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Índice 1 www.apostilastop.com.br www.apostilastop.com.br CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Técnico Bancário Novo - Carreira Administrativa EDITAL Nº 1, DE 22 DE JANEIRO DE 2014 LÍNGUA PORTUGUESA: 1 Compreensão e interpretação de textos. ................................................................................................................................... 01 2 Tipologia textual.......................................................................................................................................................................... 07 3 Ortograia oicial. ........................................................................................................................................................................ 21 4 Acentuação gráica. ..................................................................................................................................................................... 30 5 Emprego das classes de palavras. .............................................................................................................................................. 32 6 Emprego do sinal indicativo de crase. ....................................................................................................................................... 57 7 Sintaxe da oração e do período. ................................................................................................................................................. 60 8 Pontuação. ................................................................................................................................................................................... 75 9 Concordância nominal e verbal. ................................................................................................................................................ 78 10 Regência nominal e verbal. ...................................................................................................................................................... 83 11 Signiicação das palavras. ......................................................................................................................................................... 86 12 Redação Oicial ........................................................................................................................................................................ 89. MATEMÁTICA: 1 Juros simples e compostos: capitalização e descontos. ............................................................................................................ 01 2 Taxas de juros: nominal, efetiva, equivalentes, proporcionais, real e aparente. .................................................................... 11 3 Planos ou sistemas de amortização de empréstimos e inanciamentos. ................................................................................. 18 4 Cálculo inanceiro: custo real efetivo de operações de inanciamento, empréstimo e investimento. .................................. 24 5 Números e grandezas proporcionais: razões e proporções; divisão em partes proporcionais; regra de três; porcentagem e problemas............................................................................................................................................................................................... 27 RACIOCÍNIO LÓGICO: 1 Princípios do raciocínio lógico: conectivos lógicos; diagramas lógicos; lógica de argumentação; interpretação de informações de natureza matemática; probabilidade. ....................................................................................................................................... 01/18 ATUALIDADES: 1 Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais que desenvolvimento sustentável, ecologia, economia, educação, educação a distância, energia, política, redes sociais (Twitter, Facebook, Google+, Linkedin), relações internacionais, responsabilidade socioambiental, segurança, sociedade e tecnologia. ...................................................................................................................... 01/12 ÉTICA: 1 Conceito de ética. ........................................................................................................................................................................ 01 2 Ética aplicada: noções de ética empresarial e proissional...................................................................................................... 02 3 A gestão da ética nas empresas públicas e privadas. ............................................................................................................... 07 4 Código de Ética da CAIXA (disponível no sítio da CAIXA na Internet) .............................................................................. 09 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA: 1 Lei nº 7.998/1990 (Programa Desemprego e Abono Salarial - beneiciários e critérios para saque); Lei nº 8.036/1990 (FGTS: possibilidades e condições de utilização/ saque; Certiicado de Regularidade do FGTS; Guia de Recolhimento (GRF); Lei Complementar nº 7/1970 (PIS). ........................................................................................................................................................... 01

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    CAIXA ECONMICA FEDERALTcnico Bancrio Novo - Carreira Administrativa

    EDITAL N 1, DE 22 DE JANEIRO DE 2014

    LNGUA PORTUGUESA:

    1 Compreenso e interpretao de textos. ................................................................................................................................... 01

    2 Tipologia textual.......................................................................................................................................................................... 07

    3 Ortograia oicial. ........................................................................................................................................................................ 21 4 Acentuao grica. ..................................................................................................................................................................... 30 5 Emprego das classes de palavras. .............................................................................................................................................. 32 6 Emprego do sinal indicativo de crase. ....................................................................................................................................... 57 7 Sintaxe da orao e do perodo. ................................................................................................................................................. 60

    8 Pontuao. ................................................................................................................................................................................... 75

    9 Concordncia nominal e verbal. ................................................................................................................................................ 78 10 Regncia nominal e verbal. ...................................................................................................................................................... 83 11 Signiicao das palavras. ......................................................................................................................................................... 86 12 Redao Oicial ........................................................................................................................................................................ 89.

    MATEMTICA:

    1 Juros simples e compostos: capitalizao e descontos. ............................................................................................................ 01 2 Taxas de juros: nominal, efetiva, equivalentes, proporcionais, real e aparente. ....................................................................11 3 Planos ou sistemas de amortizao de emprstimos e inanciamentos. ................................................................................. 18 4 Clculo inanceiro: custo real efetivo de operaes de inanciamento, emprstimo e investimento. .................................. 24 5 Nmeros e grandezas proporcionais: razes e propores; diviso em partes proporcionais; regra de trs; porcentagem e

    problemas ............................................................................................................................................................................................... 27

    RACIOCNIO LGICO:

    1 Princpios do raciocnio lgico: conectivos lgicos; diagramas lgicos; lgica de argumentao; interpretao de informaes de natureza matemtica; probabilidade. ....................................................................................................................................... 01/18

    ATUALIDADES:

    1 Tpicos relevantes e atuais de diversas reas, tais que desenvolvimento sustentvel, ecologia, economia, educao, educao a distncia, energia, poltica, redes sociais (Twitter, Facebook, Google+, Linkedin), relaes internacionais, responsabilidade socioambiental, segurana, sociedade e tecnologia. ...................................................................................................................... 01/12

    TICA:

    1 Conceito de tica. ........................................................................................................................................................................ 01 2 tica aplicada: noes de tica empresarial e proissional...................................................................................................... 02 3 A gesto da tica nas empresas pblicas e privadas. ............................................................................................................... 07 4 Cdigo de tica da CAIXA (disponvel no stio da CAIXA na Internet) .............................................................................. 09

    LEGISLAO ESPECFICA:

    1 Lei n 7.998/1990 (Programa Desemprego e Abono Salarial - beneicirios e critrios para saque); Lei n 8.036/1990 (FGTS: possibilidades e condies de utilizao/ saque; Certiicado de Regularidade do FGTS; Guia de Recolhimento (GRF); Lei Complementar n 7/1970 (PIS). ........................................................................................................................................................... 01

    Conceito de Cultura Organizacional

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    2 Artigo 37 da Constituio Federal (Princpios constitucionais da Administrao Pblica: Princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eicincia). ..................................................................................................................... 13

    3 Lei n 10.836/2004 (Bolsa Famlia). ........................................................................................................................................... 14

    CONHECIMENTOS ESPECFICOS

    (PARA TODOS OS POLOS, EXCETO PARA OS POLOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAO - TI - DF, RJ E SP)

    ATENDIMENTO:

    1 Legislao: Lei n 8.078/1990 (dispe sobre a proteo do consumidor e d outras providncias); Resolues CMN/Bacen n 3.694/2009 (dispe sobre a preveno de riscos na contratao de operaes e na prestao de servios por parte de instituies inanceiras) e alteraes posteriores. ................................................................................................................................................... 01

    2 Marketing em empresas de servios: marketing de relacionamento. .................................................................................... 13 3 Satisfao, valor e reteno de clientes. .................................................................................................................................... 15 4 Propaganda e promoo. ............................................................................................................................................................ 16

    5 Telemarketing. ............................................................................................................................................................................. 18 6 Vendas: tcnicas de vendas de produtos e servios inanceiros do setor bancrio ................................................................ 19

    CONHECIMENTOS BANCRIOS:

    1 Abertura e movimentao de contas: documentos bsicos. .................................................................................................... 01 2 Pessoa fsica e pessoa jurdica: capacidade e incapacidade civil, representao e domiclio. .............................................. 02 3 Cheque: requisitos essenciais, circulao, endosso, cruzamento, compensao. .................................................................. 04 4 Sistema de pagamentos brasileiro. ............................................................................................................................................ 05 5 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional (SFN): Conselho Monetrio Nacional; Banco Central do Brasil; Comisso de

    Valores Mobilirios; Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional; bancos comerciais; caixas econmicas; cooperativas de crdito; bancos comerciais cooperativos; bancos de investimento; bancos de desenvolvimento; sociedades de crdito, inanciamento e investimento; sociedades de arrendamento mercantil; sociedades corretoras de ttulos e valores mobilirios; sociedades distribuidoras de ttulos e valores mobilirios; bolsas de valores; bolsas de mercadorias e de futuros; Sistema Especial de Liquidao e Custdia (SELIC); Central de Liquidao Financeira e de Custdia de Ttulos (CETIP); sociedades de crdito imobilirio; associaes de poupana e emprstimo; sistema de seguros privados: sociedades de capitalizao; Previdncia Complementar: entidades abertas e entidades fechadas de previdncia privada. ....................................................................................................................................... 08

    6 Noes de poltica econmica, noes de poltica monetria, instrumentos de poltica monetria, formao da taxa de juros. ............................................................................................................................................................................................... 35

    7 Mercado Financeiro. 7.1 Mercado monetrio. 7.2 Mercado de crdito. 7.3 Mercado de capitais: aes - caractersticas e direitos, debntures, diferenas entre companhias abertas e companhias fechadas, funcionamento do mercado vista de aes, mercado de balco. 7.4 Mercado de cmbio: instituies autorizadas a operar; operaes bsicas; contratos de cmbio - caractersticas; taxas de cmbio; remessas; SISCOMEX. .......................................................................................................................................................... 38

    8 Mercado primrio e mercado secundrio. ................................................................................................................................ 52 9 Produtos bancrios: Programa Minha Casa Minha Vida; Crdito Rural - Agronegcio; Microcrdito Produtivo Orientado;

    Cartes; Penhor; Loterias; Financiamento Estudantil (FIES). 10 Correspondentes Bancrios................................................... 53

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    1. Compreenso e Interpretao de Textos.

    Interessa a todos saber que procedimento se deve adotar para tirar o maior rendimento possvel da leitura de um texto. Mas no se pode responder a essa pergunta sem antes destacar que no existe para ela uma soluo mgica, o que no quer dizer que no exista soluo alguma. Genericamente, pode-se airmar que uma leitura proveitosa pressupe, alm do conhecimento lingustico propriamente dito, um repertrio de informaes exteriores ao texto, o que se costuma chamar de conhecimento de mundo. A compreenso do texto depende tambm do conhecimento de mundo, o que nos leva concluso de que o aprendizado da leitura depende muito das aulas de Portugus, mas tambm de todas as outras disciplinas sem exceo.

    Uma boa medida para avaliar se o texto foi bem compreendido a resposta a

    trs questes bsicas: - Qual a questo de que o texto est tratando? Ao tentar

    responder a essa pergunta, o leitor ser obrigado a distinguir as questes secundrias da principal, isto , aquela em torno da qual gira o texto inteiro. Quando o leitor no sabe dizer do que o texto est tratando, ou sabe apenas de maneira genrica e confusa, sinal de que ele precisa ser lido com mais ateno ou de que o leitor no tem repertrio suiciente para compreender o que est diante de seus olhos.

    - Qual a opinio do autor sobre a questo posta em discusso? Disseminados pelo texto, aparecem vrios indicadores da opinio de quem escreve. Por isso, uma leitura competente no ter diiculdade em identiic-la. No saber dar resposta a essa questo um sintoma de leitura desatenta e dispersiva.

    - Quais so os argumentos utilizados pelo autor para fundamentar a opinio dada? Deve-se entender por argumento todo tipo de recurso usado pelo autor para convencer o leitor de que ele est falando a verdade. Saber reconhecer os argumentos do autor tambm um sintoma de leitura bem feita, um sinal claro de que o leitor acompanhou o desenvolvimento das ideias. Na verdade, entender um texto signiica acompanhar com ateno o seu percurso argumentativo.

    O primeiro passo para interpretar um texto consiste em decomp-lo, aps uma primeira leitura, em suas ideias bsicas ou ideias ncleo, ou seja, um trabalho analtico buscando os conceitos deinidores da opinio explicitada pelo autor. Esta operao far com que o signiicado do texto salte aos olhos do leitor. Ler uma atividade muito mais complexa do que a simples interpretao dos smbolos gricos, de cdigos, requer que o indivduo seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorporando-o sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivduo mantenha um comportamento ativo diante da leitura.

    Os diferentes nveis de leitura

    Para que isso acontea, necessrio que haja maturidade para a compreenso do material lido, seno tudo cair no esquecimento ou icar armazenado em nossa memria sem uso, at que tenhamos condies cognitivas para utilizar. De uma forma geral, passamos por diferentes nveis ou etapas at termos condies de aproveitar totalmente o assunto lido. Essas etapas ou nveis so cumulativas e vo sendo adquiridas pela vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.

    O Primeiro Nvel elementar e diz respeito ao perodo de alfabetizao. Ler uma capacidade cerebral muito soisticada e requer experincia: no basta apenas conhecermos os cdigos, a gramtica, a semntica, preciso que tenhamos um bom domnio da lngua.

    O Segundo Nvel a pr-leitura ou leitura inspecional. Tem duas funes especicas: primeiro, prevenir para que a leitura posterior no nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade, de nossa primeira impresso sobre o texto. a leitura que comumente desenvolvemos nas livrarias. Nela, por meio do salteio de partes, respondem basicamente s seguintes perguntas:

    - Por que ler este livro?- Ser uma leitura til?- Dentro de que contexto ele poder se enquadrar? Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que

    se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se voc se propuser a ler um texto sem interesse, com olhar crtico, rejeitando-o antes de conhec-lo, provavelmente o aproveitamento ser muito baixo. Ler armazenar informaes; desenvolver; ampliar horizontes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever melhor; relacionar-se melhor com o outro.

    O Terceiro Nvel conhecido como analtico. Depois de vasculharmos bem o texto na pr-leitura, analisamos. Para isso, imprescindvel que saibamos em qual gnero o texto se enquadra: trata-se de um romance, um tratado, uma notcia de jornal, revista, entrevista, neste caso, existe apenas teoria ou so inseridas prticas e exemplos. No caso de ser um texto terico, que requeira memorizao, procure criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmente, o que est lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto. Note bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a fazer ser capaz de resumir o assunto do texto em duas frases. J temos algum contedo para isso, pois o encadeamento das ideias j de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o texto, do incio ao im. Esta a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Fique atento! Aproveite todas as informaes que a pr-leitura ofereceu. No pare a leitura para buscar signiicados de palavras em dicionrios ou sublinhar textos, isto ser feito em outro momento.

    O Quarto Nvel de leitura o denominado de controle. Trata-se

    de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com qualquer dvida que ainda persista. Normalmente, os termos desconhecidos de um texto so explicitados neste prprio texto, medida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicolgico far com que iquemos com aquela dvida incomodando-nos at que tenhamos a resposta. Caso no haja explicao no texto, ser na etapa do controle que lanaremos mo do dicionrio. Veja bem: a esta altura j conhecemos bem o texto e o ato de interromper a leitura no vai fragmentar a compreenso do assunto como um todo. Ser, tambm, nessa etapa que sublinharemos os tpicos importantes, se necessrio. Para ressaltar trechos importantes opte por um sinal discreto prximo a eles, visando principalmente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a ixar a cronologia e a sequncia deste fato importante, situando-o. Aproveite bem esta etapa de leitura.

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    Um Quinto Nvel pode ser opcional: a etapa da repetio aplicada. Quando lemos, assimilamos o contedo do texto, mas aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prtica, ou seja, que tenhamos experincia do que foi lido na vida. Voc s pode compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada como unir a teoria prtica. Na leitura, quando no passamos pela etapa da repetio aplicada, icamos muitas vezes sujeitos queles brancos quando queremos evocar o assunto. Observe agora os trechos sublinhados, trace um diagrama sobre o texto, esforce-se para traduzi-lo com suas prprias palavras. Procure associar o assunto lido com alguma experincia j vivida ou tente exempliic-lo com algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando para uma turma de alunos interessados. importante lembrar que esquecemos mais nas prximas 8 horas do que nos 30 dias posteriores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e ao retornarmos ao texto, consultamos as anotaes. No pense que um exerccio montono. Ns somos capazes de realizar diariamente exerccios fsicos com o propsito de melhorar a aparncia e a sade. Pois bem, embora no tenhamos condies de ver com o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando melhoramos nossas aptides como o raciocnio, a prontido de informaes e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale a pena se esforar no incio e criar um mtodo de leitura eiciente e rpido.

    Ideias Ncleo

    O primeiro passo para interpretar um texto consiste em decomp-lo, aps uma primeira leitura, em suas ideias bsicas ou ideias ncleo, ou seja, um trabalho analtico buscando os conceitos deinidores da opinio explicitada pelo autor. Esta operao far com que o signiicado do texto salte aos olhos do leitor. Exemplo:

    Incalculvel a contribuio do famoso neurologista austraco no tocante aos estudos sobre a formao da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e subconsciente. Comeou estudando casos clnicos de comportamentos anmalos ou patolgicos, com a ajuda da hipnose e em colaborao com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o mtodo que at hoje usado pela psicanlise: o das livres associaes de ideias e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o im de descobrir a fonte das perturbaes mentais. Para este caminho de regresso s origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da linguagem onrica dos pacientes, considerando os sonhos como compensao dos desejos insatisfeitos na fase de viglia.

    Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da poca, foi a apresentao da tese de que toda neurose de origem sexual.

    (Salvatore DOnofrio)

    Primeiro Conceito do Texto: Incalculvel a contribuio do famoso neurologista austraco no tocante aos estudos sobre a formao da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente e subconsciente. O autor do texto airma, inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a cincia a compreender os nveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente e subconsciente.

    Segundo Conceito do Texto: Comeou estudando casos clnicos de comportamentos anmalos ou patolgicos, com a ajuda da hipnose e em colaborao com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o mtodo que at hoje usado pela psicanlise: o das livres associaes de ideias e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente com o im de descobrir a fonte das perturbaes mentais. A segunda ideia ncleo mostra que Freud deu incio a sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse mtodo, criou o das livres associaes de ideias e de sentimentos.

    Terceiro Conceito do Texto: Para este caminho de regresso s origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da linguagem onrica dos pacientes, considerando os sonhos como compensao dos desejos insatisfeitos na fase de viglia. Aqui, est explicitado que a descoberta das razes de um trauma se faz por meio da compreenso dos sonhos, que seriam uma linguagem metafrica dos desejos no realizados ao longo da vida do dia a dia.

    Quarto Conceito do Texto: Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da poca, foi a apresentao da tese de que toda neurose de origem sexual. Por im, o texto airma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, airmando a novidade de que todo o trauma psicolgico de origem sexual.

    QUESTES(CESPE/UnB Analista do MPU Apoio Jurdico/2013)

    Se considerarmos o panorama internacional, perceberemos que o Ministrio Pblico brasileiro singular. Em nenhum outro pas, h um Ministrio Pblico que apresente peril institucional semelhante ao nosso ou que ostente igual conjunto de atribuies.

    Do ponto de vista da localizao institucional, h grande diversidade de situaes no que se refere aos Ministrios Pblicos dos demais pases da Amrica Latina. Encontra-se, por exemplo, Ministrio Pblico dependente do Poder Judicirio na Costa Rica, na Colmbia e, no Paraguai, e ligado ao Poder Executivo, no Mxico e no Uruguai.

    Constata-se, entretanto, que, apesar da maior extenso de obrigaes do Ministrio Pblico brasileiro, a relao entre o nmero de integrantes da instituio e a populao uma das mais desfavorveis no quadro latino-americano. De fato, dados recentes indicam que, no Brasil, com 4,2 promotores para cada 100 mil habitantes, h uma situao de clara desvantagem no que diz respeito ao nmero relativo de integrantes. No Panam, por exemplo, o nmero de 15,3 promotores para cada cem mil habitantes; na Guatemala, de 6,9; no Paraguai, de 5,9; na Bolvia, de 4,5. Em situao semelhante ou ainda mais crtica do que o Brasil, esto, (l.11) por exemplo, o Peru, com 3,0; a Argentina, com 2,9; e, por im, o Equador, com a mais baixa relao: 2,4. correto dizer que h naes (l.12) proporcionalmente com menos promotores que o Brasil. No entanto, as atribuies do Ministrio Pblico brasileiro so muito mais (l.13) extensas do que as dos Ministrios Pblicos desses pases.

    Maria Tereza Sadek. A construo de um novo Ministrio Pblico

    resolutivo. Internet: (com adaptaes).

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    (l.11) linha 11 no texto original(l.12) linha 12 no texto original(l.13) linha 13 no texto original

    Julgue os itens seguintes com (C) quando a airmativa estiver Correta e com (E) quando a airmativa estiver Errada. Itens relativos s ideias e a aspectos lingusticos do texto acima.

    01. Os dados expostos no terceiro pargrafo indicam que os proissionais do Ministrio Pblico brasileiro so mais eicientes que os dos rgos equivalentes nos demais pases da Amrica do Sul.

    02. Com base nos dados apresentados no texto, correto concluir que a situao do Brasil, no que diz respeito ao nmero de promotores existentes no Ministrio Pblico por habitante, est pior que a da Guatemala, mas melhor que a do Peru.

    03. Seriam mantidas a coerncia e a correo gramatical do texto se, feitos os devidos ajustes nas iniciais maisculas e minsculas, o perodo correto (...) o Brasil (l.11-12) fosse iniciado com um vocbulo de valor conclusivo, como logo, por conseguinte, assim ou porquanto, seguido de vrgula.

    04. O objetivo do texto provar que o nmero total de promotores no Brasil menor que na maioria dos pases da Amrica Latina.

    05. No primeiro perodo do terceiro pargrafo, estabelecido contraste entre a maior extenso das obrigaes do Ministrio Pblico brasileiro, em comparao com as de rgos equivalentes em outros pases, e o nmero de promotores em relao populao do pas, o que evidencia situao oposta que se poderia esperar.

    06. No ltimo perodo do texto, a palavra atribuies est subentendida logo aps o vocbulo as (l.13), que poderia ser substitudo por aquelas, sem prejuzo para a correo do texto.

    07. Seriam mantidas a correo gramatical e a coerncia do texto se o primeiro pargrafo fosse assim reescrito: Quando se examina o contexto internacional, conclumos que no h situao como a do Brasil no que se refere a existncia e desempenho do Ministrio Pblico.

    (VUNESP TJ-SP 2013)

    Leia o texto para responder s questes de nmeros 08 a 10.

    A tica da ila

    SO PAULO Escritrios da avenida Faria Lima, em So Paulo, esto contratando lanelinhas para estacionar os carros de seus proissionais nas ruas das imediaes. O custo mensal ica bem abaixo do de um estacionamento regular. Imaginando que os guardadores no violem nenhuma lei nem regra de trnsito, utilizar seus servios seria o equivalente de pagar algum para icar na ila em seu lugar. Isso tico?

    Como no resisto aos apelos do utilitarismo, no vejo grandes problemas nesse tipo de acerto. Ele no prejudica ningum e deixa pelo menos duas pessoas mais felizes (quem evitou a espera e o sujeito que recebeu para icar parado). Mas claro que nem todo o mundo pensa assim.

    Michael Sandel, em O que o Dinheiro No Compra, levanta bons argumentos contra a prtica. Para o professor de Harvard, dubls de ila, ao forar que o critrio de distribuio de vagas deixe de ser a ordem de chegada para tornar-se monetrio, acabam corrompendo as instituies.

    Diferentes bens so repartidos segundo diferentes regras. Num leilo, o que vale o maior lance, mas no cinema prepondera a ila. Universidades tendem a oferecer vagas com base no mrito, j prontos-socorros ordenam tudo pela gravidade. O problema com o dinheiro que ele eiciente demais. Sempre que entra por alguma fresta, logo se sobrepe a critrios alternativos e o resultado inal uma sociedade na qual as diferenas entre ricos e pobres se tornam cada vez mais acentuadas.

    No discordo do diagnstico, mas vejo diiculdades. Para comear, os argumentos de Sandel tambm recomendam a proibio da prostituio e da barriga de aluguel, por exemplo, que me parecem atividades legtimas. Mais importante, para opor-se destruio de valores ocasionada pela monetizao, em muitos casos preciso eleger um padro universal a ser preservado, o que exige a criao de uma espcie de moral oicial e isso para l de problemtico.

    (Hlio Schwartsman, A tica da ila. Folha de S.Paulo,

    08. Em sua argumentao, Hlio Schwartsman revela-se(A) perturbado com a situao das grandes cidades, onde se

    acabam criando situaes perversas maioria dos cidados.(B) favorvel aos guardadores de vagas nas ilas, uma vez que

    o pacto entre as partes traduz-se em resultados que satisfazem a ambas.

    (C) preocupado com os proissionais dos escritrios da Faria Lima, que acabam sendo explorados pelos lanelinhas.

    (D) indignado com a explorao sofrida pelos lanelinhas, que fazem trabalho semelhante ao dos estacionamentos e recebem menos.

    (E) indiferente s necessidades dos guardadores de vagas nas ilas, pois eles priorizam vantagens econmicas frente s necessidades alheias.

    09. Ao citar Michael Sandel, o autor reproduz desse professor uma ideia contrria

    (A) venda de uma vaga de uma pessoa a outra, sendo que aquela icou na ila com inteno comercial. O autor do texto concorda com esse posicionamento de Sandel.

    (B) comercializao de uma prtica que consiste no pagamento a uma pessoa para que ela ique em seu lugar em uma ila. O autor do texto discorda desse posicionamento de Sandel.

    (C) criao de uma legislao que normatize a venda de vagas de uma ila de uma pessoa a outra. O autor do texto discorda desse posicionamento de Sandel.

    (D) falta de incentivo para que a pessoa ique em uma vaga e, posteriormente, comercialize-a com quem precise. O autor do texto discorda desse posicionamento de Sandel.

    (E) falta de legislao especica no que se refere venda de uma vaga de uma pessoa que icou em uma ila guardando lugar a outra. O autor do texto concorda com esse posicionamento de Sandel.

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    10. Nas consideraes de Sandel, o dinheiro (A) cria caminhos alternativos para aes eicientes,

    minimizando as diferenas sociais e resguardando as instituies.(B) anda por diversos caminhos para ser eiciente, rechaando

    as diferenas sociais e preservando as instituies.(C) est na base dos caminhos eicientes, visando combater as

    diferenas sociais e a corrupo das instituies.(D) eiciente e abre caminhos, mas refora as desigualdades

    sociais e corrompe as instituies.(E) percorre vrios caminhos sem ser eiciente, pois deixa de

    lado as desigualdades sociais e a corrupo das instituies.

    Leia o texto para responder s questes de nmeros 11 e 12.

    O que ler?

    Comeo distraidamente a ler um livro. Contribuo com alguns pensamentos, julgo entender o que est escrito porque conheo a lngua e as coisas indicadas pelas palavras, assim como sei identiicar as experincias ali relatadas. Escritor e leitor possuem o mesmo repertrio disponvel de palavras, coisas, fatos, experincias, depositados pela cultura instituda e sedimentados no mundo de ambos.

    De repente, porm, algumas palavras me pegam. Insensivelmente, o escritor as desviou de seu sentido comum e costumeiro e elas me arrastam, como num turbilho, para um sentido novo, que alcano apenas graas a elas. O escritor me invade, passo a pensar de dentro dele e no apenas com ele, ele se pensa em mim ao falar em mim com palavras cujo sentido ele fez mudar. O livro que eu parecia soberanamente dominar apossa-se de mim, interpela-me, arrasta-me para o que eu no sabia, para o novo. O escritor no convida quem o l a reencontrar o que j sabia, mas toca nas signiicaes existentes para torn-las destoantes, estranhas, e para conquistar, por virtude dessa estranheza, uma nova harmonia que se aposse do leitor.

    Ler, escreve Merleau-Ponty, fazer a experincia da retomada do pensamento de outrem atravs de sua palavra, uma relexo em outrem, que enriquece nossos prprios pensamentos. Por isso, prossegue Merleau-Ponty, comeo a compreender uma ilosoia deslizando para dentro dela, na maneira de existir de seu pensamento, isto , em seu discurso.

    (Marilena Chau, Prefcio. Em: Jairo Maral,Antologia de Textos Filosicos. Adaptado)

    11. Com base nas palavras de Marilena Chau, entende-se que ler

    (A) um ato de interao e de desalojamento de sentidos cristalizados.

    (B) uma atividade em que a contribuio pessoal est ausente.(C) uma reproduo automatizada de sentidos da ideologia

    dominante.(D) um processo prejudicado pela insensibilidade do escritor.(E) um produto em que o posicionamento do outro se neutraliza.

    12. Com a frase O escritor me invade, passo a pensar de dentro dele e no apenas com ele... (2. pargrafo), a autora revela que

    (A) sua viso de mundo destoa do pensamento do escritor.(B) seu mundo agora deixa de existir e vale o do escritor.(C) sua relexo est integrada ao pensamento do escritor.(D) seu modo de pensar anula o pensamento do escritor.(E) seu pensamento suplanta a perspectiva do escritor.

    (FCC TRT-12Regio 2013)

    Para responder a questo de nmero 13, considere o texto abaixo.

    As certezas sensveis do cor e concretude ao presente vivido. Na verdade, porm, o presente vivido fruto de uma soisticada mediao. O real tem um qu de ilusrio e virtual.

    Os rgos sensoriais que nos ligam ao mundo so altamente seletivos naquilo que acolhem e transmitem ao crebro. O olho humano, por exemplo, no capaz de captar todo o espectro de energia eletromagntica existente. Os raios ultravioleta, situados fora do espectro visvel do olho humano, so, no entanto, captados pelas abelhas.

    Seletividade anloga preside a operao dos demais sentidos: cada um atua dentro de sua faixa de registro, ainda que o grau de sensibilidade dos indivduos varie de acordo com idade, herana gentica, treino e educao. H mais coisas entre o cu e a terra do que nossos cinco sentidos e todos os aparelhos cienticos que lhes prestam servios so capazes de detectar.

    Aquilo de que o nosso aparelho perceptivo nos faz cientes no passa, portanto, de uma frao diminuta do que h. Mas o que aconteceria se tivssemos de passar a lidar subitamente com uma gama extra e uma carga torrencial de percepes sensoriais (visuais, auditivas, tteis etc.) com as quais no estamos habituados? Suponha que uma mutao gentica reduza drasticamente a seletividade natural dos nossos sentidos. O ganho de sensibilidade seria patente. Se as portas da percepo se depurassem, sugeria William Blake, tudo se revelaria ao homem tal qual , ininito.

    O grande problema saber se estaramos aptos a assimilar o formidvel acrscimo de informao sensvel que isso acarretaria. O mais provvel que essa sbita mutao a desobstruo das portas e rgos da percepo produzisse no a revelao mstica imaginada por Blake, mas um terrvel engarrafamento cerebral: uma sobrecarga de informaes acompanhada de um estado de aguda confuso e perplexidade do qual apenas lentamente conseguiramos nos recuperar. As informaes sensveis a que temos acesso, embora restritas, no comprometeram nossa sobrevivncia no laboratrio da vida. Longe disso. a brutal seletividade dos nossos sentidos que nos protege da ininita complexidade do Universo. Se o muro desaba, o caos impera.

    (Adaptado de: Eduardo Gianetti, O valor do amanh, SoPaulo, Cia. das Letras, 2010. p. 139-143)

    13. No texto, o autor(A) lamenta o fato de que nossos sentidos no sejam capazes

    de captar a imensa gama de informaes presentes no Universo.(B) aponta para a funo protetora dos rgos sensoriais, cuja

    seletividade, embora implique perdas, nos benica.(C) constata que, com o uso da tecnologia, a percepo visual

    humana pode alcanar o nvel de percepo visual das abelhas, e vir a captar raios ultravioleta.

    (D) discorre sobre uma das mximas de William Blake, para quem a inquietao humana deriva do fato de no se franquearem as portas da percepo.

    (E) comprova que alteraes na percepo sensorial humana causariam danos irreparveis ao crebro.

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    Para responder s questes de nmeros 14 e 15, considere o texto abaixo.

    bem no fundo

    no fundo, no fundo,bem l no fundo,a gente gostariade ver nossos problemasresolvidos por decretoa partir desta data,aquela mgoa sem remdio considerada nulae sobre ela silncio perptuoextinto por lei todo o remorsomaldito seja quem olhar pra trs,l pra trs no h nada,e nada maismas problemas no se resolvem,problemas tm famlia grande,e aos domingos saem todos passearo problema, sua senhorae outros pequenos probleminhas

    (Paulo Leminski, Toda Poesia, So Paulo,Cia. das Letras, 2013. p. 195)

    14. Atente para o que se airma abaixo.I. Depreende-se do poema que preciso mais do que apenas

    nosso desejo para a resoluo de diiculdades.II. Segundo o texto, o remorso deve ser evitado, bastando, para

    tanto, que no se evoque o passado a todo o momento.III. Infere-se do texto que as mgoas podem desaparecer na

    medida em que no forem cultivadas.

    Est correto o que se airma APENAS em:(A) I e III.(B) I e II.(C) II e III.(D) I.(E) II.

    15. a partir desta data, aquela mgoa sem remdio considerada nula e sobre ela silncio perptuo

    Uma redao alternativa em prosa para os versos acima, em que se mantm a correo, a lgica e, em linhas gerais, o sentido original, :

    (A) Um silncio perptuo, cairia sem remdio, sobre aquela mgoa, considerada nula a partir desta data.

    (B) Aquela mgoa sem remdio fora, considerada nula, a partir desta data, sobre ela restando um silncio perptuo.

    (C) Aquela mgoa sem remdio seria, a partir desta data, considerada nula e, sobre ela, cairia um silncio perptuo.

    (D) Considerando-se nula aquela mgoa a partir desta data, restando sobre ela, um silncio perptuo.

    (E) Aquela mgoa, sem remdio ser, a partir desta data, considerada nula, caindo-se sobre ela, um silncio perptuo.

    Respostas:

    01-E (Airmativa Errada)No terceiro pargrafo constatamos que apesar da maior

    extenso de obrigaes do Ministrio Pblico brasileiro, a relao entre o nmero de integrantes da instituio e a populao uma das mais desfavorveis no quadro latino-americano. De fato, dados recentes indicam que, no Brasil, com 4,2 promotores para cada 100 mil habitantes, h uma situao de clara desvantagem no que diz respeito ao nmero relativo de integrantes. No Panam, por exemplo, o nmero de 15,3 promotores para cada cem mil habitantes; na Guatemala, de 6,9; no Paraguai, de 5,9; na Bolvia, de 4,5. Em situao semelhante ou ainda mais crtica do que o Brasil, esto, por exemplo, o Peru, com 3,0; a Argentina, com 2,9; e, por im, o Equador, com a mais baixa relao: 2,4.

    02-C (Airmativa Correta)No Brasil, com 4,2 promotores para cada 100 mil habitantes.Na Guatemala, com 6,9 promotores para cada 100 mil

    habitantes.No Peru, com 3,0 promotores para cada 100 mil habitantes.

    03-E (Airmativa Errada)No podemos usar um vocbulo de concluso, pois ela se

    dar nas ltimas duas linhas do texto: ...apesar de haver naes proporcionalmente com menos promotores que o Brasil, as atribuies do Ministrio Pblico brasileiro so muito mais extensas do que as dos Ministrios Pblicos desses outros pases.

    04-E (Airmativa Errada)Pois o texto airma que h outros pases em situao semelhante

    ou ainda mais crtica do que o Brasil, esto, por exemplo, o Peru, com 3,0; a Argentina, com 2,9; e, por im, o Equador, com a mais baixa relao: 2,4.

    05-C (Airmativa Correta)Sim, as airmaes esto explcitas e conirmam o item

    05: Constata-se, entretanto, que, apesar da maior extenso de obrigaes do Ministrio Pblico brasileiro, a relao entre o nmero de integrantes da instituio e a populao uma das mais desfavorveis no quadro latino-americano.

    06-C (Airmativa Correta)No entanto, as atribuies do Ministrio Pblico brasileiro

    so muito mais extensas do que as atribuies dos Ministrios Pblicos desses pases. (Sim, a palavra atribuies est subentendida aps as).

    No entanto, as atribuies do Ministrio Pblico brasileiro so muito mais extensas do que aquelas dos Ministrios Pblicos desses pases. (No houve prejuzo no entendimento do texto).

    07-E (Airmativa Errada)

    Como est no texto: Se considerarmos o panorama internacional, perceberemos que o Ministrio Pblico brasileiro singular. Em nenhum outro pas, h um Ministrio Pblico que apresente peril institucional semelhante ao nosso ou que ostente igual conjunto de atribuies.

    Como icaria: Quando se examina o contexto internacional, conclumos que no h situao como a do Brasil no que se refere a existncia e desempenho do Ministrio Pblico.

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    Errada porque o primeiro diz que em nenhum outro pas h um Ministrio Pblico semelhante ao nosso, que ostente a quantidade de atribuies. No segundo diz que em nenhum outro pas h um Ministrio Pblico semelhante ao nosso, na existncia e desempenho.

    08-BA conirmao da alternativa ica evidente no trecho: Como

    no resisto aos apelos do utilitarismo, no vejo grandes problemas nesse tipo de acerto. Ele no prejudica ningum e deixa pelo menos duas pessoas mais felizes (quem evitou a espera e o sujeito que recebeu para icar parado). Mas claro que nem todo o mundo pensa assim.

    09-BMichael Sandel, reproduz uma ideia contrria comercializao

    de uma prtica que consiste no pagamento a uma pessoa para que ela ique em seu lugar em uma ila. Podemos veriicar essa airmao na passagem: Para o professor de Harvard, dubls de ila, ao forar que o critrio de distribuio de vagas deixe de ser a ordem de chegada para tornar-se monetrio, acabam corrompendo as instituies.

    10-DPodemos conirmar esta airmativa no trecho: O problema

    com o dinheiro que ele eiciente demais. Sempre que entra por alguma fresta, logo se sobrepe a critrios alternativos e o resultado inal uma sociedade na qual as diferenas entre ricos e pobres se tornam cada vez mais acentuadas.

    11-A(A) um ato de interao e de desalojamento de sentidos

    cristalizados. (Correta)(B) uma atividade em que a contribuio pessoal est ausente.Errada. Ler fazer a experincia da retomada do pensamento

    de outrem atravs de sua palavra, uma relexo em outrem, que enriquece nossos prprios pensamentos.

    (C) uma reproduo automatizada de sentidos da ideologia dominante.

    Errada, no h ideologia dominante. Ler fazer a experincia da retomada do pensamento de outrem atravs de sua palavra, uma relexo em outrem, que enriquece nossos prprios pensamentos.

    (D) um processo prejudicado pela insensibilidade do escritor.Errada. Ler ter muita sensibilidade, uma relexo.(E) um produto em que o posicionamento do outro se

    neutraliza.Errada. Ler fazer a experincia da retomada do pensamento

    de outrem atravs de sua palavra, uma relexo em outrem, que enriquece nossos prprios pensamentos.

    12-C(A) sua viso de mundo destoa do pensamento do escritor.Errada. No destoa, pois o escritor me invade, passo a

    pensar de dentro dele e no apenas com ele...(B) seu mundo agora deixa de existir e vale o do escritor.Errada. Seu mundo passa a existir junto com o mundo do autor.

    O escritor me invade, passo a pensar de dentro dele e no apenas com ele...

    (C) sua relexo est integrada ao pensamento do escritor. (Correta)

    (D) seu modo de pensar anula o pensamento do escritor.Errada. Seu modo de pensar no anula a do autor, pois passa a

    pensar no apenas com ele, mas de dentro dele.(E) seu pensamento suplanta a perspectiva do escritor.Errada. Pois os dois pensam juntos.

    13-BA conirmao da alternativa B ica evidente nos pargrafos

    02 e 03: Os rgos sensoriais que nos ligam ao mundo so altamente seletivos naquilo que acolhem e transmitem ao crebro. O olho humano, por exemplo, no capaz de captar todo o espectro de energia eletromagntica existente. Os raios ultravioleta, situados fora do espectro visvel do olho humano, so, no entanto, captados pelas abelhas.

    Seletividade anloga preside a operao dos demais sentidos: cada um atua dentro de sua faixa de registro, ainda que o grau de sensibilidade dos indivduos varie de acordo com idade, herana gentica, treino e educao. H mais coisas entre o cu e a terra do que nossos cinco sentidos e todos os aparelhos cienticos que lhes prestam servios so capazes de detectar.

    E quando inaliza o texto: a brutal seletividade dos nossos sentidos que nos protege da ininita complexidade do Universo.

    14-DI. Depreende-se do poema que preciso mais do que apenas

    nosso desejo para a resoluo de diiculdades. (Correta)mas problemas no se resolvem,problemas tm famlia grande,e aos domingos saem todos passearo problema, sua senhorae outros pequenos probleminhas

    II. Segundo o texto, o remorso deve ser evitado, bastando, para tanto, que no se evoque o passado a todo o momento. (Incorreta)

    Pois, a gente gostariade ver nossos problemasresolvidos por decretoa partir desta data,aquela mgoa sem remdio considerada nulae sobre ela silncio perptuoextinto por lei todo o remorsomaldito seja quem olhar pra trs,l pra trs no h nada,e nada mais

    III. Infere-se do texto que as mgoas podem desaparecer na medida em que no forem cultivadas. (Incorreta)

    a gente gostariade ver nossos problemasresolvidos por decretoa partir desta data,aquela mgoa sem remdio considerada nulae sobre ela silncio perptuoextinto por lei todo o remorsomaldito seja quem olhar pra trs,l pra trs no h nada,e nada mais

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    15-CAquela mgoa sem remdio seria, a partir desta data,

    considerada nula e, sobre ela, cairia um silncio perptuo.

    2. Tipologia Textual.

    Tipo textual a forma como um texto se apresenta. As nicas tipologias existentes so: narrao, descrio, dissertao ou exposio, informao e injuno. importante que no se confunda tipo textual com gnero textual.

    Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos que ocorreram num determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e um narrador. Refere-se a objeto do mundo real ou ictcio. Possui uma relao de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante o passado.

    - expe um fato, relaciona mudanas de situao, aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);

    - um tipo de texto sequencial;- relato de fatos;- presena de narrador, personagens, enredo, cenrio, tempo;- apresentao de um conlito;- uso de verbos de ao;- geralmente, mesclada de descries;- o dilogo direto frequente.

    Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produo o adjetivo, pela sua funo caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se at descrever sensaes ou sentimentos. No h relao de anterioridade e posterioridade. fazer uma descrio minuciosa do objeto ou da personagem a que o texto refere. Nessa espcie textual as coisas acontecem ao mesmo tempo.

    - expe caractersticas dos seres ou das coisas, apresenta uma viso;

    - um tipo de texto igurativo;- retrato de pessoas, ambientes, objetos;- predomnio de atributos;- uso de verbos de ligao;- frequente emprego de metforas, comparaes e outras

    iguras de linguagem;- tem como resultado a imagem fsica ou psicolgica.

    Texto Dissertativo - a dissertao um texto que analisa, interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual requer relexo, pois as opinies sobre os fatos e a postura crtica em relao ao que se discute tm grande importncia. O texto dissertativo temtico, pois trata de anlises e interpretaes; o tempo explorado o presente no seu valor atemporal; constitudo por uma introduo onde o assunto a ser discutido apresentado, seguido por uma argumentao que caracteriza o ponto de vista do autor sobre o assunto em evidncia. Nesse tipo de texto a expresso das ideias, valores, crenas so claras, evidentes, pois um tipo de texto que prope a relexo, o debate de ideias. A linguagem

    explorada a denotativa, embora o uso da conotao possa marcar um estilo pessoal. A objetividade um fator importante, pois d ao texto um valor universal, por isso geralmente o enunciador no aparece porque o mais importante o assunto em questo e no quem fala dele. A ausncia do emissor importante para que a ideia defendida torne algo partilhado entre muitas pessoas, sendo admitido o emprego da 1 pessoa do plural - ns, pois esse no descaracteriza o discurso dissertativo.

    - expe um tema, explica, avalia, classiica, analisa;- um tipo de texto argumentativo.- defesa de um argumento: apresentao de uma tese que ser

    defendida; desenvolvimento ou argumentao; fechamento;- predomnio da linguagem objetiva;- prevalece a denotao.

    Texto Argumentativo - esse texto tem a funo de persuadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo texto. o tipo textual mais presente em manifestos e cartas abertas, e quando tambm mostra fatos para embasar a argumentao, se torna um texto dissertativo-argumentativo.

    Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma ao. Tambm utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos so, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porm nota-se tambm o uso do ininitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: Previses do tempo, receitas culinrias, manuais, leis, bula de remdio, convenes, regras e eventos.

    Narrao

    A Narrao um tipo de texto que relata uma histria real, ictcia ou mescla dados reais e imaginrios. O texto narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espao, organizados por uma narrao feita por um narrador. uma srie de fatos situados em um espao e no tempo, tendo mudana de um estado para outro, segundo relaes de sequencialidade e causalidade, e no simultneos como na descrio. Expressa as relaes entre os indivduos, os conlitos e as ligaes afetivas entre esses indivduos e o mundo, utilizando situaes que contm essa vivncia.

    Todas as vezes que uma histria contada ( narrada), o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocorreu o episdio. por isso que numa narrao predomina a ao: o texto narrativo um conjunto de aes; assim sendo, a maioria dos verbos que compem esse tipo de texto so os verbos de ao. O conjunto de aes que compem o texto narrativo, ou seja, a histria que contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo.

    As aes contidas no texto narrativo so praticadas pelas personagens, que so justamente as pessoas envolvidas no episdio que est sendo contado. As personagens so identiicadas (nomeadas) no texto narrativo pelos substantivos prprios.

    Quando o narrador conta um episdio, s vezes (mesmo sem querer) ele acaba contando onde (em que lugar) as aes do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ao ou aes chamado de espao, representado no texto pelos advrbios de lugar.

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    Alm de contar onde, o narrador tambm pode esclarecer quando ocorreram as aes da histria. Esse elemento da narrativa o tempo, representado no texto narrativo atravs dos tempos verbais, mas principalmente pelos advrbios de tempo. o tempo que ordena as aes no texto narrativo: ele que indica ao leitor como o fato narrado aconteceu.

    A histria contada, por isso, passa por uma introduo (parte inicial da histria, tambm chamada de prlogo), pelo desenvolvimento do enredo ( a histria propriamente dita, o meio, o miolo da narrativa, tambm chamada de trama) e termina com a concluso da histria ( o inal ou eplogo). Aquele que conta a histria o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1 pessoa: Eu...) ou impessoal (narra em 3 pessoa: Ele...).

    Assim, o texto narrativo sempre estruturado por verbos de ao, por advrbios de tempo, por advrbios de lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que so os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que fazem as aes expressas pelos verbos, formando uma rede: a prpria histria contada.

    Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a histria.

    Elementos Estruturais (I):

    - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.- Personagens: so seres que se movimentam, se relacionam e

    do lugar trama que se estabelece na ao. Revelam-se por meio de caractersticas fsicas ou psicolgicas. Os personagens podem ser lineares (previsveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burgus etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tmido, o avarento etc.), heris ou anti-heris, protagonistas ou antagonistas.

    - Narrador: quem conta a histria.- Espao: local da ao. Pode ser fsico ou psicolgico.- Tempo: poca em que se passa a ao. Cronolgico: o

    tempo convencional (horas, dias, meses); Psicolgico: o tempo interior, subjetivo.

    Elementos Estruturais (II):

    Personagens - Quem? Protagonista/AntagonistaAcontecimento - O qu? FatoTempo - Quando? poca em que ocorreu o fatoEspao - Onde? Lugar onde ocorreu o fatoModo - Como? De que forma ocorreu o fatoCausa - Por qu? Motivo pelo qual ocorreu o fatoResultado - previsvel ou imprevisvel.Final - Fechado ou Aberto.

    Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal forma, que no possvel compreend-los isoladamente, como simples exemplos de uma narrao. H uma relao de implicao mtua entre eles, para garantir coerncia e verossimilhana histria narrada. Quanto aos elementos da narrativa, esses no esto, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o fato a ser narrado.

    Exemplo:

    Porquinho-da-ndia

    Quando eu tinha seis anosGanhei um porquinho-da-nda.Que dor de corao me davaPorque o bichinho s queria estar debaixo do fogo!Levava ele pra salaPra os lugares mais bonitos mais limpinhosEle no gostava:Queria era estar debaixo do fogo.No fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...- O meu porquinho-da-ndia foi a minha primeira namorada.

    Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4 ed. Rio de Janeiro, Jos Olympio, 1973, pg. 110.

    Observe que, no texto acima, h um conjunto de transformaes de situao: ganhar um porquinho-da-ndia passar da situao de no ter o animalzinho para a de t-lo; lev-lo para a sala ou para outros lugares passar da situao de ele estar debaixo do fogo para a de estar em outros lugares; ele no gostava: queria era estar debaixo do fogo implica a volta situao anterior; no fazia caso nenhum das minhas ternurinhas d a entender que o menino passava de uma situao de no ser terno com o animalzinho para uma situao de ser; no ltimo verso tem-se a passagem da situao de no ter namorada para a de ter.

    Veriica-se, pois, que nesse texto h um grande conjunto de mudanas de situao. isso que deine o que se chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa uma mudana de estado pela ao de alguma personagem, uma transformao de situao. Mesmo que essa personagem no aparea no texto, ela est logicamente implcita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um porquinho-da-ndia, porque algum lhe deu o animalzinho. Assim, h basicamente, dois tipos de mudana: aquele em que algum recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinho-da ndia) e aquele algum perde alguma coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espao confortvel de debaixo do fogo). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisio e de privao.

    Existem trs tipos de foco narrativo:

    - Narrador-personagem: aquele que conta a histria na qual participante. Nesse caso ele narrador e personagem ao mesmo tempo, a histria contada em 1 pessoa.

    - Narrador-observador: aquele que conta a histria como algum que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a histria contada em 3 pessoa.

    - Narrador-onisciente: o que sabe tudo sobre o enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos ntimos. Narra em 3 pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre).

    Estrutura:

    - Apresentao: a parte do texto em que so apresentados alguns personagens e expostas algumas circunstncias da histria, como o momento e o lugar onde a ao se desenvolver.

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    - Complicao: a parte do texto em que se inicia propriamente a ao. Encadeados, os episdios se sucedem, conduzindo ao clmax.

    - Clmax: o ponto da narrativa em que a ao atinge seu momento crtico, tornando o desfecho inevitvel.

    - Desfecho: a soluo do conlito produzido pelas aes dos personagens.

    Tipos de Personagens:

    Os personagens tm muita importncia na construo de um texto narrativo, so elementos vitais. Podem ser principais ou secundrios, conforme o papel que desempenham no enredo, podem ser apresentados direta ou indiretamente.

    A apresentao direta acontece quando o personagem aparece de forma clara no texto, retratando suas caractersticas fsicas e/ou psicolgicas, j a apresentao indireta se d quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de suas aes, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.

    - Em 1 pessoa:

    Personagem Principal: h um eu participante que conta a histria e o protagonista. Exemplo:

    Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o corao parecendo querer sair-me pela boca fora. No me atrevia a descer chcara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra vez e estacava.

    (Machado de Assis. Dom Casmurro)

    Observador: como se dissesse: verdade, pode acreditar, eu estava l e vi. Exemplo:

    Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do Jango Jorge, um que foi capito duma maloca de contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibiroca.

    Esse gacho desabotinado levou a existncia inteira a cruzar os campos da fronteira; luz do Sol, no desmaiado da Lua, na escurido das noites, na cerrao das madrugadas...; ainda que chovesse reinos acolherados ou que ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...

    (...)Aqui h poucos coitado! pousei no arranchamento dele.

    Casado ou doutro jeito, afamilhado. No no vamos desde muito tempo. (...)

    Fiquei verdeando, espera, e fui dando um ajutrio na matana dos leites e no tiramento dos assados com couro.

    (J. Simes Lopes Neto Contrabandista)

    - Em 3 pessoa:

    Onisciente: no h um eu que conta; uma terceira pessoa. Exemplo:

    Devia andar l pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram de borboleta. Por isso no pde defender-se. E saiu rua com ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara mostra, sem mscara piedosa para disfarar o sentimento impreciso de ridculo.

    (Ilka Laurito. Sal do Lrico)

    Narrador Objetivo: no se envolve, conta a histria como sendo vista por uma cmara ou ilmadora. Exemplo:

    Festa

    Atrs do balco, o rapaz de cabea pelada e avental olha o crioulo de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meninos de tnis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos com menos de dez anos.

    Os trs atravessam o salo, cuidadosamente, mas resolutamente, e se dirigem para o cmodo dos fundos, onde h seis mesas desertas.

    O rapaz de cabea pelada vai ver o que eles querem. O homem pergunta em quanto ica uma cerveja, dois guarans e dois pezinhos.

    __ Duzentos e vinte.O preto concentra-se, aritmtico, e conirma o pedido.__Que tal o po com molho? sugere o rapaz.__ Como?__ Passar o po no molho da almndega. Fica muito mais

    gostoso.O homem olha para os meninos.__ O preo o mesmo informa o rapaz.__ Est certo.Os trs sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como

    se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida.O rapaz de cabea pelada traz as bebidas e os copos e, em

    seguida, num pratinho, os dois pes com meia almndega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos pes, enquanto o rapaz cmplice se retira.

    Os meninos aguardam que a mo adulta leve solene o copo de cerveja at a boca, depois cada um prova o seu guaran e morde o primeiro bocado do po.

    O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando criteriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvidos com o sanduche e a bebida.

    Eles no tm pressa. O grande homem e seus dois meninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutveis, sentados naquela mesa.

    (Wander Piroli)

    Tipos de Discurso:

    Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para o personagem, sem a sua interferncia. Exemplo:

    Caso de Desquite

    __ Vexame de incomodar o doutor (a mo trmula na boca). Veja, doutor, este velho caducando. Bisav, um neto casado. Agora com mania de mulher. Todo velho sem-vergonha.

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    __ Dobre a lngua, mulher. O hominho muito bom. S no me pise, ico uma jararaca.

    __ Se quer sair de casa, doutor, pague uma penso.__ Essa a tem ilho emancipado. Criei um por um, est bom?

    Ela no contribuiu com nada, doutor. S deu de mamar no primeiro ms.

    __Voc desempregado, quem que fazia roa?__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui

    jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem ningum por mim. O cu l em cima, noite e dia o hominho aqui na carroa. Sempre o mais sacriicado, est bom?

    __ Se icar doente, Severino, quem que o atende?__ O doutor j viu urubu comer defunto? Ningum morre s.

    Sempre tem um cristo que enterra o pobre.__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...__ Eu arranjo.__ S a troco de dinheiro elas querem voc. Agora tem dois

    cavalos. A carroa e os dois cavalos, o que h de melhor. Vai me deixar sem nada?

    __ Voc tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a potranca, deixou morrer. Tenho culpa? S quero paz, um prato de comida e roupa lavada.

    __ Para onde foi a lavadeira?__ Quem?__ A mulata.(...)

    (Dalton Trevisan A guerra Conjugal)

    Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo:

    Frio

    O menino tinha s dez anos.Quase meia hora andando. No comeo pensou num bonde.

    Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia, afastou a idia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos bondes, quela hora da noite, poderiam roub-lo, sem que percebesse; e depois?... Que que diria a Paran?)

    Andando. Paran mandara-lhe no icar observando as vitrines, os prdios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia irme e esforando-se para no pensar em nada, nem olhar muito para nada.

    __ Olho vivo como dizia Paran.Devagar, muita ateno nos autos, na travessia das ruas. Ele

    ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas esquinas. O seu coraozinho se apertava.

    Na estao da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher. Sempre icam mulheres vagabundeando por ali, noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatido de seus clculos, mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passavam.

    (Joo Antnio Malagueta, Perus e Bacanao)

    Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fuso entre a fala do personagem e a fala do narrador. um recurso relativamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do sculo XX. Exemplo:

    A Morte da Porta-Estandarte

    Que ningum o incomode agora. Larguem os seus braos. Rosinha est dormindo. No acordem Rosinha. No preciso segur-lo, que ele no est bbado... O cu baixou, se abriu... Esse temporal assim bom, porque Rosinha no sai. Tenham pacincia... Largar Rosinha ali, ele no larga no... No! E esses tambores? Ui! Que venham... guerra... ele vai se espalhar... Por que no est malhando em sua cabea?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele est dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do Pas... Abra-la no alto de uma colina...

    (Anbal Machado)

    Sequncia Narrativa:

    Uma narrativa no tem uma nica mudana, mas vrias: uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordina-se a outra.

    A narrativa tpica tem quatro mudanas de situao: - uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um

    dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma

    competncia para fazer algo); - uma em que a personagem executa aquilo que queria ou

    devia fazer ( a mudana principal da narrativa);- uma em que se constata que uma transformao se deu e

    em que se podem atribuir prmios ou castigos s personagens (geralmente os prmios so para os bons, e os castigos, para os maus).

    Toda narrativa tem essas quatro mudanas, pois elas se pressupem logicamente. Com efeito, quando se constata a realizao de uma mudana porque ela se veriicou, e ela efetua-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou deve faz-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o ato de compra; para isso, necessrio poder (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo).

    Algumas mudanas so necessrias para que outras se deem. Assim, para apanhar uma fruta, necessrio apanhar um bambu ou outro instrumento para derrub-la. Para ter um carro, preciso antes conseguir o dinheiro.

    Narrativa e Narrao

    Existe alguma diferena entre as duas? Sim. A narratividade um componente narrativo que pode existir em textos que no so narraes. A narrativa a transformao de situaes. Por exemplo, quando se diz Depois da abolio, incentivou-se a imigrao de europeus, temos um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um componente narrativo, pois contm uma mudana de situao: do no incentivo ao incentivo da imigrao europia.

    Se a narrativa est presente em quase todos os tipos de texto, o que narrao?

    A narrao um tipo de narrativa. Tem ela trs caractersticas:- um conjunto de transformaes de situao (o texto de

    Manuel Bandeira Porquinho-da-ndia, como vimos, preenche essa condio);

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    - um texto igurativo, isto , opera com personagens e fatos concretos (o texto Porquinho-da-ndia preenche tambm esse requisito);

    - as mudanas relatadas esto organizadas de maneira tal que, entre elas, existe sempre uma relao de anterioridade e posterioridade (no texto Porquinho-da-ndia o fato de ganhar o animal anterior ao de ele estar debaixo do fogo, que por sua vez anterior ao de o menino lev-lo para a sala, que por seu turno anterior ao de o porquinho-da-ndia voltar ao fogo).

    Essa relao de anterioridade e posterioridade sempre pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequncia linear da temporalidade aparea alterada. Assim, por exemplo, no romance machadiano Memrias pstumas de Brs Cubas, quando o narrador comea contando sua morte para em seguida relatar sua vida, a sequncia temporal foi modiicada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, as relaes de anterioridade e de posterioridade.

    Resumindo: na narrao, as trs caractersticas explicadas acima (transformao de situaes, iguratividade e relaes de anterioridade e posterioridade entre os episdios relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha s uma ou duas dessas caractersticas no uma narrao.

    Esquema que pode facilitar a elaborao de seu texto narrativo:

    - Introduo: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que aconteceu, quando e onde.

    - Desenvolvimento: causa do fato e apresentao dos personagens.

    - Desenvolvimento: detalhes do fato.- Concluso: consequncias do fato.

    Caracterizao Formal:

    Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto narrativo apresenta, at certo ponto, alguma subjetividade, porquanto a criao e o colorido do contexto esto em funo da individualidade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a narrao ter diversas abordagens. Assim de grande importncia saber se o relato feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No primeiro caso, h a participao do narrador; segundo, h uma inferncia do ltimo atravs da onipresena e oniscincia.

    Quanto temporalidade, no h rigor na ordenao dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto linear e constituindo o que se denomina lashback. O narrador que usa essa tcnica (caracterstica comum no cinema moderno) demonstra maior criatividade e originalidade, podendo observar as aes ziguezagueando no tempo e no espao.

    Exemplo - Personagens

    Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Amncio no viu a mulher chegar.

    - No quer que se carpa o quintal, moo?Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaa, a face

    escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do passado, os olhos).

    (Kiefer, Charles. A dentadura postia. Porto Alegre: Mercado Aberto, p. 5O)

    Exemplo - Espao

    Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. No havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.

    (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51)

    Exemplo - Tempo

    Sete da manh. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo.

    (Verssimo, rico. Caminhos Cruzados. p.4)

    Tipologia da Narrativa Ficcional:

    - Romance- Conto- Crnica- Fbula- Lenda- Parbola- Anedota- Poema pico

    Tipologia da Narrativa No-Ficcional:

    - Memorialismo- Notcias- Relatos- Histria da Civilizao

    Apresentao da Narrativa:

    - visual: texto escrito; legendas + desenhos (histria em quadrinhos) e desenhos.

    - auditiva: narrativas radiofonizadas; itas gravadas e discos.- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.

    Descrio

    a representao com palavras de um objeto, lugar, situao ou coisa, onde procuramos mostrar os traos mais particulares ou individuais do que se descreve. qualquer elemento que seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras, em imagens. Sempre que se expe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a algum, est fazendo uso da descrio. No necessrio que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de percepo. Dessa forma, o que ser importante ser analisado para um, no ser para outro. A vivncia de quem descreve tambm inluencia na hora de transmitir a impresso alcanada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoo vivida ou sentimento.

    Exemplos:

    (I) De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho.

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    Ao seu redor havia rudos serenos, cheiro de rvores, pequenas surpresas entre os cips. Todo o jardim triturado pelos instantes j mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, grande demais.

    (extrado de Amor, Laos de Famlia, Clarice Lispector)

    (II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligncia tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que no podia fazer logo com o crebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criana ina, plida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.

    (Machado de Assis. Conto de escola. Contos. 3ed. So Paulo, tica, 1974, pgs. 31-32.)

    Esse texto traa o peril de Raimundo, o ilho do professor da escola que o escritor frequentava. Deve-se notar:

    - que todas as frases expem ocorrncias simultneas (ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande medo ao pai);

    - por isso, no existe uma ocorrncia que possa ser considerada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato (no nvel dos acontecimentos, entrar na escola cronologicamente anterior a retirar-se dela; no nvel do relato, porm, a ordem dessas duas ocorrncias indiferente: o que o escritor quer explicitar uma caracterstica do menino, e no traar a cronologia de suas aes);

    - ainda que se fale de aes (como entrava, retirava-se), todas elas esto no pretrito imperfeito, que indica concomitncia em relao a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e, portanto, no denota nenhuma transformao de estado;

    - se invertssemos a sequncia dos enunciados, no correramos o risco de alterar nenhuma relao cronolgica - poderamos mesmo colocar o ltmo perodo em primeiro lugar e ler o texto do im para o comeo: O mestre era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes...

    Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados pode ser invertida, est-se pensando apenas na ordem cronolgica, pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos so descritos produz determinados efeitos de sentido.

    Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer certas modiicaes no texto, pois este contm anafricos (palavras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou catafricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem perder sua funo e assim no ser compreendidos. Se tomarmos uma descrio como As lores manifestavam todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a ordem das frases, precisamos fazer algumas alteraes, para que o texto possa ser compreendido: O Sol fazia as lores brilhar. Elas manifestavam todo o seu esplendor. Como, na verso original, o pronome oblquo as um anafrico que retoma lores, se alterarmos a ordem das frases ele perder o sentido. Por isso, precisamos mudar a palavra lores para a primeira frase e retom-la com o anafrico elas na segunda.

    Por todas essas caractersticas, diz-se que o fragmento do conto de Machado descritivo. Descrio o tipo de texto em que se expem caractersticas de seres concretos (pessoas, objetos, situaes, etc.) consideradas fora da relao de anterioridade e de posterioridade.

    Caractersticas:

    - Ao fazer a descrio enumeramos caractersticas, comparaes e inmeros elementos sensoriais;

    - As personagens podem ser caracterizadas fsica e psicologicamente, ou pelas aes;

    - A descrio pode ser considerada um dos elementos constitutivos da dissertao e da argumentao;

    - impossvel separar narrao de descrio;- O que se espera no tanto a riqueza de detalhes, mas sim

    a capacidade de observao que deve revelar aquele que a realiza.- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligao. Exemplo:

    (...) ngela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo desenvolvimento das propores. Grande, carnuda, sangunea e fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que parecem conformados expressamente para esposas da multido (...) (Raul Pompia O Ateneu)

    - Como na descrio o que se reproduz simultneo, no existe relao de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados.

    - Devem-se evitar os verbos e, se isso no for possvel, que se usem ento as formas nominais, o presente e o pretrio imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferncia aos verbos que indiquem estado ou fenmeno.

    - Todavia deve predominar o emprego das comparaes, dos adjetivos e dos advrbios, que conferem colorido ao texto.

    A caracterstica fundamental de um texto descritivo essa inexistncia de progresso temporal. Pode-se apresentar, numa descrio, at mesmo ao ou movimento, desde que eles sejam sempre simultneos, no indicando progresso de uma situao anterior para outra posterior. Tanto que uma das marcas lingusticas da descrio o predomnio de verbos no presente ou no pretrito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitncia em relao ao momento da fala; o segundo, em relao a um marco temporal pretrito instalado no texto.

    Para transformar uma descrio numa narrao, bastaria introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para transform-lo em narrao, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo...

    Caractersticas Lingusticas:

    O enunciado narrativo, por ter a representao de um acon-tecimento, fazer-transformador, marcado pela temporalidade, na relao situao inicial e situao inal, enquanto que o enunciado descritivo, no tendo transformao, atemporal.

    Na dimenso lingustica, destacam-se marcas sinttico-se-mnticas encontradas no texto que vo facilitar a compreenso:

    - Predominncia de verbos de estado, situao ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, existir, icar).

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    - nfase na adjetivao para melhor caracterizar o que des-crito;

    Exemplo:

    Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoo enta-lado num colarinho direito. O rosto aguado no queixo ia-se alar-gando at calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha outra lhe faziam colar por trs da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho calva; mas no tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, cado aos cantos da boca. Era muito plido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despegadas do crnio.

    (Ea de Queiroz - O Primo Baslio)

    - Emprego de iguras (metforas, metonmias, comparaes, sinestesias). Exemplo:

    Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, no muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chins. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliosa e saltitante que lhe dava petulncia de rapaz e casava perfeitamente com os olhi-nhos de azougue.

    (Jos de Alencar - Senhora)

    - Uso de advrbios de localizao espacial. Exemplo:

    At os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois voc entrava tinha um jardinzinho; no inal tinha uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; a voc entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde saam trs portas; no inal do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrs ainda tinha um galpo, que era o lugar da baguna...

    (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)

    Recursos:

    - Usar impresses cromticas (cores) e sensaes trmicas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol.

    - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, prprias, exatas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um cu sereno, uma pureza de cristal.

    - As sensaes de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a igura do homem. Ex: Era um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.

    - A frase curta e penetrante d um sentido de rapidez do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito crente.

    A descrio pode ser apresentada sob duas formas:

    Descrio Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passa-gem so apresentadas como realmente so, concretamente. Exem-plo:

    Sua altura 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparncia atltica, ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos.

    No se d qualquer tipo de opinio ou julgamento. Exemplo:

    A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central que se alcanava por trs degraus de pedra e quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro guas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse icado, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).

    (Pedro Nava Ba de Ossos)

    Descrio Subjetiva: quando h maior participao da emo-o, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem so transi-gurados pela emoo de quem escreve, podendo opinar ou expres-sar seus sentimentos. Exemplo:

    Nas ocasies de aparato que se podia tomar pulso ao ho-mem. No s as condecoraes gritavam-lhe no peito como uma couraa de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um ann-cio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei...

    (O Ateneu, Raul Pompia)

    (...) Quando conheceu Joca Ramiro, ento achou outra esperana maior: para ele, Joca Ramiro era nico homem, par-de-frana, capaz de tomar conta deste serto nosso, mandando por lei, de sobregoverno.

    (Guimares Rosa Grande Serto: Veredas)

    Os efeitos de sentido criados pela disposio dos elementos descritivos:

    Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progresso temporal, a ordem dos enunciados na descrio indiferente, uma vez que eles indicam propriedades ou caractersticas que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela no indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos.

    Observe os dois quartetos do soneto Retrato Prprio, de Bocage:

    Magro, de olhos azuis, caro moreno,bem servido de ps, meo de altura,triste de facha, o mesmo de igura,nariz alto no meio, e no pequeno.

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    Incapaz de assistir num s terreno,mais propenso ao furor do que ternura;bebendo em nveas mos por taa escurade zelos infernais letal veneno.

    Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmo, 1968, pg. 497.

    O poeta descreve-se das caractersticas fsicas para as

    caractersticas morais. Se izesse o inverso, o sentido no seria o mesmo, pois as caractersticas fsicas perderiam qualquer relevo.

    O objetivo de um texto descritivo levar o leitor a visualizar uma cena. como traar com palavras o retrato de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas caractersticas exteriores, facilmente identiicveis (descrio objetiva), ou suas caractersticas psicolgicas e at emocionais (descrio subjetiva).

    Uma descrio deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, tambm denominado adjetivao. Para facilitar o aprendizado desta tcnica, sugere-se que o concursando, aps escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma locuo adjetiva.

    Descrio de objetos constitudos de uma s parte:

    - Introduo: observaes de carter geral referentes procedncia ou localizao do objeto descrito.

    - Desenvolvimento: detalhes (l parte) - formato (comparao com iguras geomtricas e com objetos semelhantes); dimenses (largura, comprimento, altura, dimetro etc.)

    - Desenvolvimento: detalhes (2 parte) - material, peso, cor/brilho, textura.

    - Concluso: observaes de carter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentrio que envolva o objeto como um todo.

    Descrio de objetos constitudos por vrias partes:

    - Introduo: observaes de carter geral referentes procedncia ou localizao do objeto descrito.

    - Desenvolvimento: enumerao e rpidos comentrios das partes que compem o objeto, associados explicao de como as partes se agrupam para formar o todo.

    - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo (externamente) - formato, dimenses, material, peso, textura, cor e brilho.

    - Concluso: observaes de carter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentrio que envolva o objeto em sua totalidade.

    Descrio de ambientes:

    - Introduo: comentrio de carter geral.- Desenvolvimento: detalhes referentes estrutura global

    do ambiente: paredes, janelas, portas, cho, teto, luminosidade e aroma (se houver).

    - Desenvolvimento: detalhes especicos em relao a objetos l existentes: mveis, eletrodomsticos, quadros, esculturas ou quaisquer outros objetos.

    - Concluso: observaes sobre a atmosfera que paira no ambiente.

    Descrio de paisagens:

    - Introduo: comentrio sobre sua localizao ou qualquer outra referncia de carter geral.

    - Desenvolvimento: observao do plano de fundo (explicao do que se v ao longe).

    - Desenvolvimento: observao dos elementos mais prximos do observador - explicao detalhada dos elementos que compem a paisagem, de acordo com determinada ordem.

    - Concluso: comentrios de carter geral, concluindo acerca da impresso que a paisagem causa em quem a contempla.

    Descrio de pessoas (I):

    - Introduo: primeira impresso ou abordagem de qualquer aspecto de carter geral.

    - Desenvolvimento: caractersticas fsicas (altura, peso, cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).

    - Desenvolvimento: caractersticas psicolgicas (personalidade, temperamento, carter, preferncias, inclinaes, postura, objetivos).

    - Concluso: retomada de qualquer outro aspecto de carter geral.

    Descrio de pessoas (II):

    - Introduo: primeira impresso ou abordagem de qualquer aspecto de carter geral.

    - Desenvolvimento: anlise das caractersticas fsicas, associadas s caractersticas psicolgicas (1 parte).

    - Desenvolvimento: anlise das caractersticas fsicas, associadas s caractersticas psicolgicas (2 parte).

    - Concluso: retomada de qualquer outro aspecto de carter geral.

    A descrio, ao contrrio da narrativa, no supe ao. uma estrutura pictrica, em que os aspectos sensoriais predominam. Porque toda tcnica descritiva implica contemplao e apreenso de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrio focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.

    Conforme o objetivo a alcanar, a descrio pode ser no-literria ou literria. Na descrio no-literria, h maior preocupao com a exatido dos detalhes e a preciso vocabular. Por ser objetiva, h predominncia da denotao.

    Textos descritivos no-literrios: A descrio tcnica um tipo de descrio objetiva: ela recria o objeto usando uma linguagem cientica, precisa. Esse tipo de texto usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as peas que os compem, para descrever experincias, processos, etc. Exemplo:

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    Folheto de propaganda de carro

    Conforto interno - impossvel falar de conforto sem incluir o espao interno. Os seus interiores so amplos, acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant possuem direo hidrulica e ar condicionado de elevada capacidade, proporcionando a climatizao perfeita do ambiente.

    Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para at 1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado.

    Tanque - O tanque de combustvel confeccionado em plstico reciclvel e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a deformao em caso de coliso.

    Textos descritivos literrios: Na descrio literria predomina o aspecto subjetivo, com nfase no conjunto de associaes conotativas que podem ser exploradas a partir de descries de pessoas; cenrios, paisagens, espao; ambientes; situaes e coisas. Vale lembrar que textos descritivos tambm podem ocorrer tanto em prosa como em verso.

    Dissertao

    A dissertao uma exposio, discusso ou interpretao de uma determinada ideia. , sobretudo, analisar algum tema. Pressupe um exame crtico do assunto, lgica, raciocnio, clareza, coerncia, objetividade na exposio, um planejamento de trabalho e uma habilidade de expresso. em funo da capacidade crtica que se questionam pontos da realidade social, histrica e psicolgica do mundo e dos semelhantes. Vemos tambm, que a dissertao no seu signiicado diz respeito a um tipo de texto em que a exposio de uma ideia, atravs de argumentos, feita com a inalidade de desenvolver um contedo cientico, doutrinrio ou artstico. Exemplo:

    H trs mtodos pelos quais pode um homem chegar a ser primeiro-ministro. O primeiro saber, com prudncia, como servir-se de uma pessoa, de uma ilha ou de uma irm; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrupo da corte. Mas um prncipe discreto prefere nomear os que se valem do ltimo desses mtodos, pois os tais fanticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservientes vontade e s paixes do amo. Tendo sua disposio todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros subordinando a maioria do senado, ou grande conselho, e, ainal, por via de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei), garantem-se contra futuras prestaes de contas e retiram-se da vida pblica carregados com os despojos da nao.

    Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.So Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.

    Esse texto explica os trs mtodos pelos quais um homem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o prncipe discreto a escolh-lo entre os que clamam contra a corrupo na corte e justiica esse conselho. Observe-se que:

    - o texto temtico, pois analisa e interpreta a realidade com conceitos abstratos e genricos (no se fala de um homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro, mas do homem em geral e de todos os mtodos para atingir o poder);

    - existe mudana de situao no texto (por exemplo, a mudana de atitude dos que clamam contra a corrupo da corte no momento em que se tornam