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Argumento PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL SETEMBRO DE 2013 ANO 3, NÚMERO 8 PÁG. 6 PÁG. 4 PÁG. 7 A gravidez ocorrida durante o aviso prévio sob o prisma da Lei nº 12.812/2013. O perigo do retrocesso na busca por uma limitação partidária Recentes decisões do Supremo Tribunal Federal desoneram o contribuinte de PIS/COFINS VG&P Advogados eleito entre os mais admirados escritórios de advocacia do país ARGUMENTO É UMA PRODUÇÃO DO ESCRITÓRIO VERNALHA GUIMARÃES & PEREIRA Advogados Luiz Fernando Pereira Fernando Vernalha Guimarães Carlos Eduardo Ferreira Dayana Sandri Dallabrida Aureliano Pernetta Caron Andressa Akemi Saizaki Gustavo Bonini Guedes Adriana Szmulik Silvio Felipe Guidi Ana Claudia Santano Alexis Eustatios Garbelini Kotsifas Bruno Fonseca Marcondes Camila Jorge Ungaratti Carolina Taraska Maciel Daniela Seiffert Fernanda Carolina Scholongel Freitas Guilherme Cunha Niemeyer Joyce Regina Rosendo de Brito Manuela Godoi de Lima Hartmann Maria Luiza Santos Mireilly Carolyne Drongek Patrick Rocha de Carvalho Wagner Buture Carneiro Wyvianne Rech Paralegais Ana Carolina Simão Araci Olinda Pinto Cristiane Wiacek Dayane Crystina Barros Soares Edilson Zapora Karina Analia Cunha Leila do Rocio Santos Lourenço Lorete Mary Grobe Lucas Soares Carvalho Luciana de Souza Baldisera Luziane do Rocio Alves Marissol Elvira Ferreira Delgado Melissa Staub Priscila Gonçalves Sonia Maria Girardi de Carvalho Valquíria de Lourdes Santos Vanessa da Silva Bozze Estagiários Ariadne Matte dos Santos Brunna de Carvalho Appel Carolina Costa de Araújo Daniela Seiffert Gilliani Marry Koeb Fontes de Andrade Gisele Surkamp Jessica Heloise Carmargo de Lima Júlia Mayer Mion Laís Calderon Netto Leonardo Cesar Tomeleri Luiz Andre Velasques Tomaz Márcia Luíza Rocha Roberto Rezende Amaral Thayana Zanoni da Cunha William koga Wilson Accioli de Barros Filho Editorial Em parceria com a Câmara Americana de Comércio (AMCHAM), Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e a Agência Paraná de Desenvolvimento (APD), o Escritório Ver- nalha Guimarães & Pereira organizou uma missão de empresários americanos, do Estado de Utah, interessados em investir no Brasil. Os empresários americanos e brasileiros interessados na pros- pecção de novos negócios participarão de um evento no dia 25 de setembro, com a presença do Governador do Paraná, Beto Richa, na palestra de abertura. Logo em seguida, Fernando Vernalha Gui- marães, sócio-fundador do VG&P, falará aos empresários sobre os aspectos jurídicos do investimento em infraestrutura no Brasil. Os coordenadores dos demais departamentos do VG&P – especial- mente administrativo, societário e tributário – estão envolvidos na preparação de material jurídico de apoio às empresas americanas interessadas em investir no Brasil. Ainda no evento, na sede da FIEP, será lançado o livro PPP – Public-Private Partnershipp – A Guide To Understanding How PPP Works In Brazil, de Fernando Vernalha Guimarães, dirigido aos empresários americanos. Mais informações no site da missão: trademission.com.br. VG&P ORGANIZA MISSÃO COMERCIAL DE EMPRESAS AMERICANAS. Fernando Vernalha Guimarães e Carlos Eduardo Ferreira, advogados do VG&P, acompanhados por Harvey Scott, Diretor de Comércio Internacional da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de Utah e Garry Neeleman, Consul do Brasil nos Estados Unidos, onde foram recebidos pelo Vice-Governador do Estado de Utah, e ex-Senador dos Estados Unidos, Greg Bell. argumento_setembro_2013.indd 1 24/09/2013 13:30:12

Argumento PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL SETEMBRO DE 2013 … · 2016-08-09 · Leila do Rocio Santos Lourenço Lorete Mary Grobe Lucas Soares Carvalho Luciana de Souza Baldisera Luziane

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Argumento PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL

SETEMBRO DE 2013

ANO 3, NÚMERO 8

PÁG. 6PÁG. 4 PÁG. 7

A gravidez ocorrida durante o aviso prévio sob o prisma da Lei nº 12.812/2013.

O perigo do retrocesso na busca por uma limitação partidária

Recentes decisões do Supremo Tribunal Federal desoneram o contribuinte de PIS/COFINS

VG&P Advogadoseleito entre os mais admirados escritóriosde advocacia do país

ARGUMENTO É UMA PRODUÇÃO DO ESCRITÓRIO VERNALHA GUIMARÃES & PEREIRA

AdvogadosLuiz Fernando PereiraFernando Vernalha GuimarãesCarlos Eduardo Ferreira Dayana Sandri DallabridaAureliano Pernetta CaronAndressa Akemi SaizakiGustavo Bonini GuedesAdriana SzmulikSilvio Felipe GuidiAna Claudia SantanoAlexis Eustatios Garbelini KotsifasBruno Fonseca MarcondesCamila Jorge UngarattiCarolina Taraska MacielDaniela Seiffert Fernanda Carolina Scholongel FreitasGuilherme Cunha NiemeyerJoyce Regina Rosendo de BritoManuela Godoi de Lima HartmannMaria Luiza SantosMireilly Carolyne DrongekPatrick Rocha de CarvalhoWagner Buture CarneiroWyvianne Rech

ParalegaisAna Carolina SimãoAraci Olinda PintoCristiane WiacekDayane Crystina Barros Soares

Edilson ZaporaKarina Analia CunhaLeila do Rocio Santos LourençoLorete Mary GrobeLucas Soares CarvalhoLuciana de Souza BaldiseraLuziane do Rocio AlvesMarissol Elvira Ferreira DelgadoMelissa StaubPriscila GonçalvesSonia Maria Girardi de CarvalhoValquíria de Lourdes SantosVanessa da Silva Bozze

EstagiáriosAriadne Matte dos SantosBrunna de Carvalho AppelCarolina Costa de AraújoDaniela Seiffert Gilliani Marry Koeb Fontes de AndradeGisele SurkampJessica Heloise Carmargo de LimaJúlia Mayer MionLaís Calderon NettoLeonardo Cesar TomeleriLuiz Andre Velasques TomazMárcia Luíza RochaRoberto Rezende AmaralThayana Zanoni da CunhaWilliam kogaWilson Accioli de Barros Filho

E d i t o r i a l

Em parceria com a Câmara Americana de Comércio (AMCHAM), Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) e a Agência Paraná de Desenvolvimento (APD), o Escritório Ver-nalha Guimarães & Pereira organizou uma missão de empresários americanos, do Estado de Utah, interessados em investir no Brasil.

Os empresários americanos e brasileiros interessados na pros-pecção de novos negócios participarão de um evento no dia 25 de setembro, com a presença do Governador do Paraná, Beto Richa, na palestra de abertura. Logo em seguida, Fernando Vernalha Gui-marães, sócio-fundador do VG&P, falará aos empresários sobre os aspectos jurídicos do investimento em infraestrutura no Brasil. Os coordenadores dos demais departamentos do VG&P – especial-mente administrativo, societário e tributário – estão envolvidos na preparação de material jurídico de apoio às empresas americanas interessadas em investir no Brasil.

Ainda no evento, na sede da FIEP, será lançado o livro PPP – Public-Private Partnershipp – A Guide To Understanding How PPP Works In Brazil, de Fernando Vernalha Guimarães, dirigido aos empresários americanos. Mais informações no site da missão: trademission.com.br.

VG&P ORGANIZA MISSÃO COMERCIAL DE EMPRESAS AMERICANAS.

Fernando Vernalha Guimarães e Carlos Eduardo Ferreira, advogados do VG&P, acompanhados por Harvey Scott, Diretor de Comércio Internacional da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de Utah e Garry Neeleman, Consul do Brasil nos Estados Unidos, onde foram recebidos pelo Vice-Governador do Estado de Utah, e ex-Senador dos Estados Unidos, Greg Bell.

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JULHO, 20132

A Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgou improcedente o pedido de penhora patrimonial do sócio de uma in-dústria de móveis (que não detinha bens), para quitar uma dívida fiscal decorrente de multa aplicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O requerimento foi feito em fase recursal (recurso de revista) a pedido da União (RR-313600-98.2005.5.15.0130).

Entendeu-se que não é possível o redirecionamento aos sócios de execução fiscal referente à multa administrativa aplicada por órgãos

de fiscalização do trabalho.De acordo com informações prestadas pelo Tribunal Regional do

Trabalho da 15ª Região (TRT), a execução foi promovida pela União para a cobrança de dívidas decorrentes de infrações administrativas impostas pelo descumprimento de leis trabalhistas. Em primeiro grau, a 11ª Vara do Trabalho de Campinas (SP), depois de várias bus-cas, não localizou bens da referida empresa para a quitação da dívida. Em razão das tentativas infrutíferas, a União pediu a inclusão dos sócios no polo passivo da ação, a fim de que esses garantissem, com patrimônios próprios, o pagamento da multa.

O TRT negou referido pedido por 02 (duas) razões: a) porque en-tendeu que a multa por infração administrava não tem natureza tri-butária, logo, inexiste obrigação legal dos sócios responderem pelos débitos apurados (sendo inaplicável no caso os artigos 134 e 135 do

Código Tributário Nacional, que redirecionam a responsabilidade da dívida); e b) pois entendeu não restar comprovado nos autos o abuso da personalidade jurídica ou o encerramento irregular das atividades da empresa (artigo 50 do Código Civil).

Diante da negativa do TRT da 15ª Região, a União recorreu ao TST, que afirmou, conforme entendimento do relator Ministro João Batista Brito Pereira, ser inviável o redirecionamento da execução fiscal de multa administrativa aplicada pelos órgãos de fiscalização

do trabalho. O Ministro defendeu que o artigo 135, inciso III, do Código Tributário Nacional regula as execuções fiscais de dívidas de natureza tributária e não as de natureza administrativa, como no presente caso.

Analisando-se as decisões do TRT da 15ª Região e do TST, veri-fica-se que, diversamente do que ocorre quando se trata de cobrança de créditos trabalhistas (em que o redirecionamento da execução aos sócios é mais fácil de ser decretada, bastando o inadimplemento da dívida e ausência de bens da Pessoa Jurídica), tratando-se de multas administrativas aplicadas pelo MTE, o entendimento para o deferi-mento da Despersonalização da Pessoa Jurídica é mais complexo (pois exige prova do abuso da personalidade jurídica ou do encerra-mento irregular das atividades da empresa).

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO DECIDE QUE SÓCIO NÃO PODE SER EXECUTADO POR MULTA ADMINISTRATIVA APLICADA PELO MINISTÉRIO DO TRABALHO

D i r e i t o d o T r a b a l h o

Manuela Godoi de Lima HartmannAdvogada do Departamento de Direito Trabalhista do VG&P

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Co n t r a t o s e N e g ó c i o s I m o b i l i á r i o s

A FORMULAÇÃO E A REVISÃO DO PREÇO DA EMPREITADADayana Sandri DallabridaAdvogada Coordenadora do Departamento de Direito Cível do VG&P

A regra geral é que a empreitada seja executada a preço certo, de modo que o empreiteiro assuma isoladamente o risco da elaboração do seu orçamento financeiro, conforme determina o Código Civil.

Conclui-se dessa regra que o conheci-mento das bases para a realização do tra-balho e do exato resultado pretendido pelo dono da obra é pressuposto da formulação do seu preço e, sobretudo, da anuência do empreiteiro para com os seus riscos. Em outras palavras, é fundamental que a con-tratação da empreitada esteja amparada com informações suficientes à programação fi-nanceira e gestão de riscos pelo contratado.

Confirmação de tal racionalidade finan-ceira da empreitada é a previsão do inciso II do artigo 625 do Código Civil, que auto-riza o empreiteiro a suspender os trabalhos se, durante a execução, o dono da obra exija modificações que, por seu vulto e natureza, forem desproporcionais ao projeto aprova-do, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo de preço.

Nessa mesma lógica, a incorreção ou a imprecisão das informações prestadas pelo dono da obra, que causem impacto no orça-mento original do empreiteiro, autorizam a sua reformulação.

Ainda, deficiências do projeto original, que evidentemente não tenha sido criado pelo empreiteiro executor, igualmente po-dem referenciar um novo orçamento para a obra. Se durante a execução do trabalho, o empreiteiro detectar eventual falha do proje-to ou condição ignorada na sua elaboração, deverá, por certo, comunicar ao dono da obra para que este autorize, preferencialmente por escrito, eventual aumento ou acréscimos dos serviços, garantindo o pagamento do corres-pondente acréscimo de preço. Ainda que não tenha havido autorização escrita, ressalva a lei, o dono da obra é obrigado a pagar ao em-preiteiro os aumentos e acréscimos, segun-do o que for arbitrado, se, sempre presente

à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o que se estava passando, e nunca protestou.

Em síntese, ao dono da obra caberá in-formar todas as condições necessárias para a sua execução, obrigação esta normalmente atendida com a entrega do projeto executivo, e, ao empreiteiro, elaborar o seu orçamento, incluindo o seu lucro, considerando os cus-tos da mão de obra e do material necessários e mensurados a partir da sua experiência profissional de gestão de obras.

O Código Civil traz uma regra particular de revisão do preço da empreitada. O artigo 620 determina que, se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão de obra supe-rior a um décimo do preço global conven-

cionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe assegure a diferença apurada.

Mas a particularidade da regra de revi-são em favor do dono da obra não significa que esta seja a única possibilidade legal. A empreitada também está submetida a “teo-ria geral da imprevisão”, prevista nos artigos 478 e 479 do Código Civil. Esses dois ar-tigos garantem que a superveniência de um fato imprevisto e imprevisível à celebração do contrato seja causa legítima para alterar as condições de sua execução, com o objeti-vo de preservá-lo, porém em termos praticá-veis e equilibrados.

A imprevisão está exemplificada no in-ciso II do artigo 625 do Código Civil, que descreve como hipótese autorizadora de suspensão da obra pelo empreiteiro, a super-veniência de causas geológicas ou hídricas imprevisíveis que tornem a empreitada ex-cessivamente onerosa.

Além da referida faculdade legal de sus-pensão, o fato imprevisto, tal como exempli-ficado no dispositivo transcrito, autorizará a revisão do preço na medida necessária ao re-equilíbrio financeiro original da empreitada.

O preço, portanto, é formulado pelo em-preiteiro a partir das informações do plano de execução apresentados pelo dono da obra e de acordo com a sua própria avaliação de custos e riscos (p.e., tempo de execução, variação de salários da construção civil, va-riação do preço do material etc). Uma vez contratado o preço, se houver acréscimo na obra por fato atribuível ao seu dono (p.e. re-visão de projetos e inadimplemento), o pre-ço poderá ser complementado e, se por fato imprevisto e imprevisível, o preço poderá ser revisado (ressalvada a opção de o em-preiteiro suspender a execução). Nas duas hipóteses, a readequação do preço, se não dispuserem as partes de forma diferente, será voltada para o reestabelecimento da equação econômica financeira original do contrato.

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JULHO, 20134

No ano de 2011, o STF foi provocado. por meio de Ação Direita de Inconstitucionalidade. apresentada pelo Partido Social Democrá-tico - PSD, sigla criada posteriormente às eleições de 2010 e que cresceu consideravelmente devido à migração de outros parlamenta-res de outras legendas, a dar uma nova interpretação aos artigos refe-rentes ao fundo partidário e ao horário eleitoral gratuito, para que o PSD não estivesse limitado à proporção distribuída por igual a todas as siglas (5% do fundo partidário e 1/3 do horário eleitoral gratuito), mas que também participasse da divisão proporcional do restante, já com base na sua nova bancada. Atualmente, o PSD compõe a quarta bancada parlamentária da Câmara dos Deputados.

Embasando-se na li-berdade de criação de partidos, no pluralismo político, na igualdade de oportunidades entre os competidores eleitorais, bem como no direito de representatividade das minorias, o Minis-tro Dias Toffoli atendeu ao PSD e determinou a nova divisão do fundo partidário e do horário eleitoral gratuito, dando ao partido os direitos que sua representatividade lhe conferia.

Entretanto, apenas três meses depois dessa sentença, foi apresen-tado o projeto de lei n° 4.470/12, de autoria do Dep. Federal Edinho Araújo (PMDB-SP), que pretende modificar o disposto nos arts. 29 e 41-A da Lei 9.096/95 e no art. 47 da Lei n° 9.504/97. Essa iniciativa legislativa parece re-fletir o receio de que os parlamentares de outros partidos possam ter do surgimento de um caso semelhante ao do PSD no futuro, já que estabelece justamente o contrário desta nova interpretação dada pelo STF. Tal projeto de lei busca, exclusivamente, “blindar” a divisão do fundo partidário e do horário eleitoral gratuito resultante da eleição anterior e impedir posteriores modificações em caso de filiação par-tidária motivada pela criação de um novo partido.

Envolvendo diversos dispositivos constitucionais, o que poderá ensejar uma importante modificação tanto na lei dos partidos, quanto

na lei das eleições, é importante dizer que a Constituição de 1988 é clara ao determinar o pluralismo político como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito do Brasil.

Assim, não basta, para a ordem constitucional brasileira, ter mais de um partido para que o eleitor possa eleger. É necessário possi-bilitar a real concorrência entre as organizações partidárias fortes e bem- estruturadas e aquelas de recém-criação. Para que as minorias estejam integradas nesse modelo de democracia, deve-se garantir que tenham uma oportunidade concreta de alcançar o poder por meio de intervenções do Estado que ajudem a equilibrar as forças desses competidores eleitorais. O Estado deve, então, identificar os

fatores que causam dese-quilíbrios nessa disputa e estabelecer normas que inibam o impacto desses fatores no resultado do pleito, justificando obje-tivamente a sua interven-ção. Caso não exista esta justificativa, o Estado deve abster-se de atuar.

Ainda, é notório que a maneira de fazer políti-ca de hoje em dia requer grandes quantidades de recursos econômicos e uma constante presença nos meios de comunica-ção. A importância desses elementos é tão evidente que o próprio constituinte garantiu fatores a todos os

partidos devidamente registrados o direito do acesso a esses dois, como forma ativa de equilibrar – ou ao menos de minimizar – as desigualdades porventura existentes entre eles.

Diante dessa perspectiva, o legislador procurou mitigar a condi-ção inicial desfavorável dos novos partidos, adotando os atuais crité-rios de divisão tanto do fundo partidário, quanto do horário eleitoral gratuito. Todos os partidos devidamente registrados no TSE parti-cipam dessa divisão, pois, mesmo restrito a uma pequena parte do fundo partidário e do horário eleitoral gratuito, beneficia a todos, in-dependentemente da sua representatividade. Contudo, embora tenha uma justificativa que atenda ao principio da igualdade de oportuni-dades, é visível que a medida não é suficiente para assegurar a livre

O PERIGO DO RETROCESSO NA BUSCA POR UMA LIMITAÇÃO PARTIDÁRIA

D i r e i t o E l e i t o r a l

Ana Claudia Santano Doutora em Ciências Jurídicas e Advogada do Departamento Eleitoral do VG&P

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competência entre os partidos.O que se verificou, na interpretação dada pelo STF aos critérios

do fundo partidário e do horário eleitoral gratuito, é justamente a ten-tativa de dar a esses novos partidos uma melhor condição de sobre-vivência, até que possam se tornar uma real alternativa aos olhos dos eleitores, entendimento este que vem sendo minimizado por recentes iniciativas legislativas.

Até porque os partidos pequenos têm o condão de dar voz às mi-norias de provocar a alternância no poder. São peças importantes no espectro político de qualquer democracia e não podem ser indireta-mente asfixiados por atos vindos dos partidos maiores. E devido a isso que o projeto de lei – que já se encontra no Senado – pode re-presentar um retrocesso na ordem constitucional escolhida em 1988.

I n f r a e s t r u t u r a e Co n t r a t o s

PREÇO GLOBAL E MEDIÇÃO UNITÁRIA – UM BASTA DO TCUSilvio GuidiAdvogado Coordenador do Departamento de Direito Administrativo do VG&P

Já não é de hoje que as empresas de engenharia contratadas para execução de obras públicas se deparam com uma postura excessiva-mente nociva das Administrações contratantes. Muito embora as li-citações que precedem os contratos disponham recorrentemente que a obra será executada pelo regime de empreitada por preço global, os fiscais da Administração acabam por medir “somente o que foi exe-cutado”. Esse procedimento de medição, prolongado durante a exe-cução do contrato, culmina numa remuneração inferior àquela que foi pactuada. Tal modus operandi é inegavelmente ilícito e impacta na intangível equação econômico-financeira do contrato.

Nas empreitadas por preço global, ajusta-se um valor certo para a entrega da obra, sendo que a remuneração do particular tem de se dar pelo cumprimento de etapas. Nessa sistemática, cumprida a primeira etapa (10% do cronograma físico-financeiro, por exemplo), o parti-cular faz jus ao recebimento de 10% do valor do contrato. Ao final de todas as etapas, a empreiteira receberá o valor total do contrato. Por isso, nesses contratos, os quantitativos dos itens que compõem a planilha orçamentária são meramente estimativos e não vinculam as partes contratantes.

Ao revés disso, as Administrações, quando da realização das me-dições parciais, apegam-se aos quantitativos estimados na planilha com se estes fossem fixos, remunerando a empresa na proporção do quantitativo executado. Tal sistema de medição é típico, entretanto, de outro regime de empreitada, qual seja, o de preço unitário.

Percebendo que essa postura contaminou várias esferas da Admi-nistração, o TCU realizou um estudo jurídico intenso, o qual resultou em orientações muito pertinentes acerca do tema, todas postas nos acórdãos 1977/2013 e 1978/2013.

Nos julgados, ambos de relatoria do Ministro Valmir Campe-lo, orientou-se que a empreitada por preço global deve ser adotada quando for possível definir previamente no projeto, com boa margem de precisão, as quantidades dos serviços a serem posteriormente exe-cutados na fase contratual; enquanto a empreitada por preço unitário

deve ser preferida nos casos em que os objetos, por sua natureza, possuam uma imprecisão inerente de quantitativos em seus itens orçamentários, como são os casos de reformas de edificação, obras com grandes movimentações de terra e interferências, obras de ma-nutenção rodoviária, dentre outras.

Ademais, determinou o TCU que os editais de licitação devem especificar, de forma objetiva, as regras sobre como serão realizadas as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do empreendimento ou de acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei 8.666/93. Esclareceu-se, ainda, que os procedimentos de medições previstos em edital serão realizados por etapas, não por quantitativos medidos.

As orientações do TCU vieram em excelente momento, pois ser-virão de apoio para que as empresas contratadas exijam das Admi-nistrações contratantes o respeito à modalidade de empreitada eleita para a consecução do empreendimento. Inegavelmente, a manuten-ção de condutas contrárias às recentes orientações do TCU poderá ser levada ao conhecimento daquela Corte de Contas para que sejam cumpridas em todo o âmbito da Administração Pública Federal, evi-tando prejuízos financeiros ao particular.

D i r e i t o E l e i t o r a l

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JULHO, 20136

D i r e i t o T r i b u t á r i o

RECENTES DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DESONERAM O CONTRIBUINTE DE PIS/COFINSAndressa SaizakiAdvogada do Departamento de Direito Tributário do VG&P

Nos últimos meses, o Supremo Tribunal Federal proferiu três re-levantes decisões, em regime de repercussão geral, favoráveis aos contribuintes sobre o âmbito de incidência do PIS/COFINS.

No final de março, decidiu ser inconstitucional a inclusão do ICMS, bem como do PIS/Pasep e da Cofins na base de cálculo des-sas mesmas contribuições sociais incidentes sobre a importação de bens e serviços. A regra é prevista no artigo 7º da Lei 10.865/2004

A decisão ocorreu no julgamento do Recurso Extraordiná-rio n.º 559.937, interposto pela União contra acórdão do TRF-4, que considerou inconstitucional a norma quanto à base de cálculo dessas contribuições nas operações de importação de bens e ser-viços. A Ministra Ellen Gracie, relatora do caso, entendeu que a norma excedeu os limites previstos no artigo 149, parágrafo 2º, inciso III, letra ‘a’, da Constituição Federal, que prevê o “valor aduaneiro” como base de cálculo para as contribuições sociais.

Em outro recente julgamento, o Supremo Tribunal Federal deci-diu que o PIS/COFINS não incidem sobre a transferência de crédito acumulado de ICMS.

A tributação julgada inconstitucional ocorria nas operações de transferência a terceiros de créditos de ICMS acumulados por contri-buintes que praticavam operações de exportação. A receita originada dessa transferência sofria a incidência de PIS/COFINS. Como a de-cisão foi proferida em processo submetido ao regime de repercussão geral, deverá ser adotada pelos tribunais, e os contribuintes subme-tidos ao pagamento das contribuições em questão poderão pleitear sua restituição.

No fim de maio, o plenário do Supremo decidiu também pela não incidência do PIS/COFINS nas variações cambiais ativas, decorretes de créditos em moedas estrangeiras em operações de exportação.

Para a relatora, Ministra Rosa Weber, a vedação constitucional da tributação nas exportações se estende à variação cambial ativa, já que esta seria a continuidade da renda obtida na operação de exportação e não um ganho financeiro.

Assim, de acordo com o novo entendimento do STF, as variações cambiais somente serão computadas na base de cálculo do IRPJ e da CSLL no momento da realização das receitas, e o contribuinte pas-sará a contabilizar os ganhos com a variação cambial ativa como re-ceita de exportação, e não receita financeira interna. Dessa forma, as empresas optantes pelo regime de lucro presumido contabilizariam a receita na base de cálculo da aplicação do percentual de presunção do lucro, em vez de lançá-las como receitas e ganhos.

(Art. 7º. A base de cálculo será: I - o valor aduaneiro, assim enten-dido, para os efeitos desta Lei, o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo do imposto de importação, acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Inter-municipal e de Comunicação — ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições).

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Em 17 de maio de 2012, foi publicada a Lei nº 12.812/2013, que garante estabilidade no emprego às gestantes durante o período de aviso prévio, seja efetivamente trabalhado ou simplesmente indeni-zado.

Referida Lei introduz na Consolidação das Leis Trabalhistas o ar-tigo 391-A, com a seguinte redação:

A estabilidade da grávida (durante o vínculo de emprego) tinha como finalidade indiscutível a proteção à maternidade e ao nascituro (tratava-se de matéria pacífica). Contudo, com a introdução do artigo 391-A, aquela garantia se estendeu a todo o período de aviso prévio.

O sentido da Lei é que, enquanto a empregada estiver em avi-so prévio, seu contrato de trabalho ainda não foi extinto e, portanto, o amparo vai até o efetivo término do contrato de trabalho (não se podendo falar em limitação da estabilidade – entendia-se, anterior-mente, que quando do aviso-prévio o contrato passava de indetermi-nado para determinado e por esse motivo não haveria direito àquela garantia).

No entanto, a nova disposição legal não superou a grande dificul-dade à enfrentada pelas empresas, qual seja: o que significa “confir-mação do estado de gravidez”.

A redação imprecisa da norma legal deixa as empresas sem saber se a estabilidade deve ser conferida a partir da gravidez ou da data em que a empregada comunica tal circunstância ao empregador. Para essa situação, continuará incidindo o ensinamento da Súmula nº 244 do Tribunal Superior do Trabalho (TST): “I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao paga-mento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II, “b” do ADCT)”.

O entendimento predominante nos julgados trabalhistas tem sido de que o início da garantia é equivalente à “concepção” em si (ou seja, a proteção incide, mesmo nos casos em que a empregada tenha a confirmação médica do estado gravídico após o término do aviso prévio).

A nova norma segue a tendência jurisprudencial do TST, o qual

vinha garantindo a estabilidade, mesmo quando a concepção tenha ocorrido após a data da comunicação do aviso–prévio (pois a norma constitucional não comportaria exceções).

A nova lei apenas confirmou o conteúdo do artigo 10, inciso II, le-tra “b”, do Ato de Disposições Constitucionais Provisórias, ou seja: a segurança do nascituro por meio de estabilidade econômica da mãe.

A ideia central do legislador não foi apenas conceder uma estabi-lidade à empregada, mas garantir a valorização da vida e a da digni-dade das trabalhadoras no momento do nascimento do seu filho, ou seja, garantir a proteção à criança que está por nascer por meio da estabilidade financeira da mãe.

D i r e i t o d o T r a b a l h o

A GRAVIDEZ OCORRIDA DURANTE O AVISO PRÉVIO SOB O PRISMA DA LEI Nº 12.812/2013Carolina Taraska MacielAdvogada do Departamento de Direito Trabalhista do VG&P

“Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advin-do no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Cons-titucionais Transitórias”.

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JULHO, 20138

Argumento é u m a p u b l i c a ç ã o t r i m e s t r a l e d i r i g i d a d o e s c r i t ó r i o V G & P A d v o g a d o s . Te x t o p r o d u z i d o p e l o s p r o f i s s i o n a i s d o e s c r i t ó r i o .

D i a g r a m a d o p o r M a n o e l a Le ã o d a G u s t o E d i t o r i a l e D e s i g n .

O VG&P lançou em agosto de 2013 o livro Public-Private Partnerships: a guide to un-derstandig how PPP Works in Brazil, de auto-ria de Fernando Vernalha Guimarães. A obra, redigida em língua inglesa, oferece importantes informações sobre o modelo nacional de PPP,

consistindo num material de apoio para grupos estrangeiros interessados em disputar o mercado de infraestrutura no Brasil.

LANÇAMENTO DE LIVRO

Os Sócios do VG&P Luiz Fernando C. Pereira e Fernando Vernalha Guimarães, juntamente com o advogado do VG&P Car-los Eduardo Ferreira, farão visita institucio-nal ao Governo de Utah (EUA) com vistas a assessorar um grupo de empresas daquele estado interessadas em promover negócios e instalar-se no Brasil. Os advogados Fernando Vernalha Guimarães e Carlos Eduardo Ferrei-ra, do VG&P, foram indicados pelo Governo do Estado de UTAH para assessorar juridica-mente os grupos empresariais deste estado na visita que farão ao Brasil no final de setembro de 2013.

O VG&P lançou em agosto de 2013 o li-vro Public-Private Partnerships: a guide to understandig how PPP Works in Brazil, de autoria de Fernando Vernalha Guimarães. A obra, redigida em língua inglesa, oferece importantes informações sobre o modelo na-cional de PPP, consistindo num material de apoio para grupos estrangeiros interessados em disputar o mercado de infraestrutura no Brasil.

Fernando Vernalha Guimarães foi palestrante no IX Congresso Brasileiro de Licitações, Contratos e Compras Gover-namentais (promovido pelo Instituto de Di-reito do Estado - www.direitodoestado.com.br), que se realizou entre 07 e 10 de agosto, em Salvador (BA). Vernalha, que falou so-bre o RDC (Regime Diferenciado e Con-

tratação), ministrou também um workshop sobre Concessões e PPPs, ao lado do pro-fessor Maurício Portugal Ribeiro.

Fernando Vernalha Guimarães coorde-nou o evento “O Metrô de Curitiba e seus desafios jurídicos”, seminário promovido pela OAB/PR e que discutiu os aspectos jurídi-cos mais importantes da licitação do metrô do Município de Curitiba. O evento, contou com a participação do Prefeito Gustavo Fruet, ocorreu na OAB/PR no dia 23 de agosto de 2013. Vernalha ministrou uma palestra sobre a alocação de riscos e o sistema de garantias nas PPPs.

Fernando Vernalha Guimarães par-ticipará do III Congresso Brasileiro de Licitações e Contratos, onde falará sobre “Suspensão do direito de licitar/contratar e declaração de inidoneidade: efeitos, abran-gência, a posição do TCU e do Judiciário”, no dia 26 de setembro de 2013. O evento ocorrerá no Bourbon Curitiba Convention Hotel, em Curitiba (PR).

Fernando Vernalha Guimarães será palestrante no XIV Congresso Paranaense de Direito Administrativo, onde falará so-bre “Contratos Administrativos e PPPs”. O evento ocorrerá em Curitiba (PR) e será uma promoção do Instituto Paranaense de Direito Administrativo.

O sócio do VG&P, Luiz Fernando Pe-reira, foi entrevisto pela Globo/RPC, na edi-ção de 22 de agosto do Paraná TV. Pereira deu entrevista na condição de consultor do Sinduscon-PR e abordou aspectos jurídicos da incorporação imobiliária.

A advogada Ana Claudia Santano, do Departamento de Direito Eleitoral do VG&P, participou como docente entre os dias 23/07 a 03/08 na Cidade do México, dos Cursos Internacionais de Atualização em Direito Eleitoral e em Direito Parla-mentar, realizados pela Universidad Na-cional Autónoma de México – UNAM. As aulas ministradas versaram sobre sistema eleitoral, financiamento de campanhas elei-torais, transparência e eleições, processo eleitoral e imagem pública. O evento foi re-alizado junto ao Instituto de Investigaciones Jurídicas da UNAM, um dos mais respeita-dos no mundo.

O advogado Gustavo Guedes, coorde-nador do Departamento de Direito Eleitoral do VG&P, membro consultor da Comissão de Direito Eleitoral do Conselho Federal da OAB, participou no dia 03/07, em Brasília, de reunião onde se discutiram sugestões de alteração na legislação eleitoral, a fim de subsidiar o Congresso Nacional nas refor-mas política e eleitoral.

NOTAS E AGENDA

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