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DisciplinaEvolução do Pensamento Administrativo
Professor Edson Ricardo Barbero
São Paulo
2004
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 2
Ementário
O pensamento administrativo, as escolas de administração e o
paradigma desenvolvimentista. Administração como Ciência. O
Pensamento Administrativo e o Processo de Modernização da
Sociedade. A escola Clássica de administração. Historia e Modernidade.
Administração Científica. Escola de Relações Humanas. Teorias sobre
motivação e liderança: da Administração de Recursos Humanos
à Gestão de Pessoas. Processos decisórios nas organizações. O
estruturalismo e a teoria da burocracia. A teoria dos sistemas abertos e
as organizações. O sistema e a Contingência: Teoria das Organizações
e Tecnologia.
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Habilidades e Atitudes
1. Adquirir uma visão global da história do pensamento
administrativo.
2. Reconhecer na história do pensamento administrativo
processos inerentes às transformações da sociedade.
3. Trabalhar com a perspectiva e o contexto histórico da
evolução das ciências e técnicas organizacionais. Estabelecer
relação entre técnicas organizacionais e a evolução das
ciências na busca da solução de problemas do Homem.
4. Compreender as razões e as causas do nascimento e
formação da teoria científica da administração, visando
formular uma postura crítica e analítica diante dos problemas
apresentados.
5. Distinguir e analisar as principais características das escolas
de administração, estudando criticamente suas visões e
analisando os impactos causados na sociedade a partir de
suas ações.
6. Desenvolver senso critico, relacionando diferentes variáveis
em relação às escolas de administração, como subsídio para
reflexão diante da tomada de decisão.
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Sumário
01. Aula 01 - As Teorias Administrativas enquanto um produto da
história
02. Aula 02 -Administração: Ciência ou Arte?
03. Aula 03 - Pré-Requisitos para o surgimento das teorias
administrativas
04. Aula 04 - Taylor e a Escola Científica: As empresas vistas como
máquinas
05. Aula 05 - Fayol e a Escola Clássica
06. Aula 06 - Teoria das Relações Humanas: As empresas vistas
como grupos sociais
07. Aula 07 - Decorrências da Escola das Relações Humanas
08. Aula 08 - Weber e a Teoria da Burocracia
09. Aula 09 - Abordagem Sistêmica: As empresas entendidas
como sistemas vivos.
10. Aula 10 - Decorrências da Abordagem Sistêmica
11 Aula 11 - Abordagem Contingencialista
12. Aula 12 - A Administração Japonesa: O Sistema de Produção
Enxuta
13. Aula 13 - Administração Japonesa: Tudo pela Qualidade
14. Aula 14 - Abordagens modernas para a Administração
15. Aula 15 - Desafios para o futuro
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Aula 01 As Teorias Administrativas enquanto um produto do contexto histórico
Objetivos da Aula
Ao final desta aula, espera-se que o aluno desenvolva habilidades e atitudes para:• Motivar-se ao estudo da Evolução do Pensamento Administrativo;• Desenvolver compreensão geral dos temas a serem debatidos na disciplina.
Introdução:Desde os primórdios da humanidade, a História tem mostrado que o ser humano é fortemente impulsionado pelo desejo de incrementar o seu padrão de vida, através do controle das forças da Natureza e do seu meio-ambiente. Desde as comunidades primitivas, dedicadas a atividades extrativas, passando pelo pastoreio e pela a agricultura de subsistência, até os dias atuais, é neste sentido que as organizações humanas têm se desenvolvido.
As organizações humanas têm evoluído em complexidade, sempre no sentido de proporcionar a seus membros melhores condições de subsistência e maior conforto material. Em resumo, os seres humanos se associam para conseguir, por meio do esforço conjunto, atingir determinados objetivos.
A evolução das organizações e dos arranjos produtivosPara compreendermos a evolução das teorias administrativas, é fundamental uma referência, ainda que breve, à evolução das organizações humanas.
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Em que pese a enorme complexidade do assunto, é fundamental compreender que as organizações evoluem no sentido de lidar com grupos humanos cada vez numerosos e com necessidades crescentes em volume e complexidade, o que leva, necessariamente, ao estabelecimento de arranjos produtivos cada vez mais elaborados.
À medida que as atividades humanas envolvem mais indivíduos e maiores volumes de recursos, a sua organização oferece novos e crescentes desafios, seja qual for a atividade ou conjunto de atividades em questão: caça, agricultura, comércio, guerra, etc. O processo de tentativa-e-erro de fornecer respostas a estes desafios constitui o cerne do processo de evolução das organizações.
Podemos citar um exemplo interessante: no Antigo Testamento, o livro do Êxodo narra a história de Moisés conduzindo o seu povo através do deserto para a Terra Prometida. Moisés mostra temor diante da dificuldade da tarefa; Jetro, seu sogro, recomenda a Moisés que estabeleça “lideres sobre dez, líderes sobre cem e líderes sobre mil”. Em outras palavras, Jetro sugere a criação de uma cadeia de comando que permita que ele, Moisés, se ocupe apenas das grandes questões, deixando a estes chefes menores a solução das questões corriqueiras. Este exemplo mostra como as necessidades forçam as inovações que constituem a evolução das organizações; provavelmente, Jetro possa ser considerado o primeiro consultor organizacional da História.
Os primeiros modelos: o Exército e a Igreja Sendo a guerra uma das atividades humanas mais antigas, as organizações militares foram das primeiras a adotar sistemas sofisticados de planejamento e comando. Os conceitos desenvolvidos e testados nas organizações militares constituem uma forte influência na construção do pensamento administrativo.
Assim, também a estrutura organizacional da Igreja Católica ( que foi por séculos a maior e até a única grande organização do Ocidente) serviu como modelo para várias organizações.
Vemos que alguns conceitos básicos foram percebidos e aplicados desde muito cedo na História: a hierarquia e a cadeia de comando constituem as primeiras bases do pensamento administrativo.
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Um breve passeio pela HistóriaSem dúvida, espera-se do administrador a capacidade de identificar padrões e tendências e compreender as influências mútuas dos eventos que o cercam. Distinguir o fundamental do acessório e o duradouro do passageiro é o que possibilita lidar com o presente e preparar-se para o futuro.
Assim, é nosso objetivo contextualizar a evolução das teorias sobre a administração de organizações humanas em relação ao processo histórico. Em outras palavras, questionar a Evolução do Pensamento Administrativo em relação à filosofia, à ciência, à tecnologia e ao pensamento econômico, vistos como os principais formadores da evolução das sociedades humanas.
Ë também necessário manter em vista a grande influência dos grandes fatos históricos, em especial as guerras que têm exercido papel fundamental na História, condicionando fortemente a evolução das sociedades.
Ë claro que os processos de evolução não ocorrem de forma isolada; ao contrário, cada evento influencia e é influenciado por todos os outros, formando uma “teia” intricada e fascinante. A compreensão deste processo, ainda que incompleta, é uma tarefa que vale a pena ser empreendida.
O papel da FilosofiaAo longo da História, diversos filósofos se ocuparam das questões inerentes ao desenvolvimento e da crescente complexidade das organizações, trazendo, mais ou menos diretamente, contribuições para as teorias administrativas.
Sócrates, Platão e Aristóteles ocuparam-se com os problemas éticos, políticos e sociais na Grécia Antiga, incluindo aí a preocupação com os sistemas políticos (Monarquia, Aristocracia, Democracia) que ainda hoje formam as bases da vida em sociedade.
Após o longo período da Idade Média (durante o qual a filosofia parece ter se dedicado exclusivamente às questões de teologia) os filósofos Iluministas do início da Era Moderna (sec. XVI e XVII), retomaram a preocupação com a compreensão racional e consequente domínio
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dos fenômenos e do ambiente físico.
Francis Bacon (1561-1626) e Renè Descartes (1596-1650) foram os grandes expoentes do Iluminismo. Suas obras lançaram as bases do pensamento analítico (cartesiano) e do método experimental e indutivo. Estas são as bases do que conhecemos como método científico.
O método científico viria a fornecer a estrutura teórica e conceitual para a incrível onda de progresso científico e tecnológico que, começando pela obra de Isaac Newton, levaria à impressionante sucessão de inovações tecnológicas ocorrida ao longo do século XVIII.
Estas inovações possibilitaram, em última análise, o advento da Revolução Industrial. Trataremos deste assunto em maior profundidade nas próximas aulas.
O pensamento econômico; os economistas liberaisA maioria dos autores considera que o pensamento administrativo moderno tem origem no pensamento econômico clássico. A partir do século XVII, o pensamento econômico começou a desenvolver-se de forma independente do pensamento filosófico da época.
Já no século XVIII, o pensamento econômico, dito liberal, passou a ser amplamente aceito na Europa. O liberalismo pregava o afastamento da economia da influência do Estado, a livre-iniciativa (o chamado laissez-faire) e a livre concorrência.
A publicação, em 1776 de “A Riqueza das Nações” de Adam Smith, marca para muitos autores o início da Revolução Industrial ; de fato, neste livro, surgem pela primeira vez o “princípio da especialização” e o “princípio da divisão do trabalho”, que viriam a constituir as bases do pensamento administrativo por várias décadas.
Outros economistas liberais influíram fortemente na formação do pensamento econômico e administrativo no início da Revolução Industrial. James Mill (1773-1826), com o livro “Elementos de Economia Política”, publicado em 1826; David Ricardo (1772-1823) e Thomas Malthus (1766-1834), que publicaram (respectivamente em 1817 e
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1820) os seus Princípios da Economia Política.
O liberalismo econômico foi um período de enorme crescimento da economia capitalista, baseada na livre concorrência. Esta, porém, conduziu a grandes conflitos sociais, causados pela forte acumulação de capitais e renda.
A partir de meados do século XIX, a influência do liberalismo econômico diminuiu, dando lugar ao então chamado “novo capitalismo” dos grandes magnatas (Du Pont, Morgan, Krupp, Rockefeller) e baseado na produção em massa em grandes unidades industriais. É neste contexto que a Administração começa a tomar a forma e adquirir status de ciência.
Invenções, inventores: a “Revolução Tecnológica”Da mesma forma que a maioria dos autores considera a publicação de “A riqueza da Nações” como o marco conceitual que inicia a Revolução Industrial, a invenção da máquina a vapor por James Watt em 1769 (a operação só começaria anos mais tarde, em 1775) foi o grande marco tecnológico que abriu caminho para esta mesma Revolução. Alguns outros inventos merecem destaque, bem como os seus inventores. Salvo raras exceções, todos são britânicos; daremos alguma atenção à explicação deste fato em uma próxima discussão.Em 1698, Thomas Savery colocou em operação uma bomba a vapor para drenagem de minas; foi a primeira aplicação comercial de um dispositivo a vapor. A partir daí, seguem algumas das principais inovações tecnológicas da época:
- 1712 máquina a vapor atmosférica (Thomas Ncomen)
- 1738 lançadeira para manufatura de tecidos (John Kay)
- 1742 máquina de cardar (Lewis Paul)
- 1760 máquina de fiar (James Hargreaves)
- 1769 máquina a vapor com condensador separado ( J a m e s
Watt)
- 1784 tear mecânico (Edmund Cartwright)
-1799 máquina a vapor de alta pressão
locomotiva a vapor (Richard Trevthick)
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Mais do que a lista de inventos e inventores, é importante lembrar que estas ( e centenas de outras) inovações tecnológicas possibilitaram o mais espantoso progresso material experimentado pela humanidade até então.
O que entendemos hoje por sociedade industrial se formou a partir dos acontecimentos desencadeados por estes inventos, ou melhor, pela substituição sistemática e sem precedentes na História do trabalho humano e animal pela máquina. A Revolução Industrial foi, antes tudo, uma revolução tecnológica.
A organização industrial que se formou a partir dos processos brevemente descritos acima é o campo no qual o pensamento e a prática administrativa se desenvolveram. Esta é a História que devemos compreender. Como as organizações se formam e se modificam para atender os anseios das sociedades que lhes dão origem? Qual o papel dos seus administradores?
Compreendendo melhor o passado, lidamos melhor com o presente e nos preparamos para o futuro. É a esta tarefa que nos dedicaremos durante o nosso curso: Compreender a Evolução do Pensamento Administrativo.
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Aula 02Administração: Ciência ou Arte?
Objetivos da Aula
Nesta aula vamos discutir a necessidade de uma abordagem
sistemática à teoria administrativa. Pretende-se que ao término
desta o aluno esteja habilitado para:
- Compreender a inserção do profissional de administração
nas empresas;
- Estabelecer a importância da compreensão teórica dos modelos
administrativos.
Conceitos básicos: afinal, o que é administrar?
A administração trata, desde seus primórdios, de organizar o trabalho
de forma racional. A partir desta premissa, surgem várias definições
para esta atividade. Maximiano (1997), por exemplo, sugere que “a
administração é o processo de tomar e colocar em prática decisões
sobre objetivos e utilização de recursos”.
Esta e outras definições mostram a administração como uma atividade-
meio; administrar diz respeito ao desempenho de uma organização
em um certo contexto.
Desempenho, por sua vez, está relacionado aos conceitos de eficácia,
eficiência e efetividade. Eficácia é a capacidade de realizar objetivos,
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eficiência é utilizar produtivamente os recursos, efetividade é realizar
a coisa certa para transformar a situação existente.
Portanto, administração pode ser entendida como o conjunto de
conceitos e técnicas que permitem que as organizações alcancem
o desempenho que desejam. Neste contexto, podemos conceituar
os processos básicos da administração – planejamento, direção,
organização e controle.
Existem diversos tipos de organizações. Assim, as noções de
eficiência, eficácia e efetividade - bem como os processos básicos da
administração - vão assumir características específicas em cada tipo
de organização. O que devemos ter em mente é que estas funções
gerais são inerentes a qualquer uma delas.
Tipos de organizações
De forma bastante sintética, podemos classificar as organizações em
três grandes tipos: governamentais, privadas sem fins lucrativos (o
chamado 3o setor) e privadas com fins de lucro, ou seja, as empresas.
As organizações governamentais têm o objetivo de atender as
necessidades públicas e de gerir o funcionamento do Estado. As
necessidades e prioridades são definidas a partir do jogo político
de forças da sociedade, e decorrem em grande parte do regime
político (democrático, autoritário, socialista, etc) de cada país. Não nos
deteremos no estudo destas organizações, deixando também de lado
as chamadas empresas estatais.
As organizações sem fins lucrativos atuam no âmbito da sociedade civil
e são pautadas por interesses que podem variar, desde um conjunto
de membros (um sindicato, por exemplo) até propostas mais amplas
de transformação social (o caso das ONGs), passando pelas propostas
de assistência aos carentes (entidades beneficentes). Sua atuação
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diz respeito a atingir fins públicos, a partir da utilização de recursos
privados e públicos.
Já as empresas privadas são caracterizadas por atender as
necessidades de grupos de consumidores (clientes); são estas o
foco de nossos estudos, em particular aquelas que atuam em um
contexto de competição em mercados livres. Para estas organizações,
desempenho está ligado a conquistar um lugar no mercado em meio
a outras empresas que oferecem produtos ou serviços semelhantes,
em regime de livre concorrência.
Administração de empresas
A tarefa de administrar uma empresa - planejar seus objetivos,
mobilizar os meios necessários para atingi-los e controlar os resultados
obtidos - tem sido considerada tradicionalmente mais uma arte ou
uma qualificação adquirida pela experiência, do que um conjunto de
técnicas baseadas no conhecimento científico.
Nas fases iniciais de uma empresa, é comum a figura do empreendedor
solitário, individualista, auto-encarregado de todas as decisões,
normalmente baseadas mais em suas percepções individuais
(intuição) do que em análises racionais.
Entretanto, à medida que as empresas crescem, passam a ser compostas
por um grupo de pessoas, entre as quais, algumas responsáveis pelas
tomadas de decisões. As contribuições das diversas pessoas que
compõem a empresa não são iguais, até porque algumas contribuem,
por exemplo, com capital e outras com trabalho.
Uma empresa é constituída pela associação de elementos
heterogêneos, cujos interesses podem mostrar-se bastante
divergentes. No processo de crescimento, a empresa eventualmente
alcança dimensões tais, que seus dirigentes perdem o controle sobre
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os seus processos. Em conseqüência disso, surge a figura do diretor
ou administrador de empresas, que pode ou não ser a pessoa que
detém a maior parte do capital.
Funções de direção
A direção da empresa tem a função de determinar as políticas
empresariais de promover a coordenação dos diferentes setores.
Uma empresa pode ser comparada a uma máquina, cujas peças
devem se ajustar de modo a atingir o melhor funcionamento geral.
Para obter este resultado, a direção da empresa dispõe de diferentes
procedimentos que, conforme já citado, podem ser classificados em:
Planejamento - tomar decisões sobre objetivos, ações futuras e recursos;
Organização - compreende as decisões sobre a divisão de poder;
autoridade, tarefas e responsabilidades , divisão de recursos;
Coordenação - mobilizar pessoas para atingir os objetivos propostos;
Controle - verificar a compatibilidade entre os objetivos e resultados.
Planejamento
Pode-se considerar o planejamento como um conjunto de decisões
antecipadas com o objetivo de conduzir a empresa a atingir seus
objetivos. O planejamento global da empresa, a curto prazo,
deve considerar principalmente as limitações impostas pelos seus
componentes mais fracos. Por exemplo: se a empresa tem diante de
si um mercado de grandes possibilidades, mas sua capacidade de
produção é insuficiente, o planejamento a curto prazo deverá tomar
como referência essa capacidade limitada de produção. A longo
prazo, ao contrário, o objetivo do planejamento deverá ser a redução
da distância entre os setores mais fracos e aqueles mais fortes. Neste
exemplo, seria necessário planejar a compra de novas máquinas, a
contratação de pessoal , etc, para atingir no prazo previsto a plena
realização do potencial da empresa.
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Organização
A finalidade da organização é maximizar a eficácia no conjunto de
atividades da empresa. Para isso, a direção deve definir funções,
obrigações e responsabilidades.
Além disso, é preciso elaborar um sistema de informações, que
possibilite que as ordens e diretrizes circulem da maneira mais fluente
possível. Com a devida organização, as operações de caráter repetitivo
se mecanizam, de forma que sua execução se faça automaticamente ,
com ganho de tempo e rendimento.
A organização bem planejada e executada permite que a direção da
empresa se ocupe exclusivamente das questões mais importantes.
Os problemas menos relevantes se solucionam em níveis inferiores
da estrutura.
O planejamento e a organização são complementares: sem
planejamento, uma empresa, mesmo perfeitamente organizada, não
poderá funcionar adequadamente. Do mesmo modo, a melhor idéia
permanecerá parada na fase de planejamento se não houver uma
organização adequada para realizá-la.
A estrutura organizacional geralmente obedece a um dos modelos básicos:
Na organização linear, rigidamente fundamentada na hierarquia e
unidade de comando, cada subordinado obedece seu chefe imediato, e
a coordenação se faz exclusivamente por meio da escala hierárquica.
A organização funcional se propõe a estabelecer a departamentalização
por funções em todos os níveis da empresa.
A organização matricial surge nos casos em que se combinam, numa
mesma estrutura, a organização funcional e a organização orientada
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para a realização de projetos concretos. Ocorre assim uma interação
dos fluxos de autoridade: um vertical, que corresponde à organização
funcional, e o horizontal, que emana da autoridade técnica.
Coordenação
Para o bom funcionamento da estrutura organizacional de uma
empresa, é necessário considerar certos princípios referentes à
coordenação das atividades de seus colaboradores:
1- Princípio da unidade de objetivos: facilitar a contribuição de cada
indivíduo, departamento ou órgão para atingir os objetivos;
2- Princípio da eficiência: conseguir os objetivos com o mínimo de custos;
3- Amplitude da autoridade: encontrar um ponto de equilíbrio em que a
amplitude de autoridade seja suficientemente pequena para permitir o
controle, e aberta o bastante para não bloquear o fluxo de informações;
4- Divisão e especialização do trabalho: centralizar a atenção em um
número menor de operações ou problemas, trazendo maior rendimento
com o mesmo esforço. Ainda que se reconheça a conveniência da divisão
do trabalho e a conseqüente especialização dos membros da empresa,
deve-se considerar que, levada essa prática além de certo limite, os
resultados podem ser contraproducentes;
5- Unidade de comando: a organização deve ser disposta de tal modo que,
em caso de conflito entre ordens emanadas de autoridades diferentes, a
precedência seja clara;
6-Autoridade e hierarquia. A autoridade consiste no “direito de
mandar e no poder de fazer-se obedecer”. A par da autoridade se
situa a responsabilidade; quem exerce a autoridade deve assumir a
responsabilidade conseqüente.
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Controle
A função de controle busca avaliar em que medida os objetivos da
empresa são atingidos, localizar possíveis desvios e atuar mecanismos
de correção.
Existem muitos tipos de controle nas empresas. Por exemplo, o
controle de qualidade determina se um produto preenche certos
requisitos. O controle integrado de gestão consiste no emprego de um
conjunto de subsistemas de controle, que fiscalizam todos os aspectos
da atividade empresarial e produzem um conjunto de relatórios que
refletem o estado da empresa em certo momento.
A principal função dos controles é fornecer subsídios para os processos
de decisão na empresa. A partir dos dados fornecidos pelos sistemas
de controle, a empresa: (1) orienta o seu processo de planejamento,
(2) redimensiona sua organização e (3) redefine a coordenação das
suas atividades.
Deste modo, a função de direção pode ser vista como um processo em
contínua renovação em função dos desafios propostos pela própria
organização, e pelo ambiente em que ela atua em contínua interação.
Muitas atividades, que são hoje objeto de tratamento científico, foram
tidas como arte ou como conjunto de conhecimentos empíricos
adquiridos pela experiência.
A atividade empresarial não escapou a essa regra. Até o início do
século XX essa atividade era vista como uma habilidade especial,
fruto da intuição e exclusividade de certas pessoas. Ã medida que o
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conhecimento administrativo evoluiu, multiplicaram-se em todo o
mundo as instituições de ensino da administração como disciplina de
caráter científico.
A análise operacional, a psicologia industrial, a mercadologia, a
estatística, a informática e a organização administrativa, entre outras,
são disciplinas científicas, cujo domínio é obrigatório para dirigentes
de empresas.
Entre estas disciplinas fundamentais, destaca-se o estudo da Evolução
do Pensamento Administrativo. O dirigente empresarial deve tentar
compreender de que maneira as organizações evoluíram para
responder às solicitações do ambiente em que atuavam. Estudando
os casos de sucesso, poderemos tentar repeti-los. E, ao compreender
as razões que conduziram aos grandes fracassos, teremos melhores
chances de evitá-los.
Prosseguiremos a nossa discussão, portanto, iniciando o estudo de
um período fascinante da História empresarial; a chamada Revolução
Industrial. Começaremos analisando os fatos históricos, econômicos e
tecnológicos que criaram as condições que nos conduziram ao que,
provavelmente, tenha sido o período de mudanças mais radicais
e intensas vividas pela humanidade, desde seus primórdios. Até o
próximo encontro!
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Aula 03Métodos de Pesquisa Científica 1ª parteObjetivos da aula:
Ao final desta, aula espera-se que o aluno tenha desenvolvido
habilidades suficientes para:
• Identificar os fatores que conduziram à Revolução
Industrial;
• Discutir as transformações ocorridas neste período e as
influências ainda presentes;
• Localizar o surgimento da Teorias Administrativas no
contexto dos eventos históricos relevantes da época.
Os primórdios da Administração de Empresas
Sempre existiram empresas rudimentares, que remontam à época dos
assírios, babilônios, fenícios etc. Durante toda a Antiguidade e a Idade
Média, as pequenas empresas de base familiar constituíram a quase
totalidade dos empreendimentos comerciais. Mesmo nos nossos dias,
as empresas familiares de pequeno porte constituem uma grande
parcela da “população”. De forma geral, estas empresas raramente
adotaram modelos sofisticados de administração.
Sempre houve, porém, exceções; desde a Antiguidade existiram
grandes organizações comerciais e bancárias, pertencentes às grandes
famílias da nobreza européia. O comércio de longa distância sempre
foi um negócio complexo e arriscado, exigindo organizações bem
estruturadas e demandando complexas estruturas financeiras para o
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seu financiamento.
A História registra a existência de grandes corporações comerciais
e bancárias na Europa desde o século XIII. Alternando períodos de
crescimento e estagnação, o comércio europeu desenvolveu-se
conjuntamente com a evolução dos meios de pagamento e crédito ( a
cunhagem de moedas de alto valor, a invenção das cartas de crédito,
etc), o aperfeiçoamento dos controles contábeis ( a invenção na ália
da contabilidade por partidas duplas) e as inovações técnicas (como
a bússola, por exemplo) que tornaram possíveis as viagens marítimas
de longo curso dos séculos XV e XVI.
A evolução do comércio da Europa com o Oriente e depois com o
Novo Mundo proporcionou o surgimento das grandes Companhias
mercantis (a Companhia das Índias Orientais, por exemplo), que
constituíram um capítulo à parte na História do capitalismo, levando
a Europa pós-feudal a adotar o sistema mercantilista.
O Mercantilismo Europeu
O Mercantilismo foi a política econômica adotada na Europa nos
séculos XVI e XVII, baseada no absolutismo estatal e na empresa
privada. A fase de desenvolvimento do mercantilismo corresponde
à transição do feudalismo para o capitalismo e à formação das
monarquias nacionais , apoiadas pela burguesia e desejosas de se
tornarem potências.
Nessa época, a riqueza de uma nação era determinada pela quantidade
de metais preciosos (ouro e prata) que possuía. Para isso, os Estados-
Nações da Europa buscaram sua expansão marítima e comercial,
conquistando e explorando novos territórios, utilizando tanto o
comércio quanto a força das armas.
Particularmente na Inglaterra, a burguesia mercantil se destacava
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como força econômica e política. Gozando de ampla liberdade. Foi
enormemente beneficiada pelo comércio exterior, sustentado pelo
poderio militar e náutico do Reino. Estima-se que metade do ouro
extraído de Minas Gerais (além de grande parte dos lucros advindos
do comércio internacional de escravos) no século XVIII tenha ido parar
nos cofres do Banco da Inglaterra.
Os recursos advindos do comércio durante este período financiaram
as obras de infra-estrutura (estradas, canais), o que reduziu os custos
de transação de mercadorias. Além disso, dada a sua abundância,
garantiram baixas taxas de juros, estimulando os investimentos em
produção de bens destinados principalmente à exportação, fechando
assim o circuito.
Os lucros acumulados nas mãos da burguesia inglesa criaram
simultâneamente a disponibilidade de capitais e a disposição para
o investimento; essa foi uma das molas mestras da Revolução
Industrial.
A influência do Liberalismo
O Liberalismo foi a doutrina política e econômica surgida na Europa,
no século XVIII, associada ao crescimento da classe média. Desafiando
o Estado absolutista, aristocrático e religioso, os liberais lutaram para
implantar governos parlamentares e constitucionais, separados do
clero e da monarquia.
O Liberalismo político defendia as liberdades individuais frente
ao poder do Estado, oportunidades iguais para todos e o direito
do indivíduo de seguir a própria determinação, dentro dos limites
impostos pelas normas, como fundamento das relações sociais.
O liberalismo econômico propunha o fim da intervenção do Estado
na economia por acreditar que a dinâmica de produção, distribuição
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e consumo de bens seria regida por leis próprias, como a lei da oferta
e da procura.
Seu principal teórico foi o economista escocês Adam Smith (1723-
1790), autor do livro “Uma Investigação sobre a Natureza e Causas da
Riqueza das Nações”. Ele propunha uma economia dirigida pelo jogo
livre da oferta e da procura, (o chamado laissez-faire, “deixai fazer”),
em contraposição ao Estado absoluto e intervencionista, que até
então protagonizara o Mercantilismo europeu.
Para Adam Smith, a verdadeira riqueza das nações estaria no trabalho,
que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. O
liberalismo econômico recebeu, posteriormente, as contribuições dos
economistas ingleses Thomas Malthus (1766-1834) e David Ricardo
(1772-1823).
Na obra de Adam Smith, encontram-se as primeira referências à
divisão do trabalho e à especialização (no seu clássico estudo da
produção em uma fábrica de agulhas). Ele preconizou a importância
do planejamento e do controle, do estudo de tempos e movimentos e
da adequada remuneração dos trabalhadores, que viriam a constituir
o cerne das teorias da administração moderna.
Revolução Industrial; afinal, o que aconteceu?
Nenhum período da História foi tão esmiuçado e dabatido pelos
historiadores quanto a Revolução Industrial. Todos concordam que em
nenhuma outra fase da História a Humanidade viveu transformações
tão extraordinárias.
Para a maioria dos autores, a Revolução Industrial teve início com a
invenção da máquina a vapor, por James Watt, em 1776. O trabalho
do homem, do animal e da roda d’água foi substituído pela máquina,
surgindo o sistema fabril. O antigo artesão transformou-se em
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operário, a oficina em fábrica .
A aplicação da máquina no processo de produção provocou enormes
mudanças sociais. As novas oportunidades de trabalho provocaram
migrações e consequente urbanização ao redor de centros industriais.
A revolução estendeu-se aos meios de transportes e comunicações,
com o surgimento da navegação a vapor, da locomotiva a vapor, do
telégrafo, etc. Entre o fim do século XVIII e meados do século XIX, o
mundo mudou como nunca antes havia mudado.
Não existe, porém, consenso em torno de duas questões centrais:
O que, exatamente, provocou as radicais mudanças ocorridas entre
o final do sec.XVIII e a primeira metade do sec.XIX? E por que elas
começaram exatamente no Reino Unido?
Revolução Industrial; afinal, o que aconteceu? Algumas respostas...
De maneira geral, a maioria dos autores concorda sobre a importância
da influência conjunta dos seguintes fatores:
• a acumulação de capitais, a partir do comércio marítimo e da
colonização dos novos territórios (principalmente a América),
além dos ganhos advindos do comércio de escravos;
• a liberalização da sociedade inglesa, com a adoção do
parlamentarismo monárquico a partir de 1688 (a chamada
Revolução Gloriosa, com a coroação de Guilherme de Orange),
que veio a favorecer a burguesia mercantil e a nobreza rural
progressista;
• a legislação inglesa da época (Declaração dos Direitos,
em 1689), que limitou o poder do Estado de estabelecer
monopólios e criar ou aumentar impostos, aumentando
assim a atratividade das operações comerciais;
• a abundância de carvão, que proporcionou uma fonte de
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energia muito mais adequada aos processos industriais do
que a lenha, conferindo à Inglaterra uma enorme vantagem
competitiva em relação a outros Estados;
• os ganhos de produtividade na agricultura, somados à
facilidade de importar grãos do Novo Mundo, liberaram um
enorme contingente de trabalhadores da agricultura para a
indústria, sem comprometer a oferta de alimentos;
• a existência na Inglaterra, já desde o início do sec. XVIII, de um
sistema muito consolidado de produção domiciliar voltado
à comercialização (o putting-out sistem). Neste sistema, os
artesão trabalhavam por encomenda dos comerciantes, que
lhes forneciam as matérias primas. O putting-out sistem
forneceu as bases para o sugimento do modelo de produção
fabril;
• a liberdade política e a efervescência cultural e acadêmica
na sociedade abastada da época levaram a progressos
científicos sem precedentes, com destaque para a obra de
Isaac Newton e outros;
• a combinação de disponibilidade de capitais, progresso
científico e livre iniciativa com mercados em expansão
conduziu a uma incrível onda de inovações tecnológicas,
baseadas na tecnologia do vapor.
Revolução Industrial; o “marco zero”:
A história da administração moderna surge com o aparecimento da
grande empresa industrial. Foi a Revolução Industrial que provocou o
aparecimento da grande empresa e da moderna administração.
A Revolução Industrial desenvolveu-se em duas fases distintas:
A primeira fase, de 1780 a 1860, foi a revolução do carvão (como
principal fonte de energia) e do ferro (como principal matéria-prima).
A introdução da máquina de fiar, do tear hidráulico e posteriormente
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do tear mecânico e do descaroçador de algodão provocaram a
mecanização das oficinas e da agricultura.
A segunda fase, de 1860 a 1914, foi baseada na adoção da eletricidade
e derivados do petróleo (como as novas fontes de energia) e do aço
(como a principal matéria-prima).
Com a introdução definitiva da automação e da especialização, ocorreu
uma intensa transformação dos meios produção , que se estendeu aos
transportes e comunicações; vieram a estrada de ferro, o automóvel, o
avião, o telégrafo sem fio, o rádio. O capitalismo financeiro consolidou-
se com o surgimento das grandes organizações multinacionais
(Standard Oil, General Electric, Westinghouse, Siemens, Dupont,
United States Steel etc.)
A moderna administração surgiu em resposta ao crescimento
acelerado e desorganizado das empresas, que forçou a adoção
sistemas de administração capazes de substituir o empirismo e
aumentar produtividade das empresas, para fazer face à intensa
concorrência e à competição entre países que levaria, finalmente, à
Primeira Grande Guerra, em 1914.
A Moderna Administração
A moderna administração surgiu no início do século XX, com a
publicação dos trabalhos de Taylor e Fayol. Esses precursores da
administração jamais se comunicaram entre si e seus pontos de vista
são diferentes, até mesmo opostos. As suas idéias se complementam
e suas teorias dominaram o panorama da administração das empresas
até meados do século XX.
O americano Frederick Winslow Taylor (1856- 1915) desenvolveu a
chamada Escola da Administração Científica, com a preocupação
de aumentar a eficiência da industria por meio da racionalização do
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trabalho dos operários.
Henri Fayol, engenheiro de minas francês, (1841- 1925) elaborou a
Escola Clássica da Administração, com a preocupação de aumentar a
eficiência da empresa por meio de sua organização e da aplicação de
princípios gerais de administração.
A partir desses dois pioneiros, a história da administração moderna
pode ser assim resumida :
- Teoria da Administração Científica: desenvolvida por engenheiros
americanos, seguidores de Taylor. Preocupavam-se principalmente
com a organização das tarefas, isto é, com a racionalização do trabalho
dos operários.
- Teoria Clássica da Administração: desenvolvida por seguidores de
Fayol, enfoca a estrutura organizacional da empresa e o processo
administrativo.
- Teoria das Relações Humanas: desenvolvida a partir de 1940, nos
Estados Unidos. Preocupada principalmente com as pessoas, com os
grupos sociais e com a organização informal.
- Teoria da burocracia de Max Weber: desenvolvida a partir de 1950,
preocupada em integrar todas as teorias das diferentes escolas
acima.
O conjunto destas escolas forma um corpo teórico conhecido
como a Perspectiva Clássica da Administração. Vamos estudá-las
individualmente e em detalhe ao longo das próximas aulas.
Referência Bibliografica
BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997
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Aula 04A Administração Científica de Taylor a Ford
Objetivos da Aula
Ao final da aula, é esperado que o aluno tenha desenvolvido
habilidades e competências para compreender:
- Os acontecimentos que, durante o século XIX, culminaram com o
surgimento das escolas modernas de administração;
- Os aspectos fundamentais da primeira das grandes escolas: a
Administração Científica;
Também é esperado que o aluno desenvolva habilidades para
analisar o caso mais clássico de aplicação dos princípios da
Administração Científica: o fordismo.
O século XIX
No final do século XVIII, a introdução do uso intensivo das máquinas
a vapor na manufatura, combinada à influência do liberalismo
econômico, inaugurou um período de profundas mudanças na
economia e na sociedade: a Revolução Industrial.
Durante a primeira fase da Revolução Industrial (que ficou conhecida como
a revolução do vapor), começou o desenvolvimento do pensamento
administrativo, com as obras dos economistas liberais: Adam Smith, Robert
Malthus, David Ricardo, John Stuart Mill, Samuel P. Newman, entre outros.
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Os economistas liberais abordaram questões que viriam a constituir a
base teórica do pensamento administrativo. Adam Smith introduziu os
conceitos da especialização e divisão do trabalho; Malthus e Ricardo
teorizaram sobre sistemas produtivos; Mill enfatizou as funções de
controle e Newman abordou as funções do empreendedor. Embora
genérica e pouco técnica, a contribuição dos economistas liberais
estabeleceu as bases da teoria administrativa como campo de
conhecimento independente.
A obra de Charles Babbage (mais conhecido com o precursor do
computador digital) também influenciou autores posteriores ao
enfatizar a importância da especialização e divisão do trabalho,
da padronização dos processos e controles e outros conceitos
básicos de administração.
A obra do general prussiano Carl Von Clausevitz (1780-1831) também
merece citação. Em seus tratados “Sobre a Guerra” e ‘Princípios da
Guerra”, ele estabeleceu alguns princípios fundamentais sobre a
administração de grandes organizações: o conceito de estratégia, a
aceitação da incerteza (e a importância do planejamento como forma
de reduzi-la), o predomínio da razão e do cálculo sobre a intuição no
processo decisório.
Os conceitos de Clausevitz foram muito utilizados nas grandes ferrovias
construídas no início do século XIX. Depois dos exércitos, as ferrovias
foram as primeiras corporações espalhadas em grandes áreas e que
exigiam a coordenação precisa de esforços e recursos. Particularmente,
Henry V. Poor (1812-1905), engenheiro ferroviário admirador e
estudioso de Clausevitz, empregou e divulgou seus conceitos. Poor é
considerado o primeiro consultor industrial e precursor do pensamento
administrativo moderno.
De maneira geral, porém, o século XIX foi caracterizado por um grau
até então desconhecido de inovação tecnológica e expansão da
economia mundial. As economias industrializadas (Europa Ocidental,
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principalmente Inglaterra, os Estados Unidos e posteriormente o Japão)
experimentaram neste período taxas de expansão sem precedentes. A
renda nestes países aumentou rapidamente para níveis inimágináveis
em 1750, e imensamente superiores aos dos países mais “atrasados”,
como Índia e China.
Este crescimento assombroso foi em grande parte sustentado pela
adoção quase universal da cartilha liberal; o comércio internacional,
impulsionado pelos transportes a vapor e pelos avanços nas
comunicações (o telégrafo e posteriormente o telefone) foi
tremendamente estimulado por uma política quase uniforme de baixas
tarifas, pouco protecionismo e até pela aceitação quase universal do
padrão-ouro, que forneceu uma conveniente base monetária para as
transações internacionais.
Ao final do século XIX, iniciou-se uma reversão gradual desta tendência
de liberalização. Gradualmente, os governos passaram a ver o domínio
de mercados e a acumulação de reservas como de importância bélica.
O crescimento explosivo e desordenado das grandes corporações
internacionais européias e americanas levou à intensificação da
concorrência. O crescente peso político destas corporações fez com
que os governos adotassem políticas de restrição ao livre comércio, que
fariam aumentar ainda mais as tensões internacionais, culminando com
a eclosão da 1a Grande Guerra, em 1914.
A crescente hostilidade dos mercados a partir do final do século XIX
parece ter sido a causa da preocupação com a eficácia das empresas da
época. Os conhecidos conceitos assumiram a importância de questões
vitais para a sobrevivência das empresas e passaram a ser adotados de
forma ampla.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
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Cronologia das Origens do Pensamento Administrativo:
(extraído de LODI, 2003; origem: Claude S. George Jr.)
Taylor e a Administração Científica
Frederick W. Taylor (1856 - 1915), foi uma das figuras de maior destaque
na história do pensamento administrativo. Nascido de uma família de
classe média superior da Nova Inglaterra, teve uma educação primária
privilegiada, porém, só aos 29 anos concluiu o curso de Engenharia.
Começou a trabalhar como aprendiz e operário de oficina mecânica.
Em 1878 entrou na Siderúrgica Midvale Steel Co. Em seis anos, foi de
torneiro a engenheiro-chefe, tendo iniciado seus estudos de tempos e
processos já em 1881.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
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Em 1896, foi para a Bethlehem Steel Works. Seus estudos de
racionalização do trabalho levaram à redução de uma equipe de 600
para 140 homens, e diminuição (“de 7/8 para 3/4 de cêntimo”...) nos
custos de manipulação de materiais.
Taylor publicou diversos trabalhos e registrou várias patentes ao longo de
sua carreira. A sua principal obra, “Princípios de Administração Científica”,
é de 1911. Taylor declarou que o principal objetivo da Administração
Científica consistia em “assegurar a máxima prosperidade para o
empregador junto com a máxima prosperidade para o empregado”.
Máxima prosperidade significa para o empregador lucros a curto e a
longo prazo, e para o empregado, remuneração gradualmente maior e
pleno desenvolvimento de suas capacidades.
Taylor dizia que a “eficiência administrativa aumenta com a
especialização do trabalho”. Assim, no início, Taylor preocupou-se
apenas com processos. Mais tarde, chegaria à caracterização dos seus
princípios de administração:
1 - Atribuir a cada operário a tarefa mais elevada possível;
2 - Solicitar de cada operário o máximo de produção possível;
3 - Oferecer a cada operário uma remuneração adequada à
sua produtividade e acima dos padrões normais da época.
A partir de 1911, Taylor passou a ocupar-se, principalmente, da
identificação dos problemas das empresas, do estudo de suas causas
e soluções. Ele identificou a “vadiagem” do operário como o grande
problema da indústria da época, conceituando, assim, as suas causas:
1 - a idéia dos trabalhadores de que o maior rendimento do homem
e da máquina terá como resultado o desemprego de grande número
de operários;
2 - sistemas defeituosos de gerência, que praticamente obrigavam os
empregados a “fazer cera” (soldering) no trabalho;
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 31
3 - métodos empíricos antiquados e ineficientes, com os quais o operário
desperdiçava grande parte de seu esforço.
Em seus estudos, Taylor colocou as seguintes condições para a solução:
1 - Desenvolver novos métodos científicos de trabalho, em lugar dos
velhos métodos rotineiros;
2 - Selecionar o melhor trabalhador para cada tarefa; em seguida,
treiná-lo, formá-lo e motivá-lo, criando um “homem de primeira
classe” (first class man);
3 - Criar um espírito de cooperação entre a direção e os trabalhadores;
4 - Aperfeiçoar a divisão do trabalho, combinando “seleção científica” e
a ciência o trabalho.
Taylor também expôs regras e normas para o trabalho de usina ou oficina:
1 - Para cada indústria e processo, estudar e determinar a técnica mais
conveniente;
2 - Analisar metodicamente o trabalho do operário, estudar e
cronometrar os movimentos elementares;
3 - Transmitir instruções técnicas ao operário de forma sistemática;
4 - Selecionar os operários com base em critérios científicos;
5 - Separar as funções de preparação e execução;
6 - Especializar o operário;
7 - Predeterminar tarefas individuais e conceder prêmios pela boa
execução;
8 - Padronizar ferramentas e utensílios;
9 - Distribuir eqüitativamente, por todo o pessoal, os ganhos decorrentes
do aumento de produção;
10 - Controlar a execução do trabalho;
11 - Classificar as ferramentas, processos e produtos;
Um dos pontos principais do trabalho de Taylor é a separação
entre as funções de preparação e as de execução. A finalidade do
planejamento é estabelecer qual trabalho deve ser feito, como,
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 32
onde, por quem e, finalmente, quando será executado. Para isso,
Taylor propunha o emprego de quatro encarregados de preparação
e quatro encarregados de execução.
Os resultados obtidos por Taylor foram consequência de um estudo
sistemático de fatores que afetam a produção. Sua contribuição para
a indústria foi o enfoque científico, substituindo processos rotineiros
por outros deduzidos de análises prévias. Taylor abordou aspectos
humanos e psicológicos, assim como os materiais e mecânicos, em suas
investigações sobre produtividade.
Através da análise do trabalho e estudo de tempos e movimentos, ele
viu a possibilidade de decompor cada tarefa em uma série ordenada de
movimentos simples. Assim, procurou eliminar os movimentos inúteis,
visando a economia de tempos e esforços. Determinando o tempo
médio que um operário médio levaria para executar determinada tarefa
(cronoanálise), e adicionando a esse tempo os tempos elementares e
mortos ( espera, necessidades,...), resulta o TEMPO PADRÃO, conceito
central na teoria de Taylor.
Vantagens da “Administração Científica”
- otimização dos movimentos, redução dos tempos de produção;
- racionalização da seleção e do treinamento;
- melhoria da eficiência do operário, mais rendimento
da produção;
- distribuição uniforme do trabalho;
- estabelecimento de base uniforme para salários e prêmios;
- definição mais precisa do custo unitário;
Taylor estabeleceu o conceito de que o ser humano agiria de acordo
com o seu interesse material (“homo economicus”), ignorando outras
fontes de motivação e simplificando excessivamente os aspectos
psicológicos do comportamento.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 33
Os princípios de Taylor, apesar de criticados, ainda hoje servem como
“critérios” gerais para o treinamento da supervisão. A obra de Taylor ainda
constitui um marco e uma contribuição inestimável à Teoria Administrativa.
O fordismo
Para alguns autores, fordismo é sinônimo de taylorismo; produção em
massa, linha de montagem automatizada. A Ford representou, por
décadas, um modelo quase perfeito de aplicação sistemática e maciça
dos conceitos tayloristas de organização da produção.
Mais do que isso, Ford soube compreender as características da
sociedade americana da época e, desta forma, construiu uma história
de enorme sucesso empresarial. O modelo fordista reconheceu o modo
de organização e atuação dos sindicatos dos trabalhadores, utilizando
políticas salariais ousadas como um elemento da sua estratégia.
O método administrativo de fordista apresenta os seguintes
traços fundamentais:
1 - racionalização taylorista do trabalho, alto grau de
especialização;
2 - desenvolvimento da mecanização utilizando equipamentos
especializados;
3 - produção em massa com elevado grau de padronização;
4 - salários elevados e crescentes, incorporando ganhos
de produtividade.
Ford levou às últimas conseqüências o emprego da racionalização
taylorista da produção em série, empregando a linha de montagem e
a padronização das peças num grau inédito.
A divisão do trabalho em segmentos de tarefas repetitivas
exigia uma direção bastante autoritária e a imposição de
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disciplina ao operário e, portanto, requeria uma pesada
estrutura de controle/supervisão da produção.
Os anos de crescimento
Em 1902, Ford alugou uma oficina e fundou a Ford Motor. As
pessoas na época tratavam os carros como brinquedos velozes
e não vislumbravam o futuro como Henry Ford. Seu valor como
empreendedor revela-se nestas frases: “...a indústria dos automóveis
não repousava no que chamaríamos uma base honesta...”, numa dura
crítica aos empresários da época. E “...até ali por 1910 e 1911, o dono
de um carro passava por um homem rico que devia ser espoliado.
Desde o primeiro momento enfrentamos com firmeza tal situação.
Não queríamos que o nosso êxito comercial se entorpecesse graças à
cupidez estúpida de alguns indivíduos....”.
Ford sempre acreditou na utilidade do automóvel; ele devia ser robusto,
simples, confiável. Baseado nestes princípios, criou o Modelo T (que
venderia um total de 15 milhões de unidades). Em 1911, Ford terminou
de construir uma fábrica imensa, ocupando um terreno de 32 acres e
que chegou a empregar dezenas de milhares de pessoas nos ano 20.
O Milagre Americano da década de 20 foi um período de prosperidade.
De 1919 a 1929, a produção de automóveis cresceu 255% nos EUA. As
indústrias expandiam-se impulsionadas pela inovação tecnológica. A
linha de montagem em série revolucionou a produção industrial. A
produção em massa proporcionou massificação do consumo.
A combinação destes fatores leva à compreensão do modelo fordista:
1 - Organização do processo de produção com intensa
divisão/especialização do trabalho, estruturas empresariais
altamente hierarquizadas, ênfase na mecanização para a
solução de problemas técnicos;
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 35
2 - Acentuada estratificação das qualificações;
3 - Elevada mobilidade dos trabalhadores entre firmas e regiões;
4 - Indexação parcial dos salários aos preços e total indexação
dos salários à produtividade (não explícita), influência
moderada do desemprego em relação ao salário e baixa
incidência de benefícios previdenciários em relação aos
salários;
5 - Estilo de vida dos assalariados caracterizado pelo
consumo de massa.
A crise do Fordismo
A crise do fordismo foi estrutural. A fadiga do modelo de produção
em massa levou à queda dos ganhos de produtividade (escala), o que
representou o esgotamento do fordismo taylorista como modo de
organização de produção.
Os principais fatores que levaram à crise fordista foram:
1 - Aumento do poder dos sindicatos, questionando alguns
aspectos básicos de organização e gestão de produção, tais
como o tempo-padrão, os ritmos de linha de montagem, os
horários de trabalho, etc;
2- Recusa dos operários de determinadas formas de
organização do trabalho, especialmente aquelas com forte
pressão de tempo;
3 - Elevação do nível de instrução, fazendo com que cada vez
menos pessoas se sujeitassem ao trabalho desqualificado
das linhas de montagem;
4 - Discrepância entre a administração científica e a tendência
de avaliar a qualidade e a iniciativa no trabalho;
5 - Excessiva rigidez do sistema baseado na produção maciça,
face à necessidade de soluções de maior flexibilidade para
atender a crescente diversificação e sofisticação da demanda.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
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Comparado aos sistemas mais antigos, o fordismo mostrou-se
tremendamente eficiente na tarefa de expandir mercados. O fordismo
possuía uma estratégia de crescimento muito explícita: “qualquer
cor, desde que seja preta”. Esta é frase emblemática do sistema de
produção em massa voltado ao processo que representou a essência
do industrialismo do início do século XX. A indústria de massa atende às
demandas de operários e consumidores pouco exigentes. O fordismo
taylorista foi vítima da prosperidade que ele próprio ajudou a criar.
A evolução, sofisticação e diversificação das demandas do mercado e
da concorrência viriam a transformar a indústria e, consequentemente,
o pensamento administrativo contemporâneo. O foco passaria do
processo para o cliente, das máquinas para as pessoas. Trataremos
destes assuntos nas próximas aulas.
Referência Bibliográfica:
BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. São
Paulo: McGraw Hill, 1987.
CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração : Abordagens
Prescritivas e Normativas da Administração. São Paulo: Makron
Books, 1997.
MOTA, Fernando C. Prestes & VASCONCELLOS, Isabella F. Gouveia de.
Teoria Geral da Administração. São Paulo: Thomson, 2002.
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Aula 05Fayol e a Escola Clássica
Objetivos da aula:
A aula de hoje tem como objetivo promover o estudo dos aspectos
fundamentais da chamada Escola Clássica de Administração.
Introdução:
Enquanto Frederick Taylor e outros engenheiros americanos
desenvolviam nos Estados Unidos a Administração Científica, por
volta de 1916, surgia na França o movimento conhecido como a Teoria
Clássica da Administração, que logo se espalharia pela Europa.
As duas escolas, Cientifica e Clássica, tinham por objetivo maximizar
a eficiência da organização, que se tornava questão de sobrevivência,
à medida que as empresas expandiam-se, levando a concorrência a
níveis desconhecidos até então. A grande diferença entre as duas é
que, enquanto Taylor e seus seguidores colocavam toda a ênfase nas
tarefas (ou seja, no trabalho do operário), os devotos da Teoria Clássica
da Administração, encabeçado por Fayol, enfocaram a estrutura da
organização.
Na Escola da Administração Científica, desenvolvida por Taylor, a
preocupação básica era aumentar a produtividade da empresa
por meio do aumento de eficiência no nível operacional. Nesse
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sentido, essa abordagem trata a organização “de baixo para cima” (do
operário para supervisor e gerente). Essa análise constituiu a chamada
“Organização Racional do Trabalho”.
Já a Teoria Clássica tinha como preocupação básica aumentar a
eficiência da empresa por meio da forma e disposição dos órgãos
competentes da organização e das suas inter-relações estruturais.
Nesse sentido, essa corrente é inversa à abordagem da Administração
Científica: de cima para baixo (da direção aos departamentos) e a sua
principal característica é a ênfase na estrutura.
Partindo da análise do todo organizacional, a Escola Clássica busca
a eficiência, a partir da otimização da estrutura da organização,
que levaria naturalmente à máxima eficácia de cada uma das suas
partes. Taylor enfoca o operário e a sua supervisão, Fayol dá mais
importância à chefia em si, bem como aos cargos mais elevados
dentro da empresa.
Vida e obra de Fayol
Henri Fayol (1841 - 1925), nasceu em Constantinopla e faleceu em
Paris. Formou-se em engenharia de minas aos 19 anos, ingressando,
então, na empresa metalúrgica e carbonífera, na qual desenvolveu
toda sua carreira. Aos 25 anos, tornou-se gerente de minas e em 1888,
aos 47 anos, assumiu a gerência geral da Commanbault, que estava
em grave crise desde 1943.
Segundo o seu próprio relato:
”...houve apenas uma mudança na forma de exercer a função
administrativa...., os negócios voltaram a prosperar...Com as mesmas
minas,..máquinas... e recursos...idênticos mercados,..a Sociedade
começa um movimento ascendente.(..) A aplicação do método de
administração positiva é a única razão da mudança que se operou a
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partir de 1888 na vida da Sociedade Commanbault.”
(Fayol apud PARK ,1997).
Durante muitos anos, Fayol não escreveu nem divulgou suas idéias,
a não ser em sua própria indústria. Seu livro Administração Geral e
Industrial (1916) só veio a ser publicado quando Fayol já tinha 70 anos;
o trecho entre aspas acima foi extraído da tradução brasileira.
Como engenheiro, Fayol acostumou-se a trabalhar baseado em
princípios e técnicas. Ele levou esse hábito de trabalho para o seu
cargo de gerente e depois para o diretor, formulando um conjunto
de “princípios de administração geral” que ele considerava úteis para
toda situação administrativa, qualquer que fosse o tipo ou ramo da
empresa.
Fayol sempre afirmou que seu êxito devia-se não só às suas qualidades
pessoais mas aos métodos que empregava. Fayol empregou seus
últimos anos de vida à tarefa de demonstrar que, com previsão
científica e métodos adequados de gerência, resultados satisfatórios,
eram inevitáveis, deixando uma influência na administração francesa
conhecida como “fayolismo”.
Princípios da Administração Fayolista
A ciência da administração, como toda ciência deve basear-se em
leis ou em princípios. Dessa forma, como a função administrativa
restringe-se somente ao pessoal, isto é, ao corpo social, é necessário
um certo número de condições e de regras, as quais poderia-se dar o
nome de princípios, para assegurar o seu bom funcionamento.
No livro Administração Geral e Industrial, Fayol elaborou os seus
princípios gerais da administração, alguns dos quais contrastam com
os de Taylor. Por exemplo, Taylor propunha o emprego de diversos
supervisores, cada um especializado em um aspecto da tarefa
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
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do operário, enquanto Fayol defendia o princípio de unidade de
comando, segundo o qual uma pessoa deve ter apenas um chefe no
seu trabalho.
A fim de delinear a capacidade administrativa, Fayol apresenta 14
princípios:
• Divisão do Trabalho – especialização das tarefas e pessoas
para a máxima eficiência;
• Autoridade e Responsabilidade - Uma pessoa responsável
pelo resultado de uma operação deve ter autoridade
para tomar as medidas necessárias para o sucesso dessa
operação;
• Disciplina – obediência, respeito aos acordos;
• Unidade de Comando - um empregado deve receber ordens
de apenas um superior;
• Unidade de Direção - deve haver “uma cabeça e um
plano” para um grupo de atividades que cumpre o mesmo
objetivo;
• Interesses Gerais – sobrepostos aos interesses particulares
• Remuneração do Pessoal – retribuição justa para a organização
e para seus colaboradores;
• Centralização – concentração da autoridade no topo da
pirâmide hierárquica;
• Cadeia de Comando – linha única de autoridade, do topo à
base;
• Ordem – “um lugar para cada coisa, cada coisa (ou pessoa)
em seu lugar”;
• Eqüidade – amabilidade e justiça para obter lealdade
• Estabilidade – quanto mais tempo em um cargo, melhor;
• Iniciativa – visualizar um plano e garantir seu sucesso;
• Espírito e Equipe – união e harmonia entre as pessoas.
O caráter universal desses princípios os tornava muito vagos e pouco
indicativos para decisões específicas, ainda mais que eles podem
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colidir e auto eliminar-se em um dado momento. Os chamados
“princípios” de Fayol, como os de Taylor, devem ser tomados como
critérios genéricos.
As funções Básicas da Empresa
Como a Teoria Clássica da Administração de Fayol enfatiza a estrutura
da organização, fez-se necessário ao teórico distinguir as funções
essenciais de uma empresaria. São elas:
• Técnicas – relacionadas à produção;
• Comerciais – compra e venda;
• Financeiras – captação e gerenciamento de capitais;
• Segurança – proteção do patrimônio e das pessoas;
• Contábeis – inventários, balanços, etc;
• Administrativas – integram as outras funções.
Partindo dessas funções, Fayol procurou estabelecer a importância
relativa dessas diversas funções/capacidades em cada nível da
empresa (diretor, chefe de serviço técnico, chefe de divisão, chefe
de oficina, contramestre e operário). Ele sugeriu tabelas de avaliação
que, embora elaboradas sem rigor estatístico, apresentam uma
proposição muito útil ainda hoje: “A capacidade técnica é a principal
capacidade dos chefes inferiores da grande empresa e dos chefes da
pequena empresa industrial; a capacidade administrativa é a principal
capacidade dos grandes chefes. A capacidade técnica domina a base da
escala hierárquica, a capacidade administrativa, o topo.”
Quanto à função administrativa: “nenhuma das outras cinco funções
tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa,
constituir seu corpo social, coordenar os esforços e harmonizar os atos.
Essas atribuições constituem uma função designada, habitualmente,
pelo nome de Administração”.
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Os Elementos da Administração
Como você estudou, a administração é a principal função do gerente,
pois imagine uma empresa que tecnicamente é excelente, mas que
não consegue gerenciar a sua produção. Seria uma loucura, não
é mesmo?!?! Seguindo essa afirmativa, Fayol destacou as funções
administrativas ou elementos da administração, como sendo as
seguinte:
• Previsão – avaliação do futuro e aprovisionamento de acordo
com essa avaliação em plano de ação que deve ter unidade,
continuidade, flexibilidade e precisão;
• Organização – provisão do necessário ao funcionamento da
empresa; dividida em organização material e social;
• Comando – obtenção do máximo empenho dos funcionários
na consecução dos objetivos da empresa;
• Coordenação – harmonização das atividades da empresa;
• Controle – verificação da conformidade do andamento das
ações com o planejamento, instruções e princípios.
O diretor, o gerente, o chefe, o supervisor, o encarregado - cada
qual em seu nível – devem assim exercer todas as atividades acima
para uma boa gestão; essas atividades são chamadas de processo
administrativo.
Lembrando que, independente do ponto hierárquico onde o funcionário
encontra-se, ele sempre fará parte do processo administrativo,
entretanto, a medida que se desce na escala hierárquica, mais será
aumentada a proporção das outras funções da empresa e, a medida
que sobe na escala hierárquica, mais aumenta a extensão e o volume
das funções administrativas.
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Comando: Autoridade e Responsabilidade
Mesmo não tendo preocupado-se, excessivamente, em estudar a
previsão, a coordenação e o controle; Fayol foi bastante específico
quanto à analise da organização e comando. Quanto organização, ele
preocupou-se em estudar os tipos de funcionários que comporiam
os quadros da média e baixa administração, além de determinar suas
características.
E o qual seria o perfil do chefe? No tocante ao comando, Fayol
enfatizou o conceito da autoridade como sendo inseparável da
responsabilidade. Assim sendo, o elemento que exerça um cargo de
chefia deve:
• Ter um conhecimento profundo de seu pessoal;
• Excluir os incapazes;
• Conhecer os contratos de trabalho entre a empresa e seus
agentes;
• Dar o exemplo;
• Fazer inspeções periódicas;
• Reunir seus principais colaboradores em conferências, para
obter unidade de direção e convergência de esforços;
• Não se deixar absorver pelos detalhes;
• Incentivar no pessoal a atividade, a iniciativa e o
devotamento.
Fayol dizia que a “autoridade é o direito de dar ordens e o poder de exigir
obediência”. Da mesma forma que a autoridade, a responsabilidade é
um dos termos mais mal compreendidos na literatura administrativa.
O termo responsabilidade é usado como sentido de dever, de
atividade, de atribuição. Diz-se que a responsabilidade é delegada a
subordinados, embora, na realidade, o que se delegue seja autoridade.
A essência da responsabilidade é a obrigação de utilizar a autoridade
para exigir que sejam executadas as tarefas.
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Síntese: A Abordagem Clássica
A abordagem Clássica da Administração tem origem no ambiente
econômico da época da 2ª Revolução Industrial, a partir de meados do
século XIX. O crescimento acelerado e desorganizado das empresas,
característica desse período, veio a exigir abordagens estruturadas
das questões de administração.
Tornava-se imperativo aumentar a eficiência e a competência das
organizações, no sentido de obter-se o melhor rendimento possível
dos seu recursos e fazer face à concorrência e à competição que se
avolumavam entre as empresas.
O panorama industrial, no início deste século, tinha todas as
características e elementos para poder inspirar uma Ciência da
Administração: variedade de empresas, tamanhos diferenciados,
problemas de baixo rendimento da maquinaria utilizadas, etc. As
soluções basearam-se, normalmente, no princípio de especialização e
divisão de trabalho, particularmente entre as funções de planejamento
e as operacionais, com grande valorização daquelas.
As teorias propostas por Taylor e Fayol deram ênfase à organização
formal e à racionalização dos métodos de trabalho. A organização
cientifica do trabalho trouxe uma abordagem rígida, que considera o
homem quase um acessório da máquina. Na organização fayolista, o
ser humano é um elemento da estrutura.
A aplicação combinada dos conceitos de ambas levou a indústria a
novos níveis de eficiência, porém viria a mostrar-se incapaz de resolver
todas as questões organizacionais. Mesmo assim, a contribuição de
Fayol foi imensa e poderia talvez ser resumida neste parágrafo:
“Até agora, o empirismo tem reinado na administração dos negócios.
Cada chefe dirigia à sua maneira, sem se preocupar em saber se há leis
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que regem a matéria. É necessário introduzir o método experimental,
como Claude Bernard introduziu na Medicina . Isto é, observar,
recolher, classificar e interpretar os fatos. Instituir experiências. Impor
regras”.
Referência Bibliográfica:
BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. São
Paulo: McGraw Hill, 1987.
CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração: Abordagens
Prescritivas e Normativas da Administração. São Paulo: Makron Books,
1997.
MOTA, Fernando C. Prestes & VASCONCELLOS, Isabella F. Gouveia de.
Teoria Geral da Administração. São Paulo: Thomson, 2002.
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Aula 06A Teoria das Relações Humanas
Objetivos da aula:
Nesta aula espera-se que o aluno desenvolva habilidades e
competências para:
• Estabelecer as condicionantes históricas e sociais do
surgimento da Teoria das Relações Humanas;
• Descrever a sua evolução;
• Expor seus princípios;
• Discutir a sua atualidade e aplicabilidade.
Introdução: A Escola das Relações Humanas
A Teoria das Relações Humanas surgiu nos Estados Unidos como
conseqüência imediata das conclusões obtidas na Experiência em
Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi
basicamente um movimento de reação e de oposição à Teoria Clássica
da Administração.
A Escola das Relações Humanas é o grande contraponto às teorias
de Taylor e Fayol, por afirmar que o trabalho é uma atividade grupal
e que os indivíduos têm motivações não econômicas (psicológicas)
para o trabalho. A teoria das Relações Humanas só ganhou expressão
após a morte de Taylor, a partir do início da década de 30.
A partir da Abordagem Humanística, a Teoria Administrativa sofreu
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uma verdadeira revolução conceitual, transferindo a ênfase do
pensamento administrativo dos processos (Taylor) e da estrutura
(Fayol) para as pessoas que trabalhavam na organização.
Seu surgimento deve-se em grande parte ao desenvolvimento da
Psicologia, bem como às modificações ocorridas no panorama social,
econômico e político da época, com destaque para o advento da
Grande Recessão dos anos 30, que forçou as empresas a redefinirem
seus conceitos de produtividade.
A Teoria das Relações Humanas surge a partir dos seguintes fatores:
• A necessidade de humanizar e democratizar a administração,
libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria
Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo
americano;
• O desenvolvimento da psicologia e da sociologia no início do
século XX;
• As conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida entre
1927 e 1932, sob a coordenação de Elton Mayo.
A Transição: Follet e Barnard
Já a partir do início do século, diversos autores questionaram os
conceitos da abordagem clássica de Taylor e Fayol, sendo que os mais
expressivos foram Mary Parker Follet e Chester Barnard. Suas obras
representam a transição entre a escola Clássica e Científica e a escola
das Relações Humanas.
Para muitos estudiosos, a visão de Mary Parker Follet (1868-1933) é até
mais profunda do que a de Mayo e seus colaboradores. O seu trabalho
baseia-se na sua crença em soluções positivas para os conflitos. Para
ela, o conflito é algo inerente às relações humanas e representa a
diferença que habita a individualidade humana. Cada indivíduo tem
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propósitos, desejos e vontades próprios, que muitas vezes conflitam
com os de outros. Assim, também, as organizações têm objetivos que
conflitam com os de outras organizações e/ou dos indivíduos que
dela fazem parte.
O conflito, portanto, é algo do qual não podemos fugir. Podemos,
porém, tratá-lo de diversas formas. Podemos buscar soluções de
dominação, do tipo um “ganha e outro perde” ou ainda encontrar
uma conciliação que adie o confronto. Nestas duas formas de tratar
os conflitos, os desejos de pelo menos uma das partes não foram
satisfeitos, o que fatalmente fará com que o conflito se manifeste
novamente, potencializado.
Follet propõe uma terceira solução, a integração. Na integração, o
conflito seria resolvido de forma a atender ambas as partes, buscando-
se uma solução criativa que não estaria em nenhuma das alternativas
em conflito. A solução integrativa, portanto, exigiria criatividade; a
busca de uma terceira alternativa que contemplasse o desejo de ambas
as partes em conflito. É claro que nem sempre é possível uma solução
integrativa, mas na maioria dos casos que resultam em dominação ou
conciliação, em tese seria possível uma solução integrativa.
Mary Parker Follet e Chester Barnard (1886-1961) compartilham a
visão de que a organização é um sistema social e que a produção é
um processo cooperativo que depende da participação integrada de
seus diferentes componentes. Esta visão da organização como um
sistema cooperativo é a base de todo o trabalho de Barnard sobre
as funções do executivo. O executivo, para ele, deveria manter o
sistema de esforços cooperativos, dando propósito organizacional e
convergindo a atenção aos interesses individuais (eficiência) e aos da
organização (efetividade).
A Teoria das Relações Humanas surgiu do amadurecimento destes
questionamentos. Ela foi desenvolvida principalmente por George
Elton Mayo, considerado o fundador da escola graças às conclusões
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obtidas na Experiência de Hawthorne.
Hawthorne: os Estudos de Elton George Mayo
A Western Eletric era uma companhia norte-americana que
fabricava equipamentos para empresas telefônicas. A empresa
sempre se caracterizara pela preocupação com o bem estar de seus
funcionários e por cerca 20 anos não se constatara nenhuma greve ou
manifestação.
No período entre 1927 e 1932 foram realizadas pesquisas em uma
das fábricas da Western Electric Company, localizada em Hawthorne,
distrito de Chicago. A fábrica contava com cerca de 40 mil empregados
e as experiências realizadas visavam detectar de que modo
fatores ambientais - como a iluminação do ambiente de trabalho -
influenciavam a produtividade dos trabalhadores.
Estas experiências foram coordenadas por Elton Mayo e se estenderam
ao estudo da fadiga, dos acidentes no trabalho, da rotação de pessoal
e do efeito das condições físicas de trabalho sobre a produtividade
dos empregados.
O principal resultado do experimento de Hawthorne foi seu fracasso
inicial. Os pesquisadores não conseguiram provar a existência de
qualquer relação simples entre a intensidade de iluminação e o
ritmo de produção. Reduzia-se e aumentava-se a iluminação na sala
experimental. Esperava-se queda na produção quando as condições
eram pioradas; o resultado foi o oposto. A produção na verdade
aumentou quase sempre, independente das variáveis ambientais.
Os pesquisadores verificaram que os resultados da experiência eram
“prejudicados” por variáveis de natureza psicológica. Tentaram eliminar
ou neutralizar o fator psicológico, então estranho e impertinente. A
experiência prolongou-se até 1932, quando foi suspensa em razão da
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crise dos anos 30.
Descrição da Experiência de Hawthorne
Os estudos básicos efetuados por Mayo e seu grupo tiveram três fases:
- Sala de Provas de Montagem de Relés
Teve inicio em 1927 e a sua finalidade era realizar um estudo da fadiga
no trabalho e dos efeitos gerados por mudanças de horários ou
introdução de intervalos de descanso no período de trabalho.
Foram selecionadas para a experiência seis operárias. A ênfase dada
pelos pesquisadores estava em se manter o ritmo de produção,
controlando com maior exatidão algumas condições físicas, como
temperatura, umidade da sala, duração do sono na noite anterior,
alimentos ingeridos, etc.
Após um longo período de experimentos, verificou-se aumento
contínuo da produção, independente da variação das condições
ambientais e da estrutura de benefícios oferecidos às trabalhadoras,
contrariando totalmente os pressupostos do Método Científico.
Verificou-se, por outro lado, que as moças declaravam gostar de
trabalhar na sala de provas; a supervisão era branda, o ambiente
era amistoso e sem pressões, a conversa era permitida e não havia
temor ao supervisor. Houve um desenvolvimento social do grupo
experimental. As moças fizeram amizades entre si e essas amizades
estenderam-se para fora do trabalho. Tornaram-se uma equipe,
desenvolvendo lideranças e objetivos comuns.
- Programa de Entrevistas
O objetivo do programa de entrevistas anuais era determinar os
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motivos que levavam os funcionários a adotar posturas diferentes
nos seus departamentos e na sala de provas. O enfoque da pesquisa
passou do método científico para as relações humanas.
Nesta fase, a maioria dos supervisores foi incluída no programa como
entrevistadores. O programa foi bem aceito tanto pelos operários
quanto pelos supervisores, já que os primeiros encontravam a
possibilidade de falar o que sentiam a respeito da organização como
um todo, enquanto os últimos poderiam conhecer os problemas e
anseios que afligiam seus subordinados.
O resultado do início do programa foi sentido imediatamente: a
produtividade dos operários aumentou e a supervisão melhorou. A
melhoria dos resultados dos operários foi atribuída a um sentimento de
importância desencadeado pelo programa. No caso dos supervisores,
o conhecimento dos interesses dos operários foi o responsável pelas
sensíveis mudanças no modo de supervisão.
O Programa de Entrevistas constatou que os fatores psicológicos
alteravam de maneira significativa o comportamento dos funcionários.
O Programa possibilitou que os funcionários mostrassem à direção
quais eram suas angústias mais freqüentes, possibilitando que estas
fossem estudadas e seus efeitos minimizados.
- Sala de Observações de Montagem de Terminais
A principal descoberta dos pesquisadores durante as entrevistas foi a
existência dos chamados grupos informais. Formados pelos operários
para zelar pelo seu bem-estar, estes grupos eventualmente forçavam
a produção controlada.
Através desta organização informal, os operários mantinham uma
certa lealdade ente si. Porém, os pesquisadores notaram que, muitas
vezes, o operário pretendia também ser leal à empresa. Este aparente
conflito entre o grupo e a companhia trazia tensão, inquietação e
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descontentamento. Para estudar este fenômeno, os pesquisadores
desenvolveram a Quarta Fase da experiência.
Escolheu-se um grupo experimental – nove operadores, nove
soldadores e dois inspetores, todos da montagem de terminais para
estações telefônicas – que passaram a trabalhar em uma sala especial
com idênticas condições de trabalho do departamento. Havia um
observador dentro da sala e um entrevistador que ficava do lado
de fora e que entrevistava esporadicamente aqueles operários. Esta
experiência durou de novembro de 1931 a maio de 1932 e visava
analisar a organização informal dos operários.
O sistema de pagamento era baseado na produção do grupo, havendo
um salário-hora com base em diversos fatores, com um salário mínimo-
horário, para o caso de interrupções na produção. Os salários somente
poderiam ser elevados se a produção total aumentasse. Logo ficou
constatado que os operários usavam de vários truques; logo que
montavam o que julgavam ser a sua produção normal, reduziam seu
ritmo de trabalho.
Verificou-se que estes operários passaram a apresentar uma
solidariedade grupal, desenvolvendo métodos para assegurar
suas atitudes. Considerava-se “delator” quem prejudicasse algum
companheiro e os mais rápidos eram pressionados para “estabilizarem”
a sua produção. Essa fase permitiu o estudo das relações entre a
organização informal dos empregados e a organização formal da
fábrica.
Conclusões da Experiência em Hawthorne
A experiência em Hawthorne levou ao estabelecimento dos princípios
básicos da Escola das Relações Humanas. As principais conclusões
foram:
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- O nível de produção é resultante da integração social e não
da capacidade física ou fisiológica do empregado (como
afirmava a teoria clássica). Quanto mais integrado socialmente
no grupo de trabalho, maior a sua disposição de produzir;
- Os empregados se apóiam no grupo; não reagem isoladamente
como indivíduos, mas como membros do grupo. O grupo
define as regras de atuação e pune o indivíduo que sai das
normas grupais;
- A empresa é na verdade uma organização social composta de
diversos grupos sociais informais. Esses grupos definem suas
regras de comportamento, suas formas de recompensas ou
sanções sociais, seus objetivos, sua escala de valores sociais,
suas crenças e expectativas;
- Os indivíduos dentro da organização participam de grupos
sociais e mantêm uma constante interação social. Relações
Humanas são as ações e atitudes desenvolvidas pelos
contatos entre pessoas e grupos;
- Cada indivíduo é uma personalidade diferenciada que influi
no comportamento e nas atitudes dos outros indivíduos
com quem mantém contatos. A compreensão da natureza
destas relações humanas permite ao administrador obter os
melhores resultados de seus subordinados;
- O “conteúdo do cargo”, a especialização e portanto a maior
fragmentação do trabalho não é a forma mais eficiente de
organização do trabalho, pois leva à monotonia e reduz a
motivação;
- Os elementos emocionais, não planejados e mesmo irracionais
do comportamento humano merecem atenção especial;
- A organização desintegra grupos primários (família), mas forma
uma outra unidade social.
Implicações da Experiência de Hawthorne
Com os resultados obtidos nessa experiência o engenheiro e o técnico
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cedem lugar ao psicólogo e ao sociólogo, surgindo então uma nova
concepção sobre a natureza do homem: o homem social.
Em última análise, a Teoria das Relações Humanas estuda a influência
da motivação no comportamento. A compreensão da motivação exige
o conhecimento das necessidades humanas. A motivação refere-se ao
comportamento causado pelas necessidades do indivíduo e é dirigida
em direção aos objetivos que podem satisfazê-las.
Foram identificados três estágios de motivação:
• Necessidades fisiológicas;
• Necessidades psicológicas;
• Necessidades de auto-realização.
Ë possível motivar uma pessoa quando se sabe o que ela necessita
em um dado momento. Quando as necessidades de um determinado
nível são satisfeitas passa-se para o próximo nível na hierarquia.
A Escola das Relações Humanas propõe o conceito de “Homem
Social”, em contraposição ao Homem Econômico da Abordagem
Clássica. O indivíduo seria mais motivado pela necessidade de “estar
junto” e ser “reconhecido socialmente” no contexto do grupo do que
por recompensas econômicas individuais. Desta forma, as maiores
recompensas são simbólicas e não financeiras.
A Organização Informal
A organização informal ganha importância e tem sua origem na
necessidade do individuo de conviver com os demais seres humanos.
Apresenta as seguintes características:
- Relação de coesão ou de antagonismo: relações pessoais de
simpatia ou de antipatia, de diferentes intensidades;
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- Status: o prestígio está mais ligado à participação do indivíduo
na organização informal (grupo) do que propriamente na
organização formal (cargo);
- Colaboração espontânea;
- A possibilidade de oposição à organização informal: pode
ocorrer em razão da inabilidade da direção de propiciar um
clima favorável.
- Padrões de relações e atitudes;
- Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais: devido à
mudança de pessoal na organização formal.
Em suma, a abordagem humanística que dá origem à Teoria das
Relações Humanas passa a considerar a influência de variáveis que as
escolas Científica e Clássica simplesmente ignoraram. Na verdade, as
abordagens se sobrepõem e se complementam. É preciso levar em
conta a evolução da indústria e da sociedade durante o período em
que ambas as escolas se desenvolveram. Taylor e Fayol construíram
sua teorias em um contexto social e econômico muito mais “primitivo”
do que aquele existente na época de Mayo.
Comparação Entre as Teorias: Clássica e das Relações:
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Teoria Clássica Teoria das Relações
A organização como uma
máquina.
Enfatiza as tarefas ou a
tecnologiaInspirada em sistemas
de engenharia.
Autoridade centralizada.
Linhas claras de autoridade.
Especialização e competência
técnica.
Acentuada divisão do trabalho.
Confiança nas regras .
Clara separação entre linha e
staff.
A organização como grupo de
pessoas.
Enfatiza as pessoasInspirada em
sistemas de psicologia.
Delegação plena de autoridade.
Autonomia do empregado.
Confiança e abertura.
Ênfase nas relações entre as
pessoas.
Confiança nas pessoas.
Dinâmica grupal e interpessoal.
Principais críticas à Teoria das Relações Humanas:
- Inadequada visualização das relações industriais;
- Concepção ingênua do operário;
- Limitação do campo experimental;
- Ênfase excessiva nos grupos informais;
- Enfoque manipulativo das relações humanas.
A partir dos anos 50, a Teoria das Relações Humanas passaria por uma
completa reorganização, dando origem à Teoria Comportamental.
Referência Bibliográfica:
BERNARDES. C. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Atlas, 1997.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração: Teoria, Processo e Prática. São
Paulo: McGraw Hill, 1987.
CHIAVENATO, Idalberto. Teoria Geral da Administração: Abordagens
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Prescritivas e Normativas da Administração. São Paulo: Makron Books,
1997.
MOTA, Fernando C. Prestes & VASCONCELLOS, Isabella F. Gouveia de.
Teoria Geral da Administração. São Paulo: Thomson, 2002.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
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Aula 07Decorrências da Escola das Relações Humanas Objetivos da aula:
Nesta aula espera-se que o aluno desenvolva habilidades e
competências para:
• Estabelecer as condicionantes históricas e sociais do
surgimento da Teoria das Relações Humanas;
• Descrever a sua evolução;
• Expor seus princípios;
• Discutir a sua atualidade e aplicabilidade.
Introdução:
Nosso objetivo nesta aula é fazer uma revisão crítica da evolução
das Escolas de Pensamento Administrativo, dos seus primórdios até
a consolidação da Escola Das Relações Humanas, passando pela
Abordagem Clássica de Taylor e Fayol.
Para tanto, vamos rever o que você já estudou até a aula de hoje:
1. Em suas primeiras aulas, foi estudada a expansão marítima
das potências européias durante o séc. XVI, que deu origem
ao Mercantilismo, durante o qual surgiram as grandes
Companhias comerciais;
2. O grande acúmulo de capitais (além de outros fatores,
vistos nas aulas 1 e 2), criou as condições para a Revolução
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Industrial dos séculos XVIII e XIX;
3. Assim, a violenta expansão das empresas industriais,
principalmente a partir da segunda metade do séc. XIX, levou
as empresas a buscarem modelos de gestão cada vez mais
elaborados. A Administração Científica de Taylor e Escola
Clássica de Fayol dominaram o cenário do pensamento
administrativo durante o início do séc XX;
4. Você também verificou que a intensificação da concorrência
internacional entre empresas e países o final do século XIX e
início do século XX, levou à eclosão da 1ª Guerra (1914-18),
seguida pelo “boom” econômico dos anos 20. As empresas
enfrentavam desafios organizacionais cada vez mais
complexos, levando ao questionamento do pensamento
administrativo clássico pela Escola Humanista de Mayo;
5. Finalmente, vale relembrar o “estouro da bolha” de
prosperidade com o “crack” dos mercados em 1929, que
marcou a Grande Depressão dos anos 30. Essa insatisfação,
provocada pela prolongada recessão mundial, criou condições
para o surgimento de regimes totalitários (Alemanha, Itália,
Rússia, Japão), levando à eclosão da 2ª Guerra (1939-1945).
Neste cenário, a história da Evolução do Pensamento Administrativo
diz respeito às soluções encontradas pelas organizações, notadamente
as empresas, para fazer frente às condições do ambiente de negócios
que, por sua vez, decorrem em grande parte do processo de evolução
social, política, tecnológica e econômica da sociedade.
Agora, faz-se necessário examinar de forma crítica os modelos de
pensamento adotados pelas três grandes escolas estudadas até
aqui. Esta análise preparará o terreno para o estudo das abordagens
modernas da Administração, que viriam a tomar forma durante o Pós
- Guerra, nas décadas de 50 e 60.
A análise consiste na discussão das limitações destes “modelos
clássicos” de administração, principalmente no que se refere ao ponto
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
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central da gestão de qualquer empresa (ou organização); o inevitável
conflito entre os objetivos organizacionais e os individuais ou, se
preferirmos, entre os objetivos dos proprietários das empresas e seus
colaboradores.
A discussão abaixo se baseia principalmente no artigo “As Inexoráveis
Harmonias Administrativas e a Burocracia Flexível”, de autoria de ANA
PAULA PAES DE PAULA, publicado em set/02 na edição No 16 da
Revista Espaço Acadêmico.
Vamos começar?
Conhecendo as Premissas
Para iniciarmos a analise da história do pensamento administrativo,
iniciaremos nosso estudo baseado nas seguintes idéias centrais:
• As teorias administrativas são produtos das formações sócio-
econômicas de um determinado contexto histórico;
• A burocracia é a base comum das teorias administrativas,
sendo também produto do contexto histórico e sócio-
econômico no qual está inserida;
• As teorias administrativas podem ser abordadas: (a)
ideologicamente, ao se manifestarem como um conjunto
de idéias e (b) operacionalmente, ao constituírem práticas
consistentes com estas idéias;
• As teorias administrativas são adaptativas, mas obedecem a
um princípio geral a partir do qual são elaboradas;
• A harmonização das relações de trabalho.
A partir destas premissas, verificamos que cada teoria administrativa
incorpora os elementos fundamentais das escolas precedentes e
simultaneamente reflete as características do modo de produção
vigente.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 50
Crítica à Abordagem Clássica
Você lembra que estudamos em aulas passadas que no início do
século, a conjuntura histórica e econômica favoreceu a racionalização
da produção? Ou seja, as corporações buscavam meios de maximizar
a produtividade por meio do uso das máquinas e da intensificação do
trabalho. Taylor correspondeu à estas expectativas ao criar um sistema
de produção onde havia uma “única maneira correta de se executar
uma tarefa”, determinada pela medição dos tempos e movimentos, e
regulada pelo estabelecimento de quotas de produção, que significava
uma remuneração proporcional à quantidade de trabalho realizado.
O taylorismo foi complementado pelas teorias de Fayol que, inspiradas
nas estruturas militares, demarcaram os parâmetros essenciais da
organização burocrática: o formalismo e a hierarquia. Assim, da
combinação entre a racionalização do trabalho na fábrica e nas
estruturas administrativas nasceu o que chamamos de Abordagem
Clássica da Administração.
Essa escola recorria a métodos rígidos e mecanismos punitivos para
manter a disciplina e obter a obediência dos funcionários, sufocando
conflitos e resistências através de sanções e ameaças.
As teorias elaboradas por Frederick Taylor e Henry Fayol auxiliaram
na transição do capitalismo liberal para o capitalismo monopolista.
No âmbito deste modo de organização econômico-social,
estabeleceram-se grandes corporações que detinham o monopólio
do mercado e ambicionavam produzir em larga escala. Isto conferiu
maior estabilidade ao ambiente, característica que, associada ao ideal
de produção de massa, resultou no planejamento de longo prazo da
produção, na organização do trabalho por meio de rotinas rígidas e
na divisão do trabalho entre os planejadores e os executantes das
tarefas.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 51
Os representantes da Abordagem Clássica viabilizaram a primeira
fase do capitalismo monopolista, mas suas tentativas de obter,
através da força, a harmonia nas relações trabalhistas se mostraram
bastante limitadas. Tais métodos em nada contribuíam para reduzir a
insatisfação do funcionário em relação à exploração de sua força de
trabalho, e esta fragilidade abriu espaço para contestações individuais
e organizadas ao sistema, que acabaram por fortalecer o movimento
sindical.
Crítica à Escola da Relações Humanas
Pressionados pelos movimentos sindicalistas, a Abordagem das
Relações Humanas vem com uma proposta mais voltada à satisfação
do trabalhador, solucionando as falhas da Abordagem Clássica.
Como já foi visto, esta escola foi representada por Mayo e seus
seguidores que defendiam a valorização dos grupos informais na
organização, como forma de combater a sensação de alienação
dos funcionários e promover o equilíbrio das relações.
Mayo reequacionou a lógica eficientista da Abordagem Clássica a
partir da máxima cooperação, consenso, integração e participação.
A Escola das Relações Humanas procura atenuar a sensação de
dominação (do indivíduo pela organização) através de práticas
participativas, mantendo o objetivo central de manter a produtividade
nas organizações e reduzir as tensões entre a empresa e seus
colaboradores.
Porém, mesmo com uma visão mais humanística, a Escola das
Relações Humanas ainda herda características tayloristas; embora
substituindo a contenção direta pela manipulação dos conflitos, esta
abordagem mantém a separação entre planejamento e execução no
desenvolvimento das tarefas.
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 52
A Escola das Relações Humanas estimularia nos funcionários uma “falsa
consciência” de que são importantes no processo decisório, quando
na verdade apenas endossam decisões já tomadas. Ao interpretar
tensões procedentes das relações entre capital e trabalho como
problemas individuais e de personalidade, o psicologismo ocultaria
os reais conflitos, impossibilitando sua solução.
As duas Abordagens: Clássica e das Relações Humanas
Em síntese, ao analisar as duas principais escolas administrativas da
primeira metade do século XX, podemos concluir que estas refletem
o modo de produção do capitalismo monopolista. Pois, se você
bem percebeu, estas escolas se estabeleceram como portadoras de
teorias e práticas eficientes para viabilizar a produção massificada,
mas auxiliaram principalmente na harmonização das relações entre
capital e trabalho.
Você notou que, ao compararmos a Abordagem Clássica e a Escola
das Relações Humanas, percebemos que as teorias administrativas
são dinâmicas? Isto é, transformam-se de acordo com mudanças
estruturais e conjunturais. Apesar da facilidade com que se reeditam
e se adaptam, cada teoria herda características de suas antecessoras.
A “Harmonia Administrativa”
A Abordagem Clássica e a Escola das Relações Humanas legitimaram o
modelo fordista de produção e consumo. Foi a crise deste modelo de
desenvolvimento que desencadeou o movimento de reestruturação
produtiva e a reformulação das teorias administrativas. Pois, não
podemos esquecer que:
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
Faculdade On-line UVB 53
As teorias administrativas são respostas aos conflitos entre os interesses
das corporações e os dos seus colaboradores. Seu objetivo é garantir
a produtividade e promover um ordenamento harmônico das relações
no mundo do trabalho. Em outras palavras, promover a “harmonia
administrativa”.
A “era do ouro” do capitalismo do pós-guerra baseou-se em um
compromisso entre os empresários e trabalhadores que, regulado
pelo Estado, teria realizado a necessária conexão entre produção e
consumo, cujo anterior descompasso redundara na crise de 29.
Tal compromisso edificou-se a partir das seguintes bases:
• a organização fordista do trabalho, que recorre aos métodos
da Abordagem Clássica e da Escola de Relações Humanas;
• o pleno emprego, com a plena utilização das máquinas e taxas
estáveis de lucros, advindas do equilíbrio entre produção e
consumo, emprego e produtividade;
• a regulação das relações sociais, sendo o Estado o mediador
do pacto entre capital e trabalho e provedor de direitos
sociais aos excluídos do mercado de trabalho.
Assim, a legitimação do modo fordista de produção é conseqüência
de seu alinhamento com o modelo de desenvolvimento vigente.
Desse modo, quando o “compromisso fordista” entrou em crise, a
hegemonia do fordismo e sua eficiência no campo produtivo passaram
a ser questionadas.
Pós-Fordismo?
A partir da segunda metade do século XX, o paradigma fordista
de produção e organização do trabalho foi enfraquecido pela
argumentação de que não garantia mais os níveis de produtividade
necessários; seria muito “rígido” para acomodar as novas tecnologias
de produção, bem como para atender às exigentes e renovadas
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demandas do mercado consumidor.
Além disso, uma vez tendo-se tornado impossível manter taxas estáveis
de lucro a partir do equilíbrio dos binômios produção e consumo,
emprego e produtividade, as sociedades capitalistas evoluíram para
um novo modelo produtivo, que combina taxas variadas de emprego
(estáveis e flexíveis), produção e consumo, maximizando ganhos
a partir das diferentes formas de contratação da mão-de-obra, de
produção de bens e serviços e de investimentos de capital.
No campo da administração, isto se expressaria através das
organizações enxutas e flexíveis, que ganharam espaço na mídia e nas
práticas empresariais nos últimos anos: reengenharia, downsizing,
terceirização, quarteirização, virtualização organizacional. A regulação
do mercado de bens, serviços e mão-de-obra, antes concretizada pela
legislação estatal, passa a ser um entrave; desregulamentar se torna a
meta e o Estado mínimo, o ideal.
Diante destas mudanças, as teorias administrativas ajustaram-se
para atender às demandas da restruturação produtiva, que reclama
tecnologias e formas de organização do trabalho mais flexíveis do que
as fordistas. Estudaremos estas assim chamadas “escolas modernas”
da administração no prosseguimento do nosso curso.
A Burocracia
Nas organizações empresariais, a burocracia desempenha o papel de
mediadora entre os interesses dos proprietários e os interesses dos
trabalhadores. Os administradores profissionais são os representantes
do corpo burocrático. O papel destes é o estabelecimento e a execução
das normas que regulam o comportamento dos funcionários e
preservam os interesses dos acionistas.
Em outras palavras, os administradores profissionais incorporam o
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poder e são os guardiões da “harmonia” na organização: procuram
assegurar a produtividade amenizando as naturais tensões entre capital
e trabalho, valendo-se dos instrumentos de controle disponíveis.
Para organizar o trabalho e a produção, os burocratas recorrem às
teorias administrativas e suas práticas. Dessa forma, a organização
burocrática é um repositório de discursos e práticas administrativas;
analogamente às teorias, se adapta às novas condições históricas.
No âmbito do fordismo, por exemplo, a burocracia empresarial
absorveu as idéias rígidas e centralizadoras da Abordagem Clássica,
bem como o discurso integrador da Escola das Relações Humanas. Foi,
principalmente, a partir das características da Escola Clássica que Max
Weber construiu o seu modelo de organização burocrática, marcado
pelo formalismo, a impessoalidade, a hierarquia e a administração
profissional.
A organização burocrática é centralizada, hierárquica, autoritária e
baseada em regras, disciplina e divisão do trabalho. No contexto do
capitalismo monopolista, Weber estabelece que instituir competências,
poderes de mando, meios coativos e hierarquias rígidas, bem como
estabelecer regras gerais fixas e abrangentes é a melhor maneira de
organizar a empresa.
E ficamos por aqui! A Teoria da Burocracia de Weber será o tema de
nossa próxima aula.
Esta aula foi dedicada à crítica das Escolas estudadas até aqui,
onde pudemos constatar que cada Teoria, ao mesmo tempo que
questiona as Teorias anteriores e corrige suas falhas, herda parte da
estrutura conceitual que pretende questionar; E notar que as Teorias
Administrativas refletem as condições sócio-econômicas do contexto
histórico no qual surgem e influenciam a evolução do sistema
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produtivo, num processo auto-alimentado.
A próxima aula será dedicada ao estudo Teoria da Burocracia de
Weber.
ATÉ LÁ!
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Aula 08 Max Weber e a Teoria da Burocracia
Objetivos da Aula
•Identificar o surgimento da Teoria da Burocracia e suas origens;
•Estudar seus fundamentos teóricos;
•Analisar seus pontos positivos e negativos;
•Identificar os fatores que conduzirão à evolução para
outros modelos.
Origens da Teoria da Burocracia
A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na
racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins)
pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance
desses objetivos.
Max Weber (1864-1920), sociólogo alemão, foi o criador da Sociologia
da Burocracia. Seu principal livro, para o propósito deste estudo, é “A
Ética Protestante e o Espírito de Capitalismo”.
Max Weber afirma que o moderno sistema de produção, eminentemente
racional e capitalista se originou da “ética protestante”: o trabalho
árduo e o ascetismo proporcionando a poupança e reaplicação das
rendas excedentes, em vez de seu dispêndio para o consumo.
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Weber notou que o capitalismo, a organização burocrática e a
ciência moderna constituem três formas de racionalidade que
surgiram a partir dessas mudanças religiosas ocorridas inicialmente
em países protestantes.
A Teoria da Burocracia e o Pensamento Administrativo
A Teoria da Burocracia desenvolveu-se dentro da Administração
ao redor dos anos 40, em função, principalmente, dos seguintes
aspectos:
- A fragilidade e parcialidade da Teoria Clássica e da Teoria das Relações
Humanas;
- A necessidade um modelo de organização racional aplicável
não somente à fábrica, mas a todas as formas de organização,
principalmente às empresas;
- O tamanho e complexidade crescentes das empresas;
- O ressurgimento da Sociologia da Burocracia.
Bases da Teoria da Burocracia
O conceito central da Teoria da Burocracia é a autoridade legal, racional
ou burocrática. Os subordinados aceitam as ordens dos superiores
como justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos
ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando.
A obediência não é devida a alguma pessoa em si, mas a um conjunto
de regulamentos legais previamente estabelecidos.
O aparato administrativo que corresponde à dominação legal é a
burocracia. A posição dos funcionários (burocratas) é definida por
regras impessoais e escritas, que delineiam de forma racional a
hierarquia os direitos e deveres inerentes a cada posição, os métodos
de recrutamento e seleção, etc.
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A burocracia é a organização típica da sociedade moderna
democrática e das grandes empresas. Através do “contrato” ou
instrumento representativo da relação de autoridade dentro da
empresa capitalista, as relações de hierarquia nela passam a constituir
esquemas de autoridade legal.
Weber notou a proliferação de organizações de grande porte que
adotaram o tipo burocrático de organização, concentrando os meios
de administração no topo da hierarquia e utilizando regras racionais e
impessoais, visando à máxima eficiência.
Fatores principais para o desenvolvimento da moderna burocracia:
- O desenvolvimento de uma economia monetária;
- O crescimento das tarefas administrativas do Estado Moderno;
- A superioridade técnica do tipo burocrático de administração.
Características da Burocracia
- Caráter legal das normas e regulamento.
- Caráter formal das comunicações.
- Caráter racional e divisão do trabalho.
- Impessoalidade nas relações.
- Hierarquia da autoridade.
- Rotinas e procedimentos padronizados.
- Competência técnica e meritocracia.
- Especialização da administração.
- Profissionalização dos participantes.
- Completa previsibilidade do funcionamento.
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Vantagens da Burocracia
Para Weber, comparar os mecanismos burocráticos com outras
organizações é como comparar a produção da máquina com modos
não-mecânicos de produção.
Assim, as vantagens da burocracia são:
- Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização;
- Precisão na definição do cargo e na operação;
- Rapidez nas decisões;
- Unicidade de interpretação;
- Uniformidade de rotinas e procedimentos;
- Continuidade da organização através da substituição do pessoal
afastado;
- Redução do atrito entre as pessoas;
- Subordinação dos mais novos aos mais antigos;
- Confiabilidade.
Nessas condições, o trabalho é profissionalizado, o nepotismo é
evitado e as condições de trabalho favorecem a moralidade econômica
e dificultam a corrupção.
A eqüidade das normas burocráticas assegura a cooperação
entre grande número de pessoas, que cumprem as regras
organizacionais, porque os fins alcançados pela estrutura total
são altamente valorizados.
Dilemas da Burocracia
Fragilidade da estrutura burocrática (dilema típico): pressões
constantes de forças exteriores e enfraquecimento gradual do
compromisso dos subordinados com as regras burocráticas.
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A capacidade para aceitar ordens e regras como legítimas,
principalmente quando contrariam os desejos da pessoa, exige uma
autodisciplina difícil de se manter.
Assim, as organizações burocráticas apresentam uma tendência a
se desfazerem, seja na direção carismática, seja na tradicional, onde
as relações disciplinares são mais “naturais” e “afetuosas” e menos
separadas das outras.
Existem chefes não-burocráticos: indicam e nomeiam os subordinados,
estabelecem as regras, resolvem os objetivos que deverão ser
atingidos. Geralmente são eleitos ou herdam sua posição, como, por
exemplo, os presidentes, os diretores e os reis.
Esses chefes (não-burocráticos) da organização desempenham o
importante papel de estimular a ligação emocional e mesmo irracional
dos participantes com a racionalidade. A identificação com uma
pessoa, um líder ou um chefe influi psicologicamente, reforçando o
compromisso com a organização (imagem concreta/”afetuosa”).
A ausência ou morte de um chefe não-burocrático da organização -
único indivíduo perante o qual as identificações são pessoais, e não-
burocráticas - provoca uma crise, a chamada crise de sucessão, que
geralmente é acompanhada de um período de instabilidade.
Disfunções da Burocracia
Ao estudar as conseqüências previstas (ou desejadas) da burocracia
que a conduzem à máxima eficiência, notou também as conseqüências
imprevistas (ou indesejadas): as disfunções da burocracia, que são
basicamente as seguintes:
- Exagerado apego aos regulamentos;
- Excesso de formalismo e de papelório;
- Resistência a mudanças;
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- Despersonalização do relacionamento;
- Categorização como base do processo decisório;
- Superconformidade às rotinas e procedimentos;
- Exibição de sinais de autoridade;
- Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público;
Conclusão: críticas à burocracia
Com essas disfunções, a burocracia torna-se esclerosada, fecha-se ao
cliente, que é o seu próprio objetivo e impede totalmente a inovação
e a criatividade.
As causas das disfunções da burocracia residem basicamente no
fato de que a burocracia não leva em conta a chamada organização
informal, que existe fatalmente em qualquer tipo de organização,
nem se preocupa com a variabilidade humana (diferenças individuais
entre as pessoas), o que necessariamente introduz variações no
desempenho das atividades organizacionais.
A organização informal surge como uma conseqüência da
impossibilidade prática de se padronizar completamente o
comportamento humano nas organizações.
Esta aparece como um fator de imprevisibilidade das burocracias, pois
o sistema social racional puro de Weber pressupõe que as reações e
o comportamento humano sejam perfeitamente previsíveis, uma vez
que tudo estará sob o controle de normas racionais e legais, escritas
e exaustivas.
Em face da exigência de controle que norteia toda a atividade organizacional
é que surgem as conseqüências imprevistas da burocracia.
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Aula 09Abordagem Sistêmica: as “Teorias de transição”. Objetivos da aula:
Analisar os “desafios administrativos”dos anos 50;
• Descrever as limitações dos modelos da Administração
consagrados, até então, diante destes desafios;
• Descrever algumas das principais contribuições ao Pensamento
Administrativo surgidas neste período;
• Indicar como estas contribuições “prepararam o terreno” para
as abordagens sistêmicas contemporâneas..
Introdução: dilemas modernos
Desde os seus primórdios, a Administração se ocupa com a questão de
compatibilizar os objetivos das organizações – mais especificamente,
das empresas – com os objetivos individuais de seus colaboradores.
Esta questão tornou-se aguda a partir do início do século XX, com
a rápida expansão das empresas industriais e os desafios impostos
pelas enormes mudanças ocorridas na sociedade e na economia: a 1ª
Grande Guerra, o “boom” dos anos 20, a Grande Recessão dos anos
30, culminando com a 2ª Guerra Mundial.
Durante este período, ocorreu a evolução da Administração de
Empresas: as proposições de Taylor e Fayol no início do século; a sua
contestação pelos teóricos da Escola das Relações Humanas, voltando
o foco dos processos e da estrutura para as pessoas; finalmente,
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a adoção quase universal do modelo burocrático nas grandes
corporações – empresas, governos, escolas, exércitos (principalmente
estes) - nos anos da 2ª Grande Guerra.
Ocorria no mundo uma expansão sem precedentes de governos
totalitaristas; o nazismo na Alemanha, o fascismo na Itália, o
stalinismo, as ditaduras. O mundo estava em guerra; sem contestação,
as organizações – inclusive as empresas – adotaram as feições de
exércitos.
A partir dos anos 50, iniciaram-se alguns movimentos, que contestavam
a predominância absoluta e prepotente do modelo burocrático.
As disfunções da burocracia provocavam reações; a prosperidade
voltava após os anos da guerra e da reconstrução; as pessoas exigiam
ser reconhecidas como indivíduos, queriam liberdade, contestavam
o sistema burocrático.
Neste contexto, surgiram “escolas” de pensamento administrativo que,
na verdade, não se apresentavam como linhas coesas de pensamento,
mas como correntes genéricas, compostas por vários autores mais
ou menos independentes. Estes autores contestaram o onipresente
modelo burocrático a partir de três pontos de vista complementares.
A chamada Escola Estruturalista propôs a expansão do conceito de
burocracia. A Escola Neoclássica enfocou a prática administrativa e
os resultados organizacionais. A Escola Comportamental retomou e
expandiu os conceitos da Escola das Relações Humanas e sua ênfase
no indivíduo e no grupo.
Estas correntes de pensamento administrativo expuseram as falhas da
burocracia, e prepararam o terreno para o surgimento das correntes
contemporâneas da Administração, a partir dos anos 70.
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A Teoria Estruturalista
A oposição entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas
criou um impasse dentro da Administração, que nem a Teoria da
Burocracia teve condições de resolver. Neste contexto surge a Teoria
Estruturalista.
Estruturalismo é a teoria que preocupa-se com o todo e com o
relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a
interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a
soma das partes são suas características básicas.
As organizações são uma forma de instituição, predominante em
nossa sociedade altamente especializada e interdependente. Uma
organização tem um objetivo, uma meta, e para que este seja
alcançado com mais eficiência, é necessário que haja uma relação
estável entre as pessoas.
Um indivíduo desempenha vários papéis, pois participa de diversas
organizações e grupos, com grande número de normas diferentes.
Estas normas são direcionadas para uniformizar o comportamento
dos membros do grupo ou organização. Com um comportamento
mais uniforme, o risco de surgirem conflitos é menor e a administração
da organização torna-se mais fácil.
Enquanto a teoria clássica se concentra na organização formal, a teoria
das relações humanas tem como objeto de estudo a organização
informal. A teoria estruturalista estuda o relacionamento entre ambas,
buscando o equilíbrio entre as duas organizações formal e informal.
Ambiente é tudo o que envolve externamente uma organização.
Uma organização depende de outras organizações para atingir seus
objetivos. Assim, é importante não somente a análise organizacional,
mas também a análise interorganizacional, que está voltada para as
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relações externas entre uma organização e outras organizações no
ambiente.
Dois conceitos para a análise interorganizacional:
- Interdependência das organizações com a sociedade: toda
organização depende de outras organizações e da sociedade em geral
para poder sobreviver. Algumas conseqüências da interdependência
das organizações são: mudanças freqüentes nos objetivos
organizacionais à medida que ocorrem mudanças no ambiente
externo e um certo controle ambiental sobre a organização, o que
limita sua liberdade de agir.
- Conjunto organizacional: cada organização ou classe de organizações
tem interações com uma cadeia de organizações em seu ambiente,
formando um conjunto organizacional.
Assim, inicia-se um novo ciclo na teoria administrativa: o gradativo
desprendimento daquilo que ocorre dentro das organizações para
aquilo que ocorre fora delas.
Conflitos Organizacionais
Os estruturalistas discordam que haja harmonia de interesse entre
patrões e empregados (como afirma a teoria clássica) ou de que essa
harmonia deva ser preservada pela administração, através de uma
atitude compreensiva e terapêutica, nivelando as condutas individuais
(como afirma a teoria das relações humanas).
Ambas as teorias punham fora de discussão o problema conflito;
para os estruturalistas, os conflitos são os elementos geradores de
mudanças e do desenvolvimento da organização. Conflito significa a
existência de idéias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos
que podem se chocar.
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As fontes de conflitos podem ser, desde uma colisão frontal de
interesses e completa incompatibilidade em um extremo, até
interesses diferentes, mas não necessariamente incompatíveis em
outro extremo.
Conflito e cooperação são elementos integrantes da vida de uma
organização. As teorias administrativas anteriores ignoraram
completamente o problema conflito-cooperação. Consideram-se
o conflito e a cooperação como dois aspectos da atividade social,
estando inseparavelmente ligados na prática. A resolução do conflito
é muito mais vista como uma fase do esquema conflito-cooperação,
do que um fim do conflito. O pensamento administrativo tem se
preocupado profundamente com os problemas de obter cooperação
e de sanar conflitos.
A Teoria Estruturalista pode ser denominada “Teoria de Crise”, por
ter mais a dizer sobre os problemas e patologias das organizações
complexas, do que propriamente a respeito de sua normalidade.
Abordagem Neoclássica da Administração
A Teoria Neoclássica surgiu no decorrer dos anos cinqüenta, diante
de um novo contexto de crescimento. Enfatiza a preocupação dos
administradores (empresários, diretores e principalmente, gerentes)
em dotar a organização de uma série de modelos e técnicas
administrativas.
A Teoria Neoclássica retoma os aspectos discutidos na Teoria
Clássica, revistos e atualizados dentro de um conceito moderno de
Administração, conciliando esta abordagem com contribuições
importantes de Teorias subseqüentes.
“Apesar da profunda influência das ciências do comportamento
sobre a teoria administrativa, os pontos de vista dos autores clássicos
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nunca deixaram de subsistir. Malgrado toda a crítica estruturalista e
behaviorista aos postulados clássicos, bem como ao novo enfoque da
administração como um sistema aberto, verifica-se que os princípios da
administração, a departamentalização, a racionalização do trabalho,
a estruturação linear ou funcional, enfim, a abordagem clássica nunca
foi totalmente substituída por outra abordagem, sem que alguma coisa
fosse mantida. Todas as teorias administrativas se assentaram na Teoria
Clássica, seja como ponto de partida, seja como crítica para tentar uma
posição diferente, mas a ela relacionada intimamente.”
Chiavenato
Características da Escola Neoclássica
- Ênfase na prática da administração: Os neoclássicos procuram
desenvolver seus conceitos de forma prática, visando principalmente
à ação administrativa e resultados concretos e mensuráveis.
- Reafirmação dos postulados clássicos: A Teoria Neoclássica é uma
reação à influência das ciências do comportamento no campo da
Administração, em detrimento dos seus aspectos econômicos e
concretos.
- Ênfase nos princípios gerais de administração: Os princípios
gerais: Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar são apresentados como
comuns a todo e qualquer tipo de empreendimento humano, e
enfatizados como funções do administrador.
- Ecletismo: A proposta Neoclássica é justamente abrigar diversas
correntes do pensamento administrativo, como por exemplo, os
conceitos de organização informal, liderança e autoridade; motivação
e teoria da decisão. Drucker consegue, com essa postura, alimentar
a gerência com o rigor da autocracia, do controle e da racionalidade
e ao mesmo tempo, oferecer uma configuração mais maleável aos
defensores do humanismo.
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- Pragmatismo: Ênfase nos aspectos práticos da administração.
Nenhuma teoria terá sentido ou validade se não trouxer
resultados práticos e que realmente sejam operacionalizados pela
administração.
- Ênfase nos resultados e objetivos: A empresa deve definir
claramente seus objetivos, assim a organização será dimensionada
para produzir resultados práticos. Contrapondo a Teoria Clássica
que preconizava a máxima eficiência, a Teoria Neoclássica busca a
eficiência ótima através da eficácia. Um dos melhores produtos desta
Teoria é o modelo de Administração por Objetivos (ApO).
Para os autores neoclássicos, a Administração consiste em orientar,
dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um
objetivo comum. O bom administrador é, naturalmente, aquele que
possibilita ao grupo alcançar seus objetivos com o mínimo dispêndio
de recursos e de esforço, e com menos atritos com outras atividades
úteis.
Administração Por Objetivos - ApO
A partir da década de 1950, a Teoria Neoclássica deslocou a atenção
das chamadas “atividades-meio” para os objetivos ou finalidades da
organização. O enfoque no “processo” e nas atividades (meios) passa
para os resultados e objetivos alcançados (fins). A preocupação de
“como” administrador passa à preocupação de “por que” ou “para
que” administrar.
A Administração por objetivo (APO) ou administração por resultados
surgiu em 1954, quando Peter F. Druker publicou seu livro,
caracterizando a Administração por Objetivos. Buscava-se uma forma
de equilibrar objetivos, admitir maior participação, descentralizar
decisões, permitir autocontrole e auto-avaliação, proporcionando
maior liberdade e relaxamento dos controles.
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APO é um método no qual as metas são definidas em conjunto pelo
gerente e subordinado, as responsabilidades são especificadas para
cada um em função dos resultados esperados, que passam a constituir
os padrões de desempenho sob os quais ambos serão avaliados.
É uma técnica participativa de planejamento e avaliação por meio da
qual superiores e subordinados estabelecem objetivos (resultados)
a serem alcançados, em um determinado período e em termos
quantitativos, dimensionando as respectivas metas e acompanham
sistematicamente o desempenho (controle), procedendo às correções
necessárias.
A APO envolve um processo cíclico de tal forma que o resultado de um
ciclo permite correções e ajustamentos no ciclo seguinte, por meio da
retroação proporcionada pela avaliação dos resultados.
Abordagem Comportamental da Administração
Da oposição entre a Teoria das Relações Humanas (com sua profunda
ênfase nas pessoas) e a Teoria Clássica (com sua profunda ênfase nas
tarefas e na estrutura organizacional) surge a Teoria Comportamental.
Chester Barnard, Douglas McGregor, Rensis Likert, Chris Argyris são os
seus principais autores. No campo da motivação, Abraham Maslow,
Frederick Herzberg e David McClelland.
A Teoria Comportamental representa um desdobramento da Teoria
das Relações Humanas, rejeitando suas concepções ingênuas
e românticas. Critica a Teoria Clássica; há autores que vêem no
behaviorismo uma verdadeira antítese à teoria da organização formal,
aos princípios gerais da administração, ao conceito de autoridade
formal e à posição rígida e mecanicista dos autores clássicos.
A Teoria Comportamental ou Behaviorista da Administração deu
uma nova direção à Teoria Administrativa. A partir da abordagem
das ciências do comportamento, abandona as posições normativas
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e prescritivas das teorias anteriores e adota posições explicativas
e descritivas. A ênfase está nas pessoas, dentro do contexto
organizacional mais amplo.
Com a Teoria Comportamental deu-se a incorporação da Sociologia
da Burocracia, ampliando o campo da teoria administrativa. Com
relação à Teoria Burocrática, mostra-se muito crítica, principalmente
no que se refere ao “ modelo de máquina” que aquela adota para
representar a organização.
Para entender o comportamento organizacional, a Teoria
Comportamental fundamenta-se no comportamento das pessoas.
Para entender como as pessoas se comportam, estuda-se a motivação
humana. Os autores behavioristas verificaram que o administrador
necessita conhecer as necessidades humanas, para melhor
compreender o comportamento humano, e utilizar a motivação
humana como meio para melhorar a qualidade de vida dentro das
organizações.
Hierarquia das Necessidades de Maslow
Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual, as
necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa
hierarquia de importância:
- Necessidades fisiológicas: intervalos de descanso; conforto físico;
horário de trabalho razoável;
- Necessidades de segurança: condições seguras de trabalho;
remuneração e benefícios; estabilidade no emprego;
- Necessidade de estima: responsabilidade por resultados; orgulho
e reconhecimento; promoções;
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- Necessidades sociais: amizade e colegas; interação com clientes;
gerente amigável;
- Necessidades de auto-realização: trabalho criativo e desafiante;
diversidade e autonomia; participação nas decisões;
Somente quando um nível inferior de necessidade está satisfeito é
que o nível imediatamente mais elevado surge no comportamento
da pessoa. Em outros termos, quando uma necessidade é satisfeita,
ela deixa de ser motivadora de comportamento, dando oportunidade
para que um nível mais elevado de necessidade possa se manifestar.
Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO)
O Desenvolvimento Organizacional é um desdobramento prático e
operacional da Teoria Comportamental a caminho da abordagem
sistêmica. O precursor deste movimento foi Leland Bradford, autor
do livro “T-Group Theory and laboratory methods” (Nova York,
1964). Essa teoria representa a fusão de duas tendências no estudo
das organizações: o estudo da estrutura de um lado, e o estudo do
comportamento humano nas organizações de outro, integrados
através de um tratamento sistêmico.
Os modelos de D.O. consideram basicamente quatro variáveis:
- o meio ambiente: turbulência ambiental, a explosão do
conhecimento, a explosão tecnológica, a explosão das comunicações,
o impacto dessas mudanças sobre as instituições e valores sociais,
etc;
- a organização: impacto sofrido em decorrência da turbulência
ambiental e as características necessárias para sobreviver nesse
ambiente;
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- o grupo social: aspectos de liderança, comunicação, relações
interpessoais, conflitos, etc;
- o indivíduo: motivações, atitudes, necessidades, etc.
O conceito de Desenvolvimento Organizacional está intimamente
ligado aos conceitos de mudança e de capacidade adaptativa da
organização à mudança. Os autores do D.O. adotam uma posição
antagônica ao conceito tradicional de organização, a partir das
diferenças entre os Sistemas Mecânicos (conceito tradicional) e os
Sistemas Orgânicos (abordagem do D.O.).
Sistemas Mecânicos Sistemas Orgânicos
Divisão do trabalho e supervisão
hierárquica rígidas .Tomada de
decisões centralizada.
Controle rigidamente
centralizado.Solução de
conflitos por meio de repressão,
arbitragem e/ou hostilidade.
Ênfase nos relacionamentos
entre e dentro dos grupos.
Confiança e crença recíprocas.
Interdependência e
responsabilidade compartilhada.
Participação e responsabilidade
multigrupal.A tomada de
decisões é descentralizada.
Amplo compartilhamento de
responsabilidade e de controle.
Solução de conflitos através de
negociação ou de solução de
problemas.
Os modelos de D.O. que introduzem simultaneamente alterações
estruturais e comportamentais são modelos integrados e complexos,
precursores da Abordagem Sistêmica.
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Aula 10A Abordagem Sistêmica
Objetivos da Aula
Analisar a evolução dos modelos teóricos da Abordagem Sistêmica;
Descrever os principais aspectos da Teoria de Sistemas;
Indicar aplicações dos modelos de sistemas à Teoria Administrativa;
Introduzir os conceitos de Informática e Cibernética
Introdução
Diversos autores fizeram críticas importantes às abordagens
estáticas e racionalistas, e destacam a questão da incerteza nas
transações entre os agentes econômicos. Do lado da evolução das
teorias da administração pode-se perceber também um movimento
de abordagens estáticas e racionalistas, para visões mais amplas
dos negócios.
A administração científica de Taylor é um exemplo de como eram
tratados os problemas no âmbito das empresas industriais. Taylor tinha
uma concepção individualista e determinista do comportamento
humano. No paradigma da teoria clássica, Fayol também comungava
de princípios estáticos e racionalistas, principalmente por dar grande
ênfase ao planejamento, a ordem e a disciplina.
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Com a teoria da burocracia, há um aprofundamento do racionalismo
positivista. Com Weber houve um triunfo da racionalidade e da
legitimidade da autoridade unilateral, dentro de uma organização
racional. Para os adeptos desta abordagem, as pessoas agem,
exclusivamente, como ocupante de cargo e posição. As abordagens
humanistas mostraram a limitação deste tipo de análise.
Uma das teorias que tiveram maior repercussão e que influenciou
diversos campos do saber foi a teoria de sistemas. Foi somente a
abordagem sistêmica que ligou os descobrimentos comportamentais
com o tratamento estrutural. Pode-se dizer que a base da abordagem
sistêmica está diretamente relacionada com a teoria geral de sistemas,
elaborada pelo biólogo alemão Bertalanffy, através da qual se buscou
definir um corpo único para a ciência que pudesse integrar todas as
abordagens, até então apresentadas por pesquisadores e cientistas
de outras disciplinas.
No âmbito da Administração, a abordagem de sistemas permitiu uma
visão mais ampla e integrada da organização. Um dos pressupostos
básicos da teoria de sistemas é que as organizações são sistemas
abertos que interagem com o ambiente. A organização é vista como
um conjunto de comportamentos inter-relacionados Katz e Kahn
destacaram a tendência das organizações se desorganizarem até
a morte, também chamado de processo entrópico, e a necessidade
destas se reabastecerem de energia para manter sua estrutura. Para
evitar o processo entrópico, as organizações buscam manter uma
certa constância de importação e exportação de energia, ao que se
chama de homeostase dinâmica.
Os autores também afirmam que uma organização pode alcançar
um mesmo objetivo por vários caminhos diferentes, o que difere a
abordagem de sistemas das abordagens mais racionalistas.
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Abordagem Sistêmica
O biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy elaborou, por volta da
década de 50, uma teoria interdisciplinar capaz de transcender aos
problemas exclusivos de cada ciência e proporcionar princípios
gerais e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de
modo que as descobertas efetuadas em cada ciência pudessem ser
utilizadas pelas demais.
Essa teoria interdisciplinar - denominada Teoria Geral dos Sistemas
- demonstra o isomorfismo das várias ciências, permitindo maior
aproximação entre as suas fronteiras e o preenchimento dos espaços
vazios entre elas. Essa teoria é essencialmente totalizante: os sistemas
não podem ser plenamente compreendidos apenas pela análise
separada e exclusiva de cada uma de suas partes.
Assim, os diversos ramos do conhecimento - até então estranhos uns
aos outros pela intensa especialização - passam a tratar seus objetivos
de estudos como sistemas. Dentre eles está a Administração.
A Abordagem Sistêmica da Administração trata de três escolas
principais: Teoria de Sistemas, Cibernética e Administração, Teoria
Matemática da Administração
A Teoria Geral dos Sistemas
O aparecimento da Teoria geral dos sistemas forneceu uma base para a
unificação dos conhecimentos científicos nas últimas décadas. Ludwig
von Bertalanffy (1901-1972) concebeu esse nome no início da década
de 1920, criando em 1954 a Society for General Systems Research.
Bertalanffy introduziu esse nome para descrever as características
principais das organizações como sistemas, pouco antes da Segunda
Guerra Mundial.
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A Teoria Geral dos Sistemas, segundo o próprio Bertalanffy, tem por
finalidade identificar as propriedades, princípios e leis característicos
dos sistemas em geral, independentemente do tipo de cada um, da
natureza de seus elementos componentes e das relações entre eles.
De acordo com o autor, existem certos modelos ou sistemas que,
independentemente de sua especificidade, são aplicáveis a qualquer
área de conhecimento. Tais modelos impulsionariam uma tendência
em direção a teorias generalizadas.
Um sistema se define como um complexo de elementos em interação
de natureza ordenada e não fortuita. A Teoria Geral dos Sistemas é
interdisciplinar, isto é, pode ser utilizada para fenômenos investigados
nos diversos ramos tradicionais da pesquisa cientifica. Ela não se
limita aos sistemas materiais, mas aplica-se a todo e qualquer sistema
constituído por componentes em interação. Além disso, a Teoria
Geral dos Sistemas pode ser desenvolvida em várias linguagens
matemáticas, em linguagem escrita ou ainda computadorizada.
A aplicação do pensamento sistêmico tem uma particular
importância para as ciências sociais. A teoria de sistemas possibilitou,
por exemplo, a unificação de diversas áreas do conhecimento, pois
“sistema é um conjunto de elementos em interação e intercâmbio
com o meio ambiente”.
Para entendermos a teoria de sistemas e sua difusão, devemos levar
em conta duas características obrigatórias aos sistemas sociais:
- Funcionalismo: cada elemento tem uma função a desempenhar no
sistema mais amplo. Isto significa que cada elemento de um subsistema
tem um papel a desempenhar em um sistema mais amplo.
- Holismo: um conceito estreitamente relacionado ao do
funcionalismo, é a concepção de que todos os sistemas se compõem
de subsistemas e seus elementos estão inter-relacionados. Isto
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significa que o todo não é uma simples soma das partes, e que o
próprio sistema só pode ser explicado como uma globalidade. O
holismo representa o oposto do elementarismo, que encara o total
como soma das partes individuais.
Assim, o conceito de organização como um sistema complexo
de variáveis torna-se cada vez mais importante na sua análise
e compreensão.
Principais Conceitos da Teoria dos Sistemas
Uma distinção importante para a teoria da organização é a
classificação das organizações em sistemas fechados ou abertos. Um
sistema fechado é aquele que não realiza intercâmbio com o seu
meio externo, tendendo necessariamente para um progressivo caos
interno, desintegração e morte.
Nas teorias anteriores da Administração, a organização era considerada
suficientemente independente (“fechada”) para que seus problemas
fossem analisados em torno de estrutura, tarefas e relações internas
formais, sem referência alguma ao ambiente externo, pois as atenções
estavam concentradas apenas nas operações internas da organização,
adotando-se, para isso, enfoques racionalistas.
Um sistema aberto é aquele que troca matéria e energia com o seu
meio externo. E, como diz Bertalanffy, a organização é um sistema
aberto, isto é, um sistema mantido em importação e exportação, em
construção e destruição de componentes materiais, em contraste
com os sistemas fechados de física convencional, sem intercâmbio de
matéria com o meio.
Considerando a perspectiva de sistema aberto, podemos dizer que
um sistema consiste em quatro elementos básicos:
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- Objetivos: são partes ou elementos do conjunto. Dependendo da
natureza do sistema, os objetivos podem ser físicos ou abstratos.
- Atributos: são qualidades ou propriedades do sistema e de
seus objetos.
- Relações de interdependência: um sistema deve possuir relações
internas com seus objetos. Essa é uma qualidade definidora crucial
dos sistemas. Uma relação entre objetos implica um efeito mútuo ou
interdependência.
- Meio ambiente: os sistemas não existem no vácuo; são afetados
pelo seu meio circundante.
Propriedades Fundamentais dos Sistemas
- Entropia: conceito emprestado da termodinâmica, diz respeito
à tendência que todos os sistemas fechados apresentam de passar
a um estado caótico ou aleatório, caminhando para a desordem e
conseqüente declínio;
- Eqüifinalidade: Os sistemas abertos, por sua vez, podem alcançar
um estado constante de equilíbrio, de modo que os processos e
o sistema como um todo não chegue a um repouso estático. Essa
propriedade, denominada eqüifinalidade, significa que um certo
estado final pode ser atingido de muitas maneiras e de vários
pontos de partida diferentes.
- Mecanismos de feedback: Os mecanismos de feedback
correspondem a respostas a uma perturbação externa. Partindo das
saídas do sistema, o feedback remete às suas entradas, de forma a
controlar o funcionamento do sistema, para manter um estado
desejado ou orientá-lo para uma meta específica. O feedback pode
ser positivo ou negativo, dependendo do modo que o sistema lhe
responde. O feedback negativo ocorre quando há um desvio em
relação a um padrão e o sistema ajusta-se reduzindo ou neutralizando
esse desvio. Esse tipo de feedback é o mecanismo mais importante
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para a homeostase. Por outro lado, diante do desvio, o sistema pode
também responder ampliando ou mantendo esse desvio. A isso se dá
o nome de feedback positivo. Esse tipo de mecanismo é importante
no desenvolvimento do sistema.
- Homeostase: O funcionamento autônomo do sistema e seu impulso
para realizar certos movimentos representa o princípio da homeostase,
que focaliza exclusivamente uma tendência para o equilíbrio. Umas das
tarefas primárias do muitos subsistemas interatuantes é a manutenção
do equilíbrio no sistema. A homeostase é, essencialmente, referente á
manutenção da constância durante um certo lapso de tempo.
- Diferenciação: Como existe um meio ambiente circundante
em constante mudança, o sistema deve ser adaptável e capaz
de ele próprio efetuar mudanças e reordenar-se na base de
pressões ambientais.
- Hierarquias: Todo sistema compõe-se de sistemas de ordem inferior,
que, por sua vez, fazem parte de um sistema de ordem superior. Desse
modo, há uma hierarquia entre os componentes do sistema.
- Fronteiras: Qualquer sistema possui fronteiras, que estabelecem
uma separação entre o sistema e o meio ambiente e fixam o domínio
em que devem ocorrer as atividades dos subsistemas. Isso significa
que toda organização possui fronteira, isto é, uma determinação de
seu campo de ação. Uma organização só pode ser eficaz à medida
que conhece suas fronteiras, seu limite organizacional.
- Inputs e outputs: O fenômeno denominado em matemática de
“transformação” é algo que transforma um determinado tipo de
entrada (input) em determinado tipo de saída (output). A organização
procura introduzir o input certo e obter o output desejado. Daí a
importância do controle, tanto em sistemas quanto em atividades.
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Importância do Enfoque Sistêmico
- Evidencia a importância do pensamento holístico: entender
e manejar a complexidade de qualquer situação ou problema
enfrentado pelas organizações.
- Estabelece a importância de considerar o ambiente como
determinante da eficácia da organização
- Consolida a abordagem situacional (contingencial) para o processo
administrativo, segundo a qual as práticas administrativas e a
estrutura organizacional devem estar em sintonia com o ambiente
para serem eficazes.
- Facilita o tratamento da questão estratégica na administração e de
outros enfoques, para os quais a visão global é importante.
Cibernética e Administração
A Cibernética é uma ciência relativamente jovem. Foi criada por
Norbert Wiener entre os anos de 1943 e 1947, justamente na época
em que surgiu o primeiro computador de que se tem notícia, assim
como a Teoria de Sistemas.
Cibernética é a ciência da comunicação e do controle, seja no
animal (homem, seres vivos), seja na máquina. A comunicação é que
torna os sistemas integrados e coerentes e o controle é que regula
o seu comportamento. A Cibernética compreende os processo e
sistemas de transformação da informação, e sua concretização em
processos físicos, fisiológicos, psicológicos, etc. de transformação
da informação.
A Cibernética é uma teoria dos sistemas de controle baseada na
comunicação (transferência de informação) entre o sistema e o meio
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e dentro do sistema, e do controle (retroação) da função dos sistemas
com respeito ao ambiente.
O campo de estudo da Cibernética são os sistemas. Sistema é qualquer
conjunto de elementos que estão dinamicamente relacionados entre
si, formando uma atividade para atingir um objetivo, operando
sobre entradas, (informação, energia e matéria) e fornecendo saídas
(informação, energia ou matéria) processadas. Os elementos, as
relações entre eles e os objetivos (ou propósitos) constituem os
aspectos fundamentais da definição de um sistema.
Os sistemas cibernéticos apresentam três propriedades principais:
-são excessivamente complexos;
-são probabilísticos;
-são auto-regulados;
O Sistema Cibernético é extremamente complexo. No fundo, é uma
máquina manipuladora de informações, pelas suas relações com o
ambiente. A atividade de seu mecanismo depende de sua capacidade
de receber, armazenar, transmitir e modificar informações. É uma
máquina de operar informações: pela sua grande diversidade,
possui grande grau de incerteza, sendo descritível apenas em
termos de probabilidades.
Um dos grandes problemas da Cibernética é a representação
de sistemas originais através de outros sistemas comparáveis,
que são denominados modelos. Modelo é a representação
simplificada de alguma parte da realidade. Existem três razões
para a utilização de modelos:
- A manipulação de entidades reais (pessoas ou organizações) é
socialmente inaceitável ou legalmente proibida;
- O volume de incerteza com que a administração está lidando cresce
rapidamente e faz aumentar desproporcionalmente as consequências
dos erros.
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- A capacidade de construir modelos que constituem boas
representações da realidade aumentou enormemente.
Os sistemas são homomorfos quando guardam entre si
proporcionalidades de formas, embora nem sempre do mesmo
tamanho. Assim, um sistema deve ser representado por um
modelo reduzido e simplificado, através do homomorfismo do
sistema original.
É o caso de maquetes ou plantas de edifícios, diagramas de circuitos
elétricos ou eletrônicos, organogramas de empresas, fluxogramas de
rotinas e procedimentos, modelos matemáticos de decisão, etc.
Conceito de Entrada, Saída e Caixa Negra
O sistema recebe entradas (inputs) ou insumos para poder operar,
processando ou transformando essas entradas em saídas (outputs). A
entrada de um sistema é aquilo que o sistema importa ou recebe do
seu mundo exterior. A entrada pode ser constituída de um ou mais
dos seguintes elementos:
- Informação
- Energia
- Materiais
Saída (output) é o resultado final da operação ou processamento
de um sistema. Todo sistema produz uma ou várias saídas. Através
da saída, o sistema exporta o resultado de suas operações para o
meio ambiente.
O conceito de caixa negra refere-se a um sistema cujo interior não
pode ser desvendado, cujos elementos internos são desconhecidos
e que só pode ser conhecido “por fora”, através de manipulações
externas ou de observação externa. Utiliza-se o conceito de caixa
negra em duas circunstâncias:
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- quando o sistema é impenetrável ou inacessível;
- quando o sistema é excessivamente complexo;
A retroação (feedback) serve para comparar a maneira como
um sistema funciona em relação ao padrão estabelecido para
ele funcionar: quando ocorre alguma diferença (desvio ou
discrepância) entre ambos, a retroação incumbe-se de regular a
entrada para que sua saída se aproxime do padrão estabelecido.
A retroação confirma se o objetivo foi cumprido, o que é
fundamental para o equilíbrio do sistema.
Podemos identificar dois tipos de retroação:
- Retroação Positiva: é a ação estimuladora da saída que atua sobre a
entrada do sistema. Na retroação positiva, o sinal de saída amplifica e
reforça o sinal de entrada.
- Retroação Negativa: é a ação frenadora e inibidora da saída que atua
sobre a entrada do sistema. Na retroação negativa o sinal de saída
diminui e inibe o sinal de entrada.
A retroação impõe correções no sistema, no sentido de adequar suas
entradas e saídas e reduzir os desvios ou discrepâncias no sentido de
regular seu funcionamento.
Conceito de Homeostasia
A homeostasia é um equilíbrio dinâmico obtido através da auto-
regulação, ou seja, através do autocontrole. É a capacidade que tem o
sistema de manter certas variáveis dentro de limites, mesmo quando
os estímulos do meio externo forçam essas variáveis a assumir valores
que ultrapassam os limites da normalidade.
A homeostase é obtida através de dispositivos de retroação (feedback),
que são sistemas de comunicação que reagem ativamente a uma
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entrada de informação.
A eficiência de um sistema em manter sua homeostase em relação a
uma ou mais variáveis pode ser avaliada pelos seus erros ou desvios,
ou seja, pelas sub ou supercorreções que faz quando pretende
estabelecer seu equilíbrio. Se o número de erros tende a aumentar
em vez de diminuir, o objetivo jamais será atingido: o sistema entrará
em oscilação e perderá sua integridade.
Conceito de Informação
O conceito de informação envolve um processo de redução de
incerteza. Na sociedade moderna, a importância da disponibilidade
da informação ampla e variada cresce proporcionalmente ao aumento
da complexidade da própria sociedade. Para se compreender
adequadamente o conceito de informação, deve-se envolvê-lo com
dois outros conceitos: o de dados e o de comunicação.
Dado: é um registro ou anotação a respeito de determinado evento
ou ocorrência.
Informação : é um conjunto de dados com um significado, ou
seja, que reduz a incerteza ou que aumenta o conhecimento a
respeito de algo.
Comunicação : é quando uma informação é transmitida a
alguém, sendo, então, compartilhada também por essa pessoa.
Comunicar significa tornar comum a uma ou mais pessoas uma
determinada informação.
O sistema de comunicação tratado pela teoria da informação
consiste em seis componentes: fonte, transmissor, canal,
receptor, destino e ruído.
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Cada um desses componentes do sistema de comunicações tem
o seu papel:
Fonte significa a pessoa, coisa ou processo que emite ou fornece as
mensagens por intermédio do sistema;
Transmissor significa o processo ou equipamento que opera a
mensagem transmitindo-a da fonte ao canal. O transmissor codifica a
mensagem fornecida para poder transmiti-la;
Canal siginifica o equipamento ou espaço intermediário entre o
transmissor e o receptor;
Receptor significa o processo ou equipamento que recebe a mensagem
no canal. Para tanto, o receptor decodifica a mensagem para poder
colocá-la à disposição do destino;
Destino significa a pessoa, coisa ou processo a quem é destinada a
mensagem no ponto final do sistema de comunicação;
Ruído significa a quantidade de perturbações indesejáveis que
tendem a deturpar e alterar, de maneira imprevisível, as mensagens
transmitidas. A palavra interferência, por vezes, é utilizada para conotar
um perturbação de origem externa ao sistema, mas que influencia
negativamente o seu funcionamento.
Conceito de Redundância
Redundância é a repetição da mensagem para que sua recepção seja
mais garantida. A redundância introduz no sistema de comunicação
uma certa capacidade de eliminar o ruído e prevenir distorções e
enganos na recepção da mensagem.
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Conceitos de Entropia e Sinergia
A entropia significa que partes do sistema perdem sua integração e
comunicação entre si, fazendo com que o sistema se decomponha,
perca energia e informação e degenere. Se a entropia é um processo
pelo qual um sistema tende à exaustão, à desorganização, à
desintegração e, por fim à morte, para sobreviver o sistema precisa
abrir-se a reabastecer-se de energia e de informação para manter a
sua estrutura.
A informação também sofre uma perda ao ser transmitida. Isto significa
que todo sistema de informação possui uma tendência entrópica. Daí
decorre o conceito de ruído. Quando nenhum ruído é introduzido na
transmissão, a informação permanece constante.
Sinergia existe quando duas ou mais causas produzem, atuando
conjuntamente, um efeito maior do que a soma dos efeitos que
produziriam quando atuando individualmente. Assim, a sinergia
consiste o efeito multiplicador das partes de um sistema que alavancam
seu resultado global.
Conceito de Informática
A informática é considerada a disciplina que lida com o tratamento
racional e sistemático da informação por meios automáticos. Embora
não se deva confundir informática com computadores, na verdade ela
existe porque existem os computadores. Como vimos, o surgimento
da cibernética foi paralelo ao surgimento do primeiro computador
(Eniac, entre 1942 e 1945 - Universidade de Pensilvania).
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Principais Consequências da Cibernética na Administração
Se a primeira Revolução Industrial desvalorizou o esforço muscular
humano, a segunda Revolução Industrial (provocada pela Cibernética)
está levando a uma desvalorização do cérebro humano.
Duas são as principais consequências da Cibernética
na Administração :
Automação: os autômatos, em Cibernética, são engenhos que
contém dispositivos capazes da tratar informações que recebem do
meio exterior e produzir ações ou respostas. O autômato cibernético
trata a informação de tal maneira que pode até mudar sua própria
estrutura interna em função dela (aprendizagem).
Informática: A informática está se transformando em um importante
ferramental tecnológico à disposição do homem, para promover seu
desenvolvimento econômico e social pela agilização do processo
decisório e pela otimização da utilização dos recursos existentes.
Teoria Matemática da Administração
A Teoria Matemática aplicada aos problemas administrativos é mais
conhecida como Pesquisa Operacional. Teoria Matemática põe ênfase
no processo decisório e procura tratá-lo de modo lógico e racional,
através de uma abordagem quantitativa.
A Teoria Matemática desloca a ênfase na ação para a ênfase na decisão
que a antecede. O processo decisorial é a sequência de etapas que
formam uma decisão. A Tomada de decisão, conforme apresentada
pelos defensores dessa teoria, possui um aspecto matemático,
dicotômico, permitindo uma análise teoricamente precisa dos
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problemas (abordagem quantitativa).
Segundo a Teoria da Decisão, todo o problema administrativo equivale
a um processo de decisão. Existem dois tipos extremos de decisões, as
decisões programadas e as não - programadas.
Necessidade de Modelos Matemáticos em Administração
A Teoria Matemática preocupa-se em construir modelos matemáticos
capazes de simular situações reais na empresa. A criação de modelos
matemáticos volta-se principalmente para a resolução de problemas
de tomada de decisão. Vimos que o modelo é a representação de
alguma coisa ou o padrão de algo a ser feito. Na Teoria Matemática, o
modelo é usado geralmente como simulação de situações futuras e a
avaliação da probabilidade de sua ocorrência.
Sejam matemáticos ou comportamentais, os modelos proporcionam
um valioso instrumento de trabalho para a administração lidar com
problemas.
Os problemas podem ser classificados em dois grandes grupos:
Problema estruturado: é aquele que pode ser perfeitamente
definido, pois suas variáveis principais - como os vários estados da
natureza, ações possíveis, possíveis consequências - são conhecidas.
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Problema não estruturado: é aquele que não pode ser claramente
definido, pois uma ou mais de suas variáveis é desconhecida ou não
pode ser determinada com algum grau de confiança.
Pesquisa operacional é a aplicação de métodos, técnicas e instrumentos
científicos para fornecer subsídios racionais para a tomada de decisões
nas organizações.
A resolução de um modelo analítico de P.O. quase sempre se apoia
matematicamente em uma ou mais das seguintes teorias:
Teoria dos Jogos
Teoria das Filas de Espera
Teoria da Decisão
Teoria dos Grafos
Programação Linear
Probabilidade e Estatística Matemática
Programação Dinâmica
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Aula 11Abordagem Contingencialista
Objetivos da Aula
Ao final desta aula, o aluno terá desenvolvido habilidades e
competências para analisar a evolução dos modelos teóricos da
abordagem sistêmica para a incorporação dos fatores ambientais;
descrever os princípios da Teoria das Contingências; e indicar as
implicações dos modelos contingencialistas na prática administrativa
contemporânea.
Introdução: A abordagem Contingencialista
Como você pode confirmar no dicionário, a palavra contingência
significa algo incerto ou eventual. Assim, trazendo para a administração,
a abordagem contingencial salienta que não se atinge a eficácia
organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional.
É necessário um modelo apropriado para cada situação. A abordagem
contingencial considera o ambiente e a tecnologia as variáveis que
produzem maior impacto sobre a organização.
A teoria da contingência é a mais recente das teorias existentes no
campo da administração. Sem desprezar as tarefas, a estrutura e
as pessoas, a teoria da contingência dá um destaque especial ao
ambiente e a tecnologia na busca pela eficiência e eficácia. Citamos
Chiavenato que afirma:
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“Ao invés de uma relação de causa-e-efeito entre variáveis independentes
do ambiente e as variáveis administrativas dependentes, existe uma
relação funcional entre elas. Essa relação funcional é do tipo se-então
e pode levar a um alcance mais eficaz dos objetivos da organização”.
(Chiavenato)
A Teoria da Contingência enfatiza que não há nada de absoluto
nas organizações ou na teoria administrativa. Tudo é relativo. Tudo
depende. Existe uma relação funcional entre as condições do
ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcance
eficaz dos objetivos da organização. As variáveis ambientais são
variáveis independentes, enquanto as técnicas administrativas são
variáveis dependentes.
A teoria da contingência é bastante ampla e flexível, considerando
que o ambiente e suas contingências podem se tornar ameaças ou
oportunidades que influenciam a estrutura interna da organização.
A tecnologia é considerada tanto uma variável interna (quando
a organização faz uso) quanto externa (quando componente do
ambiente). Alguns dos principais autores da teoria da contingência
são: Woodward, Burns e Stalker, Laurence e Lorsch e Thompson.
Tipos Básicos de Organizações
Para ter uma noção mais sistêmica da teoria da contingência, vamos
primeiramente compreender como as organizações trabalham.
Conforme Tom Burns e G.M. Stalker, as organizações podem ser
classificadas em “mecanicistas” e “orgânicas”. O quadro abaixo destaca
as principais características destas organizações.
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Organização mecanicista: Organização orgânica:
• Estrutura burocrática baseada em uma minuciosa divisão do trabalho;
• Cargos ocupados por especialistas com atribuições perfeitamente definidas;
• Centralização das decisões na cúpula da empresa;
• Hierarquia rígida e comando único;
• Sistemas rígidos de controle;• Predomínio da interação
vertical entre superior e subordinado;
• Controle administrativo estreito;
• Regras e procedimentos formais;
• Princípios universais da Teoria Clássica.
• Estruturas flexíveis com pouca divisão de trabalho;
• Cargos modificados e redefinidos através de interação;
• Descentralização das decisões;
• Tarefas executadas com o conhecimento do todo da organização;
• Hierarquia flexível;• Controle administrativo
amplo;• Informações mais confiáveis.
Partindo do principio que os sistemas mecanicistas são adequados para
condições ambientais estáveis, enquanto que os sistemas orgânicos se
adaptam a condições ambientais em mudança, podemos afirmar que
o ambiente determina a estrutura e o funcionamento das organizações,
ou seja, o ambiente irá determinar se uma organização será
mecanicista ou orgânica. Então, vamos nos aprofundar no estudo do
ambiente? O tópico a seguir trabalhará com esta temática.
O Ambiente
O ambiente é o contexto que envolve externamente a organização,
ou seja, o cenário no qual a empresa estará imersa. Porém, todo e
qualquer ambiente externo a uma corporação é extremamente vasto
e complexo, não permitindo que as organizações absorvam-na em
sua totalidade.
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Como não se pode mapear o ambiente por inteiro, as organizações
interpretam sua realidade externa através de informações selecionadas.
Esse mapeamento é realizado pelas pessoas integrantes da empresa,
então, um mesmo ambiente pode ser interpretado diferentemente
por empresas diferentes, visto que as organizações percebem
subjetivamente seus ambientes.
Para estudarmos melhor o ambiente separamos em dois extratos:
• Ambiente Geral: é constituído de um conjunto de condições
comuns a todas as organizações; tecnológicas, legais,
políticas, econômicas, demográficas, ecológicas e culturais.
• Ambiente Tarefa: é o ambiente mais próximo e imediato de
cada organização, constituído por: fornecedores, clientes,
concorrentes e entidades reguladoras.
Os ambientes são divididos quanto a estrutura em: homogêneos e
heterogêneos; e quanto a dinâmica em: estável e instável. Quanto à
adequação da organização ao ambiente, Lawrence e Lorsch concluíram
que os problemas organizacionais básicos são a diferenciação e a
integração.
A diferenciação é a divisão da organização em subsistemas ou
departamentos, cada qual desempenhando uma tarefa especializada
para um contexto ambiental também especializado. A integração é
a reação à diferenciação. Os departamentos, embora especializados
em suas áreas, precisam fazer um esforço convergente e unificado
para atingir objetivos globais da organização, donde nasce a
integração.
A diferenciação e a integração requeridas são, digamos, o ideal de
integração e diferenciação dentro de uma empresa. Quanto mais a
integração e a diferenciação de uma empresa se aproximarem da
requerida, mais próximo do ideal se encontrará a empresa.
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Tecnologia
A tecnologia constitui uma variável independente que influencia as
características da organização. Sob o ponto de vista administrativo,
a tecnologia é considerada como algo que se desenvolve nas
organizações através do conhecimento acumulado e pelas suas
manifestações físicas (maquinário, instalações, etc). Lembre-se que a
empresa utiliza de tecnologias para automatizar sua produção, mas
que também pode desenvolver novos aparatos tecnológicos que
venham suprir necessidades especificas da própria empresa – essas
necessidades são identificadas com o passar do tempo.
Em um contexto empresarial, a tecnologia pode ser considerada, ao
mesmo tempo, sob dois ângulos diferentes: como variável ambiental e
como variável organizacional. No primeiro caso, referimo-nos a tecnologia
das outras empresas concorrentes e, no segundo, como sendo um
componente que irá organizar a forma de trabalhar da empresa.
Partindo do prisma da tecnologia como variável organizacional, Joan
Woodward classificou as empresas em três grupos de tecnologia: a)
Produção unitária ou oficina; b) produção em massa ou mecanizada;
c) produção em processo ou automatizada. Suas conclusões foram:
• O desenho organizacional é afetado pela tecnologia usada
pela organização;
• Existe forte correlação entre estrutura organizacional e
previsibilidade das técnicas de produção. A previsibilidade
é alta para produção por processo continuo e baixa para
produção unitária. Quanto mais alta a previsibilidade, mais
níveis hierárquicos são necessários.
• As empresas com operações mutáveis necessitam de estruturas
diferentes das organizações com tecnologia mutável.
• A importância de cada função na empresa depende da
tecnologia utilizada.
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Segundo Thompson, a tecnologia é um fator determinante para a
compreensão das ações da empresa. Para alcançar um resultado
desejado, o conhecimento humano prevê quais são as ações
necessárias e a maneira de conduzi-las para aquele resultado.
Conforme o arranjo dentro da organização, Thompson propõe uma
tipologia de tecnologias:
- Tecnologia em elos de seqüência: é a linha de montagem
da produção em massa. Quanto mais o processo é repetido,
mais aperfeiçoado ele se torna. Grande contribuição da
abordagem clássica.
- Tecnologia mediadora: é o caso das organizações que
tem por base a ligação de clientes que são ou desejam ser
interdependentes (seguradoras, bancos, etc). Ênfase nas
técnicas burocráticas.
- Tecnologia intensiva: convergência de várias habilidades e
especificações sobre um único cliente.
Thompson ainda classifica a tecnologia em dois tipos básicos: flexível e
fixa. Por sua vez, os produtos são classificados como produto concreto
e produto abstrato. Resultam quatro combinações:
Tecnologia Flexível Tecnologia Fixa
Produto
Concreto
organização com relativa facilidade de mudanças tecnológicas (ramo de
plásticos, equipamentos eletrônicos...).
organização com pequenas possibilidades
de mudanças tecnológicas (ramo
automobilístico).
Produto
Abstrato
organização com grande adaptabilidade ao meio
ambiente (empresas de propaganda,
organizações secretas, etc).
organização com capacidade de
mudança, mas restrita pela tecnologia fixa (instituições educacionais).
Em síntese, não temos como negar que a tecnologia determina a
natureza da estrutura organizacional. E que podemos classificá-las de
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maneira geral em dois tipos: as de sustentação, que proporcionam
melhor desempenho aos produtos já existentes; e as de demolição,
que apresentam características inovadoras e que substituem as
tecnologias existentes.
Introdução à Teoria da Contingência
Agora que você já estudou o ambiente que rodeia uma empresa e
a tecnologia como uma variável organizacional, vamos partir para a
teoria da contingência.
A partir da verificação de que não existe um único e melhor jeito
(the best way) de organizar, surge a teoria da contingência, onde o
ambiente externo é visto como um fomentador de oportunidades
ou ameaças que influenciam na estrutura e nos processos internos
da organização.
A concepção das estruturas é condicionada por fatores externos à
organização, os quais moldam a configuração das estruturas. Mintzberg
denomina estas condições externas por fatores contingenciais, que
são: a idade e dimensão; o sistema técnico; o ambiente; e a relação
de poder.
A dimensão da organização está relacionada com o grau de
elaboração da sua estrutura, com a especialização das suas tarefas,
com a diferenciação das unidades e com o nível de desenvolvimento
da sua componente administrativa.
A idade tende a refletir o período histórico em que foi criada a
estrutura, levando-a a preservar os princípios de concepção estrutural
mais adaptados à data da sua constituição. Existe ainda uma
relação entre a idade da organização e o grau de formalização dos
comportamentos.
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O sistema técnico é relativo ao centro operacional e afeta a estrutura da base
para o topo. As alterações tecnológicas afetam os conteúdos de trabalho, o
controle exercido pelos níveis operacionais, os níveis de qualificação.
A estabilidade, diversidade, complexidade e hostilidade do ambiente
condicionam o grau de normalização, centralização e de divisionalização
da estrutura. As empresas que se movem em ambientes muito
complexos e dinâmicos normalmente apresentam nível elevado de
diferenciação, enquanto que em contextos ambientais mais simples
e estáveis as organizações são induzidas à criação de estruturas mais
burocráticas, com uma menor diferenciação.
A relação do poder estabelece-se entre a capacidade de autonomia
da organização e a pressão do controle externo, bem como da
cultura em voga. Quanto maior for a coação externa exercida sobre
a organização mais esta desenvolverá mecanismos de centralização
e de formalização. A cultura em voga pode desempenhar um papel
importante na concepção da estrutura; a adesão à “moda”, que não
significa a melhor adequação às necessidades da organização.
Em conclusão, pode dizer-se que a idade e a dimensão condicionam,
sobretudo, os mecanismos de coordenação, enquanto que o
sistema técnico afeta o centro operacional e o ambiente influencia
majoritariamente o topo estratégico e as funções a ele associadas.
Por fim, as relações de poder exercem pressão sobre toda a estrutura
pelo grau de centralização e de formalização que impõem.
Estratégia e estrutura
Chandler realizou uma investigação histórica sobre as mudanças
estruturais das grandes organizações, relacionado-as com a estratégia
de negócios e concluiu que a estrutura organizacional das grandes
empresas americanas foi gradativamente determinada pela sua
estratégia mercadológica.
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O pesquisar mapeou sua investigação histórica em quatro fases
distintas:
- Acumulação de recursos: iniciada após a Guerra da Secessão
Americana (1865), com a expansão da rede ferroviária, que
provocou o fortalecimento do mercado para ferro e aço e o
moderno mercado de capitais. Rápido crescimento urbano,
facilitado pela estrada de ferro. As empresas preferiam
ampliar suas instalações de produção a organizar uma rede
de distribuição. A preocupação com as matérias-primas
favoreceu a aquisição de empresas fornecedoras. O controle
por integração vertical gerou a economia em escala.
- Racionalização do uso dos recursos: As novas empresas
verticalmente integradas precisavam ser organizadas. Os
custos precisavam ser contidos através da clara definição de
linhas de autoridade e de comunicação. Os lucros dependeriam
da racionalização da empresa e sua estrutura deveria ser
adequada às oscilações do mercado. Para reduzir os riscos
das flutuações do mercado, as empresas se preocuparam
com o planejamento, organização e coordenação.
- Crescimento: a reorganização geral das empresas na segunda fase
possibilitou ganhos de eficiência, fazendo com que as diferenças
de custo entre as várias empresas diminuíssem. Os lucros baixaram,
o mercado foi se tornando saturado, levando à decisão para
diversificação e a procura de novos mercados. A nova estratégia de
diversificar provocou o surgimento de departamentos de pesquisas
e desenvolvimento, engenharia de produto e desenho industrial.
- Racionalização do uso de recursos: ênfase na estratégia
mercadológica para abranger novas linhas de produtos e
novos mercados. Os canais de autoridade e de comunicação
tornam-se inadequados para responder à complexidade
crescente de produtos e mercados. Daí a preocupação
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crescente com o planejamento, a administração voltada
para objetivos e as avaliações de desempenho. De um lado
a descentralização das operações e, de outro, a centralização
de controles administrativos.
Como você pode observar a partir do mapeamento e Chandler,
estruturas organizacionais diferentes foram necessárias para fazer
frente a diferentes ambientes e estratégias e a alteração ambiental
foi o fator principal na escolha da estrutura. Em resumo, diferentes
ambientes levam as empresas a adotar novas estratégias e as novas
estratégias exigem diferentes estruturas organizacionais.
Novas abordagens ao desenho organizacional
As organizações são sistemas abertos, quando olhadas em nível
institucional, e sistemas fechados quando olhado em nível operacional.
As coações e contingências externas chegam no nível institucional
com facilidade, já o nível intermediário serve de filtro para que o nível
operacional não seja atingido por estas contingências.
O desenho organizacional pode ser encarado em sua estrutura básica,
como um mecanismo de operação e de decisão. As principais áreas de
decisão da organização são: estratégia organizacional; escolha quanto
ao modo de organizar; escolha de políticas para integrar as pessoas.
Na Teoria da Contingência, o desenho da estrutura organizacional
deve ser determinado em função do ambiente complexo e mutável ao
qual ela esta inserida e requer a identificação das seguintes variáveis:
entrada (fornecedores), tecnologias (máquinas, know-how), tarefas
ou funções, estruturas, e saídas ou resultados (competitividade,
satisfação do cliente); podendo assumir as seguintes formas:
- Adhocracia: É o inverso da burocracia. A Adhocracia significa
uma estrutura flexível capaz de amoldar-se contínua e
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rapidamente às condições ambientais em mutação.
- Matricial: A essência da organização matricial é combinar
as duas formas de departamentalização – funcional e de
produtos – na mesma estrutura. O desenho matricial permite
satisfazer duas necessidades da organização: especialização
e coordenação. Pode introduzir duplicidade de supervisão.
- Organização por equipes: esta abordagem torna as
organizações mais flexíveis e ágeis ao ambiente global e
competitivo. A estruturação das atividades através de equipes
traz as seguintes vantagens: aproveita as vantagens da estrutura
funcional; redução de barreiras entre departamentos; menor
tempo de reação; participação das pessoas; menor custo
administrativo. E algumas desvantagens como: conflitos de
dupla lealdade, tempo e recursos despendidos em reuniões,
descentralização exagerada.
- Abordagem em rede: a organização desagrega as suas
funções principais e as transfere para empresas ou unidades
separadas, que são interligadas por uma pequena organização
coordenadora, levando a maior competitividade, flexibilidade
da forca de trabalho e custos administrativos reduzidos. Mas
traz uma falta de controle global e maior incerteza.
Apreciação crítica da teoria da contingência
Segundo a Teoria da contingência, não existe uma “maneira
melhor” de organizar; ao contrário, as organizações precisam ser
sistematicamente ajustadas às condições ambientais. Apresentam os
seguintes aspectos básicos:
- Natureza sistêmica: uma organização é um sistema aberto;
- Interação: organizações interagem entre si e com o ambiente; e
- Características organizacionais são variáveis dependentes
das características ambientais.
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A Abordagem Contingencialista enfatiza o relativismo em
administração e a importância do ambiente e da tecnologia. Busca
a compatibilização entre abordagens de sistema fechado e de
sistema aberto. A relação funcional entre as variáveis dependentes e
independentes não implica relações de causa e efeito. A administração
contingencial poderia ser intitulada de abordagem do “se-então”.
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Aula 12Administração Japonesa
Objetivos da Aula
Ao final desta aula, o aluno terá desenvolvido habilidades e
competências para analisar os modelos típicos da Administração
Japonesa e descrever a sua evolução, mostrando os resultados da
aplicação deste tipo de administração e seus impactos nos modelos
“ocidentais” tradicionais.
Introdução
A década de 1980 trouxe consigo novas abordagens para a gestão
empresarial. Em particular, as empresas americanas se viram diante de
um conjunto de competidores não esperados: as empresas japonesas
e sua forma inovadora e diferente de administração. O objetivo central
desta aula é fundamentar o leitor nas principais contribuições desta
corrente oriental de pensamento administrativo.
Requisitos para o surgimento da gestão japonesa
A maioria dos leitores já são familiarizados (ou ao menos ouviram
falar) de termos consagrados na gestão contemporânea tais como
JIT, Kanban, Kaizen, TQM etc. Mas o que seriam tais iglas? Como os
japoneses mudaram nosso modo de pensar as empresas?
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Como já vimos, durante a década de 1980 as grandes empresas
americanas foram surpreendidas pela competitividade de empresas
tais como a Sony, JVC, Nissan, Toyota, entre outras. Tais companhias
conseguiam ao mesmo tempo superar as empresas americanas
em preço e qualidade – coisa impensável para os executivos da
América. A Honda, por exemplo, desenvolvia automóveis a cada 45
meses, enquanto a gigante americana General Motors o fazia em
60. Como sabemos, o tempo para desenvolvimento de produtos
em setores como o automobilístico é fator crítico de sucesso em um
ambiente competitivo e em um mercado comprador.
Neste cenário, podemos dizer que o surgimento da administração
japonesa – tal qual a conhecemos - pode ser creditado à
busca de transferência de tecnologias das nações ocidentais
mais avançadas. Nascida nos anos 50, em especial, na empresa
automobilística Toyota Motor Company, idealizada pelo engenheiro
Taichi Ohno, a administração japonesa teve seu início no chão da
fábrica, nos setores operacionais da manufatura, com uma a filosofia
que visava fundamentalmente evitar qualquer tipo de desperdício
– ou o termo nipônico muda - e de promover o melhoramento
contínuo – ou kaisen.
Contexto sócio-econômico japonês
O Japão, como todos sabemos, foi uma das nações mais prejudicadas
com as guerras mundiais das décadas de 20 a 40. Ao final destes
conflitos, nos anos 50, este país inicia sua reestruturação a partir
do chamado plano Marshall, em que os E.U.A optaram por auxiliar
economicamente os países assolados pela guerra, permitindo que
estes dessem começo aos programas de reconstrução nacional.
E foi neste momento, logo após o fim da segunda grande guerra,
que os japoneses iniciaram a sua produção de automóveis. A
princípio, eles desejavam utilizar métodos da produção em massa
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(típicos das empresas americanas daquela época). No entanto, a
tentativa em produzir automóveis em larga escala esbarrou numa
série de problemas:
a)o mercado japonês era limitado e demandava diversos
modelos diferentes, sendo que cada modelo não possibilitava
escala para produção em massa;
b)a força de trabalho nativa do Japão se organizou formando
sindicatos fortes que exigiam maiores garantias de emprego,
conseguindo restringir bastante os direitos das empresas
de demitir empregados, o que ocorre com freqüência na
produção em massa; e
c)a economia do Japão não dispunha de recursos para realizar
os altos investimentos necessários para a implantação da
produção em massa (AQUINO e MATTAR, 1997).
Assim, para contornar estes obstáculos, a administração japonesa
voltou-se para uma gestão fortemente baseada na participação direta
dos funcionários, ou seja, produtividade e experiência voltada para a
tarefa. Tal abordagem tem como objetivos a harmonia e a disciplina.
Obviamente, não podemos separar tais preceitos da milenar filosofia
nipônica embasada no confucionismo (aliás, esse é um bom tema
para uma pesquisa, não acha?).
Vale ressaltar que, culturalmente, a família é a unidade básica mais
importante, na qual o coletivo familiar prevalece sobre o individual.
Veremos adiante que tal foco no grupo em detrimento do indivíduo
foi denominada Teoria Z.
A gestão japonesa versa pela preconização do processo acima da
funcionalidade e a consciência da unidade e da interrelação de
todas as áreas da empresa (coisa que na verdade a abordagem
sistêmica já fazia, como vimos em aulas anteriores).
Para implementação da filosofia da administração japonesa,
no ocidente, alguns cuidados devem ser tomados: implantar
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o planejamento e as transformações a longo prazo, investir no
ensino nas escolas de administração e não culpar os empregados
pelos problemas. Por outro lado, a crítica mais freqüente dirigida à
Administração Japonesa é sua adoção por empresas que se encontram
em um outro contexto cultural.
Características gerais da administração japonesa
A partir do estudo geral da administração japonesa realizado nos
itens acima, podemos citar as seguintes características deste tipo
de administração:
Administração participativa: A administração japonesa se baseia
na forma participativa de gestão, envolvendo participação dos
funcionários no processo decisório, negociação de metas, trabalho em
grupo, liderança, comunicação bilateral, participação nos resultados.
Prevalência do planejamento estratégico: Através do estabelecimento
de um planejamento estratégico a empresa ganha flexibilidade,
utilizando seus pontos fortes para atender às necessidades de seus
clientes e conquistar os clientes da concorrência.
Visão sistêmica: A empresa é um sistema; o desempenho de cada
componente do sistema deve ser considerado por sua contribuição
ao objetivo do sistema. Os objetivos propostos só podem ser
atingidos eficientemente quando os membros da organização
agem de forma eficiente.
Supremacia do coletivo: O coletivo prevalece sobre o individual. O
ser humano, visto como o bem mais valioso das organizações, deve
ser estimulado a direcionar seu trabalho para as netas compartilhadas
da empresa, preenchendo suas necessidades humanas e se auto-
realizando através do trabalho.
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Busca da qualidade total: A Qualidade Total é assegurada pelo
Controle de Qualidade Total – (TQC ou TQM), um sistema de
métodos estatísticos, voltado ao melhoramento do desempenho
administrativo. Busca garantia da qualidade, redução de custos,
cumprimento dos programas de entrega, desenvolvimento de
novos produtos e administração do fornecedor. A abrangência
do TQC ultrapassa os limites físicos da empresa; tem início na alta
gerência, prolongando-se até supervisores e operários e inclui de
fornecedores a consumidores externos.
Produtividade: O aumento da produtividade é um dos objetivos
de qualquer organização. A administração japonesa propõe que,
para atingi-lo seja adotada uma visão cooperativa dos funcionários,
incentivando o envolvimento de todos na consecução das metas
da empresa. Apesar de calcar sua filosofia nos valores de realização
pessoal dos funcionários, a empresa japonesa reconhece que o
incentivo monetário é uma poderosa ferramenta na busca do
comprometimento de seus membros com os objetivos empresariais.
Flexibilidade: Racionalização do espaço, equipamentos de utilidade
geral e versáteis, layout celular, nivelamento e sequenciamento
da produção em pequenos lotes, redução de estoques, quadro de
trabalhadores qualificados e flexíveis.
Recursos humanos: A ênfase é no trabalho em grupo, na cooperação
no aproveitamento da potencialidade humana. Nas grandes empresas
existe estabilidade no emprego, distribuição de bônus e outros
benefícios. A ascensão na carreira é lenta e o treinamento é intenso.
Tecnologia e padronização: Busca-se a harmonia entre o homem,
máquina e processo. O trabalho padronizado é fundamental
para garantir um fluxo contínuo de produção. Primeiro ocorre a
racionalização do processo, depois a automação.
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Manutenção: Os operadores são responsáveis pela manutenção
básica, dispondo de autonomia para interromper um processo errado.
A manutenção preventiva também é privilegiada.
Limpeza e arrumação: São responsabilidades de todos, visando
a manutenção do ambiente e a facilitação da administração
dos recursos.
Relação com fornecedores e distribuidores: A subcontratação
externa, prática antiga no Japão, mantém-se e é reforçada pela
formação dos Keiretsu, evoluindo para uma relação de apoio técnico
e financeiro, cooperação e confiança.
Cultura organizacional: Procura-se estabelecer um clima de
confiança e responsabilidade, baseado no respeito a hierarquia, na
participação, nas decisões consensuais e na harmonia das relações.
Os conceitos básicos da administração japonesa são just-in-time,
kanban, muda e kaizen. O significado desta terminologia fica claro
durante a discussão da chamada Produção Enxuta, nome moderno
que se deu ao conjunto de contribuições dos autores orientais.
Produção Enxuta ou Lean Production: A Síntese das Teorias Japonesas
A Produção Enxuta surgiu como um sistema de manufatura cujo
objetivo era otimizar os processos e procedimentos através da redução
contínua de desperdícios, como, por exemplo, excesso de inventário
(estoque em processo). Seus objetivos básicos são a qualidade e a
flexibilidade do processo. O termo “ produção enxuta” foi cunhado
originalmente no livro “A máquina que mudou o mundo” de Womack,
Jones e Roos publicado nos EUA em 1990 (vide bibliografia). Tal obra
descreveu um estudo sobre o futuro da indústria automobilística
mundial pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) de Boston,
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EUA, a um custo de alguns milhões de dólares, com duração de cinco
anos e abrangendo 14 países.
Segundo ROSENFELD, o modo de produção enxuta apresenta as
seguintes características gerais: “manufatura flexível com menor
número de máquinas especializadas, redução de estoques, formação
de empregados qualificados e preparados para trabalhar em equipes,
linha de montagem procurando prevenir falhas e evitar reparos finais,
relacionamento de cooperação e de longo prazo com fornecedores.
Um desempenho superior no desenvolvimento de produtos
resultante do modo enxuto, somente será transformado em vantagem
competitiva para a empresa se ela tiver toda uma administração
voltada para esse modo, o que significa ter a linha de montagem e
produção, relacionamento com fornecedores e tratamento com o
consumidor final, operando em sintonia e de acordo com as regras do
modo enxuto de produção”. Portanto, para minimizar os desperdícios
de produção e prosseguir com a busca contínua de “zero defeitos,
tempo de preparação zero, estoque zero, movimentação zero, quebra
zero, lead time zero e lote unitário”, a Produção Enxuta lança mão de
algumas técnicas e ferramentas como o Lay out Celular, o Kanban, o
Mapeamento do Fluxo de Valor, dentre outras.
Eliminando os desperdícios
Uma das características da administração japonesa está voltada para
a eliminação do desperdício. O Shigeo Shingo, gerente industrial
japonês, identificou sete tipos de desperdício na Toyota:
a)Superprodução: Produzir excessivamente ou cedo demais,
resultando em um fluxo pobre de peças e informações, ou excesso de
inventário. Como resultado, os defeitos não são detectados de início e
os produtos podem se deteriorar. Além disso, superprodução incorre
em excessivo WIP (work in process ou material em processo) resultando
em uma pobre comunicação entre as estações de trabalho.
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b)Espera: Longos períodos de ociosidade de pessoas, peças e
informação, resultando em um fluxo pobre, bem como em lead
times (tempos de processamento de materiais) longos. Além disso,
embora menos óbvio, tem-se o montante de tempo de espera que
ocorre quando os operadores estão ocupados produzindo estoque
em processo, que não é necessário naquele momento.
c)Transporte excessivo: Movimento excessivo de pessoas,
informação ou peças resultando em dispêndio desnecessário de
capital, tempo e energia;
d)Processos Inadequados: Utilização do jogo errado de ferramentas,
sistemas ou procedimentos, geralmente quando uma aproximação
mais simples pode ser mais efetiva.
e)Inventário desnecessário: Armazenamento excessivo e falta de
informação ou produtos, resultando em custos excessivos e baixa
performance do serviço prestado ao cliente;
f)Movimentação desnecessária: Desorganização do ambiente de
trabalho, resultando baixa performance dos aspectos ergonômicos e
perda freqüente de itens.
g)Produtos Defeituosos: Problemas freqüentes nas cartas de
processo, problemas de qualidade do produto, ou baixa performance
na entrega.
Os resultados
No Quadro abaixo são apresentados dados sobre o desempenho
dos produtores de automóveis japoneses no desenvolvimento de
produtos, comparados com os de outras regiões, mostrando os
resultados positivos alcançados pela Produção Enxuta.
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Fonte: A Máquina que Mudou o Mundo - Womack, James P., Jones,
Daniel T,& Roos, Daniel – Ed. Campus, 1992.
Por volta de 1950, a economia japonesa encontrava-se ainda debilitada.
Os efeitos da recente guerra mundial eram visíveis. A Toyota, empresa
automobilística hoje líder no mercado americano, tinha um programa
de produção de menos de 1.000 carros por mês. Se fabricasse mais,
não conseguiria vendê-los. Bem diferente da situação ao final dos
anos 80, quando a Toyota fabricava 1.000 carros em poucos minutos.
Em 1956, Taiichi Ohno, criador do sistema Toyota de produção, foi aos
Estados Unidos visitar fábricas de automóvel. Daí nascia o sistema
Toyota de produção, ou produção flexível, ou produção enxuta. Isto é,
o sistema que prediz fazer o que for necessário, apenas na quantidade
necessária, no momento necessário e tão eficientemente quanto
possível, gastando o mínimo. É o modelo just in time. Conforme
CAMPOS (1992), a Toyota, empresa que se tornou um símbolo da
produção enxuta, conseguiu ir além do fordismo, pois não só reduziu
o trabalho direto para a metade, mas também reduziu os defeitos
a um terço e deu um profundo golpe nos estoques e espaços da
fábrica, ou seja, poupou mão-de-obra e capital em comparação com
a organização fordista (ESTEVES e LELLIS, 2004).
Evolução do Pensamento Administrativo - UVB
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Por fim, percebe-se que nunca mais, após as contribuições japonesas,
vimos o mundo da gestão como víamos antes. Agora, as fronteiras da
literatura administrativa não se dá mais no âmbito dos livros americanos.
Se na década de 80, a ênfase no Ocidente era estudar a Administração
Japonesa; agora a moda é compreender a Administração Chinesa, dada
a abertura deste novo mercado para as empresas do Ocidente. Ao final,
o que precisamos é construir um modo de gerir as organizações através
do ponto de vista mais cosmopolita que conseguimos.
Na próxima aula, o tema principal será a gestão da (e pela) qualidade.
Bibliografia
AQUINO e MATTAR A produção enxuta no Brasil - O caso Ford. II SEMEAD,
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, USP, 1997.
ESTEVES, G. A. G. e LELLIS, L.C. de A. Administração: Modelos Organizacionais
E A Aprendizagem Continuada Como Fato Gerador Da Competitividade De
Projetos e Produtos. Consultado em http://www.fabavi.br/revista/artigos
MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento,
execução, análise. V. 1, 2a. ed. São Paulo: Atlas: 1993.
SCHONBERGER, Richard J. Técnicas industriais japonesas. 3a. ed. São
Paulo: Pioneira, 1984.
SLOAN JR, Alfred P. Minha vida na General Motors - Rio de Janeira :
Record , 1965.
WOMACK, James D., JONES, Daniel T. & ROOS, Daniel. A Máquina que
mudou o mundo. 2a.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
WOOD, Stephen. A administração japonesa. Revista de Administração.
São Paulo, V.26, N.3, jul/set, 1991.
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO- UVB
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Aula 13 Administração Japonesa: Tudo
pela Qualidade
Objetivo da Aula:
Ao final desta aula o aluno terá desenvolvido habilidades e
competências para analisar o modelo japonês de pensamento
administrativo (Sistema Toyota ou Ohnoismo), com ênfase no
conceito de Qualidade, descrever brevemente os conceitos centrais
desenvolvidos pelas empresas japonesas (muda, kaizen, JIT, TQM) e
indicar algumas das principais ferramentas e técnicas típicas deste
modelo, tais como 5S, CCQ, CEP, kanban, etc.
Introdução
O sistema de produção japonês, tal como o entendemos, surgiu nos
vinte e cinco anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, na Toyota
Motor Co. Seu maior idealizador foi o engenheiro Taiichi Ohno,
daí as denominações Sistema Toyota de Produção ou Ohnoismo,
caracterizado por uma preocupação obsessiva com a qualidade em
todos os aspectos do processo produtivo.
Mais recentemente, o conceito de Lean Prodution (Produção Enxuta)
veio a designar o conjunto de técnicas desenvolvidas nos anos 70 por
fabricantes japoneses, como a Toyota e a Matsushita, para reduzir
os custos de produção e aumentar a competitividade. Baseia-se em
quatro princípios: trabalho de equipe, comunicação, uso eficiente de
recursos ou eliminação de desperdícios (muda) e melhoria contínua
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO- UVB
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(kaizen).
Muda se refere à eliminação de todo e qualquer desperdício durante o
processo produtivo. Como já vimos, as formas “básicas” de desperdícios
durante o processo de produção segundo a “filosofia Toyota” são a
superprodução e a espera, os excessos de transporte, processamento,
movimentação, estoques, e a produção de peças defeituosas.
Kaizen representa o conceito de melhoria contínua com vista à
satisfação do cliente (interno ou externo), do funcionário e do capital.
Passa-se a “perseguir” desperdícios, atividades que não agregam
valor, movimentos desnecessários, perdas, etc. A metodologia pode
ser assim resumida: aperfeiçoar as pessoas; as pessoas aperfeiçoam
continuamente os processos; processos aperfeiçoados melhoram os
resultados; melhores resultados geram satisfação dos clientes.
De KAIZEN e MUDA decorrem os conceitos de JUST IN TIME
– sincronização do fluxo de produção – e TQM – Total Quality
Management, ou Gestão da Qualidade Total. Algumas das principais
técnicas utilizadas nos ambientes JIT-TQM são o KANBAN, o 5S, os
Círculos de Controle da Qualidade (CCQ), o Autocontrole e o Controle
Estatístico do Processo – CEP, que analisaremos a seguir.
JIT (JUST IN TIME): Conceitos básicos
Quando falamos em JIT - o material certo disponível na hora certa,
no local certo, no momento de sua utilização - não estamos falando
de um conceito novo. É apenas a percepção de que se chegar tarde
há paralisação do processo produtivo e chegando muito cedo haverá
um simples acumulo de material sem utilidade naquele momento,
desperdiçando espaço e capital. O conceito pode ser considerado
natural nas indústrias de fluxo contínuo.
O sistema Just In Time é uma filosofia de administração da manufatura
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO- UVB
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surgida no Japão na década de 60, sendo o seu desenvolvimento
creditado à Toyota Motor Company. Este novo enfoque na administração
da manufatura surgiu de uma visão estratégica, buscando vantagem
competitiva através da otimização do processo produtivo.
O sistema visa administrar a manufatura de forma simples e eficiente,
otimizando o uso dos recursos de capital, equipamento e mão-de-
obra. O resultado é um sistema de manufatura capaz de atender
às exigências de qualidade e entrega do cliente, ao menor custo.
Existem três idéias básicas sobre as quais se desenvolve o sistema Just
In Time:
a) Integração e otimização de todo o processo de
manufatura: tudo o que não agrega valor ao produto é
desnecessário e precisa ser eliminado;
b) Melhoria contínua (Kaizen): a atitude gerencial postulada
pelo JIT é: “nossa missão é a melhoria contínua”. Isto
significa uma mentalidade de trabalho em grupo, de visão
compartilhada, de revalorização do homem em todos os
níveis dentro da empresa. Esta mentalidade permite o
desenvolvimento da potencialidade humana, buscando o
comprometimento de todos através da descentralização do
poder;
c) Entender e responder às necessidades dos clientes:
isto significa a responsabilidade de atender o cliente nos
requisitos de qualidade do produto, prazo de entrega e custo.
A empresa JIT deve assumir a responsabilidade de reduzir o
custo total do cliente na aquisição e uso do produto. Desta
forma, os fornecedores devem também estar comprometidos
com os mesmos requisitos, já que o fabricante é cliente dos
seus fornecedores. Clientes e fornecedores formam, então,
uma extensão do processo de manufatura da empresa.
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO- UVB
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Os objetivos da manufatura JIT
A meta do JIT é desenvolver um sistema que permita a um fabricante
ter somente os materiais, equipamentos e pessoas necessários a cada
tarefa. Para se conseguir esta meta, é preciso, na maioria dos casos,
trabalhar sobre seis objetivos básicos:
1. Integrar e otimizar cada etapa do processo de manufatura;
2. Produzir produtos de qualidade;
3. Reduzir os custos de produção;
4. Produzir somente em função da demanda;
5. Desenvolver flexibilidade de produção;
6. Manter os compromissos assumidos com clientes e
fornecedores.
Na verdade, esses objetivos são aspirações normais para qualquer
empresa, nem sempre exeqüíveis devido ao desconhecimento dos
meios para alcançá-los. É necessário estabelecer um programa de
educação e treinamento para gerência, operários, fornecedores e
clientes. Cada aspecto do desenvolvimento do sistema JIT depende
de pessoas que trabalhem mais produtivamente, mais integradas
à empresa como um todo, ajudando a melhorar continuamente o
sistema.
A abordagem Just In Time questiona o conceito de custo e muda
alguns paradigmas da administração da produção. No Just in Time
o custo é apenas o valor agregado ao produto provocado pela real
necessidade de transformação de sua matéria-prima até o produto
final embalado e entregue ao cliente.
Qualquer atividade que não contribua na transformação física
do produto é considerada desperdício pelo JIT. Atividades como
transportar peças de uma operação para outra, contar peças,
inspecionar, armazenar, retrabalhar peças rejeitadas são desperdícios
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por não “acrescentarem valor real” à peça. São custos antinaturais,
resultados de um modelo ultrapassado de administração.
Como funciona o JIT
Como já foi dito anteriormente, as principais ferramentas utilizadas
pelo JIT são o 5 “S’s” e o Sistema Kanban. Vamos conhece-las?
5S: Organização do local de trabalho
Os cinco princípios da organização são os fundamentos sobre os quais
se assenta o JIT. A implementação dos 5 “S’s” começa pela fábrica,
mas as suas repercussões estendem-se por toda a organização.
Esta ferramenta faz parte do princípio da visibilidade, ou seja,
tornar visíveis os problemas onde quer que possam existir. Eles são
sumarizados a partir de cinco palavras que em japonês romanizado
começam com “S”:
- Seiri (organização) - É o “senso de utilização”. Tudo o que não for
necessário para a atividade de produção deve ser removido do local
de trabalho;
- Seiton (locação) - É o “senso de tudo no seu lugar”. Cada coisa deve ter
o seu lugar para que, sendo necessária, seja encontrada facilmente;
- Seizo (limpeza) - É o “senso de limpeza”, fundamental para a melhoria
contínua;
- Seiketsu (padronização) - É o “senso de conservação”. A definição de
padrões é fundamental para a manutenção dos progressos alcançados
pelo grupo;
- Shitsuke (disciplina) - É o “senso de responsabilidade”. Disciplina
é trabalhar consistentemente através de normas de organização,
alocação e limpeza.
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O sistema Kanban
A palavra Kanban, em japonês, possui vários significados, tais como
cartão, símbolo ou painel. De modo geral, Kanban é um sistema de
controle da produção. O Kanban é uma ferramenta gerencial de
controle da produção através do uso de cartões, onde quem determina
a fabricação do lote de um centro produtivo é o consumo das peças
realizado pelo centro produtivo subseqüente.
O objetivo do Kanban é minimizar os estoques do material em
processo, produzindo em pequenos lotes somente o necessário, com
qualidade, produtividade e no tempo certo.
Tradicionalmente, o departamento de programação e controle da
produção “explode” o produto final em diversas ordens de serviço
e distribui uma programação para todos os centros produtivos
envolvidos. Estes centros executam as operações previstas e fornecem
as peças processadas para os centros posteriores. Este sistema é
conhecido como “push system”, ou seja, sistema de empurrar a
produção.
No sistema Kanban a produção é comandada (”puxada”) pela linha
de montagem final. A linha de montagem recebe o programa de
produção e, à medida em que ela vai consumindo as peças necessárias,
vai autorizando aos centros de produção antecedentes a fabricação
de um novo lote de peças. Esta autorização para a fabricação de novas
peças é realizada através do cartão Kanban. Este é o “pull system”, ou
seja, sistema de puxar a produção.
O Kanban é um sistema de produção em lotes pequenos. Cada lote
é armazenado em recipientes padronizados (containers), contendo
um número definido de peças. Para cada lote mínimo contido no
container existe um cartão kanban correspondente. As peças dentro
dos recipientes padronizados, acompanhadas do seu cartão, são
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movimentadas através dos centros produtivos, sofrendo as diversas
operações do processo, até chegarem sob a forma de peça acabada
à linha de montagem final. Nenhuma operação de produção é
normalmente autorizada sem que haja um Kanban de produção
autorizando.
Outras ferramentas do JIT
Entre as diversas ferramentas empregadas no ambiente da manufatura
JIT, também merecem destaque a Manutenção Produtiva Total (MPT),
a Redução de Setup, a Automação “Jidoka” e o Balanceamento da
Produção:
• Manutenção Produtiva Total – MPT: A manutenção deve
preservar as máquinas, equipamentos e ferramentas, ajudar
na qualidade dos produtos, aumentar a participação dos
operários e proporcionar redução de custos do processo
produtivo;
• Redução de setup: A busca da vantagem competitiva em
custo leva uma empresa JIT a reduzir continuamente o tempo
de preparação (setup) das máquinas e equipamentos, para
aprodução de lotes pequenos, em resposta as exigências do
mercado;
• Automação Jidoka: A busca do aperfeiçoamento contínuo
do processo produtivo exige a plena utilização dos recursos
humanos, com a flexibilização e otimização da relação entre
o homem e a máquina. Este conceito é também conhecido
como autonomação (automação com toque humano),
conhecido como Jidoka;
• Balanceamento da produção: O conceito de balanceamento
da produção engloba as ferramentas do JIT e está associado
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à produção de lotes pequenos, transformando a fabricação
num sistema extremamente flexível.
TQM (Total Quality Management)
O sistema Just In Time, desde a sua origem, esteve fortemente
sustentado por um programa de qualidade total. A busca da vantagem
competitiva em custos impõe a produção de itens sem defeitos com
prazo de entrega e atendimento que deixem os clientes plenamente
satisfeitos.
TQM, Qualidade Total ou gerenciamento da qualidade total é um
conceito de controle que proporciona às pessoas, mais do que aos
gerentes e dirigentes, a responsabilidade pelos padrões de qualidade.
É o processo de envolver todos os membros da organização para
assegurar que cada atividade relacionada com a produção de
bens e serviços contribua para melhorar continuamente e atender
completamente às necessidades do cliente.
O tema central da qualidade total é bastante simples: a obrigação
de alcançar qualidade está nas pessoas que a produzem. Em outros
termos, os funcionários e não os gerentes são os responsáveis pelo
alcance de elevados padrões de qualidade. Os principais conceitos do
TQM são o CWQC e a Garantia da Qualidade.
O CWQC (Company Wide Quality Control) desenvolveu-se sobre o
princípio de que as atividades dos departamentos não devem ser
isoladas, mas constituir um trabalho interativo e coordenado. Este
trabalho visa não só efetuar um controle da qualidade integrada,
mas também que o controle de custo (controle de lucros e controle
dos preços), o controle da quantidade (quantidade de produção, de
vendas, de estoque) e o controle da entrega sejam incentivados e
integrados.
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Isto se baseia na premissa fundamental de que um fabricante
precisa desenvolver, produzir e vender mercadorias que satisfaçam
plenamente às necessidades do consumidor. Se o controle de custos
for rigorosamente administrado, a empresa poderá saber quanto lucro
obterá caso determinados focos de problemas sejam eliminados. Isto
é essencial para se obter vantagem competitiva em custo.
A garantia da qualidade é a própria essência da qualidade total.
Significa todo um sistema estruturado com o objetivo de garantir a
qualidade de um produto para que o consumidor possa comprá-lo
com confiança e usá-lo por longo tempo com satisfação e segurança.
A estratégia JIT de produção, que tem uma visão sistêmica do
empreendimento, exige garantia da qualidade com ênfase no
desenvolvimento de novos produtos. A vantagem competitiva em
custo exige que, a cada passo do processo total e do planejamento
de novos produtos aos serviços pós-venda, a avaliação seja conduzida
com rigor e a qualidade assegurada.
Ishikawa destaca três razões que embasam o valor da garantia da
qualidade, com ênfase no desenvolvimento de novos produtos:
1 - A menos que um sistema de garantia da qualidade seja
implementado desde o estágio de desenvolvimento de
novos produtos, nenhum programa de garantia da qualidade
adequado pode ser executado;
2 - O desenvolvimento de novos produtos deve ser a principal
preocupação da empresa;
3 - A garantia da qualidade deve começar no desenvolvimento
de novos produtos, para que todas as divisões da empresa,
desde a pesquisa de mercado até os serviços pós-venda,
possam realizar o controle e a garantia da qualidade.
A teoria e a prática precisam trabalhar juntas desde o estágio inicial do
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desenvolvimento de novos produtos. Além disso, é um pressuposto
básico da garantia da qualidade o enfoque na melhoria dos processos
e não na inspeção do produto. Se a qualidade faz parte de cada
processo, a inspeção deve ser desnecessária (e portanto, eliminada).
Principais ferramentas do TQM
Três atividades de garantia da qualidade têm influência na melhoria da
qualidade do produto e na redução dos custos: Círculos de Controle
da Qualidade (CCQ), Autocontrole e o Controle Estatístico do Processo
– CEP:
a) Círculo de Controle da Qualidade – CCQ: “Onde não houver
atividades dos círculos de CQ, não pode haver atividades
de qualidade total” (Ishikawa). Círculos de controle da
qualidade são pequenos grupos que se dedicam ao controle
da qualidade dentro da mesma área de trabalho, como parte
das atividades de controle da qualidade por toda a empresa.
Estes grupos se reúnem periodicamente (por exemplo, uma
vez por semana), de forma voluntária. Buscam a melhoria
do processo produtivo e o autodesenvolvimento, através do
diálogo e do uso de ferramentas de controle da qualidade.
Usando seus próprios conhecimentos sobre o trabalho e os
conhecimentos adquiridos em treinamentos, esses grupos
investigam as causas, propõem soluções e avaliam os
resultados;
b) Autocontrole: A filosofia JIT de produção parte da premissa
de que quem produz é responsável pela garantia da qualidade
dos seus produtos. A qualidade deve ser assegurada pela
produção e não pelo departamento de inspeção. Esta nova
postura diante do trabalho exige programas de treinamento
e educação que preparem os operários para executar o
autocontrole e a auto-inspeção do que produzem;
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c) Controle Estatístico do Processo – CEP: Uma ferramenta
poderosa para a efetivação do autocontrole na produção por
parte do operário é o Controle Estatístico do Processo. A teoria
do CEP foi desenvolvida na segunda metade dos anos 20,
pelo Dr. Walter A. Shewhart, da Bell Telephone Laboratories.
Ele analisou muitos processos diferentes e concluiu que todos
os processos de manufatura exibem variação.
Existem dois tipos de variação: a estável ou aleatória, inerente
ao processo, cujas causas são acidentais, e a intermitente, cujas
causas são atribuíveis ou especiais. As causas especiais podem ser
economicamente descobertas e eliminadas com um programa de
diagnóstico. As causas aleatórias não podem ser economicamente
descobertas e não podem ser removidas sem mudanças radicais no
processo. Um processo sem indicação de causa especial de variação é
considerado “sob controle estatístico”.
A variação de qualquer característica da qualidade de um produto
pode ser quantificada através de amostragem e estimação dos
parâmetros da sua distribuição estatística. Mudanças na distribuição
podem ser reveladas pelo gráfico destes parâmetros no tempo, as
Cartas de Controle de Processo, utilizados para:
1 - Determinar se um processo tem sido operado sob controle
estatístico e assinalar a presença de causas especiais de
variação e orientar ações corretivas;
2 - Manter o estado de controle estatístico, tendo como referência
os limites de controle das cartas.
As empresas JIT procuram treinar os seus operários para o uso das
cartas de controle, para que adquiram o pleno domínio sobre as
causas especiais de variação. Assim, a melhoria do processo pode ser
realizada eficazmente, uma vez conseguido e mantido o estado de
controle estatístico.
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Conclusão
Como temos visto desde o início do nosso curso, as correntes de
pensamento se formam como resposta às forças presentes em um
determinado momento histórico. O pensamento econômico busca
explicar as formas de criação e distribuição de riqueza. O pensamento
administrativo procura estruturar linhas de ação que maximizem os
resultados de uma organização ou, mais especificamente, de uma
empresa.
A escola japonesa de administração não é exceção. Os teóricos
japoneses da administração buscaram maneiras de melhorar as
condições de competitividade das suas empresas, debilitadas pela
guerra e pelo isolamento. É também preciso lembrar que o Japão é
um país pequeno e quase desprovido de recursos naturais. Quase
toda a matéria prima é importada, para não falar dos combustíveis.
A administração japonesa baseia-se, em última análise, na combinação
de valores tradicionais da cultura nipônica (sobriedade, disciplina,
empenho, simplicidade) com as técnicas (e o dinheiro) do Ocidente. O
que veio a distinguir as empresas japonesas foi a aplicação sistemática
de princípios e técnicas desenvolvidos no Ocidente (principalmente
no EUA), utilizando os escassos recursos disponíveis a partir de uma
ótica própria.
Provavelmente, os recentes fracassos e dificuldades da economia e
das empresas japonesas devem-se mais ao abandono dos seus valores
tradicionais do que ao seu esgotamento. Esta parte da História ainda
está sendo escrita: o que será das empresas japonesas? Conseguirão
superar as crises e se “reinventarem”? Ou estão destinadas a
desaparecer como alguns dos gigantes europeus e americanos do
passado empresarial que estamos terminando de estudar?
Na verdade, estas questões não se aplicam apenas às empresas
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japonesas, mas a todas as empresas. O que está acontecendo agora,
no início do século XXI? O que nos espera nos próximos anos? Qual
será o futuro da empresa, do emprego, do investimento? Em qual
mundo viveremos daqui 5, 15, 50 anos?
Tudo leva a crer que ninguém tenha respostas para estas questões.
Porém, podemos “arriscar” algumas considerações e quem sabe até
alguma previsões. É o que veremos nas nossas duas últimas aulas. Até
lá!
Esta aula foi dedicada ao estudo das características fundamentais dos
sistemas de gestão de qualidade típicos da administração japonesa.
Em resumo, pudemos verificar que a eficácia destes sistemas está mais
ligada à disciplina e ao empenho do que em “fórmulas mágicas”.
Na próxima aula abordaremos as tendências contemporâneas da
administração: reengenharia, downsizing, negócios eletrônicos, etc.
Até lá!
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Aula 14 - As Novas Tendências da Administração: A Gestão da Mudança
Objetivos da Aula
Desenvolver no aluno a capacidade de:
•Analisar o motivo pelo qual as empresas devem se transformar.
•Descrever as formas de desenvolver mudança organizacional.
•Caracterizar os principais tipos de mudança: contínua e
reengenharia
Introdução
Por que mudar?
O objetivo deste artigo é descrever a parte impressa da aula sobre
gestão da mudança do curso de graduação em Administração da
UVB. Esta aula visa a propiciar uma noção abrangente do processo
de mudança organizacional, especialmente sob o enfoque do
desenvolvimento das pessoas e dos sistemas gerenciais. A análise de
tais aspectos será o cerne das discussões em aula. Note que, apesar de
tal ênfase, é possível se compreender a gestão da mudança segundo
visões mais técnicas.
Mudar, antes que seja tarde. Esta expressão vem tomando conta do
dia-a-dia das empresas brasileiras desde a abertura dos mercados
e o seguimento, em termos de políticas econômicas, do chamado
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“consenso de Washington”, que estabeleceu a desregulamentação e
o liberalismo como carros chefes da economia mundial, inclusive para
os países “emergentes”.
A economia brasileira passa, desde então, por alterações significativas
que são, sem a pretensão de esgotamento do assunto, as seguintes:
a.Competidores Multinacionais e Mercados Globalizados;
b.Alterações dos interesses dos consumidores diante das
modificações dos padrões culturais advindos das facilidades
das comunicações e outras mudanças tecnológicas;
c.Diminuição significativa da presença do Estado, seguindo
as orientações da OMC (Organização Mundial do Comércio);
d.Estabilidade da moeda, que contribuiu para o fim dos
grandes índices de inflação e para o planejamento a mais
longo prazo;
e.Necessidade, não satisfeita, de trabalhadores com maiores
índices educacionais e capacidade de lidar com tecnologia
de ponta, especialmente tecnologia de informação.
Fora do Brasil, esta situação de “mutação ambiental” não é menos
verdadeira. Em sua análise das mudanças da Europa nos anos 80,
PETTIGREW (1991) aponta para o crescimento da competição e da
velocidade destas mudanças no período chamado por ele de “a era
das surpresas”. Segundo aquele autor, milhares de empregos foram
perdidos devido à automação da produção nas indústrias, ao mesmo
tempo em que muitos trabalhadores recuperaram seus empregos
devido ao aumento da demanda de produtos, causado pela redução
dos custos e preços.
Segundo HAYNES e ABERNATHY (1980), neste período surgiu a “nova
competição industrial”, um tipo de competição que confrontava
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as maiores indústrias dos Estados Unidos. As falhas e ortodoxias da
indústria americana teriam resultado na inaptidão em se adequar
aos novos padrões internacionais de competição. Estes padrões
foram estabelecidos, em grande parte, por uma série de mudanças
revolucionárias, especialmente na habilidade de companhias asiáticas
em conjugar altos níveis de inovação não apenas nos produtos, mas
também nos sistemas de produção e gerenciamento. Os autores
previram que “a base da competição teria mudado para refletir a agora
crucial importância de estratégias dirigidas para tecnologia”. Como se
pôde confirmar mais tarde, os modelos de produção asiáticos tiveram
enorme influência no processo de mudança organizacional da década
seguinte - Kanban, Just in Time, etc.
A partir destas alterações sócio-econômicas há indicações de que
empresas precisam incorporar mudanças e adequar seus processos
aos padrões exigidos pelo novo ambiente. É neste contexto que se
insere a aula ora apresentada. É necessário mudar ...
O que é mudança organizacional?
Existe uma extensa literatura e modelos de consultoria que visam
a auxiliar na construção de um campo de conhecimento e na
implementação de práticas eficazes de mudança nas empresas – são
as muitas reengenharias, renovações, downsizings etc.
Procura-se prover neste item alguns pontos deste grande arsenal de
idéias. Vale colocar, entretanto, que a exposição não visa ser do tipo
“estado da arte”, pois será seletiva nos autores revisados e enfoques
demonstrados. Isto porque existe uma variedade de abordagens
do tema e a discussão de sua totalidade é impraticável diante dos
objetivos desta disciplina.
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Talvez as primeiras perguntas que se colocam com respeito
ao assunto são:
(1)O que é Mudança Organizacional?
(2)É possível realmente gerenciar um processo de mudança?
(3)Como se faz isso?
As linhas seguintes deste item buscam delinear estas indagações
uma vez que seria muita pretensão dar respostas definitivas a
tema tão profundo.
A definição de Mudança Organizacional é problemática. Por se tratar
de um conceito fugaz, elaborar aqui uma conceitualização do mesmo
seria idiossincrasia e parcialidade. Usaremos para isto o “cubo da
mudança” de MINTZBERG (2000), que trata de questões semelhantes
ao modelo apresentado por FISCHER (2000), na busca de apreender o
conceito de mudança de forma geral e pragmática.
A face do cubo mostra as duas dimensões mais importantes da mudança:
a Estratégia da empresa (distinguida em visão, posição, programas
e produtos) e sua organização (cultura, estrutura organizacional,
sistemas de gestão e as pessoas). Ambas as dimensões devem ser
consideradas e integradas quando se muda uma organização. Aqui,
debate-se, portanto, a pergunta “o que mudar?”.
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Olhando para cima e para baixo no cubo vê-se que a Estratégia e
a organização podem variar de algo completamente conceitual
a algo tangível e concreto. Na parte da Estratégia, a visão é mais
conceitual, uma vez que compreende o repensar dos aspectos mais
básicos da instituição; o mesmo se dá com a cultura organizacional
quando se coloca atenção ao lado da organização à direita da
figura. Descendo o cubo observa-se os outros elementos (posições,
estrutura ...) que são menos amplos e, por conseguinte, mais simples
que serem mudados.
Em outras palavras, os elementos mais abrangentes e abstratos que se
pode mudar em uma empresa são sua visão e cultura, os mais concretos
são as pessoas (substituindo-as ou mudando seu comportamento) e
os produtos (desenvolvendo ou substituindo).
Evidentemente que alterar as formas mais abstratas e amplas em uma
instituição é mais complicado, mesmo que os últimos elementos do
cubo não sejam também facilmente mutáveis (imagine o esforço que
existe para o desenvolvimento de um novo produto). O que ocorre é
que, para alterar um elemento mais acima do cubo é preciso mudar
todos os abaixo dele. Por exemplo, não faz sentido mudar a estrutura
sem mudar sistemas e pessoas, ou mudar a visão sem repensar
posições estratégicas, programas e produtos.
Finalmente, tudo isto pode ser feito de maneira explícita e formal (por
exemplo através de um programa de Planejamento Estratégico ou de
reengenharia) ou informal (de maneira emergente).
O cubo de MINTZBERG (2000) assim como o modelo de FISCHER
(2000) denota um dos pontos mais importantes para se estudar e
implementar processos de mudanças: qualquer mudança séria em
uma organização inclui o cubo todo, isto é, necessita considerar a
Estratégia e a organização; o lado formal e o informal; os aspectos
concretos e abstratos.
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Como desenvolver um processo de mudança?
Tr ê s s ã o o s e l e m e n t o s e p i s t e m o l ó g i c o s c o n s t a n t e s n a
m u d a n ç a o r g a n i z a c i o n a l :
(1)Seus contextos interno e externo;
(2)Seu processo, isto é, a forma como ela é conduzida e
(3)Seu conteúdo propriamente dito.
Como um resumo de sua abordagem, PETTIGREW apud FLEURY e
FISCHER (1992, p. 147) afirma que: “o ‘que’ da mudança está contido
no item conteúdo, muito do ‘porquê’ da mudança deriva de uma
análise do contexto interno e externo, e o ‘como’ da mudança pode ser
compreendido pela análise do processo”. Essa abordagem necessita
que os gerentes desenvolvam “uma refinada e precisa percepção e
que pode-se relacionar também com o “poder de síntese” descrito
por PRAHALAD (1998).
Sob este aspecto, o processo de mudança deve ser considerado como
um projeto pedagógico que possibilite aos gestores da organização
um perfeito conhecimento do porque mudar, o que mudar o como
mudar. As mudanças percebidas como necessárias acontecem
quando as pessoas envolvidas no meio interno da organização
possuem caminhos de acesso ao meio externo e conseguem fazer
uma leitura e análise deste dois meios a fim de perceber e decidir
sobre as mudanças. Ou seja, quanto maior o nível de interação das
pessoas do meio interno com variáveis estratégicas do meio externo
mais facilmente poderá ser conduzido o processo de mudança, uma
vez que haverá uma pré-disposição daqueles que poderiam formar a
resistência para a mudança.
O conteúdo deve ser identificado através de um processo de
auto-reflexão em que as pessoas que gerenciam ou participam
do processo de mudança disponham de oportunidades de trocar
informações sobre a sua visão da situação e estejam abertos a ouvir
e aceitar a visão de seus pares até a obtenção do consenso sobre o
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que deve ser mudado. O processo de mudança muito mais do que
um processo racional de mudança de estratégias organizacionais
a ser seguido deve ser um processo de análise e aprendizagem
compartilhado (PETTIGREW, 1985).
A professora Rosa Maria Fischer da USP propôs uma adaptação
da concepção desenvolvida por Pettigrew, dividindo a análise do
contexto em duas partes distintas: contexto externo e contexto interno,
mantendo o conteúdo e o processo como teorizados anteriormente.
Na análise do contexto externo, deve-se compreender a historicidade
da organização, entendo os fatos marcantes desde sua origem
e que assumiram papel crítico na formação de sua cultura como
organização. Igualmente importante é a identificação dos stakeholders
e a compreensão do poder de influência que cada um exerce sobre a
organização estudada.
Outro ponto de destaque é a necessidade de se estabelecer os limites e
observar a abrangência do contexto interno. A análise deste contexto
deve compreender principalmente a cultura da organização, ou seja:
valores, crenças e atitudes dos membros da organização. Importante
também é o entendimento de como acontecem as relações internas,
a comunicação e o processo de tomada de decisão.
Para FISCHER (2000), a análise do conteúdo - do “o que?” da mudança
- deve compreender a estrutura da organização, os modelos de
gestão adotados, seus sistemas implantados/utilizados, seus
processos e os perfis. O conteúdo da mudança deve, assim, estar
alinhado com a organização.
O último elemento a ser considerado, mas não menos importante
que os outros, é a concepção do processo, ou “o como?” da mudança.
Para isso, FISCHER (2000) argumenta que é necessário construir bases
para o comprometimento das pessoas através do reconhecimento da
necessidade de mudança, do aumento do nível de conscientização
dos partícipes da organização e do envolvimento dos diversos grupos
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que integram a organização. Uma vez que o comprometimento
pode ser obtido quando se tem entendimento da situação e das
possibilidades, ao menos mais próximas, de direção a seguir é
interessante que seja adotado o trabalho em grupo com a realização
de workshop para discussão e compartilhamento de informações
e impressões. Segue-se a necessidade de se avaliar o que está em
jogo para os principais envolvidos e a disposição para continuar.
Com isso busca-se a integração de ações de todos os envolvidos. A
explicitação e o debate de idéia a respeito da organização é um meio
poderoso de criação e fortalecimento da identidade bem como das
lideranças organizacionais.
Conseguida a aprovação e o comprometimento bem como o
entendimento da situação com a identificação dos diversos
stakeholders envolvidos, pode-se partir para o desenho das
mudanças, apresentando-se linhas de ação para serem discutidas e
implementadas em consenso com os demais membros do grupo.
Não se pode esperar que o processo seja democrático pois em
muitas oportunidades o conflito de interesses ou de opiniões será
inevitável. Desta forma, deve-se preservar a autoridade hierárquica
da organização, em quem recai a responsabilidade maior por todas as
decisões tomadas, para que em determinados momentos possa haver
um caminho a seguir e a continuidade do processo seja assegurada.
O enfoque na relação entre contexto externo e conteúdo é uma
das fraquezas da literatura sobre estratégia. Consequentemente é
uma fraqueza também da literatura e dos processos de mudança
organizacional, onde “soluções planejadas” não obtém o nível de
aceitação ideal. Como saída a esse entrave, PETTIGREW sugere que
deve haver uma maior ligação do contexto externo e do conteúdo
com o contexto interno, considerando-se o processo como meio de
ligação entre eles.
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Esse aspecto também é apontado por FISCHER (2000). Para a autora,
muitas vezes a percepção da necessidade da mudança não nasce do
diagnóstico das deficiências da empresa, ou efetivamente da realização
da prospecção estratégica abalizada. Nasce sim, de experimentação
de novos modelos teóricos acessíveis e inteligíveis ao grupo gestor do
processo de mudança.
Quando se fala em contexto interno parte-se para um campo onde
o comportamento das pessoas envolvidas é fundamental. BEER,
EISENSTAT e SPECTOR (1990) afirmam que a maneira mais efetiva de
promover mudanças comportamentais é colocar as pessoas em um
novo contexto organizacional, com novas regras, responsabilidades e
relacionamentos. Segundo HAMEL (1998), as empresas devem admitir
que a hierarquia existente dentro das empresas é uma hierarquia de
experiência e não uma hierarquia de imaginação.
O processo de gestão da mudança em uma organização deve ser
integrado, ou seja, pode haver inúmeras linhas de ação ou projetos
específicos, mas cada qual deve preservar a harmonia com os focos
estratégicos da mudança. É comum haver disputa por recursos
econômicos entre as diversas linhas de ação. Assim, é necessária a
organização destas em termos de prioridades ou de relevância uma
vez que recursos econômicos são escassos.
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Aula 15 Desafios Futuros para Administração
Introdução:
As teorias administrativas têm evoluído com o tempo. As pesquisas
e o amadurecimento da atividade empresarial vêm adicionando
elementos outrora não considerados. Durante este curso, procuramos
discutir exatamente esta evolução. Notamos que a EPA se dá de
maneira a responder às demandas do ambiente externo. Por exemplo,
as teorias de Taylor e Fayol eram condizentes ao cenário econômico e
empresarial de suas épocas.
Assim, as teorias administrativas evoluem em conjunto com o
processo de modernização da sociedade. Talvez nenhuma outra área,
mesmo as ligadas à tecnologia, represente tão bem esta tendência.
O processo de modernização advém da consolidação da autoridade
racional-legal, em substituição à autoridade tradicional, carismática,
advinda de direito de nascimento ou conquista.
Desde os primórdios da humanidade, a História tem mostrado que o
ser humano é fortemente impulsionado pelo desejo de incrementar
o seu padrão de vida, através do controle das forças da Natureza e
do seu meio-ambiente. Desde as comunidades primitivas dedicadas a
atividades extrativas, passando pelo pastoreio e pela a agricultura de
subsistência, até os dias atuais, é neste sentido que as organizações
humanas têm se desenvolvido.
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As organizações humanas têm evoluído em complexidade, sempre
no sentido de proporcionar a seus membros melhores condições de
subsistência e maior conforto material. Em resumo, os seres humanos
se associam para conseguir, por meio do esforço conjunto, atingir
determinados objetivos.
O objetivo desta aula é sintetizar alguns dos conteúdos vistos
anteriormente. A administração moderna é o resultado histórico
de diversos fatores, que se integraram e contribuíram uns com
os outros para que hoje tenhamos essa “ciência” tão completa e
indispensável para a existência de todos. Não que ela tenha sido
criada ou inventada por alguém, há centenas e centenas de anos atrás
as pessoas, ou algumas delas, já administravam, porém não sabiam
o que estavam realizando, apenas faziam isso pelos seus próprios
instintos e personalidades, portanto não imaginavam a contribuição
que estavam trazendo para a humanidade.
Percebemos então que a Administração não segue somente uma
linha de raciocínio, sua herança não permite isso, assim sendo, não
é de se estranhar que a moderna Administração utilize largamente
certos conceitos e princípios descobertos e utilizados nas Ciências
Matemáticas (inclusive a Estatística), nas Ciências Humanas (como a
Psicologia, Sociologia, Biologia, Educação etc.), nas Ciências Físicas
(como a Física, Química etc.), como também no Direito, Engenharia
etc.
A história nos demonstra que a maioria dos empreendimentos
militares, sociais, políticos, econômicos e religiosos teve uma estrutura
orgânica piramidal. Embora de forma não muito regular, essa pirâmide
retrata uma estrutura hierárquica, concentrando no vértice as funções
de poder e de decisão. A teoria da estrutura hierárquica não é nova:
Platão, Aristóteles e Hamurabi já tratavam dela. A Bíblia nos conta
os conselhos de Jetro, sogro de Moisés e sacerdote de Midiã que,
notando as dificuldades do genro em atender ao povo e julgar suas
lides, num dia em que aguardava o líder durante o dia inteiro em uma
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fila, resolveu-lhe propor: escolheu homens capazes de todo o Israel,
e delegou-lhes autoridade como se fossem os seus representantes
– chefes de 1000, chefes de 100, chefes de 50 e chefes de 10 – que
dali para frente passaram a exercer jurisdição, conforme o nível de
competência delegada. Todas as causas simples julgaram-nas eles
mesmos, enquanto apenas as mais graves trouxeram-nas a Moisés.
Em toda a sua longa história até o início do século XX, a Administração
se desenvolveu com uma lentidão impressionante. Somente a partir
deste século passou por fases de desenvolvimento de notável potência
e inovação. Enquanto nos dias de hoje a sociedade da maioria dos
países desenvolvidos é uma sociedade pluralista de organizações,
onde a maior parte das obrigações sociais (como a produção, a
prestação de um serviço especializado de educação ou de atendimento
hospitalar, a garantia da defesa nacional ou a preservação do meio
ambiente) é confiada a organizações (como indústrias, universidades
e escolas, hospitais, exército e organizações de serviços públicos)
que são administradas por grupos diretivos próprios para se tornar
mais eficazes, no final do século XIX a sociedade era completamente
diferente. As organizações eram poucas e pequenas: predominavam
as pequenas oficinas, os artesãos independentes, as pequenas escolas,
os profissionais autônomos (como os médicos e os advogados que
trabalhavam por conta própria), o lavrador, o armazém da esquina etc.
Apesar de sempre ter existido o trabalho na história da humanidade,
a história das organizações e da sua administração é um capítulo que
teve o seu início há pouco tempo.
A Teoria da Administração Científica surgiu com a publicação do
livro Os Princípios da Administração Científica, em 1911, de Frederick
Winslow Taylor. Por esse motivo Taylor entrou para a história como
o fundador da administração moderna, e sua teoria além de ter sido
a primeira, exerceu forte influência sobre outras teorias que seriam
desenvolvidas posteriormente.
Frederick Winslow Taylor (1856-1915), nasceu na Filadélfia, nos Estados
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Unidos da América do Norte – EUA. Filho de uma família Quaker de
classe média alta, foi educado segundo os princípios rígidos de sua
religião como a disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Tinha
tanto fascínio pelas chamadas “ciências exatas”, particularmente a
engenharia mecânica, chegando a ter mais de cinqüenta patentes
de invenções sobre máquinas, ferramentas e processos de trabalho.
Contrariamente os jovens de sua época e classe social, ao invés de
ir para a Universidade, seguindo o desejo do pai que queria vê-lo
formado em direito, optou por começar sua vida profissional como
um simples operário, sendo que só se formaria muito tempo mais
tarde após fazer um curso noturno em engenharia mecânica.
Henri Fayol, fundador da teoria Clássica da Administração, nasceu em
Constantinopla, atual cidade de Istambul, na Turquia, e faleceu em
Paris Filho de uma rica família francesa, formou-se com apenas 19 anos
de idade em engenharia de minas, iniciando sua vida profissional logo
em seguida em sua empresa carbonífera e metalúrgica francesa onde
desenvolveu toda sua carreira. Aos 25 anos já era gerente de minas
e aos 47 assumia a gerência geral da empresa. Devido sua formação
em engenharia acreditava como Taylor, que a Administração era
uma ciência exata, e por isso utilizou métodos próprios dessa área da
ciência em seus estudos e pesquisas sobre as organizações.
Outro ícone e também seguidor das premissas estabelecidas por
Taylor. Fayol defendia que toda empresa possuía as seguintes funções
básicas:
· funções técnicas: relacionadas com a produção de bens das
empresas;
· funções comerciais: relacionadas com as compras, vendas e
permutas (trocas);
· funções financeiras: relacionadas com a procura e o
gerenciamento do capital;
· funções de segurança: relacionadas com a proteção e
preservação dos recursos humanos e matérias da
empresa;
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· funções contábeis: relacionadas com inventários, registros,
balanços etc;
· funções administrativas: relacionadas com integração da
cúpula das outras cinco funções. As funções
administrativas coordenam e sincronizam as demais funções
da empresa pairando (flutuando) sempre sobre elas.
Na década de 1950 iniciou-se a abordagem das relações humanas. Com
uma Abordagem Humorística, a preocupação com a máquina e com
o método de trabalho e a preocupação com a organização formal e os
princípios de Administração aplicáveis aos aspectos organizacionais,
cedem prioridade para a preocupação com o homem e seu grupo
social – dos aspectos técnicos e formais para os aspectos psicológicos
e sociológicos.
A Teoria das Relações Humanas surgiu nos Estados Unidos como
conseqüência imediata das conclusões obtidas na Experiência em
Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores. Foi
basicamente um movimento de reação e de oposição à Teoria Clássica
da Administração.
A Escola das Relações Humanas é o grande contraponto às teorias
de Taylor e Fayol, por afirmar que o trabalho é uma atividade grupal
e que os indivíduos têm motivações não econômicas (psicológicas)
para o trabalho. A teoria das Relações Humanas só ganhou expressão
após a morte de Taylor, a partir do início da década de 30.
A partir da Abordagem Humanística, a Teoria Administrativa sofreu
uma verdadeira revolução conceitual, transferindo a ênfase do
pensamento administrativo dos processos (Taylor) e da estrutura
(Fayol) para as pessoas que trabalhavam na organização.
Seu surgimento deveu-se em grande parte ao desenvolvimento da
Psicologia, bem como às modificações ocorridas no panorama social,
econômico e político da época, principalmente o advento da Grande
Recessão dos anos 30, que forçou as empresas a redefinirem seus
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conceitos de produtividade.
A Teoria das Relações Humanas (também denominada Escola
Humorística da Administração) surgiu nos Estados Unidos, como
conseqüência imediata das conclusões obtidas e desenvolvidas por
Elton Mayo e seus colaboradores. Foi basicamente um movimento de
reação e de oposição à Teoria Clássica da Administração. Assim, a Teoria
das Relações Humanas nasceu da necessidade de se corrigir a forte
tendência a desumanização do trabalho surgida com a aplicação de
métodos rigorosos, científicos e precisos, aos quais os trabalhadores
deveriam forçosamente se submeter.
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