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Estudo da Reestruturação do Arranjo Físico em uma Indústria Alimentícia do segmento de biscoitos artesanais em Maceió Luís Henrique Ferreira Silva Graduado em Administração e Mestrado em Engenharia de Produção Francisco José Bordalo Padrão Alves Eng. de Produção; Especializado em Avaliações e Perícias de Engenharia Paulo Vitor Barros de Aquino Engenheiro de Produção Resumo Este estudo avalia o que a literatura preconiza a cerca de um arranjo físico, buscando a otimização dos sistemas industriais e demonstrando os diferentes tipos de layout, a adequação dos recursos transformadores e a melhoria do tempo em função da movimentação de pessoal. O estudo de caso demonstra contribuições para a melhoria de uma fábrica de biscoitos sejam elas: - A decisão de mudança do arranjo físico e a escolha do tipo de layout adequado; - A organização dos produtos transformados e transformadores; - A mudança na movimentação do pessoal dentro da fábrica, durante a produção e durante o processo de embalagem e estocagem. Palavras-chave: Arranjo Físico Planejamento e Controle de Produção (PCP) Layout. Abstract This study examines what the literature calls for about a physical arrangement, seek to optimize industrial systems and demonstrating the different types of layout, the adequacy of resources and improvement of the processors time depending on the movement of personnel. The case study shows contributions to the improvement of a biscuit factory, which include: - The decision to change the physical layout and choice of appropriate layout, - The organization of the processed products and processors; - A change in the movement of staff within the factory during production and during the process of packaging and storage. Keywords: Layout - Planning and Production Control (PCP) Biscuit Factory. 1. Introdução Os sistemas produtivos vêm passando por muitas mudanças com o passar do tempo, devido às inovações tecnológicas, ao reflexo da globalização, que instiga ainda mais a concorrência, além de forçar a organização a rever seu sistema produtivo, adequando as formas de fabricação e comunicação com o mercado atual. O arranjo físico de uma operação produtiva trata do posicionamento físico do andamento da transformação do “chão de fábrica”. Ou seja, é responsável pela definição da localização de todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção. Algumas mudanças, aparentemente pequenas, na localização de uma máquina numa fábrica ou dos produtos no ponto de venda, podem afetar diretamente o fluxo de materiais e pessoas por meio da operação, bem como os custos e eficácia geral da produção. Existem fábricas que conseguem aumentar até 25% da produção, reduzir custos e melhorar o aproveitamento do espaço através de um novo arranjo físico da fábrica. (SLACK et al, 2002). Slack et al (2002) apresentam quatro tipos básicos de arranjos físicos: Arranjo Físico Posicional esse tipo de arranjo é conhecido também como de posição fixa, isto porque ao invés dos materiais, informações ou clientes fluírem por uma operação, quem sofre o processamento fica fixo, ou seja, os

Artigo Pcp e Layout Seprone 2010

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Estudo da Reestruturação do Arranjo Físico em uma Indústria Alimentícia

do segmento de biscoitos artesanais em Maceió

Luís Henrique Ferreira Silva Graduado em Administração e Mestrado em Engenharia de Produção

Francisco José Bordalo Padrão Alves

Eng. de Produção; Especializado em Avaliações e Perícias de Engenharia

Paulo Vitor Barros de Aquino

Engenheiro de Produção

Resumo

Este estudo avalia o que a literatura preconiza a cerca de um arranjo físico, buscando a

otimização dos sistemas industriais e demonstrando os diferentes tipos de layout, a

adequação dos recursos transformadores e a melhoria do tempo em função da movimentação

de pessoal. O estudo de caso demonstra contribuições para a melhoria de uma fábrica de

biscoitos sejam elas: - A decisão de mudança do arranjo físico e a escolha do tipo de layout

adequado; - A organização dos produtos transformados e transformadores; - A mudança na

movimentação do pessoal dentro da fábrica, durante a produção e durante o processo de

embalagem e estocagem.

Palavras-chave: Arranjo Físico – Planejamento e Controle de Produção (PCP) – Layout.

Abstract

This study examines what the literature calls for about a physical arrangement, seek to

optimize industrial systems and demonstrating the different types of layout, the adequacy of

resources and improvement of the processors time depending on the movement of personnel.

The case study shows contributions to the improvement of a biscuit factory, which include: -

The decision to change the physical layout and choice of appropriate layout, - The

organization of the processed products and processors; - A change in the movement of staff

within the factory during production and during the process of packaging and storage.

Keywords: Layout - Planning and Production Control (PCP) – Biscuit Factory.

1. Introdução

Os sistemas produtivos vêm passando por muitas mudanças com o passar do tempo,

devido às inovações tecnológicas, ao reflexo da globalização, que instiga ainda mais a

concorrência, além de forçar a organização a rever seu sistema produtivo, adequando as

formas de fabricação e comunicação com o mercado atual.

O arranjo físico de uma operação produtiva trata do posicionamento físico do

andamento da transformação do “chão de fábrica”. Ou seja, é responsável pela definição da

localização de todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção. Algumas

mudanças, aparentemente pequenas, na localização de uma máquina numa fábrica ou dos

produtos no ponto de venda, podem afetar diretamente o fluxo de materiais e pessoas por

meio da operação, bem como os custos e eficácia geral da produção. Existem fábricas que

conseguem aumentar até 25% da produção, reduzir custos e melhorar o aproveitamento do

espaço através de um novo arranjo físico da fábrica. (SLACK et al, 2002).

Slack et al (2002) apresentam quatro tipos básicos de arranjos físicos:

Arranjo Físico Posicional – esse tipo de arranjo é conhecido também como de

posição fixa, isto porque ao invés dos materiais, informações ou clientes fluírem

por uma operação, quem sofre o processamento fica fixo, ou seja, os

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equipamentos, maquinário, instalações e pessoas transitam na medida do

necessário.

Arranjo Físico por Processo – são mudanças realizadas buscando processos

similares a serem localizados juntos um do outro, isto é, o arranjo físico é

constituído de acordo com as necessidades e conveniências dos recursos

transformadores que formam o processo na operação.

Arranjo Físico Celular – este se caracteriza por tentar definir uma ordem para a

complexidade de fluxo que distingue o arranjo físico por processo, onde os

recursos transformados são pré-selecionados para movimentar-se para uma parte

específica da operação (célula) na qual todos os recursos transformadores

necessários se encontram.

Arranjo Físico por Produto – também conhecido como arranjo físico em

“fluxo” ou em “linha”; neste caso, cada produto, elemento de informação ou

cliente segue um mesmo trajeto no qual a seqüência de atividades requerida

coincide com a seqüência dos processos que foram arranjados fisicamente.

A base organizacional visada pela indústria é a melhoria do arranjo físico do “chão

de fábrica”, independente do seu tipo. Tem como intuito organizar o layout das máquinas,

criar locais adequados para a colocação dos produtos e organizar a movimentação de pessoal,

diminuindo o tempo de espera por produto e por mão-de-obra em cada setor.

Petrônio e Fernando Piero (2006) afirmam que é necessário seguir uma seqüência

lógica para se obter um bom arranjo físico, apontando os seguintes passos:

1- Localização da Unidade Industrial;

2- Determinação da Capacidade;

3- Arranjo físico da Empresa.

Em vista disso, percebe-se que o processo de reengenharia do arranjo físico de

produção, apresenta-se como uma ferramenta de melhoria na parte de movimentação e de

tempo no “chão de fábrica”.

1.1. Objetivo Geral:

Firmar a importância do arranjo físico para um melhor desempenho no processo de

produção de uma fábrica seja na simples organização de estocagem e/ou na melhor definição

da área de trabalho, no combate a perdas, no tempo de serviço, entre outras.

1.2 Objetivos Específicos:

Apresentar a importância do Arranjo Físico, demonstrando como este pode ser

desenvolvido e aplicado no “chão de fábrica”, por meio do desenvolvimento de

um PCP adequado, do uso de fluxogramas entre outros instrumentos;

Examinar com visão crítica, uma Fábrica de Biscoitos em Maceió, relatando a sua

situação real, observando sua estrutura, organização e rotina;

Analisar os pontos fortes e fracos na estrutura organizacional de uma fábrica de

biscoitos, bem como as causas e possíveis soluções para os mesmos;

Oferecer conclusões teóricas e práticas sobre a função do Arranjo Físico e sua

influência no ambiente organizacional.

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1.3 Justificativa

O arranjo físico é um fator primordial para o desempenho das fábricas, materiais e

funcionários. Estabelece, ainda, canais concretos de comunicação, ao passo que diminui os

ruídos nas trocas de informações. Com a evolução da tecnologia e aumento da demanda por

produtos e serviços de qualidade, o mercado industrial, acompanhando estas tendências, exige

respostas diretas, principalmente quando trata de sistemas de manufatura.

O planejamento do arranjo físico é bastante eficaz e suas características são evidentes

no meio produtivo – organização, estruturação das máquinas, equipamentos e pessoas; ou

seja, o arranjo físico é a primeira coisa que as pessoas notam ao entrarem em uma fábrica.

(SLACK ET AL, 2002).

Fundamentados com este conceito, foi realizado um estudo de caso numa Fábrica de

Biscoitos em Maceió, onde se procurou observar, principalmente, a estrutura da empresa, sua

organização, rotina e fluxos de comunicação.

1.4 Metodologia

Foi realizada uma pesquisa buscando coletar informações teóricas e empíricas sobre

o Arranjo Físico, seus principais conceitos e características, e a forma como ele é

desenvolvido e aplicado no ambiente organizacional. Procurou-se também destacar a

importância do Arranjo Físico, definido para o alcance do potencial da fábrica nos seus

processos de produção e no desempenho das atividades realizadas por seus funcionários.

A realização da pesquisa documental, de cunho descritivo e analítico, se deu a partir

da leitura de livros e artigos tecnológicos e científicos atualizados sobre o tema, baseados,

principalmente, nas pesquisas de Slack, Cury, Chiavenato, Tubino, entre outros nomes

conceituados nas áreas de Administração em Processos, Planejamento e Controle de

Produção.

Foi realizado um estudo de caso em uma empresa específica, a saber, F&P Biscoitos

Artesanais, situada em Maceió. A coleta de dados se deu através de filmagem, fotos e de

questionários, meios escolhidos para o levantamento de dados. Todavia, algumas informações

coletadas poderão ser restritas à empresa a fim de preservar a sua competitividade.

2. Estudo de caso (F&P Biscoitos Artesanais)

2.1. Organograma

A Figura 01 apresenta um organograma de como é estruturada a distribuição

organizacional da hierarquia da empresa.

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Figura 01 – Organograma da Fábrica F&P biscoitos artesanais Fonte: Próprios Autores

2. Arranjo Físico Atual

O arranjo físico de uma fábrica é de grande importância, pois é a partir dele que é

determinada a capacidade estratégica sobre o desempenho da empresa. Foi constatado que o

Arranjo Físico da fábrica de biscoitos está estruturado conforme a Figura 02:

Figura 02 – Arranjo Físico da Fábrica F&P biscoitos artesanais

Fonte: Próprios Autores

2.3. Movimentação de Pessoal Atual

Com base nas filmagens obtidas, conseguiu-se projetar a movimentação do pessoal

conforme a Figura 03, do mapofluxograma da movimentação do pessoal e do produto.

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Figura 03 – Mapofluxograma da Movimentação da F&P biscoitos artesanais

Fonte: Próprios Autores

Com base na Figura 03, percebe-se uma movimentação desordenada em toda a

fábrica, o que ocasiona perdas de tempo, transporte, um aumento na espera e no processo

produtivo. Após a análise do Arranjo Físico atual foi possível observar várias características

da organização e com isso foi possível afirmar que o arranjo físico não está adequado.

2.4. Proposta de Arranjo Físico

Visando criar uma sequência linear no chão de fábrica, uma redução nas perdas e,

consequentemente, um aumento na produção e na satisfação dos funcionários. Com base nas

pesquisas desenvolvidas sobre o arranjo físico, suas principais características e conceitos,

acredita-se que para a fábrica de biscoitos artesanais alcançar seu potencial será necessário e

conveniente a utilização do Arranjo Físico por Processo.

Para alcançar melhorias e um crescimento na produção da fábrica, combatendo as

perdas e organizando a estrutura do chão de fábrica, apresenta-se os seguintes passos para a

reestruturação do arranjo físico citado:

Separação dos banheiros, conforme a Portaria nº 326 da SVS/MS;

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Criação da cozinha, para um aumento da motivação dos funcionários;

Definição de um local para o depósito do produto acabado, com maior ventilação;

Organização da matéria-prima em um local único;

Abertura de espaços para circulação de pessoal e ventilação da área de produção;

Aproximação do material de queima aos fornos, evitando-se a perda de tempo;

Aproximação das áreas de embalagem e contagem, para facilitar a comunicação;

Demarcação do local para estacionar os carrinhos de apoio, visando trazer ordem;

Alinhamento das máquinas conforme o arranjo físico por processos.

A Figura 04 apresenta uma ilustração de como seria o layout da fábrica, respeitando

as propostas listadas acima.

Figura 04 – Ilustração das melhorias propostas do arranjo físico da F&P biscoitos artesanais

Fonte: Próprios Autores

Em vista disso, fazendo uma comparação entre as situações apresentadas nas Figuras

02 e 04, podem ser observadas grandes diferenças com relação ao arranjo físico. Com a

proposta de reestruturação e aplicação do arranjo físico por processo, por meio de algumas

modificações na estrutura da fábrica, (Figura 04), percebe-se uma melhoria na distribuição

das máquinas e demais materiais para produção.

2.5. Proposta de Movimentação de Pessoal

Após a proposta de reestruturação do arranjo físico, também foi possível determinar

uma proposta para um novo mapofluxograma de movimentação do pessoal e do produto

dentro da fábrica, como pode ser visualizado na Figura 05.

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Figura 05 – Mapofluxograma da movimentação proposta

Fonte: Próprios Autores

Com a proposta apresentada, com o novo fluxo dos operadores e dos produtos, pode-

se afirmar que adequação dos recursos transformadores e transformados é essencial para que a

fábrica atinja seu potencial, uma vez que, as distâncias entre estes serão reduzidas. Com a

separação dos banheiros, a criação da cozinha e a abertura de um vão, irão gerar um melhor

aproveitamento do tempo e do espaço, agregando um valor maior a produção.

5. Conclusão

O presente trabalho buscou demonstrar esses fatos através de um estudo de caso.

Com base nesse estudo, foi possível constatar as fragilidades do processo produtivo, a

começar pelo seu arranjo físico que não é bem definido, ocasionando perdas por

movimentação de pessoal, produto transformado e matéria-prima.

A divisão adequada dos locais no layout proposto, refletirá no fluxo da sua produção,

na redução das perdas que afetam o desempenho produtivo, assim como para a motivação e

melhores condições de trabalho dos funcionários, e para definição de uma melhor imagem da

empresa, atraindo mais visitantes e fornecedores.

O presente trabalho permitiu firmar a fundamental importância do profissional de

Engenharia de Produção na garantia de um arranjo físico adequado ao processo produtivo de

uma fábrica, bem como no ajustamento dos recursos transformadores e transformados para

que a empresa atinja seu potencial, sem perdas, sem distâncias entre os setores, sem

insatisfação dos funcionários, entre outros fatores que garantem um melhor aproveitamento

do tempo de serviço, do espaço disponível e para agregar valor à produção.

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Referências

BRASIL. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997. Disponível em: <

https://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/326_97.htm >. Acesso em: 13nov. 09.

MARTINS, Petrônio G.; LAUGENI, Fernando Piero. Administração da Produção. – 2 ed. São Paulo: Saraiva 2005.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; Johnston, Robert. Administração da produção. 1. Ed. São Paulo: Atlas,

2006.