de trabalho encontravam-se inadequadas, bem como a especificao do mobilirio, dentre outros problemas.

Atravs de conhecimentos de Anatomia e Fisiologia, compreenderemos o por que de algumas das reaes adversas no organismo da operria. A Anatomia estuda a localizao dos rgos de nosso corpo, bem como lhes d uma terminologia adequada, conforme tal localizao. J a Fisiologia estuda como funcionam os rgos e qual a relao de interdependncia de cada rgo com os sistemas que compem o organismo humano.

O Ergonomista possui conhecimentos mais voltados aos Sistemas Locomotor (ossos, msculos, tendes, tecidos), Sanguneo (artrias, veias e capilares) e Respiratrio. Os rgos dos sentidos tambm so estudados, co-relacionando conhecimentos j adquiridos em Higiene do Trabalho.

SISTEMA LOCOMOTOR

Sub-dividiremos o estudo de tal sistema em Esqueltico e Msculo-Ligamentar. O primeiro representa a estrutura de sustentao de todo o corpo, tanto como base movimentao, quanto para proteger rgos vitais. O segundo possibilita justamente os movimentos do corpo e a fora aplicada nos diversos segmentos, bem como a velocidade e preciso de tais movimentos.

Sistema Esqueltico

A ttulo de organizao do estudo deste sistema, o mesmo pode ser dividido em 3 partes fundamentais: Cabea, Tronco e Membros. Observando-se a Prancha n 0l no ANEXO DE ILUSTRAES desta Apostila, verifica-se que as localizaes compreendem:

- a cabea, na extremidade superior do esqueleto, sustentada pela coluna vertebral;- o tronco, na regio central do corpo, abrangendo a coluna vertebral e as costelas;- os membros, superiores e inferiores, compreendendo, acima, os braos, antebraos, punhos e mos e, abaixo, as pernas e ps;- as cinturas, escapular (acima) e plvica (abaixo).

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Das partes acima descritas, algumas merecem destaque para o estudo e aplicao da Ergonomia, em funo das posturas adotadas por nosso organismo, quando em atividade.

1) COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral uma estrutura flexvel composta por 33 vrtebras, localizadas em quatro regies distintas, a saber (de cima p/baixo): Regio Cervical, Regio Torxica ou Dorsal, Regio Lombar e Regio Sacro-coccigeana. Veja a Prancha n 02. Tambm atravs desta prancha, verificam-se as curvaturas que a coluna vertebral apresenta, quando vista lateralmente: A Lordose Cervical, a Cifose Dorsal e a Lordose Lombar.

J a Prancha n 03 apresenta uma vista superior de uma das vrtebras da coluna, sub-dividida em corpo e asas. O primeiro serve como base de apoio entre uma vrtebra e a outra. As asas, possibilitam movimentos mltiplos do conjunto de vrtebras, tais como a flexo, extenso e rotao, limitando tais movimentos em ngulos-limite, para nossa segurana. Uma vista lateral, em desenho esquemtico, mostrada tambm na Prancha n 03, na qual so observadas duas vrtebras, uma sobre a outra.

Entre as vrtebras, observa-se uma articulao cartilaginosa, conhecida como DISCO INTERVERTEBRAL. A Prancha n 04, representada por uma perspectiva, nos d uma viso do disco sobre uma vrtebra, sub-dividido em duas partes: Um ANEL FIBROSO e um NCLEO PULPOSO. Este ltimo cumpre uma importante funo, a de amortecimento das presses que incidem sobre a coluna, sendo auxiliado pelo anel, que lhe d uma sustentao flexvel, cujas fibras se deslocam lateralmente conforme as necessidades posturais adotadas pelo indivduo.

Assim, percebemos que a COLUNA VERTEBRAL, no ser humano, cumpre 3 finalidades:

- sustentao da parte superior do corpo;- amortecimento de foras que incidem sobre o esqueleto;- mobilidade da parte superior do corpo, a partir da cintura plvica.

As duas ltimas caractersticas merecem destaque, em funo de uma srie de reaes apresentadas pelo sistema em questo e de algumas limitaes apresentadas por alguns elementos anatmicos que fazem parte deste sistema.

AMORTECIMENTO DE FORAS

Tal finalidade desempenhada pelos DISCOS INTERVERTEBRAIS, que j conhecemos. Os discos promovem uma proteo essencial s vrtebras, na medida que impedem que estas sofram fraturas. So tambm os discos que promovem a ligao fibrosa entre todas as vrtebras, uma uma, auxiliando que a coluna se torne uma estrutura rgida, quando assim o desejamos, ou flexvel, quando necessrio.

O amortecimento das presses exercidas sobre o conjunto desempenhado essencialmente pelos ncleos pulposos (NPs), que distribuem radialmente a presso recebida. Isto equivale a dizer que o ncleo, que se encontra dentro dos anis, tende sempre a aumentar seu dimetro quando recebe a carga de cima para baixo, fazendo presso sobre as paredes dos anis que o envolvem, enquanto diminui de altura.

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Ocorre que o disco intervertebral apresenta uma degenerao natural que se acentua a partir dos 20 anos de idade, poca em que as artrias que alimentam a regio da coluna vertebral comeam a se fechar, interrompendo a vaso-irrigao e, claro, sua alimentao.

Assim, o disco passa a receber alimentao de lquidos nutrientes que se encontram na regio, principalmente aqueles que permanecem no tecido esponjoso que reveste as faces superiores e inferiores dos corpos vertebrais. Contudo, claro est que quando a coluna recebe uma carga sobre o conjunto de vrtebras, o lquido ser expulso da regio na qual se encontra naturalmente, dada a presso ali concentrada. O comportamento similar a uma esponja.

Tal fato muito importante, vez que podemos concluir que, pressionada, a coluna vertebral no se alimenta e que tal situao facilita ainda mais a degenerao dos discos intervertebrais. Sem alimentao, a caracterstica fibro-elstica destes tende a diminuir, o que inicia um processo de rompimento das paredes dos anis que envolvem o NP, toda vez que este tenta se deslocar de sua origem.

A funo de amortecimento, pois, vai diminuindo medida em que a idade do indivduo aumenta. Situaes agudas, que promovem rompimento repentino de grande nmero de anis fibrosos, causam leses que sero comentadas mais adiante.

MOBILIDADE DA COLUNA VERTEBRAL

Como j vimos, a coluna composta por 33 vrtebras, cada uma apoiada sobre um disco que est sobre a vrtebra imediatamente abaixo da 1 . Esta caracterstica possibilita a todo o conjunto uma mobilidade extraordinria, dentro de limites impostos pela prpria estrutura anatmica de cada regio da coluna.

Assim que a regio cervical apresenta a maior mobilidade (flexibilidade) de todo o sistema, seguida pela regio lombar e dorsal, at atingirmos a regio sacro-coccigeana, que apenas rotaciona sobre o eixo da cintura plvica.

A mobilidade do conjunto, entretanto, representa no apenas flexibilidade til para o desenvolver de inmeras tarefas efetuadas pelo ser humano, mas alguns riscos regio da coluna vertebral, como agora observaremos.

Como se viu, os discos degeneram com o passar do tempo, perdendo a elasticidade necessria. Com isto, a capacidade de amortecer presses diminui e h uma tendncia do NP extravazar-se da regio central que originalmente ocupa. Tal situao agravada ainda mais quando a coluna vertebral sai da posio em que suas curvaturas naturais so mantidas (como mostra a Prancha n 05).

Nesta prancha, de incio, percebe-se que a lordose lombar desaparece, possibilitando que a coluna tome o formato de um C. Tal mobilidade torna a regio lombar particularmente propensa leses nos discos intervertebrais, justamente pela disposio agora adotada entre as vrtebras e os discos que as interligam. Vamos considerar, a ttulo de exemplo, que a pessoa inclinou o tronco para baixo com o objetivo de erguer uma caixa que pesa uns 30 quilos, mantendo as pernas eretas (sem flexo).

No momento em que, nesta postura, a pessoa levanta a caixa, a presso equivalente carga de 30 quilos ser transmitida para a coluna, principalmente na regio lombar, que est servindo como ponto de apoio alavanca necessria operao (erguer a caixa).

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Na mesma ilustrao da Prancha n 05, percebe-se que o brao da alavanca entre o ponto A e a caixa muito maior que o brao formado entre o mesmo ponto A e os msculos que recobrem a regio lombar. Esta situao representa uma sobrecarga para a qual tal musculatura no est preparada, causando-lhe leses. Isto se deve, basicamente, ao fato de que os msculos da regio lombar se encontram inseridos nas asas da coluna vertebral por meio de tecidos ligamentares chamadas de FSCIAS. As Fscias so apenas uma fina camada de tecido, muito diferente de outros ligamentos presentes no corpo humano, como os TENDES, que possuem maior resistncia quando estimulados pela movimentao do organismo (a serem estudados em outra aula). Assim, quando sobrecarregadas, as Fscias tendem a inflamar e provocar fortes dores na regio em estudo. Outros problemas relacionados tal postura sero discutidos a seguir.

A. PROTUSO DO NP

A protuso intradiscal um problema grave. Ocorre quando a postura acima detalhada se repete com freqncia nas atividades rotineiras de um trabalhador ou, quando eventuais, mas nos indivduos que j apresentam degenerao nos discos inter-vertebrais.

Caracteriza-se pelo fato do ncleo pulposo arremessar-se para trs, rompendo os anis fibrosos que o envolvem, at chegar na regio perifrica do disco. Esta regio passa a apresentar um volume mais acentuado, pressionando um ligamento que corre de cima baixo a coluna, o Ligamento Posterior. Terminaes nervosas neste localizadas provocam fortes dores no indivduo, acompanhadas de espasmos musculares.

B. HRNIA DE DISCO

A hrnia de disco um problema ainda mais grave que a protuso intradiscal. Na hrnia, o NP consegue extravazar-se de dentro do anel e sai do disco intervertebral, empurrando os tecidos da regio, pressionando-os. Esta leso se verifica mais na regio lombar, principalmente quando o indivduo flexiona o tronco para erguer cargas e o rotaciona lateralmente, movimentando a carga da direita para a esquerda, por exemplo.

A ilustrao da Prancha n 06-A (esquemtica) nos d a explicao do fenmeno. O ligamento longitudional posterior que reveste a coluna vertebral vai diminuindo de largura medida que passa pela regio lombar, at chegar ao osso SACRO. Deste modo, permite que regies laterais ao local por onde passa no sejam sustentadas. No caso da sobrecarga imposta regio lombar, quando o trabalhador deve erguer a carga, a regio encontra-se desprotegida, facilitando a expulso do NP do interior do disco, provocando o problema.

C. BICO DE PAPAGAIO (OSTEFITOS)

uma leso conseqnte, geralmente, dos problemas observados anteriormente, principalmente derivada da hrnia de disco. Caracteriza-se pela formao de protuberncias sseas nas paredes externas do corpo da vrtebra, mais precisamente em locais onde h contato de um corpo de vrtebra com outro, ocasio em que os dois entram em atrito.

O tecido sseo possui uma interessante caracterstica. Quando submetido a presses concentradas em determinados pontos, o tecido inicia um processo de multiplicao de suas clulas, formando um CALO SSEO. Tal processo verifica-se quando h uma fratura num osso, o que possibilita que as duas partes separadas sejam reunidas. Contudo, tal reao de defesa do tecido sseo traz o inconveniente de produzir, quando no controlada, a calcificao indesejada de protuberncias conhecidas como OSTEFITOS, resultando em problemas graves de coluna.

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Conhecidos popularmente como BICO DE PAPAGAIO, os OSTEFITOS pressionam e at mesmo podem perfurar rgos e tecidos vizinhos coluna vertebral, produzindo inflamao e muita dor. Veja a Prancha n 06-B.

Quando um NP hernia-se do interior do disco intervertebral, h um esmagamento do anel fibroso existente entre as duas vrtebras, diminuindo-se a distncia entre estas. Com o passar do tempo, uma vrtebra comea a encostar na outra, entrando em atrito e produzindo a reao acima detalhada.

2) CINTURA ESCAPULAR

Localiza-se na parte superior do tronco, representando o conjunto de elementos anatmicos que formam o OMBRO. Como algumas leses originadas por problemas de inadequao ergonmica aparecem na regio, a Ergonomia a estuda.

constituda pelas vrtebras do trax, costelas, esterno, clavcula, escpula e pela parte superior do mero (osso do brao). Uma articulao bastante estudada, presente na regio, a gleno-umeral. A Prancha n 07 ilustra os elementos anatmicos acima apontados.

3) CINTURA PLVICA

Localiza-se na parte inferior do tronco, representando o conjunto de elementos que formam a BACIA ou PELVE. constituda por dois amplos ossos coxais, cujas regies subdividem-se em ILACO, SQUIO e PBIS, alm da regio central, na qual localizam-se o SACRO e o CCCIX. A rea da articulao coxo-femoral, formada pela cabea do fmur com a cavidade cotilide bastante pequisada pela Ergonomia, assim como a regio inferior do squio. A Prancha n 08 ilustra a cintura plvica.

4) MEMBROS SUPERIORES

So formados pelo conjunto, de cima para abaixo, dos principais ossos, ou seja, o MERO, o RDIO e o ULNA, o CARPO e os DEDOS das mos. As articulaes so bastante estudadas pela Ergonomia, principalmente a nvel da regio do EPICNDILO (cotovelo) e CARPO (punho). A Prancha n 09 ilustra o membro superior.

5) MEMBROS INFERIORES

So formados pelo conjunto, de cima para baixo, dos principais ossos, ou seja, do FMUR, da TBIA e da FBULA, alm do TARSO e dos dedos dos ps. Tambm as principais articulaes so estudadas, ou seja, o JOELHO e o TORNOZELO. A Prancha n 10 ilustra o membro inferior.

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6) ARTICULAES

So a unio entre dois ossos, possibilitando maior gama de movimentos ao segmento corporal destes. No ponto de unio, o tecido sseo externo revestido por uma cartilagem que apresenta caractersticas especficas, a CARTILAGEM HIALINA, compacta, extremamente lisa e, geralmente, arredondada, a fim de facilitar ao mximo que as superfcieis que entram em contato deslizem uma sobre a outra, diminuindo o atrito.

Entre os dois ossos que formam uma articulao, encontra-se uma membrana protetora fibrosa que se estende para cada osso. Ao redor desta membrana temos uma cpsula articular externa, que protege todo o conjunto interno.

Dentro da cpsula h uma pequena quantidade de lquido sinovial, que serve como lubrificante da articulao. Maiores detalhes sobre este lquido sero apresentados na AULA 03.

A Prancha n l l ilustra uma parte da cintura escapular em seu lado direito, vista de frente, na qual detalhada a articulao existente entre o MERO e a ESCPULA. J a Prancha n 12 d a terminologia aplicada aos diversos movimentos possibilitados pelas articulaes, usando como exemplo a articulao do CARPO.

PERGUNTAS SIMULADAS PARA A PROVA:

a- Qual a diferena entre Anatomia e Fisiologia ?b- Qual a funo do CORPO da Vrtebra ?c- Qual a funo do DISCO INTERVERTEBRAL ?d- Como se d a alimentao da COLUNA VERTEBRAL ?e- O que ocorre com o Ncleo Pulposo quando submetido presses ?f- O que implica uma postura que confere coluna vertebral o formato de uma letra C ?g- Qual a relao entre o LIGAMENTO LONGITUDIONAL POSTERIOR e o aparecimento da HRNIA DE DISCO ?h- Como se inicia um BICO DE PAPAGAIO ?i- Para que serve a CARTILAGEM HIALINA ?

GLOSSRIO:

ESPASMO MUSCULAR - contrao sbita e involuntria do msculo, geralmente acompanhada por dor e aumento da temperatura local.

PARA SABER MAIS, LEIA:

LIVROS: - Temas de Sade OcupacionalAutor: Hudson de Arajo CoutoEditora: ERGO Ltda - Belo HorizonteDisponvel na Biblioteca da UNICEB - Campus Santa Ceclia

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Viva Bem com a coluna que voc temAutor: Jos KnoplickEditora: Ibrasa - 24 edioDisponvel praticamente em todas as livrarias

Fisiologia Articular - Volume 3Autor: I.A. KapandjiEditora Manole LtdaDisponvel na Biblioteca da UNICEB - Campus Santa Ceclia

Infortunstica no TrabalhoCaptulo: A Coluna Vertebral e o TrabalhoAutor: Jos FinocchiaroDisponvel na Biblioteca da FUNDACENTRO/SPRua Capote Valente, 710 - piso trreo

Anatomia Humana BsicaAutores: Jos Geraldo Dangelo e Carlo Amrico FattiniEditora Livraria Atheneu - SPRua Jesuno Pascoal, 30

Biomecnica - Noes GeraisAutor: Luiz Irineu SettineriEditora Livraria Atheneu (vide endereo acima)Disponvel sob encomenda na Faculdade de Medicina de Santos

REVISTAS TCNICAS - ARTIGOS:

Um Enfoque Ergonmico para as Posturas de TrabalhoAutora: Thais Helena de Carvalho BarreiraRevista RBSO n 67 - FUNDACENTRO

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AULA 03

Noes Bsicas de Anatomia e FisiologiaIdentificao das Limitaes do Organismo Humano

SISTEMA MSCULO - LIGAMENTAR

o responsvel pela movimentao do corpo humano, sendo formado pelo conjunto de MSCULOS e suas inseres nos ossos, atravs de TENDES E FSCIAS.

MSCULOS

Os msculos so tecidos que se caracterizam por ampla flexibilidade, por contrao e alongamento de suas clulas, conhecidas por MIOFIBRILAS. Estas, so especialistas em retirar energia qumica, proveniente dos alimentos que ingerimos e transportada pelo sangue, em energia mecnica. O trabalho produzido pelos msculos possibilitado pela vasta vaso-irrigao que lhes garante a devida alimentao, dentro de determinadas condies.

A contrao dos msculos recebe duas classificaes bsicas:

- contrao Isotnica ou DINMICA: o tamanho do msculo alterado, mas no h aumento de tenso em sua parte interna. Exemplo: Fletir o antebrao sobre o brao.

- Contrao Isomtrica ou ESTTICA: ocorre o contrrio, ou seja, no alterado o tamanho do msculo, mas h um aumento de sua tenso interna. Exemplo: Sustentar uma carga com a mo, enquanto o brao permanece estendido.

Tal classificao muito importante, pois as diferentes contraes implicam num consumo diferenciado de oxigncio pelo msculo.

Assim, a contrao dinmica implica em maior consumo de oxignio, mas possibilita um fluxo sangneo facilitado aos tecidos musculares, pois neste tipo de contrao, h perodos intercalados de contrao e relaxamento dos msculos. J na contrao esttica, h um aumento de presso muscular externa sobre as artrias e vasos capilares, deixando-os parcial ou totalmente fechados, diminuindo muito o fluxo sangneo, sem que haja relaxamento durante a atividade.

Com esta diminuio do fluxo sangneo, a taxa de oxignio nos tecidos cai e, ao mesmo tempo, aumenta a taxa de cido ltico, que responsvel por dores musculares. Dependendo do tempo de durao da contrao, para realizar-se a atividade, haver tambm a presena de tremores musculares, que prejudicam a preciso dos trabalhos.

Outro detalhe muito importante relacionado alimentao dos msculos, seja qualquer a contrao por eles apresentada, refere-se CARGA HEMODINMICA, relacionada coluna a ser vencida pelo fluxo sangneo, quando um membro est elevado. Um timo exemplo o do brao estendido acima do nvel da cabea, abduzido sobre o ombro, desenvolvendo alguma atividade (apertar parafusos com uma chave combinada, muito comum para mecnicos). Com os braos elevados, o fluxo de sangue encontra enorme dificuldade em subir at a extremidade (ponta das mos), resultando em dormncia no brao. Tambm nesta situao haver, portanto, diminuio da taxa de Oxignio nos tecidos (veja slide projetado na sala de aula).

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TENDES -so feixes de fibras colgenas, formadas num tecido conjuntivo denso e modelado, vez que tais fibras encontram-se orientadas em direes bem definidas, de modo a oferecer resistncia alta em relao s foras que atuam sobre o tecido. Os tendes so estruturas anatmicas VISCO-ELSTICAS, ou seja, possuem um certo grau de elasticidade, mas este inferior elasticidade apresentada pelas fibras dos msculos, cuja capacidade de contrao e expanso muito maior.

Uma das caractersticas mais importantes dos tendes, a nvel de fisiologia, refere-se ao TEMPO DE REPOUSO necessrio para que o tecido que forma estes consiga retornar ao seu estado natural, ou seja, VISCO-ELSTICO. Quando sobrecarrega-se um tendo, solicitando-o em demasia, o mesmo tende a sofrer leses nas fibras do tecido conjuntivo, pois o limite de elasticidade facilmente ultrapassado.

Tal problema grave na medida em que um tendo lesionado possui recuperao bastante lenta, pois so estruturas no diretamente vaso-irrigadas, mas de alimentao indireta (alimentam-se de substncias nutritivas presentes em tecidos vizinhos, este ltimos, vaso-irrigados).

Os tendes so responsveis pela transmisso de foras atuantes nos msculos, conferindo movimento aos segmentos corporais, pois servem de elemento de ligao entre o corpo central do msculo e os ossos. Outro detalhe anatmico muito importante relacionado aos tendes se refere ao desenvolvimento e fortalecimento diferenciado entre os primeiros e os msculos. O msculo possui grande facilidade de hipertrofiar-se, o que j no ocorre com o tendo. Assim, deduzimos que o desenvolvimento muscular e seu fortalecimento no so necessariamente seguidos pelos tendes que atuam em conjunto, o que pode produzir leses nos pontos de insero do tendo, quando solicitado.

Determinados grupos musculares, como os que atuam nos membros superiores e inferiores, possuem feixes de tendes que movimentam-se dentro de bainhas (tneis), conhecidas por BAINHAS SINOVIAIS. O nome deriva-se do fato de tais bainhas serem constitudas por TECIDO SINOVIAL, que apresenta duas importantes caractersticas :

1) liso e possui clulas secretoras de um lquido lubrificante, o LQUIDO SINOVIAL. Tal caracterstica facilita a livre movimentao do tendo no interior da bainha;2) possui capacidade fagocitria, ou seja, de eliminar resduos metablicos presentes na regio, limpando-a.

Por fim, de se ressaltar que os tendes podem passar por regies nas quais h um estreitamento natural do organismo, determinado, por exemplo, pela presena de ossos ou msculos.

FSCIAS : So lminas de tecido conjuntivo que envolvem os msculos e possuem trs funes bsicas:

1) como lminas elsticas de conteno, as fscias auxiliam no trabalho de trao muscular, quando da contrao dos msculos, limitando-os num local restrito:2) como possuem uma superfcie lisa, as fscias existentes ao redor dos msculos possibilitam que estes deslizem facilmente entre si;3) algumas fscias musculares possuem uma terminao que serve para prender o msculo ao esqueleto, como no caso da musculatura da regio dorsal e lombar, cujas terminaes se inserem nas asas das vrtebras da coluna, como j comentado na aula anterior.

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SISTEMA SANGNEO OU SISTEMA CIRCULATRIO

Tem como funo principal levar nutrientes e oxignio s clulas do organismo, retirando os resduos produzidos pelo metabolismo e levando-os at os rgos que so responsveis por sua eliminao. O sangue que circula pelos tubos do sistema (artrias, veias e capilares) tambm leva clulas especficas que so organismos de defesa contra substncias estranhas ao corpo humano.

O principal rgo do sistema o CORAO, msculo oco que atua como uma bomba contrtil-propulsora, na qual chega sangue venoso e do qual sai sangue oxigenado, que passou pelo processo de HEMATOSE, ou seja, pela troca de CO2 por O2. O sangue venoso circula pelas VEIAS e o sangue j oxigenado, pelas ARTRIAS.

O sistema vital ao nosso organismo, na medida em que percebemos que qualquer tecido que constitui os rgos de nosso corpo, necessita de alimentao e tambm da retirada de resduos metablicos. Do corao parte verdadeira tubovia de artrias que medida que se afastam do msculo principal do sistema, se ramificam e estreitam de dimetro, atingindo as regies mais perifricas e superficiais do corpo, j na condio de vasos capilares.

Justamente quando chega aos capilares que o sangue alimenta os tecidos do corpo humano, removendo as impurezas e retornando, pelas veias, para passar pelos pulmes. Os capilares tambm desempenham uma importante funo junto aos tecidos conjuntivos, quando sofremos um corte ou uma contuso. Clulas com propriedades coagulantes (plaquetas) atuam de imediato no caso de cortes, alm de que o plasma sangneo passado para a regio que est inflamada, sendo esta embebida, transformando-se num EDEMA.

A recuperao de tecidos lesados tambm se d graas alimentao proveniente do sangue, sem falar que o mesmo leva os leuccitos aos locais necessrios, a fim de combater bactrias e microorganismos estranhos.

SISTEMA RESPIRATRIO

composto pelos pulmes, corpos localizados na regio do trax, cada qual de um lado do corao e pelas vias areas. Juntamente com o sistema circulatrio (item acima), responsvel pelo suprimento de oxignio a todos os tecidos do corpo. O sistema protegido pelas costelas e o conjunto inteiro conhecido como caixa torxica. Esta ltima revestida por um tecido em fina pelcula, conhecido como pleura. Sua misso facilitar que os rgos do sistema deslizem suavemente um de encontro ao outro.

A tarefa principal do sistema a da respirao. Tal atividade desenvolvida principalmente pelo diafragma, membrana que se encontra abaixo da caixa torxica, constituda por tecidos musculares resistentes. O diafragma auxiliado pela atuao dos msculos abdominais (quando um est tensionado, o outro est relaxado).

O mecanismo da respirao implica na passagem do ar externo ao organismo atravs da inalao: o ar entra pelo nariz, passa pela traquia e atinge os brnquios, duas ramificaes que se derivam da traquia. Dos brnquios, o ar vai ramificando-se ainda mais, passando pelos bronquolos, at chegar aos alvolos, minsculas bolsas de ar revestidas por capilares. As paredes dos alvolos so extremamente finas, o que possibilita a passagem do ar que ali se encontra para dentro dos capilares, cujas paredes so permeveis. Assim que se d o processo de HEMATOSE (veja Slide).

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importante ao ergonomista o conhecimento de como atua o sistema respiratrio, na medida em que sabe-se que determinadas posturas prejudicam o funcionamento de tal sistema e que o modo como um trabalho pode ser organizado altera o ritmo respiratrio dos trabalhadores.Na aula seguinte sero apresentadas diferentes situaes, nas quais so detalhadas posturas adotadas pelo nosso corpo e as conseqncias adversas que se verificam nos sistemas j estudados.O mecanismo de INSPIRAO do ar merece uma considerao antomo-fisiolgica importantssima para o estudo e aplicao da Ergonomia.Ocorre que a respirao depende do aumento e da dimunuio do VOLUME da caixa torxica, estando este diretamente relacionado ao funcionamento do diafragma e ao mecanismo da INSPIRAO. Esta ltima ocorrendo, determina uma diminuio na presso interna da caixa torxica, com duas conseqncias.1) penetrao de ar pela traquia at os alvolos;2) aumento da presso da circulao venosa para o interior do lado direito do corao, com boa chegada de sangue venoso parede alveolar, em contato com ar renovado e rico em oxignio.Da concluirmos como importante para a manuteno da HEMATOSE a inspirao facilitada por uma postura correta, assunto a ser detalhado na aula a seguir.

PERGUNTAS SIMULADAS PARA A PROVA:

a - Diferencie a contrao muscular Dinmica da Esttica.b - No que consiste a Carga Hemodinmica?c - Explique a importncia do tempo de REPOUSO para os tendes.d - Como os alvolos atuam no processo de Hematose?

PARA SABER MAIS, LEIA:

LIVROS:

- FISIOLOGIA ARTICULAR - VOLUME 3 Captulo IV - A Coluna Dorsal e a Respirao Autor: I. A. KAPANDJI Disponvel na biblioteca da UNICEB - Campus Santa Ceclia

- COLEO O CORPO HUMANO Os Pulmes e a Respirao Autor: BRIAN R. WARD Editora Scipione

- BIOMECNICA - Noes Gerais Autor: LUIZ IRINEU SETTINERI Editora Livraria Atheneu - SP

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AULA 04

Anlise Postural do Corpo Humano

Na aula 01 observamos que o Ergonomista comparece indstria para analisar como um operrio trabalha, avaliando, entre outras coisas, a sua POSTURA DE TRABALHO e as ATIVIDADES MOTORAS pelo mesmo desenvolvidas. Atravs desta anlise que so identificadas diversas incompatibilidades existentes entre o posto de trabalho e os limites do corpo humano.

A postura do corpo compreendida como o arranjo relativo entre as partes que compem este corpo. A BOA postura aquela que se caracteriza pelo EQUILBRIO entre os diversos segmentos corporais estruturais (ossos e msculos, de modo geral), protegendo o organismo contra agresses e deformidades. Na BOA postura, portanto, as estruturas orgnicas desempenham suas funes de modo eficiente.

Por concluso, a M postura pode ser conceituada como aquela em que h DESEQUILBRIO entre aquelas partes do corpo e tambm na qual o relacionamento entre as estruturas ineficiente, induzindo o organismo agresses e leses diversas, localizadas ou generalizadas.

J as atividades motoras so compreendidas como os movimentos que rearranjam os segmentos corporais entre uma postura e outra, sejam tais movimentos amplos ou reduzidos.

Podemos classificar, segundo WISNER, as atividades motoras em:

- gestos de observao;- gestos de ao e- gestos de comunicao.

Os gestos de observao so aqueles utilizados para se captar informaes e sinais que chegam ao posto de trabalho. Os gestos de ao so os modos operatrios adotados pelo trabalhador neste mesmo posto. Por fim, os gestos de comunicao so compreendidos pela linguagem gestual usada pelos trabalhadores para transmitir alguma mensagem.

Repare que todos os gestos esto diretamente relacionados realizao de uma tarefa e, para que esta seja efetuada com sucesso, so adotadas posturas de trabalho e, entre estas, so desenvolvidas atividades motoras.

Exemplo:

Um operador de ponte rolante est na cabine de operao deste equipamento, a 30 metros de altura. Um trabalhador est no piso de galpo. O operador da Ponte observa o outro trabalhador, que lhe faz um sinal, para que abaixe o guincho at sobre um motor de bomba que est no piso. Interpretando este sinal, o operador posiciona o guincho na altura indicada.

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FATORES QUE INFLUEM NA ADOO DE POSTURAS

Como vimos, os gestos so adotados entre uma postura e outra para a realizao de tarefas. Mas preciso analisar PORQUE os gestos so adotados pelo trabalhador, levando-o adoo desta ou daquela postura. Vrios so os fatores que influem e, at mesmo obrigam o trabalhador adoo de posturas inadequadas, levando seu organismo agresses e leses diversas.

- Fatores relacionados natureza da tarefa.

Dependendo do tipo de tarefa, esta mais voltada atividade mental ou atividade fsica. Cada atividade implicar na adoo de posturas que correspondem natureza. Exemplos:

A- Um operador de painel que trabalha numa sala de controle, sentado, observando dezenas de mostradores, controlando vriaveis de um processo industrial. A atividade de natureza mental.

B- Um estivador que trabalha junto a uma correia transportadora de sacos de caf, no cais do porto. Seu trabalho implica em permanente movimentao e esfro fsico.

- Fatores Fsicos Ambientais.

Compreendem a quantidade de grandezas fsicas existentes no ambiente e no posto de trabalho, no qual est o trabalhador. Rudo, iluminamento, temperatura, umidade, so alguns fatores que implicam na adoo de posturas. Exemplos:

A- Um metalrgico controla a qualidade de peas produzidas numa linha de montagem e sua movimentao nesta linha, observando tais peas atravs de uma pequena abertura existente num tapume que serve de proteo. O tapume no foi previsto originalmente para a linha de produo, mas o prprio metalrgico o colocou defronte linha, pois as peas que por ali passam ainda esto incandescentes, irradiando calor em excesso, que no suportado pelo organismo humano. Neste exemplo, observa-se que o trabalhador acaba inclinando a cabea at a altura da abertura existente no tapume, a fim de obter um ngulo de viso das peas. O calor (agente fsico) implicou na colocao do tapume (Veja slide na sala de aula).

B- Um digitador trabalha sentado defronte uma mesa, operando seu micro. O CPD no qual trabalha refrigerado por sistema de ar condicionado central. Uma calha percorre a sala do CPD no sentido longitudinal, com vrias derivaes da calha central que distribuem diversas tubulaes de insuflao de ar no ambiente. Uma grelha de ar est sobre a mesa do digitador, insuflando ar frio que atinge a regio da sua coluna cervical. Inconscientemente, o digitador adota uma postura encolhida, tensionando os msculos da cintura escapular e da cervical.

- Fatores Dimensionais.

Muito comuns, os fatores dimensionais de um posto de trabalho influenciam diretamente na adoo de posturas e gestos dos trabalhadores. Referem-se ao tamanho e localizao de alavancas, botes, pedais, teclados, volantes, entre outros dispositivos de comando de mquinas e equipamentos. Tambm a presena de estruturas, degraus, passagens, influenciam na postura adotada. Exemplos:

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A- Na aula 01 j temos um timo exemplo, em relao postura adotada pela operria da linha de montagem de rdios e toca-fitas. No havia espao abaixo da bancada de trabalho, pela presena de cantoneiras, impossibilitando a colocao das pernas e ps da operria, o que a obrigou a rotacionar o tronco para um dos lados, torcendo a coluna. Para colocar painis com dispositivos eletro-eletrnicos j montados numa esteira rolante, a operria debruava seu corpo sobre caixas de plstico e estendia todo o brao. So posturas adotadas em funo das dimenses do posto e da localizao de seus diferentes componentes.

B- Um operador de Ponte Rolante debrua o tronco e a cabea por sobre o caixilho da janela localizada na cabine de controle, numa altura de 03 andares (possibilidade de queda-livre). Tal postura absurda (veja o slide) ocorre em funo da necessidade que o operador da PR tem de visualizar os equipamentos que se encontram abaixo da cabine da ponte. No exemplo, percebemos que, se o operador ficar sentado no banco existente dentro da cabine, ser impossvel enxergar as bobinas de ao que devem ser iadas pelo guincho, o que o obriga a debruar-se para fora da cabine.

C- Numa rea industrial de grande porte, com diversos pavimentos, encontram-se equipamentos com altura elevada, como tanques de estocagem (entre 15 e 20 metros) sobre os quais h motores, bombas e tubulaes que sofrem manuteno mecnica. Falhas no projeto da rea industrial possibilitam que alguns destes equipamentos sejam posicionados muito prximos a pisos, plataformas ou paredes da rea, o que implica em verdadeiros malabarismos posturais por parte dos trabalhadores. Bocas de visita de tanques e caldeiras, muitas vezes de dimetro restrito, s permitem mesmo que os mecnicos e outros profissionais de manuteno entrem no vaso por terem dimenses corporais pequenas.

- Fatores Temporais.

So de grande importncia, na medida em que j temos conscincia de que os trabalhadores so obrigados a adotar posturas absurdas e que as agresses ao organismo so ainda mais acentuadas, quanto maior for o tempo em que o corpo permanece em desequilbrio.

Se as atividades so desenvolvidas sob presso de tempo, a situao se agrava em funo da tenso nervosa qual o trabalhador se expe. Mais uma vez usaremos o exemplo da operria mencionada na AULA 01:

A- O controle da velocidade da esteira rolante que corre junto s bancadas de trabalho no da operria, sujeitando-se a mesma velocidade imposta por sua chefia. Ela sabe muito bem que se a velocidade aumentada na linha de montagem, um recado est sendo enviado todas as operrias: TRABALHEM MAIS RPIDO. Tal situao s leva muitas vezes a um descontrole emocional, pois esto sendo pressionadas a aumentar o ritmo de trabalho. Esta situao costuma fazer com que a concentrao mental das trabalhadoras aumente muito, implicando-as a aproximar o tronco e a cabea ao plano de trabalho da bancada, alterando a postura.

O mais impressionante que a operria nem ao menos se d conta de tal situao. S no final de um turno de trabalho, quando sai para almoar, por exemplo, que a operria sente a agresso postural, manifestada por fortes dores musculares e retesamento de tecidos, ligamentos, etc.

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B- Situaes parecidas tambm se verificam na seo de controle de qualidade, no final da linha de montagem de produtos. Uma esteira rolante faz com que os produtos acabados passem na frente de um inspetor, que deve observar alguns detalhes da pea, procurando defeitos. Caso haja detalhes que exigem grande acuidade visual por parte do inspetor, o mesmo acaba debruando o tronco sobre a esteira, aproximando a cabea (e os olhos) do objeto a ser inspecionado, adotando uma postura errada. Se a velocidade da esteira for incompatvel capacidade mental do inspetor, o fator temporal (tempo para identificar defeitos e rejeitar a pea) caracterizado.

O TRABALHO NA POSTURA SENTADA E NA POSTURA DE P

J est comprovado cientificamente que ambas as posturas resultam em uma srie de inconvenientes para o nosso organismo.

Quando se est de p, necessitamos considerar duas situaes distintas: de p com o corpo parado e de p com o corpo em movimento (andando, por exemplo).

DE P, COM O CORPO PARADO

Situao muito comum para vendedores e balconistas, tal postura caracteriza-se por um acmulo de sangue venoso retido junto aos tecidos dos membros inferiores, em funo de um esforo muscular esttico. Como no h movimentao, ou esta muito discreta, o sangue tem dificuldade em voltar ao corao, onde oxigenado. A dor nas pernas em tal situao comum e at mesmo a sensao de formigamento relatada.

DE P, COM O CORPO EM MOVIMENTO

Quando andamos, os msculos das pernas encontram-se em contrao e relaxamento alternados, o que facilita o fluxo de sangue e conseqnte oxigenao do mesmo. No ocorrendo acmulo de sangue venoso nos tecidos, estes no ficam entumecidos, concluindo-se que dificilmente haver dores na regio. Contudo, quando caminhamos em rampas (planos inclinados) ou em escadas, o dispndio energtico aumenta, pela necessidade que temos de equilibrar a parte do corpo que est momentaneamente sem apoio.

SENTADO

Ao contrrio do que muitos possam pensar, a postura sentada no implica num relaxamento da musculatura corporal e num trabalho mais facl e confortvel. Tais respostas apenas se verificam em condies especiais, nas quais a cadeira que se usa perfeitamente adequada s caractersticas anatmicas de seu usurio.

Normalmente as situaes vivenciadas pelos trabalhadores que ativam-se em postura sentada resulta em dores e incmodos relevantes, chegando ao ponto em que o trabalhador passa a recusar o assento e d preferncia ao trabalho em postura de p (exemplo da aula 01).

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De fato, o constante trabalho sentado promove uma flacidez no msculos abdominais, geralmente acompanhada por uma indesejvel curvatura nas costas, desde a regio dorsal at a regio lombar (coluna em C). Tal postura inclinada resulta na convergncia das costelas superiores, o que diminui a amplitude de seus movimentos. Tambm o espao onde normalmente atua o diafragma diminudo. A conseqncia ser uma respirao reduzida.

Acompanhando tais problemas, verifica-se que a postura da coluna em C, produz uma presso assimtrica nos discos intervertebrais, o que favorece a sada do lquido nutriente que embebe os tecidos do anel e do ncleo pulposo e j vimos, na AULA 02, quais as conseqncias de tal situao (degenerao acelerada da coluna vertebral).

A postura inclinada para frente (ou coluna em C) promovida geralmente quando no h encosto na cadeira ou quando este existe, mas intil, pois o trabalhador se v obrigado a deslocar o tronco para a frente, a fim de obter o alcance motor e/ou visual em relao ao plano de trabalho (um painel de controle, uma bancada, etc.).

H outra situao em que torna a postura sentada bastante incmoda. Quando no h espao para colocar as pernas abaixo do tampo de uma mesa, o indivduo obrigado a sentar com as pernas de lado, rotacionando exageradamente a coluna lombar e dorsal em relao cintura plvida. Tal postura acarreta a tenso localizada de determinados grupos musculares das costas, dificultando a oxigenao destes e causando rapidamente dores.

Quando trabalha-se sentado de frente a um balco de mesa muito alta, a coluna fica retificada, com diminuio das curvaturas naturais (lordose e cifose). Ocorre que tais curvaturas so responsveis pela sustentao do tronco e, diminudas, resultam numa contrao esttica da musculatura do dorso, que se reflete na alimentao da coluna vertebral, expulsando o lquido nutriente do interior dos discos.

NEM SENTADO, NEM DE P

muito comum observar em oficinas e em reas industriais uma postura em que o indivduo parece estar de p, mas tal a inclinao de seu tronco para a frente, que no podemos considerar tal posio como ortosttica, mas sim , no Meio do Caminho.

Esta postura inclinada, que confere o famoso formato em C coluna, implica nos problemas j citados nos itens anteriores (veja tambm a AULA 02).

RECOMENDAES PARA O TRABALHO SENTADO

Impossvel seria considerarmos que o indivduo que trabalha sentado deve preocupar-se apenas com a cadeira que usa, visto que o trabalho sentado se d em relao uma superfcie de trabalho que relaciona-se com o assento no qual est o indivduo.

Assim, as recomendaes ergonmicas no se limitam especificaes de cadeiras adequadas a tal postura, mas tambm superfcies de trabalho frente da cadeira. A relao dimensional entre os dois componentes do posto de trabalho muito importante, como veremos a seguir.

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A CADEIRA

Observaes efetuadas por profissionais de Medicina do Trabalho com funcionrios tpicos de escritrio, relatam que h diversas posturas de trabalho sentado no decorrer do dia e que no h postura padro. Tal fato facilmente justificvel na medida em que nosso organismo no suporta condies estticas, mas sim, gosta da alternncia dos movimentos. J vimos que quando o sistema muscular contrai-se e relaxa alternadamente, h uma boa vaso-irrigao dos tecidos, o que evita dores.

Portanto, quando trabalhamos sentados, no permanecemos numa nica postura, mas adotamos diversos reajustes posturais. Conclumos, assim, que a cadeira na qual estivermos sentados dever possibilitar tais ajustes, sendo flexvel, nunca fixa (a cadeira onde voc est sentado agora possui regulagens?).

Tais regulagens devem existir para que sempre que tenhamos que mudar de postura, as partes da cadeira (assento e encosto) se movimentem junto com o corpo, sustentando-o.

Exemplo: se voc estiver numa cadeira de encosto fixo, e quizer se espreguiar, jogando o tronco para trs, levantando os braos, verificar que isto impossvel, a no ser que voc jogue a cadeira para trs e caia no cho. O encosto, portanto, deve ser mvel, basculando para trs e para a frente junto com os movimentos executados pelo tronco.

Outra importante considerao refere-se ao assento da cadeira. Voc j deve ter sentado num daqueles sofs que engolem a pessoa, afundando e tendo grande dificuldade para levantar-se depois. Tambm j deve ter sentado em bancos e cadeira de madeira IN NATURA, sem qualquer tipo de revestimento ou frro. Qual das duas situaes acima a pior? - Resposta: AS DUAS !

Vejamos o sof que engole pessoas: quando nos sentamos, temos uma impresso inicial de muito confrto, pois o assento muito macio. Isto apenas um iluso que leva poucos minutos, para que logo mudemos de opinio! Ocorre que o sof em tais condies fora a coluna para uma inclinao frontal, pois se ficarmos na posio engolida, nosso tronco e a cabea ficaro arremessados para trs (olharemos para o teto!). Assim, a musculatura das costas fica em contrao esttica e j sabemos o que resulta tal contrao para nossos msculos e para a coluna.

Ao mesmo tempo, a face posterior das coxas encontra-se totalmente apoiada no assento, o que no nada bom, pois h um lento, mas progressivo, esmagamento de tecidos superficiais daquela regio, com presso exercida sobre os vasos capilares. Tal presso dificultar a circulao sangnea e os ps em breve ficaro formigando.

Vejamos agora o que ocorre com o banco de madeira. A superfcie, no sendo revestida, produz uma concentrao de presso sobre a parte inferior da cintura plvica, sobre duas tuberosidades localizadas nos squions. que todo o peso do corpo que se encontra acima da bacia passado para esta regio, sem que haja uma distribuio da carga sobre uma superfcie uniforme da face posterior das ndegas e das coxas.

Portanto, o assento da cadeira no deve ser constitudo apenas com uma tbua de madeira, nem receber um revestimento tipo almofada de sof. O ideal que a estrutura do assento seja em prancha de madeira moldada e revestida de espuma com uns 2 centmetros de espessura.

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A altura do assento deve ser regulvel, com curso de 10 cm. Sistema de amortecimento com mola ou a gs essencial.

A SUPERFCIE DE TRABALHO

Tampos de mesa, bancadas, painis de controle, pranchetas de desenho, volantes de mquinas, teclados de computadores so superfcies de trabalho que se localizam geralmente frente de assentos de trabalho.

Postos de trabalho que implicam na postura sentada so bastante comuns e inmeros apresentam inadequaes em relao anatomia do corpo humano. Caixas de supermercados, de farmcias, desenhistas, dentistas, bancrios, operrias de linhas de produo, escolhedeiras, datilgrafos, digitadores, so profissionais que se sujeitam diariamente posturas foradas quando esto sentados.

Tais posturas ocorrem porque a relao entre a cadeira na qual sentam as pessoas no est compatvel com os planos de trabalho em questo.

Exemplo: CAIXA DE BANCO

Repare que o caixa de banco costuma trabalhar muito de p, mesmo tendo sua disposio uma banqueta. que a superfcie de trabalho do caixa no se limita a um balco, mas possui uma gaveta de grandes propores, que, para ser aberta, invade o espao ocupado pelo tronco do funcionrio, caso este fique sentado na banqueta. Para ficar sentado, o caixa deve posicionar a banqueta longe do balco, para dar espao gaveta que aberta constantemente. Se ficar afastado, no alcana a registradora que est no fundo do balco. Assim, prefere ficar de p, postura na qual obtm maior mobilidade em relao ao posto de trabalho.

PERGUNTAS SIMULADAS PARA PROVA:

a- Como pode um fator fsico AMBIENTAL alterar uma postura? (d um exemplo diferente daquele da apostila!)b-D dois exemplos de fatores DIMENSIONAIS que obrigam um trabalhador a adotar posturas inadequadas (no adianta copiar da apostila!)c- A operria mencionada na aula 01 trabalha sentada, em seu posto de trabalho. Tente relatar TODOS OS PROBLEMAS POSTURAIS que ela enfrenta diariamente.d- Procure explicar qual a relao existente entre a cadeira usada por um digitador e a mesa onde est o micro que ele usa, em relao s posturas que o digitador adota em seu trabalho. Faa uso de exemplos, imaginando que o teclado est muito baixo, ou que o monitor de vdeo est muito alto, etc.

PARA SABER MAIS, LEIA: LIVROS:ANATOMIA HUMANA BSICAAutores: Jos Geraldo Dangelo Carlo Amrico FattiniEditora: Livraria Atheneu - SP Rua Jesuno Pascoal, 30 - So Paulo

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TEMAS DE SADE OCUPACIONALAutor: Hudson de Arajo CoutoEditora ERGO S/C Ltda - Disponvel na UNICEB - Santa Ceclia

GUIA PRTICO - TENOSSINOVITESAutor: Hudson de Arajo CoutoEditora ERGO S/C Ltda - Pedidos pelo tel. (031) 261-3736

ERGONOMIA - PROJETO E PRODUOAutor: Itiro LidaEditora: (veja aula 01)

LEVANTAMENTO E TRANSPORTE MANUAL DE PESOSSRIE CONSTRUO CIVILAutor: Monticuco & KopelowiczEditado pela Fundacentro

REVISTAS TCNICAS - ARTIGOS:

ENFOQUE ERGNOMICO DOS POSTOS DE TRABALHOAutor: Carlos Maurcio Duque dos SantosFonte: Revista Cipa n 143

CONSIDERAES ERGNOMICAS SOBRE O TRABALHO NO SETOR DE ACABAMENTO: Contagem e Embalagem de PapelAutora: Dirce dos SantosFonte: Revista Cipa n 147

A PREVENO DA HRNIA DE DISCO NA CONTRUO CIVILAutora: Ftima Lcia Vieira de MacedoFonte: Revista Cipa n149

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AULA 05

Posto de Trabalho

CONCEITO

Por Posto de Trabalho entendemos um local no qual um trabalhador desenvolve suas atividades. Para tanto, informaes chegam ao posto, bem como partem dele. do posto que parte a atuao do trabalhador, atravs dos elementos que constituem tal base, como os comandos pelos quais se controla uma mquina, um veculo, uma aeronave, etc.

importante, contudo, perceber que a anlise ergonmica de um posto de trabalho no se limita ao tamanho do posto ( uma cabine, uma bancada, uma mesa, etc). Tal ocorre em funo da ABRANGNCIA do posto, que pode se estender por diversas reas de atuao, que so controladas daquela base. Inmeros exemplos ilustram o mencionado acima:

Exemplo 1: Imagine uma central eltrica, integrante de uma usina hidreltrica. Na sala de controle, diversos paneis de controle permanecem 24 horas por dia atuando sobre a gerao e distribuio de energia. Da sala, controlam-se centenas de quilmetros de raio ao redor da usina e tudo que ocorre de anormal registrado nos paneis. Percebe-se, portanto, a abrangncia enorme de tal posto de trabalho.

Exemplo 2: Um operador de ponte rolante atua numa rea de uma siderrgica. Sua funo bsica controlar os guinchos da ponte, para a elevao, transporte e descarga de peas, maquinrios, etc. Interessante observar, contudo, que o operador encontra-se dentro de uma cabine elevada a aproximadamente 30 metros de altura e que a ponte movimenta-se ao longo de um galpo cujo comprimento chega a 500 metros. Toda e qualquer pea, objeto, mquina, etc.a ser transportada pela ponte estar, portanto, a pelo menos 30 metros de distncia do homem que controla tal operao. Ao analisarmos ergonomicante tal posto de trabalho, no podemos atentar apenas s caractersticas da cabine da ponte rolante. Na verdade, interessa ao ergonomista todo e qualquer detalhe presente ao longo dos 500 metros do galpo no qual atua a referida ponte, pois para l que o operador ir olhar.

Exemplo 3: Um operador de locomotiva atua na cabine de controle da mquina, que responsvel pelo deslocamento de uma composio de 60 vages. Toda e qualquer manobra efetuada pela locomotiva ser de imediato transmitida composio, sendo que h situaes nas quais o operador no consegue ver o que ocorre com os ltimos vages, pela presena de tneis, curvas, morros, entre outros obstculos.

Pelos exemplos acima, percebe-se como a anlise ergonmica no se limita mquina, ao painel, ou cabine de onde se controlam operaes, mas vasta rea de atuao controlada da base de trabalhos. Isto nos leva a um importante conceito, chamado pelos ergonomistas de SISTEMA HOMEM X MQUINA.

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O SISTEMA HOMEM X MQUINA

Em todos os exemplos acima, h uma caracterstica em comum. ALGUM est controlando o andamento das operaes. Para tanto, uma seqncia observada, um ciclo de atividades fechado de tempos em tempos, anotaes so feitas, posturas so adotadas, informaes so recebidas, processadas, interpretadas, concluses so tiradas e, caso necessrio, aes so desempenhadas, para alterar um rumo, uma trajetria, um movimento, uma determinada quantidade, etc.

Observemos uma etapa do trabalho do maquinista da locomotiva: A composio j se encontra em andamento sobre os trilhos. Na cabine, o trabalhador controla regularmente o nvel de combustvel, a velocidade, a temperatura, o nvel de leo, condio dos freios, entre outras variveis inerentes ao seu trabalho. So dados provenientes da prpria mquina que ele opera.

Mas o que no dizer a respeito do ambiente externo locomotiva? Est chovendo? A trajetria est livre frente? noite ou dia? Quais as condies de visibilidade (neblina, chuva, fumaa, etc)? Tudo isto se refere s INFORMAES. Nestas que o operador presta a ateno, pois analisando-as que consegue tomar ATITUDES (freiar, acelerar, acender faris, ligar o limpador de pra-brisa, etc).

Pois bem, o mecanismo de recebimento e emisso de informaes e atitudes conhecido como interface HOMEM X MQUINA ou SISTEMA HOMEM X MQUINA. A Ergonomia estuda tal sistema para interferir nos projetos dos postos, de forma a trabalhar com as dimenses, os formatos, as cores, a iluminao, a localizao de vidros, passagens, acessos, visibilidade, entre tantos outros fatores.

Para tanto, a Ergonomia faz uso das cincias que j foram citadas anteriormente, para conhecer os limites sensoriais do homem (espectro de cores visveis, nveis de presso sonora, tato, etc) e limites fisiolgicos e anatmicos (alcances, ngulos de confrto, fora muscular, etc.)

A Ergonomia tambm analisa e interfere na comunicao que se estabelece entre o homem e seu posto de trabalho, alterando o formato e tamanho de letras impressas em mostradores (voltmetros, ampermetros, termmetros, etc. indicadores de nvel de variveis das mais diversas), alterando ngulos, eliminando reflexos e ofuscamento, otimizando a iluminao no ambiente, encontrando a velocidade mais adequada para que uma escala se movimente, etc., etc. As reas envidraadas, que possibilitam uma viso do que ocorre externamente ao posto, tambm sofrem estudos.

A IMPORTNCIA DOS ALCANCES MOTOR E VISUAL

Por ALCANCE MOTOR entendemos que um objeto qualquer alcanado por um segmento corporal, geralmente pela mo. Quando o maquinista da locomotiva aperta um boto no painel que se encontra sua frente, est exemplificando o ALCANCE MOTOR.

Por ALCANCE VISUAL entendemos tudo aquilo que devemos ver e que, efetivamente, conseguimos ver e interpretar como informaes. Estas informaes geralmente so essenciais ao bom andamento do trabalho. Novamente, recorrendo ao exemplo do maquinista, encontramos uma situao aplicvel ao ALCANCE VISUAL, pois a trajetria da composio nos trilhos acompanhada constantemente pelo visor frontal e superior da locomotiva.

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EXERCCIO: Observe o slide apresentado em sala de aula e procure explicar qual a relao entre o ALCANCE VISUAL e o ALCANCE MOTOR do posto de trabalho da locomotiva.

Agora procure responder:

a) Por que o maquinista projeta sua cabea pela janela lateral e olha para fora?b) O que ocorre com o ALCANCE MOTOR de seu brao esquerdo quando adota tal postura?

A anlise que voc acaba de fazer caracterstica tpica do trabalho desenvolvido pela Ergonomia. sempre necessrio perguntar por que uma determinada situao de desconfrto (e at mesmo de risco) est ocorrendo e tambm as conseqncias de tal situao.

REAS DE TRABALHO E ALCANCES

As reas de trabalho de um posto implicam necessariamente em alcances (motor e/ou visual). Contudo, certos equipamentos, certos painis ou certos botes so muito mais utilizados do que outros. Claro est, portanto, que aqueles instrumentos mais utilizados devem estar mais ao alcance do trabalhador, sendo considerados prioritrios.

A localizao de tais instrumentos, regra geral, no deve implicar em alteraes posturais do trabalho, na medida do possvel. Um excelente exemplo verifica-se nos automveis, quanto ao posto do motorista. Observe que o motorista controla a trajetria do veculo sem praticamente adotar grandes mudanas posturais, permanecendo sempre sentado e com as mos deslocando-se muito discretamente entre um boto e o volante. Mesmo ao olhar para o espelho retrovisor esquerdo (externo), o motorista s rotaciona levemente a cabea.

Contudo, repare na prioridade. O volante obviamente encontra-se numa excelente localizao, visto que sempre usado. J a regulagem do espelho retrovisor encontra-se um pouco mais afastada, eis que s se regula uma vez, quando se entra no automvel.

Tal exemplo nos leva a dois conceitos bastante difundidos no projeto ergnomico, ou seja, s REAS DE TRABALHO TIMA E MXIMA. A primeira j diz tudo, uma excelente localizao para controles, mostradores e instrumentos, que praticamente mantm a postura do trabalhador inalterada, sendo que este no sente qualquer desconfrto em relao aos alcances. A segunda se refere a mxima localizao possvel, que implica em deslocamentos posturais e desvios nos segmentos corporais, dentro de limites que no acarretem em leses, aplicvel apenas a instrumentos pouco utilizados. Um exemplo de localizao em reas TIMA e MXIMA demonstrado na ilustrao da Prancha n 13.

USO SEQENCIAL DE DISPOSITIVOS

At agora, voc estudou a localizao de dispositivos de comando e de informaes segundo a FREQNCIA DE USO, ou seja, aqueles muito ou pouco utilizados. Mas h um outro fator que considerado para efeito de localizao de dispositivos, que se refere SEQNCIA DE USO dos instrumentos, que vamos detalhar a seguir.

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Determinadas operaes efetuadas em reas industriais, requerem atividades complexas e que envolvem alto risco para o processo de produo. So tpicas as grandes paradas em unidades de indstrias qumicas, petroqumicas, entre outras. Enquanto a unidade est produzindo normalmente, as variveis do processo encontram-se praticamente estveis, sendo controladas com relativa facilidade.

Entretanto, nas paradas ou nas partidas destas unidades, o processo tem suas variveis alteradas durante um certo perodo (pode levar horas), no qual o controle efetuado torna-se crtico, vez que os equipamentos (bombas, compressores, caldeiras, tubulaes, etc.) esto sofrendo mudanas de temperatura, presso, vazo, voltagem, amperagem, etc.

Ora, a parada ou a partida de uma unidade deve respeitar um procedimento padronizado pela empresa, na qual uma SEQNCIA de operaes seguida, de modo a desativar ou reativar a unidade progressivamente. A seqncia de operaes acompanhada geralmente em salas de controle ou CCIs, junto a painis nos quais h sries de dispositivos de controle e de informao. importante que a localizao de tais dispositivos respeite o homomorfismo entre o acionamento seqencial de botes e alavancas e o que est ocorrendo na rea. Observe o exemplo:

Num painel que representa uma srie de bombas dgua, localizadas na extremidade oeste da fbrica, os botes que ligam e desligam tais bombas respeitam uma seqncia da esquerda para a direita, exatamente a posio relativa das bombas que devem ser primeiro desligadas, at chegar-se ltima. Isto facilita bastante o trabalho do operador da sala, pois o painel reproduz aquilo que de fato ocorre na rea externa.

ESTERETIPOS APLICADOS EM POSTOS DE TRABALHO

A relao existente entre aquilo que se manipula num painel de controle e aquilo que acontece na rea de produo est diretamente ligado a esteretipos, ou seja, ao conhecimento j adquirido pelo indivduo dos movimentos que deve fazer, pela vivncia e intuio.

Assim, inclina-se uma alavanca para a esquerda, se um fluxo de produo est sendo dirigido para este mesmo lado. Um registro girado em sentido horrio se o operador quer fechar ou interromper o fluxo. Inverses no sentido de direo ou de giro de dispositivos de controle geralmente resultam em acidentes e, no mnimo, em incmodos para o operador no instante em que deve tomar decises rpidas e adotar aes imediatas sobre o painel sob sua responsabilidade.

Exemplo: Uma srie de 5 registros localizados lado a lado e numerados numa seqncia de 1 a 5, encontra-se numa parede de uma rea industrial. Todos os registros fecham quando girados para o sentido horrio, com exceo do registro n 2, que s fecha no sentido anti-horrio. Tal situao responsvel por vazamentos e outros acidentes, pois um trabalhador pode fechar o registro n 2, quando na verdade o est abrindo!

Observe agora os slides apresentados em sala de aula e acompanhe as explicaes do professor, relacionadas ausncia de esteretipos numa cabine de ponte rolante e como foram solucionados os problemas derivados da situao apresentada.

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O REDESIGN DO POSTO DE TRABALHO

Reprojetar um posto de trabalho inadequado implica em se levantar os problemas no prprio local de trabalho, verificar a abrangncia do posto, as posturas adotadas pelo trabalhador, entre outros tantos fatores. Mas reprojetar o posto novo apenas na prancheta correr o risco de dimensionar partes daquele, sem testar se os alcances, as posturas, a visibilidade, possibilitaro realmente um trabalho mais confortvel e seguro para o seu usurio.

Assim, muito comum ao Ergonomista que antes de entregar o projeto final do novo posto, faa testes num simulador (o termo usual MOCK-UP). Neste, construdo em escala 1:1, o prprio trabalhor simular as situaes que vivencia na rotina diria de seu trabalho, criticando aquilo que julgar como ainda no plenamente solucionado.

O MOCK-UP, dependendo da riqueza de detalhes funcionais que lhe forem aplicados, servir at mesmo como treinamento prvio para os trabalhadores do posto que est sofrendo a interveno ergonmica.Observe novamente os slides projetados na sala de aula, referentes a MOCK-UPS desenvolvidos para postos de trabalho de pontes rolantes. Fotografias com MOCK-UPS de terminais de SDCDs tambm esto disponveis para as observaes dos alunos.

PERGUNDAS SIMULADAS PARA A PROVA:

a- Por que o ergonomista observa a quantidade e qualidade da iluminao presente num galpo, se est analisando uma cabine de ponte rolante que atua no mesmo galpo?b- Como pode o ALCANCE VISUAL interferir no ALCANCE MOTOR?c- O que se entende por SISTEMA HOMEM X MQUINA?d- No que influi a freqncia de uso de dispositivos localizados num painel de controle, quanto ao alcance de tais dispositivos?e- Apresente um exemplo relacionado seqncia de uso de dispositivos de informao e de controle, confrontando-a com equipamentos que se movimentam numa rea industrial.

GLOSSRIO:

HOMOMRFICO, Movimento: movimento no qual se observa que a direo e o sentido aplicada pela segmento corporal, acompanha a direo e o sentido daquilo que se controla. O volante do carro, movimentado pelas mos do indivduo que o dirige, um timo exemplo de movimento homomrfico.

PARA SABER MAIS, LEIA:

LIVROS: O QUE HOUVE DE ERRADO?Autor: TREVOR A. KLETZEditora MAKRON BOOKS-SPRua Tabapu n 1105 - So Paulo - Tel. (011) 829-8604 ERGONOMIA - Projeto e ProduoAutor: Itiro IidaEditora: Edgard Blcher LtdaDisponvel na Livraria Cultura, tel. (011) 285-4033

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Antropometria

a cincia da qual faz uso a Ergonomia, relacionada s dimenses do corpo humano e a relao que existe entre os diversos segmentos corporais. As dimenses antropomtricas esto diretamente envolvidas aos ALCANCES MOTORES de um indivduo e s POSTURAS pelo mesmo adotadas.

Quando menciona-se que a ANTROPOMETRIA estuda as dimenses do corpo humano, preciso considerar que tais dimenses so obtidas em duas situaes bastante distintas: DIMENSES ESTTICAS e DIMENSES DINMICAS.

Na ANTROPOMETRIA ESTTICA, so consideradas as dimenses do corpo quando o mesmo encontra-se em uma postura considerada NEUTRA, sem que uma atividade motora esteja sendo desenvolvida. Seria uma obteno de dados BSICOS em relao s nossas dimenses, sem grande profundidade.

J na ANTROPOMETRIA DINMICA, so consideradas as dimenses dos diversos segmentos corporais quando se encontram em MOVIMENTO, ou seja, so obtidas importantes informaes relacionadas aos ngulos utilizados pelas articulaes, os alcances dos segmentos corporais e, o principal, quais as posturas NATURAIS e CONFORTVEIS adotadas.

Percebe-se, desde j, como a ANTROPOMETRIA relaciona-se com a ANATOMIA e FISIOLOGIA.

OBJETIVOS DA ANTROPOMETRIA

Para que as dimenses dos segmentos corporais e dos ngulos entre estes segmentos so levantadas? Por que importante conhecer as diferenas dimensionais existentes entre uma populao de trabalhadores?

Vamos responder a tais questes fazendo uso, inicialmente, de um exemplo. Vamos supor que numa linha de produo, com 100 postos de trabalho, encontramos operrios e operrias. As bancadas de trabalho so fixas (sempre a mesma altura, sempre a mesma profundidade, etc.) e as cadeiras usadas so do mesmo fabricante, todas iguais.

A populao de trabalhadores, contudo, DIFERENTE. Um homem de 25 anos de idade, 1,85 de altura e 90 quilos de peso trabalha ao lado de uma mulher com 40 anos de idade, 1,52 de altura e 54 quilos de peso. Os dois devem trabalhar sentados, alcanar os mesmos objetos e mont-los. Depois, devem colocar o objeto j montado numa nica esteira que passa acima da bancada, numa altura padronizada em toda a linha de montagem.

Observando-se as duas pessoas trabalhando, imediatamente so diagnosticados vrios problemas:

- enquanto o homem no apresenta a menor dificuldade em alcanar o fundo da bancada, onde se localizam algumas peas em caixas plsticas, a mulher necessita debruar o tronco frente, esticando o brao para atingir tal regio;

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- o homem apoia facilmente os ps no piso da rea. A mulher, para conseguir tal postura, senta na ponta da cadeira, afastando a regio lombar do encosto;

- para colocar uma pea na esteira rolante, o homem levanta levemente o antebrao e alcana a esteira. Para fazer o mesmo, a mulher tem que esticar todo o brao;

- ao levantar da cadeira, o homem necessita de cuidados, pois pode bater a cabea numa estrutura de tubulaes e bandejas eltricas existentes na rea. Com a mulher isto no acontece;

- o espao existente abaixo do tampo da bancada apertado para as pernas do homem, cujos joelhos esbarram numa cantoneira. Isto no ocorre com a mulher.

- a largura do assento da cadeira, usada pelo homem, possui dimenses adequadas. A mulher, quando sentada, sente que a borda lateral do assento pressiona a face posterior das coxas e ndegas, o que lhe d uma sensao de aperto;

Obviamente os exemplos continuariam. Contudo, j esclarecem um fator dimensional importantssimo relacionado ao posto de trabalho: Os componentes do posto (cadeira, bancada, prateleiras, piso, teto, etc.) so FIXOS e isto traduzido por uma inadequao considervel em relao s dimenses corporais dos trabalhadores, eis que variveis.

Portanto, podemos concluir nossa linha de raciocnio, afirmando o seguinte:

A ANTROPOMETRIA estuda as dimenses do corpo humano e as diferenas dimensionais apresentadas por uma populao de trabalhadores, a fim de projetar POSTOS DE TRABALHO que atendam s necessidades posturais de, pelo menos 90% da populao estudada.

Da afirmativa acima, j podemos concluir que os POSTOS, para que atendam s necessidades posturais TANTO dos HOMENS, QUANTO das MULHERES, precisam de FLEXIBILIDADE em seus componentes. Esta caracterstica que atender cada necessidade postural do indivduo, segundo suas dimenses corporais.

Vejamos a situao da mulher, exemplificada acima: Por que ela senta na borda do assento da cadeira? Por que o encosto da cadeira intil? Por que ela estica todo o brao at a esteira?

Resposta: Simplesmente porque, quando a rea de produo foi projetada, no LEVOU-SE EM CONSIDERAO que a POPULAO DE TRABALHADORES apresenta DIMENSES CORPORAIS DIFERENTES, pois no existe um OPERRIO PADRO. Podemos considerar, por exemplo, que todos que trabalham na linha de montagem tm 1,75 de altura? Claro que no, e isto que verifica-se com a operria do exemplo anterior. Veja:

- a cadeira no possui regulagens da altura de assento. Uma altura padronizada foi fixada, como se o tamanho das pernas de TODOS OS OPERRIOS fsse igual. Assim, a operria, que tem pernas pequenas, se v numa situao difcil, pois a cadeira que usa foi especificada para ser usada por um HOMEM de 1,75 de altura!;

- o encosto da cadeira torna-se intil, pois a operria sente a necessidade de apoiar os ps no piso da rea, para que tenha uma movimentao mais facilitada de seu corpo. Contudo, para apoiar os ps, a operria tem que posicionar a cintura plvica mais frente, AFASTANDO A REGIO LOMBAR DO ENCOSTO, que passa a NO SER USADO (perceba, o encosto , agora, INTIL!);

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- o brao esticado por que quando a esteira ia ser implantada na rea, um HOMEM foi sentado na cadeira e pediram para que ele levantasse o antebrao at uma altura aparentemente confortvel, o que realmente ocorreu. O HOMEM achou que estava timo e a esteira foi ali posicionada. Algum perguntou a alguma MULHER se o alcance era compatvel com as suas dimenses? Certamente que no.

Mas ser que apenas esta diferena influencia o arranjo dimensional dos postos de trabalho? No, pois h outros fatores a serem considerados:

- a idade do trabalhador. Quanto mais idoso, menos mobilidade ter o corpo do indivduo, pela prpria degenerao que se verifica nos tecidos, articulaes e na prpria coluna vertebral;

- a regio onde nasceu o trabalhador. Compare um homem nascido no Sul do pas com aquele que nasceu no Nordeste e as diferenas antropomtricas ficaro bastante acentuadas;

- o poder aquisitivo do trabalhador. Quanto mais pobre, pior a alimentao e, por conseqncia da subnutrio, alteraes nas dimenses corporais so verificadas;

- a roupa usada no desenvolver dos trabalhos e os EPIs (Equipamentos de Proteo Individual). Um capacete altera a estatura do trabalhador. Uma luva dificulta os movimentos de preciso, pois diminui o tato, sem falar que o dimetro do dedo aumenta.

NGULO LIMITE E NGULO DE CONFRTO

J vimos que entre os segmentos corporais existem articulaes (punho, cotovelo, joelho, etc.) Grande a mobilidade que o organismo humano possui em funo das articulaes, mas esta mobilidade limitada pela localizao das prprias estruturas anatmicas que caracterizam as articulaes. Faamos uma experincia neste sentido:

Apoie seu antebrao sobre uma mesa, voltando a palma da mo sobre o tampo. Agora, v levantando a mo, subindo os dedos, enquanto o punho continua apoiado no tampo. Observa-se que h um limite para tal movimento, depois do qual no h como continuar, pois os tendes de extenso do punho possuem um comprimento e uma elasticidade limitados (no so de borracha!). Pois bem, j imaginou trabalhar 8 horas por dia com a mo neste NGULO LIMITE? Certamente seria impossvel, mas, acredite ou no, h trabalhadores que so torturados diariamente numa situao parecida!

Mude a posio do antebrao: agora ele continua apoiado na mesa, mas a palma da mo est virada para cima. V levantando os dedos, de modo que eles apontem para seu rosto, mas mantenha o antebrao colado ao tampo da mesa. Di, no ? Pois , outra tortura qual so submetidos muitos trabalhadores, diariamente.

Vamos piorar um pouco a situao? Mantenha o antebrao apoiado na mesa, colocando o dedo mnimo nesta e o polegar l em cima (a mo est, agora, de p). Esta uma situao em que a mo mantm um NGULO NEUTRO em relao ao punho e voc no est sentido nenhum desconfrto. Pois bem, comece a abaixar a mo, apontando todos os dedos para os seus ps. Um repuxo sentido no lado oposto do punho, na regio da cabea do rdio.

Das experincias acima, tiramos uma concluso: TODA VEZ QUE TIRAMOS UM SEGMENTO CORPORAL DE SUA POSIO NEUTRA, ALTERANDO O NGULO NO QUAL NORMALMENTE ESTE SE ENCONTRA, ALTERAMOS TAMBM O FUNCIONAMENTO DAQUELE SEGMENTO.33

A SITUAO CRTICA ocorre quando o segmento chega ao NGULO LIMITE e no pode continuar a dobrar-se sobre o outro. Perceba algo muito importante: possvel trabalhar com o segmento no NGULO LIMITE, mas tal situao torna o trabalho mais DIFCIL e PENOSO para o indivduo. O CORRETO trabalhar o mais prximo possvel do NGULO NEUTRO, que geralmente est ligado a NGULOS DE CONFRTO.

A antropometria precisa conhecer tal situao, de modo a fornecer informaes ao projetista de postos de trabalho. De posse de tais dados, o projetista pode evitar que as dimenses do posto obriguem ao trabalhador a dobrar as articulaes em NGULOS-LIMITE, o que gera desconfrto e muitas doenas (leses) que sero estudadas na aula 07.

O POSTO DE TRABALHO FLEXVEL

Se a empresa possui uma populao de trabalhadores muito diversificada, com variaes antropomtricas acentuadas, deve fornecer aos trabalhadores a devida FLEXIBILIDA-DE. Para tanto, mltiplas regulagens devem fazer parte dos acessrios do posto, como a cadeira, o apoio para os ps, o terminal de vdeo de um computador, a altura do teclado, entre outros.

Contudo, certos equipamentos de grande porte impossibilitam a colocao de plataformas ou superfcies de trabalho com regulagens individuais, como os grandes painis de controle. As prprias bancadas de trabalho onde correm linhas de montagem, com dezenas de metros de comprimento, tornam a produo entrecortada e dificultada, caso cada trabalhador altere a altura e a profundidade do tampo, conforme sua vontade.

Entretanto, sabe-se que uma nica medida padronizada resulta na inadequao postural de inmeros trabalhadores. O que fazer nestas situaes?

Geralmente quando o profissional de Medicina ou Segurana do Trabalho se defronta com tal realidade, opta por levantar a MDIA das dimenses antropomtricas da populao de trabalhadores, iludindo-se por um conceito muito difundido, ou seja , se adotar as medidas da MDIA, atender a maioria dos trabalhadores, o que resulta em grave erro projetual.

Tal iluso justificada em funo dos projetos que, por muito tempo, vieram do exterior e foram implantados na indstria brasileira, que os comprova em PACOTES FECHADOS. L no exterior, principalmente em pases europeus de rea geogrfica limitada e POPULAO HOMOGNEA, a MDIA ANTROPOMTRICA um hbito e corretamente aplicada em projetos.

Entretanto, tal realidade inaplicvel no BRASIL, pois j vimos as caractersticas das dimenses corporais do povo brasileiro, uma verdadeira mistura de raas. Em nosso pas, para atender s necessidades dimensionais de 90% da populao de tra