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X EDAO – ENCONTRO PARA DEBATES DE ASSUNTOS DE OPERAÇÃO RESTABELECIMENTO ALTERNATIVO DAS CARGAS DE 20 kV DA REGIÃO CENTRAL DE SÃO PAULO Iran Pereira de Abreu Marcelo Montini de Oliveira Nilton da Silva CTEEP CTEEP CTEEP Jundiaí – SP Jundiaí – SP Jundiaí – SP RESUMO As linhas de transmissão subterrâneas, cada vez mais utilizadas em áreas densamente povoadas, demandam tempo maior que o normal para localização e reparo de defeitos. A CTEEP as utiliza na transmissão de energia para a região central de São Paulo, nas tensões de 230 kV e 345 kV. Visando minimizar os tempos de interrupção de cargas em caso de faltas nas mesmas, existem estratégias alternativas de restabelecimento, que são alvo da apresentação deste trabalho. PALAVRAS-CHAVE Linhas Subterrâneas; Manutenção; Restabelecimento; Transmissão. 1 INTRODUÇÃO A sociedade humana tornou-se dependente da energia elétrica, e isso já não é mais novidade. Tal fato se torna ainda mais exacerbado quando falamos de grandes conglomerados urbanos. Que dizer da região central da 3ª maior cidade do planeta, responsável pelo fluxo de 30 % do PIB nacional, com alta densidade populacional, elevada concentração de instituições financeiras e grande número de instalações médico-hospitalares? A simples menção da falta de energia pode causar prejuízos financeiros ou perda de vidas. Portanto, estratégias de recomposição ágeis tornam-se vitais. A distribuição de energia dessa região é feita pela Eletropaulo através de um sistema subterrâneo chamado Reticulado, na classe de tensão de 20 kV, que, por sua vez, é suprido pela CTEEP através das SEs Centro e Miguel Reale, que compartilham uma peculiaridade que dificulta seu restabelecimento: ambas recebem energia através de linhas de transmissão subterrâneas radiais. A dificuldade reside no fato de que, na ocorrência de faltas duplas envolvendo as linhas de transmissão subterrâneas, a recomposição fica inviabilizada num primeiro momento, devido a impossibilidade de visualização e identificação imediata dos defeitos, o que não permite isolá-los. E, mesmo que sejam localizados em tempo recorde, tais defeitos costumam exigir um longo tempo de reparo, em comparação com situações similares em linhas de transmissão convencionais. Diante disso, foram desenvolvidos estudos em conjunto entre a CTEEP e a Eletropaulo, no intuito de restabelecer as cargas não atendidas do sistema reticulado de 20 kV o mais rápido possível, minimizando o impacto para a população e para o país. De tais estudos resultaram procedimentos específicos que consistem de manobras conjuntas nas barras de 88 kV das SEs Centro e Miguel Reale, da CTEEP, e na rede de subtransmissão em 88 kV da Eletropaulo, permitindo usar esta classe de tensão como fonte para o restabelecimento do sistema de 20 kV de modo ágil e eficiente. É necessário ressaltar que tal agilidade e eficiência dependem tanto do entrosamento das equipes dos Centros de Operação da CTEEP e da Eletropaulo, como do prévio conhecimento e treinamento destas sobre o conteúdo dos citados procedimentos. O conteúdo destes é o alvo da apresentação deste trabalho, que também descreve noções básicas sobre linhas de transmissão subterrâneas e sua utilização pela CTEEP na transmissão de energia elétrica. 2 A TECNOLOGIA DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO SUBTERRÂNEAS Nos dias atuais, as linhas subterrâneas representam uma das soluções mais adequadas para a transmissão de energia elétrica em alta tensão. Largamente empregadas na Europa, estão sendo também uma notória tendência nos recentes projetos brasileiros localizados em regiões densamente povoadas. A rápida urbanização das grandes cidades brasileiras faz com que em muitos lugares não haja mais espaço físico para instalação das largas faixas de servidão exigidas pelas linhas de transmissão de alta e extra-alta tensão, tornando premente o uso de avanços tecnológicos como este. A primeira linha de transmissão subterrânea na cidade de São Paulo foi instalada em 1959, utilizando cabos isolados em papel e óleo para 88 kV. A princípio era uma tecnologia caríssima, mas o custo vem se reduzindo devido ao recente uso em maior escala e o desenvolvimento da tecnologia, viabilizando economicamente o avanço na sua utilização, a ponto de já existirem mais de 3000 km

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X EDAO – ENCONTRO PARA DEBATES DE ASSUNTOS DE OPERAÇÃO

RESTABELECIMENTO ALTERNATIVO DAS CARGAS DE 20 kV DA REGIÃO CENTRAL DE SÃO PAULO

Iran Pereira de Abreu Marcelo Montini de Oliveira Nilton da Silva

CTEEP CTEEP CTEEP Jundiaí – SP Jundiaí – SP Jundiaí – SP

RESUMO As linhas de transmissão subterrâneas, cada vez mais utilizadas em áreas densamente povoadas, demandam tempo maior que o normal para localização e reparo de defeitos. A CTEEP as utiliza na transmissão de energia para a região central de São Paulo, nas tensões de 230 kV e 345 kV. Visando minimizar os tempos de interrupção de cargas em caso de faltas nas mesmas, existem estratégias alternativas de restabelecimento, que são alvo da apresentação deste trabalho. PALAVRAS-CHAVE Linhas Subterrâneas; Manutenção; Restabelecimento; Transmissão. 1 INTRODUÇÃO A sociedade humana tornou-se dependente da energia elétrica, e isso já não é mais novidade. Tal fato se torna ainda mais exacerbado quando falamos de grandes conglomerados urbanos. Que dizer da região central da 3ª maior cidade do planeta, responsável pelo fluxo de 30 % do PIB nacional, com alta densidade populacional, elevada concentração de instituições financeiras e grande número de instalações médico-hospitalares? A simples menção da falta de energia pode causar prejuízos financeiros ou perda de vidas. Portanto, estratégias de recomposição ágeis tornam-se vitais. A distribuição de energia dessa região é feita pela Eletropaulo através de um sistema subterrâneo chamado Reticulado, na classe de tensão de 20 kV, que, por sua vez, é suprido pela CTEEP através das SEs Centro e Miguel Reale, que compartilham uma peculiaridade que dificulta seu restabelecimento: ambas recebem energia através de linhas de transmissão subterrâneas radiais. A dificuldade reside no fato de que, na ocorrência de faltas duplas envolvendo as linhas de transmissão subterrâneas, a recomposição fica inviabilizada num primeiro momento, devido a impossibilidade de visualização e identificação imediata dos defeitos, o que não permite isolá-los. E, mesmo que sejam localizados em tempo recorde, tais defeitos costumam exigir um longo tempo de reparo, em comparação com situações similares em linhas de transmissão convencionais.

Diante disso, foram desenvolvidos estudos em conjunto entre a CTEEP e a Eletropaulo, no intuito de restabelecer as cargas não atendidas do sistema reticulado de 20 kV o mais rápido possível, minimizando o impacto para a população e para o país. De tais estudos resultaram procedimentos específicos que consistem de manobras conjuntas nas barras de 88 kV das SEs Centro e Miguel Reale, da CTEEP, e na rede de subtransmissão em 88 kV da Eletropaulo, permitindo usar esta classe de tensão como fonte para o restabelecimento do sistema de 20 kV de modo ágil e eficiente. É necessário ressaltar que tal agilidade e eficiência dependem tanto do entrosamento das equipes dos Centros de Operação da CTEEP e da Eletropaulo, como do prévio conhecimento e treinamento destas sobre o conteúdo dos citados procedimentos. O conteúdo destes é o alvo da apresentação deste trabalho, que também descreve noções básicas sobre linhas de transmissão subterrâneas e sua utilização pela CTEEP na transmissão de energia elétrica. 2 A TECNOLOGIA DAS LINHAS DE

TRANSMISSÃO SUBTERRÂNEAS Nos dias atuais, as linhas subterrâneas representam uma das soluções mais adequadas para a transmissão de energia elétrica em alta tensão. Largamente empregadas na Europa, estão sendo também uma notória tendência nos recentes projetos brasileiros localizados em regiões densamente povoadas. A rápida urbanização das grandes cidades brasileiras faz com que em muitos lugares não haja mais espaço físico para instalação das largas faixas de servidão exigidas pelas linhas de transmissão de alta e extra-alta tensão, tornando premente o uso de avanços tecnológicos como este. A primeira linha de transmissão subterrânea na cidade de São Paulo foi instalada em 1959, utilizando cabos isolados em papel e óleo para 88 kV. A princípio era uma tecnologia caríssima, mas o custo vem se reduzindo devido ao recente uso em maior escala e o desenvolvimento da tecnologia, viabilizando economicamente o avanço na sua utilização, a ponto de já existirem mais de 3000 km

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de cabos subterrâneos instalados no Brasil, segundo dados de 2007 do fabricante Prysmian.

FIGURA 1 – Corte transversal de uma vala para instalação de cabos subterrâneos

Os cabos utilizados nas linhas de transmissão subterrâneas podem ser aplicados diretamente enterrados no solo, conforme figura 1, ou instalados em dutos ou túneis projetados para este fim, conforme figura 2.

FIGURA 2 – Corte transversal de um túnel para instalação de cabos subterrâneos

2.1 Principais vantagens A principal característica da rede subterrânea é sua alta confiabilidade, pois ao contrário das redes aéreas convencionais, sua operação não é vulnerável a fenômenos meteorológicos como raios, chuvas e ventos. Ainda assim, pode acontecer de tais fenômenos atingirem a parte do sistema que opera a céu aberto, como os terminais da LT nas subestações responsáveis por alimentar os fios que correm pelo subsolo, porém, em muito menor grau. Também contribuem para a preservação do meio ambiente, por não exigirem devastação de vegetação para implantação das faixas de servidão, eliminam a poluição visual causada pelas altas torres de transmissão e, segundo estudos recentes, geram campos eletromagnéticos menores. Com a utilização de linhas subterrâneas, evita-se a desapropriação de grandes espaços físicos que seriam utilizadas como faixa de passagem de linhas aéreas, liberando sistematicamente áreas úteis que podem ser muito melhor aproveitadas nos âmbitos imobiliário e social.

2.2 A CTEEP e a transmissão subterrânea Em seu sistema de transmissão, a CTEEP conta com mais de 74 km de circuitos subterrâneos, nas classes de tensão de 230 kV e 345 kV, conforme a tabela 1.

Nome da LT

Número de

Circuitos

Compri-mento da LT (km)

Compri- mento de Circuitos

(km)

Centro CTT/ Centro CTR 2 9,75 19,50

Norte/ Miguel Reale 2 14,51 29,02

Xavantes/ Bandeirantes 3 8,50 25,50

TABELA 1 – Relação das Linhas Subterrâneas da

CTEEP Além destas, há um pequeno trecho subterrâneo da LT 230 kV Edgard de Souza / Pirituba, construído recentemente devido dificuldades técnicas envolvendo a transposição aérea da mesma sobre a SE Anhanguera, quando da reforma desta. Além disso, na SE Miguel Reale, existem pequenos trechos de cabos subterrâneos interligando diversos equipamentos de 345 kV ao barramento blindado a SF6, atravessando o páteo de um lado a outro. A figura 3 apresenta uma amostra de cabo subterrâneo da classe de tensão de 230 kV, bitola de 1300 mm², utilizado pela CTEEP em seu sistema de transmissão.

FIGURA 3 – Condutor subterrâneo 1300 mm² isolado para 230 kV, utilizado pela CTEEP

O interior dos condutores das linhas de transmissão subterrâneas contém óleo sob pressão, com a função de refrigeração e supervisão da integridade dos cabos. Por isso, ao longo de sua extensão, a LT possui tanques compensadores, bombas, manômetros, caixas de inspeção e outros acessórios, que auxiliam tanto o monitoramento quanto o acesso a trechos do cabo.

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As equipes de manutenção da CTEEP possuem uma rotina de serviços, como tratamento de óleo, reparo de cabos, substituição de manômetros e manutenção civil em túneis, valas e pontes e suportes, sendo que a inspeção de itinerários é um dos principais instrumentos de prevenção e preservação das linhas de transmissão subterrâneas, pois serve para verificar a existência de obras e outras interferências que poderiam danificar e resultar em acidentes envolvendo essas linhas, causando assim sua indisponibilidade por longos períodos, que seriam necessários para manutenção corretiva. Estas inspeções são executadas seguindo um roteiro preestabelecido, que leva em consideração o diagnóstico da linha de transmissão subterrânea através das condições observadas em caixas Cross Bounding, tanques de compensação de óleo, bombas e manômetros, entre outros itens, e que permitem a elaboração e execução de um plano adequado de manutenção Apesar de todos os cuidados, podem ocorrer faltas, como esta apresentada na figura 4, ocorrida em 2004 quando pessoal não autorizado executava serviços de perfuração de solo.

Faltas como essa são primeiramente difíceis de detectar, mas, uma vez localizado o trecho defeituoso podem demandar vários dias para o reparo, que numa linha de transmissão aérea poderia ser feito em poucas horas. No caso ilustrado na figura 4, ocorreu nos seis cabos condutores de dois circuitos trifásicos, o que demandou 12 dias para o reparo total: 7 dias para o primeiro circuito e 5 dias para o segundo. Uma das maiores dificuldades é a necessidade de abertura de grandes valas para o trabalho dos eletricistas, conforme mostra a figura 5, e a conseqüente interdição de trechos de avenidas movimentadas, sendo, no caso mencionado, a Marginal do Rio Tietê, uma das principais vias de trânsito rápido da cidade de São Paulo.

FIGURA 5 – Vala aberta para reparo de cabo subterrâneo em avenida de São Paulo

São três as subestações atendidas por linhas subterrâneas na CTEEP: SE Bandeirantes (BAN), SE Centro (CTR) e SE Miguel Reale (MRE), sendo que estas duas últimas são atendidas por apenas dois circuitos de transmissão, enquanto que a primeira é atendida por três. Por causa desta vulnerabilidade um pouco maior, e também por atenderem a região central de São Paulo, foram feitos estudos mais aprofundados sobre o restabelecimento das SEs CTR e MRE. Alguns detalhes sobre estas subestações são apresentados a seguir. 2.2.1 SE CTR A SE Centro, cuja localização é mostrada na figura 6, faz jus ao nome, pois está construída exatamente na região central da cidade de São Paulo.

FIGURA 6 – Fotografia aérea da região onde está

instalada a SE Centro

FIGURA 4– Trecho de cabo subterrâneo danificado

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É do tipo compacta, com barramentos isolados a gás SF6 (Hexafluoreto de Enxofre), tem a energia suprida radialmente através de uma linha de transmissão subterrânea com 2 circuitos na classe de tensão de 230kV, a saber, a LT Centro-CTT / Centro-CTR. A subestação Centro CTT funciona como transição de circuito aéreo para subterrâneo. A energia recebida, antes de ser fornecida à Eletropaulo para distribuição, é transformada para as classes de tensão de 88 kV, através de 2 Bancos de Transformadores com 250 MVA cada, e de 20 kV, através de 3 transformadores trifásicos, sendo 2 com 123 MVA e um com 135 MVA.

FIGURA 7 – Fotografia aérea da região de comércio popular da Rua 25 de março

Responsável pelo atendimento de 156.000 unidades consumidoras da Eletropaulo, incluídas aí cargas de destaque como a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Metrô, CPD da Policia Militar de São Paulo, Mercado Municipal, Comgás, Fundação Casa (FEBEM), Secretaria de Estado da Cultura, Prefeitura de São Paulo, Sabesp, Shopping Center D, complexo bancário do centro velho da capital paulista, Hospital Sírio libanês, Hospital Samaritano e o centro comercial da Rua 25 de Março (Figura 7), por onde circulam cerca de 1 milhão de pessoas nos períodos das compras para as festas de fim de ano, entre outros. 2.2.2 SE MRE A SE Miguel Reale, cujo nome é uma homenagem ao renomado e homônimo jurista brasileiro, por sua atuação junto à Light/Eletropaulo, fica localizada no bairro do Cambuci, na região Central de São Paulo, conforme mostra a figura 8.

FIGURA 8 – Fotografia aérea da região onde está

instalada a SE Miguel Reale

Também é do tipo compacta, com barramentos isolados a gás SF6 (Figura 9), tendo a energia suprida radialmente através da LT Norte/Miguel Reale, uma linha de transmissão subterrânea com 2 circuitos na classe de tensão de 345 kV. A energia recebida, antes de ser fornecida à Eletropaulo para distribuição, é transformada para as classes de tensão de 88 kV, através de 2 Bancos de Transformadores com 400 MVA cada, e de 20 kV, através de 2 transformadores trifásicos com 135 MVA cada. Responsável pelo atendimento de 113.000 unidades consumidoras da Eletropaulo, incluídas aí cargas de destaque como o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde, o Hospital Bandeirantes, o Hospital Cruz Azul, a Avenida Paulista, o CPD do Banco Itaú entre outros.

FIGURA 9 – Barramento da SE Miguel Reale, isolado a gás SF6

A LT NOR/MRE percorre a extensão de 14,5 km, desde a cidade de Guarulhos, onde se localiza a SE Norte, atravessando a rodovia Fernão Dias, o Rio Tietê e suas avenidas marginais, na altura da Ponte Vila Guilherme e o Rio Tamanduateí, entre outros, até chegar à SE Miguel Reale. O primeiro trecho é enterrado em valas apropriadamente feitas no solo, desde a SE Norte até pouco antes do Rio Tietê. A partir daí, tanto na travessia do Rio Tietê como em todo o trecho subseqüente, até a SE Miguel Reale a LT segue instalada em um túnel, cuja saída é mostrada conforme mostra a figura 10.

FIGURA 10 – Túnel de saída da LT NOR/MRE no porão da SE Miguel Reale

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3 PROCEDIMENTOS DE RESTABELECIMENTO ALTERNATIVOS

Os procedimentos operativos apresentados a seguir foram resultado de um extensivo trabalho conjunto envolvendo as áreas de operação da CTEEP e da AES Eletropaulo, do qual o Operador de Sistema Nilton, co-autor deste trabalho, foi um dos principais participantes. Ressalta-se que estes procedimentos já se mostraram práticos, sendo que o prévio conhecimento por parte dos operadores de sistema envolvidos na emergência. A seguir, detalha-se o conjunto das manobras descritas no procedimento operativo, primeiro para a recomposição das cargas do sistema reticulado da SE Centro e depois, analogamente, para a SE Miguel Reale. 3.1 Reticulado 20 kV da SE CTR Em caso de desligamento simultâneo dos dois circuitos da LT 230 kV Centro-CTT / Centro-CTR, serão adotadas as seguintes medidas, que podem ser acompanhadas no diagrama da figura 11. - Manter desligados os disjuntores da LT 230 kV Centro-CTT / Centro-CTR C-1 e C-2; - Manter ligados os disjuntores primários e secundários dos TRs 1 e 2 de 230/88 kV, colocando (ou mantendo) os respectivos seletores de tensão EM MANUAL e em princípio no MESMO TAPE ;

- Manter ligados os disjuntores de 20 kV; - DESLIGAR ou manter desligados: os disjuntores da LT 88 kV Centro/Augusta, da LT 88 kV Centro/ Paula Souza C-1, C-2 e C-3, do Banco de Capacitores n.º 1, do paralelo das barras de 230 kV, do paralelo das barras de 88 kV, e primários dos TRs 3, 4 e 5 de 230/20 kV, mantendo os respectivos seletores de tensão (MK-20) EM AUTOMÁTICO; - Confirmar com o COS da Eletropaulo, o desligamento manual do disjuntor 13 da LT 88 kV Centro/Augusta, de maneira que o restabelecimento das cargas dele dependente seja efetivado, alternativamente, via sistema de 88 kV com alimentação proveniente da SE Milton Fornasaro ou da SE Bandeirantes; Estando assim preparada a configuração da SE CTR para ser energizada com tensão procedente da ETD Paula Souza a partir da ETD Cambuci e/ou da ETR Canindé: - Confirmar com o COS da Eletropaulo a existência de tensão de retorno nas LTs 88 kV Centro/Paula Souza C-1, C-2 e C-3, ligando coordenadamente os seus respectivos disjuntores; - Se necessário, atuar manualmente nos seletores de tensão dos TRs 1 e 2 de 230/88 kV, no sentido de adequar o melhor nível de tensão para cada uma das correspondentes barras de 230 kV;

- Ligar os disjuntores primários dos TRs 3, 4 e 5 de 230/20 kV, informando ao COS da Eletropaulo o restabelecimento do reticulado da SE CTR; - Se necessário, atuar manualmente nos seletores de tensão dos TRs 1 e 2 de 230/88kV para ajuste fino nas tensões das correspondentes barras de 230 kV e 20 kV;

FIGURA 11 – Diagrama das interligações em 88 kV entre CTEEP e Eletropaulo na região da SE CTR.

Conforme previsto, desta maneira as cargas do TR 3 (reticulados CTR-I e CTR-VI) e do TR 5 (reticulados CTR-IV e CTR-V) serão alimentadas através da LT 88 kV Centro / Paula Souza C-1 e C-3 com fonte proveniente da SE MIGUEL REALE, as cargas do TR-4 (reticulados CTR-II e CTR-III) serão alimentadas através da LT 88 kV Centro / Paula Souza C-2 com fonte proveniente da SE NORTE e as cargas referentes a LT 88 kV Centro / Augusta estarão atendidas através da SE Milton Fornasaro ou da SE Bandeirantes. 3.2 Reticulado 20 kV da SE MRE Em caso de desligamento simultâneo dos dois circuitos da LT 345 kV Norte/Miguel Reale, serão adotadas as seguintes medidas, que podem ser acompanhadas no diagrama da figura 12:

SE CENTRO-CTT (CTEEP)

SE ANHANGUERA (CTEEP)

ETD PAULA SOUZA (ELETROPAULO)

ETD AUGUSTA (ELETROPAULO)

SE NORTE (CTEEP)

SE CENTRO (CTEEP)

ETD CAMBUCI (ELETROPAULO ETR WIL (ELETROPAULO)

ETR CANINDÉ (ELETROPAULO)

20 kV 88 kV 230 kV LEGENDA

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FIGURA 12 – Diagrama das interligações em 88 kV entre CTEEP e Eletropaulo na região da SE MRE.

- Manter desligados os disjuntores dos dois circuitos da LT 345 kV Norte / Miguel Reale; - Manter ligados os disjuntores de paralelo das barras de 345 kV e das barras de 88 kV; - Manter ligados os disjuntores de 20kV; - DESLIGAR ou manter desligados: os disjuntores da LT 88 kV Miguel Reale / Wilson C-1 e C-2, da LT 88 kV Miguel Reale / Cambuci C-1 e C-2, do Reator 1 de 345 kV, do primário dos TRs 1 e 2 345/20 kV (mantendo os respectivos seletores de tensão (MK-20) EM AUTOMÁTICO), do primário e secundário do TR 6 345/88 kV (caso o restabelecimento seja através do TR 4), OU ALTERNATIVAMENTE do primário e secundário do TR 4 345/88kV (caso o restabelecimento seja através do TR 6), colocando ou mantendo EM MANUAL e, a princípio, no MESMO TAPE, o seletor de tensão do TR de 345/88kV que permanecer ligado; - Confirmar estas manobras com o COS da Eletropaulo, de maneira que o restabelecimento /transferência das respectivas cargas dependentes possa ser realizado via sistema de 88 kV;

Estando assim preparada a configuração da SE MRE para o restabelecimento com tensão proveniente da SEs Sul, Ramon Reberte Filho, Centro ou Norte, executar os seguintes passos: - Confirmar com o COS da Eletropaulo a existência de tensão de retorno na LT 88 kV MRE/WIL C-1 e/ou C-2, e ligar coordenadamente, e de preferência, os disjuntores dos dois circuitos, energizando os barramentos de 88 kV e de 345 kV da SE Miguel Reale. Alternativamente, poderão ser ligados também, de modo concomitante ou exclusivo, os disjuntores da LT 88 kV MRE/CAM C-1 e C-2, sob coordenação da Eletropaulo; - Ligar os disjuntores primários dos TRs 1 e 2 de 345/20kV, restabelecendo as cargas dependentes dos barramentos de 20 kV da SE Miguel Reale;

- Se necessário, atuar manualmente no seletor de tensão do TR 345/88 kV que estiver ligado, no sentido de adequar o melhor nível de tensão nas barras de 345 kV e 20 kV;

Conforme previsto, neste ponto os reticulados da SE Miguel Reale estarão com todas as suas cargas restabelecidas, com tensão proveniente das SEs Norte ou Centro da CTEEP via SE Cambuci da Eletropaulo, ou com tensão das SEs Sul ou Ramon Reberte Filho da CTEEP via ETR Wilson da Eletropaulo.

4 CONCLUSÂO Vimos até aqui algumas características, vantagens e dificuldades das linhas de transmissão subterrâneas, conforme exemplificadas pelo know-how da CTEEP nesta área. O procedimento descrito da SE CTR se mostrou válido e extremamente prático no dia 16 de abril de 2004, quando, às 5h53min, houve o desligamento do circuito 1 da LT 230 kV Centro/CTT/Centro-CTR e, às 5h58min, o desligamento do circuito remanescente, devido obras de perfuração de solo não autorizadas pela CTEEP. Com prévio conhecimento do procedimento, os operadores de sistema Iran e Marcelo, co-autores deste trabalho e em serviço na Sala de Controle do Centro Regional de Operação São Paulo, da CTEEP, na ocasião da citada perturbação, realizaram a recomposição do reticulado de 20 kV da SE Centro em apenas 3 minutos, sendo que dentro de outros 14 minutos adicionais as demais cargas de 88 kV também foram recompostas pela Eletropaulo, totalizando apenas 16 minutos de energia não suprida, diante de uma ocorrência de tamanho vulto, cujo defeito na LT só pode ser totalmente sanado após 15 dias de trabalho intensivo das equipes de manutenção da CTEEP. Vale ressaltar que, não fosse o conhecimento antecipado deste procedimento, tanto por parte dos operadores da CTEEP como da Eletropaulo, a manobra de restabelecimento poderia até ter sido a mesma, mas demoraria muito mais tempo, face às tratativas e estudos que teriam de ser realizados em tempo real.

ETD CAMBUCI (ELETROPAULO)

SE MIGUEL REALE (CTEEP)

ETR WILSOM (ELETROPAULO))

SE SUL (CTEEP)

SE NORTE (CTEEP)

LEGENDA 20 kV 88 kV 345 kV

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É um benefício incomensurável para a população, pois podemos imaginar o caos que seria instalado com a falta de energia, por exemplo, na estação Sé, a mais central e principal do metrô paulistano, num horário de pico de movimento de usuários pela manhã. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] INSTRUÇÃO DE OPERAÇÃO – IO 1.13.CTR – SE Centro - Medidas Operativas a serem adotadas quando da perda da alimentação da SE Centro. (Eletropaulo). [2] Procedimentos Específicos da CTEEP para o restabelecimento da SE MRE e da SE CTR [3] Site da Internet: http://www.prysmianclub.com.br/revista/PClub_24/materias/capa.htm

[4] Site da Internet: http://www.aenoticias.pr.gov.br/modules/news/article.php?storyid=1642

[5] Site da Internet: http://ww.cteep.com.br [6] Site da Internet: http://ww.estadão.com.br 6 BIOGRAFIAS Iran Pereira de Abreu - Formação: Técnico em Eletrônica, Superior em Tecnologia de Processamento de Dados, Graduando em Engenharia Elétrica; - Experiência: 12 anos na operação de Sistemas Elétricos de Potência, tendo atuado como Operador de Subestações e Operador de Sistemas de Potência na Eletropaulo, EPTE e CTEEP; atualmente Operador de Sistema de Potência do Centro de Operação da Transmissão da CTEEP; - Contato: E-mail: [email protected]; Telefones: 11-4582-3374 (Comercial) / 11-4815-0936 (Residencial) / 11-9356-6332 (Celular) Marcelo Montini de Oliveira - Formação: Técnico em Eletrotécnica; - Experiência: 19 anos na operação de Sistemas Elétricos de Potência, tendo atuado como Operador de Sistemas de Potência na Eletropaulo, EPTE e CTEEP; atualmente Operador de Sistema de Potência Supervisor do Centro de Operação da Transmissão da CTEEP; - Contato: E-mail: [email protected]; Telefones: 11- 4582-3374 (Comercial) / 11-2982-2912 (Residencial) / 11-9684-5446 (Celular).

Nilton da Silva - Formação: Técnico em Eletrotécnica, Graduando em Engenharia Elétrica; - Experiência: 22 anos na operação de Sistemas Elétricos de Potência, tendo atuado como Operador de Subestações e Operador de Sistemas de Potência na Eletropaulo, EPTE e CTEEP; atualmente Operador de Sistema de Potência Supervisor do Centro de Operação da Transmissão da CTEEP; - Contato: E-mail: [email protected]; Telefones: 11-4582-3374 (Comercial) / 11-2958-4731 (Residencial) / 11-9807-5968 (Celular)