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Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Departamento de Relações Públicas, Publicidade e Turismo Relatório de Pesquisa “As funções de Relações Públicas e seus desdobramentos no meio prático- social” Instituição de Fomento: Santander Universidades Bolsista: Nicole Gerage Lipparelli Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Beserra de Farias São Paulo SP 2011

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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

Departamento de Relações Públicas, Publicidade e Turismo

Relatório de Pesquisa

“As funções de Relações Públicas e seus desdobramentos no meio

prático- social”

Instituição de Fomento:

Santander Universidades

Bolsista: Nicole Gerage Lipparelli

Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Beserra de Farias

São Paulo – SP

2011

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USP – Universidade de São Paulo

ECA – Escola de Comunicações e Artes

CRP – Departamento de Relações Públicas, Publicidade e Turismo

Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas

Relatório de Pesquisa – “As funções de Relações Públicas e seus desdobramentos

no meio prático- social”

Instituição de Fomento: Santander Universidades

Bolsista: Nicole Gerage Lipparelli

Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias

Projeto desenvolvido de Dezembro de 2010 à Dezembro de 2011

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SUMÁRIO

1. Resumo ............................................................................................................. 4

2. Palavras- chave................................................................................................ 4

3. Introdução......................................................................................................... 4

4. Objetivos e Justificativas.................................................................................. 6

4.1 Objetivo Primário................................................................................. 6

4.2 Objetivos Secundários........................................................................ 6

5. Quadro teórico de referência........................................................................... 7

5.1 Relações Públicas no Brasil: o caminho percorrido............................ 7

5.2 A interdependência entre Relações Públicas e Comunicação

Organizacional....................................................................................................... 12

5.3 As funções de Relações Públicas........................................................ 15

5.4 Uma breve noção sobre Empreendedorismo...................................... 20

5.5 Empreendedorismo em Comunicação................................................ 22

6. Resultados Principais...................................................................................... 26

6.1 Caracterização da amostra................................................................. 26

6.2 Metodologia......................................................................................... 27

6.3 Análise de dados................................................................................. 28

7. Considerações Finais...................................................................................... 31

8. Referências Bibliográficas............................................................................... 33

9. Anexos............................................................................................................. 37

9.1 E- mail de contato................................................................................ 37

9.2 E-mail de agradecimento..................................................................... 38

9.3 Questionário......................................................................................... 39

9.4 Figura: distribuição das agências no Brasil ........................................ 47

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1. RESUMO

Em uma sociedade cada vez mais complexa e diversificada, as funções de Relações

Públicas tomam maiores proporções e exigem maior atenção tanto no campo

acadêmico quanto no campo profissional. Desde seus primórdios no Brasil até os

dias de hoje, a atividade é alvo de críticas, dúvidas, conflitos e enganos. Porém, sua

produção científica e sua prática profissional são impulsionadas por esses entraves

na busca da melhor acepção e valorização de relações públicas. Essa pesquisa tem

como objetivo, a partir de uma breve retrospectiva da história das relações públicas

no Brasil e sua nuances com comunicação organizacional, além da análise do

mercado de relações públicas e seus profissionais, levantar questões sobre as

funções de Relações Públicas no meio social, principalmente como um espaço de

formação de opinião pública. Quais são as verdadeiras funções das Relações

Públicas? Qual é o limite de um profissional dessa área, para que não ultrapasse o

espaço de outro tipo de comunicador? E esse limite, existe? Questões como estas

foram guias para o desenvolvimento da pesquisa permitindo uma análise do

comportamento individual e institucional nas relações públicas e seus efeitos sobre a

sociedade em geral, principalmente no que diz respeito a sua prática organizacional.

Partindo do pressuposto que relações públicas têm como função maior a

administração de forma harmônica da relação entre as organizações e seus

públicos, nessa pesquisa procuraremos compreender a importância das relações

públicas nos processos de formação de opinião desses mesmos públicos e como o

mercado está se processando como oportunidade do meio profissional.

2. PALAVRAS-CHAVE: Relações Públicas, Comunicação, Funções de

Relações Públicas, Função Dialógica, Empreendedorismo.

3. INTRODUÇÃO

A atual conjuntura do mundo, apesar de estruturar-se no modo de produção

capitalista, sofre variadas transformações ao decorrer do tempo, trazendo impactos

econômicos, políticos, sociais e culturais. Essas mudanças sensibilizam a todos, não

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deixando de lado as organizações. Estas, por sua vez, precisam se adaptar. Sendo

o melhor caminho a reavaliação de seu modo de gestão – de forma macro -, que

conseqüentemente acarreta a mudança na forma de gestão da comunicação – de

forma específica.

Essas modificações na gestão organizacional e comunicacional são afetadas

diretamente pelo grande fluxo de informações e o rápido acesso ao conhecimento,

somados ao fenômeno da globalização, que se configuram nos dias de hoje. As

principais mudanças, como as novas tecnologias da informação e novos processos

de produção, interferem na forma de gerência, de negócios e principalmente de

relacionamentos entre as organizações e seus públicos.

No que se refere a globalização, entendemos a partir da concepção de

Boaventura de Sousa Santos (1997) que é a que mais se aproxima dessa visão,

pois traz uma definição mais sensível às dimensões sociais, políticas e culturais,

áreas da ciência em que a comunicação se manifesta mais intensamente. Para o

pesquisador “aquilo que habitualmente designamos por globalização, são, de fato

conjuntos diferenciados de relações sociais; diferentes conjuntos de relações sociais

dão origem a diferentes fenômenos de globalização” (SANTOS, p. 14, 1997). Além

disso, deixa claro que “enquanto feixes de relações sociais, as globalizações

envolvem conflitos”.

Uma vez que a comunicação é inerente a qualquer organização e a todo tipo

de relacionamento, ela também se transforma, pois depende do contexto de cada

época e dos sujeitos envolvidos. A mudança de comportamento da sociedade

ampliou os espaços de articulação entre organizações e públicos (internos e

externos), e estes passaram a exigir maior participação social, maior

comprometimento e uma postura mais ética e democrática das organizações, que

também sentiram tal necessidade.

Nessa perspectiva apresentamos a pesquisa desenvolvida sobre a

abrangência das relações públicas e suas funções no meio prático- social, e como

isso influencia o mercado e profissionais da área. Sem a intenção de fazer

levantamentos estatísticos e fixar certezas, mas como forma de problematizar as

interfaces do campo de relações públicas com outros campos do conhecimento, ou

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ainda, a interação entre academia e mercado, tendo em vista as relações públicas

como forma de interação social e espaço de diálogo.

Por tratar-se de área em que a produção científica tem crescido

substancialmente nos últimos anos, bem como o chamado mercado de trabalho,

poderíamos buscar relação entre números absolutos e suas relativizações, mas

preferiremos trabalhar com o escopo de um estudo exploratório no qual os

respondentes tenham pesos a serem avaliados de forma qualitativa.

4. OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

Um dos maiores problemas da atividade de relações públicas é de ordem

conceitual, em que é possível enxergar diferentes visões, conceituações e funções

para uma mesma prática. Porém, é consenso entre os estudiosos e profissionais

que as relações públicas estão/são um espaço de diálogo, relacionamento e conflito

e são essenciais para a sobrevivência de uma organização.

Além disso, a tendência de agências de relações públicas no Brasil é de se

expandir cada vez mais, mostrando que a atividade está conquistando o seu espaço

e as organizações procuram pelo conhecimento técnico e estratégico de um

comunicador.

Dessa maneira, a presente pesquisa tem a pretensão de se fazer entender

como essas funções se colocam no espaço preenchido pela atividade de forma a

facilitar a sua prática e seus desdobramentos nos ambientes sociais.

4.1 Objetivo Primário

Entender os espaços de disputas e a mediação feita pelas relações

públicas, principalmente como um espaço de formação de opinião pública, a partir

dos desdobramentos de suas funções, incluindo a dialógica, e suas aplicações no

campo profissional das agências.

4.2 Objetivos Secundários

Incentivar futuras pesquisas que atrelam academia e mercado.

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Entender como a prática profissional de relações públicas e a produção

científica se relacionam.

Analisar as características do profissional empreendedor no âmbito da

comunicação de forma que possa ser traçado um perfil para o mesmo.

Nesse sentido, a pesquisa foi dividida em duas partes, uma teórica e outra

empírica. Na parte teórica procuramos fazer, a partir do cenário brasileiro, um

panorama da atividade de relações públicas e uma reflexão sobre

empreendedorismo, de modo que possamos visualizar o ponto de imbricamento

entre as duas análises. Já na parte empírica buscamos compreender como se

manifestam as funções de relações públicas no meio profissional e como isso se

relaciona com o empreendedorismo em comunicação.

5. QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

5.1 Relações Públicas no Brasil: o caminho percorrido

No Brasil, a prática da atividade de Relações Públicas apareceu de fato em

30 de janeiro de 1914, com a criação do primeiro Departamento de Relações

Públicas em São Paulo pela The São Paulo Tramway Light and Power Co. Ltd, ou

simplesmente “Light”, empresa canadense responsável pela ilum inação pública e

transporte coletivo na capital na época. Hoje é conhecida como Eletricidade de São

Paulo S.A. (hoje Eletropaulo). (FERNANDES, 2011) 1

O departamento foi criado pela necessidade que a empresa sentia em

melhorar seu relacionamento com a imprensa, com o governo e com a população, e

como seu primeiro chefe foi designado o engenheiro Eduardo Pinheiro Lobo, o qual

durante dezenove anos exerceu o papel de diretor do departamento de relações

públicas da Light e é considerado “o pai das relações públicas no Brasil”. O Dia

Nacional de Relações Públicas no Brasil é comemorado no dia 2 de dezembro, data

1 Ao longo deste resgate histórico será utilizado como base e suporte sobre o histórico da profissão o

trabalho de Backer Ribeiro Fernandes, publicado na obra Relações Públicas Estratégicas, de 2011.

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de seu nascimento, ademais, foi instituída em 1975 pela ABRP2 a “Medalha Eduardo

Pinheiro Lobo”, como forma de premiação a relevantes serviços na área de relações

públicas.

Durante as décadas seguintes, aconteceram algumas iniciativas por parte do

governo na criação de órgãos de comunicação, mas o desenvolvimento da atividade

de relações públicas no país aconteceu somente a partir da metade do século. Um

fato que merece destaque nessa retrospectiva é a contribuição de um grupo liderado

pelo professor Mário Wagner Vieira da Cunha, do Instituto de Administração da

Universidade de São Paulo que, em 1949, realizaram diversas conferências, as

quais abordavam as relações públicas e suas correlações com a propaganda e as

ciências sociais.

Já a década de 50 permitiu um avanço da área no país, pois foi a época em

que o Brasil voltou à democracia e iniciou-se uma transformação no processo de

produção, com os presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Assim, traçou-se um novo contexto econômico, baseado principalmente na indústria,

que incentivava o desenvolvimento do país, trazendo inúmeras multinacionais ao

Brasil e, fazendo com que, conseqüentemente, o mercado interno também se

desenvolvesse. Isso possibilitou novos rumos para a comunicação no Brasil, desde

as primeiras transmissões televisionadas como o nascimento de institutos de

pesquisa e de mercado.

Dessa maneira, em 1951, foi criado o primeiro departamento de relações

públicas verdadeiramente nacional, na Companhia Siderúrgica Nacional (CDN), em

Volta Redonda - RJ. Em 1952 surge a primeira empresa prestadora de serviços em

comunicação social no país, a Companhia Nacional de Relações Públicas e

Propaganda. Em 1953, a Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio

Vargas promoveu o primeiro curso de Relações Públicas, no Rio de Janeiro, sob o

patrocínio da ONU. E dois anos mais tarde, a disciplina relações públicas foi

introduzida na Escola Superior de Administração e Negócios da Fundação de

Ciências Aplicadas. Portanto, nessa época há a expansão dos departamentos de

relações públicas nas empresas existentes no país, especialmente as multinacionais

estrangeiras.

2 Associação Brasileira de Relações Públicas, fundada em 1954.

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Outro marco para a história das relações públicas no Brasil foi o ano de 1954,

quando se fundou a Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP), a partir de

estudos e reuniões feitos por profissionais da área que deram “início às primeiras

iniciativas no sentido de sistematizar, valorizar e divulgar a atividade no Brasil”

(KUNSCH, 1997, p. 21) e formavam o “Grupo de Relações Públicas”.

A criação da ABRP foi fundamental para a solidificação e a compreensão de

forma correta da profissão. Foram realizadas muitas palestras, seminários,

conferências e entrevistas, como por exemplo, o 1º Seminário Brasileiro de Relações

Públicas em 1958 e a 4ª Conferência Interamericana de Relações Públicas, sediada

no Rio de Janeiro em 1963.

Segundo Andrade, “o Brasil foi a primeira nação no globo terrestre a

regulamentar a profissão de Relações Públicas, pela Lei nº 5.377, de 11 de

dezembro de 1967.” (ANDRADE, 1993, p. 75). Esta lei só foi aprovada em 26 de

setembro de 1968 pelo decreto-lei nº 63.283, o qual tornou a atividade exclusiva dos

bacharéis em comunicação social com habilitação em relações públicas. Também

no ano de 1967 houve a criação da ABERJE3.

Nessa década também, marcada pelo governo militar no Brasil, houve outro

fato importante. O governo vigente influenciou diretamente a prática da profissão.

Isso se deve principalmente pela criação da AERP (Associação dos Executivos de

Relações Públicas), em 1968, com a finalidade de administrar as funções de

relações públicas no poder executivo e, “funcionou como uma verdadeira agência de

propaganda política, para „vender‟ o regime autoritário de forma massiva,

disfarçando a censura mais violenta que este país já teve.” (KUNSCH, 1997, p.26). A

forma de atuação da AERP junto a imprensa criou um conceito negativo da

profissão, fazendo com que o real significado dela fosse distorcido perante

formadores e disseminadores de opinião e a sociedade em geral.

No entanto, ao mesmo tempo em que os anos 60 foram marcados pela

influência negativa do governo militar, aconteceram fatos que até os dias atuais são

reconhecidos pela sociedade. Tais acontecimentos foram: a criação, em 1962, da

3 No ano de 1967 houve a criação da ABERJE como Associação Brasileira dos Editores de Revistas

e Jornais de Empresas, e no ano de 1989 passou a significar Associação Brasileira de Comunicação

Empresarial.

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Consultoria de Relações Públicas; a realização, em 1967, do IV congresso Mundial

de Relações Públicas no Rio de Janeiro e, no mesmo ano, a criação do primeiro

curso universitário de relações públicas no Brasil, na Escola de Comunicações

Culturais da Universidade de São Paulo, atualmente a Escola de Comunicações e

Artes.

A década seguinte foi marcada pela disseminação de novos cursos de

relações públicas em diversas faculdades e departamentos, mesmo de forma

improvisada, pois “não havia professores em número suficiente para atender às

novas demandas, a atividade ainda não estava consolidada e as necessidades da

sociedade nesse campo eram praticamente desconhecidas. (KUNSCH, 1997, p.

29)”. Também foi nessa época que surgiram as primeiras agências de relações

públicas, embora existisse uma grande distância entre a produção acadêmica e a

prática profissional da área.

Em 1971, criam-se o Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas

(Conferp) e os Conselhos Regionais de Profissionais de Relações Públicas

(Conrerp). No ano seguinte, realizou-se o I Congresso Brasileiro de Relações

Públicas no Rio de Janeiro.

A abertura política do país, iniciada em 1979, pelo General Ernesto Geisel,

permitiu a liberdade de imprensa e um novo comportamento da sociedade. Além

disso, as mudanças econômicas e o desenvolvimento das produções científicas

também contribuíram para o fortalecimento das relações públicas. Porém, como

Backer Fernandes nos conta, pelas manchas deixadas por acontecimentos do

passado na imagem da atividade,

os profissionais de RP enfrentavam dificuldades na reabilitação da atividade e de sua credibilidade para gerenciar os relacionamentos das empresas com seus públicos, dentro do novo jogo democrático, o que levou, em 1981, à criação do primeiro sindicato dos trabalhadores de relações públicas do Rio Grande do Sul, seguido pelo Rio de Janeiro, em 1984, e São Paulo – com o surgimento do Sindicato dos Profissionais Liberais de Relações Públicas (Sinprorp), em 1985. (FERNANDES, p.44 2011)

Outras entidades da área de relações públicas também surgiram em meados

dos anos 80, como, em 1983, a Associação Brasileira das Empresas de Relações

Públicas (Abep); em 1986, a Associação Nacional das Empresas de Comunicação

Empresarial (Anece); e, em 1989, o Sindicato das Agências de Comunicação

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(Sinco). Além disso, houve um crescimento notável na pesquisa e na produção

científica na área.

Os profissionais e as organizações começam a perceber que é necessário

planejar a comunicação dentro da organização. Em 1985, o “Plano de Comunicação

Social” da empresa Rhodia S.A., sob a direção de Walter Nori, é considerado um

importante acontecimento da época, o qual mudou o pensamento da comunicação

organizacional no Brasil.

No final do século, já em 1992, o Conferp e o Conrerp iniciaram uma série de

discussões que se fazem presentes até o dia de hoje, sobre os rumos da profissão

de relações públicas. Os temas discutidos eram: a desregulamentação da profissão,

o uso de diferentes nomes para as funções e atividades de relações públicas, a

criação de um conselho único de comunicação social, a habilitação de professores e

a ética profissional, entre outros. Dessa maneira, os profissionais precisaram se

posicionar aos fatos, principalmente no que se tratava da desregulamentação da

profissão. Porém, eram tantas as divergências de opinião, que não houve um

consenso e não se chegou à nenhuma conclusão.

Essa movimentação permitiu que surgisse em 1994, o chamado “Parlamento

Nacional de Relações Públicas”, liderado pelo Conferp, “com o objetivo de conduzir

de forma organizada a discussão sobre a realidade e o futuro das relações públicas

no Brasil, por meio de fóruns em todas as sete regiões que têm conselhos

profissionais de relações públicas.” (KUNSCH, 1997, p. 40). O parlamento durou até

1997.

Como podemos notar, a profissão de relações públicas teve um caminho um

tanto quanto perturbado até os dias atuais, mas busca sempre discutir e rediscutir as

direções a serem seguidas. Uma vez que vivemos numa sociedade á luz da

globalização, as relações públicas precisam sempre se modernizar e adequar às

exigências dos novos tempos. O que podemos afirmar é que a profissão de relações

públicas é legítima e a cada dia mostra e conquista seu espaço, de extrema

importância para a sociedade.

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5.2 A interdependência entre Relações Públicas e Comunicação

Organizacional

Um dos principais pontos de discussão e pesquisa na área de comunicação

são a abrangência e limites desses dois campos – ou talvez único -, Relações

Públicas e Comunicação Organizacional. Embora não exista um consenso, muitos

profissionais e pesquisadores preferem acreditar que relações públicas e

comunicação organizacional são termos diferentes usados para mesma atividade.

Outros defendem a idéia que apesar de terem interfaces e serem dialógicos, são

independentes. Torna-se difícil o caminho para uma conclusão, uma vez que

existem muitas definições e estudos para os dois termos em cada região do mundo.

A comunicação organizacional da forma a qual conhecemos atualmente teve

sua configuração influenciada pela Revolução Industrial do século XIX, em que o

progresso das indústrias, a divisão do trabalho, a mudança no modo de produção, o

êxodo rural e o aparecimento dos meios de comunicação de massa causaram a

transformação nos relacionamentos entre patrão, empregados, clientes e sociedade.

Dessa maneira, as organizações precisaram criar novas formas de se comunicar

tanto com o público interno quanto com o público externo. Além disso, cada vez

mais os operários se conscientizavam sobre seus direitos e deveres, e através dos

sindicatos, passaram a exigir mais de seus patrões, fazendo com que as empresas

estivessem preparadas para esse tipo de situação, e melhor maneira para lhe dar

com isso foi – e continua sendo - através da comunicação nas organizações.

No Brasil, a comunicação organizacional passou a ser tema de interesse

entre os profissionais de comunicação com o surgimento da Aberje. Em 1967, por

iniciativa de Nilo Luchetti, na época editor da revista Nótícias Pirelli, foi criada uma

comissão de estudos, cujo objetivo era a realização de uma Convenção Nacional de

Editores de Jornais e Revistas de Empresa, a qual aconteceu com o intuito de

promover a troca de ideias sobre o tema da comunicação nas organizações e deu

origem a Associação Brasileira dos Editores de Revistas e jornais de Empresa

(Aberje). De acordo com Margarida Kunsch (1997), “a Aberje contribuiu

decisivamente para o aperfeiçoamento das publicações empresariais e a para o

desenvolvimento da comunicação organizacional no Brasil.

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O auge da comunicação organizacional foi na década de 1980, quando a

partir da reabertura política do nosso país, as empresas começaram a perceber a

necessidade de relações mais transparentes com a sociedade e de abrir canais de

comunicação com seus principais públicos. Então, quase 20 anos depois de sua

formação, com a maior abrangência e complexidade das atividades de

comunicação, a Aberje, em 1989, modifica sua nomenclatura para Associação

Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).

Já as Relações Públicas é uma profissão proveniente da Europa e dos EUA,

e seu status se formou com base na gestão de crises a partir da assessoria de

imprensa. Ao longo do tempo, o campo de relações públicas passou por

modificações em torno de pesquisas e teorias, e a área deixou de ter um enfoque

operacional e adotou um modelo mais atuante, de forma estratégica e com objetivos

maiores. Cabe ao profissional de Relações Públicas a gestão de relacionamentos e

das ações organizacionais da própria organização, assim como a definição dos

instrumentos e os veículos mais adequados à consecução dos objetivos, porém,

com uma participação estratégica e ligada a alta administração e com objetivos em

longo prazo.

Apesar do amplo desenvolvimento que a atividade vem alcançando no mundo

todo, o termo Relações Públicas ainda não está totalmente definido. Segundo

Teobaldo de Andrade, em seu livro Para entender Relações Públicas, “procura-se

designar „relações públicas‟ tanto para as relações que devem existir entre as

empresas e os seus públicos, como para os fatores que venham a influir nessas

relações” (ANDRADE, p.30, 1993). Ainda nessa obra, refere-se a Gilpert Delros, que

catalogou 987 definições do termo “relações públicas” nos EUA para a revista “Vente

et Publicité”, e ainda assim nenhuma dessas definições parece completa, tanto no

campo científico quanto no popular.

Não só no Brasil como na América Latina em geral, as relações públicas é

uma profissão em desenvolvimento, e o maior problema da área é de ordem

conceitual, uma vez que a latina América é formada por diferentes culturas,

diferentes países e diferentes idiomas, acaba apresentando diferentes conceitos da

atividade. O mesmo acontece com a comunicação organizacional, cuja uma mesma

atividade é denominada por diferentes termos indistintamente pelas organizações,

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como comunicação organizacional, comunicação empresarial, comunicação

corporativa, entre outros.

As relações públicas e a comunicação organizacional evoluíram

independentemente, isto é, cada uma percorreu um caminho, porém de maneira

muito interligada e complementar, uma vez que se desenvolvem e fazem parte de

um mesmo ambiente, as organizações. Além disso, grande parte dos

comunicadores, tanto do mercado quanto da academia, concorda que as relações

públicas contribuíram para formalizar o setor de comunicação organizacional que

existe hoje no Brasil.

A comunicação ajuda a organização existir, isto é, o processo comunicativo

permeia todas as organizações, pois a comunicação é inerente a elas, existe em

todas as organizações, sendo estratégica ou não. De acordo com Margarida

Kunsch, a comunicação organizacional abrange todas as formas de comunicação

utilizadas pela organização para se relacionar e interagir com as pessoas. Sendo

assim, a comunicação organizacional extrapola as relações públicas, ou seja, a

comunicação organizacional é algo muito mais amplo, fazendo com as relações

públicas estejam inseridas nela.

No Brasil, a expressão „comunicação organizacional‟ começou a ser utilizada

na década de 1990, e muitos autores e empresas a vêem como sinônimo de

comunicação empresarial. Porém, além da comunicação organizacional estudar as

relações formais e informais na e da organização, são essenciais para o

desenvolvimento de suas ações as relações humanas. Já a comunicação

empresarial está relacionada a instrumentos e ferramentas de comunicação. Como

objeto de estudo, Comunicação Organizacional é “a disciplina que estuda como se

processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações.” (KUNSCH, 2003, p.

149).

É por meio da comunicação que as organizações formam uma dinâmica que

interliga todos os elementos necessários para o seu funcionamento e também se

alimentam de informações e interagem com o meio externo. Assim, defendemos

aqui, o conceito desenvolvido por Margarida Kusch de Comunicação Organizacional

Integrada. Segundo a autora,

Entendemos por comunicação integrada uma filosofia que direciona a convergência das diversas áreas, permitindo uma atuação sinérgica.

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Pressupõe uma junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa, que formam o mix, o composto da comunicação organizacional. (KUNSCH, p. 150, 2003).

Apesar de cada área ter uma finalidade e ser composta por subáreas, as

diferentes áreas que formam o composto da comunicação organizacional devem agir

juntas e de maneira harmoniosa, de modo a permitir para a organização ações

estratégicas que buscam a eficácia. As relações públicas aparecem como subárea

da comunicação institucional, junto com o jornalismo empresarial, a assessoria de

imprensa, a publicidade/propaganda institucional, a imagem e identidade

corporativa, o marketing social o marketing cultural e a editoração multimídia. Agindo

de forma integrada são responsáveis “por meio da gestão estratégica das relações

públicas, pela construção e formatação de uma imagem e identidade corporativas

fortes e positivas de uma organização.” (KUNSCH, p. 164, 2003).

De acordo com Luiz Alberto de Farias, em sua tese de doutorado, cuja

temática aborda a comunicação organizacional e as relações públicas no Brasil e

México,

Tanto a Comunicação Organizacional quanto as Relações Públicas estão incorporadas no interior da Comunicação, a qual é, por excelência, uma área interdisciplinar, e isso lhe atribui uma enorme complexidade e ao mesmo tempo uma grande riqueza de possibilidades de exploração do pensamento a partir da existência de diversos caminhos a serem trafegados. (FARIAS, p.73, 2006)

Dessa maneira, é fácil perceber que apesar de existirem opiniões contrárias,

há uma preponderância da idéia de que comunicação organizacional e relações

públicas não é a mesma coisa, ou seja, as relações públicas são essenciais para a

comunicação organizacional existir e se desenvolver da melhor forma possível em

uma determinada organização, pautada em uma política e uma cultura

organizacional muito bem determinada, para que as áreas e subáreas do composto

comunicacional possam ser norteados e proporcionar a obtenção dos objetivos e

resultados da organização como um todo.

5.3 As funções de Relações Públicas: um lugar de fala

Partindo do pressuposto que relações públicas é a atividade que visa

estabelecer e manter relacionamentos e interações – e todas suas implicações -

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entre as organizações e seus diferentes públicos de forma harmônica, através de

ações precedidas de pesquisa e planejamento, pretendemos alcançar um melhor

entendimento sobre a abrangência da atividade no contexto organização- público,

através dos espaços essenciais que atuam perante a sociedade.

Em primeira instância vale ressaltar qual é o lugar da atividade dentro das

organizações. De acordo com Margarida Kunsch (2003), as organizações,

consideradas sistemas, são capazes de interagirem com o ambiente e

desempenharem seu papel na sociedade devido às ações conjuntas de seus

subsistemas, os quais são as unidades fundamentais para o funcionamento e

desenvolvimento das organizações. Os subsistemas mais conhecidos são os de

finanças, produção, recursos humanos, entre outros. Nesse sentido, a área de

relações públicas também pode ser considerada um subsistema das organizações e

exerce funções fundamentais e específicas, apoiando e interagindo com os demais

subsistemas da organização, principalmente na gestão da comunicação e no

relacionamento das organizações com seus públicos.

Assim, se torna mais evidente o fato de relações públicas não poder ser

considerada isoladamente, pois, além de ter que estar em harmonia com as outras

subáreas do composto comunicacional da organização, como vimos anteriormente,

a atividade como subsistema faz parte de um sistema maior, a organização, e para

que agregue valor e ajude a mesma a cumprir sua missão e alcançar seus objetivos

é necessário que interaja com outras áreas, na perspectiva da comunicação

integrada.

Dessa maneira, “como subsistema organizacional, a área de relações

públicas deve ter como foco central fortalecer o sistema institucional das

organizações.” (KUNSCH, p.99, 2003). Ainda como manifestação de Margarida

Kunsch (2003), as possíveis funções essenciais de relações públicas em uma

organização são: função administrativa, função estratégica, função mediadora e

função política.

Como Função Administrativa cabe as relações públicas gerenciar o processo

comunicativo dentro das organizações por meio das suas atividades específicas e

planejadas, de modo que atinja a organização como um todo promovendo a

interações necessárias entre as organizações e seus públicos e a articulação entre

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os grupos/subgrupos/setores da mesma. Kunsch dialoga com Grunig e Hunt, dois

grandes estudiosos em comunicação e relações públicas, que sintetizaram essa

função de relações públicas como “a administração da comunicação entre a

organização e seus públicos.”

Há algum tempo, as atividades de comunicação dentro de uma organização,

principalmente as relações públicas, deixaram de ser ações táticas e passaram a

desenvolver ações estratégicas. Kunsch defende que as relações públicas somente

serão reconhecidas e valorizadas pela organização como um todo quando forem

norteadas por um planejamento estratégico, de modo que possam atribuir valor

econômico, político e social ás organizações.

Dessa maneira, como Função Estratégica, as relações públicas, através de

pesquisa e planejamento, são responsáveis por encontrar as melhores estratégias

comunicacionais a fim de antecipar e enfrentar as reações do público e da opinião

pública, além de ajudar a organização a se posicionar perante a sociedade e a

estabelecer e demonstrar sua missão (sua razão de existir), sua visão (sua

pretensão futura) e seus valores. Assim, cria e fortalece laços entre as organizações

e seus públicos através de técnicas e canais de comunicação adequados a cada

um, fazendo com que se estabeleça uma relação de confiança e credibilidade.

Nesse sentido, as relações públicas atuam junto com a alta administração

“identificando problemas e oportunidades relacionadas à comunicação e a imagem

institucional” (KUNSCH, 2006) e avaliam como público e opinião pública podem

afetar a organização.

Já a Função Mediadora, como o próprio nome remete, é a mediação entre a

organização e seus diversos públicos através da comunicação, o que não deixa de

ser a essência da natureza de relações públicas. Porém, o que faz com que tal

função seja específica de relações públicas, é o modo como comunicar. Essa função

tem como objetivo a mediação de relacionamentos entre organizações e seus

públicos, a opinião pública e a sociedade em geral através da comunicação, mas

não só como transmissão de informações, e sim numa perspectiva de troca, de

comunhão de idéias, praticando o intercâmbio de informações, pois “o verdadeiro

trabalho de relações públicas é aquele que além de informar, propicia o diálogo.”

(KUNSCH, p. 106, 2003).

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As relações públicas como Função Política, praticamente agem com as

relações de poder dentro das organizações e com a administração de conflitos

sociais que acontecem no ambiente o qual estão inseridas. As organizações se

relacionam com a sociedade de modo geral, e todo tipo relacionamento pressupõe

algum conflito, confrontação, controvérsia, uma vez que as partes que se relacionam

estão ou pretendem estar submetidas a algum tipo de relação de poder. Portanto, é

preciso entender como se estabelecem e atuam as relações de poder dentro da

organização e como isso influência seu relacionamento com o ambiente externo,

além, quem são os envolvidos nessas relações.

Nessa perspectiva, conforme Margarida Kunsch, quando se trata de

organizações, existem dois aspectos nas relações de poder, o poder micro, o qual

ocorre no interior das organizações, e o poder macro, “aquele advindo do controle

externo e das forças sociais” (2003, p.110). Kunsch ainda afirma que,

Cabe ás relações públicas, no exercício da função política e por meio da comunicação, gerenciar problemas de relacionamentos internos e externos, surgidos ou provocados pelo comportamento de determinados públicos e/ou por certas decisões das organizações. E é no âmbito do poder micro e macro que tudo isso ocorre. São instâncias que permeiam todo o processo de negociação e da busca de solução numa dimensão pública. (KUNSCH, p.110, 2003).

Enquanto Kunsch defende a função política de relações públicas como umas

das possíveis funções da atividade, que deve atuar junto com as demais já citadas,

Roberto Porto Simões considera que a administração da função política no âmbito

organizacional é a essência da atividade de relações públicas, enquanto a

administração da comunicação é a aparência e a administração do conflito é a

circunstância. Para ele, a definição conceitual de relações públicas é

A atividade de Relações Públicas é a gestão da função política da organização. Donde Relações Públicas (definiens) é igual a gestão da função política da organização (definiendum) e esta gestão é somente a atividade de Relações Públicas e nenhuma outra mais. (SIMÕES, p.83, 1995).

Apesar das diferenças de conceituações entre os autores, o objetivo da

função política, como lidar com as relações de poder e com os conflitos internos e

externos a organização, é o mesmo.

No entanto, Luiz Alberto de Farias, vem desenvolvendo uma pesquisa, a qual

originou a pesquisa presente, em que propõe como diferencial das relações públicas

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a Função Dialógica, responsável pela consolidação de relacionamentos entre as

organizações e seus públicos. Essa “outra” função de relações públicas surgiu pelas

indagações do autor no que se refere aos limites do campo de relações públicas, e

pode ser definida por ele como,

Relações públicas apresentam, assim, função dialógica, por meio da qual cria campo de pensamento que permite o equilíbrio entre interesses por meio de interpretação de significados e da ação pontual ou permanente de integração entre acontecimentos e as suas teias de representações nos espaços simbólicos de disputa e de conflito e, possivelmente, de encontro e diálogo.

4

Quando há a interação entre as organizações e os públicos, há o

compartilhamento de sentidos e experiências, e surgem pontos de interesse comum,

que são discutidos num espaço de negociação. A atuação das relações públicas

nesses ambientes de disputas nos faz crer que também é espaço da mesma a

geração e gestão do diálogo através das trocas ocasionadas.

Tais espaços de discussão são estabelecidos a partir do momento que há a

construção de um significado comum, permitindo a interação das relações públicas

com outras atividades, outros profissionais e até mesmo com diferentes conceitos

atribuídos a ela.

Ao dialogar com as funções expostas por Margarida Kunsch, Luiz Alberto de

Farias não deixa de ressaltar que,

Ainda que as funções mediadora e política contemplem, sob certo aspecto, a questão dos conflitos, talvez a mediação dos referidos espaços de disputa nos quais se insere e para os quais se propugna o trabalho de relações públicas possam ainda ser um tanto mais delimitados a partir da compreensão da formação de uma anima dos públicos e organizacional relacionada a situações de disputas simbólicas, talvez melhor elucidadas por meio da compreensão da função que pressupõe a criação de enunciados a partir da existência de enunciados e sentidos anteriores.

5

A partir do dialogismo, isto é, da interação entre seres sociais, é possível que

haja o enriquecimento de cada parte com as idéias compartilhadas, pois as relações

públicas, como função dialógica, criam alternativas de diálogo em ambientes de

conflito sem ferir os interesses que não atendam às necessidades de uma

determinada maioria.

4 Definição de Função Dialógica, explicitada pelo autor em seu projeto de pesquisa.

5 Idem.

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20

Como é possível notar, muitas concepções são formadas a partir do ser e dos

fazer da atividade de relações públicas, porém, apesar de serem estruturadas

separadamente, essas possíveis funções da atividade devem ser somadas na

prática, quando se estabelece o exercício pleno da atividade. Um planejamento

estratégico de relações públicas que busca a eficácia da organização deve ser

composto por todas essas funções, de modo a cumprir a essência da atividade

como mediadora das relações sociais existentes no conjunto organização-público-

sociedade.

5.4 Uma breve noção sobre Empreendedorismo

O termo Empreendedorismo nasceu no ambiente empresarial e provém de

uma livre tradução da palavra entrepreneurship, cujas idéias são de iniciativa e

inovação. Por esse motivo, quase sempre é relacionado à prática de negócios, a

criação de uma empresa. Porém, empreender não é somente um fenômeno

econômico, mas sim social, e é nessa acepção que pretendemos nos agarrar para

depois mostrar como o empreendedorismo se relaciona às práticas de comunicação.

A prática empreendedora vem crescendo cada vez mais, principalmente por

ser considerada propulsora da economia, ou seja, a partir do empreendedorismo

podem-se notar algumas mudanças no mercado, já que pesquisas como a do IBGE

apontam que as micro, pequenas e médias empresas têm grande importância na

economia mundial, fazendo com que os empreendedores tenham papel relevante na

dinamização do mercado.

No Brasil, ainda prevalece a ideia que empreendedor é sinônimo de

empresário e por isso devem possuir auto-suficiência, ou seja, precisam de capital

para abrir e manter o negócio. Especialistas acreditam que as condições que

impedem o maior desenvolvimento do empreendedorismo no Brasil se devem a

insuficiência de políticas governamentais, de apoio financeiro e de educação e

capacitação, uma vez que as características empreendedoras são adquiridas,

podendo aprender a ser empreendedor. Além disso, no exterior os empreendedores

recebem fomento à sua capacidade de inovação e superação. Embora esse apoio já

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21

venha sendo desenvolvido no Brasil, como, por exemplo, o SEBRAE, ainda é muito

remota essa prática.

O maior projeto de pesquisa sobre empreendedorismo, cuja abrangência

ultrapassa a marca de 50 países, conhecido por Global Entrepreneurship Monitor,

realizou uma pesquisa no Brasil em 2006, em parceria com o IBQE e SEBRAE6, na

qual aparece a evolução, e a tendência desse fenômeno continuar, do

empreendedorismo no país. A taxa de empreendedores estabelecidos, aqueles que

já estão no mercado há mais de um ano e meio, já ultrapassou a taxa de

empreendedores iniciais, os quais estão há um período de tempo menor no

mercado. A pesquisa também mostra que a cada empreendedor brasileiro que inicia

um empreendimento por oportunidade, um empreendedor inicia por necessidade, e

enquanto os primeiros acabam desistindo pela alta concorrência e a falta de clientes,

os segundos desistem quando se há a obtenção de um emprego.

A maior chance de sucesso de um empreendedor é a identificação e

avaliação da oportunidade. É necessário que o empreendedor tenha a capacidade

de vislumbrar a necessidade do mercado e avaliar se ele tem conhecimento técnico

para supri-la. De acordo com Fernando Dolabela, “identificar e agarrar uma

oportunidade é, por excelência, a grave virtude do empreendedor de sucesso. É

necessário que o pré-empreendedor desenvolva a capacidade de distinguir entre

idéia e oportunidade”. (p. 62, 2006). Além disso, o autor completa dizendo que

apenas abrir um negócio e gerenciá-lo não é ser empreendedor, e sim quando se

inova de alguma maneira o negócio de alguma maneira, seja com um novo produto,

uma nova tecnologia, entre outros.

Os empreendedores possuem características que podem ser adquiridas ou

desenvolvidas e, “pesquisas mostram que os empreendedores têm sempre um

modelo, alguém que os influencia”. (DOLABELA, p. 27, 2006). Assim, um possível

perfil empreendedor é alguém que é inovador, criativo, ousado, otimista, persistente,

que tenha perfil de liderança, a capacidade de trabalhar em equipe, possuir

6 As siglas referem-se a Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e Serviço Brasileiro

de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) respectivamente.

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flexibilidade em se adaptar no mercado, além é claro, de possuir algum

embasamento sobre planejamento e rotinas administrativo-financeiras.

Porém, Dolabela (2006) ressalta que tais características podem ser

desenvolvidas e influenciadas, e questões como a possibilidade de ensinar a ser

empreendedor e quais são as características que promovem o sucesso, ainda estão

longe de serem definitivas, mesmo com a pesquisa nessa área tenha crescido. Para

ele, “o empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em

realidade”. (DOLABELA, p. 25, 2006).

No contexto organizacional, um termo bastante recorrente é o intra-

empreendedorismo ou empreendedorismo corporativo, que tem como conceito as

repostas das organizações às limitações ao espírito criativo e inovador imposta pela

burocracia e pela ênfase nos lucros. É o empreendedorismo interno, que se

desenvolve dentro da empresa devido ao aumento da competitividade em diferentes

setores e a demanda por novos produtos e serviços.

No entanto, para existir esse tipo de empreendedorismo nas organizações, é

necessário que a cultura organizacional permita isso, sendo ela embasada numa

estrutura de redes e que haja uma atmosfera de confiança e discussão entre

gestores e a equipe de trabalho. É nesse contexto que há a possibilidade da

manifestação empreendedora da comunicação dentro das organizações, em que o

comunicador age visando a mudança e a inovação.

5.5 Empreendedorismo em Comunicação

A relação entre campo acadêmico e campo profissional em relações públicas

se faz de grande importância e essencial para o desenvolvimento da área. Quanto á

isso, Luiz Alberto de Farias explica,

Pode-se entender o campo acadêmico como a relação de instituições de nível superior que atuam no âmbito do estudo e do ensino de comunicação, espaço no qual ocorre a produção e a troca simbólica de conhecimento, bem como a formação de profissionais. Logo ele se associa diretamente à idéia de campo profissional – espaço da prática, do fazer, do agir e da crítica pela ação, da produção de um corpus técnico -, relacionado à atuação no universo organizacional. (FARIAS, p. 46, 2009).

O mercado, isto é, o campo profissional de relações públicas, é o espaço no

qual a produção científica do campo acadêmico se concretiza e do qual partem suas

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23

reflexões teóricas. Embora o entendimento entre esse dois campos nem sempre

aconteça, é necessário que exista a compreensão entre os dois lados de forma clara

e adequada.

Com o crescente e forte mercado na área de comunicação, foram criadas

empresas prestadoras de serviços de comunicação, como assessoria de imprensa,

consultoria de comunicação, relações públicas, promoção de eventos, seminários e

workshops, publicidade institucional, gerenciamento de crises, entre outros,

permitindo a atuação, especialmente de relações públicas, em organizações

públicas, privadas, do terceiro setor, não- governamentais e agências,

caracterizando ao longo do tempo, a comunicação, como uma área empreendedora.

O empreendedorismo em comunicação é uma prática que está crescendo e

se desenvolvendo a cada dia. É notável o desenvolvimento de muitas agências,

assessorias e até mesmo consultorias, uma vez que o próprio perfil do comunicador

geralmente carrega um perfil empreendedor, o qual se característica pela inovação,

criatividade, proatividade, ousadia, capacidade de trabalhar em equipe, entre outros.

Além disso, o setor de comunicação é muito pulverizado atualmente, ou seja, há

muitos empreendimentos surgindo no campo da comunicação, os quais procuram se

diferenciar na forma de apresentar e praticar o escopo de serviços.

É um setor que traz oportunidade para criação de novos negócios, mas como

todo empreendimento, é necessário buscar sempre a inovação para se manter no

mercado, já que há muita concorrência e geralmente empatam em questão de porte,

ou não, mas grandes, média e pequenas empresas concorrem entre si, pois se

diferenciam nas estratégias utilizadas por cada uma.

A busca pela inovação é característica marcante a qualquer tipo de

empreendedor, como o comunicador-empreendedor, que segundo Tiago Manieri

(2005) é definido como o profissional de comunicação com forte perfil para inovação

que é dono de seu próprio negócio ou empregado de uma organização. Assim, o

comunicador-empreendedor não é somente aquele ligado aos negócios, o qual abre

sua própria empresa de comunicação, e sim aquele que pratica o

empreendedorismo dentro da organização que trabalha – o intra-

empreendedorismo-, como Manieri ressalta,

Podemos categorizar dois tipos de comunicador-empreendedor: o comunicador-empreendedor: comunicador que é dono de seu próprio

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empreendimento em comunicação (agência, assessoria, veículo de comunicação, etc); e o comunicador-intraempreendedor: comunicador que é empregado, vinculado a uma organização. Gerente ou responsável por um setor/departamento de comunicação que administra a estrutura como se fosse sua própria empresa. (MAINIERI, 2005, p.3)

Como é possível perceber, este comunicador está em constante processo de

novas ideias e novas soluções, se posicionando como um agente de mudanças. O

profissional de relações públicas, independentemente do tamanho da organização

em que trabalha, desenvolve funções específicas e adaptadas á realidade de cada

uma. Como Sérgio Andreucci ressalta, “O papel das RP para o desenvolvimento das

organizações no mundo e no Brasil sempre foi de grande relevância para o equilíbrio

das relações e atuação das empresas no mercado” ( ANDREUCCI, p.127, 2006).

Outro fator que contribui para a pulverização do setor de comunicação é a

tendência das grandes organizações terceirizarem esse serviço, ou seja, a

terceirização consiste em um modelo de gerência o qual opta por transferir serviços

secundários a terceiros, de modo que a empresa possa se concentrar em seu core-

business7 e haja a otimização de resultados. Isso ocorre, pois as organizações cada

vez mais estão sentido a necessidade de um profissional capaz de cuidar de sua

imagem e seus relacionamentos, deixando o amadorismo no passado. Dessa forma,

mesmo que a empresa apresente uma equipe de comunicação, a grande parte do

trabalho e até mesmo o acompanhamento dessa equipe é feito por uma assessoria

ou consultoria contratada, e isso é o que geralmente acontece, ainda que esse fato

acarrete a perda de um pouco da cultura da própria empresa.

Com a tendência da terceirização do setor e a expansão da atividade nas

organizações, um valor inerente a qualquer empreendimento, deve ser a ética. O

comunicador, como um prestador de serviços necessita ser ético em suas ações, o

que implica em respeitar o contratante em prazos estipulados, serviços requisitados

e o sigilo de informações valiosas da empresa. Como Dolabela frisa, “o

empreendedor deve ter alto comprometimento com o ambiente, em todos seus

aspectos: cidadania, ética, economia, justiça social, ecologia” (DOLABELA, p.209,

2006).

7 Termo utilizado para designar o principal negócio da organização.

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Essa se torna uma questão mais peculiar quando percebemos que uma parte

significativa dessas organizações de comunicação organizacional e relações

públicas que prestam serviços externos atuam de “forma desordenada, em razão até

mesmo da ausência de uma sólida fundamentação conceitual, ética e profissional de

sua atividade” (KUNSCH, p.65, 1997).

Dentro das agências os profissionais de relações públicas buscam oferecer

todas as funções da atividade, de forma completa; quanto mais moderna e

atualizada e mais conhecimento técnico-estratégico da área a agência tiver, melhor

posicionamento e reconhecimento ela terá, além de poder contribuir da melhor forma

possível a seus clientes. Elas oferecem apoio operacional, coordenando e

executando atividades específicas às empresas que mantém equipes de

comunicação ou uma estrutura mínima, substituindo o departamento interno de

comunicação e atendendo o cliente em todas as suas necessidades. Todas essas

práticas profissionais oferecidas ao cliente refletem diretamente na sociedade, uma

vez que o relacionamento com seus públicos e sua imagem perante eles é

monitorada por profissionais qualificados.

No dia 17 de abril de 2002, 56 agências de comunicação realizaram uma

assembléia que formalizou o nascimento da Associação Brasileira das Agências de

Comunicação (Abracom). A entidade reúne as maiores empresas de comunicação

do país e foi criada com a finalidade de “difundir parâmetros operacionais e

profissionais para o segmento de comunicação corporativa e empresarial, nas suas

relações com clientes, fornecedores, entidades representativas, governo e

comunidades”8.

A Abracom tem 326 associados, em 23 unidades da federação. Algumas

dessas agências têm contas importantes, como por exemplo, a CDN, que tem a

conta do Brasil no exterior, ou seja, ela é responsável por fazer a comunicação e a

imagem do Brasil perante aos outros países.

Foi a essa instituição que recorremos a fim de selecionar as agências

participantes da pesquisa. Mas é importante deixar claro que ainda existe um sem-

número de agências não associadas à Abracom.

8 Descrição encontrada no site da Abracom.

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26

Apesar de o empreendedorismo em comunicação se fazer presente em todas

as práticas no mercado, não importando o tipo ou o tamanho de organização que o

profissional atua, decidimos fazer um recorte dessa realidade e estudar somente

agências de comunicação e relações públicas, por estarem em franco

desenvolvimento e crescimento no Brasil.

6. RESULTADOS PRINCIPAIS

Em se tratando de uma pesquisa de caráter exploratório, vale destacar que

não se objetivava o cumprimento censitário do universo – até mesmo pelas

conhecidas dificuldades existentes na aplicação de pesquisas, que de forma geral

são entendidas como elementos complexos e nem sempre demandam das amostras

o empenho necessários.

Assim, optou-se de fato pela cobertura não-probabilística do universo,

deixando-se de lado critérios ligados a essa metodologia. Encaminhou-se, de outro

lado, para a interpretação de dados levando em conta que os respondentes, além de

fazerem parte do universo e atenderem ao critério estabelecido.

6.1 Caracterização do Universo

A partir do universo de agências brasileiras de comunicação, stiuadas na

região Sudeste do Brasil, a amostra para a aplicação da pesquisa foi intencional, já

que foram selecionadas 60 agências de comunicação dentre as da região sudeste,

isto é, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.

O critério de seleção das agências foi o escopo de serviços das mesmas, o

qual deveria apresentar atividades de relações públicas. Uma vez que a região

sudeste é a região brasileira com o maior número de agências de comunicação, por

questão de praticidade, as agências pesquisadas foram selecionadas a partir da lista

de associados da ABRACOM – Associação Brasileira das Agências de

Comunicação, o que não impediu a análise de agências que não são associadas.

Ainda pelo motivo da grande quantidade de agências nessa região, não há clareza

quanto ao número exato de agências existentes em termos de formação de

universo.

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27

6.2 Metodologia

A pesquisa atual se estabeleceu em dois momentos. Primeiramente, foi feita

uma revisão bibliográfica sobre o assunto em questão, na qual procuramos abordar

obras e autores que discutem o tema das relações públicas e suas funções. A partir

disso, o próximo passo foi a pesquisa empírica, realizada por meio de um

questionário feito com embasamento no quadro teórico de referências.

A pesquisa foi aplicada em forma de um questionário on-line estruturado,

construído com questões abertas e fechadas, de modo que fosse possível fazer uma

análise cuidadosa do material coletado, no que pese tratar-se de estudo

exploratório, e em alguns momentos indicadores quantitativos para facilitar a

compreensão dos dados analisados. Com o auxílio da ferramenta Form presente no

Google Docs, o questionário foi enviado por e-mail aos sócios/ proprietários das

agências.

A aplicação das pesquisas resultou em três momentos de contato com as

agências:

1º contato – conversa telefônica a fim de explicar a pesquisa e solicitar a

colaboração do sócio/proprietário;

2º contato – e-mail contendo o link para o questionário9;

3º contato – e-mail de agradecimento10;

É importante ressaltar que na execução da pesquisa empírica nos deparamos

com algumas dificuldades, como a larga abrangência da região sudeste no setor de

comunicação, tornando o número de agências muito superior comparado a outras

regiões brasileiras; e a falta de colaboração de algumas agências em participar da

nossa pesquisa, o que não proporcionou a análise do modo que pretendíamos.

Porém, esses entraves não foram determinantes para a realização da pesquisa.

9 O texto do e-mail pode ser visualizado nos Anexos.

10 Idem.

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28

6.3 Análise de dados

Os resultados da análise dos questionários foram feitos a partir da revisão

bibliográfica já demonstrada anteriormente, e a partir disso buscamos traçar os

pontos de convergência entre comunicação, relações públicas, prática profissional e

empreendedorismo.

Dentre os entrevistados, que por pressuposto são proprietários de agências de

comunicação e relações públicas, nem todos são graduados em algum curso de

comunicação, apesar de a maioria ser. Os cursos mais destacados foram sociologia

e política, administração, além de jornalismo e relações públicas. Porém, a maior

parte deles cursou algum tipo de especialização após a criação da agência, o que

nos faz refletir quanto aos conhecimentos técnicos que a academia proporciona ao

mercado profissional.

Quanto à criação da agência mais da metade dos entrevistados disseram que a

decisão de abrir um negócio em comunicação se consolidou pela oportunidade, ou

seja, como um empreendedor, vislumbraram a oportunidade no mercado e a

possibilidade de empreenderem. Além disso, grande parte diz ter saído de uma

agência para montar a sua própria, o que mais uma vez nos mostra tendências

empreendedoras, nas quais são “influenciados” por um mentor e possuem

experiência prévia em uma organização. Outros ainda deixaram claro que acima

disso, existia o sonho pessoal de ter o próprio negócio. Mas todos eles viam, apesar

dos riscos, um futuro promissor, que de acordo com a pesquisa GEM Brasil, já citada

anteriormente, empreendedores iniciais se mostram mais otimistas que os

estabelecidos e os não empreendedores.

Cada qual com seu pensamento, uns traçaram um plano detalhado de negócios,

outros um plano informal e ainda tiveram aqueles que “seguiram a intuição”. Isso se

mostra um risco, uma vez que pesquisas apontam que tanto no exterior quanto no

Brasil, grande parte dos novos empreendimentos fracassa por falta de planejamento.

Porém, atualmente, todos se mostraram cientes desse risco e passaram a fazer

planejamento constantemente, de modo que a falta dele não seja prejudicial ao

negócio. Um sinal disso é que a maior parte deles possuem descrição escrita dos

trabalhos e políticas da empresa, além de estabelecerem metas a agência.

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Os proprietários das agências, como comunicadores-empreendedores, acreditam

que imaginação e criatividade são extremamente importantes para o progresso do

negócio. Está foi a característica mais marcante notada nos entrevistados, e a qual

os aproxima da visão empreendedora. Praticam a atividade de comunicação de

forma a inovar, mudar, transformar e sair da rotina. Procuram sempre se manterem

atualizados e grande parte investe em tecnologia constantemente. Também

consideram essencial a rede de contatos que agência possui um fator

preponderante para o desenvolvimento do negócio. Isso mostra que aplicam a

técnica e o conhecimento em comunicação no próprio negócio.

Além disso, os entrevistados se mostraram “cabeça aberta” e flexíveis a novas

situações. Isso explica o fato de a maioria das agências analisadas estarem nas

redes sociais, como twitter, facebook e blogs. Com o advento da internet, o

comunicador passou a ter um papel essencial, uma vez em que a rede e

principalmente as redes sociais são ferramentas fundamentais para o

relacionamento entre organização e público e para a gestão da imagem

organizacional. Vivemos em uma época em que tudo e todos são vigiados e

memorizados a qualquer momento e os sujeitos sociais ganharam vozes, podendo

se posicionar de forma positiva ou negativa perante a organização. Nesse contexto,

os profissionais de relações públicas têm a função de modernizar as narrativas

institucionais e as formas de relacionamentos, de modo a se tornarem mais atrativas

e interessantes as narrativas externas às organizações, que hoje em dia ganham

cada vez mais espaço e notoriedade na rede.

Apesar dessa dinamicidade encontrada, a ousadia em arriscar somente acontece

quando os riscos são calculados, ou seja, há uma análise geral antes de agir, uma

vez que demonstraram estar cientes de suas fraquezas e forças, afim de não

prejudicar nem a agência nem os clientes. Ainda assim, uma característica relevante

é a experiência profissional e de mercado, a qual permite agirem algumas vezes

pela intuição. Quando há alguma decisão a ser tomada perante o negócio procuram

manter o equilíbrio entre o lado racional e o lado emocional, mas o lado racional

acaba tendo um maior peso. E se por alguma razão fracassam, a maioria dos

comunicadores-empreendedores buscam uma alternativa melhor, na pretensão de

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superação e encontrar melhores soluções, o que os caracteriza como pessoas

hábeis em resolver problemas, integrar soluções, definir conceitos e detalhar idéias.

Quanto ao ambiente de trabalho e a gestão de uma equipe, a maioria diz preferir

trabalhar em grupo e desejam motivar e incentivar os integrantes. Como podemos

notar em verbatins extraídos de alguns dos depoimentos,

Minha equipe é motivada pela crença de que estamos construindo uma agência forte e inovadora, há uma relação de amizade, parceria e muito comprometimento entre nós. Sempre acreditei que o papel de uma pequena empresa é formar mão-de-obra. Cada vez que um profissional cresce e ultrapassa os limites que a agência permite, ele vai para o mercado melhor preparado. Os sentimentos de confiança, iniciativa e espírito de trabalho em grupo sempre foram meus pilares para o desenvolvimento de minha equipe. E me orgulho de todos que daqui saíram para seus altos desafios.

11

Assim, entendemos que os comunicadores-empreendedores valorizam a

proatividade, comprometimento, iniciativa e a disciplina. Mesmo que se considerem

bons líderes, e muitos sentem prazer e satisfação em liderar, querem que a equipe

tenha a mesma visão que eles, e que a relação entre eles – equipe e proprietários –

se deve estabelecer de maneira integra e confiável. No entanto, sabemos que todo

tipo de relacionamento implica em conflitos e discussões de idéias, e os

entrevistados não se mostraram totalmente capazes de saber ouvir e terem

paciência. Enquanto uns demonstraram tolerância ao estresse e conflito, outros são

menos tolerantes a isso.

Em relação ao negócio atualmente, a satisfação está presente, porém, alguns

têm o desejo de crescer mais enquanto empresa, afinal, se dirigem pela

necessidade de desenvolvimento e atingir melhores resultados sem se importarem

muito com status e poder. Para isso, se consideram autoconfiantes em relação às

habilidades gerenciais e comunicacionais e persistentes. Além disso, os

entrevistados que têm sócios acham de extrema importância para o negócio, já que

consideram pessoas que agregam valor ao negócio e que sejam apoio no início e no

percorrer da jornada.

11

Declaração de dois entrevistados, os quais manteremos o nome em sigilo.

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31

7. Considerações Finais

O desenvolvimento de pesquisas, de modo geral, não é das tarefas mais

simples. Com a proliferação de facilidades motivadas pelas novas tecnologias poder-

se-ia crer que a fluidez em pesquisas seria enorme. Não necessariamente. Se por

um lado a tecnologia facilita, pode também amplificar o espectro e tornar o envio de

questionários massivo e até certo ponto desestimulante. Nesta pesquisa não foi

diferente, porque encontrou, também, em muitos casos – seja por um primeiro

contato verbal, ou por mensagem eletrônica – portas fechadas. Todavia, mesmo

assim, entendemos que pudemos chegar a um nível de compreensão do

pensamento relativo a nosso universo, o que nos leva a entender o processo como

satisfatório.

A pesquisa na área de comunicação como um todo, nos ajudará a definir e/ou

limitar as funções de relações públicas e comunicação organizacional, promovendo

o desenvolvimento de conhecimento e evolução das mesmas. E isso é necessário

tanto para os que trafegam em campos acadêmicos quanto os que transitam pelo

espaço do mercado de trabalho.

É notável que quanto mais diálogo haja entre essas atividades mais debate e

mais dúvidas haverá, o que gera a busca por novos caminhos e conceitos. Dessa

forma, enriquece a bibliografia para estudiosos e a sólida base para profissionais,

pois aumenta as publicações de livros, artigos, teses e dissertações. Ou ao menos

motiva a sua produção.

Também, a cada dia é revelado o importante papel das relações públicas na

formação da opinião dos públicos que dialoga com as organizações, e estas por sua

vez, buscam assessoria de empresas especializadas em comunicação, o que faz

com que esse mercado cresça cada vez mais e os profissionais sejam cada vez

mais reconhecidos e valorizados.

Já se provou que a comunicação é inerente a qualquer tipo de organização, e

é ela que norteia a base dos relacionamentos. Desse modo, é melhor que a

comunicação seja realizada de forma estratégica e planejada por profissionais com

tal competência, o que indica clara função de relações públicas.

Além disso, o empreendedorismo em comunicação está em expansão, e a

pesquisa sobre esse tema ainda é recente, fazendo com que seja um assunto a ser

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muito discutido, uma vez que influencia diretamente tanto a ordem econômica

quanto a ordem social de uma região.

Nesta pesquisa podemos concluir que a região estudada é muito forte na

criação e desenvolvimento de comunicadores-empreendedores e essa temática vale

a pena ser levada para o campo acadêmico, de modo a ser desenvolvido

habilidades e um perfil para o mesmo. A busca por transformações e inovações faz

parte da vida de um comunicador moderno.

Procurar entender a comunicação e, principalmente as relações públicas,

dentro de uma cultura empreendedora, é compreender o papel da atividade na

sociedade como criadora de diálogo e transformadora de relações. Se em nosso

país a visão de empreendedorismo já ultrapassou o estágio da “falta de opção”, em

comunicação, nesse mesmo tom e ritmo, é alternativa aos que desejam ampliar os

horizontes e pensar fora das caixas preestabelecidas.

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33

8. Referências

ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Para entender Relações Públicas. 4ª ed.

São Paulo: Loyola, 2005.

ANDREUCCI Jr., Sérgio José. A atuação do profissional de Relações Públicas em

pequenas e médias empresas. In: Organicom – Revista Brasileira de Comunicação

Organizacional e Relações Públicas – ano 3 – Número 5 – 2º semestre de 2006.

DOLABELA, Fernando. O segredo de Luisa. 2ª ed. São Paulo: Editora de Cultura,

2006.

DOLABELA, Fernando. Oficina do Empreendedor. São Paulo: Cultura Editores

Associados,1999

FARIAS, Luiz Alberto de. Comunicação organizacional e relações públicas:

estudo dialógico entre Brasil e México. 2006. Tese (Doutorado em Integração da

América Latina) – Universidade de São Paulo, Programa de Integração da América

Latina, São Paulo, 2006.

FARIAS, Luiz Alberto de. O campo acadêmico do ensino e da pesquisa em

comunicação organizacional e relações públicas no Brasil. In: KUNSCH, Margarida

Maria Krohling (org). Comunicação Organizacional – Histórico, fundamentos e

processos. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2009.

FERNANDES, Backer Ribeiro. História das relações públicas: surgimento e

consolidação na América do Sul. In: FARIAS, Luiz Alberto Beserra de. (org.).

Relações públicas estratégicas – Técnicas, conceitos e instrumentos. São

Paulo: Summus, 2011.

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na

Comunicação Integrada. São Paulo: Summus, 2003.

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34

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Relações Públicas e Modernidade – Novos

paradigmas na comunicação organizacional. São Paulo: Summus, 1997.

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Os campos acadêmicos da comunicação

organizacional e de relações públicas no Brasil. In: KUNSCH, Margarida Maria

Krohling (org). Relações Públicas e Comunicação Organizacional – Campos

acadêmicos e aplicados de múltiplas perspectivas. São Caetano do Sul: Difusão

Editora, 2009.

MANIERI de Oliveira, Tiago. Empreendedorismo em comunicação- um estudo

comparativo das agências de relações públicas e comunicação no Brasil,

Estados Unidos e Espanha. (Tese de doutorado) São Paulo: ECA/USP, 2008.

MANIERI de Oliveira, Tiago. Perfil do Comunicador Empreendedor. In: CELACOM

2005 - IX Colóquio Internacional sobre a Escola Latino-Americana de Comunicação.

São Bernardo do Campo. Anais do CELACOM. São Paulo:UMESP,2005.

NASSAR, Paulo. A Aberje e a comunicação organizacional no Brasil. In: KUNSCH,

Margarida Maria Krohling (org). Comunicação Organizacional – Histórico,

fundamentos e processos. São Paulo: Saraiva, 2009.

OLIVEIRA, Ivone de Lourdes; DE PAULA, Maria Aparecida. O que é comunicação

estratégica nas organizações? 2. ed. São Paulo: Paulus, 2008.

SANTOS, Boaventura de Souza; Por uma concepção multicultural de direitos

humanos. In: Revista Crítica de Ciências Sociais – Número 48 – Junho de 1997.

SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas: Função Política. 3ª ed. São Paulo:

Summus, 1995.

GEM – Disponível em: http://www.gemconsortium.org/ - Acessado em 15/09/2011

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35

ABRACOM – Disponível em: http://www.abracom.org.br/ - Acessado em 12/02/2011,

17/06/2011, 20/08/2011 e 03/11/2011.

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36

ANEXOS

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37

9. ANEXOS

9.1 Texto do e-mail de contato, contendo o link do questionário, enviado aos

sócios/proprietários das agências:

“Prezado (a),

Estamos realizando uma investigação com os diretores-proprietários das

agências/assessorias de Relações Públicas e Comunicação da região sudeste do

Brasil. Trata-se de uma pesquisa de Iniciação Científica que está sendo

desenvolvida por mim, aluna do terceiro ano de graduação do curso de Relações

Públicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo

ECA/USP, sob a orientação do Doutor Luiz Alberto de Farias, professor da mesma

Instituição.

O projeto de iniciação científica As funções de Relações Públicas e seus

desdobramentos no meio prático- social tem como objetivo a análise do mercado de

Relações Públicas e seus profissionais, levantando assim, questões sobre as

funções de Relações Públicas no meio social, principalmente como um espaço de

formação de opinião pública. Desta forma, faz-se extremamente necessária a

análise do perfil do comunicador-empreendedor.

Gostaríamos de poder contar com a sua colaboração, respondendo ao

questionário que estamos lhe enviando. O trabalho tem um caráter estritamente

acadêmico e os dados serão tratados de maneira totalmente confidencial, com

respeito à informação e ao anonimato das agências.

O questionário está disponível no seguinte link:

https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dDVSek45dGVpMGVCUzZ

2ckkxdk5weGc6MQ

O procedimento de resposta se efetua da seguinte forma:

1) Clicar no link;

2) Caso não seja possível acessar, tente copiar e colar em seu navegador;

3) Após acessá-lo, siga os passos indicados no mesmo;

4) Por último, clique em “enviar questionário”.

Obrigada.

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Sua colaboração é fundamental para nossa pesquisa.

Desde já agradeço pela atenção e estou à disposição para qualquer

esclarecimento que se faça necessário.

OBS: É importante que o questionário seja respondido pelo (a) proprietário

(a)/ sócio(a) da agência. Portanto, caso necessário, gostaria que encaminhasse o e-

mail ao responsável.

Cordialmente,

Nicole Gerage Lipparelli

Bolsista de Iniciação Científica - Santander

Relações Públicas l ECA USP

9.2 Texto do e-mail de agradecimento enviado aos sócios/proprietários das agências

que responderam o questionário:

“Prezado (a),

Agradecemos a sua participação na pesquisa com as agências de

comunicação. Sua colaboração foi fundamental para o êxito de nossa investigação.

Caso tenha interesse em receber um resumo com os principais resultados da

pesquisa, estamos a sua disposição.

Esperamos que a presente pesquisa possa contribuir de alfuma forma para

sua prática profissional.

Muito Obrigada,

Nicole Gerage Lipparelli

Bolsista de Iniciação Científica - Santander

Relações Públicas l ECA USP

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9.3 Estrutura do Questionário:

Pesquisa Empreendedorismo em Comunicação

*A pesquisa relativa ao empreendedorismo em comunicação tem caráter acadêmico e seguirá sob total sigilo em relação aos respondentes.

1) Seu nome e de sua agência:

2) É graduado(a) em comunicação?

Sim ( ) Não ( )

3) Se sim, em qual área?

Relações Públicas ( )

Jornalismo ( )

Publicidade e Propaganda ( )

Todas as alternativas anteriores ( )

Outra:

4) Por que decidiu abrir uma agência de comunicação?

Oportunidade ( )

Saí de outra agência e quis montar a minha ( )

Herança familiar ( )

Era um sonho pessoal ( )

É um tipo de negócio que dá lucro ( )

Era um sonho entre amigos da faculdade ( )

Outro:

5) Como investiu financeiramente no início?

Ajuda familiar ( )

Poupança pessoal ( )

Empréstimo bancário ( )

Outro:

6) No início, como era a sua visão em relação ao futuro do negócio?

Via um futuro promissor ( )

Era um futuro incerto, mas arrisquei ( )

Seria a realização de um sonho ( )

Outro:

7) Quando a empresa estava para iniciar fez um planejamento formal?

Fiz um plano detalhado ( )

Segui minha intuição e experiência, e não fiz planejamento ( )

Não fiz, porque levaria muito tempo ( )

Fiz um planejamento informal/ "na cabeça" ( )

Outro:

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40

8)E hoje? faz planejamento constantemente para o negócio?

Sim, faço constantemente ( )

Estou pensando em fazer ( )

Não acho necessário ( )

Outro:

9)Você tem sócios? Se sim, qual a importância deles(as) pra o seu negócio em numa escala de 1 a 5? (Sendo: 1 pouca importância – 5 muita importância)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

10) Como sua equipe se desenvolveu? Que métodos usa para estimulá-la?

11) Quantos funcionários a agência possui?

Até 5 ( )

De 6 a 20 ( )

De 21 a 40 ( )

Acima de 40 ( )

12) Investe em tecnologias constantemente?

Com freqüência ( )

Não é necessário ( )

Às vezes ( )

Nunca ( )

Outro:

13) Há quanto tempo sua empresa está no mercado?

14) Você costuma obter informações do setor de atuação?

Com freqüência ( )

Raramente ( )

Não são necessárias ( )

Outro:

15) Qual o fator de sucesso da sua empresa para você?

16) Quais as potencialidades e fraquezas de sua empresa?

17) Você tem descrição escrita dos trabalhos e políticas da empresa?

Sim ( ) Não ( ) Estou Elaborando ( ) Outro:

18) Você estabelece metas para a empresa?

Constantemente ( )

Às vezes ( )

Com pouca freqüência ( )

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41

Nunca ( )

Outro:

19)Ter uma boa rede de contatos é importante para a sua empresa?

É essencial ( )

Não é necessário ( )

É irrelevante ( )

Abre portas para novas oportunidades ( )

Nunca pensei nisso ( )

Outro:

20) Sua empresa está nas redes sociais?

Sim ( ) Não ( )

21) Em caso afirmativo, cite quais:

22) Depois que montou a agência fez alguma especialização?

Sim ( )

Não quis fazer ( )

Não foi preciso ( )

Fiz mais de uma ( )

Não tive tempo para fazê-la ( )

Outro:

23) Qual a importância da imaginação e da criatividade para um negócio?

(Sendo: 1 pouca importância – 5 muita importância)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

24) Quantas horas você trabalha por dia?

5 a 9 horas ( )

10 a 12 horas ( )

Mais de 12 horas ( )

25) Você trabalha nos fins de semana?

Sim ( )

Às vezes ( )

Não ( )

Só quando é realmente necessário ( )

26) Tira férias?

Regularmente ( )

Quando é possível ( )

Quase nunca ( )

Outro:

27) Planeja o momento em que irá se aposentar?

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42

Nunca parei para pensar ( )

Me programo para esse momento ( )

Quero me aposentar em breve ( )

Não ( )

Outro:

28) Planeja o momento em que irá se aposentar?

Nunca parei para pensar ( )

Programo-me para esse momento ( )

Quero me aposentar em breve ( )

Não ( )

Outro:

29) Concilia bem o trabalho com a vida familiar?

Acabo abrindo mão de muitos momentos em família por causa da empresa ( )

O meu trabalho melhora a relação familiar ( )

Equilibrado ( )

Não me preocupo com isso ( )

Minha família diz que eu trabalho demais ( )

Outro:

30) Você costuma ser levado pelo lado emocional ou racional nas suas decisões no negócio?

Sou levado pelo lado emocional ( )

Sou levado pelo lado mais racional ( )

Equilibrado ( )

Nunca parei para pensar ( )

Outro:

31) Como você encara a rotina?

Gosto de quebrar a rotina ( )

Gosto de ter rotina diária ( )

Não gosto de ter rotina ( )

Nunca parei para pensar ( )

A rotina é sinônimo de organização ( )

A rotina atrapalha o andamento do meu dia -a- dia ( )

Outro:

32) Como você lida com o fracasso?

Supero com dificuldade ( )

Demoro a superar ( )

Procuro uma alternativa para melhorar ( )

Dasanimo-me ( )

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Não me atinge ( )

Eu lido com equilíbrio ( )

Outro:

33) Você se considera um bom líder?

Não possuo característica de líder ( )

Em alguns momentos sou um bom líder ( )

Eu sinto prazer e satisfação em liderar ( )

Poderia melhorar como líder ( )

Sou influente e persuasivo ( )

Sinto dificuldade em gerenciar conflitos em minha equipe ( )

Outro:

34) Qual a importância da intuição para seu negócio?

Algo útil ( )

Algo irrelevante ( )

Não pensei nisso ( )

Pode atrapalhar o negócio ( )

Às vezes eu uso a intuição baseado na minha experiência profissional ( )

Outro:

35) Você se considera uma pessoa sonhadora?

Em alguns casos ( )

Um pouco ( )

Demais ( )

Sou muito pé no chão ( )

Nunca parei para pensar nisso ( )

Outro:

36) Você estabelece metas para sua vida pessoal?

Sim ( )

Não ( )

Eu anoto tudo ( )

Eu apenas penso ( )

Nunca pensei nisso ( )

Outro:

37) Você se considera uma pessoa persistente?

Pouco ( )

O suficiente ( )

Deveria ser mais ( )

Eu era mais persistente no início do negócio ( )

Outro:

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44

38) Em relação ao seu negócio, você gosta de arriscar?

Muito ( )

Pouco ( )

Razoavelmente ( )

Em alguns casos ( )

Jamais ( )

Riscos calculados ( )

Outro:

39) Você sente que rende mais no trabalho quando está agindo sozinho ou em grupo?

Sozinho me concentro melhor ( )

Sinto necessidade de estar em grupo ( )

Gosto de estar no comando ( )

Não gosto que me atrapalhem ( )

Outro:

40) Como você se vê como pessoa? Quais características você julga mais fortes em você? E as mais fracas? Quais delas você julga mais importantes para sua empresa?

41) Inovação é importante para o negócio?

Sempre ( )

Às Vezes ( )

Quando necessário, sim ( )

Nunca pensei nisso ( )

Outro:

42) Está satisfeito atualmente com seu negócio?

Sim ( )

Não ( )

Estou estável ( )

Acredito que preciso crescer mais ( )

Nunca pensei nisso ( )

Outro:

43) Sou proativo(a) nas tomadas de decisões

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

44) Sou disciplinado(a) nas minhas tarefas diárias

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

45) Sou persistente em resolver problemas

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

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45

46) Tomo riscos calculados (analiso tudo antes de agir)

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

47) Tenho tolerância ao estresse e conflitos

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

48) Sou hábil em resolver problemas e integrar soluções

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

49) Sou não-convencional, cabeça aberta

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

50) Sou hábil em me adaptar a novas situações

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

51) Sou hábil em definir conceitos e detalhar idéias

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

52) Sou dirigido(a) pela necessidade de crescer e atingir melhores resultados

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

53) Preocupo-me com status e poder

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

54) Sou ciente das minhas fraquezas e forças

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

55) Sou autoconfiante

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

56) Tenho senso de humor e procuro estar animado(a)

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

57) Sou uma pessoa de iniciativa

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

58) Tenho poder de autocontrole

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

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1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

59) Transmito integridade e confiabilidade

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

60) Sou paciente e sei ouvir

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

61) Sei construir times e trabalhar em equipe

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

62) Sou uma pessoa muito criativa e dinâmica

Atribua uma nota a sua pessoa para a seguinte característica descrita (Sendo: 1 pouco – 5 muito)

1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( )

63) Esse questionário te fez refletir sobre assuntos que você não imaginava?

Muito ( ) Pouco ( ) Não muito ( ) Outro:

64) Foi útil para você?

Muito ( ) Pouco ( ) Irrelevante ( ) Sem opinião ( ) Outro:

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9.4 Distribuição das Agências Associadas a Abracom no Brasil.